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Esposa Imperfeita

Jhonatas Nilson
Copyright © 2019 Jhonatas Nilson

Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a


transmissão total ou parcial, sob qualquer forma. Todos os personagens desta obra são
fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera
coincidência.
Querido leitor,

Foi muito divertido escrever a história de Edward e Vicky. O romance


que eles vivem também representa uma oportunidade de mudar várias
concepções, e sem dúvidas, ambos precisarão repensar algumas coisas para
que possam encontrar um belo final feliz.
Desejo-lhe uma ótima leitura!
Com carinho,
Jhonatas Nilson.
Capítulo 1
Victoria Andrews Gutiérrez sabia que ele era proibido. Sabia que
entregar-se aos seus encantos significava trair a própria família. Mas o ato de
desejá-lo simplesmente movia os seus instintos.
A noite estava agradável. Era possível ver ao menos uma centena de
rostos conhecidos que iam desde empresários à especialistas da área de
marketing e administração.
Vicky fora convidada para representar as empresas da família
Andrews. Sendo a única herdeira de todo o império, era o seu dever estar
presentes em eventos como aquele. Eventos em que era possível aumentar a
rede de networking e fortalecer parcerias.
No entanto, ela não esperava encontrá-lo entre todos aqueles rostos.
Não esperava e não queria, pois sabia que Edward Reid era proibido. Para
sempre seria.
A verdade era que os Andrews e os Reids eram inimigos há décadas.
Todos no mundo dos negócios sabiam, de forma muito clara, que uma família
odiava a outra, e que pareciam sempre estar enfrentando algum tipo de
batalha comercial.
Tudo começara cerca de oitenta anos antes, quando o patriarca do
império Andrews se negara a aceitar uma parceria no ramo do petróleo com
os Reids. Aquilo desencadeara uma série de embates desde então, e com o
passar dos anos e das gerações, a competividade apenas aumentava.
O grande problema era que Vicky se perguntava como seria tê-lo em
sua cama sempre que o via nos meios midiáticos. De forma secreta, detinha o
desejo de conhecer mais sobre aquele homem, ainda que ele fosse proibido.
Portanto, por serem inimigos de sangue, ela acreditara que nunca teria
a oportunidade de tê-lo para si. Mas tudo mudou no instante em que,
segurando duas taças de champanhe, Edward caminhou em sua direção como
se fossem velhos amigos.
— A mais irresponsável dos Andrews decidiu fingir um pouco de
interesse com os negócios da família? — Com um sorriso ameaçador e
cínico, ele levantou uma das taças, oferecendo-a em silêncio.
Edward tinha os olhos cinza que lembravam uma tempestade ao
anoitecer. Seus cabelos, negros, eram cortados ao estilo militar, e a barba
parecia perfeitamente feita. Na mão esquerda havia um tigre tatuado que
cobria toda a pele. O animal representava o símbolo do império da família.
Naquela noite, ele trajava um black-tie com aparência cara, e os sapatos
sociais completavam o traje.
— Suponho que você não me conheça para afirmar coisas assim. —
Como se para desafiá-lo, ela aceitou a taça de champanhe com um sorriso tão
cínico quanto o dele.
—Devo admitir que você é bonita. — O comentário soou ridículo aos
ouvidos dela. — Está solteira, Victoria?
Ela bebericou um pouco do champanhe e ficou em silêncio por alguns
segundos. Trajava um vestido longo e negro com alguns detalhes brilhantes.
Seu braço esquerdo era coberto por tatuagens, dando-lhe um ar rebelde e
desafiador. Os olhos, sedutores e extremamente atentos, eram em tons de
musgo.
Tudo nela remetia à rebeldia. Sua aparência era selvagem e sedutora,
parecendo sempre chamar para a luxúria.
Pura e simplesmente por causa da sua aparência, Vicky passara a ser
julgada como uma rebelde sem causa e uma ninfomaníaca irresponsável e
sem controle.
O que a mídia, e as pessoas, não costumavam compreender, de fato,
era que Vicky enxergava o próprio corpo como algo que somente ela detinha
poder. Ninguém tinha o direito de opinar em suas escolhas, ou julgar suas
tatuagens.
— Eu estou solteira, Edward. — Ela levantou o queixo. — E você?
Está solteiro?
— É claro que sim.
Dando de ombros, Vicky caminhou por entre as pessoas, esperando
que ele a seguisse. Seguiram até chegar ao jardim. O ar era fresco e um pouco
frio.
— Está fugindo?
— Não quero ser vista com alguém como você. — Ela sabia que as
pessoas certamente comentariam. E tudo o que ela menos desejava era que
surgissem polêmicas ao seu respeito.
Agora que estava atuando ativamente em algumas das empresas da
família, sabia que cuidar da própria imagem era extremamente necessário.
Imprescindível.
— Alguém como eu? — Ele a tocou no braço. —As brigas das nossas
famílias não necessariamente impedem que tenhamos algo.
Ouvir aquilo fez com que o coração dela retumbasse. De repente, suor
surgiu nas palmas das suas mãos e a garganta ficou seca.
Sim, ela o desejava. Desde o primeiro momento, quando o vira em
uma entrevista anos antes, soubera que desejava prová-lo. Nem que fosse
apenas por uma noite.
Mas ceder representava correr riscos. Representava trair a própria
família em nome da luxúria. Sucumbir era o mesmo que reafirmar todas as
falsas crenças acerca dela. Por isso, Vicky tinha medo. Medo dos
julgamentos e das consequências futuras de tudo aquilo.
— Acha realmente que eu aceitaria sair com você? — Ela revirou os
olhos, fingindo impaciência. — Na verdade, você é o último homem na terra
com quem eu aceitaria sair algum dia.
— Toda essa aversão exacerbada está relacionada à briga estúpida
que nossas famílias têm há décadas? — Ele terminou de beber o champanhe.
— Ou há alguma razão mais específica?
— Eu não o conheço.
—Talvez seja hora de conhecer.

Quando a avistara, Edward soubera que se tratava de uma Andrews.


Soubera que evitá-la era a melhor escolha. Mas de repente, como se para
desafiar a si mesmo, o enorme desejo de tentá-la surgiu em sua mente.
Não era difícil afirmar que Victoria Andrews era a mulher mais bela
de todo o evento. Com seu corpo curvilíneo e aparência selvagem, tornava-se
praticamente impossível simplesmente não olhar. Não admirar.
— Não quero conhecê-lo. — Apesar de dar o melhor de si para
parecer decidida, Vicky percebeu que sua voz soou quebradiça. — Se me
permite, talvez seja hora de encerrarmos esta conversa.
Falando isso, Vicky deu-lhe as costas e caminhou pelo jardim,
adentrando os corredores da grande construção antiga que mais parecia um
castelo. Seus saltos estalavam de encontro ao piso enquanto ela caminhava
rapidamente.
— Um beijo. — Ele a segurou no braço mais uma vez. —Se for capaz
de resistir ao meu beijo, certamente deixarei de importuná-la.
Vicky sentiu um arrepio percorrer seu corpo. De repente, algo entre as
suas pernas pareceu latejar um pouco, como se sofresse em antecipação.
A voz de Edward era rouca, intensa, e parecia chegar ao mais íntimo.
A proposta de um beijo, apenas um beijo, parecia deliciosa demais para
negar.
— Eu nunca seria capaz de imaginar que Edward Reid clamaria por
um beijo meu. — Ela riu com falso escárnio.
— Não estou clamando. — Levando-a para a parte obscura de um dos
corredores, ele a pressionou contra a parede. —Este é um jogo que
certamente você é incapaz de vencer.
Um jogo.
Vicky definitivamente adorava desafios. E não podia negar que
Edward parecia ser um desafio deliciosamente atraente.
— Você sabe que se algum fotógrafo nos flagrar aqui, sozinhos e
juntos, uma polêmica explodirá nos jornais do país inteiro, não sabe? —Ela
afastou uma das mãos dele, que estava pressionando a sua cintura. — Eu
pagarei o preço. Os homens sempre saem ilesos de tudo isso. Certamente,
você será visto como o garanhão incontrolável, o CEO sedutor. E eu? Eu
serei a puta, a vagabunda e vadia que traiu a família por uma noite de sexo
com o inimigo.
— Ninguém irá nos flagrar.
Vicky nascera na Santo Domingo, capital da República Dominicana, e
somente aos dezessete anos fora trazida para viver, em definitivo, nos
Estados Unidos. Por isso, seu sotaque espanhol enquanto falava inglês era
acentuado. E tal detalhe parecia sexy aos ouvidos de Edward.
— Como pode ter tanta certeza?
Ele sorriu e passou lentamente um dos dedos por entre os longos
cabelos negros e brilhantes que cobriam um dos olhos de Vicky.
— Eu simplesmente sei das coisas. — Ele se aproximou um pouco
mais, roubando todo o fôlego dela.
Vicky tinha a pele morena. Seus olhos cor de musgo pareciam
encantadores, e os lábios, cheios, chamavam para um beijo.
— Você é um idiota. — Ela o empurrou, afastando-se. — Idiota assim
como todos os Reids que conheci.
—Conheceu? — Ele riu, irônico. — Eu não me lembro de ter visto
você acompanhada de ninguém da minha família antes.
— Nem quero. — Com passadas largas, ela se enredou por entre os
corredores escuros e abriu uma das portas, encontrando um pequeno depósito
de bebidas.
Ela entrou e fechou a porta atrás de si, dizendo para si mesma que não
queria que ele viesse atrás dela.
Mas a verdade? A verdade era que Vicky queria, com todas as forças,
que Edward compreendesse o recado e abrisse a porta. Queria que, com
aquela voz sedutora, ele insistisse um pouco mais.
Desejá-lo era um erro. Um pecado. Mas aquela oportunidade era um
sonho antigo. E, mesmo que as consequências pudessem ser perigosas, Vicky
começava a dizer para si mesma que apenas uma noite era o bastante.
Poucos segundos depois, a porta do depósito se abriu e se fechou.
Passadas lentas quebraram o silêncio.
Vicky estava de costas, com as duas mãos na cintura. A luz, de uma
lâmpada antiga, era fraca.
— Não negue o seu desejo. — Ele se aproximou um pouco mais. —
Posso sentir na sua respiração a falha tentativa de manter o controle.
— Pode? — Ela se virou, olhando fixamente nos olhos dele.
— Perca o controle comigo esta noite.
Ela sorriu.
—Faça com que eu me perca.
Edward a empurrou contra a parede e obedeceu.
Capítulo 2
As polêmicas acerca de Vicky começaram anos antes quando vazaram
um suposto vídeo íntimo de uma mulher muito parecida com ela. Desde
então, jornais e revistas de fofoca buscavam, a todo custo, destruir a pouca
reputação que ela tinha.
Por isso, Vicky nunca se relacionara, profundamente, com um
homem. Por isso, tratara de estudar e se aperfeiçoar, lutando contra o
machismo e enfrentando as falsas acusações que giravam ao redor do seu
nome.
No entanto, mesmo sendo formada em administração pela Harvard e
tendo um MBA em gestão de pessoas, sendo reconhecida com honrarias pela
universidade como uma aluna destaque, a mídia procurava sempre focar na
sua aparência, no seu corpo e no falso vídeo íntimo que vazaram tanto tempo
atrás.
As tatuagens que preenchiam seu braço e a sensualidade exacerbada
advindas do seu sangue latino pareciam ser muito mais importantes do que a
sua inteligência e esforço. E aquilo, sem dúvidas, frustrava Victoria.
Quando Edward pressionou seu corpo contra o dela e a beijou, uma
mistura de emoções tomou seu corpo.
Medo. Ela estava com medo. Depois de ser julgada por tanto tempo,
era simplesmente impossível não temer beijar o inimigo.
E se ele estivesse com algum tipo de plano mirabolante para suborná-
la? E se planejasse revelar tudo aquilo às revistas de fofoca?
Desde que recebera a autorização para atuar nas empresas da família,
a mídia começara a respeitar Vicky um pouco mais. Eram passos lentos e
extremamente demorados. Ela certamente não queria perder seu avanço.
Sem pensar duas vezes, ela passou as mãos pelo corpo masculino,
buscando algum tipo de gravador. Não encontrou. Mesmo assim, ainda
beijando-o, agarrou o celular no bolso da calça e o empurrou logo em
seguida.
— O que diabos você está fazendo? — Perguntou ele, soando
frustrado e até mesmo um pouco surpreso.
Com mãos trêmulas, ela ativou a tela do celular e percebeu que o
gravador não estava ativado. Por segurança, desligou o aparelho.
— Prefiro não correr riscos. — Ela voltou a colocar o celular no bolso
dele.
—Você é paranoica. — Ele passou uma das mãos nos cabelos,
claramente alterado pelo desejo.
— Sou cuidadosa, é diferente. Estou construindo uma carreira.
Pessoas já tentaram sujar o meu nome antes. E eu sei que também já tentaram
sujar o seu, o mundo dos negócios é complicado. Não posso simplesmente
confiar. Você é meu inimigo. A sua família sempre tentou prejudicar a
minha.
Ele colocou as duas mãos no bolso e balançou a cabeça em negativa.
— Eu não estou disposto a perpetuar essa ideia de inimizade. Não
tenho nada a ver com que o meu tataravô, ou sei lá quem, fez milhares de
anos atrás. — Ele soltou o ar dos pulmões. — Pelo amor de Deus, Victoria.
Você sequer me conhece e me odeia simplesmente porque sabe que o meu
sobrenome é Reid. Qual o sentido de tudo isso?
Edward assumira o controle das empresas da família cerca de dez
anos antes. Agora, aos trinta e cinco, parecia cada vez mais seguro de que
manter uma briga entre impérios simplesmente por tradição era patético e
completamente improdutivo.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, pensativa.
— E por que diabos você está tão interessado em mim? — Vicky era
extremamente desconfiada e cuidadosa. — Existem uma centena de mulheres
lá fora. E muitas delas certamente ficariam muito felizes em dormir com
você.
— Nenhuma delas me chamou tanto a atenção. — Ele se aproximou
um pouco mais. —Foda-se o seu sobrenome. Foda-se o que as pessoas
pensam. Estamos só nos dois aqui, e eu quero você. Agora.
Edward nunca era rejeitado. Estava acostumado a dar ordens e a ser
obedecido. Por isso, a relutância de Vicky fazia com que ele interpretasse
tudo aquilo como um jogo. Um jogo que ele queria ganhar, afinal perder
nunca fora uma opção.
— Eu não sou um objeto, Reid. Não sou um brinquedo que você pode
decidir comprar agora e jogar fora depois. Se eu beijei você, foi porque eu
quis. E se eu não quiser passar disso, você não poderá fazer nada para mudar
a minha escolha. — Ela pressionou o indicador no peito dele. —Não sou
qualquer uma.
—Pelo que li nos jornais, você é, sim, qualquer uma. Já vazaram
vídeos seus. Realmente acha que pode se fazer de difícil?
Naquele instante, ódio pareceu borbulhar dentro dela. Em um só
golpe, ela lançou um tapa contra o rosto de Edward, fazendo-o dar dois
passos para trás.
— Mesmo que eu tivesse dormido com mil homens, ainda sim você
não teria o direito de me desrespeitar.
— Olhe bem para a forma com que você se veste... — Com uma das
mãos na bochecha vermelha, ele abriu um sorrisinho de desprezo. —
Mulheres como você servem apenas para diversão.
Ela levantou a mão para lançar outro tapa, mas dessa vez ele segurou-
lhe o braço.
— Mulheres com vestidos longos, mulheres com decote, mulheres
com saias curtas. Mulheres nuas. Prostitutas, empresárias, religiosas e ateias,
sexualmente ativas ou não, intelectuais e camponesas — Vicky sequer
conseguia controlar a própria respiração, tamanha era a sua raiva. — Todas,
Edward, todas merecem respeito. E se você não é capaz de me respeitar,
então sequer merece estar em minha presença.
— Só posso fornecer respeito a quem age e se veste de forma
respeitável. — Ele a pressionou contra a parede.
— Ah, sim? — Ela o empurrou, mudando de lugar e fazendo com que
ele ficasse contra a parede. — E certamente você está agindo de forma
respeitável, certo? Correndo atrás de mim como um cachorrinho no cio. Olhe
bem para você, Edward. Patético. Simplesmente patético. Quantos anos você
tem? Cinco? Não conseguiu o brinquedinho, então agora vai fazer birra.
Ela se aproximou o suficiente. Os lábios estavam muito próximos. Era
possível sentir a respiração descontrolada dele.
— Eu sou homem.
— E eu sou mulher. — Ela pousou a mão em sua nuca. — E tudo o
que eu fizer a partir de agora, é porque eu quero fazer. Porque o corpo é meu.
E se você acha que eu sou puta por aceitar dormir com você, então saiba que
eu considero você uma puta por aceitar dormir comigo.
Ele ficou completamente em silêncio, atônito. Nunca fora tão
insultado e desafiado. E mesmo assim, mesmo com palavras tão cortantes e
diretas, Edward sentiu como se tudo aquilo servisse apenas para que a atração
ficasse ainda mais forte. Incontrolável.
— Eu sou o que você quiser. Apenas cale-se.
Ela sorriu, observando o desejo crescer dentro dele. Lentamente,
levantou a cabeça e voltou a beijá-lo.
Aquela era a primeira vez em mais de cinco anos que Vicky beijava
um homem. Era a primeira vez que se permitia perder o controle.
Talvez se arrependesse depois. Talvez tudo aquilo tivesse resultados
horríveis. Ou talvez, aquela fosse apenas uma noite de sexo sem
compromisso e nada mais.
— Primeiro me insulta e em seguida espera que eu siga as suas
ordens. — Ela interrompeu o beijo.
Queria parecer forte, mas era simplesmente impossível. O desejo que
sentia por Edward era antigo e avassalador. Por isso, sua voz soava frágil
demais, um tanto insegura.
— Eu fui ensinado a dar ordens. — Ele respondeu, pressionando uma
das mãos na cintura dela, puxando-a para si. Ela sentiu a ereção dele pulsar
por trás do tecido da calça. — E não estou acostumado a ser desobedecido.
— Olhe só que ironia do destino... — Ela sorriu, olhando fixamente
na direção dele. — Os meus pais me ensinaram a quebrar a cara de homens
como você.
Ele levantou a mão e segurou os cabelos negros, puxando para trás,
fazendo com que Vicky levantasse o queixo. Lentamente, passou a língua
pelo pescoço, mordiscando a pele, sentindo a pulsação descontrolada.
Preguiçosamente, ele abaixou o tecido do vestido, tocando os detalhes
do sutiã, indo cada vez mais longe.
— Quero você na minha cama. — Ele ordenou. — Quero possuir
você. Hoje. Agora.
Ela voltou a abaixar a cabeça e sorriu.
— Eu também quero você. — Na verdade, ela queria Edward há anos.
Mas isso, obviamente, nunca seria dito em voz alta. — Eu definitivamente
quero você.
— Vamos para o meu apartamento? — Ele passou a língua entre os
lábios.
Gostoso, pensou ela. Edward era, sem dúvidas, um homem gostoso.
— Sim, vamos. — Ela voltou a subir o tecido do vestido, tentando
fazê-lo voltar ao normal. — Você sai primeiro e em seguida eu saio. Não
quero ser vista com um homem como você.
— Um homem como eu?
— Sim. Na verdade, eu sequer sabia que ainda existiam homens das
cavernas. — Ela lançou uma piscadela na direção dele, sarcástica.
— Vamos de uma vez.
Vicky tinha força, percebeu ele. Era admirável. E, aparentemente, por
cima daquela roupa sensual e por trás das tatuagens que lhe cobriam o braço,
havia uma mulher cheia de surpresas. De repente, mesmo sem nenhuma
pretensão, percebeu que queria conhecê-la melhor.
Queria muito mais do que apenas uma noite de sexo.
— Sim, vamos de uma vez. — Ela voltou a pegar o celular no bolso
dele e salvou o próprio contato. — Me envie o endereço do seu apartamento
por mensagem. Agora, pode sair primeiro.
Sem esperar, ele deu as costas e se encaminhou na direção da porta.
— Reid?
Ele parou de caminhar e olhou para trás.
— Existe um pequeno detalhe que você precisa saber sobre mim. —
Ela passou uma das mãos pelos cabelos. — Segundo você, eu não mereço
respeito por aparentemente ser fácil, correto?
Ele ficou em silêncio, agora se sentindo um pouco envergonhado
pelas próprias palavras.
— Eu sou virgem, Reid. — Ela colocou as duas mãos na cintura em
tom de desafio. —Agora vá e reflita sobre essa informação. Vejo você mais
tarde.
Capítulo 3
Quando Edward por fim conseguiu sair do evento, caminhou na
direção do estacionamento e adentrou no Lamborghini preto brilhante.
A voz de Victoria ainda ecoava em sua cabeça, quase como um feitiço
que servira para domá-lo por completo.
Eu sou virgem.
Ele definitivamente nunca seria capaz de imaginar tal fato. Victoria
tinha, de maneira quase palpável, a sensualidade exacerbada, e o olhar
sedutor sempre seria algo capaz de capturar qualquer homem. Portanto, era
impossível sequer supor que uma mulher como ela seria virgem.
De alguma forma, sentia-se estúpido pelas palavras grosseiras que
falara momentos antes. Talvez, apenas talvez, ela não merecesse todo o
preconceito que girava ao seu redor.
Dando partida no carro desportivo, Edward cortou as ruas de Nova
York. Morava no East Side, em um apartamento que tomava dois andares
inteiros.
Não que ele precisasse de tamanho espaço. Vivia sozinho e como
viajava constantemente entre uma reunião e outra, dificilmente dormia em
casa. Mas, mesmo assim, um Reid precisava manter as aparências, e
certamente um apartamento luxuoso era essencial para a demonstração de
poder na realidade em que ele precisava viver.
Ao chegar, puxou a gravata e abriu os botões da camisa. Um pouco
impaciente, tirou uma garrafa de vinho tinto da pequena adega e separou duas
taças.
Victoria era virgem, pensou repetidamente. Ele nunca estivera com
uma virgem antes, nunca sequer quisera ter tal experiência. Mulheres virgens
usualmente esperavam pelo homem certo. E definitivamente, ele não era o
homem certo.
As pessoas certas não existiam. A vida era tão cheia de caminhos,
erros e acertos, que a possibilidade da existência de uma pessoa certa, para
ele, em algum lugar do mundo parecia extremamente surreal e improvável.
Conseguir encontrar a pessoa certa era como tentar contar todas as estrelas do
céu. Impossível.
Edward não era um homem dado aos relacionamentos. Não tinha
tempo para amenidades, e romances, para ele, não passavam de uma grande
perda de tempo.
Durante a sua infância, pudera ver de perto as consequências de um
casamento. Seu pai, Charles Reid, se casara com Violet Reid ainda muito
cedo. No início, pelo que diziam, estiveram imensamente apaixonados um
pelo outro.
Mas depois, tudo mudou. Violet tinha vinte e cinco anos quando
engravidou. Sentira-se, de fato, muito feliz com a chegada de Edward. Tanto
que sua atenção era dedicada apenas ao bebê, e Charles apenas aproveitou-se
da situação para buscar outras mulheres que esquentassem a sua cama.
Quando descobrira a primeira traição através de um paparazzi que
cobrara uma fortuna para não divulgar as fotos, Violet ficara literalmente
destruída. Perdera peso, quase nunca saía e parecia haver envelhecido uma
década em apenas alguns meses. Mas mesmo com tamanha tristeza e
decepção, nunca deixava de cuidar do pequeno Edward, dedicando todo o seu
amor e carinho ao filho.
Com o passar dos anos, as traições tornaram-se cada vez mais e mais
comuns. Violet já não comentava coisa alguma, mantendo o casamento
apenas para evitar um tremendo escândalo no mundo comercial.
Dez anos após a primeira traição, Violet, Charles e o pequeno Edward
estavam de férias, aproveitando o verão em um rancho luxuoso no interior do
estado de Montana.
Charles desaparecera por horas, e Violet decidira, ao lado de Edward,
buscá-lo montada em um cavalo. Demoraram vários minutos e, por fim, o
encontraram com uma linda e jovem funcionária, beijando-se
apaixonadamente ao ar livre entre algumas árvores.
Edward ainda podia lembrar, de forma muito clara, o olhar
decepcionado de Violet. A dor. Naquele dia, pela primeira vez, compreendera
que o ato de amar machucava. Trazia fraqueza. E por isso, nunca amaria
alguém. Nunca se entregaria tanto quanto Violet fizera por Charles.
Naquela mesmo dia, ao anoitecer, Edward encontrara Violet morta
dentro da banheira, com um pote vazio de calmantes atirado ao chão e uma
garrafa de uísque quebrada.
Sendo apenas um garoto, Edward inicialmente simplesmente não
soubera o que fazer. Gritara, clamando que sua mãe acordasse, mas nada fora
o suficiente. Nenhuma oração, nenhuma lágrima fora capaz de trazê-la de
volta.
Com os olhos vermelhos, buscara a recepção e pedira ajuda. E
Charles só chegara horas depois, bêbado e com uma mancha de batom no
colarinho branco.
Por isso, Edward nunca prometia mais do que podia dar. Era um bom
amante, sabia disso. Fazia sexo como poucos. Mas ao amanhecer, partia sem
olhar para trás e dispensava todas as mulheres que passavam por sua vida.
Amar era perigoso. Por isso, não queria correr o risco de se enxergar
tão frágil, cego por um sentimento estúpido. E tampouco permitia que as
mulheres que passavam por sua cama se apaixonassem.
Durante as horas de prazer, Edward era um amante quente e
extremamente atencioso. Mas quando a luxúria terminava e a realidade
regressava com os raios de sol, ele se tornava um homem frio e distante.
Impiedoso.
Nenhuma mulher se apaixonara por ele até agora. E certamente ele
nunca se apaixonara por ninguém.
Por isso, a visão que formara de Victoria durante a festa parecera
perfeita. Ela aparentava ser uma mulher bem resolvida, fácil e sem grandes
complicações. Aparentava ter exatamente o necessário para uma noite de
sexo quente.
Mas então, sem mais nem menos, ela decidira anunciar a própria
virgindade. Quem, pelos céus, poderia ser virgem na idade dela?
Eu sou virgem, Reid.
Quando ouvira as palavras, pensara em desistir. Em simplesmente ir
embora e buscar alguém com mais experiência. Ele não quisera ser o homem
que iniciaria a vida sexual de Victoria Andrews, mas ao mesmo tempo,
desejá-la parecia algo quase inevitável.
Por isso, ele estava disposto a qualquer coisa para tê-la em sua cama.
Até mesmo tirar sua maldita virgindade.

Vicky decidiu esperar um bom tempo antes de ir embora do evento.


Sozinha, tomou mais três taças de champanhe e comeu alguns aperitivos.
Como já não tinha muito o que fazer, também posou para algumas fotos e deu
algumas entrevistas para repórteres autorizados pelos organizadores.
Mesmo que fosse difícil admitir, a verdade era que ela estava nervosa.
Saber que Edward estava esperando pacientemente fazia com que o
sentimento de insegurança crescesse, trazendo certo enjoo. Talvez bebera
champanhe demais, mentiu para si mesma.
Ninguém duvidava do fato de que ela era uma mulher segura de si.
Tanto a aparência selvagem quanto a beleza encantadora formavam um ar de
total poder ao redor da sua personalidade.
No entanto, o que ninguém sabia, era que Vicky tinha muito medo de
dar passos errados quando o assunto estava relacionado à sua sexualidade.
Mercedes Gutiérrez, sua mãe, sempre tratara de ensinar que homens
podiam ser perigosos. E que nem todos eram tão honrados quanto Logan
Andrews, o pai de Vicky.
A história da família dela era quase como um verdadeiro conto de
fadas. Mercedes literalmente fugira da República Dominicana quando tinha
apenas dezoito anos. Filha de um homem extremamente violento e de uma
mãe relapsa, decidira que precisava começar a vida em um lugar longe dos
próprios pais.
A oportunidade chegara através de Dolores, tia de Mercedes. Vivendo
em Nova York, Dolores decidira ajudar a sobrinha, trazendo-a para viver ao
seu lado. Assim que chegou, Mercedes passou a trabalhar com os Andrews.
Logan tinha cerca de vinte e sete anos quando conhecera Mercedes, e
se apaixonara com o primeiro olhar. Desde então, tratara de fazê-la sentir-se
uma mulher especial.
Se casaram um ano depois, indo de encontro à todas as
probabilidades. Logan era tão apaixonado pela esposa, que quando ela pedira
para voltar a viver na República Dominicana, ele decidira acompanhá-la. Na
verdade, Logan seria capaz de acompanhar Mercedes para qualquer lugar que
ela desejasse.
De volta ao país natal, Mercedes engravidou e Vicky nasceu e cresceu
como uma verdadeira latina. Aprendera a valorizar a própria cultura e tivera a
melhor educação que o país podia oferecer.
Mas quando Vicky completou dezessete anos, tanto Logan quanto
Mercedes decidiram voltar a viver fixamente em Nova York.
Apesar de amar a esposa, Logan nunca se sentiu verdadeiramente
confortável na República Dominicana e ficou realmente satisfeito em poder
voltar a fixar raízes nos Estados Unidos. Dali, era muito mais fácil controlar
os negócios e, com o passar dos anos, as longas viagens tornavam-se cada
vez mais desgastantes, por isso, o melhor era evitá-las.
Agora, Vicky tinha vinte e nove anos. E continuava sendo virgem.
Tudo porque fora ensinada a não confiar em ninguém, muito menos nos
homens.
Mercedes crescera com um pai violento e nunca esquecera do trauma.
Mesmo tendo Logan ao seu lado, continuou repetindo vez após vez que os
homens quase sempre eram sorrateiros e maldosos. Portanto, quando os
falsos vídeos íntimos surgiram na internet, Vicky se fechou ainda mais, sem
nunca esquecer dos conselhos da mãe.
Mas naquela noite, ela estava disposta a esquecer tudo. A se entregar
por completo. E mesmo que estivesse sentindo seu coração acelerado e as
mãos suadas em antecipação, sabia que desejava fazer aquilo. Sabia que não
queria perder a oportunidade de descobrir tudo o que Edward tinha a
oferecer.
Certamente, na manhã seguinte, tudo seria esquecido. Ela despertaria,
voltaria aos próprios afazeres e nunca mais mencionaria a noite ao lado dele.
Ninguém precisava saber.
Quando por fim decidiu ir embora da festa, ela entrou na SUV preta e
dirigiu lentamente, tentando ganhar tempo enquanto os pensamentos giravam
em sua cabeça. Ao chegar no endereço indicado, estacionou o carro e esperou
até receber a autorização para entrar no prédio.
Tudo foi muito rápido. Em um segundo, estava entrando na área do
prédio, no outro, pegou-se dentro do elevador, indo de encontro à Edward.
As portas do elevador se abriram e deram para um apartamento
imenso. Com passadas lentas, quase preguiçosas, ele surgiu com um
sorrisinho nos lábios.
Edward era lindo, pensou ela. O único homem capaz de fazê-la perder
o controle sem nem mesmo tocá-la.
— Pensei que havia desistido. — Disse ele, estendendo a mão.
Ela segurou-lhe a palma e sentiu um choque percorrer o seu corpo.
Desejo.
— Eu não costumo desistir daquilo o que quero. — Ela saiu do
elevador e, ao lado dele, caminhou pelo apartamento. — Aparentemente,
você tem bom gosto.
— Por ter escolhido você entre todas as mulheres do evento?
Ela sorriu e revirou os olhos.
— Não, querido. Se eu estou aqui, é porque eu escolhi estar com
você. — Ela relanceou o olhar pelo ambiente. —Estava me referindo à
decoração.
— Entendi. — Ele parou de caminhar e colocou-se de frente para ela.
Com mãos ousadas, passou dois dedos pela pele macia da bochecha. —
Acredito que não estamos aqui para falar sobre a decoração do meu
apartamento.
— Suponho que não. — Ela deu dois passinhos para frente, ficando
cada vez mais perto dele. — Mostre-me do que você é capaz, Reid.
Ao falar isso, Vicky sentiu todo o corpo estremecer. E quando ele a
puxou para si e, juntos, caíram em um dos sofás da sala de estar, ela soube
que estava perdida.
E se perder ao lado de Edward era exatamente o que ela desejava
fazer naquela noite.
Capítulo 4
O corpo dele pressionava contra o dela no espaço limitado do sofá.
Lentamente, ele pousou os lábios no pescoço feminino, passando a língua
lentamente pela pele que parecia tão macia e suave.
Sem saber muito o que fazer, ela passou os dedos nas costas dele. Sua
respiração estava descontrolada. Queria mais, precisava de mais.
— Relaxe, Victoria. — Ele levantou a cabeça, olhando-a nos olhos.
—Você pode me chamar de Vicky. E eu estou relaxada.
Ele pousou um dos dedos nos lábios dela e sorriu.
— Você está pensando demais. — Com um movimento lento, ele
puxou o tecido do vestido para cima, revelando cada vez mais. — E se você
está pensando tanto, então devo estar fazendo algo errado.
— Eu nunca paro de pensar, Reid.
— Está me desafiando?
O olhar dele levava certo arrepio à pele dela. Lentamente, ele abriu os
botões da própria camisa, um por um, revelando o corpo forte, bem definido.
No tórax, os pelos negros eram aparados. E, perto do umbigo, havia um
caminho de pelinhos que davam na direção do...
— Você malha? — Ela perguntou, um pouco tonta.
Era difícil saber o que fazer, saber o que falar. Nunca estivera tão
perto de um homem antes. Apesar de Edward Reid ser o inimigo da sua
família e aparentemente ser um verdadeiro ogro, ele a fazia sentir-se
confortável. Era estranho, afinal, sentir-se confortável com o inimigo podia
ser perigoso.
E Vicky estava adorando a sensação de perigo. A adrenalina corria
em suas veias com intensidade cada vez que seu cérebro mandava uma
mensagem, avisando que tudo aquilo precisaria ser secreto e esquecido na
manhã seguinte. Para sempre.
— Sim, eu malho. — Com um sorriso, ele abaixou a calça e em
seguida a cueca boxer.
Sem perceber, Vicky passou a língua entre os lábios. Edward era...
grande.
— Reid... — Mesmo que não quisesse parecer tão impressionada, ela
estava.
O corpo masculino parecia esculpido em mármore. A pele e os pelos
eram deliciosos, pareciam chamar ao toque. Vicky queria senti-lo, queria
colocar aquele membro rígido e longo na boca. Chupá-lo por inteiro até fazê-
lo gozar e gritar de prazer. Gritar seu nome.
Mas ela era inexperiente. Temia fazer a coisa errada.
— Você continua pensando demais, Vicky. — Quase como se fossem
amigos de longa data, ele sentou ao lado dela e passou uma das mãos em seus
cabelos. Parecia completamente confortável com a própria nudez. — Nunca
estive com uma virgem antes, então espero fazer a coisa certa.
— Eu não estou nervosa e não estou pensando demais. — Ela
respondeu, na defensiva.
Mas sim, ela estava nervosa. E não conseguia parar nem por um
segundo.
— Vire-se de costas para mim. — Ele voltou a ficar de pé.
Sabendo que não tinha muito o que fazer além de obedecer, Vicky se
levantou e ficou de costas para ele.
Lentamente, Edward abriu o zíper do vestido negro. Aquele gesto
pareceu extremamente íntimo para ela. E, estranhamente, ele estava sendo
gentil, claramente preocupado com o seu bem-estar.
— O tesão de uma mulher começa... — Ele pressionou o pênis duro e
latejante contra a bunda dela. — Quando seus pensamentos cessam.
O vestido negro caiu ao chão. Vicky se sentiu um pouco exposta,
envergonhada. Onde estava a mulher empoderada e cheia de força que ela
sempre demonstrara ser?
Naquele instante, Vicky era apenas uma versão inexperiente de si
mesma. Alguém que decidira confiar no próprio inimigo, doando seu corpo
em nome do prazer. Do próprio prazer.
— Nesta noite, somos amantes, Vicky... — Ele sussurrou ao ouvido
dela, quase como se pudesse ler seus pensamentos. — Não somos inimigos,
não somos empresários. Somos apenas amantes. E ver o prazer no seu rosto
será o meu prazer.
— Me dar prazer é importante para você, Reid?
Ele a virou de frente, para que olhassem fixamente um para o outro.
Ela abaixou a cabeça apenas para mover os pés rapidamente, empurrando o
vestido para longe.
— Dar prazer para você é o mais importante esta noite. — Ele a
acariciou gentilmente. — Quero que você goze enquanto grita o meu nome...
De repente, Edward quis que Vicky fosse sua. Permanentemente sua.
Desejou que aquele corpo fosse só seu. Que aquele olhar repleto de força
pudesse enxergar apenas ele como homem.
Era um desejo insano, ele bem sabia. Ridículo.
— Essa noite você é minha, Vicky. — Apenas por essa noite, repetiu
para si mesmo.
— Por essa noite, eu sou sua.
Ele a pegou nos braços e caminhou pelo apartamento imenso. Ao
chegar na suíte principal, a pousou na cama com cuidado.
O quarto era grande e completamente decorado em tons de cinza e
metais prateados. Tinha certo ar futurista, mas, mesmo assim, era impossível
reconhecer a personalidade de Edward naquele lugar. Tudo parecia muito
impessoal, muito frio, quase que sem vida.
Sem permitir que ela continuasse pensando, ele se aproximou e tirou-
lhe a calcinha lentamente, jogando-a ao lado da cama. Como se para seguir o
processo, ela tratou de tirar o sutiã.
Agora, estava completamente nua na frente dele. Completamente
exposta.
E, perdendo-se por completo, Vicky fechou os olhos quando ele se
aproximou e pousou os lábios, levemente, em sua barriga. Os beijos eram
lentos, a língua transcorria sua pele, descendo, descobrindo.
Vicky sentiu todo o seu corpo reagir no instante em que Edward
chegou à sua região sul. Com destreza, ele rodopiava a língua em sua vagina
úmida, acariciando com um dedo e em seguida com dois.
— Continue... — Ela pousou as duas mãos na cabeça dele,
direcionando-o. — Por favor, continue...
Vicky tinha a sensação de ir cada vez mais rápido, subindo e subindo.
Já não pensava em nada, já não temia nada. Se um dia fora inimiga de
Edward, já não lembrava.
Quando ela sentiu que estava prestes a despencar das alturas, ele
parou, fazendo-a estremecer de desejo, querendo mais. Necessitando.
— Reid! — Ela gritou em frustração. — Continue, por favor!
Ele voltou-se para ela e a beijou. Era possível sentir o próprio sabor
na língua dele.
— Você está indo rápido demais, querida... — Enquanto olhava para
ela, ele acariciou a entrada úmida com três dedos, rodopiando, tocando-a
como nenhum homem fora capaz de fazê-lo.
— Eu preciso... — Ela precisava... O quê? Sequer sabia do que
precisava. Tudo o que sabia era que seu coração batia de forma acelerada, seu
fôlego estava descontrolado e todo o seu corpo parecia estar extremamente
sensível.
— Quero que você me peça... — Ele sorriu de forma cínica. — Quero
que você clame pelo que deseja.
— Eu não... — Ela fechou os olhos quando ele fez um movimento
brusco que levou uma onda de prazer por todo o seu corpo. — Eu não vou
clamar por coisa alguma.
Ele estalou a língua.
— Ah, não vai? — Ele colocou ambas as mãos dela coladas à cama e
em seguida dedicou-se aos seios volumosos. Com intensidade, chupou os
mamilos com força, fazendo-a gritar de prazer. — Você é muito sensível,
minha querida. Tem certeza que quer resistir? Eu poderia passar a noite toda
assim...
Ele voltou a chupá-la, passando a língua lentamente e em seguida
mordiscando. Para Vicky, aquilo era quase como uma tortura prazerosa.
— Por favor, Reid... — Ela clamou, pois já não tinha forças para
suportar tamanho desejo. Tamanha necessidade. — Por favor, Reid, eu
preciso...
— Boa garota. — Ele voltou a descer, rodopiando a língua contra a
vagina que parecia cada vez mais úmida e sensível. Vicky era linda, pensou
ele. Perfeita. Com destreza, tocava-lhe vez com dois dedos, vez com três. E a
cada toque, Vicky gritava.
Foram necessários apenas alguns minutos para que ela sentisse como
se já não suportasse subir. E de uma hora para outra, caiu, atirando-se em um
abismo de prazer. Gritando o nome de Edward enquanto seu corpo
estremecia.
Ter um orgasmo era como explodir em um milhão de pedaços, se
perdendo sem desejar voltar a se encontrar.
— Oh, Reid... — Ela se contorceu. Seu corpo já estava suado.
Observá-la tão entregue e perdida levou uma onda de desejo crescente
aos hormônios de Edward.
— Você é uma mulher linda, Vicky. — Ele sussurrou de forma
carinhosa, passando as mãos na barriga suada.
Surpreendendo-o, ela se levantou, ainda meio frágil e sensível.
— Agora é a minha vez. — De repente, a insegurança já não existia.
Eles estavam ali com o intuito de um dar prazer ao outro. E, sem dúvidas, ela
queria ouvi-lo clamar seu nome também. As inseguranças podiam surgir
depois, mas não agora.
Tomando o poder, ela o empurrou na cama e parou apenas alguns
segundos para observá-lo.
O corpo forte, os pelinhos aparados, os olhos selvagens que
esboçavam desejo. Tudo em Edward Reid parecia perfeito. Os braços eram
fortes, e por alguns instantes Vicky se perguntou como seria perder-se em seu
abraço.
Mas logo tratou de dissipar aquilo. Não fazia sentido. Não eram
amigos, nunca seriam. Na manhã seguinte, tudo aquilo terminaria. Portanto,
tinha que aproveitar a noite até que tudo acabasse por completo.
Ela passou as mãos pelo corpo também suado, sentindo os mamilos
masculinos duros de tesão.
— Você pensou que eu seria a única que clamaria, não é? — Ela
sorriu e segurou o pênis duro e pesado.
Ele definitivamente era um homem grande em cada significado da
palavra.
— Você não vai me fazer clamar por coisa alguma, Vicky. — Mulher
alguma tentara tomar o poder durante o sexo. Por isso, ele estava com ainda
mais tesão.
A imagem daquela mulher deliciosa segurando seu pênis, prestes a
chupá-lo com tamanho anseio fazia com que ele quisesse possuí-la por
completo. Naquele instante e por toda a noite.
— Acho que nós dois amamos o poder. — Ela fez movimentos de vai
e vem, masturbando-o lentamente. — Você já teve os seus momentos de
poder. Agora é a minha vez.
Ele balançou a cabeça em afirmativa e decidiu apenas deixar-se levar.
— O poder é seu. Faça o que quiser comigo.
Capítulo 5
Victoria se sentia liberta. Pela primeira vez em muitos anos, era como
se enfim pudesse ser ela mesma, descobrindo a própria sexualidade sem que
se sentisse culpada. Sem que precisasse reprimir os próprios desejos para não
ser julgada.
Tudo aquilo parecia muito irônico, afinal o homem desnudo com
quem estava dividindo a cama era Edward. O mesmo Edward que
demonstrara ser um machista arrogante e preconceituoso.
Como era possível sentir-se liberta ao lado de um homem como
aquele? Simplesmente não conseguia entender, mas naquele instante, ele não
lembrava em nada o Edward que conhecera na festa.
No entanto, ao receber total poder de controlar a situação,
pensamentos surgiram em sua mente. Como poderia ter o controle, o poder,
se sequer sabia o que estava fazendo?
—Nunca fiz isso antes. — Admitiu ela, parando de masturbá-lo e
afastando-se um pouco. Sentiu-se um pouco patética por não ter experiência
alguma, enquanto ele, parecia muito certo acerca de tudo o que estava
fazendo.
— O quão inexperiente você é, Vicky? — Percebendo a insegurança
dela, ele se sentou na cama.
— Sou totalmente inexperiente. — Ela deu de ombros. — Nunca
sequer passei dos beijos com homem algum.
— Me parece impossível que uma mulher tão segura e sensual como
você simplesmente não tenha se relacionado sexualmente com ninguém.
Vicky suspirou e, aproveitando que estavam em um momento de pura
sinceridade, decidiu dizer a verdade.
— Como mulher, tenho total noção de que sou eu quem dito as regras
acerca do meu corpo. E quando decido não ter sexo, essa também é uma
escolha minha. Uma regra criada por mim. — Ela passou os dedos em uma
das pernas dele, sentindo a pele quente. — Às vezes, por defender o ideal de
que as mulheres merecem e devem ter o controle acerca do próprio corpo, os
homens pensam que isso significa que eu faço sexo com qualquer um. Que eu
sou fácil. Mas na verdade, esse controle acerca do próprio corpo está muito
mais relacionado às coisas que elas querem ou não fazer, no momento que
lhes convém. As mulheres não devem se casar virgens caso não queiram.
Mas, também, caso queiram, essa é uma escolha íntima e muito pessoal.
Você consegue me entender?
— Para você, mulheres que fazem sexo com qualquer um não são
fáceis?
— Não existe mulher fácil, Edward. Existe a mulher que quer ou não
fazer sexo. — Ela fez uma pequena pausa e olhou diretamente para ele. —
Chamar uma mulher de fácil por ela fazer sexo quando sente vontade é
completamente injusto.
Talvez aquele não fosse o momento para tal debate, mas, mesmo
assim, pareceu-lhe adequado. Edward tinha a expressão um tanto surpresa,
como se nunca houvesse pensado através daquele viés.
— Faz sentido. — Comentou ele. — Eu fui um babaca com você,
não fui?
— Sim, foi.
— Desculpe.
— Tudo bem, Edward. Mas saiba que muitas das suas ideias devem
mudar. Nós, mulheres, não precisamos esperar pela autorização dos homens
para fazer sexo. Na verdade, já não precisamos de autorização para coisa
alguma.
— Mas por que você decidiu esperar por tanto tempo? Não faz
sentido.
— Por respeito. — Ela abaixou um pouco o olhar. — Por muitos
anos, sofri preconceito. Por ser latina. Sendo mulher, a mídia sempre tentou
mostrar o meu lado sensual, se esquecendo de todo o resto. Se eu não transei,
foi por respeito à minha família, por ter medo de fazer algo errado e manchar
o sobrenome dos meus pais. As pessoas são más, Edward. Inventam coisas,
sufocam. Eu sempre tive muito medo de decepcionar os meus pais.
Podia parecer até um pouco engraçado que poucos minutos atrás
ambos estavam perdidos entre o desejo e o prazer. Agora, desnudos e
confortáveis, conversavam sobre assuntos quase intocáveis.
— Quando eu assumi as empresas da família, os jornais disseram que
eu não seria capaz de suportar a pressão. Segundo eles, eu tive apenas sorte.
— Edward fez uma expressão de escárnio. — É sempre muito fácil criticar,
Vicky. Mas não devemos deixar de fazer o que sonhamos.
— Eu sei. Por isso estou aqui, com você. De alguma forma, senti que
queria que você fosse o meu primeiro, mesmo que você seja um idiota
arrogante.
— Obrigado por confiar em mim.
Ela balançou a cabeça.
— Mas eu não confio em você, Reid. — Colocou alguns fios de
cabelo atrás da orelha. — Estou aqui, mas temo me arrepender amanhã ao
acordar.
— Preciso que você compreenda uma coisa sobre mim — Ele ficou
de joelhos na cama, de frente para ela. Lentamente, se aproximou até que os
lábios ficassem muito próximos. — Eu sou amante de apenas uma noite. O
que acontece nesse quarto, fica nesse quarto. Amanhã, quando o sol nascer,
você será apenas mais uma. Esquecida, um número.
Vicky não queria se importar com aquilo, afinal não sentia nada por
ele. Mas mesmo assim, ouvir aquelas palavras fez com que algo dentro dela
se entristecesse um pouco.
Ela era apenas um número. Seria esquecida. Enquanto ele, seria o seu
primeiro. O homem que ficaria gravado para sempre em sua memória.
— Ótimo. — Mentiu ela, engolindo em seco. — Não quero que o
maior inimigo da minha família se apaixone por mim.
— Eu me apaixonar por você? — Ele estalou a língua e riu. Levantou
uma das mãos e a pousou no peito de Vicky, sentindo as batidas aceleradas
do coração. — Talvez seja melhor que você tome cuidado.
— Realmente se acha tão apaixonante, Reid?
— Sem dúvidas.
Ela o empurrou, fazendo-o cair entre os travesseiros.
— Você é apenas um machista babaca.
— Então o que você está fazendo na minha cama? Busque um homem
melhor. — Ele tinha a expressão de desafio na face.
Vicky passou as unhas no peito dele, e em seguida desceu, até voltar a
segurar o pênis, que aos poucos começava a endurecer novamente.
— Infelizmente, você é um machista babaca muito, muito gostoso. E
eu não quero perder a chance de te ensinar algumas coisas esta noite.
— Ah, sim? Me ensine. Estou esperando.
Sem quebrar o contato visual, ela inseriu o membro duro na boca,
rodopiando a língua, chupando-o com vontade. Era difícil tê-lo por inteiro,
pois o membro era grande e grosso.
Surpreendendo-a, ele a segurou pelos cabelos, forçando-a a ir cada
vez mais fundo, chegando muito perto da base por vários segundos até que
ela perdeu o fôlego e se afastou, sugando o ar dos pulmões.
— Tem certeza de que nunca fez isso antes?
Ela sorriu e voltou a masturbá-lo. Seu olhar era sexy, sempre muito
convidativo.
— Às vezes, já nascemos com alguns talentos. Talvez esse seja um
deles. — Ela o chupou novamente, masturbando a base, lambendo a glande.
Os movimentos iam cada vez mais rápidos, até o momento em que ele soltou
um gemido de prazer.
— Estou quase gozando, pare...
— Você me deu o poder, Reid. — Ela voltou a chupá-lo, acariciando
os testículos com uma mão enquanto com a outra fincava as unhas na coxa.
— Vicky...
Sabendo que ele estava muito perto de perder o controle, parou. Em
seguida, o beijou com força e sussurrou.
— Quero que você me possua. Agora.
Edward se levantou e Vicky deitou entre os travesseiros. Ele se
afastou apenas para pegar uma camisinha dentro da carteira e voltou
rapidamente.
Abriu o pacote e vestiu-se.
—Quero que você continue assim, calma. — Ele se posicionou entre
as pernas dela. — Apenas relaxe. Isso vai doer um pouco.
Ela fechou os olhos e tentou controlar a respiração, sentindo seu
coração acelerar quando Edward se posicionou entre as pernas dela.
Lentamente, ele inseriu centímetro por centímetro. E, de fato, aquilo
machucava. Muito. Mesmo com tanto cuidado, o membro de Edward era
grosso e a entrada dela não estava acostumada com a invasão.
— Mais devagar. — Ela fincou as unhas nos lençóis. De repente,
lágrimas de dor surgiram em seus olhos. — Por favor, mais devagar.
Preocupado com o bem-estar dela, ele diminuiu ainda mais a
velocidade dos movimentos. Tudo acontecia muito lentamente.
— Olhe para mim, Vicky. Você está ficando tensa outra vez.
Ela abriu os olhos. A visão daquele homem, tão forte e delicioso,
causou algo dentro dela. Desejo.
— Tão apertada... — Ele passou dois dedos perto da entrada,
acariciando. — Você está molhada, Vicky. Você quer isso. Eu sei que quer.
— Sim, eu quero.
Sim, ela queria. Queria muito.
Os minutos se passaram e lentamente a dor foi se misturando ao
prazer. Logo, apesar do desconforto, ela começou a gostar. Começou a querer
um pouco mais. Sempre mais.
— Continue...
E ele continuou, aumentando um pouco os movimentos. Sem que nem
mesmo ela pudesse perceber o que estava acontecendo, minutos mais tarde,
seu corpo estremeceu outra vez em um orgasmo ainda mais intenso que o
primeiro.
Ela gemeu o nome dele e fechou as pernas ao seu redor, fazendo-o ir
cada vez mais fundo dentro dela. E, com os sons guturais de prazer, ele
também chegou ao ápice, entregando-se. Completamente perdido.
Ele deitou ao lado dela, virando para o lado contrário, completamente
sem fôlego. De costas, falou com a respiração entrecortada.
— Não queria machucar você.
— Você não fez nada de errado. — Ela também se virou para o outro
lado. Ambos ficaram de costas um para o outro.
— Obrigado pela noite, Vicky.
— Obrigado por ter sido um bom amante, Edward.
Após isso, horas mais tarde, entregaram-se ao prazer mais duas vezes
e, pouco depois das três da manhã, dormiram completamente afastados um do
outro.
Não podiam criar vínculos. Tudo acabaria com o nascer do sol.
Capítulo 6
Vicky despertou na manhã seguinte quando os raios de sol
começaram a ficar fortes demais, adentrando levemente por entre as persianas
do quarto. Ela abriu os olhos e ficou imóvel por um longo tempo, perdida por
alguns instantes, perguntando-se onde estava.
E então, a realidade chegou à sua mente como um raio.
Havia feito sexo com Edward Reid. Na verdade, havia feito sexo mais
de uma vez com Edward Reid. Dormira com ele, em sua cama, e permitira-se
simplesmente se entregar ao inimigo.
A ressaca moral assolou seus pensamentos, fazendo-a sentir-se
culpada. Desrespeitara a própria família, pensou. Ignorara as possíveis
consequências e seguira em frente como se nada importasse, apenas o prazer.
Lentamente, movimentou-se na cama e olhou para o lado.
Reid estava ali, dormindo confortavelmente, completamente nu. Nada
cobria a sua masculinidade.
O corpo forte e um tanto musculoso coberto por pelinhos negros. A
barba que agora estava por fazer. A expressão relaxada no rosto adormecido.
E... o pênis duro, que latejava como sinal de uma ereção matinal. Tudo
naquele homem parecia delicioso e atrativo.
Algo dentro dela retumbou. Desejo.
Envergonhada, Vicky se levantou da cama tentando não fazer barulho
algum. Pegou o vestido, os sapatos e tratou de sumir daquele lugar o quanto
antes.
No entanto, quando ela terminou de se vestir e chegou à sala de estar
passando uma das mãos na tentativa de arrumar os cabelos bagunçados,
sentiu uma pontada em seu coração. Não queria partir.
Se fosse sincera consigo mesma, admitiria que, na verdade, gostaria
de conhecer um pouco mais acerca de Edward Reid. Entender mais daquele
homem e descobrir o que estava por trás do empresário.
Como amante, ele fora carinhoso e sedutor, demonstrara completa
preocupação com os desejos dela, sempre preocupado em fazê-la se perder no
prazer. Aquilo tinha que significar alguma coisa. Certamente, Edward não era
totalmente ruim, pois enquanto estiveram juntos naquela cama, ela pôde
enxergar uma visão dele que até então sequer imaginara existir.
Mas mesmo que não quisesse partir, Vicky sabia que precisava tomar
uma atitude. Ele fora bem claro que nada daquilo poderia seguir adiante. Ela
não passava de um número.
Respirando fundo, seguiu em frente, colocando os sapatos e
caminhando pela sala de estar. Chamou o elevador e entrou.
Olhou uma última vez para a área do apartamento que agora parecia
muito maior com a luz do dia. As portas se fecharam.
E Victoria partiu, deixando Edward dormindo. Sabia que estava
fazendo um favor para ambos. Não precisariam ter conversas
desconfortáveis, não voltariam a se ver. Tudo estava terminado, e certamente
ninguém saberia. Agora, tinham um segredo juntos.
Mas se partir era a escolha certa, então por que ela sentia algo dentro
dela doer? Por que ela sentia que tentar estreitar a amizade talvez fosse uma
melhor opção?
Não sabia. E provavelmente nunca saberia.
Edward tivera a melhor noite de sexo da sua vida. Ainda podia se
lembrar da forma inocente e sedutora com que Vicky agia, fazendo-o perder
o controle. Fazendo-o querer ser controlado por ela.
Ainda com os olhos fechados e com um sorriso de relaxamento nos
lábios, passou levemente a mão no espaço ao seu lado, tentando encontrá-la,
mas a palma perpassou entre os lençóis. O espaço estava vazio.
Ele abriu os olhos e, comprovando o fato, deu-se conta de que Vicky já
não estava ao seu lado.
Maldita.
Furioso, levantou-se da cama e procurou no banheiro, na cozinha e em
todo o resto. Vicky não estava em lugar algum. Ela o abandonara.
Mesmo que negasse, não era difícil admitir que aquela era uma atitude
esperada. Vicky era claramente uma mulher muito segura das próprias
atitudes e certamente não estava disposta a enfrentar o próprio inimigo
quando, na verdade, podia facilmente partir sem olhar para trás.
Talvez, Edward não devesse sentir a fúria que crescia dentro dele
naquele momento. Talvez estivesse exagerando. Mas mesmo assim, agora
trajando apenas uma cueca boxer branca, sentou-se no sofá da sala de estar e
pegou o celular.
Digitou e apagou, digitou e apagou, digitou e apagou. Por fim, escreveu
a mensagem e enviou de uma vez.
Despertar e partir antes do dono da casa é extremamente grosseiro.
Enviou a mensagem e se arrependeu no mesmo instante. O que estava
pensando? Victoria Andrews era apenas mais uma das mulheres que haviam
passado por sua cama, mas com a pequena diferença de que fora ela quem
decidira partir ao amanhecer, deixando-o sozinho. Sem sequer se despedir.
Bom dia, Edward Reid. Espero que tenha dormido bem. Ainda tem o meu
número e se lembra do meu nome? Devo admitir que estou surpresa. Quase
posso ouvir as suas palavras da noite anterior ao dizer que eu era apenas
mais um número e que na manhã seguinte eu seria esquecida.
PS: Já passa das doze. Realmente acordou só agora? Estava cansado, não?
Beijos haha
Ele ficou boquiaberto com a ousadia dela. Com a audácia.
É trabalhoso dar prazer à uma virgem.
Ela demorou alguns minutos para responder.
Hm haha
Não transe com uma virgem na próxima vez.
Beijos.
Edward sabia que ela o estava desafiando. Sabia que queria testá-lo. O
grande problema era que ele odiava que se desfizessem dele.
Ele detinha o controle. Sempre era ele quem partia.
Pensativo, decidiu já não responder coisa alguma. Trataria de
esquecê-la e seguiria em frente. Certamente, com o passar das semanas, ela
sentiria falta do seu toque, da sua maneira de fazer sexo, e o buscaria.
Quando o buscasse, Edward estaria pronto para fazê-la gritar seu
nome outra vez. Estaria pronto para deixar muito claro que fora ela quem
viera buscá-lo.
Com isso em mente, largou o celular em cima do sofá e partiu para o
banheiro, tomando uma ducha rápida.
Mal podia esperar para vê-la rastejando aos seus pés. As mulheres
sempre rastejavam após uma noite com ele.
Capítulo 7
Vicky buscou Edward cerca de seis semanas após a noite que tiveram.
Fato surpreendente, afinal ela não pretendia, de forma alguma, reencontrá-lo
algum dia.
Trajando um terninho da Dior negro com detalhes brancos, saltos
também negros e com uma pequena bolsa Chanel, ela adentrou no prédio de
uma das empresas controladas pela família Reid. Não tinha certeza se ele
estaria lá, mas esperava, verdadeiramente, que tivesse sorte o suficiente de
encontrá-lo.
As temperaturas estavam elevadas naquela manhã e Vicky começava
a se sentir um pouco arrependida de haver decidido deixar os cabelos soltos.
Fazia calor e sentia-se um pouco desconfortável.
Pegou o elevador e subiu até o andar principal. Tudo naquele lugar
representava elegância. A marca Reid em formato metálico estava em uma
das paredes e os tons do ambiente pareciam tão imparciais quanto as do
apartamento de Edward.
Aproximando-se de uma das secretárias, Vicky notou o olhar surpreso
da mulher loira de peitos avantajados e olhos azuis.
— Bom dia, senhorita Andrews. — Disse a secretária, incapaz de
ocultar a surpresa. Parecia impossível, para qualquer pessoa que trabalhasse
no ramo, avistar uma Andrews visitando um dos aglomerados comerciais dos
Reids.
— Bom dia. Gostaria de encontrar-me com Edward Reid. — A voz de
Vicky era firme, deixando de forma muito clara que aquele não era um
pedido, mas uma ordem.
— Temo que o senhor Reid esteja em reunião...
— Diga que Victoria Andrews o espera, por favor. Ou melhor, diga
que Victoria Andrews o espera agora. E que não posso esperar muito.
— Não acha melhor marcar um horário, senhorita? Suponho que o
senhor Reid ficará um pouco irritado com a interrupção...
— Ele está na sala de reuniões? — Vicky soltou o ar que sequer sabia
estar segurando.
— Sim, senhorita. Ele está em reunião com alguns funcionários e...
— Ótimo, obrigada e tenha um bom dia. — Vicky deu as costas e,
estalando os saltos no piso brilhante, saiu caminhando pelos corredores da
empresa, em busca da sala de reuniões.
A secretária loira praticamente pulou por cima do balcão na tentativa
de alcançá-la, mas não conseguiu interrompê-la.
De forma abrupta, Vicky abriu com as duas mãos a porta dupla da
sala de reuniões.
Quatro cabeças, incluindo a de Edward Reid, viraram em sua direção.
— Olá, senhores. Preciso conversar com o chefe de vocês. — Ela fez
um sinal para a saída. — Odeio interrompê-los, mas quero que saiam. Agora.
Naquele instante, ela notou que Edward ficou vermelho, tamanha era
a sua fúria.
Ele sabia que ela voltaria. Todas sempre tentavam voltar. E ele
sempre recusava, afinal uma noite sempre seria apenas uma noite, nada mais
do que isso. Apesar de que com Vicky seria diferente. No entanto, nunca
seria capaz de imaginar que ela voltaria assim, de forma tão ousada e
estupidamente grosseira.
— O que diabos pensa que está fazendo? — Edward se levantou da
cadeira em que estava sentado, jogando em cima da mesa a pasta de
documentos que segurava. Com um olhar ameaçador, caminhou na direção
dela, as mãos cerradas tamanha era a sua irritação.
Ao se aproximar o suficiente, ele a segurou pelo braço, puxando-a
para fora da sala.
— Tire as mãos de mim ou eu vou te dar um soco e quebrar o seu
nariz. — Ela falou de forma sussurrada, de uma maneira que somente ele
escutaria.
— Quem deixou você entrar? — Ele a soltou e olhou para o lado. A
secretária parecia trêmula e assustada, com medo de ser demitida. — Eu disse
que estava em reunião, não disse, Beatrice?
— Mas senhor, ela...
— Não brigue com a sua secretária. Fui em quem entrei sem
autorização.
— E quem você pensa que é para entrar dessa forma e interromper a
minha reunião?
— Eu precisava falar com você e a sua secretária estava tentando me
impedir. Você sabe o que eu faço com quem tenta me impedir de fazer
alguma coisa? Eu passo por cima, Reid.
— Pode voltar para o seu posto, Beatrice. Está tudo bem. — Ele
balançou a cabeça de forma positiva para a secretária, acalmando-a. — Eu
sabia que você voltaria. Nenhuma resiste.
O tom de voz dele soou baixo, para que ninguém ouvisse.
— Você realmente acredita que o seu pênis tem algum tipo de doce,
não é? Pelo amor de Deus, Reid. Volte para a realidade. Você não é o único
homem da terra. — Ela se aproximou um pouco mais. — Diga aos seus
funcionários que a reunião está temporariamente cancelada.
— Vicky, mulher nenhuma me dá ordens.
— Eu estou dando.
Ele literalmente ficou boquiaberto. E furioso.
— Sente-se e espere. Irei atendê-la quando terminar a minha reunião.
— Ele se virou, dando-lhe as costas. Entrou na sala de reuniões e fechou a
porta atrás de si, trancando-a logo em seguida.
— Desculpem, senhores. Algumas mulheres são simplesmente
malucas.
No lado de fora, Vicky precisou respirar fundo ao menos umas dez
vezes para não chutar a porta e dar um soco bem no nariz de Edward Reid.
Aquele homem era uma arrogante, um homem das cavernas grosseiro
e extremamente desrespeitoso. Ela o odiava. Simplesmente o odiava.
Mas mesmo assim, mesmo tão furiosa, não pôde deixar de perceber a
reação que seu corpo tinha com a simples presença dele. Aquilo a
enlouquecia.
Naquela manhã em especial, a barba dele parecia mais cheia, os olhos
mais faiscantes. O cabelo parecia um pouco mais longo e os lábios
chamavam para o beijo. E, droga, vê-lo em seu habitat, em um lugar onde
suas ordens eram uma verdadeira lei, fazia com que ela simplesmente
quisesse tê-lo outra vez. Várias vezes.
Como resistir? Impossível.
Tentando se acalmar e controlar os próprios nervos, ela se afastou da
sala de reuniões e caminhou pelos corredores, esperando pacientemente.
Os minutos se passaram lentamente e cerca de quarenta minutos
depois, a porta da sala de reuniões voltou a se abrir e os funcionários saíram
conversando.
Naquele momento, o coração de Vicky retumbou, acelerando.
— Entre. — Edward parecia um maldito anjo caído, tamanha era a
sua beleza. Ao mesmo tempo, ele estava claramente cansado.
— Eu não estou acreditando que você me fez esperar quarenta
minutos.
— Na verdade, eu deveria ter feito você esperar mais para que
aprenda a melhorar essa sua péssima educação. — Ele lançou um olhar de
escárnio na direção dela. — O que você quer?
Ela se sentou em uma das cadeiras confortáveis e colocou os cabelos
para trás.
— Você nunca vai aprender a tratar uma mulher, vai?
— Não tenho tempo para jogos.
— Nem eu. — Ela relanceou o olhar na direção de uma das cadeiras.
— Sente-se. Precisamos conversar.
Capítulo 8
Edward quase decidira buscá-la alguns dias antes. Quase. Mas, sendo
quem era, seu orgulho simplesmente não permitira que corresse atrás de uma
mulher que simplesmente sequer demonstrara interesse em vê-lo outra vez.
Mas, de fato, ele a entendia, afinal haviam decidido que teriam apenas
uma noite juntos. Apenas uma noite. E fora ele quem ditara as regras.
Portanto, esperar que ela ignorasse o combinado e voltasse, seria um pouco
tolo da parte dele.
No entanto, como todas faziam, Vicky voltou. De uma forma
exagerada, inesperada e grosseira, de fato, mas voltou. Enquanto estava
sentada à mesa de reuniões com um terninho preto com detalhes brancos,
cabelos negros soltos e olhos avassaladores, ele teve a total certeza de que ela
pediria para que tivessem mais uma noite juntos.
E ele aceitaria, com total prazer.
— Apesar da entrada desnecessária na minha sala, devo confessar que
senti falta dessa sua personalidade beligerante. — Ele sorriu ao sentar-se ao
lado dela, em uma das cadeiras confortáveis.
— Ah, sim? — Vicky levantou uma das sobrancelhas e cruzou as
pernas. — Se sentiu falta, então por que não me ligou?
— Não me esqueci da nossa regra de uma noite só. E não queria
quebrá-la.
Vicky ficou pensativa por algum tempo, sem saber exatamente o que
dizer.
Ele sentira sua falta.
E ela, bem, tivera que controlar a si mesma para não enviar uma
mensagem.
Parecia-lhe estranha a forma com que a mente funcionava às vezes.
Vicky sabia que ele era proibido, sabia que nunca teriam algo sério e, em
hipótese alguma, podiam ser amigos. E mesmo assim, indo contra todas as
probabilidades, não conseguia deixar de pensar nele. De desejar tê-lo em sua
cama, e muito mais além disso, de tê-lo em sua vida. Para conhecer o homem
que estava por trás da armadura de gelo insuportável que ele parecia
sustentar.
— Realmente sentiu a minha falta? — A voz dela fraquejou um
pouco. Talvez, aquele era o único sinal que ela dera acerca da sua
inexperiência e inocência.
— Sim. — Ele desviou o olhar, sentindo-se envergonhado. — É bom
ser desafiado às vezes.
— Nós arriscamos muita coisa naquela noite, Reid. — Ela suspirou
lentamente, como se estivesse relembrando cada detalhe.
— De fato, sim, arriscamos. Apesar das nossas famílias serem
inimigas, você precisa aprender a confiar um pouquinho mais em mim,
Vicky. — Ele pegou uma das canetas que estava em cima da mesa e a girou
entre os dedos. — Posso ter muitos defeitos, mas não sou um traidor.
— Como eu posso ter certeza disso? Não conheço você.
Ele a olhou fixamente por alguns segundos e enfim percebeu que
havia algo estranho. Ela parecia abalada, um tanto triste. Apesar da beleza
estar ali, também havia algo mais. Certo ar obscuro que até então ele não
havia percebido.
E, definitivamente, aquela era a primeira vez em que Edward Reid
olhava para uma ex-amante tentando enxergar mais do que a sua beleza. Com
Vicky, ele queria ser capaz de ver o que estava nas entrelinhas, compreender
o que ela dizia e também tudo o que ela ocultava.
Por algum motivo, que nem mesmo ele sabia, fazer Vicky sorrir fazia
com que algo dentro dele crescesse, como se uma pontada de alegria surgisse.
E aquela sensação era estranha, afinal ele quase nunca se sentia
verdadeiramente feliz.
Ser responsável pelo império da própria família tinha um preço alto.
Ele sabia disso. Já não tinha tempo para aproveitar coisas simples, os amigos
da época da escola e da faculdade estavam casados há muito tempo, e sequer
mantinham contato.
Edward Reid era um homem solitário, sem amizades verdadeiras,
constantemente pressionado a dar resultados e parecia não ter pessoa alguma
em sua vida que estivesse disposta a ouvi-lo. A fazê-lo sorrir.
Talvez por isso, por estar tão saturado de tudo, estivesse ponderando
coisas acerca de Vicky que simplesmente não deveriam sequer existir.
— Talvez devêssemos nos conhecer melhor. — Ele abaixou a cabeça,
envergonhado. Nunca fora ensinado a demonstrar sentimentos. Aprendera a
escondê-los.
Sentimentos machucavam. Proximidade machucava. Por isso, afastara
praticamente todas as pessoas, afinal precisava se proteger. Mas,
estranhamente, com Vicky, o risco simplesmente parecia valer a pena.
— O que está querendo dizer com isso? — Ela corou, envergonhada.
Em pleno sinal de nervosismo, passou a unha do dedo indicador no tecido da
calça.
A tensão sexual era quase palpável no ar. Havia desejo. Era como se
ambos os corpos estivessem clamando para se unir, mas, por razões
aleatórias, não pudessem estar juntos.
— Quero dizer que gostaria de conhecer você melhor. Estou falando
em alguma língua estranha? — Ele sentiu a garganta seca. Sentia-se como um
adolescente estúpido prestes a convidar a garota mais bonita do colégio para
o baile. — Eu gostaria que pudéssemos ser amigos. O que acha?
Vicky ficou boquiaberta. Edward não estava demonstrando
arrogância, muito pelo contrário. Em seu olhar, havia sinceridade e ela pôde
perceber que ele verdadeiramente queria o que estava pedindo.
— Suponho que seremos obrigados a sermos amigos de agora em
diante. — Ela pressionou a unha com ainda mais força no tecido, nervosa.
— Desculpe, mas não entendi. — Edward levantou a cabeça e olhou
diretamente nos olhos dela, tentando compreender aquelas palavras. —
Seremos obrigados? O que quer dizer?
— Você ainda não se perguntou o motivo pelo qual eu vim até aqui e
esperei todo esse tempo na sua porta apenas para conversarmos sozinhos?
Ele assentiu.
— Ainda estou me perguntando, mas eu suponho que você esteja aqui
porque também sentiu a minha falta. Estou errado?
— Sim, eu senti a sua falta. — Ela não tinha razões para mentir. De
fato, quase enlouquecera com a vontade de voltar a vê-lo. — Mas não é por
isso que estou aqui.
— Ah, não? — Surpreso, Edward se levantou da cadeira e se virou
para pegar uma jarra de cristal e se servir com um copo de água. — Então por
que você veio?
Um silêncio se formou na sala durante longos segundos.
— Eu estou grávida, Reid. E você certamente é o pai.
Capítulo 9
Victoria estava grávida. Ele era o pai.
As palavras dela ecoaram aos ouvidos dele, deixando-o
temporariamente tonto. Em silêncio, precisou beber toda a água que colocara
no copo e em seguida recostou na mesa, pois sentia as pernas um pouco
bambas.
— Como grávida? — Victoria percebeu que a cor literalmente se
esvaiu do rosto de Edward. — Impossível. Usamos camisinha.
— Eu imagino que você não esteja feliz com a notícia, mas não estou
mentindo. — Ela, que também ainda não havia digerido a novidade
totalmente, parecia um pouco nervosa e insegura. — Estive pesquisando
sobre o assunto durante as últimas semanas. A camisinha nem sempre é
totalmente segura. Existem entre 2% e 5% de chances de que uma gravidez
ocorra. E você guardava a primeira camisinha na carteira, não é?
— Sim, eu guardava a camisinha na carteira. O que isso tem a ver?
— Isso causa ressecamento no látex, fazendo com que a camisinha
fique mais frágil. Provavelmente ela estourou e sequer percebemos.
Vicky começara a ter os primeiros sintomas de gravidez dias após a
noite com Edward. Sua menstruação atrasara, mas aquilo não a preocupara,
afinal vez ou outra atrasos aconteciam. No entanto, com o passar dos dias,
notara um corrimento vaginal rosa um tanto estranho, fator que a deixou em
estado de alerta quase que imediatamente.
Mas, quando os enjoos matinais começaram, Vicky simplesmente
perdera o controle. Comprara testes de gravidez das mais diversas marcas e
testara, dia após dia, pedindo aos céus que, de alguma forma, aquilo fosse um
engano. E não, não fora um engano.
Apenas para confirmar o inevitável, Vicky fora ao médico e pedira
por mais exames. E sim, estava grávida. Não restava dúvidas.
Quando voltara para casa, chorara como nunca antes. Qualquer pessoa
que a visse certamente acreditaria que uma grande tragédia acabara de
acontecer. Seu psicológico ficara tão abalado, que ela sequer saíra de casa
durante um bom tempo, alegando uma gripe.
Agora, semanas após a descoberta, sabia que era extremamente
necessário contar a novidade para Edward, afinal ele também era responsável
por aquela situação.
— Eu não estou acreditando que você engravidou na sua primeira
noite de sexo, Victoria. — Ele passou a mão no rosto, coçando os olhos, e em
seguida tratou de colocar mais água no copo, bebendo tudo de uma vez.
Vicky ficou em silêncio por um longo tempo e em seguida, sem mais
nem menos, começou a chorar, literalmente soluçando. Era como se sua vida
tivesse acabado, como se uma gravidez representasse algum tipo de tragédia
anunciada.
Odiando vê-la tão desolada, ele puxou a cadeira e sentou-se ao seu
lado. Não fazia ideia do que podia dizer.
— Nós podemos lidar com isso juntos. — Foi o que ele disse, unindo
sua mão à dela. — Eu prometo que podemos lidar com isso juntos.
— Edward, sequer nos conhecemos. As nossas famílias se odeiam. Eu
estou começando a estabilizar a minha carreira agora. Ser mãe não estava nos
meus planos. — Ela levantou os olhos cheios de lágrimas. Os lábios estavam
trêmulos.
Edward simplesmente a puxou para um abraço.
— Não sou muito bom em consolar pessoas, mas eu estou aqui. Você
não está sozinha. — Ele disse baixinho, ao ouvido dela.
Naquele instante, Vicky viu a versão daquele homem que
provavelmente ninguém conhecia, talvez nem ele mesmo. Uma versão que se
preocupava e demonstrava atenção.
— Eu não esperava que você fosse reagir assim. — Comentou ela ao
terminar o abraço, de forma sincera.
— Como esperava que eu reagisse?
— Não sei. Eu tinha certeza de que você pediria que eu abortasse. E
eu estava pronta para dar um soco na sua cara. — Odiá-lo teria sido muito
mais fácil. Agora, conhecer aquele homem que se preocupava e prometia
estar ao seu lado era difícil demais para lidar. Como controlar os próprios
nervos quando Edward parecia tão protetor?
— Eu nunca seria capaz de pedir algo tão horrível. — Seu semblante
era sério. — Não quero ser pai, Vicky. De forma bem sincera, afirmo que não
quero ser pai. Mas não vou fugir das minhas obrigações. Darei o meu melhor.
— Você nunca sonhou em ter filhos? Em talvez se casar um dia e
formar uma família?
Edward ficou pensativo por alguns segundos, avaliando o quanto
podia revelar. Apesar de não conhecer Victoria profundamente, sentia a
necessidade de falar sobre as coisas que até mesmo ele evitava pensar e
sentir.
— Não, eu nunca quis formar uma família. — Ele abaixou o olhar. De
repente, Vicky percebeu que Edward parecia triste, quase como se lembrasse
de algo muito desconfortável. — A vida me ensinou que amar não vale a
pena.
As palavras dele soarem extremamente dolorosas aos ouvidos de
Vicky. Havia tormento em seu tom de voz. Edward parecia carregar o peso
do mundo inteiro nas costas, sozinho.
— Se o amor não for uma razão para seguir em frente e lutar por dias
melhores, então pelo quê você luta?
Edward procurou a resposta para aquela pergunta, mas não encontrou.
Era um fato que ele preenchia os próprios dias entre uma reunião e outra,
crescendo o próprio império sem nunca criar uma conexão profunda com
ninguém.
Ele aprendera a fazer dinheiro, muito dinheiro. Mas nunca fora
ensinado a demonstrar sentimentos.
— Eu luto para continuar fazendo com que o império da minha
família cresça.
Edward ainda podia se lembrar dos olhos tristes de Violet, da forma
como ela fora morrendo aos poucos, amando sempre mais ao próprio marido
do que a si mesma. A verdade era que o amor adoecia. E ele tinha a mais
completa certeza de que nunca amaria alguém. Tinha medo.
— Você acha que lutar por um império é o suficiente para ser feliz?
— É o suficiente para mim.
Por alguns segundos, ele quis dizer que gerar dinheiro e comprar
ações na bolsa de valores era muito mais confortável do que se arriscar em
uma relação, criando laços afetivos. Sabia que se uma pessoa se tornasse
demasiado importante em sua vida, ele provavelmente ficaria desprotegido,
vulnerável. Por isso, construíra uma muralha ao redor de si mesmo. Viver
daquela forma era muito mais fácil.
— O nosso filho irá pedir muito mais do que isso, Reid.
Ele se levantou, caminhando pela sala de reuniões, tentando controlar
o sentimento de angústia que crescia em seu peito.
— Eu sei fazer negócios, Vicky. Sei como dar ordens e ser obedecido.
— Ele se virou para ela. Seu olhar estava sombrio, amargo. — Como eu
poderei ser um bom pai se eu sequer sou capaz de amar?
Vicky se levantou e caminhou até ele.
Juntos, um ao lado do outro, olharam pela janela imensa que dava
para a cidade.
— Fizeram você acreditar que o amor não vale a pena. Alguém
machucou tão profundamente o seu coração que negar a possibilidade de
amar pode parecer muito mais fácil para você. — Ela pousou uma das mãos
na nuca masculina e acariciou os cabelos levemente. Aquele simples gesto
fez com que um bolo se formasse na garganta de Edward. — Mas talvez
esteja na hora de que alguém te ensine que amar é algo grandioso. E
necessário.
— Você irá me ensinar? — Ele engoliu em seco, a voz claramente
embargada.
Enquanto ouvia as palavras dela, lembrou-se de Violet. Lembrou-se
de quando ela ainda estava viva.

— Mamãe, você deveria abandonar o papai. Ele não é um homem


bom. — O pequeno Edward estava sentado em sua cama enquanto Violet
tinha os olhos cheios de lágrimas, triste.
— Quem ama não abandonada, meu filho. — Violet puxou Edward
mais para perto e começou a acariciar os seus cabelos.
— O papai sempre nos abandona. Ele quase nunca vem para o jantar
e não lembrou do meu aniversário. — Edward olhou fixamente para a mãe e
soube que nunca esqueceria aquele olhar tão triste. — O papai não ama a
gente?
— Eu não posso falar por ele, Ed. Algumas pessoas não sabem o que
é amar. Algumas simplesmente são incapazes de amar. E outras
simplesmente tentam, mas não conseguem.
— Eu amo muito você, mamãe.
— Ah, sim? — Ela abaixou-se e beijou a bochecha do filho. — Eu
também amo muito, muito você. E nunca se esqueça de amar. Mesmo quando
o amor pareça ser doloroso demais, assustador demais.
Naquela noite, Edward fechou os olhos e, aos poucos, adormeceu em
silêncio nos braços da mãe.

— O nosso filho certamente ensinará você. Ensinará muitas coisas.


Enquanto o admirava, Vicky compreendeu o motivo para que Edward
fosse sempre tão frio e distante. Ele simplesmente tinha medo. Toda a
segurança exacerbada na verdade era um grande sinal de total insegurança.
Ela compreendeu que Edward tinha medo de deixar que as pessoas se
aproximassem demais e assim descobrissem as suas feridas ainda abertas.
Tinha medo que, com a proximidade, ficasse ainda mais machucado.
— Eu não sei se posso fazer isso, Vicky. Não sei se posso ser bom o
suficiente. Eu não quero que o meu filho... O nosso filho... Cresça com más
memórias. Não quero ser o vilão na vida de alguém. — Edward parecia tão
desolado, sequer lembrava o homem arrogante e poderoso de poucos minutos
antes.
— Você está disposto a tentar?
— Sim, eu estou disposto a tentar.
— Isso certamente é o suficiente, Reid.
Sentindo uma enorme necessidade de tê-lo mais perto, Vicky pousou
a cabeça em seu ombro. Naquele instante, paz instaurou-se em seu coração
pela primeira vez nas últimas semanas.
— Temos muito o que resolver. — Comentou ele.
— Iremos nos reunir com os meus pais, dar a notícia antes que a
minha barriga comece a crescer e as pessoas comessem a comentar.
— Acho que eles não ficarão muito felizes com a notícia.
— Certamente não. — Ela abriu um sorriso sonhador. — Mas o meu
pai sempre sonhou em ser avô. Apesar de você não ser o homem ideal aos
olhos dele, provavelmente ele ficará muito feliz quando o bebê nascer.
A imagem de Vicky segurando uma pequena criança nos braços
preencheu os pensamentos de Edward. E apesar de ter medo, percebeu que, lá
no fundo do seu coração, ele queria algo assim. Queria ter a possibilidade de
amar alguém. Amar o seu herdeiro.
— O nosso filho ou filha merece uma família assim como a sua. —
Comentou ele. — Sempre li nos jornais que os seus pais formam a família
perfeita.
— Sim, eles são incríveis juntos.
— Eu quero ser incrível com você. Para o nosso bebê. — Ele falou as
palavras sem pensar. — Quero acompanhar cada momento, gravar os
primeiros passos, a primeira palavra. Eu quero ser um bom pai, Vicky. Eu
quero de verdade.
Orgulho preencheu o peito dela ao ouvi-lo falar palavras tão sinceras
e sublimes.
Apesar de ser extremamente arrogante e machista, era óbvio que
Edward não era uma má pessoa. Na verdade, ele fora muito machucado e às
vezes simplesmente não sabia como lidar com as outras pessoas. Ou com os
próprios sentimentos e sensações.
— Você será um bom pai, Reid. — Vicky não o conhecia bem, mas
preferia acreditar que Edward seria capaz de dar o melhor de si para ser um
bom pai.
Aparentemente, ela confiava mais nele do que ele mesmo. Aquilo o
incomodava, mas ao mesmo tempo era como se uma centelha de esperança
crescesse, tomando espaço em seu coração e fazendo-o imaginar coisas.
Sonhar com coisas.
— Case-se, comigo, Vicky. Quero dar uma família para o nosso bebê.
No instante em que ouviu o pedido dele, ela se afastou e literalmente
ficou boquiaberta.
— O que disse? — Ela arregalou os olhos. Dando-se conta do
perfume masculino pela primeira vez desde que chegara, o estômago dela
revirou, protestando.
— Certamente você ouviu bem. Eu quero que você se case comigo.
Preciso de você para que eu aprenda a ser um pai incrível. — Ele fez uma
pequena pausa. — Você teve bons exemplos com a sua família, mas eu não.
Poderia me ajudar?
Sentindo o usual enjoo matinal de forma repentina, Vicky correu sem
dizer coisa alguma e entrou no banheiro da sala de reuniões, trancando a
porta. Apesar de odiar vomitar, sabia que aquele era o momento perfeito para
fugir.
Capítulo 10
Vicky não tinha dúvidas de que Edward se encontrava em estado de
choque e, por isso, estava falando besteiras.
Trancada dentro do banheiro, ajoelhou-se e vomitou, sentindo-se
completamente enjoada e até mesmo um pouco irritada. Lentamente, com o
passar das semanas, seus hormônios pareciam estar enlouquecidos, e, levando
em consideração toda a situação em que se encontrava, Vicky tinha a leve
impressão de que estava prestes a surtar, tamanho era o seu estresse.
Quando terminou de vomitar, se levantou e tratou de lavar a boca na
pia pequena. Sentia-se desconfortável. E agora compreendia que quem quer
que afirmasse que a gravidez era a melhor fase da vida de uma mulher,
certamente não fazia ideia do que estava falando.
— Victoria, está tudo bem? — A voz de Edward soou do outro lado.
— Sim, saio em um instante.
Ela demorou o máximo que pôde, mas, quando por fim saiu do
banheiro, encontrou Edward sentado em uma das cadeiras, claramente
pensativo.
— Já desistiu da ideia maluca? — Perguntou ela, caminhando
lentamente. Estava um pouco suada e cansada.
— Não. Você não entende, Vicky? O nosso bebê poderá ter a
oportunidade de crescer em uma família, de enxergar que ambos os pais
sempre estiveram presentes para ele. Se nós estivermos separados, nada disso
será possível. Não quero estar com o meu filho apenas nos fins de semana e
em horários pré-definidos. Quero poder estar em todos os momentos.
— Edward, hoje em dia, as pessoas já não são obrigadas a casar
apenas porque vão ter um filho juntos. Um casamento pede muito mais do
que apenas isso. — Por já estar com os pés doloridos, ela voltou a sentar na
cadeira em que estava anteriormente e tirou os sapatos.
— Você quer me dizer que um casamento pede amor?
— Sim! — Ela exclamou um pouco rápido demais. — Eu cresci
observando o amor que existe entre os meus pais, Reid. E cresci desejando ter
algo assim para a minha vida. Você não me ama, e já deixou muito claro,
mais de uma vez, que não acredita em relacionamentos. Um casamento seria
uma completa loucura.
— Muitas mulheres seriam capazes de qualquer coisa para terem a
oportunidade de se casar comigo.
— Eu não sou qualquer mulher. Você não percebeu isso ainda? Um
casamento sem amor só traz problemas e resulta sempre em divórcio. — Ela
levantou o rosto, pensativa. Tinha os olhos um pouco vermelhos após tanto
chorar. — Eu não quero fazer parte das estatísticas de casais divorciados nos
Estados Unidos.
A verdade era que Vicky havia crescido em um lar repleto de amor e
cuidado. Agora que chegara à fase adulta, simplesmente queria encontrar um
homem suficientemente bom e que estivesse disposto a amá-la. E sabia que
algo assim era difícil, afinal os sentimentos já não pareciam ser
suficientemente importantes para muitas das pessoas que ela conhecia.
Incluindo Edward.
Se fosse bem sincera consigo mesma, não seria difícil admitir que
durante toda a sua adolescência sonhara com a possibilidade de encontrar um
marido tão maravilhoso quanto seu pai era com sua mãe. Mas quando
crescera e se tornara uma adulta, passara a compreender que eram poucos os
que tinham essa sorte.
Talvez, aquele fosse mais um dos motivos pelos quais ela decidira
simplesmente não se entregar a homem algum. Mas então, Edward aparecera
naquela noite e mudara toda a sua vida.
Tudo parecia de cabeça para baixo, e quanto mais pensava, menos
conseguia imaginar como seria capaz de revelar aos pais que estava grávida
de um dos maiores inimigos comerciais da família. E, para piorar, que seria
mãe solteira.
Não que aquilo fosse um problema pessoal para Vicky. Ela acreditava
genuinamente que mulheres eram capazes de cuidar dos filhos, ter uma vida
profissional admirável e obter muitas outras conquistas. Por outro lado, a
mídia certamente comentaria, e aquilo seria um fator que provavelmente
destruiria a frágil imagem de mulher empresária e capaz que começava a
ganhar força nos últimos tempos.
— Tenho a impressão de que você está sendo um pouco tola e
orgulhosa. — Comentou ele, impaciente.
— Um casamento não se decide assim e você sabe disso. Não se faça
de tolo. Eu sei que você é um homem inteligente. — Vicky inspirou
profundamente, tentando manter a calma. — Sequer nos conhecemos, Reid.
— Certo. Podemos nos conhecer agora. — Ele se levantou e
caminhou pela sala, pegando um bloco de notas que estava do outro lado da
mesa. Voltou a sentar e apontou a caneta na direção dela. — Qual a sua cor
favorita?
— Você só pode estar brincando...
— Responda. Não custa nada.
— A minha cor favorita é o azul que fica entre o celeste e o marinho.
— Existe um azul assim?
— Existe.
Ele balançou a cabeça e começou a fazer anotações no bloco.
— Cantor favorito?
— Americano ou latino?
— Os dois.
— Amo as músicas do Lionel Richie. E me lembro que quando eu era
uma garotinha, a minha mãe sempre me colocava para dormir cantando
algumas músicas de um grupo musical latino muito antigo. Mocedades.
Gosto de ambos.
— Quantos anos você tem? Noventa?
— Idiota.
— Estou apenas tentando ser bem-humorado. — Ele sorriu e voltou a
fazer anotações. — Prato favorito?
— Pizza com um belo copo de refrigerante.
— O que você mais odeia?
— Pessoas arrogantes.
Ele fez uma pausa e levantou uma das sobrancelhas.
— Foi uma indireta? — Perguntou ele.
— Se sentiu atingido?
— Claro que não, eu sou um homem humilde. — Ele lançou uma
piscadela na direção dela e sorriu.
O sorriso fez com que o coração dela acelerasse dentro do peito.
Desejo subiu, tomando seu corpo. Queria voltar a beijá-lo.
— Claro, eu diria que humildade é o seu segundo nome.
— Sim. O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
— Ler romances.
— Eu simplesmente não consigo juntar as suas duas personalidades.
— Não tenho duas personalidades.
— É óbvio que tem. Você é doida. Por um lado, é uma mulher cheia
de si, que dá ordens e controla um império. Por outro, ama romances, sonha
com um casamento por amor e acredita em sentimentos.
Ela estalou a língua e deu de ombros.
— Existem muitas mulheres dentro de mim. Na verdade, algumas
delas ainda nem conheço. E se você quiser me conhecer melhor, certamente
terá que me descobrir diariamente.
— A forma com que você fala... — Ele levou uma das mãos para
baixo, tocando o pênis duro por cima da calça de tecido fino. — Conversas
inteligentes me deixam excitado.
Sem esperar que Vicky respondesse, Edward a puxou pela mão,
convidando-a que sentasse em seu colo. Ela não recusou, pois, a vontade de
senti-lo era demasiado tentadora.
— Você não tem controle. — Sussurrou ela.
— Eu não quero ter. Ao menos não quando tenho você aqui. —
Respondeu ele. Logo, os lábios se uniram em um beijo repleto de saudade. —
O que você mais gosta em um homem, Vicky?
Ela passou a mão no rosto dele, sentindo-o e sorvendo a visão daquele
homem que parecia alheio ao poder sexual que detinha sobre ela.
— Nunca me relacionei de forma séria com ninguém, mas eu diria
que busco um homem que faça com que eu me sinta especial. — Ela desviou
o olhar. Sem dúvidas, aquele era um assunto delicado, mas, depois de tudo o
que já tinham conversado, não se sentia tão desconfortável de revelar seus
desejos à Edward. — Quero um homem disposto a crescer ao meu lado, todos
os dias. Alguém que demonstre atenção e que acima de tudo, seja capaz de
amar.
— O amor é uma mentira, Vicky. — Ele respondeu de forma seca,
aproximando-a um pouco mais até fazer com que os lábios ficassem muito
próximos. Era possível sentir o hálito quente que tinha o cheiro delicioso de
hortelã.
— O amor é uma verdade que talvez você ainda não tenha sido capaz
de descobrir.
Ele ficou em silêncio por alguns instantes, claramente pensativo.
Avaliava as possibilidades.
— Quero propor uma aposta. — Ele disse depois de um longo tempo.
— Qual aposta?
— Quero que você me dê um mês para provar que eu seria o seu
marido perfeito mesmo sem amar você.
— Não é possível ser o marido perfeito sem amor, Edward.
— Aceita a aposta ou não?
— Se você conseguir provar que é o marido perfeito para mim, então
eu teria que me casar com você?
— Sim. — Ele assentiu, tinha um olhar desafiador e sexy.
— E se você não conseguir provar coisa alguma?
— Então, você estará certa e eu aceitaria que podemos cuidar do
nosso bebê separados.
Vicky avaliou a proposta. Certamente, não parecia uma má ideia.
Talvez funcionasse, e caso não desse certo, ela não perderia nada.
— Aceito. — Disse ela. — Você tem um mês, começando a partir de
agora, para me provar que não é um traste.
Ela levantou do colo dele, deixando-o frustrado, colocou os sapatos e
caminhou pela sala, na direção da saída. Quando chegou à porta, virou-se.
— Você não pode ir embora assim, depois de atiçar o meu desejo. —
Ele se levantou e Vicky notou a protuberância na calça. Ele estava muito,
muito excitado.
— Sim, eu posso. Tenha um bom dia, Reid.
Falando isso, ela saiu da sala e fechou a porta atrás de si. Sozinho,
Edward começou a refletir sobre muitas coisas.
Seria pai. E agora tinha a missão de fazer Vicky acreditar que ele
poderia se tornar um bom marido.
Bem, ele não tinha ideia de como conseguiria ganhar aquela aposta.
Mas ganharia, afinal ele era Edward Reid. E perder nunca fora uma opção.
Capítulo 11
Após sair das instalações empresariais da família Reid, Vicky partiu
rumo à região sul da rua Houston, chegando ao bairro Soho. Aquele era um
lugar movimentado, repleto de boutiques, restaurantes e bistrôs. Dali, era
possível chegar facilmente aos bairros vizinhos, Little Italy e Chinatown.
Sendo uma das regiões mais seguras de Nova York e garantindo uma
ótima qualidade de vida aos moradores, tornara-se uma boa opção para
alguns artistas e pessoas famosas.
Quando voltaram da República Dominicana com o intuito de dar uma
vida mais segura para Vicky, Mercedes e Logan encontraram um belo
apartamento naquela região e continuavam vivendo ali desde então.
Vicky gostava da atmosfera artística e da sensação de fluidez que
havia no bairro. E tinha boas memórias da infância, de quando acompanhava
Mercedes nos dias especiais para compras.
Enquanto subia até o apartamento dos pais, sentia-se nervosa. As
mãos estavam suadas e uma veia pulsava no lado direito da sua testa.
Não fora exatamente difícil contar a notícia para Edward. O fato era
que Vicky estava muito consciente de que teria o bebê, quer Edward aceitasse
ou não. Portanto, deixá-lo cônscio do fato não fora algo exatamente
complicado.
Mas quando o assunto se direcionava aos seus pais, tudo mudava.
Seguindo os hábitos que se mantinham vivos há décadas, Mercedes e Logan
odiavam os Reids desde sempre, e certamente teriam um grande choque
quando descobrissem que a única filha que tinham estava grávida de um
membro da família inimiga.
Vicky tinha a chave, por isso entrou e encontrou sua mãe na sala de
vídeo, assistindo uma novela colombiana em uma rede de streaming popular.
— Hola, mi amor! — Mesmo após anos vivendo nos Estados Unidos,
Mercedes ainda falava em espanhol com a filha. — Você não disse que viria.
Se eu soubesse, teria pedido para que preparassem algo.
Mercedes abraçou a filha e percebeu, no mesmo instante, que ela
estava tensa.
— Não tem problema, eu não planejo ficar muito tempo. Onde está o
papai? — Respondeu Vicky também em espanhol.
— No escritório, analisando alguns dados das empresas. Ele disse que
viria assistir comigo quando terminasse, mas até agora não terminou.
Logan detestava novelas, mas mesmo assim, fazia questão de vê-las
ao lado de Mercedes. Por outro lado, Mercedes odiava assistir à partidas de
futebol americano, mas sempre assistia. Por ele.
Em um casamento, esforços precisavam ser feitos. E a presença um
do outro parecia sempre mais importante do que o que estava passando na
televisão.
— Será que a gente poderia conversar? Os três?
Mesmo querendo preparar o terreno antes de soltar a notícia, Vicky
não conseguia. Sempre fora muito direta.
— Você parece estar tensa. Está passando mal? Aconteceu alguma
coisa com alguma das empresas?
— Não se preocupe, mamãe. Eu só quero... — Vicky fez uma pausa e
engoliu em seco. — Só quero conversar sobre algumas coisas.
Mercedes sempre foi muito aberta para conversar com a filha. Apesar
de haver crescido com regras extremamente conservadoras e um tanto
religiosas, buscava estar informada sobre os mais diversos assuntos do
universo feminino. Inclusive, fora provavelmente a primeira influência
feminista que Vicky tivera na adolescência.
No entanto, Mercedes não gostava do título de feminista. Segundo
ela, preferia se enxergar como uma mulher que acreditava na força de outras
mulheres. Sem rótulos.
Mesmo assim, muitos assuntos ainda eram considerados tabus entre
mãe e filha. A notícia de que dormira com Edward era um deles.
— Estou ficando preocupada. Suas mãos estão suadas de nervosismo.
Vou falar com o seu pai agora mesmo. — Mercedes não esperou que Vicky
respondesse. Caminhou rapidamente por entre os corredores da casa e entrou
no escritório, chamando o marido.
Logan era um homem jovial e tinha um sorriso imenso. Sempre fora
um homem simpático e agradável. Agora que usualmente trabalhava em casa
e deixava os assuntos mais sérios, em sua maioria, nas mãos de Vicky, tinha
tempo para aproveitar os dias ao lado da esposa que amava.
Em um mundo onde os sentimentos pareciam estar cada vez mais
volúveis, parecia surpreendente que Logan amasse Mercedes cada vez mais,
mesmo após tantos anos casados. Ele sempre comprava flores e fazia
surpresas, tratando de conquistá-la sempre que podia.
Certa vez, em uma das conversas que tinham, disse para Vicky que o
segredo de um casamento duradouro e feliz era o amor. E o segredo de
manter o amor, na verdade, significava ter a inteligência de compreender que
nada podia ser tido como garantido.
Sim, ele conquistara Mercedes muitos anos antes. Mas, mesmo assim,
sabia que era necessário encantá-la sempre que tivesse a oportunidade, para
que o amor pudesse continuar crescendo e a relação nunca deixasse de ser
bela.
Vicky admirava Logan. Para ela, ele era o homem mais incrível que
ela conhecera.
— Oi, papai! Eu me lembro muito bem que você me disse alguns dias
atrás que tentaria ficar longe do trabalho por um tempo. O que estava fazendo
no escritório? — Quando voltaram, Vicky o abraçou, sentindo o cheiro
clássico de uma colônia que ele usava há anos.
Abraçá-lo era como voltar à infância, quando era uma garotinha e
passava horas ouvindo as histórias que Logan tinha para contar. Às vezes, ao
entardecer, caminhavam juntos, pai e filha, pela praia em Santo Domingo. E
sem dúvidas, Vicky tinha a total consciência de que aqueles anos foram os
mais felizes da sua vida.
Por alguns instantes, lembrou-se de Edward. E se perguntou como
poderia haver sido a infância dele. Provavelmente, passara por momentos de
insegurança e falta de amor, traumas que refletiam até hoje nas decisões que
ele tomava.
— Eu deveria estar descansando, mas ouvi falar sobre um novo
sistema de segurança para empresas e decidi analisar alguns dados, ver como
os funcionários avaliaram a nossa segurança nos últimos anos.
— Você deveria deixar isso comigo.
— Sim, eu deveria. — Logan deu um beijo estalado na bochecha da
filha. — Mas me diga, o que aconteceu? Você nunca vem sem avisar.
Vicky, que por alguns instantes sentiu-se leve apenas com a presença
dos pais, voltou a ficar tensa.
— Eu também perguntei a mesma coisa. — Disse Mercedes, também
já tensa.
— Tecnicamente... — Vicky fez uma pausa. — Não é nada ruim.
Precisamos conversar e eu explicarei tudo.
— Tecnicamente? O que quer dizer tecnicamente? — Logan levantou
a sobrancelha, claramente preocupado.
— O que acha de nos sentarmos na sala de visitas? É mais
confortável. — A pergunta foi retórica, pois ela simplesmente caminhou e
esperou que os pais a seguissem.
Tinha o coração prestes a sair pela boca. Sentia-se como uma
criancinha amedrontada, mas sabia que o melhor era conversar de forma
sincera e falar toda a verdade.
Não podia esperar muito mais, pois logo a mídia começaria a
comentar sobre a possibilidade de Edward estar tendo algum tipo de
aproximação com ela. E certamente, tanto Mercedes quanto Logan ficariam
extremamente desapontados em descobrir qualquer coisa através dos jornais.
Vicky sentou em um dos sofás e cruzou as pernas. Logan e Mercedes
sentaram-se um ao lado do outro.
— Bem, eu... — Começou.
Não fazia ideia do que devia falar.
Capítulo 12
Mercedes já estava apreensiva. Tinha as mãos muito unidas e se
perguntava o que de tão sério poderia ter acontecido para que Vicky estivesse
tão nervosa.
— Não faça tantos preâmbulos. Diga o que tem para dizer. — Pediu
Logan, também um tanto nervoso.
— Eu estou grávida. — Lágrimas se avolumaram nos olhos dela. —
Descobri há algumas semanas.
Um silêncio desconfortável se formou na sala. Logo, Mercedes e
Logan trocaram um olhar surpreso entre si.
— Mas essa é uma boa notícia, minha querida! — Mercedes se
aproximou, pronta para abraçar a filha, mas Vicky se esquivou.
— Eu não terminei. — Limpou a lágrima solitária que escorria pela
bochecha. — Edward Reid é o pai do bebê.
O rosto de Mercedes se fechou no mesmo instante.
— O quê? —Logan quase gritou. Seu rosto ficou vermelho. —
Edward Reid?
— Eu sinto muito. — Vicky abaixou a cabeça e começou a soluçar.
Se sentia envergonhada. De certa forma, era como se tivesse traído a
própria família, traído as pessoas que sempre representaram segurança e amor
em toda a sua vida.
— Sente muito? É tudo o que você tem para dizer? — Logan
continuava a falar enquanto Mercedes permanecia em silêncio. — A família
Reid vem tentando destruir a nossa família há décadas. Você tem noção do
que isso significa, Victoria? Eu tenho certeza de que aquele maldito fez tudo
de forma planejada. Duvido muito que você tinha em seus planos ter uma
criança agora. Como você pôde, Victoria? Traiu o nome da sua família. Sujou
a nossa honra. Como pôde?
Vicky levantou a cabeça e seus olhos já estavam vermelhos.
— Edward não teve culpa alguma. Foi um erro. Eu sei que não
deveria.
— Como que Edward não teve culpa? Você fez o filho sozinha? Fez
com o dedo? — Logan praticamente gritava.
Muito mais calma, Mercedes ficou entre os dois.
— Gritar não vai mudar muito a situação. — Falou para o marido. —
Erros acontecem. Todos nós sabemos.
— Ela podia ter errado com qualquer um, mas com um Reid não!
— Ele me disse que não tem nada a ver com as brigas entre as nossas
famílias. E que não pretende levar isso para o futuro.
— Você é tola, Victoria. Sempre confiei muito em você e...
— E agora vai deixar de confiar em mim? Apenas por que eu decidi
que talvez eu pudesse ser livre por algum tempo? — Vicky jogou um pouco
do cabelo para trás. — O ódio que vocês têm por Edward é apenas porque ele
tem o sobrenome Reid.
— Victoria, o ódio que temos por Edward é porque ele e a família
dele tem tentado acabar com os nossos negócios desde sempre. Você é cega?
— Logan fez uma pausa e pegou a pequena garrafa de uísque que sempre
ficava em uma mesa decorativa perto de uma das poltronas, servindo-se de
uma dose. — Ele só queria destruir a sua reputação.
Mercedes, que estava focando em uma outra parte das palavras de
Vicky, voltou a falar.
— Você não se sente livre, Vicky? — Perguntou ela. — Sente que
nós prendemos você?
— Eu... — Vicky voltou a limpar as lágrimas. — Eu sempre fiz tudo
certo. Sempre mantive o controle, tratando de entregar as melhores notas e de
ser um orgulho para vocês dois. Mesmo assim, como vocês bem sabem, toda
a minha reputação foi destruída quando vazaram aquele maldito vídeo íntimo.
Desde então, a minha vida tem sido um inferno. Preciso mostrar que sou
capaz, preciso me esforçar mais do que o dobro apenas para ter respeito no
meio dos negócios. Pai, Edward não tinha como destruir a minha reputação,
pois a minha reputação sempre foi péssima.
Enquanto ouvia as palavras da filha, Logan parou e refletiu sobre tudo
aquilo.
Ele acompanhara o sofrimento dela, os gastos com advogados e toda a
demora para resolver os processos na justiça. No final, apesar da indenização
que o jornalista que vazara o vídeo falso tivera que pagar, Victoria já não era
a mesma. Precisara se desdobrar para se provar boa o suficiente, sempre indo
contra os estragos causados por alguém que sequer conhecia verdadeiramente
a sua história.
— Desculpe, acho que acabei perdendo o controle. — Disse Logan ao
sentar ao lado da filha. Mercedes também voltou a sentar. — Eu realmente
gostaria de compreender a sua escolha de se deitar com Edward Reid, mas é
muito difícil para mim.
— Simplesmente aconteceu. Não era algo que eu planejava. — Vicky
tocou a mão do pai. — Eu não quero que você deixe de confiar em mim por
causa disso.
— Nunca deixaria de confiar em você, minha filha.
Mercedes sorriu ao observar o carinho que havia entre pai e filha.
Tinha a mais completa certeza de que apesar da turbulência, nunca deixariam
de amar um ao outro.
— Como Edward reagiu? — Perguntou Mercedes, sempre muito
pensativa.
— Ele quer... — Vicky quase disse que Edward queria se casar com
ela, mas decidiu que aquele não era o momento. Além disso, sabia que nunca
se casariam, então o melhor era esquecer que aquela proposta existiu. — Ele
me disse que quer ser um bom pai. E que estará ao meu lado.
— Você sabe o que a mídia irá falar, não sabe? — Logan era direto
assim como a filha. — Os nomes de vocês dois vão estampar todas as revistas
e jornais quando algum paparazzi descobrir.
— Eu só preciso que vocês me compreendam e estejam felizes com o
meu bebê. Todo o resto... — O olhar de Vicky estava quase desesperado,
triste. E amedrontado. — Eu posso enfrentar todo o resto sozinha. Não
importa o que os jornais vão falar. Já falaram coisas horríveis antes e estou
acostumada. Mas se vocês não me aceitarem, eu não seria capaz de...
— Não diga isso. — Mercedes interrompeu. — Nós nunca iremos
abandonar você, Vicky. Nós amamos você e não se esqueça disso.
— Nós estaremos ao seu lado em todas as ocasiões. Sempre. Não
importa quais sejam. — De repente, Logan se lembrou de um pequeno
detalhe. — Charles Reid, o pai de Edward, é um homem intragável. Será
difícil lidar com ele.
— Você acha?
— Eu tenho certeza. E se ele lhe fizer algum mal, eu sou capaz de...
— Não, ele não fará. — Sentindo-se aliviada, Vicky sorriu. —
Obrigada por tentarem me entender sempre.
— Não agradeça. Você é o nosso orgulho. — Mercedes sorriu e
acariciou os cabelos da filha. — Mas eu gostaria de conhecer Edward Reid.
Conhecemos o homem de negócios. Agora queremos conhecer o homem que
foi capaz de encantar a nossa filha.
Nem eu o conheço, Victoria quase disse. Mas logo se lembrou que
naquele mesmo dia, na sala de reuniões, Edward mostrara um lado protetor e
carinhoso que aparentemente ninguém conhecia.
— É algo que pode ser marcado, sem dúvidas. Mas devo dizer que a
única coisa que conecta Edward e eu é o bebê. Nada mais. Não estamos em
um relacionamento e não pretendo estar.
— Toda criança merece uma família unida. — Comentou Logan. —
O pobre bebê vai nascer com os pais já separados e distantes.
As palavras do pai soaram muito parecidas com as de Edward, e
aquele detalhe fez com que tudo dentro dela estremecesse.
— Eu tenho certeza de que tudo ficará bem, mas não, Edward e eu
não temos nenhum relacionamento. E não teremos. — Vicky se levantou ao
olhar a hora no relógio de pulso. — Preciso ir embora agora. Tenho uma
reunião marcada para daqui duas horas e não quero me atrasar.
— Filha, marque um almoço ou um jantar para o fim de semana com
Edward Reid. — Mercedes lançou a ordem de forma séria.
— Tudo bem. Irei marcar. Obrigada, eu amo vocês. — Vicky abraçou
os pais. Sentia-se muito feliz em poder ter o apoio deles.
Caminharam pela casa e chegaram à saída.
— Promete que irá se cuidar? — Pediu Logan.
— Sim, eu prometo.
— Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, você sabe que
estamos aqui. — Mercedes olhou a filha com admiração e sorriu. — Eres
nuestro tesoro.
— Obrigada. Eu amo muito vocês.
Vicky se despediu uma última vez e partiu. Quando voltou para o
carro, pegou o celular e escreveu uma mensagem.
“Oi, Edward. Acabei de falar sobre a gravidez com os meus pais. Eles
querem conhecer você. Urgente.”
Capítulo 13
Edward estava entrando no Palace Restaurant, localizado na Quinta
Avenida, quando recebeu a mensagem de Vicky. Sinceramente, o fato de que
os pais dela queriam conhecê-lo não era um fator surpreendente. Sendo
pessoas extremamente atenciosas, era simplesmente esperado que quisessem
saber mais acerca do homem que engravidara a única herdeira do império da
família.
“Basta marcar o dia e a hora.”
Ele escreveu a resposta e, com o celular ainda em uma das mãos,
seguiu pela entrada do restaurante, sendo atendido pelo maître. Olhou no
relógio e viu que havia chegado exatamente no horário marcado.
“Próximo domingo, às 19:00. O que acha?”
Não fazia ideia de como teria que atuar perante os pais de Vicky.
Certamente, seriam momentos desconfortáveis, mas necessários, afinal ele
seria parte da família, e precisariam aprender a lidar com as antigas
desavenças.
“Perfeito. Espero que o seu pai não esteja me esperando com uma
espingarda.”
Ao enviar a mensagem final, Edward guardou o celular no bolso e
sorriu ao avistar Sebastian Bowen.
— Suponho que eu não esteja atrasado. — Disse Edward quando
Sebastian se levantou para abraçá-lo.
— Pontual como um britânico.
Sebastian era o que chegava mais perto do que Edward enxergava
como amizade. E mesmo assim, os dois homens quase nunca tinham a
oportunidade de se ver para jogar conversa fora.
Haviam se conhecido muitos anos antes em um internato no interior
da Inglaterra, quando Edward passara um período estudando longe de casa
antes de voltar, terminar o ensino médio e ingressar na faculdade. Apesar da
distância, continuaram mantendo contato, no entanto, as conversas eram
muito raras e ficavam cada vez mais escassas com o passar dos anos.
Sebastian nascera em um pequeno país próximo à Espanha. Durante a
adolescência, assim como muitos filhos de famílias abastadas, fora obrigado
a estudar em um internato.
Antes de iniciar a faculdade, decidira ingressar no mundo dos esportes
e se tornara um lutador. Porém, pouco tempo depois, teve uma aposentadoria
forçada ao danificar o joelho em uma das diversas competições.
Ao voltar para o país de origem, Sebastian recebeu o convite de
trabalhar como segurança pessoal da filha de um ministro. O governo do
lugar ainda seguia a monarquia nos mesmos moldes da Inglaterra.
Assim, Sebastian enxergou naquela oportunidade a possibilidade de
abrir uma empresa que tinha como promessa a segurança em tempo integral
de pessoas famosas, políticos, artistas e empresários.
Não demorou muito para que ele construísse uma equipe de
profissionais, todos inteiramente preparados para os mais diversos tipos de
adversidades. Os treinamentos, que eram constantes, serviam como uma
maneira de garantir que todos estavam prontos para levar ao cliente a
sensação de sigilo, segurança e comodidade.
Ironicamente, a tal filha do ministro que lhe fizera o convite inicial,
Evangelina, era a melhor amiga de Sebastian desde sempre. Frequentaram a
escola juntos e, quando ele fora para o internato, ela tratara de convencer os
pais para que a mandassem também.
Vez ou outra, Evangelina vinha à Nova York, para eventos
beneficentes e desfiles de alta costura. E, sendo segurança pessoal dela,
Sebastian sempre a acompanhava para todos os lados.
Naquele dia em particular, ele estava de folga. Mas, em seu lugar,
colocara uma verdadeira equipe de seguranças altamente capacitados para
protegê-la. E, aproveitando o tempo livre, decidira convidar Edward, que
também sempre fora um bom amigo, para um jantar.
— Tenho a impressão de que você ficou duas vezes mais forte desde a
última vez em que nos vimos. — Edward comentou, bem-humorado. Os dois
sentaram à mesa e o garçom surgiu para entregar os cardápios.
— É necessário manter a forma. E eu tenho a impressão de que você
está ainda mais sobrecarregado do que a última vez em que nos vimos.
Edward soltou uma longa gargalhada, balançando a cabeça em sinal de
concordância. Sim, ele estava demasiado sobrecarregado. Os negócios da
família, as reuniões, os problemas que às vezes surgiam até mesmo no meio
da noite e todo o resto estavam consumindo toda a sua capacidade de sorrir. E
agora que Vicky estava grávida, mais uma preocupação se juntava à lista, que
já era imensa.
— Você está certo. Me sinto exausto nos últimos dias. — Ele olhou o
cardápio e decidiu que iria pedir uma macarronada ao molho branco. —
Como está Evangelina? Sinto que não converso com ela há décadas.
Ele também conhecera Evangelina quando os três estudavam no
internato. Mesmo assim, nunca foram verdadeiramente próximos.
Apesar de nunca ter comentado coisa alguma, Edward tinha a
impressão de que Evangelina era uma mulher angustiada e triste, quase como
um passarinho que vivia preso dentro de uma gaiola de ouro. Sem dúvidas,
Sebastian era a maior alegria dos dias dela.
— Ela veio acompanhar um evento de alta costura. Decidi pedir um dia
de folga. Não queria passar horas em um lugar repleto de pessoas
conversando sobre moda. — Ele decidiu que gostaria de comer salmão ao
molho champignon.
Edward e Sebastian fizeram seus pedidos.
— Tem algo em você... — Sebastian apontou na direção do amigo,
analisando-o. — Você está mais preocupado do que o normal. Parece que
está carregando o universo inteiro nas costas.
— Aparento estar tão destruído assim? — Edward levantou uma das
sobrancelhas em tom de desafio.
— Quer a sinceridade?
— Quero.
— Pois bem, parece que um caminhão passou por cima de você e em
seguida deu a ré, passando por cima mais duas vezes. — Apesar da
brincadeira, Sebastian tinha o semblante preocupado. — Vamos, me diga o
que aconteceu. A gente se vê basicamente uma vez a cada vinte anos, mas
ainda somos amigos.
Aquilo era tudo o que Edward precisava ouvir. Por não ter amigos e
não manter contato fixo com ninguém, ele não tinha com quem desabafar. E
aquilo o estava enlouquecendo.
Queria poder pedir conselhos, tentar ouvir alguém que pudesse ajudá-
lo a fazer a coisa certa.
— Aconteceu algo... — Edward coçou a cabeça. — Eu vou ser pai. A
mãe é da família Andrews. Ou seja, é de uma família inimiga. Eu a pedi em
casamento, pois quero dar uma família ao meu filho, mas ela não aceitou.
Fizemos uma aposta e basicamente tenho um mês para provar que sou capaz
de me tornar um marido bom o suficiente. Mas como eu poderia ser um
marido bom o suficiente se nunca tive um bom exemplo em minha casa?
— Edward... — Sebastian sorriu. — Eu conheço você há anos. Talvez
eu seja o seu único amigo. Você sempre foi muito fechado e nunca deixou
que as pessoas se aproximassem mais do que o necessário. Isto é um fato.
Mas eu conheço você. Conheço de verdade. E eu sei que apesar de não ter
tido um bom exemplo em casa, será um marido espetacular. Você ama a mãe
do seu bebê?
— Não me diga que você acredita em amor... — Edward soltou o ar
dos pulmões em um som exasperado. Aparentemente, todas as pessoas ao seu
redor sentiam a necessidade de afirmar baboseiras acerca do amor. — Eu
realmente esperava mais de você.
— Edward, todos nós acreditamos no amor. Todos queremos ter um
final feliz. — Sebastian era um homem forte, cheio de masculinidade e
testosterona. Tinha a aparência selvagem e qualquer pessoa que não o
conhecesse, certamente diria que ele era um ogro. E mesmo apesar da
aparência bruta, falava acerca dos sentimentos como se aquilo fosse a coisa
mais simples do universo. — Você pode negar e dizer que não. Eu sei que
muitas pessoas já machucaram você, conheço a sua história. Você observou o
pior lado do amor. Por que não se permite viver o melhor lado?
— Você já amou alguém? Já se apaixonou? — Edward sabia que
Sebastian saía com algumas mulheres esporadicamente, mas nunca pudera
vê-lo em um relacionamento sério.
Sebastian riu e seu olhar ficou triste.
— Eu sempre amei a mesma mulher. Uma mulher que é
simplesmente proibida para mim. — Enquanto Sebastian falava, Edward
pôde sentir a tristeza em sua voz. — Mas eu não devo ser tido como exemplo.
Você está tendo a oportunidade de conquistar a mãe do seu bebê. Não perca a
chance.
— Não conheço Victoria Andrews muito bem. — Refletiu Edward.
— Não sei muito sobre o que ela ama fazer. Mas, pela primeira vez na minha
vida inteira, eu sinto que quero saber o que ela ama fazer. Sinto que quero
fazê-la sorrir. E isso me deixa louco, Sebas. Eu não deveria pensar tanto
assim acerca dela. Mas Victoria me fascina.
— Talvez ela tenha entrado na sua vida para lhe ensinar algumas
coisas, Ed.
— Ela me disse a mesma coisa.
— E então, por que você não se permite aprender?
— Acha que vale a pena? — Edward se sentiu um estúpido por
responder a pergunta com outra pergunta.
— Se te faz feliz, então é claro que vale a pena.
Edward ficou em silêncio por algum tempo, refletindo acerca daquela
conversa.
— Quando você ficou tão sábio?
— Eu sempre fui sábio, mas você nunca pediu conselhos. Você é um
arrogante de merda.
— Eu sempre fui sábio. — Repetiu Edward em tom de brincadeira. —
Com essa frase, podemos ver que você é a humildade em pessoa.
— Edward Reid — Começou Sebastian. — Quero que você me
prometa que irá conquistar essa mulher. Eu quero estar no casamento.
— Você está me pedindo uma coisa muito difícil de prometer.
— Eu sei que quando você quer de verdade, você sempre consegue.
— Eu prometo que irei conquistar Victoria. — Edward sorriu, grato
pelos conselhos.
Após isso, conversaram sobre mais um milhão de outras coisas. E
enquanto o tempo passava, Edward percebeu que algumas amizades nunca
morriam, mesmo que a distância às vezes parecesse tentar provar o contrário.
E quando a noite terminou e Sebastian se despediu, Edward se sentiu
leve.
— Obrigado pelos conselhos. — Agradeceu de forma sincera
— Não precisa agradecer. — Sebastian abraçou Edward. — Nos
vemos daqui quarenta anos?
— Não. — Edward sorriu. — Nos vemos no dia do meu casamento
com Victoria.
Ele não sabia se acreditava nas próprias palavras, mas sabia que
acreditar era a única opção.
Capítulo 14
Os dias seguintes foram mais calmos, mas Edward não conseguia tirar
Vicky dos pensamentos. Depois de ouvir os conselhos de Sebastian, sentia
como se, de alguma maneira, pudesse fazer a coisa certa. Como se, mesmo
com as probabilidades de que tudo fosse dar errado, talvez existisse a
pequena chance de que, de fato, pudessem dar certo.
Ao mesmo tempo em que ele adorava a esperança que crescia em sua
alma, ele também a odiava. Sabia que a esperança podia representar ilusões,
ideais que tinham a possibilidade de se transformar facilmente em decepções.
No entanto, naquela manhã, ele acordou com uma saudade imensa de
Vicky. Por isso, separou uma boa garrafa de vinho para si mesmo e ela
tomaria alguma bebida sem álcool, acendeu algumas velas e pediu para que
alguém comprasse ingredientes. Ele cozinharia.
Nunca fora bom na cozinha, mas acreditava que tentar preparar
alguma coisa para ela era muito mais especial do que simplesmente comprar
em um restaurante. Queria que a noite fosse agradável, e que pudessem se
conhecer um pouco mais, longe dos problemas e das brigas entre as famílias.
Além disso, decidiu preparar outra surpresa para ela. Estava ansioso e
esperava que ela gostasse da ideia, apesar de não ter ideia de como ela
reagiria.
Quando chegou o entardecer, ele se encaminhou às instalações dos
escritórios principais dos Andrews. Procurou o carro dela no estacionamento
e ficou lá, esperando pacientemente.
O problema era que enquanto esperava, teve muito tempo para pensar
em muitas coisas. Teve tempo para pensar, por exemplo, que nunca havia
feito surpresa para mulher nenhuma. E agora que estava se dedicando tanto,
se sentia um pouco estranho.
Mas ao mesmo tempo, a sensação de plenitude era boa. Antes, com
todas as outras, uma noite era o bastante. Com Vicky era diferente. Fora
diferente desde o primeiro segundo em que a avistara naquele evento.
Cerca de trinta minutos mais tarde, ele sentiu o coração perder o
compasso quando a avistou vindo na direção do carro. Vestia um terninho
preto e sapatos também pretos. Seus cabelos estavam presos em um rabo de
cavalo e ela parecia muito surpresa ao avistá-lo.
— Pelo amor de Deus, diga que não está aqui porque tem alguma
notícia ruim para me dar. — Disse ao se aproximar, já nervosa.
— É claro que não. Como você está? — Ele a puxou pela cintura,
beijando-a no rosto. Na verdade, queria beijá-la nos lábios, mas sabia que ela
se sentiria desconfortável, então preferiu evitar.
— Eu estou cansada. Os enjoos diminuíram um pouco. — Ela o olhou
seriamente, avaliando-o. — O que veio fazer aqui?
— Queria ver você. — Ele tomou a chave das mãos dela e abriu o
carro. Em seguida, abriu a porta. — Entre, senhorita. Esta noite estou ao seu
dispor.
— Ah, sim? — Ela sorriu e corou. Estava surpresa e ao mesmo tempo
encantada. — Não parou para pensar que talvez eu tenha algum plano para
hoje à noite?
Edward pareceu murchar com as palavras dela, claramente
decepcionado.
— Você já tinha planos? — Ele tentou esconder a decepção, mas ela
percebeu.
— Eu estou brincando com você. Não tinha planos. — Ela sorriu. —
Você parece animado hoje.
— Sim, estou animado. — Ele entrou no carro dela e ligou o rádio,
que estava tocando uma música romântica antiga.
— E onde está o seu carro?
— O meu motorista levou. Decidi esperar por você. — Deu a partida
e quando estavam fora das instalações Andrews, ele aumentou o som da rádio
e começou a cantar. — Vamos, cante comigo!
— Eu não vou cantar, sou péssima e...
— Apenas cante!
E sabendo que não perderia nada se o fizesse, Vicky acompanhou a
música. Juntos, pareciam ainda mais desafinados, mas, aos olhos dele,
pareciam simplesmente perfeitos cantando.
Aquele era daqueles momentos que ficavam na memória. E enquanto
os carros passavam ao redor, a cidade parecia correr na janela e os minutos
passavam, ela teve a total certeza de que nunca se esqueceria daquele simples
momento em que, ao lado de Edward, cantara uma música qualquer.
Minutos mais tarde, chegaram ao apartamento dele e pegaram o
elevador.
— Eu estava com saudades de você. — Ela admitiu, falando em voz
baixa de forma envergonhada. — E, pensando bem, acho que você está
diferente.
— Eu obviamente também estava com saudades de você. — Ele
relanceou o olhar na direção dela. — Estou diferente? Como?
— Você parece mais positivo, menos... Arrogante.
— Impressão sua. — Ele lançou uma piscadela e se aproximou um
pouco, pousando a mão na cintura feminina. — Quero beijá-la e se você não
me impedir nesse exato momento, acho que vou fazer besteira.
— Quer me beijar? — Ela o puxou pela gravata. — Então beije.
Ele a beijou de forma feroz, faminta. Como se estivesse aguardando
por aquele momento há muitos dias.
Vicky não tinha certeza, mas provavelmente a gravidez parecia estar
mexendo muito com os seus hormônios, pois aquele beijo foi o suficiente
para fazê-la ficar de pernas bambas. Havia certa humidade em sua região sul,
um pleno sinal do desejo que ela sentia por ele.
O elevador se abriu logo em seguida, interrompendo-os. Edward
agarrou-a, levantando-a e fazendo com que ela montasse em sua cintura. A
mão dele apalpava as nádegas. E tudo parecia extremamente explosivo.
Encostaram-se em uma das pilastras e, para a sua surpresa, Vicky
afastou os braços dele e se ajoelhou, abrindo o zíper da calça. Sem nenhum
pudor, segurou o membro que já estava duro e pulsante.
— Eu queria muito, muito fazer isso. — Ela o chupou profundamente,
fazendo-o gemer seu nome. — Quero sentir você por inteiro.
Edward realmente não tivera planos de possuí-la logo na chegada.
Sabia que as chances de que tivessem alguma coisa após o jantar eram
grandes, afinal a química que havia entre eles era explosiva demais para ser
ignorada. Por isso, estava surpreso com a entrega dela.
Aparentemente, Vicky também sentira saudades de senti-lo.
Interrompendo os pensamentos dele, ela o chupou ainda mais fundo
até ficar sem ar. Em seguida fez movimentos rápidos com as duas mãos,
masturbando-o.
Sem suportar mais, ele a puxou para si e a beijou enquanto tirava a
roupa cara que ela vestia. Em poucos segundos, tudo estava no chão e ambos
se encontravam desnudos, sem fôlego e ansiosos.
— Você quer me sentir por inteiro? — Ele sorriu e a pressionou
contra a pilastra. Agarrou o rabo de cavalo e puxou-lhe a cabeça para trás,
mordiscando o pescoço levemente. — Eu vou fazer exatamente o que você
quer.
Com a mão livre ele segurou o pênis e fez movimentos de vai e vem,
friccionando. O contato de pele com pele era delicioso e Vicky sequer
conseguia respirar de forma adequada, tamanho era o seu desejo.
Soltando-lhe o rabo de cavalo, ele ficou de frente para ela e levantou-
lhe uma das pernas. Em uma estocada firme, a penetrou fazendo-a fechar os
olhos e literalmente gritar de prazer.
Vicky já estava há semanas sem sexo, por isso, a invasão voltou a ser
um pouco estranha outra vez. Incomodou um pouco, mas não doeu. Logo, ela
se perdeu com o poder que ele detinha de fazê-la simplesmente não pensar
em coisa alguma.
Enquanto a possuía, Edward beijava com força, mordendo o lábio de
leve. Prová-la e senti-la era delicioso e viciante.
— Isso, eu quero que você continue gemendo para mim... — Ele tinha
um olhar selvagem. E notar o descontrole dele, vê-lo tão completamente
entregue, fez com que ela chegasse ao ápice muito rápido.
Ali, contra uma pilastra, gozou enquanto o beijava. Seu corpo inteiro
estremeceu e ela precisou abaixar a perna, pois simplesmente não conseguia
manter o equilíbrio por muito mais tempo.
Em seguida, ela voltou a se ajoelhar e inseriu o membro túrgido na
boca outra vez. Sentiu o próprio sabor e fechou os olhos, sugando cada vez
mais fundo.
Edward gozou poucos segundos depois e Vicky sorveu cada gota,
sentindo um prazer imenso apenas por poder vê-lo soltar sons guturais de
desejo.
Ainda ajoelhada, ela olhou para cima e sorriu, limpando os lábios.
Ele a ajudou a se levantar e a beijou uma última vez.
— Eu juro que os meus planos não eram esses.
— E quais eram os seus planos? — Vicky perguntou.
— Eu pretendia trazê-la para jantar. E eu juro que você não era a
comida.
Vicky soltou uma gargalhada.
— Estou com fome.
— Bem, o que acha de tomarmos banho? Em seguida, vou cozinhar
para você.

Ela precisou de alguns segundos para absorver a informação

de que ele cozinharia para ela, mas tratou de não dizer coisa alguma. Naquela

noite, relaxaria e se permitiria surpreender por Edward Reid.


Capítulo 15
Edward encheu a banheira com água morna e despejou sais de banho
relaxantes. Encantada, Vicky entrou e sentou, completamente nua.
Quando as mãos dele começaram a percorrer sua pele, ela sentiu
como se nada pudesse separá-los. Como se estar com aquele homem não
representasse um milhão de inseguranças que pareciam persegui-la como um
monstro sombrio.
De alguma forma, enquanto ele a massageava com tamanha
admiração e respeito, Vicky se permitiu sonhar que talvez aquilo pudesse dar
certo de verdade.
— Você está silenciosa. E o silêncio significa que a sua cabeça está
cheia de pensamentos. — Disse Edward ao se aproximar um pouco mais.
Com os dedos firmes, fez movimentos profundos, fazendo-a gemer de prazer.
Seus músculos estavam tensos e a massagem trazia um conforto que há muito
tempo ela não sentia.
— Sim, devo confessar que estou pensativa. — Ela fechou os olhos e
suspirou profundamente.
O banheiro era imenso e tinha uma decoração moderna que seguia
tons neutros. As luzes podiam ser reguladas e Edward decidira tornar o
ambiente com pouca luz, assim, era possível relaxar sem que a luz branca
atrapalhasse.
— Eu seria capaz de qualquer coisa para saber o que você está
pensando.
— Ah, sim? — Vicky sorriu e ficou em silêncio. Por algum tempo,
Edward pensou que ela simplesmente não falaria mais nada. — Você está
diferente. Diferente demais. As suas atitudes estão me assustando. Eu estava
acostumada a precisar enfrentar você. A ouvir coisas absurdas e a precisar
rebater cada uma delas. Agora, estou sendo tratada como se eu fosse a única
mulher que verdadeiramente importa e isso me assusta. Fui ensinada a odiar
todos da sua família. Como eu posso odiar alguém que me faz uma
massagem como essa?
Ele sorriu.
Sim, sentia-se diferente. Era como se algo dentro dele se inundasse
sempre que estava na presença dela. Por algum motivo, vê-la tão relaxada
fazia com que o seu dia ficasse mais feliz e completo.
Apesar dos traumas de infância, do medo de se permitir ter
sentimentos e da completa aversão aos relacionamentos, Edward começava a
sentir que estava disposto a se atirar naquilo. De repente, o risco parecia valer
a pena.
Quando se pegava imaginando que ao lado dela teria mais momentos
como aquele, em que estariam um nos braços do outro sem precisar se
preocupar com detalhes exteriores, ele concluía que se arriscar era o mínimo
que podia fazer para não perder algo tão grandioso.
Apesar do medo, estava encantado demais para permitir que a
escuridão ganhasse mais poder. Portanto, quanto mais conhecia Victoria,
mais sentia a necessidade de descobrir um pouquinho mais acerca dela.
— Se eu estou com você, nenhuma outra mulher importa. Não
costumo dividir a minha atenção. O que acha de jantarmos agora?
— Me parece perfeito. — Ela sorriu e se virou para olhar na direção
dele. — Aparentemente, virei algum tipo de dinossauro que não para de
comer.
— Não se preocupe, pequeno dinossauro. Irei alimentar você. — Ele
se aproximou um pouco mais. — Mas só se você me der um beijo.
— Está me subornando? — Ela levantou a sobrancelha de forma bem-
humorada. — Acha que irá conseguir comprar um beijo meu cozinhando para
mim?
— Eu acho que mereço um beijo.
— Bem, você está completamente certo. Comida é o meu ponto fraco.
— Ela o beijou e fechou os olhos, tentando sorver cada detalhe daquele
momento, pois temia que tudo aquilo fosse uma simples ilusão.
O beijo terminou e juntos, longos minutos depois, saíram da banheira.
De forma sensual, Edward passou a toalha no corpo feminino, tratando de
secá-la.
A visão daquele homem, com o corpo tão definido e pelinhos
aparados no peito, completamente desnudo fazia com que o coração de Vicky
acelerasse. Era como se tudo dentro dela se tornasse insaciável, sempre
desejando cada vez mais e mais.
Por fim, caminharam pelo apartamento, e ela vestiu uma camisa velha
do super-herói favorito de Edward.
— Você está extremamente sexy. — Afirmou Edward enquanto
vestia uma calça de moletom.
Ela percebeu que ele sequer se preocupou em vestir uma cueca. Por
isso, o volume era notável. E aquele grande detalhe a deixava completamente
louca de desejo.
— Obrigada. Eu nunca poderia imaginar que você gosta de super-
heróis.
Ele revirou os olhos.
— Todos gostam de super-heróis. E se existe alguém que não gosta,
então certamente essa pessoa é, sem dúvidas, um monstro. — Ele fez uma
pausa e apontou na direção dela. — Não me diga que você não gosta de
super-heróis.
— É claro que eu gosto. Não sou um monstro.
— Que susto! Por um segundo eu pensei em desistir de me casar com
você.
Vicky soltou uma gargalhada e se assustou quando ele a pegou nos
braços e caminhou pelo apartamento na direção da cozinha.
— No século 21, as mulheres já podem caminhar com as próprias
pernas, Reid. — Disse ela com uma gargalhada, pousando as duas mãos nas
costas dele, sentindo a pele desnuda e querendo descobrir cada vez mais,
percorrer cada centímetro daquele corpo.
— Ainda posso me lembrar muito bem que você me disse que eu era
um homem das cavernas. — Ele a pousou em cima de uma das banquetas de
frente para a ilha da cozinha. — Agora apenas fique aqui, sentada, e observe
enquanto eu, que sou um maravilhoso chefe de cozinha, preparo algo incrível
nunca antes provado na história do universo.
— Eu realmente não imaginava que você sabia cozinhar.
— Eu não sei. Sou péssimo na cozinha. Mas você vai ter que comer
mesmo assim. E vai dizer que está delicioso. E vai repetir o prato. — Ele
lançou uma piscadela na direção dela, fazendo com que seu coração quase
parasse. — Duvido que você possa chegar a ter a coragem de dizer que a
minha comida está ruim. Você não seria capaz de magoar os meus
sentimentos.
Edward precisava parar de dizer aquelas coisas. Precisava parar de
pegá-la no colo, de fazer massagens na banheira e de beijá-la como se ela
fosse a mulher mais importante do mundo inteiro. Ele simplesmente não
podia seguir fazendo nada daquilo.
Pois se continuasse, Vicky sabia que o seu coração estaria em risco. Por
isso, ela precisava tomar cuidado. Muito cuidado.
— Eu posso ajudar você. — Ela se movimentou para levantar da
banqueta, mas ele a fez sentar novamente.
— Não. — Ordenou ele. — Você irá ficar sentada e eu vou alimentar
você.
— Acha que eu sou algum tipo de animal de estimação?
— A partir de agora, eu decidi que você é o meu pequeno dinossauro.
— Ele lançou outra piscadela na direção dela.
Pequeno dinossauro. Edward Reid acabara de chamá-la de pequeno
dinossauro. E aquilo pareceu-lhe simplesmente a coisa mais adorável que
qualquer pessoa já lhe dissera. Pensar naquilo fez com que Vicky quisesse
gritar.
Ele estava conseguindo, concluiu. Edward estava conseguindo
conquistá-la e tudo estava acontecendo muito rapidamente. Ela estava
perdendo o controle acerca dos próprios sentimentos.
— Você costuma comparar as suas amantes com animais?
— Não. E você já não é a minha amante.
— Ah, não? E o que eu sou?
— Tola. Você é a minha futura esposa.
Ele falou aquelas palavras de forma tão leve, como se de fato
acreditasse que aquilo podia se possível, que por alguns segundos Vicky
quase acreditou que se casaria com ele. Mas, assim como a ideia surgiu, se
dissipou rapidamente.
— Eu não vou me casar com você.
Edward ligou o pequeno aparelho de som que ficava na cozinha e
começou a pegar os ingredientes.
— Você já está começando a falar besteiras. Deve ser a fome. Hora de
cozinhar.
Em silêncio, Vicky apenas observou enquanto ele corria de um lado
para o outro, cortando e picando, fazendo molhos e dando o melhor de si.
Vez ou outra, parava e fazia algum tipo de dancinha ridícula.
Edward parecia relaxado. Apesar dos olhos cansados, era claro que ele
estava leve e feliz.
Ela queria guardar aquele momento para sempre, queria que nada
daquilo acabasse. Queria memorizar a cena de Edward dançando sem camisa
enquanto segurava uma panela em uma das mãos e uma colher de pau na
outra. Queria guardar aquele sorriso imenso, que parecia chegar aos olhos e
iluminar todo o rosto masculino.
— Está pronto! — Ele exclamou longos minutos depois,
completamente orgulhoso, como se aquilo fosse a maior vitória do dia. —
Risoto de cubos de frango ao molho branco!
— Está cheirando bem. — Ela o ajudou a colocar a mesa.
— Sente-se, volto em um instante.
O apartamento estava inteiramente vazio. Edward contratara alguns
empregados que vinham esporadicamente para limpar os cômodos, mas,
geralmente, aquele lugar era quase sempre silencioso e solitário. A presença
de Vicky, de certa forma, parecia trazer luz ao lar.
Quando Edward voltou, trazia consigo um envelope, uma jarra de suco
e dois copos.
— Abra. — Ele entregou o envelope nas mãos dela.
— O que seria isso? — Curiosa, ela tratou de abrir e começou a ler os
papéis lentamente. — Você não...
— Sim! Comprei passagens de avião para que possamos passar alguns
dias em Paris! — Ele abriu um imenso sorriso. — Sabe falar francês?
Não, ela não sabia falar francês. Mas ao ver aquela felicidade
estampada no rosto dele, Vicky soube que seria incapaz de se negar a aceitar
o presente.
— Não, eu não sei falar francês.
— Não importa. Você estará ocupada demais beijando a minha boca.
Não irá precisar falar coisa alguma.
Vicky sorriu.
Ele era especial. Conhecê-lo melhor só provava que talvez ela não
errara ao decidir entregar-se a ele naquela primeira noite de prazer. O grande
problema era que tudo aquilo estava crescendo.
Edward estava roubando seu coração.
Capítulo 16
Com o passar dos dias, as pessoas já começavam a sussurrar acerca da
mudança de humor que Edward estava apresentando. De alguma forma,
aparentemente passara a sorrir um pouco mais e, apesar da lista interminável
de coisas que tinha para resolver diariamente, era claro que ele estava um
pouco mais leve.
Edward cancelou todo e qualquer compromisso para o fim de semana
apenas para ficar totalmente livre para Victoria. E quando o domingo chegou,
sentia-se extremamente nervoso, afinal encontraria com os pais dela
Durante muito tempo, fora ensinado a desprezar os Andrews e agora
tudo o que ele mais queria era provar-se bom o suficiente perante os olhos
deles.
Charles Reid ainda não sabia coisa alguma sobre o bebê que Victoria
estava esperando. Edward preferia esperar um pouco mais e tentar
amadurecer as ideias dentro da própria cabeça, para que assim, pudesse lidar
com o péssimo gênio que tinha seu pai.
Charles sempre fora egoísta e manipulador. Não se importava com
nada além do próprio bem-estar, e apesar de estar com a idade avançada,
seguia agindo exatamente como costumava agir na juventude. Passava muito
do seu tempo com prostitutas de luxo, bebendo, fumando e comprando tudo o
que o dinheiro era capaz de pagar. Quase nunca tinha tempo para ligar e
conferir como Edward estava. Nunca se importara de verdade.
No início, quando Edward começara a atuar diretamente nas empresas
da família, Charles costumava ligar esporadicamente para saber cada detalhe,
buscando avaliar os números e sempre interessado em conseguir cada vez
mais dinheiro. Alguns primos de Edward também trabalhavam nas empresas,
mas nenhum tinha o poder que ele tinha.
Porém, quanto mais ele ganhava experiência, menos Charles ligava. E
quando provou as próprias capacidades, as ligações se tornaram inexistentes.
Edward realmente preferia não se importar, mas era difícil. Nunca
tivera um pai presente e mesmo se esforçando tanto para agradar a família,
não era reconhecido. Nunca seria.
Por isso, não se sentia preparado para falar a verdade sobre o bebê
que Victoria estava esperando. Provavelmente, Charles seria egoísta e frio
como sempre, e não teria talento algum para se tornar um bom avô. E se
Edward fosse bem sincero, sabia que não queria que Charles tivesse contato
algum quando a criança nascesse.
Se ele não estivera presente na vida do próprio filho, como esperar
que estivesse no futuro do neto? Nada daquilo fazia sentido.
Faltando cerca de dez minutos para o horário marcado, Edward
esperou receber a autorização dos Andrews para que pudesse adentrar no
estacionamento do prédio. Tinha as mãos geladas e se sentia extremamente
nervoso.
De certa forma, aquele encontro causaria a mudança na história de
ambas as famílias, afinal, a partir dali, as brigas precisariam cessar.
Edward queria ser um bom pai. Queria, acima de tudo, resguardar e
impedir que traumas familiares marcassem a infância do seu filho. Por isso,
seria capaz de qualquer coisa para acabar, de uma vez por todas, com toda e
qualquer briga entre ambas as dinastias.
Quando, por fim, o porteiro recebeu a notificação de que a entrada
estava autorizada, ele acelerou o carro e estacionou. Não muito longe dali, as
portas de um dos elevadores se abriram e Vicky apareceu com um sorrisinho
nervoso.
Naquela tarde, ela trajava um vestido solto com tons de cinza riscado.
Calçava sapatos brancos e tinha os cabelos negros soltos. Tinha pouca
maquiagem no rosto e apesar da simplicidade, estava extremamente linda aos
olhos dele.
Ele desceu do carro e acionou o alarme. Com passadas rápidas, tratou
de caminhar na direção dela, puxando-a para um beijo claramente
apaixonado.
— Senti a sua falta. — Disse ele.
— Mas nós fomos ao cinema ontem.
— Não importa, eu senti a sua falta mesmo assim. Você chorou como
uma criancinha ao final do filme.
— Eu? — Ela soltou uma gargalhada. — Foi você quem chorou
quando o seu super-herói favorito morreu para salvar toda a equipe!
— Mentira, eu estava apenas suando pelos olhos. Não seja exagerada.
— Você soluçou de tanto chorar, Reid.
— Mentira! Céus, Victoria, você mente como uma profissional! Eu
não chorei! — Ele também riu.
— Como será que os investidores reagiriam caso soubessem que o
grande magnata da família Reid estava chorando com a morte de um super-
herói?
— Eles não irão saber, pois você certamente não irá contar. — Ele
deu de ombros. — E você também chorou. Não seja sonsa.
— Nós dois choramos.
— Tal fato me leva à conclusão de que a mulher que chora ao meu
lado com a morte de um super-herói, certamente é a mulher que merece
permanecer ao meu lado pelo resto dos meus dias. — Ele pousou a mão em
sua cintura e, juntos, caminharam na direção do elevador. — Chega desse
assunto. Eu estou nervoso. Acha que os seus pais irão me odiar?
— Basta você não ativar o seu modo Christian Grey. Tudo dará certo.
— Modo Christian Grey?
— Sim. Mandão, controlador e machista. Apenas haja como uma
pessoa normal, sem surtar nenhuma vez. Você tem se saído bem.
— Ainda preciso me acostumar com a ideia de que você ama dar
ordens tanto quanto eu. — Ele estalou a língua. — Mas não se preocupe,
estou com um ótimo humor e não pretendo dar ordens nos seus pais.
— Eu espero que não. O meu pai tem uma pistola na gaveta da mesa
do escritório e seria trágico se ele decidisse usá-la com você.
— Obrigado por avisar. — Ele abaixou a cabeça e a beijou na
bochecha.
Edward ainda estava sorrindo enquanto caminhavam quando o som de
flashes ecoaram no estacionamento. E naquele mesmo segundo, ele soube do
que se tratava.
— Paparazzi. — Afirmou, fúria crescendo dentro dele. — Você
ouviu o som dos flashes?
— Sim. — Vicky olhou ao redor, cerrando os punhos.
Os jornais não podiam vazar a notícia de que estavam juntos.
Simplesmente não podiam. Vicky sabia que Charles Reid era um homem
complicado, e que Edward ainda estava buscando a melhor maneira de lidar
com a situação.
Caso vazassem, todo o plano que tinham preparado de manter o
relacionamento em segredo seria desfeito. Parceiros empresariais fariam
perguntas e entrevistadores os perseguiriam.
A verdade era que Edward e Vicky estavam apenas se conhecendo e
tratando de criar algum tipo de vínculo para que pudessem ter certa conexão
quando a criança nascesse. Se alguém inventasse histórias acerca da relação
deles, ambos precisariam vir à público para explicar toda a situação da
melhor maneira possível. E, certamente, os dois estavam sobrecarregados de
problemas para serem obrigados a lidar com mais um.
— Merda! — Exclamou Edward. Enquanto seus olhos percorriam o
ambiente, avistou o fotógrafo que corria por entre os carros.
Sem pensar duas vezes, ele correu atrás. Seu corpo era forte e ele
estava em forma, mas mesmo assim, não conseguiu alcançá-lo. O fotógrafo
saiu do estacionamento e dobrou uma esquina.
— Amanhã todos irão saber que estamos juntos. — Comentou Vicky
com ar de impaciência ao se aproximar, passando uma das mãos nas costas
de Edward para tentar acalmá-lo.
— Inclusive o meu pai.
— Sinto muito. — Ela o segurou pela mão. — Mas ficará tudo bem.
Assim como você me prometeu que iria me ajudar a lidar com a gravidez, eu
irei ajudar você a lidar com a mídia.
— Você é uma boa mulher, Vicky. — Edward estava levemente
ofegante após ter corrido de forma tão abrupta.
— Sou apenas uma mulher que reconhece boas atitudes. — Ela sorriu.
— O que acha de subirmos? Os meus pais estão esperando.
— Sim, acho que devemos subir de uma vez. Começo a acreditar que
preciso enfrentar um problema por dia.
— Exatamente. Enfrentamos um problema por dia. Juntos.
Caminhando de mãos dadas, Edward e Vicky percorreram o
estacionamento e entraram no elevador. Era como se um completasse o outro.
Ainda que não se conhecessem tão bem, parecia óbvio que havia certa
conexão. Além disso, passaram a confiar um no outro.
Ele estava nervoso e agora também estressado. Seria apenas uma
questão de horas para que todos soubessem de toda a verdade. Os malditos
paparazzi não perdiam tempo e certamente venderiam as fotos para as
revistas e jornais mais baixos da área.
Odiando polêmicas, ele sempre buscava evitar qualquer tipo de
atividade que pudesse ser considerada escandalosa. Mas agora, ser flagrado
com a inimiga da própria família, sem dúvidas, traria muito burburinho nos
próximos dias.
Mas, no momento, era necessário pensar no presente. Conheceria os
pais de Vicky e tentaria lidar com eles. Era essencial que passasse uma boa
imagem, afinal, de alguma fora, passaria a ser parte da família.
O elevador parou e as portas de abriram. Vicky olhou na direção dele
e sorriu.
— Vamos?
— Sim, vamos. Os meus sogros estão esperando por mim.
Capítulo 17
Mercedes estava sentada no sofá da sala de estar ao lado de Logan.
Na televisão, passava a reprise de uma série antiga. Apesar de nenhum dos
dois se prestar ao papel de admitir, era óbvio que ambos estavam ansiosos e
nervosos com o fato de que logo conheceriam Edward Reid.
Era estranho saber que um Reid, entre todas as pessoas do mundo
inteiro, fora capaz de seduzir Vicky. Logo ela, que sempre fora reconhecida
por seu controle e certa aversão aos relacionamentos. Desde que souberam da
notícia, estavam tentando se adaptar à ideia, mas era difícil.
Naquele dia em particular, dariam mais um passo para que pudessem
aceitar, de uma vez por todas, que Edward Reid estaria sempre por perto dali
em diante.
— Chegamos. — Disse Vicky com um sorriso amarelo, sem saber
muito o que fazer. — Este é Edward Reid. Edward, estes são os meus pais,
Mercedes e Logan Andrews.
Edward primeiro coçou a cabeça em claro sinal de insegurança e em
seguida deu dois passos, tratando de cumprimentá-los.
— É um prazer conhecê-los, senhor e senhora Andrews.
— Saberemos se é um prazer quando conhecermos você melhor. —
Logan lançou um olhar avaliador.
— Espero não decepcionar.
Mercedes, inicialmente, apenas balançava a cabeça, claramente
pensativa. Parecia avaliar cada atitude de Edward. E não foram necessários
mais do que poucos segundos para que ela concluísse que as atitudes dele
eram sinceras.
Apesar de também estar nervoso, parecia óbvio que Edward queria
fazer a coisa certa. Seu sorriso aparentava ser sincero, e a forma com que ele
olhava para Vicky era encantadora.
— Pedi para que preparassem pratos da culinária italiana para o
jantar. Espero que seja do seu agrado. — Mercedes sorriu e após
cumprimentá-lo, uniu as duas mãos, um pouco tensa.
— Costumo gostar da comida italiana. Na verdade, sempre volto um
pouquinho acima do peso após realizar viagens de negócios na Itália. — Ele
sorriu e deu de ombros. — Ninguém é capaz de resistir à uma bela
macarronada.
— Você tem total razão. — Logan sorriu, ainda avaliativo.
Todos se sentaram nos sofás da sala de visitas. Edward ficou ao lado
de Vicky, e Logan tomou lugar próximo a Mercedes.
Vicky, que ficara em silêncio apenas observando a conversa entre os
três, decidiu falar pela primeira vez.
— Um paparazzi conseguiu se infiltrar entre os carros do
estacionamento e tirou uma foto minha com Edward. — Ela não pretendia
falar sobre aquilo naquele momento, mas não conseguiu resistir. — Nós não
conseguimos pegá-lo.
— Havia um paparazzi no estacionamento? Ou seja, já não podemos
viver em paz. Esses vermes sempre encontram uma forma de se infiltrar. —
Logan comentou, claramente raivoso. — Vocês, os dois, estarão nos sites de
fofoca antes mesmo do dia acabar.
— Não sei até que ponto isso poderia afetar os negócios das duas
famílias. — Avaliou Edward.
— Ou talvez, todo o burburinho possa ser algo favorável. —
Mercedes tocou o tecido do vestido, sempre muito pacífica e pensativa. —
De certa forma, vocês dois são a representação de ambas as dinastias. Saber
que estão juntos fará com que os investidores reflitam. Muitos irão especular
sobre possíveis parcerias. Detalhes assim aquecem o mercado. A família Reid
é reconhecida mundialmente pela tecnologia de ponta. Os Andrews são
reconhecidos pela inovação e pela qualidade. Unir as duas dinastias não
mancharia os nossos nomes. Pelo contrário, fortaleceria.
Logan olhou para a esposa em admiração e sorriu.
— Mercedes está totalmente correta. E não, admitir isso não é fácil
para mim. Passei a minha vida inteira ouvindo do meu pai, e do pai do meu
pai, que vocês, os Reids, são detestáveis. E todos sabemos que alguns que
detém esse sobrenome, de fato, não são tão agradáveis, mas suponho que nem
todos sejam assim. E espero que você, Edward Reid, não seja assim. —
Logan relanceou o olhar na direção de Vicky. — Confio nas escolhas da
minha filha.
Até então, Edward nunca tinha pensado na possibilidade de que ser
visto com Vicky podia representar, na verdade, um aquecimento nas ações da
dinastia Reid. E ali, enquanto conversavam, tudo parecia muito claro.
— Talvez devêssemos realizar uma coletiva de imprensa para
esclarecer as coisas. — Sugeriu Vicky ao olhar para Edward. — Esperamos
que os jornais liberem a notícia, fato que irá acontecer entre hoje e amanhã, e
em seguida realizamos a coletiva. Não teríamos tempo de anunciar nada hoje.
— Me parece uma boa ideia. — Edward sorriu. — Estou um pouco
surpreso. Não era exatamente esse o tratamento que eu estava esperando.
— Você está ao lado da nossa filha, Edward. — Sempre que
Mercedes falava, era como se uma rajada de paz enchesse o coração de
Edward. Era como se, de alguma forma, pudesse sentia que aquela mulher era
repleta de luz. E que amava, verdadeiramente, Vicky. — Nós não poderíamos
tratar você como um inimigo. Não mais. Você será o pai do nosso neto e isso
é o que mais importa agora.
Edward ficou em silêncio por alguns segundos, escolhendo as
próprias palavras.
— Eu gostaria de interromper, de uma vez por todas, as brigas entre
as nossas famílias. — A voz de Edward soou firme, cheia de certezas. — Eu
sei que o meu pai não aceitará muito bem, mas, como eu sou o detentor atual
de maior parte das ações da família Reid, não há nada que o meu pai possa
fazer acerca das decisões que eu possa chegar a tomar no futuro.
Logan assentiu, concordando com o pensamento de Edward.
—Nós não criamos a nossa filha para ser uma princesa indefesa.
Victoria é uma mulher que cresceu sabendo que é incrível. Mas mesmo
assim, cuide dela, Edward. — Victoria fez menção de falar alguma coisa, mas
Logan levantou o dedo, fazendo-a voltar a fechar a boca. — Todos nós
merecemos alguém que se importe verdadeiramente com quem somos, com
os nossos medos, com as nossas alegrias. Quero que você cuide da nossa
filha. Isso não quer dizer que ela é frágil. Nada em Victoria reflete
fragilidade. No entanto, quero que você cuide dela porque é exatamente isso
o que devemos fazer quando amamos alguém.
Vicky sentiu algo em seu estômago se retorcer enquanto ouvia as
palavras do próprio pai.
Isso é o que devemos fazer quando amamos alguém.
Edward não a amava. Nunca amaria. Ele deixara claro que era incapaz
de acreditar em tal sentimento. Por isso, por mais que sonhasse em ter um
relacionamento tão belo quanto o dos próprios pais, sabia que aquilo não
seria possível, afinal Edward tinha as próprias amarras. E Vicky sabia que
nunca seria capaz de desfazê-las. Alguns traumas, pensou ela, eram para a
vida inteira.
— Farei o meu melhor, senhor Andrews. — Edward assentiu.
— E você, Victoria, também cuide de Edward. Todos nós sabemos
que você pode ser muito cabeça dura quando quer. — Mercedes apontou na
direção da filha. — Não tenha medo de sentir. Apenas sinta.
Edward olhou fixamente na direção de Vicky, percebendo que ela
estava um pouco envergonhada com as palavras da mãe.
Sim, de fato, Victoria podia ser cabeça dura e adorava desafiá-lo.
Mas, ao mesmo tempo, era incrível poder crescer ao lado dela, redescobrindo
cada detalhe daquela mulher que era tão grandiosa.
— Chega desse assunto. — Vicky se levantou do sofá. — Eu tenho
certeza de que o jantar já está pronto.
— Sim, está. — Mercedes afirmou e se levantou ao lado de Logan.
Todos se encaminharam para a sala de jantar. Aos poucos, as
conversas começaram a fluir de forma mais leve e Edward se sentiu
confortável.
Não era difícil estar na presença daquela família. Todos pareciam
respeitar uns aos outros, e havia a sensação de paz e harmonia que ele nunca
sentira na própria família.
— A comida está deliciosa. — Comentou ele enquanto todos
saboreavam os pratos italianos.
— Ficamos felizes que tenha gostado. — Respondeu Mercedes. De
falo, ela havia gostado de Edward. Ele parecia ser um homem extremamente
educado, com o tipo de elegância que vinha de berço. Os assuntos que
escolhia para as conversas à mesa eram interessantes e convincentes.
No entanto, interrompendo o jantar, o celular pessoal de Edward
tocou. Apenas algumas pessoas tinham o número daquele aparelho. As
secretárias, por exemplo, estavam autorizadas a ligar somente em situações
de emergência.
Por isso, quando o celular tocou e ele tirou do bolso para desligar,
assustou-se ao ver o identificador de chamadas. Era exatamente uma das suas
secretárias.
— Desculpem-me, mas temo que eu realmente irei precisar atender.
— Ele estalou a língua, claramente irritado. — Esse aparelho recebe apenas
ligações de emergência, então não posso ignorar. Eu sinto muito.
Logan assentiu.
— Não há problema, garoto. Sinta-se em casa.
Edward se levantou e, antes de sair da sala de estar, relanceou o olhar,
pedindo desculpas silenciosas para Vicky.
Caminhando por um dos corredores do apartamento, ele atendeu a
chamada.
— Espero que realmente seja importante. — Disse ele com voz
ameaçadora.
— Desculpe interromper, senhor Reid. — A voz da secretária soou
um pouco nervosa e insegura. — Acabamos de receber a informação de que o
seu pai, o senhor Charles Reid, sofreu um AVC enquanto dirigia e chocou o
carro contra um ônibus. Ele foi encaminhando para o hospital geral. Não
recebi nenhuma informação acerca do estado atual. Eu sinto muito, senhor
Reid.
Primeiro, Edward ficou totalmente em silêncio, em completo choque.
Seu coração acelerou e de repente, sentiu-se frágil.
— Por favor, me passe o endereço do hospital por mensagem. Irei até
lá agora mesmo.
— Sim, senhor.
Quando a chamada foi encerrada, Edward se encostou na parede e
respirou profundamente.
A vida era um grande desastre.
Capítulo 18
Edward ficou cerca de cinco minutos completamente parado,
apoiando-se na parede enquanto pensava sobre o que precisava ser feito.
Apesar de não ter uma relação agradável com Charles, saber que ele sofrera
um acidente era, sem dúvidas, uma notícia chocante.
Quando por fim recuperou a própria atitude, Edward tratou de
explicar toda a situação para os Andrews e partiu. Vicky se ofereceu para
acompanhá-lo até o hospital geral, mas ele recusou gentilmente a oferta.
Sabia que ser visto com Vicky naquele momento não era uma boa
ideia. Primeiro, as notícias explodiriam e em seguida seria necessário que
fizessem uma coletiva de imprensa para que assim pudessem explicar a
relação que tinham. Nenhum dos dois queria deixar os investidores confusos,
portanto, qualquer aparição pública, no momento, era restrita. Precisavam
agir com cuidado, afinal ambos eram grandes nomes no mundo dos negócios
e qualquer atitude poderia representar uma grande polêmica.
Enquanto dirigia o mais rápido que podia rumo ao hospital, Edward
pensou em como os Andrews foram agradáveis ao recebê-lo. Mesmo com as
disputas que já existiam há décadas, eles tentaram fazê-lo sentir-se
confortável, quase como se fosse um membro da família. E aquilo era um
fato estranho, afinal Edward nunca se sentira parte de alguma coisa.
Durante todos aqueles anos desde que sua mãe morrera, tivera que
aprender a lidar com as próprias dores sozinho. Por muito tempo, aprendera
que o amor era uma perda de tempo, e que só podia ser aceitável no mundo
da ficção. Na vida real, sentimentos precisavam ser banidos. Apenas os
negócios importavam. Quanto mais longe estivesse da capacidade de sentir,
menos corria riscos de sofrer. Sua mãe fora o maior exemplo de que o amor
era algo inadequado.
Por outro lado, ele começava a ficar um pouco assustado com a forma
com que pensava sobre Vicky. Tinha a mais plena certeza de que não estava,
— ou talvez simplesmente não quisesse admitir a verdade —, apaixonado por
ela, mas, quando se viu reunido com os Andrews, percebeu mais uma vez que
queria ter a possibilidade de formar uma família. De poder cuidar do seu filho
ao lado de uma mulher tão admirável quanto Vicky.
Depois de tanto tempo acreditando que o melhor a se fazer era
guardar o próprio coração e fingir que sentimentos não existiam, era muito
difícil se pegar naquela situação. Simplesmente não conseguia saber, com
segurança, qual era a melhor opção. Devia seguir em frente e permitir que
todos aqueles sentimentos crescessem? Ele não sabia.
Assim que chegou ao hospital, Edward tratou de colocar todas aquelas
inseguranças sentimentais em algum lugar escondido. Precisava se preocupar
com Charles. Mesmo que não tivessem uma boa relação, Edward ainda se
sentia no dever de cuidar daquele homem, afinal ele nunca deixaria de ser seu
pai. E sempre teriam o mesmo sangue.
Edward entrou com passadas rápidas no prédio e foi direcionado para
o setor indicado pela recepcionista. Após percorrer alguns corredores,
encontrou com a médica Helen Tenney.
Ela era uma mulher negra e de olhos castanhos. Tinha cerca de
quarenta e cinco anos, e tinha um sorriso simpático. Edward se aproximou
para cumprimentá-la.
— Sou Edward Reid, filho do senhor Charles Reid. — A médica
assentiu de forma calma. — Como está o meu pai?
— Eu sou Helen Tenney, profissional responsável pelo paciente. O
que acha de sentarmos? — Ela apontou na direção das cadeiras metálicas.
Sentaram-se um ao lado do outro. — Tentarei explicar cada detalhe da forma
mais clara, mas se tiver alguma dúvida, sinta-se confortável para me
perguntar, tudo bem?
— Sim, doutora. — Edward estava nervoso e inteiramente
impaciente.
— Charles Reid sofreu um AVC hemorrágico. Ou seja, ocorreu o
rompimento de um vaso cerebral, resultando em uma hemorragia no interior
do tecido cerebral. Quando ele chegou ao hospital, agimos para fazer o
tratamento de emergência e, em seguida, seguimos com a tentativa de
prevenir o paciente contra a possibilidade de outro AVC. Algo assim poderia
ser fatal, mas, com sorte, o senhor Reid está estabilizado. No entanto,
realizamos alguns testes e chegamos à conclusão de que ele está com o lado
esquerdo do corpo paralisado, detalhe que aponta que a área afetada do
cérebro foi a do lado direito. — Helen fez uma pequena pausa, esperando que
Edward compreendesse e absorvesse cada informação.
— E como ele está agora?
— O paciente já se encontra no quarto, sendo monitorado com
frequência moderada. Percebemos que ele apresentou, também, alterações
comportamentais.
— O que você quer dizer com alterações comportamentais?
— Quero dizer que o senhor Reid está apresentando explosões de
raiva em alguns momentos, e em outros apatia. Devo dizer que todos estes
fatores são esperados e comuns. Apesar disso, ele está lúcido e não apresenta
nenhum tipo de alucinação. Sabe o que quer e se comunica sem grande
dificuldade, dado o caso. — Helen, que estava segurando uma ficha com os
detalhes de Charles, leu por alguns segundos. — Ele teve sorte. O ônibus não
estava em alta velocidade. O acidente, que ocorreu logo após o paciente
perder o controle do carro, resultou na fratura da pena direita. Mas, dada a
seriedade do acidente, diria que definitivamente Charles Reid teve muita
sorte.
Edward ficou pensativo. Simplesmente não conseguia compreender
como as coisas podiam mudar tão rapidamente. Em um segundo, estivera
almoçando com a família Andrews, e no outro, encontrava-se em um hospital
recebendo a notícia de que seu pai estava com uma perna fraturada,
alterações explosivas de humor e parte do corpo paralisado. O destino sem
dúvidas era irônico e maldoso, concluiu ele.
— Posso vê-lo?
— Sim, mas apenas por alguns poucos minutos. Ele está cansado e
ainda um pouco grogue. O efeito dos sedativos passará por completo apenas
em algumas horas. Me acompanhe, por favor.
A voz da doutora Tenney passava muita segurança. Apesar da calma e
da confiança, explicava cada detalhe com clareza e certa distância.
— Você tem dez minutos. — Disse ela, e em seguida se afastou.
Edward entrou no quarto e sentou-se na poltrona ao lado da cama.
Estava com as mãos suadas e um pouco nervoso.
A televisão estava ligada em um canal de notícias. O volume não se
encontrava demasiado alto, apenas o suficiente para preencher o ambiente
com som. Apesar de sonolento, Charles parecia atento ao noticiário.
— Como se sente? — Perguntou Edward sem saber muito bem o que
perguntar.
Nunca haviam sido próximos, então era praticamente impossível
saber lidar com um homem que era praticamente estranho.
— Como você acha que eu estou me sentindo? — Charles respondeu
apenas longos segundos depois. Era difícil compreendê-lo, sua voz era quase
como um murmúrio fraco.
— Fiquei assustado. Vim ver o senhor assim que pude.
Charles sequer desviou o olhar da televisão.
— A sua presença aqui não vai ajudar em nada. — Charles sempre
fora extremamente grosso e maldoso com Edward.
Edward abriu a boca para tentar responder alguma coisa, mas logo
fechou outra vez. Não sabia o que podia dizer. E de repente, se sentiu o
garotinho amedrontado, que apenas observava a própria mãe se perder entre
os próprios sentimentos enquanto Charles se divertia com outras mulheres.
— O senhor ficará bem, eu tenho certeza.
Ainda sem desviar o olhar da televisão, Charles apenas ignorou. Os
minutos se passaram e o silêncio parecia quase ensurdecedor aos ouvidos de
Edward.
— Aumente o volume. Está baixo. — Ordenou Charles.
Como um garotinho assustado, Edward apenas obedeceu.
E foi naquele exato momento que a jornalista começou a falar sobre
Edward Reid e Victoria Andrews. Inúmeras fotos dos dois no estacionamento
estavam sendo exibidas na tela da televisão enquanto a notícia era dada.
Em choque, Edward apenas apertou o botão do controle da televisão
para desligá-la. Suas mãos estavam trêmulas.
— Que diabos... — Charles desviou o olhar. — Ligue outra vez.
— Não acho que seja uma boa ideia, meu pai.
— Eu estou mandando você ligar.
Trêmulo, Edward ficou imóvel. Não podia obedecer. Sabia que se
continuasse ouvindo a notícia, Charles provavelmente teria algum tipo de
complicação.
— É verdade? — Perguntou com um olhar de nojo. — Você está se
relacionando com aquela putinha?
— Não fale dessa forma grosseira acerca dela e...
Charles levantou a mão que ainda se movimentava e lançou um tapa
no rosto de Edward. O ato não teve força física, mas foi o suficiente para
fazer com que lágrimas brilhassem nos olhos de Edward.
Sempre fora assim. Ele era um homem forte, que ditava regras e tinha
total certeza de que sempre seria obedecido. Mas quando o assunto era acerca
de Charles, Edward voltava a ser a criança amedrontada que encontrara a mãe
morta.
— Eu nunca amei você, Edward. — Charles quebrou o silêncio. —
Você sempre foi a minha maior decepção. Eu poderia dizer que estou
surpreso, mas não estou. E me arrependo de ter colocado as empresas da
família nas suas mãos. Você sujou o seu nome, traiu o nosso sobrenome.
Quero que saia daqui e nunca mais me chame de pai.
— Não acho que o senhor esteja sendo justo. — A voz de Edward
estava embargada.
— Você nunca passou de um mimado, Edward. Eu preferia que
Violet tivesse abortado. Você é uma vergonha para toda a família. Sempre
foi. — Charles fez uma pausa e fez uma careta, como se estivesse sentindo
algum tipo de dor. — Violet errou em não ter abortado você. Matado você. E
quero que você não esqueça que eu nunca, em nenhum momento da minha
vida, fui capaz de amar quem você é. Eu tenho nojo do que você representa,
Edward. Agora saia daqui.
Edward ficou congelado por alguns segundos e lágrimas solitárias
escaparam, escorrendo por suas bochechas. Em silêncio, se levantou da
poltrona e olhou na direção de Charles uma última vez.
— Talvez eu tenha esperado a vida toda para ouvir da sua boca que o
senhor me ama. — Edward engoliu em seco. — Suponho que seguirei
esperando.
— Você é patético. Como eu poderia amar um homem como você?
Um homem que chora como se fosse uma menininha que perdeu a boneca.
Pelos céus, saia desse quarto, você me enoja. — Charles começou a tossir.
— Espero que o senhor melhore logo. — Edward deu as costas e saiu
do quarto.
Ele preferiu já não falar com a doutora. Apenas se encaminhou para o
estacionamento e decidiu que o melhor era voltar para o próprio apartamento.
Dirigiu em silêncio enquanto a dor o dilacerava.
Não muito tempo depois, no quarto em que Charles estava, um alarme
começou a soar e enfermeiras correram pelos corredores.
Capítulo 19
Charles Reid morreu durante a madrugada, pouco antes do
amanhecer. Segundo os laudos médicos, ele teve mais um AVC seguido de
uma parada cardíaca. Tentaram reverter o caso, mas infelizmente nenhum
esforço foi suficiente para fazê-lo resistir. Edward foi contatado logo em
seguida, e após isso, sua vida pareceu se transformar em um turbilhão de
conflitos.
Apesar de aquela ser uma notícia triste, Edward não sentia que estava
perdendo um pai. Era como se um estranho estivesse partindo para nunca
mais voltar. E de certa forma, Charles representava a parte mais sombria da
vida dele.
A morte de Violet fora apenas o ponto mais alto entre todas as dores,
mas antes disso, haviam incontáveis traumas que também tiveram o poder de
fixar garras na formação de Edward.
Os aniversários em que Charles não estivera presente, as palavras
duras, os inúmeros momentos em que ele tratara de demonstrar o desprezo
que passara a sentir por Violet na época, as explosões de raiva que
resultavam em pratos quebrados. Cada detalhe ainda precisava de certo
tempo para cicatrizar. Edward não sabia quando seria capaz de seguir em
frente, quando seria capaz de acreditar no poder de uma família bem
estruturada. Mas sabia que não desejava guardar todas aquelas mágoas para
sempre. Por isso, pretendia respeitar as próprias dores e tentar cicatrizá-las,
construindo novas memórias e enterrando as antigas.
Agora, tudo o que importava era que pudesse ser capaz de dar o
melhor ao filho que Vicky estava esperando. Por mais que tivesse os próprios
medos, não permitiria que nada o impedisse de ser um bom pai.
Sem dúvidas, amaria o próprio filho e nunca se esqueceria de deixar
aquele fato claro. Apesar de não ter tido um bom exemplo com Charles, sabia
que a vida o ensinaria. Afinal Edward queria, mais do que qualquer outra
coisa, aprender a ser um pai maravilhoso. Um pai que ele nunca teve a
oportunidade de ter ao seu lado.
Quando o dia começou, Edward tratou de resolver cada detalhe.
Primeiro, o corpo de Charles foi encaminhando ao serviço funerário. A
cerimônia ficou marcada para dali dois dias. Apenas alguns investidores e
familiares estariam presentes, e a homenagem seria simples, sem grande
burburinho.
As empresas Reid publicaram um comunicado oficial através do The
New York Times, como forma de respeito ao patriarca da família Reid. No
trabalho, todos os funcionários vestiam roupas negras para representar o luto.
Edward sabia que nenhum dos funcionários estava, de fato, de luto.
Charles fora um homem desagradável que costumava usufruir do poder para
se sentir superior a qualquer pessoa. Eram muitos os casos de humilhação
através dos anos, e as pessoas só trajavam luto porque, mais do que tudo,
respeitavam Edward, que sempre fora muito diferente do próprio pai.
Os paparazzi e meios midiáticos eram irritantes e inconvenientes.
Muitos chegavam a dizer que a morte de Charles fora causada pelo desgosto
ao descobrir que Vicky era a nova amante do herdeiro do império Reid. Era
difícil se locomover sem que algum fotógrafo tratasse de fazer algum tipo de
foto em momentos totalmente desnecessários. Por isso, após concluir a lista
de coisas que tinha para aquele dia em questão, Edward voltou para casa e
ficou sentado no sofá da sala de estar, sozinho.
Enquanto pensava, chegava à conclusão de que nunca seria bom o
suficiente para manter alguém por perto. Charles estava certo. Como alguém
poderia ser capaz de amá-lo?
De repente, a solidão pareceu ser a sua melhor companhia. E aquilo
doeu, como se todos aqueles anos tratando de demonstrar força e poder
começassem a cobrar seu preço.
Edward se encolheu contra as almofadas e antes mesmo que pudesse
perceber, lágrimas se avolumaram em seus olhos. Um bolo havia se formado
em sua garganta.
Como eu poderia amar um homem como você?
A voz de Charles ainda ecoava em seus ouvidos.
Lutara durante a vida inteira para provar ao mundo que era bom o
suficiente. Para provar que poderia, sim, ser um orgulho. E, ironicamente, as
últimas palavras de Charles foram exatamente as que ele temera ouvir desde
criança.
Interrompendo seus pensamentos, a campainha tocou, fato estranho,
afinal qualquer visita era anunciada.
Sem camisa e vestindo apenas uma calça de moletom, ele caminhou
descalço pelo apartamento e abriu a porta. Trajando um vestido negro
simples, Vicky estava parada e com um semblante sério.
— Eu não queria incomodar você. — Disse ela após engolir em seco.
— Mas eu não poderia deixar você enfrentar tudo isso sozinho.
Edward olhou fixamente na direção de Vicky e percebeu cada detalhe.
O semblante preocupado, o anseio de ser aceita naquele instante apenas para
não deixá-lo sozinho.
— Tudo bem. Entre. — Respondeu Edward.
Ela deu algumas passadas, os saltos estalando no piso, e em seguida
parou, segurando-o pela mão.
— Prometemos que enfrentaríamos as dificuldades juntos. — Ela
disse com uma voz doce. Repleta de compreensão. Ali, não havia cobrança,
apenas compreensão. — E eu estou aqui para você, Edward. Eu sempre
estarei.
Sem esperar que ele respondesse, ela o puxou para um abraço que fez
com que as pernas dele tremessem e seu coração perdesse o compasso.
Ninguém nunca o havia abraçado daquela maneira. Ninguém nunca,
de fato, estivera para ele.
E naquele momento, Edward soube que amava Victoria. Soube que a
sua vida era muito mais feliz ao lado dela.
Perceber-se capaz de sentir tantas coisas fez com que tudo dentro dele
se embaralhasse. Não sabia, simplesmente não sabia, como lidar com tudo
aquilo. E por não saber, preferiu engolir os próprios sentimentos e
permanecer em silêncio.
— Você já jantou? — Perguntou ela quando o abraço terminou.
— Não. Na verdade, não tenho fome.
Ela estalou a língua.
— Certo, vou preparar o seu jantar. — Tirou os saltos e os recostou
contra a parede. Totalmente confortável no ambiente, partiu na direção da
cozinha.
— Você sabe que não precisa estar aqui, não sabe?
Vicky parou de caminhar e se virou na direção dele.
— Sim, eu preciso estar aqui porque é exatamente aqui onde quero
estar. Ao seu lado. — Ela sorriu levemente. — Não sei a sua história,
Edward. Não sei quais foram e como foram as pessoas que passaram por sua
vida, mas você precisa entender que pode contar comigo. E sim, eu vou fazer
um jantar para você agora mesmo.
Ele sorriu e balançou a cabeça em sinal positivo.
— Está bem, como você desejar, senhorita. — Falou em um tom
brincalhão para quebrar o clima triste.
— Enquanto eu preparo a sua comida, quero que você se sente
naquele banquinho — Começou ela quando chegaram na cozinha. — E me
conte exatamente tudo o que você está sentindo, Edward Reid.
Capítulo 20
Vicky sabia que o semblante abatido de Edward representava muito
mais do que a morte de Charles. Por isso, sentia que ele precisava conversar
para que pudesse desabafar de alguma maneira.
Para ela, ainda era confusa a forma com que Edward ganhava cada
vez mais espaço em sua vida. Sem que sequer pudesse controlar, se
perguntava se ele estava se alimentando de forma saudável, ou se conseguia
dormir a quantidade adequada de horas por noite. De uma hora para outra, até
mesmo a quantidade de litros de água que ele bebia por dia começava a se
tornar importante também.
Quando ele dissera que mostraria que seria capaz de provar o seu
ponto de vista, garantindo que era possível estar em um casamento sem amor,
Vicky achara a ideia patética e tivera a total certeza de que nunca seria capaz
de se aproximar de um homem que não acreditava no amor de uma forma tão
definitiva.
A verdade era que Vicky queria ter uma família, queria estar ao lado
de um homem que pudesse apoiá-la e fazê-la sentir-se amada. Pois por mais
que lutasse contra os diversos estigmas que surgiam diariamente, era muito
importante ter alguém ao seu lado que a fizesse acreditar que era capaz de
seguir em frente. O amor era um sentimento bonito demais para ser ignorado.
E Vicky se recusava a seguir uma vida sem ter a possibilidade de sonhar com
um final feliz.
— Vicky — Disse Edward enquanto ela reunia alguns ingredientes
para fazer uma salada com pedaços de frango defumado. — Eu realmente não
consigo compreender o motivo pelo qual você está aqui. Não precisa se
preocupar comigo. Eu sei que você tem um milhão de outras coisas para
fazer.
Ela parou de separar as folhas de alface e limpou as mãos no pano de
prato.
— Você não está acostumado a ter alguém que se importa de verdade,
não é? — A pergunta soou extremamente direta aos ouvidos dele e serviram
quase que como facas que se fincaram em seu coração.
— Não, não estou acostumado. — Ele admitiu de forma
envergonhada. — Aprendi desde muito cedo que não devo esperar muito de
ninguém. Nem mesmo da própria família. Nascemos sozinhos e morreremos
sozinhos, Vicky.
Vicky balançou a cabeça em negativa.
— Posso não ser a mulher mais sábia do mundo, mas sei que as coisas
não funcionam assim. Não estamos sozinhos. — Ela voltou a preparar a
salada, mas sem nunca deixar de falar. — Talvez seja necessário apenas olhar
um pouco mais ao redor. Talvez as pessoas estejam focando muito nas
próprias individualidades e se esquecendo de que não estão sozinhas.
— Eu nunca gostei de ser sozinho. — No instante em que as palavras
saíram da boca de Edward, Vicky soube o quanto era doloroso para ele
assumir aquilo. — Eu nunca gostei de acordar todos os dias pela manhã
desejando receber a ligação de um pai amoroso que nunca existiu. Nunca
gostei de sonhar que um dia, meu pai e eu, poderíamos ter sido bons amigos,
que poderíamos ter criado um laço que poderia durar a vida inteira.
Sentimentos machucam, Vicky. Infelizmente. Não podemos dominar os
sentimentos alheios. Não podemos fazer com que alguém nos ame. E se de
alguma forma temos a sorte de ser amados por alguém, tampouco podemos
saber quando essa pessoa simplesmente irá se cansar e partir.
Vicky sentiu uma fisgada no peito e um bolo se formou em sua
garganta. Os olhos brilharam com as lágrimas.
Não podemos fazer com que alguém nos ame.
Ele havia prometido que nunca seria capaz de estar em um
relacionamento por amor. Havia prometido que cuidaria do bebê, mas que
não seria capaz de prometer sentimentos destinados à ela.
E agora, Vicky compreendia que Edward simplesmente não podia dar
o que nunca recebera. Ele tinha medo, e tinha razões para temer. Crescera
sendo subjugado por um pai egoísta que nunca sequer foi capaz de
demonstrar afeto.
Em silêncio por longos segundos, ela terminou de preparar a salada e
em seguida saiu da cozinha, deixando os pratos na sala de refeições. Como
estava de luto, Edward decidira ficar sozinho, por isso, nenhum empregado
estava trabalhando naquele dia.
Quando Vicky retornou, sentou-se ao lado dele e respirou
profundamente.
— Nós não podemos controlar os sentimentos. Nós nunca poderemos
prever o que outro está sentindo, ou como irá reagir aos nossos sentimentos.
— Ela entrelaçou os dedos aos dele e sorriu. — Mas não devemos deixar de
sentir apenas porque não temos o controle de tudo. Viver sem se permitir
amar é como passar pelos dias de uma forma cinza, Edward.
— Eu não consigo imaginar a vida em outras cores.
— Apenas se permita.
— O meu pai me disse, pouco antes de morrer, que nunca seria capaz
de amar alguém como eu. E tudo o que eu esperei dele, em toda a vida, foi
que algum dia ele pudesse dizer que sentia alguma coisa positiva por mim. —
Edward deu de ombros. — Devo estar soando como uma criança idiota, mas
as palavras dele machucaram.
— Eu posso imaginar. Mas o amor não é algo que a gente precise
pedir. — Ela olhou fixamente na direção dele. — O amor deve ser leve, deve
vir sem que existam ordens, e deve permanecer para se renovar todos os dias.
E se Charles não foi capaz de amar o próprio filho, então certamente não
havia amor nenhum dentro dele.
— Você sempre sabe exatamente o que falar, não é?
— Talvez nem sempre, mas eu tento. — Ela engoliu em seco e ficou
pensativa. — Sempre foi você...
— O que quer dizer?
— Muitos anos antes, quando vi você pela primeira vez, soube que eu
precisava conhecer o homem misterioso que representava a família inimiga.
De alguma forma, eu me sentia culpada por desejar alguém que era
totalmente inadequado para mim, e quanto mais eu ignorava os meus desejos,
mais eles cresciam. Então, encontrei com você naquele evento e tudo, tudo
dentro de mim estremeceu. Nada na minha vida até então foi tão intenso.
Edward, você conseguiu me tocar antes mesmo de pousar as mãos em meu
corpo. E isso me assusta. Saber que alguém tem o poder de me fazer sentir
tantas coisas me assusta.
Edward ouviu tudo em silêncio por algum tempo, e em seguida sorriu.
Aquele foi o primeiro sorriso que ele abria desde que ela chegara.
— Somos perfeitos juntos, não somos? — Ele pousou a mão na
barriga de Vicky. — E logo seremos três. Eu prometo que tentarei, de todas
as formas, não ser como o meu pai foi. Prometo sempre estar ao seu lado,
mesmo quando você já não me queira ter por perto.
— O que faz você acreditar que em algum momento eu vou deixar de
querer ter você por perto?
— As pessoas sempre vão embora, você não seria diferente.
— Eu prometo ficar. — Lágrimas escapuliram pelos olhos dela e ele
levantou a mão livre para secá-las.
E por mais que nenhum dos dois soubesse o que o destino podia
preparar, Edward sentiu que ela falava a verdade. Sentiu que de alguma
maneira, ela sempre estaria ao lado dele. E nunca permitiria que ele se
sentisse sozinho outra vez.
Sem dizer palavra, ele a pegou nos braços e caminhou na direção do
quarto. Enquanto caminhava, tratou de sussurrar.
— Ter você ao meu lado é como ter a chance de sonhar que a vida
pode ser boa o suficiente. — Ao chegarem no quarto, ele a pousou na cama e
lentamente a despiu.
Admirou o corpo tão esbelto, as tatuagens que cobriam a pele em
alguns lugares. E teve cada vez mais certeza de que estava apaixonado por
aquela mulher.
Não sabia exatamente o que o ato de amar podia significar, mas sabia
que se sentia feliz ao se perceber preenchido por um sentimento tão
avassalador.
Ele abaixou a cabeça e a beijou com intensidade, como se clamasse
por cura. E em resposta, Vicky simplesmente correspondeu, entregando tudo
o que tinha. Entregando tudo o que era capaz de entregar.
Quando ele a penetrou, Vicky gritou sem nome, clamando por mais.
Se perdeu entre as sensações enquanto ele a beijava, descobrindo e tomando,
sorvendo cada gota do prazer que ela liberava.
Era quase como se juntos pudessem gerar fogo o suficiente para
incendiar uma cidade inteira. Mesmo que o mundo parecesse tão grande,
mesmo que tudo parecesse correr tão velozmente, ambos sabiam que podiam
se encontrar enquanto se perdiam um nos braços do outro.
— Eu... — Ele pausou, sem fôlego. Eu amo você. A frase ficou presa
em sua garganta e logo desapareceu. Sabia que não podia revelar aquilo.
Sabia que se o fizesse, certamente Vicky fugiria, afinal sentimentos podiam
ser perigosos.
— Sim? — Ela incentivou. Seu coração estava acelerado e as
bochechas pareciam mais coradas do que o normal.
— Eu estou muito grato em ter você aqui, ao meu lado. — Edward
abaixou a cabeça e voltou a beijá-la, pois não queria que aquele momento se
quebrasse.
E, assim como todas as vezes em que se permitiam redescobrir os
próprios prazeres, Vicky sentiu como se estivesse subindo cada vez mais alto,
indo de encontro a alguma coisa, e em seguida explodiu em um orgasmo
avassalador, voltando a gritar o nome dele. Suas unhas perpassaram a pele
suada enquanto ela lutava para recuperar o próprio fôlego.
Sentindo-a tão entregue, ele a penetrou mais algumas vezes em
movimentos rápidos e em seguida gozou de forma farta, sons guturais
escapando insistentemente.
Ele deitou ao lado dela e Vicky sorriu.
— Estou faminta. — Sussurrou.
— E eu estou exausto.
Ela se levantou e voltou a vestir a própria lingerie.
— Vou trazer a salada. Podemos comer, tomar uma ducha rápida e
em seguida dormir.
Ele assentiu em silêncio. E enquanto Vicky caminhava para fora do
quarto, Edward agradeceu aos céus pela possibilidade de ter alguém como ela
ao seu lado. E esperava que ela nunca voltasse a deixá-lo sozinho outra vez.
Capítulo 21
O mundo empresarial estava em polvorosa. Muitos especulavam
acerca do futuro das empresas Reid. No entanto, era óbvio que Edward
seguiria controlando o patrimônio da família, afinal era ele quem detinha a
maior parte das ações entre os acionistas.
Sabendo da necessidade de esclarecer os mais diversos assuntos, a
coletiva de imprensa foi organizada o mais rápido possível e apenas os
melhores e mais confiáveis jornalistas receberam a autorização de participar,
mas mesmo assim, alguns não tão bons conseguiram se infiltrar.
O velório de Charles aconteceu pouco após a sua morte. Foi uma
cerimônia rápida e simples. Ele nunca soube manter amizades e afetos, por
isso, para muitos, saber que ele não estaria mais presente era um alívio. Os
poucos que estiveram presentes durante o velório, eram empresários e
investidores que simplesmente não podiam faltar, pois não queriam correr o
risco de perder possíveis parcerias. Alguns poucos membros da família Reid
também estiveram presentes, mas ninguém parecia verdadeiramente triste
com a partida de Charles.
Quando o dia da coletiva de imprensa chegou, Edward e Vicky
combinaram de seguir em carros separados, como uma forma de respeitar as
duas famílias até que tudo fosse esclarecido.
Os jornalistas estavam ávidos, e no segundo em que os dois
chegaram, uma centena de flashes pipocou ao mesmo tempo. Vicky, mais do
que qualquer outra pessoa, odiava todos aqueles jornalistas.
Sabia muito bem que não era aconselhável confiar em pessoas que
ganhavam a vida tentando encontrar polêmicas e notícias trágicas o suficiente
para prender a atenção do público. Ela fora uma vítima, pagando pela história
falsa do vídeo íntimo. Atualmente, apesar de estar recuperada do trauma,
ainda se sentia extremamente desconfortável na presença de jornalistas.
— Boa tarde, senhoras e senhores. — Disse um dos assessores,
esperando calmamente até que os jornalistas se acomodassem e fizessem
silêncio. — Ambos os convidados terão total direito de não responder
possíveis perguntas com teor audacioso ou pejorativo.
Após isso, muitas perguntas foram feitas. Algumas mais
desconfortáveis do que outras. No entanto, entre um questionamento e outro,
algo pegou Edward de surpresa.
— Existem boatos de que o senhor Charles Reid morreu de desgosto
ao saber que o único filho traiu a família ao se relacionar com uma Andrews.
O que o senhor tem a dizer sobre isso? — O jornalista tinha um tom
presunçoso e desafiador, como se esperasse que Edward fosse fugir da
pergunta.
Por um bom tempo, Edward permaneceu em silêncio. As palavras
haviam sido maldosas e extremamente injustas. Ele podia simplesmente
ignorar a pergunta e seguir em frente, mas algo dentro dele borbulhou em
uma mistura de raiva e tristeza.
— Por muitos anos, as famílias Reid e Andrews foram inimigas.
Hoje, eu venho, publicamente, dizer que manter este tipo de guerra não é
financeiramente saudável para nenhum de nós. A morte do meu pai foi
causada por um AVC seguido de um acidente automobilístico. A sua
pergunta é totalmente fora de contexto e só mostra que o seu interesse não é o
de fazer jornalismo. Na verdade, o seu interesse é o de criar fofocas e ainda
mais tensão. Por isso, pode se retirar.
Dois seguranças imensos convidaram o jornalista a sair da coletiva de
imprensa. Sem esperar muito, outra pergunta surgiu, mas dessa vez
direcionada à Vicky.
— Senhorita Andrews, pretende colocar as empresas Andrews nas
mãos do senhor Reid? — O jornalista leu algumas anotações. — Todos
sabemos que as mulheres preferem fazer outras coisas menos complicadas,
enquanto os maridos trabalham duro. Não acha que essa é a sua oportunidade
de sair do mercado e dar lugar para um homem trabalhar de verdade? Talvez
cuidar da casa seja muito mais prático.
Vicky ficou literalmente boquiaberta com a pergunta.
— As mulheres não preferem fazer coisas menos complicadas. Na
verdade, a sociedade em que vivemos é que nos faz acreditar que as coisas
que nós, mulheres, realizamos são mais fáceis e, por isso, todos pensam que
merecemos ter os nossos esforços menos valorizados. — Enquanto Vicky
falava, os flashes não paravam de pipocar. Centenas de fotos eram tiradas. —
O trabalho de uma dona de casa é importante. É complicado. A mulher que
cuida dos filhos enfrenta um milhão de desafios diariamente. A mulher que
passa o dia buscando a melhor educação para as crianças, que limpa a casa e
lava as roupas, e que ainda é obrigada a estar linda e sorridente para um
marido mal-humorado ao final do dia enfrenta desafios e nenhum deles deve
ser desmerecido. Eu não sou dona de casa porque prefiro ser uma empresária.
O meu trabalho não me faz superior ao trabalho de mulher alguma. Todas
merecem respeito e merecem ter as suas realizações reconhecidas.
No momento em que Vicky terminou de responder, as jornalistas que
estavam presentes aplaudiram. No entanto, o jornalista, ainda não contente
com a resposta, decidiu seguir com a discussão.
— Então suponho que a senhorita seria uma esposa imperfeita, se um
dia chegar a se casar com o senhor Reid.
— Suponho que ele não esteja buscando perfeição. — Ela fez uma
pausa. — E antes que vocês criem ainda mais especulações, devo dizer que
não, não temos nenhum plano de nos casar. Seguirei controlando as empresas
da minha família e homem nenhum mudará isso.
Não temos planos de nos casar, as palavras dela fizeram Edward
refletir em silêncio.
A coletiva de imprensa pareceu durar uma eternidade, mas quando
acabou, ambos se sentiram aliviados. Naquele mesmo dia, vários sites
publicaram acerca do discurso de Vicky e até mesmo algumas revistas
voltadas para o público feminino entraram em contato com a assessoria da
família Andrews para tentar possíveis entrevistas.
Antes de encerrarem a noite, decidiram jantar em um restaurante de
comida asiática. Fizeram os pedidos rapidamente e sentaram em uma das
mesas mais reservadas.
— Acho que fizemos um bom trabalho hoje. — Comentou Vicky,
pensativa. — Suponho que acabamos com todas as especulações e
respondemos da melhor maneira possível tudo o que os jornalistas queriam
saber.
— Sim. Eles nunca estão satisfeitos, mas acho que será o suficiente. —
Ele olhou por uma das janelas do restaurante e observou enquanto as pessoas
caminhavam de um lado para o outro. Nova York nunca parava. Nem mesmo
quando tudo parecera estar tão complicado na vida dele. Se ele não seguisse
em frente, a vida o atropelaria, sem dúvidas. — Gostei de saber que você será
a minha esposa imperfeita.
— Ah, sim? Eu nunca disse que seria a sua esposa. — Ela abriu um
leve sorriso. — E até pouco tempo atrás, você era um machista egocêntrico.
— Estou mudando aos poucos, acho. Tenho pesquisado um pouco
sobre o seu ponto de vista. De fato, as mulheres merecem mais espaço.
— Quanto mais eu conheço você, mais a minha admiração cresce.
— Posso dizer o mesmo. — Edward pensou por alguns instantes. —
Sei que as coisas estiveram um pouco complicadas nos últimos dias, mas
acho que agora podemos viajar juntos. Paris ainda nos espera.
— Acho que é uma boa ideia. Ajudará você a relaxar um pouco.
— Então você não desistiu? O convite ainda está aceito?
Ela balançou a cabeça em um sinal positivo e sorriu.
— Ninguém seria capaz de negar um convite de ir à Paris, Edward. —
Ela lançou uma piscadela na direção dele. — Estou pronta para tirar fotos na
Torre Eiffel.
— Ótimo. Eu serei o seu fotógrafo.
Edward voltou a sorrir e Vicky percebeu que ele estava muito menos
tenso do que nos últimos dias. Aos poucos, as coisas certamente se
acertariam.
Precisavam apenas ter calma.
Capítulo 22
Com o passar dos dias, a mídia aos poucos começou a abordar menos
o assunto acerca da morte de Charles Reid. Não demorou muito para que
Edward pudesse, por fim, ter um pouco mais de paz e privacidade enquanto
se locomovia entre uma reunião e outra na tentativa de manter todas as
empresas da família, nas mais diversas áreas, em ordem.
Naquela semana, ele teve que viajar à Houston para negociar a
implantação de uma nova marca industrial na região. Permaneceu no Texas
por cinco dias e em seguida retornou para Nova York. Às vezes, a vida
parecia ser quase como tentar fazer malabarismo com várias bolas. A grande
diferença era que nenhuma dessas bolas podia cair. Por isso, dormia pouco,
sempre analisando resultados, buscando novos investimentos e reavaliando
parcerias.
Victoria, por sua vez, tampouco teve dias calmos. Cinco dias após
passar a noite com Edward, precisou viajar para o Japão com o intuito de
participar de um evento empresarial voltado majoritariamente para mulheres.
Fora convidada com honrarias para falar sobre o poder feminino no mercado
de trabalho, e também acerca do crescimento em porcentagem de
profissionais nos diversos setores empresariais.
Apesar de ambos estarem extremamente ocupados, sempre
encontravam tempo entre uma reunião e outra para trocar mensagens. E
Vicky sentiu uma saudade imensa de Edward enquanto esteve fora do país.
Apenas duas semanas após a morte de Charles que Edward e Vicky,
por fim, conseguiram limpar as agendas para que pudessem viajar à Paris.
Edward teve que remarcar as passagens e as reservas até que os dias
estivessem adequados.
Estavam muito animados quando chegaram, na segunda-feira, ao
Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Seria a oportunidade que estavam
precisando para que pudessem descansar e conhecer um pouco mais da
França.
O voo partiu às vinte e duas horas, horário local de Nova York, e
aterrissou em Paris, no Aeroporto Charles de Gaulle, período da manhã,
horário local de Paris. Foram quase oito horas de viagem. Edward
simplesmente adormecera e sequer despertara para fazer a refeição oferecida
pela companhia aérea. Por outro lado, Vicky demorou algum tempo até que
pudesse relaxar, por isso, pediu que lhe servissem suco de morango enquanto
lia um e-book em seu aparelho de leitura digital.
Quando recolheram as bagagens e foram liberados pela alfândega, um
motorista, contratado pela agência de viagens que Edward escolhera,
esperava segurando uma plaquinha com as duas mãos.
Gustave D’avis era um jovem com traços árabes. Tinha um sorriso
imenso e era extremamente simpático. Ajudou a colocar as malas no carro
com muita agilidade, e tinha um inglês perfeito.
A reserva havia sido feita em um hotel localizado no coração de Paris,
em uma região próxima à Torre Eiffel. Caminhando, dava para chegar
rapidamente ao Arco do Triunfo, passear pelo Museu do Louvre e se encantar
com a Catedral de Notre Dame. E levando em consideração que ambos
estavam muito animados para explorar a cidade, era possível conhecer, em
um único dia, o Teatro La Cigale e a Basílica de Sacre-Coeur.
Enquanto Gustave dirigia pelas ruas de Paris, adentraram na avenida
Champs Elysee, e Vicky ficou encantada com todas as lojas. Apesar de não
ser consumista, era praticamente impossível não ficar tentada a comprar
algumas coisas.
— Temos que voltar aqui depois. — Disse Edward enquanto também
olhava pela janela. — Quero comprar perfumes.
— Eu tinha certeza de que você era um viciado em comprar
perfumes! — Vicky exclamou com um sorriso. — Eu vi uma coleção imensa
de frascos no seu closet.
— Sempre guardo os frascos bonitos. — Ele deu de ombros.
— Não se esqueça de dar uma rosa para a senhorita quando estiverem
na Torre Eiffel, monsieur. — Disse Gustave enquanto dirigia. — Uma dama
sempre fica encantada com uma rosa.
— Sem dúvidas. — Respondeu Vicky. — Edward é um romântico,
mas prefere fingir que não é.
Gustave sorriu.
— Quando um homem tenta fingir que não é romântico para uma
mulher, então significa que ele já está apaixonado. Apenas não percebeu o
fato ainda. — Após falar isso, Gustave ficou em silêncio até o momento em
que chegaram ao hotel.
Apesar dos planos de começarem a desbravar Paris naquele mesmo
dia, Vicky se sentia um pouco indisposta após a larga viagem de avião.
Mesmo não sendo tão frequentes, os enjoos da gravidez ainda aconteciam.
— Podemos começar a conhecer a cidade amanhã. — Disse Edward
quando entraram no suíte imensa.
— Eu não queria estragar o nosso primeiro dia, mas me sinto um
pouco enjoada e inchada. Realmente preciso dormir. — Ela deitou na cama e
soltou um longo suspiro.
Com um sorriso, ele sentou e tirou os sapatos dela. Carinhosamente,
começou a fazer massagem.
— Você está me mimando demais. — Comentou ela ao fechar os
olhos e se permitir relaxar. Sempre se sentia desconfortável após viagens
aéreas, mas com a gravidez, os impactos pareciam um pouco piores.
— Acostume-se. Não pretendo parar de cuidar de você. Agora durma
e descanse.
Vicky adormeceu pouco tempo depois. Enquanto isso, Edward apenas
a admirou, e nunca deixava de repetir para si mesmo que aquela, sem
dúvidas, era a mulher da sua vida.
Capítulo 23
Edward permaneceu sentado, apenas admirando Victoria enquanto ela
dormia. Incontáveis pensamentos giravam em sua mente, fazendo-o
relembrar daquela primeira noite, quando se conheceram e conversaram pela
primeira vez.
Ele pensara que teria apenas algumas horas agradáveis de prazer.
Mas, o tempo mostrara que aquela mulher, tão bela e com uma aparência tão
elegantemente selvagem, representava tudo o que ele sonhara até então, antes
mesmo de perceber o que sonhar podia significar.
Seria pai, repetiu para si mesmo como sempre fazia. Nunca imaginara
que tal realidade pudesse fazê-lo se sentir tão... feliz. E amava a mulher que
seria a mãe do seu filho.
Por mais que tentasse negar, era impossível não perceber até mesmo
em seu olhar. Ele a amava. Simplesmente já não conseguia imaginar os
próprios dias sem ter a possibilidade de admirá-la, vê-la dormir e ouvir o som
doce daquela voz tão macia.
Sentindo o coração apertar em ansiedade, Edward se levantou e
colocou os sapatos. Quando saiu do quarto, ligou para Gustave e pediu para
que viesse buscá-lo o quanto antes.
Edward nunca fora um homem dado às dúvidas. Uma vez que tomava
uma decisão, seguia em frente. Tomava atitudes. Portanto, naquele instante,
sabia exatamente o que desejava fazer e não mudaria de ideia. Sabia que
investir nos próprios sentimentos aparentemente era a única chance para que
pudesse começar de novo. Para que pudesse viver uma vida que em nada
lembrasse a de seu pai.
Ele era diferente. Queria ser diferente. Afastar os sentimentos faria
apenas com que seguisse os passos de Charles, e aquilo era exatamente o que
ele não queria. Com um sorriso nos lábios, caminhou pelos corredores do
hotel rumo à recepção.
Gustave chegou em pouco menos de vinte minutos.
— Aconteceu alguma coisa, monsieur? — Perguntou Gustave dando
a partida no carro quando Edward se acomodou no banco de passageiro. —
Parece ansioso e um pouco nervoso.
— Tomei uma grande decisão, garoto.
— Espero que tenha sido uma boa decisão para um bom momento.
Para onde devo levá-lo?
— Leve-me para uma boa joalheria.
Gustave compreendeu sem que Edward precisasse falar sobre o
assunto. Compreendeu que aquele homem estava apaixonado e que logo
pediria a mulher amada em casamento. Mas para isso, era necessário um anel.
E ele certamente sabia onde encontrar boas lojas.
Seguiu na direção da Rue de la Paix e estacionou algum tempo
depois. A loja, Chevalier, era reconhecida pela beleza das peças. Cada uma
delas representava exclusividade e luxo, sem nunca exagerar no design.
Apenas magnatas e herdeiros multimilionários tinham a possibilidade de
adquirir uma joia daquele lugar.
— Poderia esperar?
— Claro, monsieur. Tome o tempo que precisar.
Edward saiu do carro e abriu a porta de vidro para entrar na loja. O
local era climatizado e tinha um cheiro doce e leve de flores silvestres. O
ambiente era imenso e tinha uma decoração clássica. Era possível contar ao
menos cinco lustres de cristal com detalhes perolados. O teto tinha detalhes
em ouro. Nas paredes, cobertas muitas vezes com prata e alguns diamantes
minúsculos, haviam pinturas antigas e originais.
A loja era um epítome de tudo o que dinheiro podia comprar. Fora
aberta em 1834 por uma família da alta sociedade francesa que tinha grande
conhecimento acerca da diversidade das pedras preciosas. Durante vários
eventos desastrosos, a loja lutou para permanecer intacta e quase foi fechada
durante a Segunda Guerra Mundial. As diversas crises e eventos políticos
serviram apenas para tornar o nome da loja ainda mais reconhecida por sua
firmeza e sofisticação através das décadas.
— Bonjour, monsieur. Em que posso ajudar? — A atendente era alta
e tinha os cabelos loiros. Seus olhos azuis eram intensos. E apesar da
opulência de seu uniforme, a jovem parecia ser realmente simpática. Seu
inglês era bom o suficiente, mas não perfeito. O sotaque francês parecia
muito forte aos ouvidos de Edward.
— Busco um anel de noivado. Pretendo pedir a mão da minha... —
Ele não sabia muito bem o que tinha com Vicky, mas podia afirmar que
estavam juntos. — Da minha namorada.
— Super. — A atendente sorriu. Edward percebeu, ao abaixar o olhar
para a plaquinha presa ao uniforme, que ela se chamava Charlotte. — Por
favor, acompanhe-me. Tenho algumas peças que certamente são
encantadoras. Aceitaria champanhe? Ou chá?
— Talvez um café, se tiverem.
— Claro.
Assim, durante os sessenta minutos seguintes, Edward analisou cada
peça apresentada de forma muito atenta. Algumas joias pareciam
espalhafatosas demais, outras simples demais. Mas quando ele estava prestes
a desistir de encontrar algo bom o suficiente, Charlotte surgiu com uma das
peças mais belas, que tinha uma série de diamantes minúsculos que davam ao
anel uma aparência adequada que certamente combinaria com o estilo de
Victoria.
— Irei levar esta. — Disse ele com um sorriso imenso.
E, claro, o sorriso de Charlotte foi maior ainda. A peça era avaliada
em cerca de noventa e sete mil euros. Edward pagou à vista, e saiu da
Chevalier se sentindo muito orgulhoso de si mesmo.
Ao voltar para o carro, Gustave ouvia algum tipo de rap francês em
volume máximo, mas assim que Edward entrou, o rádio foi desligado.
— E então, monsieur? Encontrou o que estava buscando para auxiliá-
lo na sua decisão?
— Sim, sem dúvidas. — Edward sorriu e admirou as ruas de Paris
enquanto o carro se locomovia velozmente. Quando chegou ao hotel, deu
uma gorjeta generosa para Gustave e em seguida pediu para que a equipe de
segurança do hotel guardasse a joia em um cofre forte, para que assim, Vicky
não encontrasse a surpresa antes da hora certa.
Apesar de haver demorado um bom tempo entre a ida até a loja e a
escolha do anel perfeito, Edward voltou para o quarto antes que Vicky
acordasse. Ela parecia relaxada e confortável.
Sentindo-se um pouco cansado, tomou uma ducha rápida e deitou ao
lado dela. Levemente, pousou um dos braços ao redor do corpo feminino e
sorriu.
Ele não tinha nenhuma certeza acerca do amor. Mas sabia que amá-la
era bom e certo. Por isso, queria seguir amando aquela mulher pelo resto dos
seus dias, e pedi-la em casamento era apenas o primeiro passo rumo ao
futuro.
A grande diferença era que agora, Edward queria fazer as coisas do
jeito certo. Vicky não merecia um relacionamento sem sentimentos.
E ele estava disposto a dar para ela todo o amor que existia dentro
dele.

Apesar dos planos de aproveitarem o primeiro dia em Paris, decidiram


que o melhor era realizar atividades menos cansativas, afinal Vicky estava
grávida e ainda precisava se adaptar com a diferença entre os fusos horários.
Quando o fim de tarde chegou, Edward comprou ingressos para que
pudessem assistir à um espetáculo musical que fora recomendado pela
recepção do hotel.
Ela trajava um vestido longo e negro. No tecido do ombro direito,
haviam pequenos diamantes brilhantes. O cabelo estava preso em um
penteado que ficava entre a elegância e a informalidade. As tatuagens não
estavam expostas, pois Vicky trazia consigo um casaco em tons de cinza com
cortes modernos. Os saltos altos brilhavam e tudo naquela mulher parecia
remeter à uma sofisticação sublime.
Como esperado, Edward vestia um black-tie típico para os eventos
noturnos. Juntos, pareciam perfeitos e aparentavam harmonia.
Levando em consideração que Edward gostara dos serviços de
Gustave, decidiram chamá-lo mais uma vez. O carro se locomoveu
rapidamente e estacionou no Théathre du Chatelet.
Paris era cheia de vida até mesmo durante o fim de tarde e o início da
noite. Jovens andavam agrupados, conversando animadamente, e alguns
casais caminhavam de mãos dadas, claramente apaixonados com a cidade e o
país.
As horas seguintes foram encantadoras, e Vicky literalmente chorou
entre uma cena e outra. Os atores passavam uma emoção singular e apesar
dos espectadores estrangeiros utilizarem aparelhos de tradução simultânea,
era possível perceber e sentir toda a emoção que a história passava.
Quando saíram do espetáculo horas mais tarde, se encaminharam para
um delicioso jantar no restaurante La Dame. Geralmente, não era fácil
conseguir fazer uma reserva com pouco tempo de antecedência, mas tanto
Edward quanto Vicky eram pessoas influentes, e o gerente fez questão de
providenciar uma mesa para aquela mesma noite.
O ambiente era agradável e tinha uma decoração clássica do século
18. A música ambiente era calma, e o cheiro delicioso de comida inundava o
ar. Nas janelas panorâmicas, era possível ter a visão monumental da Torre
Eiffel.
Sem dúvidas, aqueles eram os dias mais encantadores de Edward em
um bom tempo.
Após terminarem a refeição e a sobremesa, Vicky olhou diretamente
nos olhos de Edward e viu algo que até então nunca tinha reparado. Ele
parecia feliz, leve. Como se todo o peso que costumava carregar já não
estivesse em suas costas.
— O que está olhando? — Ele sorriu levemente e desviou o olhar,
meio envergonhado. — Pare de me olhar assim, como se estivesse lendo a
minha alma.
— Você está diferente. — Vicky apontou na direção dele. — Não sei
o que mudou, mas algo mudou.
— Ah, sim? — Edward ficou ainda mais sem jeito. — Estou
exatamente da mesma forma como você me conheceu.
Ela balançou a cabeça em sinal negativo e estalou a língua.
— Não. Eu mudei desde que conheci você. Você mudou desde que
me conheceu. — Ela passou a unha do indicador no tecido da mesa,
pensativa. — Ninguém sai ileso de ninguém. E eu não tenho dúvidas de que
você está diferente.
Eu estou diferente porque agora aceito o que sinto por você. Aceito
que passei a amar cada detalhe seu, e sinto que continuarei amando cada vez
mais, a cada dia.
As palavras se formaram dentro da cabeça dele, mas Edward preferiu
engoli-las. Ainda não se sentia seguro o suficiente, preparado o suficiente.
— Você me faz bem, Vicky. — Foi tudo o que ele disse.
— Quando nos conhecemos naquela noite, você me machucou — Ela
falava com o olhar distante, como se estivesse revivendo o momento. — Me
machucou porque eu sonhei em conhecer você, refleti durante muito tempo,
me perguntei como seria. E no instante em que você falou comigo, foi como
se uma onda de decepção me inundasse. Eu me senti estúpida. Me perguntei
como eu pude ter sentido tamanho desejo por um homem que me desprezava
como mulher. Que me enxergava como uma prostituta.
Edward ficou em completo choque e empertigou a coluna, surpreso
por ouvi-la falar todas aquelas coisas. Permaneceu em silêncio, permitindo
que ela terminasse.
— Mas mesmo assim, eu segui em frente. Senti que eu precisava te
ensinar algumas coisas, nem que fosse por apenas uma noite. E eu queria
apagar você dos meus pensamentos, suprir os meus desejos e te esquecer para
sempre. Mas eu engravidei. Quem poderia imaginar? — Ela sorriu quando
lágrimas escorreram pelas bochechas. — Depois disso, eu percebi, Edward.
Percebi que você tinha e tem medo de sentir, afinal todas as experiências que
você teve sempre levaram à dor. Eu compreendi. E te admirei quando tudo
mudou e você passou a se entregar, a tirar as armaduras. E me permitiu
conhecer o Edward que ninguém conhece. Obrigada. Você também me faz
bem.
Ele sorriu e sentiu uma onda de alegria, fazendo com que cada medo
se esvaísse e restasse apenas a certeza de que aquela era a mulher certa.
Sempre seria.
— Me desculpe por ter sido um idiota no início, por não compreender
que só somos capazes de conhecer alguém quando nos permitimos olhar de
verdade. E agora eu posso ver, posso enxergar que você é a mulher que eu
preciso ao meu lado.
Preciso. O uso do verbo levou um arrepio às costas de Vicky. Ele não
estava sendo arrogante, não deu ordens. Apenas estava admitindo que
precisava dela.
E quanto mais refletia, mais Vicky sabia que também precisava dele.
— Acho que somos um bonito casal. — Ela comentou quando ele
pagou a conta e se levantaram para sair.
— Acha? Eu tenho certeza. As pessoas sempre observam. — Ele deu
um braço para que ela pudesse entrelaçar o dela. — Me daria a honra de
passar a noite comigo?
— Só uma noite?
— Não, quantas forem possíveis.
Ela fingiu que estava pensando sobre o assunto.
— Tudo bem. Sou toda sua.
Saíram do restaurante e a noite estava um pouco fria. Ele parou por
apenas alguns segundos e sussurrou:
— E eu sou todo seu.
Ela assentiu em silêncio e juntos entraram no carro de Gustave.
Enquanto voltavam para o hotel, Vicky teve a mais completa certeza de que
ele estava sendo sincero.
Edward era todo dela.
Capítulo 24
No segundo em que entraram no quarto de hotel, tudo aconteceu
muito rápido. Edward retirou o vestido negro que ela vestia, deixando-a
completamente desnuda em apenas poucos segundos.
E por alguns instantes, precisou parar para admirar a beleza da mulher
que amava.
— Obrigada pela noite maravilhosa. — Ela tinha um olhar sublime,
de quem estava exatamente onde queria estar.
— A noite está apenas começando. — Respondeu ele. Lentamente,
abaixou a cabeça e a beijou na barriga. — Apenas começando...
Ela o puxou e os lábios se uniram. Era maravilhoso poder beijá-lo,
senti-lo. Era maravilhoso poder perceber que o homem que ela desejara por
tanto tempo, agora estava entregue.
Ele tirou alguns fios de cabelos do rosto dela e em seguida voltou a
sorrir. Edward estava com a barba feita e tinha um ar de elegância, de quem
amava dar ordens e sabia exatamente que todos estavam dispostos a segui-la.
Vicky não sabia exatamente quando começara a sentir tudo o que
sentia por ele, mas sabia que nunca deixara de se sentir atraída. Mesmo antes
de conhecê-lo, quando ainda sequer haviam conversado, ela sabia que sentira
alguma coisa. Que ele detinha certo poder no que pulsava dentro dela.
E mesmo que não existisse nenhuma explicação, talvez estar ali, nos
braços daquele homem, era exatamente o que ela precisava para o seu futuro.
Mesmo que o futuro parecesse tão incerto, e que os sentimentos parecessem
estar cada vez mais descontrolados.
— Existe algo que eu gostaria de falar. — Edward se sentou na cama,
completamente nu.
As luzes de Paris entravam através das janelas do quarto de hotel. Ele
parecia quase como um deus noturno, feito para seduzir e controlar. Tinha
um olhar esperançoso, relaxado, mas, ao mesmo tempo, em uma mistura
contraditória, parecia nervoso também.
— Pode falar. — O coração dela pareceu parar por alguns segundos.
Talvez, naquele momento ele fosse dizer, de uma vez por todas, que casar
com ela não era uma boa ideia. Que ela estava certa, e que o melhor era que
seguissem caminhos separados, afinal ele sempre deixara bem claro que não
era capaz de lidar com os sentimentos.
A grande ironia de tudo aquilo, era que Vicky já não se enxergava
sem Edward. No início, estar ao lado dele seria apenas uma diversão, um
passatempo. Mas agora, tudo havia mudado. Tudo dentro dela já não era a
mesma coisa.
— No início, eu disse que nunca seria capaz de sentir. — Ele abaixou
o olhar e Vicky sentiu como se um bolo se formasse em sua garganta. Estava
sofrendo por antecipação. Tinha quase a mais completa certeza de que
Edward afirmaria que estava se sentindo pressionado, e que após a viagem,
precisariam voltar para a realidade. — Sentir é complicado, exige
entendimentos que muitas vezes parecem muito difíceis na minha cabeça.
— Ninguém nasce com um manual de instruções, infelizmente. — Os
olhos de Vicky brilharam com lágrimas e, de uma hora para outra, ela sentiu
a vontade de se proteger. Por isso, juntou as pernas e abraçou os joelhos,
meio que se distanciando dele. Buscando segurança em si mesma.
Não queria ter o coração quebrado por Edward. Sabia que ele tinha
total poder para fazê-lo, caso quisesse.
— Mas eu tenho aprendido muitas coisas, Vicky. — Ele engoliu em
seco e levantou o olhar. — Eu aprendi a amar você. E desde que descobri que
amar não é tão doloroso quanto eu sempre imaginei, sinto como se a minha
vida já não fosse a mesma. Como se eu já não fosse o mesmo. Eu amo você,
Victoria Andrews.
Ela ficou congelada, completamente surpresa. Entre todas as coisas
que ele poderia revelar, aquela era a mais surpreendente. Ele a amava. Sem
dúvidas, aquelas eram as palavras que ela mais esperara ouvir.
E agora, ao ouvi-lo falar, sentia como se o seu coração fosse explodir,
tamanha era a sua alegria. Sim, ele a amava.
— Você me ama? — O coração dela estava acelerado. E apesar de ser
uma mulher completamente segura de si mesma, sentiu-se lívida, incapaz de
qualquer coisa.
— Sim. Eu amo você. — Ele levantou a mão, tocando-a na bochecha
e secando as lágrimas que escaparam pelos olhos brilhantes sem que ela
sequer percebesse. — E eu percebi que amar não significa sofrer, não
significa ter medo. Amar significa proteger. Sinto como se eu tivesse
caminhado uma vida inteira sozinho para que agora, nesse momento, eu
pudesse ter a chance de encontrar alguém como você. Agora eu entendo,
Vicky. Agora eu entendo o motivo pelo qual eu não tenha dado certo com
ninguém mais. Você era a pessoa certa para mim.
Ele estava completamente trêmulo. Nunca, de nenhuma maneira,
abrira o coração de forma tão intensa. De repente, se sentiu exposto e
inseguro. E percebeu que amar também representava retirar armaduras e abrir
portas, permitir que a pessoa amada entrasse.
Vicky ficou calada e ele continuou a falar.
— Acho que o meu coração é como uma casa muito bagunçada, mas
eu gostaria de convidar você a entrar. — Ele passou a mão por entre os
cabelos dela. — Gostaria de convidar você a morar aqui dentro e a me ajudar.
— Ele pousou a outra mão livre no peito. — Preciso arrumar toda essa
bagunça. Acho até que já comecei.
Edward sabia que não era perfeito, sabia que ainda tinha muito o que
aprender. Mas estava disposto a acertar. E Vicky sabia que não havia nada
mais belo do que a vontade de crescer, de se construir e se descontruir em
nome de um sentimento. Em nome do amor.
— Edward... — Incapaz de falar, ela se aproximou e o abraçou. Não
se importou que estavam desnudos, não teve vergonha. Nos braços dele,
podia ser exatamente quem era, sem julgamentos. — Eu tive muito medo do
que você iria dizer. Tive medo de nunca ser amada por você...
Ela se aproximou. Muito perto. Era possível sentir a respiração
acelerada, o hálito quente.
— Eu amo você, Edward. E eu sinto que amar você é exatamente a
coisa certa a se fazer. — Ela sorriu e tocou-lhe no rosto, encantada. Perdida.
— Temos muito o que aprender. Ainda iremos percorrer um longo caminho,
mas sei que podemos fazer isso juntos. Podemos fazer dar certo.
— Teremos uma família feliz? — Ele a puxou para ainda mais perto.
— Sim, teremos uma família feliz. — Ela sorriu.
Sem dizer mais nada, Edward a beijou. E aquele, sem dúvidas, foi o
melhor beijo de toda a sua vida. Pois aquela mulher que estava em seus
braços, era exatamente quem ele queria cuidar e proteger, quem ele gostaria
de ver todas as manhãs ao acordar.
— Eu amo você. — Sussurrou ela ao repousar entre os lençóis.
— E eu amo você. — Respondeu ele.
Ao ouvi-lo falar, ela acreditou. Sentiu que aquele era o seu eterno
conto de fadas.
Capítulo 25
Edward tinha a imensa capacidade de fazê-la se entregar por
completo. Por isso, quando ele voltou a repetir, de forma sussurrada, que a
amava, Vicky estremeceu mais uma vez. Logo, os lábios se encontraram, as
línguas dançaram de forma erótica.
Ela sentia calor. Sentia como se todo o seu corpo fosse capaz de
entrar em uma estranha erupção de alegria e desejo, prazer e anseio. As mãos
dele percorreram pela barriga, trazendo um arrepio. Amava senti-lo, amava a
forma com que seus hormônios pareciam borbulhar com cada toque e
detalhe.
— Eu gosto quando você faz essa cara. — Ele abaixou a cabeça e a
mordiscou no pescoço, saboreando a pele, sorvendo o suor feminino.
Naquela noite, Vicky não queria deter nenhum poder, por isso, apenas
permitiu que Edward tomasse o controle. Permitiu que ele a colocasse de
quatro e gritou quando a língua rodopiou em sua vagina molhada.
— Eu quero que você grite mais alto. Quero que você perca o
controle por completo. — Ele abriu os lábios vaginais com as duas mãos e
passou a língua profundamente. Vicky era deliciosa, pensou ele. E nunca se
cansaria de sentir aquele sabor tomando-lhe os sentidos, deixando-o
completamente inebriado.
Ela estava com os olhos fechados, um pouco trêmula e frágil pelo
prazer, quando Edward a penetrou em uma estocada firme. E dessa vez, o
grito gutural ecoou pelo quarto. Ele a possuiu intensamente, sem dar espaço
para dúvidas ou inseguranças. Cada vez que os movimentos aumentavam de
velocidade, Vicky tinha a mais completa certeza de que precisava sentir mais.
Precisava ir cada vez mais alto.
Como se adivinhasse os pensamentos dela, Edward a mudou de
posição, fazendo-a deitar na cama de frente para ele. Sem quebrar a conexão
de olhares, voltou a penetrá-la, estimulando o prazer com os dedos.
Vicky nunca se sentira tão perdida, nunca esteve tão entregue nos
braços de alguém. Ao mesmo tempo em que aquilo a assustou, também foi
capaz de trazer um sentimento de total pertencimento.
Por mais que a mídia insistisse em criar polêmicas e por mais que
muitos desconfiassem do seu talento profissional, ela sabia que Edward
estaria ali para apoiá-la. Para fazê-la levantar uma vez mais quando fosse
necessário.
Saber que Edward se importava, saber que ele a amava, era um fato
grandioso. Algo que ela nunca esqueceria.
Acho que o meu coração é como uma casa muito bagunçada, mas eu
gostaria de convidar você a entrar.
Enquanto ele a possuía, as palavras ainda ecoavam em sua mente e
lágrimas voltariam a surgir em seus olhos. Um turbilhão de emoções parecia
dominá-la. Sua respiração estava ofegante e era como se estivessem em uma
bolha, onde só havia espaço para duas pessoas. Eles.
— Você está chorando... — Surgiu uma expressão de preocupação no
rosto de Edward. — Fiz algo errado?
— Não. — Ela o puxou, abraçando-o. — Apenas continue, Edward.
Eu amo você.
Vicky sentia a necessidade de repetir quantas vezes pudesse, pois
amá-lo já não representava ser um segredo, mas uma dádiva. Amá-lo já não
representava o medo do desprezo, mas a certeza de que uma história estava
sendo escrita.
Estar cônscia de que agora os seus sentimentos estavam livres fez
com que ainda mais lágrimas se avolumassem em seus olhos. Gratidão. Havia
gratidão em seu peito e muita alegria em sua alma.
E certamente, para Vicky, não havia nada mais belo do que a
possibilidade de estar nos braços do homem que fazia com que seu coração
pulsasse mais rápido.
Abraçando-a, ele voltou a penetrá-la. Beijou e mordiscou, lambeu e
descobriu. Vicky subiu muito alto e sentiu como se chocasse contra um
milhão de sensações, fazendo seu corpo se contorcer e sua alma delirar em
regozijo.
O gozo chegou rápido. Ela voltou a gritar o nome dele e por alguns
instantes, foi incapaz de pensar em qualquer coisa. Incapaz de raciocinar.
Precisava apenas se perder nas próprias sensações enquanto tudo dentro dela
estava em uma bagunça completamente perfeita.
Por alguns segundos, apenas fechou os olhos, sentindo a respiração
pesada de Edward, o corpo masculino pressionado ao seu. Havia mágica ali.
Mágica e fogo. Uma conexão tão intensa, que certamente seria capaz de
quebrá-los. Ou de salvá-los por completo.
Quando Vicky voltou a abrir os olhos, Edward recuperou o fôlego e a
penetrou duas vezes antes de gozar. Ela viu, de forma muito clara, o olhar de
prazer, a expressão perdida e entregue. E soube que Edward também se sentia
tão grato quanto ela.
Naquele momento, ambos se sentiam eternos. Como se nada pudesse
romper o que havia sido criado.
Em silêncio e com a respiração descontrolada, ele deitou ao lado dela
e a puxou para mais perto, abraçando-a. Era delicioso poder sentir o cheiro
masculino, o peito que subia e descia.
— Essa é uma das noites mais especiais da minha vida. — Edward
confessou após longos minutos sem dizer coisa alguma. — E eu gostaria
apenas de agradecer por me permitir estar ao seu lado. Por me ensinar coisas,
por me impulsionar a ser alguém melhor. Obrigado.
— Sinto que essa noite poderia durar para sempre apenas porque
estou ao seu lado. — Ela levantou a mão e o tocou no rosto. Sentiu a pele,
gravou na memória. Queria eternizar tudo, para que dali muitos anos, fosse
capaz de relembrar o olhar sublime que ele detinha. — Se o amor pudesse ser
medido, eu diria que o nosso é do tamanho do brilho do sol e tão denso
quanto a noite de lua cheia.
— Eu não sabia que você era uma poetisa.
Ela balançou a cabeça e sorriu.
— Eu não sabia que podia amar tanto. — Ela piscou algumas vezes,
pensativa. — Acho que os sentimentos nos fazem dizer coisas bonitas. Nos
fazem enxergar coisas bonitas. E no momento, só consigo ver o que sinto por
você. Acho que por isso estou dizendo coisas que parecem poesia. Acho que
na verdade, o amor é poesia.
— Também acho que sim. O amor certamente é poesia.
Aos poucos, Vicky adormeceu nos braços de Edward. Não se
conheciam intimamente há muito tempo, mas ela sentia como se aquele lugar
fosse o seu porto seguro. Como se ali fosse exatamente onde ela queria estar
após anos de uma vida solitária.
Apesar de se sentir muito sonolento, Edward a observou durante um
longo tempo. Admirou o rosto relaxado, os cabelos negros que pareciam
selvagens após uma noite de sexo.
Amá-la era bom, disse mais uma vez para si mesmo. E por mais que
toda a sua vida tivesse sido escrita através de pessoas provando o contrário,
Edward sabia que amá-la era bom. Era maravilhoso.
Tudo começara como uma simples noite de sexo. E agora, depois de
tantas coisas, haviam se tornado não apenas um casal, mas melhores amigos.
Companheiros e confidentes.
Ele nunca esperou encontrar algo assim. Nunca buscou, pois na
verdade, pensara que tudo aquilo não passava de uma ilusão romântica
inexistente. Mas enquanto a abraçava, percebeu que aquela era a maior prova
de que o amor era possível. De que a felicidade, apesar dos problemas, era
possível.
Longo tempo depois, os pensamentos de Edward não foram capazes
de mantê-lo acordado, e ele também adormeceu com os braços ao redor de
Vicky. Sentiu uma paz que há muito tempo não invadia seu coração.
E sentiu como se a eternidade fosse pequena para caber a história que
escreveriam juntos.
Capítulo 26
Acordaram cedo no outro dia. Colocaram roupas confortáveis e
tomaram um café da manhã reforçado. Puderam provar os mais diversos tipos
de pães, geleias, além de alguns chás e sucos naturais. Depois disso,
passearam pela avenida Champs Elysées. Conheceram a parte baixa,
admirando os jardins imensos e edifícios esplendidos, e apaixonaram-se pelo
Palácio do Descobrimento e o Grand Palais.
Depois, mais para a alegria de Edward do que para a de Vicky,
caminharam pela parte alta da avenida. Puderam comprar perfumes franceses,
observar as diversas marcas e até almoçaram em um dos restaurantes
elegantes. Vicky decidiu comprar três vestidos de gala, que sempre serviam
para possíveis eventos e festas, e apesar de Edward insistir em pagar a conta,
ela preferiu pagar com o próprio dinheiro.
Já um pouco cansados de tamanha caminhada, sentaram nas áreas
livres dos jardins e passaram um bom tempo apenas observando os turistas,
que enchiam o ar em diversos idiomas e estilos.
— Uma vez, me disseram que uma viagem é o maior teste de
compatibilidade para qualquer relacionamento. — Comentou Vicky enquanto
bebia um suco de frutas vermelhas. Seus olhos pareciam brilhar de alegria, as
bochechas estavam coradas, e os cabelos, soltos, estavam libertos ao vento.
— Nós ainda não brigamos nessa viagem. Acho que é um bom sinal, não
acha?
— Não temos nenhum motivo para brigar. — Ele se aproximou um
pouco e a beijou na bochecha esquerda.
— No início, quando nos conhecemos, tudo o que fazíamos era
brigar. Eu nunca imaginaria que um dia poderíamos estar em Paris. — Ela fez
uma pequena pausa e sorriu ao corrigir a si mesma. — Nunca imaginaria que
um dia poderíamos estar apaixonados em Paris.
— Convenhamos que eu era um babaca.
— Um babaca machista.
— E eu mudei.
— Até agora, suponho que sim.
Desde que conhecera Vicky, Edward decidira que o melhor era
estudar um pouco mais acerca dos direitos da mulher. E quanto mais
estudava, mais descobria que muitos dos seus pensamentos eram
extremamente ultrapassados. Por isso, tentava descontruir muitos dos
próprios ideais para que pudesse se tornar um homem mais respeitoso e
agradável não apenas para a mulher que amava, mas para todas as outras.
— As mudanças acontecem aos poucos. Você sabe que não sou
perfeito. — Ele balançou as pernas na grama, pensativo. — Ainda vou errar,
mas saiba que estou tentando acertar. Estou tentando de verdade.
— Nós dois iremos errar em algum momento. Mas somos adultos e
certamente seremos capazes de lidar com os erros um do outro. — Ela passou
a mão no tecido da própria roupa, reflexiva. — O importante é que nós dois
nunca nos esqueçamos de tentar acertar sempre.
— Sem dúvidas. E como você está se sentindo agora? Não quer voltar
para o hotel e descansar? Já caminhamos muito. Você não precisa se esforçar
mais do que o necessário. — Com imenso carinho, ele pousou a mão na
barriga de Vicky, como se um milhão de coisas enchessem seus pensamentos.
— Quero que você e o nosso bebê estejam sempre saudáveis. Felizes.
Com igual carinho, ela entrelaçou os dedos nos dele e sorriu.
— Estamos bem. Na verdade, acho que nunca estive tão bem quanto
agora. O que acha de seguirmos caminhando?
— Os seus pés não estão doendo?
— Um pouco, mas não importa. Estamos em Paris. Quando eu voltar
para casa, minha mãe certamente irá preparar alguma receita mirabolante que
me ajude a sentir menos dores nos pés, mas, enquanto isso, iremos aproveitar.
Ele se levantou e em seguida estirou a mão para ajudá-la.
Não era difícil reconhecer o fato de que tanto Edward quanto Vicky
eram pessoas extremamente ricas. Se quisessem, poderiam andar em carros
exclusivos e aproveitar os pontos mais caros de Paris. No entanto, ambos
preferiam simplesmente caminhar e conhecer de maneira simples. Às vezes, a
opulência era sufocante e a liberdade era tudo o que eles queriam durante
aqueles dias de férias.
Sempre conversando, seguiram para o Arco do Triunfo e tiraram
algumas fotos. Sem dúvidas, Vicky colocaria muitos dos registros em seu
escritório, para que nunca esquecesse o quanto estava sendo feliz durante
todos aqueles passeios.
Caminharam e conheceram durante mais algumas horas, e, ao fim do
entardecer, pararam no jardim aos pés da Torre Eiffel.
A torre era gigantesca e imponente. Um vento frio começava a
circular ao redor, e muitos turistas estavam sentados, relaxando enquanto
admiravam o ambiente.
Vicky, que aparentemente nunca deixava de sentir fome, comia um
sanduíche de peito de peru com queijo e alface. Edward, mais por satisfação
do que por fome, devorava uma caixa de macarons coloridos, dos mais
diversos sabores.
— Voltaremos gordos. — Comentou ela, bebericando um pouco do
suco de laranja. — E não poderemos culpar ninguém por isso.
Ele sorriu e comeu um macaron azul turquesa.
— Assim que voltarmos para Nova York, me esconderei na academia
e só serei visto outra vez quando perder tudo o que estou ganhando aqui.
— Me parece uma boa ideia. — Ela lançou uma piscadela na direção
dele e sorriu. Ao terminar o próprio sanduíche, roubou um macaron da
caixinha de Edward.
— Ladra de comida. — Ele a puxou e a beijou no pescoço, fazendo-a
amolecer em desejo. — Você pagará pelo seu roubo. Na cama. Apenas
aguarde.
— Você está ameaçando uma mulher grávida e indefesa? — Ela o
beijou nos lábios e voltou a roubar mais um doce. — Você é malvado.
— Primeiro você rouba o meu coração e em seguida quer roubar a
minha comida. Qual será o próximo passo?
— O próximo passo é roubar um beijo. — Ela se aproximou e o
beijou nos lábios.
Era maravilhoso poder se sentir em paz, saber que aquele era o
homem certo. Com Edward, não precisava forçar nada. As coisas
simplesmente fluíam, e, para ela, não havia nada mais lindo do que a
possibilidade de estar ao lado de alguém que a compreendia. E que nunca
deixava de demonstrar o quanto a amava.
— Na verdade... — Ele a afastou e parou de sorrir. — O próximo
passo, para mim, seria outra coisa.
— Ah, sim? Qual? — Vicky levantou uma das sobrancelhas, curiosa.
Com as mãos trêmulas e nervoso, Edward buscou a caixinha do anel
entre os bolsos e, quando encontrou, tratou de abri-la.
— As coisas não estão acontecendo exatamente do jeito que eu
planejei. — Ele engoliu em seco e lágrimas se avolumaram em seus olhos. —
Digo, eu me imaginei completamente seguro e sem lágrimas nos olhos. As
minhas mãos não deveriam estar tremendo tanto, mas me sinto nervoso.
Desculpe. — Por fim, conseguiu abrir a caixinha e revelou o belíssimo anel
que comprara. — Desde que conheci você, Victoria, eu tenho aprendido que
o amor é uma junção de bons momentos. É uma junção de construções e
desconstruções. E eu quero seguir tendo você ao meu lado, aprendendo e
crescendo.
“Um dia, eu disse que não acreditava no amor. Um dia eu disse que
nunca seria capaz de amar. Hoje, reconheço que fui tolo e arrogante, pois eu
amo você. Amo de verdade. Por isso, gostaria de me casar com você, de
despertar todas as manhãs e admirar o seu olhar, o seu sorriso. Não apenas
pelo nosso filho, mas por mim. Por nós. Eu quero escrever um final feliz ao
seu lado, Vicky. Case-se comigo, por favor.”
Enquanto ouvia as palavras dele, ela chorou. Era como se um filme
passasse por entre os seus pensamentos, fazendo-a relembrar o momento em
que o conhecera, e tudo o que viveram após isso. E tudo o que poderiam
viver após isso.
— Eu seria uma tola caso não aceitasse. É óbvio que eu aceito me
casar com você. — Apesar de querer soar segura de si, sua voz falhou. E
mais lágrimas surgiram no instante em que ele colocou o anel em seu dedo,
tornando tudo muito real. Muito concreto.
Ele a puxou para um beijo. Ambos choravam. Ao fundo, a Torre
Eiffel parecia abençoar a união. Tudo parecia certo, simplesmente certo.
— Eu amo você, Vicky. Obrigado por entrar na minha vida, obrigado
por me ensinar coisas que eu jamais poderia imaginar. Obrigado. — Ele
sorriu e ela passou uma das mãos nas bochechas dele, limpando as lágrimas.
— Eu também amo você, meu Edward. — Ela voltou a beijá-lo.
Não era necessário ser um vidente para saber que seriam felizes.
Sabiam que não eram perfeitos, ninguém era. Mas, como sabiam, o
importante era tentar acertar.
Por isso, ali, em Paris, enquanto centenas de turistas caminhavam de
um lado para o outro, Edward e Vicky deram mais um passo rumo à própria
história. Estavam escrevendo os próprios caminhos, permitindo que se
entrelaçassem e crescessem.
Naquele momento, Edward teve a mais completa certeza de que
Victoria seria a esposa imperfeita mais perfeita do mundo inteiro. Com
aquele pensamento em mente, sorriu.
— Precisamos tirar uma foto. — Ele ativou a câmera do celular e
juntos fizeram uma pose. Sorriram e o momento foi eternizado.
Após isso, ficaram um bom tempo sentados, juntos e em silêncio.
Refletiam sobre a imensidão de tudo o que sentiam, e estavam ansiosos por
descobrir cada uma das coisas que ainda poderiam surgir.
— Edward? — Ela levantou o olhar com um sorrisinho e pousou a
mão na coxa dele.
— Sim, Vicky?
— Amo você. — Ela sentiu a necessidade de voltar a dizer.
— E eu também amo você.
Ela balançou a cabeça em afirmativa e guardou aquelas palavras no
coração.
Para sempre.
Epílogo
Eles se casaram em uma tarde adorável de primavera.
Optaram por realizar a cerimônia e o baile em um rancho, longe dos
holofotes e da mídia. As árvores estavam cheias e os tons de verde pareciam
preencher o campo até onde os olhos não conseguiam alcançar.
Apesar de ambos optarem por um evento reservado e com poucos
convidados, precisaram convidar muitos dos investidores, contratados e
sócios das empresas de ambas as famílias. Ao todo, foram cerca de
quatrocentos convidados, e todos pareciam maravilhados com a decoração.
As flores dominavam o local. Gerânios em tons de rosa bebê
preenchiam os tons de branco das mesas. Rosas vermelhas davam vida e
sensualidade em jarros imensos. Marias-sem-vergonha espalhavam-se aos
arredores, com inúmeras cores. Tudo parecia cheio de vida, em um colorido
que representava a vontade de viver.
Victoria Andrews, sem dúvida, era uma bela noiva. Depois da
cerimônia, tratou de trajar um vestido longo com detalhes em azul marinho e
prata. No rosto, a maquiagem realçava os olhos intensos e a beleza latina.
Seus cabelos pareciam firmes e elegantes em um penteado estupendo.
Quando pudera vê-la pela primeira vez naquele dia, Edward chegara à
conclusão de que Vicky mais parecia um ser mágico. Suas curvas exalavam
sensualidade e pareciam capazes de enfeitiçar.
Uma banda tocava músicas agradáveis. E enquanto os garçons
continuavam a servir champanhe de forma ininterrupta, muitos dos
convidados se aproximavam para desejar felicidades ao casal.
A gravidez fazia com que Vicky ficasse extremamente sensível.
Quando ocorrera a troca de alianças e se enxergara esposa de Edward pela
primeira vez, lágrimas escapuliram dos seus olhos. Sentira como se fosse a
mulher mais feliz do mundo.
Agora, mesmo após algumas horas oficialmente casada, ainda sentia
as lágrimas insistindo em escorrer por seus olhos, principalmente quando os
convidados se aproximavam para parabenizá-los.
Edward, por sua vez, a puxara para um beijo apertado após dizer o
esperado “sim”, pousando uma das mãos na barriga abaulada. Ao terminar o
beijo, sussurrara um agradecimento aos céus por agora poder afirmar que
tinha uma família de verdade.
O bebê nasceria dali algumas semanas e Vicky já começava a sentir
de forma muito intensa que já não resistiria por muito mais tempo. Seu corpo
mandava sinais de que a hora estava prestes a chegar, e, para ser sincera
consigo mesma, sentia-se muito ansiosa para ser mãe. Além disso, as
mudanças eram extremamente desconfortáveis. Suas costas doíam e era
difícil dormir, pois sua barriga estava enorme e pesada. Vez ou outra sentia
pequenos chutes e ficava encantada.
Mesmo com toda a insistência de Edward para que ficasse em casa de
repouso, Vicky optara por seguir trabalhando. Obviamente já não viajava
com a mesma frequência, mas tentava estar ativa, afinal amava o próprio
trabalho e simplesmente não queria parar.
Segurando uma taça de champanhe, Sebastian, um dos melhores
amigos de Edward, se aproximou com um enorme sorriso. Primeiro,
cumprimentou Vicky e em seguida abraçou o amigo.
— Ainda posso me lembrar da conversa que tivemos alguns meses
atrás. — Sebastian parecia estar muito orgulhoso de Edward. — Quando você
me prometeu que tentaria fazer tudo isso dar certo.
— E eu ainda me lembro muito bem que você me disse que gostaria
de estar no casamento.
— Aqui estou eu. Promessa cumprida.
— Foi você quem aconselhou o Edward? — Perguntou Vicky,
surpresa.
— Ele estava péssimo quando nos encontramos. Não foi necessário
falar muito para fazê-lo enxergar que algumas coisas são invitáveis. O amor é
uma dessas coisas, sem dúvidas.
— Pelo que vejo, você deveria ouvir o conselho do seu amigo mais
vezes. — Vicky sorriu e entrelaçou os dedos da mão esquerda aos do marido.
— Não sei o que aconteceu com Sebastian, mas, de repente, ele se
tornou um sábio filósofo. Eu tenho certeza que ele não era assim antes.
— Eu sempre fui assim. — Sebastian cumprimentou o casal mais uma
vez. — Vou deixar vocês sozinhos e buscar mais uma taça de champanhe.
Tenho certeza que mais pessoas estão esperando para falar com vocês.
Edward, me sinto muito orgulhoso de você. Espero que você seja muito feliz.
E Vicky, parabéns pela escolha. Ele é um bom homem.
— Não foi ela quem me escolheu. — Edward deu de ombros. — Eu a
escolhi.
— Se é o que você diz... — Sebastian soltou uma longa gargalhada e
se afastou.
Não demorou muito para que os pais de Vicky se aproximassem.
Mercedes trajava um belo vestido em tons de salmão. Seus cabelos
também estavam penteados de uma forma graciosa, e, sem dúvidas, ela era
uma das mulheres mais elegantes da cerimônia. Ao seu lado, Logan também
estava muito bonito e jovial.
— Como estão os recém-casados? — Mercedes pousou a mão no
rosto da filha de forma carinhosa e orgulhosa. — Acho que hoje é um dos
dias mais felizes da minha vida. Estou tão orgulhosa!
— Estou começando a me sentir um pouco cansada, mas acho que
posso aguentar mais algumas horas. Você está linda, mamãe.
— Todos estão comentando a mesma coisa. — Comentou Logan.
— Não é difícil descobrir como Vicky nasceu tão bela.
Continuaram conversando durante um longo tempo. E, quando Vicky
por fim anunciou q estava cansada e precisava dormir um pouco, Edward
prontamente tratou de satisfazer seus desejos.
Juntos, entraram em um carro de modelo clássico luxuoso. Os
convidados se reuniram para se despedir, e poucos minutos depois,
afastaram-se do rancho rumo ao hotel que se hospedariam naquela noite.
Planejavam passar a lua de mel em uma cidade próxima, em um
resort. Vicky não podia fazer grandes esforços, por isso, o melhor era não
exagerar.
— Somos casados. — Comentou ela, sentindo-se espetacular. Mais
uma vez, lágrimas surgiram em seus olhos enquanto o carro se locomovia e a
festa, aos poucos, ficava para trás. — Somos verdadeiramente casados agora.
— Temos uma vida inteira juntos. — Edward pousou a mão a barriga
gigantesca e sorriu. — Estou ansioso.
— Logo já não poderemos mais dormir. Melhor não ficar tão
ansioso. — Vicky lançou uma piscadela na direção dele, bem-humorada.
— Você fala como se fosse durona, mas eu sei que você já não
aguenta mais esperar.
— Droga, você me conhece muito bem. — De forma apaixonada, ela
o puxou, beijando-o nos lábios. — Amo você, Edward
— Eu amo você, Vicky.
Ela parou por alguns segundos e o olhou diretamente nos olhos. Ali,
enxergou um porto seguro e a oportunidade de ter alguém para amar durante
toda a vida. Mais lágrimas desceram por suas bochechas.
Através dos olhos dele, pôde observar que o amor era possível. Que
se entregar era possível. E por mais que as dificuldades pudessem parecer
grandes, agora ela sabia que sempre seria capaz de enfrentá-las, afinal tinha
Edward ao seu lado.
— Não sei como tive tamanha sorte, mas sinto que encontrei o meu
amante, o amor da minha vida e o meu melhor amigo em um homem só. Não
são todas as pessoas que têm essa sorte. — Vicky se afastou um pouco e
limpou as lágrimas. — Acho que estou começando a ficar desidratada de
tanto chorar. São os hormônios, sem dúvidas.
Edward voltou a se aproximar dela e a beijou na bochecha, sentindo o
leve sabor salgado das lágrimas.
Pequenos gestos como aquele faziam com que Vicky suspirasse.
Edward não era um homem perfeito, mas tentava fazer a coisa certa, e nunca
deixava de surprendê-la com atitudes de carinho e amor.
— Chega de chorar. Hoje é um dia feliz. Sem lágrimas. — Ele a
puxou para si, fazendo-a pousar a cabeça em seu peito. — Descanse. Não
quero que você tenha um parto antes do tempo.
— Seria péssimo sujar os bancos desse carro.
— Seria horrível. Apenas descanse. Quando chegarmos ao hotel, eu
aviso.
— Tudo bem.
Em silêncio, Vicky se aconchegou nos braços de Edward e fechou os
olhos. De fato, estava exausta. Adormeceu poucos minutos depois.
Apesar de haver prometido que a avisaria quando chegassem, Edward
também adormeceu.
Juntos, tinham uma expressão de felicidade. De plenitude. Ali,
abraçados, sonharam com um final feliz. Sonharam que o amor não era
impossível. E quando acordaram, perceberam que, na verdade, estavam
vivendo os próprios sonhos.
Quando chegaram ao hotel, Edward desceu do carro primeiro e
ajudou Vicky a descer.
— Está preparada para a nossa lua de mel? — Ele sorriu.
— Sim, estou preparada. Na verdade, estou preparada para passar a
vida inteira ao seu lado.
Vicky tinha a mais completa certeza de que aquele era homem pelo
qual ela sonhara. E agora que por fim estava casada, conseguia compreender
completamente o motivo pelo qual nunca estivera com outro homem. Ele era
o certo.
— Era exatamente isso o que eu gostaria de ouvir. — Edward a pegou
nos braços de maneira cuidadosa e entrou no hotel.
Ali, começaram um novo caminho. E daquele momento em diante,
nunca deixaram de fazer com que o amor crescesse.
Eram uma família. Sem dúvidas, não havia nada mais maravilhoso.
Capítulo Especial
Edward Reid estava sentado confortavelmente em sua poltrona. Os
cabelos, agora grisalhos, estavam parcialmente cobertos por uma boina preta
com linhas azuis. Tinha no rosto óculos de leitura e segurava com carinho e
firmeza um álbum grande da família.
Havia um sorriso em seu rosto quando ele terminou de contar a
história e levantou o olhar para as cinco crianças que estavam sentadas no
tapete acolchoado.
Eram três meninos e duas meninas. Anthony, que completara dez
anos na semana anterior; Gregory, que tinha oito anos; Michael, que tinha
quatro; Michelle, que tinha nove, e Laura, a mais nova entre todos, que era
apenas alguns meses mais nova do que Michael.
— Vovô, o senhor nunca sentiu medo da vovó? — Michael perguntou
com um olhar curioso. — Acho que ela era muito brava.
Edward e Vicky tiveram dois filhos. Noah, o mais velho e pai dos três
garotos, tinha trinta e dois anos e agora era o responsável por controlar
grande parte dos negócios da família. Scott, o mais novo e pai das duas
garotas, tinha vinte e nove anos, e era o completo oposto dos pais e do irmão.
Preferira seguir o caminho das artes, e se tornara um ilustrador de famosos
quadrinhos de super-heróis. Ambos eram extremamente talentosos em suas
áreas e tinham esposas lindas, fortes e independentes.
— Tive um pouquinho de medo sim. — Edward voltou a abrir o
álbum e apontou para uma fotografia de Victoria sentada em uma poltrona
segurando uma taça de champanhe em uma das mãos. Seus lábios, que
apresentavam um sorriso firme, tinham tons de um batom vermelho sangue.
Os cabelos negros estavam soltos, e o vestido era branco. — A vovó sempre
foi muito linda, não foi?
— Eu quero ser tão linda quanto ela quando eu for bem grande. —
Laura afirmou e bateu palmas. — Quero cuidar de tudo e ser muito, muito
forte.
— Você já é linda e tem a sua própria beleza, minha criança. —
Edward sorriu. — Agora me ajudem, estou cansado de ficar sentado nesta
poltrona. O que acha de irmos lá para fora?
Nova York era apenas uma antiga lembrança agora. Anos atrás,
Edward decidira comprar um grande vinhedo e simplesmente se apaixonara
pela arte de viver de uma maneira mais simples. Sabia que não viveria para
sempre, por isso, optara por treinar Noah, — o único que demonstrou
interesse pelos negócios —, e partiu da cidade grande no instante em que
tudo já parecia bom o suficiente para continuar sem ele.
Era uma tarde ensolarada de verão em Napa Valley. O sol estava
brilhante e o céu parecia límpido. Ali, era possível encher os pulmões de um
ar limpo, e nunca havia a necessidade de correr contra o tempo. Edward
podia fazer o próprio tempo.
As cinco crianças ajudaram o avô a se levantar, e todos juntos se
encaminharam para o jardim.
Victoria, que trajava um vestido solto florido, sorriu ao observar o
marido caminhando com as crianças. Havia um brilho de felicidade em seu
olhar, detalhe que ela sempre reparava quando toda a família estava reunida.
Ainda com o sorriso no rosto, ela pegou a garrafa de vinho aberta e
serviu mais uma taça, colocando-a nas mãos de Edward no instante em que se
aproximou.
— Estava contanto a nossa história para as crianças mais uma vez? —
Perguntou Vicky ao bebericar um pouco de vinho da própria taça. Seus
cabelos esvoaçavam livremente, e apesar da idade avançada, era possível
perceber que ela nunca deixou de ser uma mulher linda, repleta de energia.
— Eles gostam de ouvir, eu gosto de contar. É a combinação perfeita,
não acha? — Olhando fixamente na direção da esposa, ele levantou a mão
livre e pegou algumas mechas que se movimentavam rebeldes, e colocou-as
atrás da orelha dela. — Você está linda hoje.
Um dia, Edward prometera que tentaria conquistar Victoria todos os
dias, para sempre. E ele nunca deixara de cumprir a promessa. Todas as
manhãs, ao despertar, preparava o café da manhã e trazia na cama para que
pudessem comer juntos enquanto conversavam.
Ele nunca se cansava de admirar a beleza daquele rosto. Nunca se
cansava de amar a sua esposa em cada detalhe. Era quase como se temesse
perde-la. Por isso, tratava de demonstrar todo o carinho que era capaz de dar.
— Você diz isso todos os dias. — Ela desviou o olhar, sempre
encantada com a capacidade que Edward tinha de enfeitiçá-la.
— Digo? Nunca percebi. — Ele deu de ombros, brincalhão. — Você
é linda todos os dias. Não posso fazer nada em relação a isso. O que acha de
acordar um pouquinho mais feia amanhã? Assim, não precisarei me
preocupar com o fato de que a sua beleza serve como mágica na minha vida,
todas as manhãs.
— Você é um bobo. Crianças, parem de correr! Michael, você não pode
montar no seu irmão como se ele fosse um cavalo! — Ela beijou Edward na
bochecha e correu para controlar os netos. — Laura, largue essa garrafa de
vinho! Eu não acredito que você bebeu...
— É gostoso! — Laura, segurando a garrafa de vinho com as duas
mãos, correu pelo campo, soltando uma grande gargalhada.
— Pelos céus, Edward. A sua neta vai ser uma alcoólatra! — Quando
por fim conseguiu alcançar Laura, Vicky tomou a garrafa das mãos
pequeninas. — Você não pode, em hipótese alguma, beber vinho, ouviu bem?
Suco de laranja. É disso que você precisa.
— Mas vovó... Não é justo!
— A vida não é justa. Anthony, o que está fazendo? — Ainda com
Laura nos braços, Vicky se aproximou do neto mais velho, que estava
sentado na grama embaixo de uma árvore.
— Lendo. — Ele levantou um livro em quadrinhos. — Não estou com
muita vontade de fingir que sou um cavalo para que o Michael possa montar.
Vicky desviou o olhar e viu Gregory saltitando com o irmão mais novo.
— Ler é bom. — Ela colocou Laura no chão, deixando-a voltar a
brincar, e em seguida se sentou ao lado do neto, na grama.
— Acho que a senhora vai ter dificuldades para se levantar depois.
Vicky soltou uma gargalhada e deu dois tapinhas no ombro do neto.
— Não sou tão velha, garoto. — Ela olhou fixamente para o neto. —
Você é o que mais me lembra o seu avô.
— Ah, sim?
— Sim. Nem mesmo o seu pai é tão parecido com Edward quanto você.
— O vovô é um cara legal, acho que é bom ser parecido com ele.
— Ah, sem dúvidas.
— Vovó, eu estive pensando... — Anthony fechou o livro e o colocou
entre as pernas, desistindo de ler. — Acha que o sol e a lua se conhecem? No
meu livro, o sol sempre vai dormir e nunca espera para se encontrar com a
lua. A lua fica triste, pois acha que a vida é escura, mesmo tendo muitas
estrelas como companhia.
— Eu acho que o seu livro não está dizendo a coisa correta. — Vicky
passou um dos braços ao redor do neto e ele se recostou carinhosamente. —
O sol e a lua se conhecem tão bem, que sabem que o universo é uma junção
de encontros e desencontros que nunca terminam. O sol fica feliz em iluminar
todos os dias, e a lua certamente espera ansiosa para admirar o brilho das
estrelas durante o anoitecer.
— O sol e a lua se conhecem tão bem quanto você e o vovô? — Ele
levantou uma sobrancelha.
— Sim, acho que sim. — Vicky sorriu e deu um beijo na bochecha do
neto.
Conversaram por algum tempo até que Vicky avistou, ao longe, Noah
e Scott se aproximando, vindo para buscar as crianças.
— Seu pai chegou. Acho que as férias e verão acabam de terminar. —
Comentou ela, tratando de se levantar sozinha, mas sentindo uma leve fisgada
na coluna. Talvez já não fosse tão jovem quanto afirmava ser, pensou.
— Eu queria ficar mais uns dias, vovó.
— E eu queria que você ficasse mais uns dias, mas as coisas não
funcionam assim.
Como faziam todos os anos, as crianças se despediram, uma por uma,
e logo partiram com os pais. De repente, a paz voltou a reinar, e a casa
pareceu um pouco vazia.
— Eles sempre fazem falta, não é? — Comentou Edward horas mais
tarde ao se sentar na sala de estar ao lado de Vicky.
— Eles sempre fazem falta. — Ela recostou a cabeça no ombro do
marido e sentiu o cheiro típico da colônia masculina que ele usava há muitos
anos. — Nós conseguimos formar uma bonita família, Edward.
Ele passou os dedos entre os cabelos dela e balançou a cabeça em
sinal positivo.
— Temos a família mais linda do mundo. Uma família que eu sempre
sonhei em ter.
— Amo você, Edward. — Ela sorriu. — E sinto que amo cada dia
mais, sempre que acordo e volto a ter a completa certeza de que escolhi o
homem certo para dividir os meus sonhos.
Edward sabia que a vida não era perfeita. Sabia que existiam
dificuldades e que o casamento era como um caminho repleto de curvas, altos
e baixos. No entanto, ele também tinha a mais completa certeza de que,
apesar de tudo, o caminho simplesmente valia muito a pena.
— Eu também amo você, minha Victoria. Sinto que amar você e a
nossa família é exatamente o que eu sempre soube fazer de melhor.
Edward ligou a televisão e se recostou. Aproveitaram o resto do dia
juntos, confortáveis e com certa saudade dos netos.
Para ambos, aquele era um verdadeiro final feliz. E por mais que
todos dissessem que contos de fada não existiam, eles sabiam que juntos
podiam fazer mágica.
Juntos, eram capazes de dar vida a um universo inteiro.
Outros títulos do autor
A maldição de Lady Lancaster
Uma mulher fora dos padrões...
Lady Beatrice Lancaster conhecia a solidão. Durante todos os anos de
sua vida, fora ensinada apenas a esconder os próprios segredos e a tratar de se
manter invisível aos olhos da crítica sociedade britânica.
Vivendo completamente isolada e sozinha nas terras que herdou de seu pai,
parecia-lhe libertador poder ter somente a própria companhia. Mas ao sofrer
um acidente e ficar impossibilitada de cuidar das terras Lancaster, seu primo,
o duque Adam Lancaster, decide enviar o rancheiro Thomas Jones, ao lado
de sua irmã Emma, para auxiliá-la. Mas o que ninguém sabe é que ela nasceu
com uma maldição!

Um homem como nenhum outro...


Thomas Jones nunca foi dado aos relacionamentos. Tímido e
extremamente focado em cuidar da irmã mais nova, sabia que provavelmente
não encontraria a mulher certa tão facilmente. Mas ao conhecer Beatrice
Lancaster e admirar as estrelas ao seu lado, muitas das suas convicções
parecem mudar em um estalar de dedos...
Neste romance de época apaixonante, permita-se sonhar com a doçura de um
novo amor que surge para tentar vencer a dor, o medo e a escuridão!
Nos braços do magnata
Ela precisara fugir do baile antes que ele descobrisse os seus
segredos...
Elza Sutherland, exatamente como a Cinderela, fugira antes do fim do
baile para não mais voltar, deixando para trás Cameron O’Donnel, o único
homem que conseguira fazê-la sentir-se segura. E amada. Na época, soubera
que o mundo dele nunca se encaixaria com o seu.
Ele precisava de respostas...
Apesar dos anos, Cameron simplesmente não conseguia tirar Elza dos
seus pensamentos. Ela fora a maldita mulher que lhe roubara o coração para
destruí-lo logo em seguida. No entanto, mesmo com feridas antigas ainda
abertas, talvez tê-la em seus braços uma última vez fosse a única forma de
esquecê-la para sempre.
Quando o destino os une outra vez durante um fim de semana em uma
ilha paradisíaca, o jogo de sedução torna-se a única maneira de reescrever a
história inacabada.
Permita-se seduzir nos braços do magnata, e apaixone-se!
Uma dama nada exemplar

Lady Rebecca Crawford sempre fora considerada uma dama


inteiramente inadequada. Com seus modos rebeldes e atitudes estranhas,
assustou a praticamente todos os pretendentes que demonstraram interesse
nos últimos anos.
Por outro lado, lorde Louis Forster, seu melhor amigo, tornara-se um
solteiro convicto. Na verdade, mantinha-se sozinho simplesmente porque
achava que a solidão era a sua melhor companhia.
Juntos, formam uma dupla improvável, onde barulho e silêncio se
unem na busca pela felicidade. No entanto, às vezes o amor pode surgir nas
relações mais inapropriadas... Ou inesperadas.
Entre aventuras e encontros furtivos, o destino de Rebecca Crawford parece
guiá-la sempre na direção de dois possíveis caminhos: o de se tornar uma
solteirona ou enxergar que o amor está no sorriso cínico ao lado!
Submergir
Ele precisava de um recomeço...
Jung Tae-il conhecera a dor da pior forma. Depois de perder
praticamente tudo o que havia de mais importante em sua vida, necessitava
buscar maneiras de traçar um novo caminho. E apesar de lutar contra a
própria escuridão, parecia afundar-se cada vez mais na impossibilidade de ser
feliz outra vez.
Ela representava um recomeço...
Com seu humor caloroso e a incrível capacidade de enxergar as cores
mais brilhantes da vida, Sophie Horton parecia reacender a esperança que se
apagara no coração de Tae-il. De forma espontânea, trazia exatamente o que
ele parecia precisar. No entanto, por trás de todo sorriso brilhante, sempre há
a escuridão...
Juntos, precisarão cicatrizar as próprias feridas antes que seja tarde
demais. Como esperar um final feliz, se a felicidade já não parece existir?
Neste romance sobre segundas chances e esperança, permita-se sonhar com o
poder do amor!
Segure a minha mão
Uma amizade interrompida pelo destino...
Ao receber a proposta de estudar em uma grande universidade em
Nova York e deixar o Texas para trás, Caim Beresford soube que nada mais
em sua vida seria a mesma coisa outra vez. Partiu e não deixou apenas a
fazenda que tanto amava, mas também a única garota capaz de enxergar a sua
alma.
Um retorno inesperado...
Olívia Woods já não era a garota assustada que ele conhecera ao
partir, tornara-se uma mulher forte, lutando diariamente contra os
preconceitos que sofria com a sua deficiência visual. No entanto, em um dia
que poderia ser tão comum quanto todos os outros, Caim regressa à
Cloudtown com um propósito importante.
Agora, juntos outra vez, ambos irão perceber que alguns sentimentos
nunca morrem.
Será que Olívia seria capaz de confiar outra vez o seu coração nas
mãos do único homem com o poder de feri-la?
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