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O ENFERMEIRO NA INSULINOTERAPIA

A diabetes, doença caracterizada por um aumento de glicemia deve-se a uma


incapacidade do pâncreas em produzir insulina ou a uma má utilização desta
pelo organismo. Na diabetes tipo 2 há normalmente uma conjugação destes
dois factores.

Na diabetes tipo 1 a insulinoterapia coincide com o diagnóstico, na diabetes


tipo 2 muitas vezes é necessário utilizar insulina para melhorar o controlo da
doença e prevenir ou retardar as complicações tardias.

É então importante que a pessoa com diabetes aprenda a utilizar insulina. Este
momento poderá ser muito marcante, estão presentes sentimentos e emoções,
muitas vezes contraditórios, que necessitam ser expressos e vivenciados. Criar
um ambiente empático favorece este processo de aprendizagem.

O ensino da insulinoterapia deve ser individualizado e partir dos conhecimentos


e experiências da pessoa, É fundamental respeitar a sua experiencia de vida,
as suas crenças, a sua cultura, os seus valores e o seu ritmo de aprendizagem.

Deve-se começar por perguntar o que sabe a pessoa sobre a insulina, se


conhece alguém que faça insulina, se sabe porque vai fazer insulina e deixar
que ela exprima todos os seus medos e mitos relacionados com a
insulinoterapia.

De uma forma resumida e, se necessário, com recurso a desenhos deve-se


explicar o tempo e curva de acção da insulina que a pessoa vai administrar.

Mostrar a caneta, colocar a recarga de insulina na caneta (no caso de a caneta


ser reutilizável), colocar e retirar o ar da agulha, exemplificar a marcação da
dose e correcção da mesma, se necessário, e cuidados com agitar a insulina,
se for o caso, ajuda a pessoa a familiarizar-se com o material que vai passar a
usar.

Demonstrar todos os passos da técnica de injecção ajuda a diminuir os medos


e a perceber a simplicidade deste processo.

Dar a conhecer os locais de injecção onde a insulina é administrada ( tecido


subcutâneo do abdómen, coxas, braços e nádegas), permite que a pessoa
possa escolher o local onde prefere fazer a administração. É importante que
para as primeiras injecções o local escolhido seja de fácil acesso e permita a
visualização da injecção. Não se pode esquecer de referir que na continuação
do tratamento é necessário rodar os locais de injecção
A primeira injecção de insulina deve ser feita na consulta. Quando a pessoa
com diabetes demonstra hesitação em se picar o enfermeiro deverá colocar a
sua mão por cima da mão da pessoa e ajudar na injecção. Isto minimiza a
ansiedade e aumenta a segurança.

Muitas pessoas demonstram e referem um sentimento de alívio após a primeira


injecção.

Do início da insulinoterapia fazem ainda parte a aquisição ou cimentação de


outros conhecimentos igualmente importantes para o controlo da doença:

 Quando e como mudar a recarga de insulina (canetas reutilizáveis) ou


quando mudar de caneta (canetas descartáveis)
 Quando mudar a agulha e como se faz.
 Conservação de insulina
 Hipoglicemias e seu tratamento.

Esta aprendizagem deve ainda ser complementada com o ensino sobre


alimentação, exercício físico, pesquisas de glicemia e ajustes de insulina.

Quando se começa a terapêutica com insulina é fundamental explicar às


pessoas que o tratamento inicia-se com doses baixas de insulina o que pode
levar a que as glicemias se mantenham ainda altas durante algum tempo. Mas
sendo a insulina um tratamento flexível as doses irão ser ajustadas até se
conseguir um bom controlo da doença.

Idealmente este ensino deverá ser fraccionado no tempo. Idealiza-se uma


segunda consulta uma semana após o início da insulina que se principia com
as reacções da pessoa à insulinoterapia, as alterações de glicemia ocorridas, a
evolução da sintomatologia e sentimentos vivenciados. Esta segunda consulta
tem como objectivo consolidar os conhecimentos já adquiridos. É importante
que a pessoa demonstre a técnica de injecção. Devem-se rever todos os
pontos abordados na primeira consulta.

Numa terceira consulta, sensivelmente 1 mês após a pessoa já deve ser capaz
de demonstrar segurança. Esta consulta tem como objectivo aumentar a
responsabilização.

O tratamento da diabetes é exigente e a insulinoterapia pode parecer


complexa. No entanto o ensino da insulinoterapia baseado na educação
terapêutica possibilita que a pessoa com diabetes adquira os conhecimentos e
as competências apropriadas para uma melhor vivencia com a sua diabetes.
Referencias bibliograficas

APDP (2007). Como usar a insulina. Lisboa: Lidel – Edições Tecnicas.

DESG ( 2005) Teaching Letter – “2Starting on insuline: a 3-day teaching


programe – Traduzido e adaptado por Serrabulho L, Fadista S.

Boavida JM, Serrabulho L: Educação Terapeutica na Diabetes, 2007

Duart, R.(1997). Diabetologia Clinica. Lisboa: Lidel – Edições Tecnicas.

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