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Discurso de Poder e o
Conhecimento da Alteridade
t OOtscursodoPodHtoCooh~dmt:ntod.tAitf:rict.de lS
exploram um terrilóno pelo dom mio de uma maioria local), tenderam
ambos a organizar e transform ar zonas não europeias em construçõe s
fundamen talmente europeias.
Eu sugeri na que ao analisar este processo, é possível utilizar três ex-
plicações principais para determinar as modulações e métodos represen-
tativos da organizaçã o colonial: os procedime ntos de aquisição, distri-
buição e exploração de terras nas colónias; as polítiCas para domestica r
nativos; e a forma de gerir organizaçõ es antigas e implemen tar novos
modos de produção. Assim, emergem três hipóteses e acções comple-
mentares: o domfnio do espaço físico, a reforma das mentes nat1vas,
e a integração de histórias económica s locais segundo a perspectiv a
ocidental. Estes projectos compleme ntares constituem aquilo a que se
poderia chamar a estrutura colonizadora, que abarca completam ente
os aspectos físicos, humanos e espirituais da experiênci a colonizado ra
(ve1~ por exemplo, Cbristopher, 1984, pp.27-87). Esta estrutura tam-
bém indica clarament e a metamorfo se prevista e projectada , com um
grande custo intelectual, por textos Ideológicos e teóricos, que desde o
final do século XIX até a década de 1950 propusera m programas para
''regenerar " o espaço africano e os seus habitantes .
Césaire pensa que
a grande tragécila históncu de A/rica tt>msido não tanto o facto de ter entrado em con·
cacto com o resto do mundo tardiamente como a forma como esse contacto se proces·
sou: a Europa começou a propagar·se num moml.'nto em que JÓ tinha cafdo nas mãos
dos frnancc~ros e capnães da rndúsma mais inconsc1enciosos. {Césa~re, 1972, p.23)
um siste ma dicotômico
Dev1do à estru tura colo nizad ora, emer giu
opos ições para digm ática s:
e com este surgi u um gran de núm ero de
us escri to e Impresso; comu ni-
tradicional versu s mod erno ; oral vers
us civili zação urba na e indu s-
dade s agrá rias e cons uetu diná rias vers
cia versu s econ omia s altam ente
trializada; econom1as de subs istên à evol ução
te dada muit a aten ção
prod utiva s. Em África é gera lmen
agem de antig os para digm as para o
implícita e prom etida pela pass
um salto de uma extre mi-
último (Mudimbe, 1980). Isto press upun ha que
(dese nvol vime nto) era na
dade (sub- dese nvol vime nto) para a outr a
AsJOVens nações receiam, com razão, ver o seu mundo original ser engolido nos turb1lhões
da sociedade Industrial e desaparecer para sempre, um pouco como as espécies
Seja como tor, este espaço intermédio podena ser visto como a
principal expressão do subdesenvolvimento , revelando a forte tensão
entre uma modernidade que é frequentemente uma ilusão de desen-
volvimento e uma tradição que por vezes reflecte uma imagem fraca
de um passado mítico. Também revela a evidência empfrtca desta ten-
são ao mostrar os exemplos concretos de fracassos de desenvolvimen-
to, como o desequilíbrio demográfico, taxas de natalidades extrema-
mente elevadas, desintegração progressiva da estrutura familiar
clássica, iliteracia, disparidades sociaís e económicas graves, regimes
ditatoriais que funcionam sob o nome catártico de democracia, o
declínio das tradições religiosas, a constituição de igrejas sincréticas,
etc. (Bairoch, 1971; Bigo, 197 4 ).
Normalmente, perturbados com tal confusão, os sociólogos preferem
apelar a uma reavaliação dos programas de modernização. Não há
dúvida de que ainda existem muitas teorias a propor e muitos planos a
fazer. Contudo, podemos perceber já que este espaço marginal tem-se
revelado um grande problema desde o início da experiência coloniza-
dora; mais do que um passo no "processo evolutivo" imaginado, tem
sido o local dos paradoxos que pôs em causa as modalidades e impli-
cações da modernização em África.
Onu ajricano retratado por rros estó em conformidade com o regra clássiCo de contra·
posto expresso no eqUI/íbrro complmsocorro das porres srmetncas da corpo em movr-
merrta; um ombro, inclinando-se sabre uma perna e o outro, erguido acima da perna
livre. Podemos supor qr1e este homem nu for copiado de um modelo clássrco, ao qual o
artista atribuiu caracterfst/Cas, jóias e espadas, de um povo cxátrco ainda projundo·
mente ligado à natureza (Kunst, 1967, pp.19-20)
É curioso que os pessoas que produ11ram tao bons urmcas não tt·nham pruduzido
uma cultura nu nosso scnt1do da rol01•ra. Isto mo.çtra qui! são necessonos dms focrore:,
para produzir ~~~ culturas que diSLmyuem as pessoas civilizadas É necessário, claro, a
arti.fto cnauvo, mas camhcm o poder du apreciação crítiCo consCiente e da ccJmpara-
ção. (Fry~ 190, pp.90-91).
Te mo que Fry esteja completa mente errado. Os dois facto res não
explicam nem podem explicar tipos de cultura. Apenas constitue m
uma base para a produção de arte e as suas possíveis modifica ções
ao longo do tempo (ver La ude, 1979; Delange, 196 7). Não podem ser
completa mente responsá veis pelos padrões de cultura internos. De
todo o modo, é o "poder-c onhecime nto" de um campo epistemo lógico
que possibilita uma cultura dominant e ou modesta. Segundo esta perspec-
tiva, o ponto que Fry apresent a depois possu1 um grande se ntido: "É
muito provável que o artista negro, embora capaz de ... compree nsão
imaginat iva profunda da forma, aceitasse a nossa arte mágica mais
barata com modesto entusiasm o" (1940, p.91).
A minha tese é confirma da, quase ad absurdum , pelo estudo de arte
africana contemp orânea para turistas, de B. jules-Ros ette. Ela define
esta arte como uma "arte produzid a localmen te para s er consumid a
por estranhos " (1984, p.9) e insiste fortemen te na interacçã o para doxal
entre a sua origem e o seu destino, ou seja, a sua produção e o s eu
consumo:
Embora o conceito de s1stema de arte para wnstas enfatize o forma como os arriscas e
os suas audiências compreendem as Imagens e os convertem em bens económiCos, não
negligencia os componentes expressivos da interacção. No sistema, ambas as Imagens
e objectos consmuem fontes de permuta entre produtores e cons111111dores. Embora os
artistas tenham uma percepção dura do aud1ência turístico, os consumidores por vezes
tém um contacto d1recto multo limitado com os arclstos. (jules·Roseue. 1984. p.IO)
I OOiteul1odoPod.ertDCOtltwclmt!'n1o
<M Aht~ 19
Griaule, 1948, 1952; Griaule & Dieterlen, 1965, 1976; Dietcrlen, 1941;
Heusch, 1985). A Carl Sagan, professor de astronomia na Universi-
dade de Cornell, coube a tarefa de verificar a validade da cosmologia
dos Dogon. Sagan começa por expor a sua surpresa: "ao contrário de
quase todas as sociedades pré-cientificas, os Dogon acreditam que os
planetas bem como a Terra giram sobre os seus eixos e em torno do
sol..." (Sagan, 1983, p.81). Estranhamente, em vez de usar Griaule e a
documentação dos seus discípulos, Sagan explora um certo Templo,
que sintetizava as descobertas de Griaule: "os Dogon vão mais além.
Acreditam que Júpiter tem quatro satélites e que Saturno é envolvido
por um anel... Segundo se diz, ao contrário de qualquer asb·ónomo an-
tes de Kepler, os Dogon retratam os planetas a moverem-se correcta-
mente de forma elíptica, não circular" (1983, p.82). O mais espantoso
para Sagan parece ser o seguinte:
/Os Dogonsj afirmam que [Sinos] possui umo estrela companhe1ra mvisível que
descreve uma órbita em corno de Sinas... a cada cinquenca anos. Eles afirmam que
o estrela campanhe1ra é muno pequena e muito pesada, consciwfda por um metal
especial chamada 'Saoala' e que nõo se encontra na Terra. Ofacto espantoso é que a
estrela visfvel possui uma extraordinána companheira escura, Sirius 8, que descreve
uma órbita e/fpcica em torno daquela a cada 50,04::!: 0,09 anos. Sirius 8 é o primeiro
exemplo de uma estrela anã descoberta por astrofísicos modernos CUJO matéria se en·
contra num estado denominado "deoeneração relativista" que não existe na Terra e
uma vez que as electrões não esteio vinculados ao núcleo nessa matéria degenerada,
podl! ser precisamente descrito como metálico. (Sogan. 1983, p.83)
1 OOt 'CUtJOdQPQ.dereoConhtctmtnto
ct.i AII r rKf~t 11
são controversas. Vamos então resumi-las. Em primeiro lugar, não
acredito que os Dogons tenham recebido o conhecimento em astrono-
mia dos extraterrestres. A "má-fé" (no sentido de Sartre) com a qual
Sagan destrói as teses e fantasias de E. von Daniken que reivindica
estas ideias em Chariots of tlle Gods (1970) e Gods from Ou ter Spnce
(1978) faz-me suspeitar que Sagan e E. von Dãniken estavam provavel-
mente mais perto um do outro do que eles próprios suspeitavam. Em
segundo lugar, a forma como Sagan trata os Dogons ilustra o poder
de uma verdadeira vontade. Uma metáfora pode generalizar este caso.
Imaginemos um teórico que está rodeado pela geometria euclidiana.
Ele pensa, acredita e escreve sobre a impossibilidade de sistemas não
euclidianos. Estes, com efeito, encarnariam a possibilidade de con-
tradições incríveis, como a realidade intelectual de uma verdade in-
trfnseca (por exemplo, um teorema demonstrado de forma váJida na
geometria eucl idiana), que seria simultaneamente um erro extrfnseco,
isto é, uma suposição negada de forma válida na lógica de uma geome-
tria não euclidiana. Como sabemos, existem coisas como geometrias
não euclid ianas. Assim, a minha metáfora poderia pelo menos tomar-se
um símbolo: pode não fazer realmente sentido reduzir sistemas
não-euclidianos a Euclides, uma vez que os sistemas brotam de axi-
omas e conjuntos de axiomas radicalmente diferentes.
Em suma, embora apresentadas na segunda parte do século XX, as
hipóteses de Ca1·1 Sagan pertencem ao pensamento do século XIX sobre
"primitivos". Em nome do poder e conhecimento científico, revelam
de uma forma maravilhosa o que definirei no próximo capítuJo como
um etnocentrismo epistemológico; nomeadamente, a crença de que
cientificamente não há nada a aprender com "eles", excepto se já for
"nosso" ou surgir de "nós".
Os exploradores não revelam a alteridade, comentam a "antropolo-
gia", ou seja, a distância que separa a selvajaria da civilização na linha
diacrônica do progresso (ver Rotberg, 1970). R. Thomton reivindica
que "a descoberta de África foi também uma descoberta pelo papeL
Se os grandes viajantes vitorianos não tivessem escrito nada hoje não
se diria que eles tinham 'descoberto' nada". No entanto, estritamente
falando, parece ser difícil provar de forma convincente que "Livingstone,
Stanley, Burton, Grant, Speke e outros embarcaram nesta iniciativa por
causa do texto" (Thornton, 1983, p.509). Outros estudiosos podem
invocar outros motivos como os clássicos de curiosidade, coragem,
generosidade e desdém (Killingray, 1973, p.48).
De qualquer forma, o texto do explorador não é epistemologicamente
inventiva. Segue um caminho prescrito por uma tradição. Os relatórios
das expedições apenas determinam uma representação muito concreta e
Buffon pensai'O que a mosca não devena ocupar um lugar ma1s lmtmrtante nas preo·
cupações do IICIWraflsta do que aquele q11e ucup11 na natut cza; pm outro lado, manteve
uma relação tmportantt com o ca1•ulo e o Cisne... Mas 11 Zoologto mudou bartante
desde então c depois de Lamarck ter defendido a causa dos ammws mfenores, cada
orgur~~smo wmou-se ele mreresse para a Ciência.
Wcber esco,•a md1gnudo por a histórra dos Bumus poder .~er estudada tanto como o dos
gregas. Não rcspondamM que os tempos mudaram, que o Terce1ro Mundo e seu patno·
ttsma nusce11tl.!... que o clespertar do povo afnrano que se mteressa pelo passculo ... seno
um momento adequado poro 1•er que a consideração parruínco de\'e ser o cmeno do
inrert'sse mtelectual e qut• os afnconos cem mms razões para desprezar a 0111 1guidade
grega do que os europeus paro desprezar a a11t1guidade Buntu. fVt:vne, 1984. (1.62}
11 Oues&6tsdoii~Lodo 4J
da ordem para o da história. No espaço nunca ocupado pelos sistema~
do conhecimento clássico, definem-se novas formas de conhecimenLo.
graças a novos transcentlentais: trabalho, vida e linguagem. A econo-
mia substitut a teon a da riqueza e, desde Adam Smith, o trabalho "revela
uma unidade de medida irredutível e absoluta", e a riqueza "é repartida
de acordo com as unidades de trabalho que na realidade a produziram"
(Foucault, 1973, pp.217-236). A biologia ultrapassa a história natural.
Com Lamarck, Jussieu e Vicq d'Azyr, o princípio da estrutura orgânica
torna-se a base das taxonomias e assim separa o orgânico do inorgâni-
co: o pnmeiro, os vivos, e o segundo, os não vivos. No campo da análise
da linguagem, a filologia ocupa o lugar da gramática geral: "a lingua-
gem já não consiste apenas em representações e sons que por sua vez
simbolizam as representações e são ordenados entre eles conforme
as associações do pensamento o requerem; também inclui elementos
formais, agrupados num sistema, que se sobrepõem aos sons, silabas
e constituem a base de uma organização que não é a das representa-
ções" (Foucault, 1973, p.235).
A partir deste cesura epistemológica desenvolve-se um novo cenário.
A ongem. para o homem, não e de modo algum o começo- uma espéCie de aurora da
h1stóno o partir da quo/ se cenam acumulado as aquiSIÇÕes subsequent.es. A origem.
para o homem. é mull~ mo1s do que o formo como o IJOmt'm em yt!ml, como quolquct
homem. se artiwla com o trabolho. 11vido e a llnnuayt>m que JÓ começaram deve set
procurada nt•.ua dobra onde o honwm aplica o seu rroball1a com toda a ~1mplicidade
num mundo onde se trabalha há mllhure.s de unas, I'ÍI't' no frescura du sua existencw
únteo, recentt•tm.'ntt• precàrw, uma 1•1da que tem a~ suas raízes no.~ pnme1ras formu·
ções orgõmcos, cmnpiíe soh a forma dt! frases nunca antes ditas ... palavras muts 1·elhas
da que toda a memória (Foucuult, 1973, p.330)
(a) enquanto o ponw de ''ISCa funcional cont1nUO\'O a cer mais peso do que o ponw
de v1sta normauvo é claro que era necessóno, de facw, para partilhar as funções
normo1s com as ncio narmo1s; assim foi aceite uma psicologia patológica a par de uma
psicolog1o normal... da mesmo forma, fo ram w mhém aceites uma pacalagia dos so·
ciedades (Durklreim), deformas de crença wraciortaiS e quase-mórbidas (Lévy-Brulrl.
8/onde/);
(b) da mesmo modo, desde qut o pont~ de \'ISW elo conflito nvesse m01s peso do que a
da norma, .wp6s-se que cerws con{lnos não poderiam '>er superados, que os mdivfduos
e as sociedades comam o nsco de se destruirem a st através dos mesmos,
(c) par fim, desde que o ponto de wsca da Slgmjteoção tivesse ma1s peso da que o do
Sistema, procedeu-se a uma d1visão entre Significante e não significante, ace1Wu-se
que havta senudo em certos domfmo~ do comportamento humana ou de certas zonas
da area soc1ol, mos noutras não.
2.
Quando, por outro lado, a anál1se fo1 realizada a partir do panca de \'Isto da norma. da
regra e do SIStema, cada órt>a proporcionou a suo próprta coeréncw e o sua própna
mórb1da' (me~mo n1erm du-se aos
\'uildade· JÓ não era poss{vel falar de 'consctêncro
afudm do a sociedades deixados pelo
doentes), de ·mentalidades prrmw vas' (mesm a
referm da-se o hiStórias ab~urdas nu
h1scóno) ou de 'discu~o ms1gni{icante' (mesm o
ser pensa do no úmb1ta do ordem do
o lendas apare nteme nte mcoerentes). Tudo pode
uma 1•ez que os sistem as são 1solodos,
Sistema. da regra e da norma Por se plurol tzar-
os, uma vez que us norma s são pro-
uma 1•ez que os regras forma m conJuntos {cchad
as huma nas un1{icou-se, uma vez que Jâ
postas no sua autono mia -o campo das Clénc1
mia de valores. (Faucau/c, 1973. pp.360·
não possu1a rupruros na _çua anten or dicoto
361 a organ ização da citação t! minha).
11 OvHt6e1 dt Mêtodo 41
a compreensão da história e da antropologia baseiam-se em quatro
princípios: (a) a realidade verdadeira nunca é 6bv1a e "a sua natureza
já é aparente no cuidado que tem para iludir a nossa atenção"; (b)
as c1ências sociais não se baseiam em eventos; (c) a realidade e a
experiência podem ser complement ares. mas "não há nenhuma con-
tinuidade na passagem entre elas": e (d) a missão do cientista social é
"compreend er que se relaciona com ela e não consigo mesmo" (Lévi-
Strauss, 1963, 1966).
De acordo com Lev1-Strauss, as semelhanças que existem entre a
história e a antropologia são mais Importantes do que as suas dife-
renças. Em primeiro luga1~ ambas as disciplinas tratam o afastamento
e a alteridade: enquanto a história aborda o afastamento no tempo, a
antropologia lida com o afastamento no espaço. Em segundo lugar, o
seu objectivo é o mesmo. ou seja, uma melhor compreensã o de socie-
dades diferentes no tempo ou no espaço e, assim, uma reconstrução ,
uma "reescrita" do que "aconteceu'' ou do que "está a acontecer"
naquelas sociedades. Por fim, em ambos os casos, os cientistas enfren-
tam "sistemas de representaçõ es que diferem para cada membro do
grupo e que, no seu conjunto, diferem das interpretaçõ es do investi-
gador".
O melhor escudo emográftco nunca tornará o /e1tor um nativo... Tudo o que a h isto·
riador ou ewógrafo pode fa?:er, e tudo o que podemos esperar de qualquer um deles é
o olargamenco de umo expenência especfftca para as dimensões de uma ma1s geral,
o qual se toma a~sim acessivcl coma expenéncia para homens de outro pa1s ou de
outro epoca F JIOra ter suce.~so, canto o h1stonador como o etnógrafo devem possuir
as mesma~ qualidades: aptidão, prec1.~õo. uma abordag('m sensível e obJectiwdotlc.
(L.év1-Strauss, 1963, pp.l(í-17)
São estas as analoy1as que nos permitem tirar canclusães a partir da campo de 'per-
cepção: desde o conheciment o utilizável, que constitui a base com a qual o pensam-
ema dos pr1m1cn·os. nacuro/mente submetido aos prmrípio.ç [orma1s do 11cnsamento
nau domesocado. nryamza as ide1as na~ qua1s se rt~flecte mfimtomente a 1mayem
rccfproca dos humanos e do mundo, no qual nascem e funcionam as Ilusões que o ser
pnm1t1vo tem de SI e do mundo. (Godel1er 1973, p.386}
Por conseguinte, em vez de contrastar a magia e a ciéncia, é melhor compará· las como
dois modos paralelos de adquirir conhecimento. Os seus resultados teóricos e práticos
diferem em valor. pois é verdade que a ciência é mais bem-sucedida do que o magia
segundo este ponto de vista, embora a magia pressagte o ciéncia, sendo também por
vezes bem-sucedida. No entanto, tanto a eténcia como a magia requerem o mesmo
ttpo de operações mentais, as quais diferem não tanto quanto ao tipo como quanto aos
ttpos de fen6menos diferentes a que se aplicam. (Levi-Strauss, 1966, p.J3)