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JAMESON FORCE SECURITY

SINOPSE
Entrei para a Jameson Force Security por três razões:
as missões, o perigo e o dinheiro. Eu definitivamente não me
juntei à equipe para ser babá de uma princesa mimada.
Pergunte a qualquer um que me conheça, e dirão que
Jackson Gale é um aventureiro por completo. No entanto,
aqui estou eu, do outro lado do mundo, cuidando da princesa
Camille da Casa Winterbourne. Até o nome dela soa esnobe.

Depois de chegar em Bretaria, percebo que a princesa


Camille não é nada do que eu esperava. Linda, inteligente e
sofisticada, Camille é a própria imagem da elegância e graça.
Mas sob sua fachada perfeita, ela é engraçada, aventureira,
sexy como o inferno e impossível de resistir. E essa é uma
combinação perigosa.

Quanto mais perto Camille e eu nos tornamos, mais


óbvio é que, embora ela e eu sejamos compatíveis em muitos
aspectos, nossos destinos não são. Ela tem um dever com a
monarquia e eu sou apenas um americano comum que se
apaixonou por uma princesa. Todo mundo diz que não
podemos ficar juntos, mas como alguém se afasta da outra
metade de seu coração?
CAPÍTULO 1
JACKSON
— VOCÊ É JACKSON Gale, ex-SEAL da Marinha e um
filho da puta foda, — digo para o meu reflexo depois de limpar
a névoa do espelho do banheiro.

Gosto das minhas duchas super quentes.


Pressionando as palmas das mãos na penteadeira,
continuo minha conversa estimulante. — Você salva reféns.
Você destrói terroristas estrangeiros.

Meu olhar vai para a miríade de tatuagens no meu braço


direito, uma manga cheia de comemorações e insígnias
importantes durante meu tempo como SEAL. Há um pouco de
tinta no meu peito, um pouco nas costelas direitas que se
curvam até a parte inferior do abdômen e desaparecem na
toalha amarrada na minha cintura. As garotas adoram seguir
essa tatuagem para o sul.

Olhos cor de avelã se movem de volta para o espelho,


para que eu possa me olhar bem no rosto e digo com absoluta
certeza: — Você certamente não cuida de princesas.

Eu encaro meu reflexo por um bom tempo.

Dou um aceno firme, porque quero dizer isso.

De jeito nenhum vou aceitar o serviço de guarda costa


para alguma pirralha mimada da realeza, Kynan vai ter que
aceitar isso.

KYNAN MCGRATH, PROPRIETÁRIO da Jameson Force


Security — talvez a empresa de forças privadas de maior elite
do mundo — sorri para mim. — Desculpe, Jackson. Eu quero
você nesta missão.

— Para tomar conta de uma porra de princesa, — eu


rosno enquanto me agacho quase petulantemente na cadeira
em frente a sua mesa.

— É muito mais do que um trabalho de babá, — Kynan


responde suavemente. — E você bem sabe disso.

Eu não respondo porque realmente não posso discutir


com ele. Entre outras coisas, como realizar resgates de reféns
e trabalhar com governos estrangeiros em missões secretas,
Jameson faz também serviços de segurança e proteção de
rotina.

Exceto que proteger uma princesa não é o que eu


chamaria de rotina. Nossa empresa foi contratada para
fornecer segurança para membros do Congresso e estrelas de
Hollywood, mas ser solicitado para cuidar de um membro da
realeza é a primeira vez.

— Não entendo por que você é tão avesso a este trabalho,


— diz Kynan, minha falta de resposta o levando a investigar.
— Você já protegeu as pessoas antes. Você sabe que faz parte
do trabalho aqui e nunca reclamou.
— Ela vai ser uma pirralha mimada, e serão duas
semanas miseráveis, — eu resmungo.

— E você sabe disso como? — ele desafia.

Eu dou de ombros. Pode ser totalmente estereotipado,


mas acredito piamente que as pessoas que usam tiaras,
simplesmente não são verdadeiras .

Mas essa não é a principal razão pela qual não quero


esse serviço. Entendo que nem todas as nossas missões
podem ser de alta adrenalina, perigosas e cruciais para a vida
ou a morte de alguém. Nos não somos os SEALs, e aceitei
isso. E tive que garantir que meu pai aceitasse também.

Sou da terceira geração da marinha, seguindo os passos


de meu avô e de meu pai. Quando tomei a decisão de não
fazer disso minha carreira do jeito que eles fizeram, bem... foi
praticamente imperdoável aos olhos do meu pai, e ele me
garantiu que meu avô estaria rolando no túmulo. Nosso
relacionamento está tenso desde então, e pior é que meu
irmão — que ainda está na ativa na Marinha, com intenção de
fazer disso sua carreira — gostou de se tornar o filho favorito,
mandando em mim sempre que possível.

A graça salvadora é que a Jameson é altamente


respeitada e solicitada para ajudar as pessoas mais
importantes do mundo. Inferno, o próprio presidente nos
contratou para proteger sua sobrinha, e não pense que não
joguei isso na cara de meu pai, toda vez que me critica por
deixar a marinha por “aquele” — trabalho de segurança
particular e insignificante.
Cristo, minha família é complicada e eu não deveria me
importar com o que meu pai pensa sobre minhas escolhas de
vida, mas entrei na marinha porque respeitava a tradição de
nossa família. Não fui obrigado a fazer isso. Eu queria fazê-lo.
Queria que a honra da família Gale continuasse servindo e
protegendo nosso país.

E amei cada maldito minuto disso.


É que... não amava o suficiente, para me comprometer
por vinte ou trinta anos. Eu queria mais liberdade nas
minhas escolhas – queria uma vida e, convenhamos, queria
mais segurança no emprego. Jameson paga um prêmio pelo
trabalho que fazemos, e meu potencial de aposentadoria é
muito maior.

— Jackson, — diz Kynan, e meus olhos deslizam para


encontrar os dele. Eu não tinha percebido que meu olhar se
desviou e ficou nebuloso com meus pensamentos familiares
profundos. — Você disse que a princesa seria mimada e você
estaria infeliz no trabalho.

Balanço minha cabeça, levantando uma mão para parar


o questionamento. — Apenas esqueça, chefe. Eu farei o
serviço e posso lidar com ela . Duas semanas não é nada.

— Na verdade, serão três semanas, — Kynan diz sem um


pingo de desculpas em seu tom.

Meus olhos se arregalam ligeiramente, e engulo minha


ira. — Mas significa que vou perder o treinamento em
Santiago.
— Haverá outras oportunidades de treinamento, — diz
Kynan com desdém. Isso não está aberto para debate.

Seguro uma resposta amarga. Estava ansioso para


praticar táticas de evasão veicular em alta velocidade, um
curso inteiro construído sobre como ultrapassar ao ser
perseguido em um carro.
— Por que a mudança na agenda? — Eu pergunto, me
elogiando por parecer indiferente sobre isso.

— O rei Thomas solicitou que nos encontrássemos com


sua equipe de segurança real em Bretaria na semana anterior
à viagem da princesa Camille aos Estados Unidos. Ele quer
que exercícios de treinamento sejam feitos para garantir que
trabalhemos perfeitamente com o pessoal deles, e então quer
que nossas atribuições comecem um pouco mais cedo do que
o esperado. Parece que um membro da família real tem um
casamento em Londres, e o rei Thomas quer usar isso como
uma espécie de teste.

— Ter a certeza de que posso proteger sua filha em um


casamento? — Eu pergunto divertido.

— Para ter certeza de que somos tão bons quanto nosso


próprio governo nos proclama, — retruca Kynan.

Esfrego a mão pelo meu cabelo, um movimento que torna


minha frustração aparente para o meu chefe. Três semanas
na equipe de segurança.

Para uma maldita princesa.


Imagens minhas seguindo-a, de loja de alta costura em
loja de alta costura, carregando suas bolsas e passeando com
um pequeno cachorro foo-foo fazem meus dentes rangerem.

— Ela é um alvo de alto valor, — Kynan me lembra, e


essas são as palavras que eu precisava ouvir para superar
minha irritação.
Embora, eu possa não gostar de passar tanto tempo
garantindo a segurança de uma realeza arrogante, entendo
que a ameaça a ela seja real.

Bretaria, é uma cidade-estado soberana, na costa da


Austrália, a nordeste de Brisbane, no Mar de Coral. É
composta por uma ilha principal e várias ilhas e ilhotas
periféricas. Originalmente anexado pelo Reino Unido em
meados de 1600, mas por ser pequena e isolada no Mar de
Coral, foi amplamente ignorada. Governada pela família
Winterbourne, operou livre de qualquer supervisão real da
coroa britânica, até que finalmente foi concedido o status de
cidade-estado soberana. Não muito tempo depois, e para
desgosto do rei George III da Casa Hanover, foi descoberto que
a ilha principal e a maioria das ilhas satélites eram ricas em
rubis.

Tipo, super ricas.

Como em nenhum outro lugar do mundo tinha tantas


pedras vermelho-fogo, isso fez da família Winterbourne a
monarquia mais rica do mundo. Embora as ilhas sejam
pequenas, o valor das pedras preciosas é enorme e, até hoje,
as minas produzem os rubis da mais alta qualidade do
mundo.

Se há uma pessoa que possa garantir milhões em


resgate, é a princesa Camille Winterbourne. Sua viagem de
duas semanas pelos Estados Unidos a colocará em risco, não
importa quanta segurança sua família coloque em prática.
Em troca da perspectiva de um pagamento multimilionário, os
sequestradores poderiam se dar ao luxo de serem exagerados
em seus planejamentos e táticas. Inferno, suspeita-se que se
alguém fizer um movimento sobre a princesa, seria um grupo
de elite das forças especiais que não terá medo de largar
corpos para levá-la.

Então sim… este é um trabalho real e importante. Eu sei


disso. Kynan sabe disso. A família dela sabe disso.

Eu nunca vou explicar isso para o meu pai, no entanto.


Ele ainda me veria desistindo de uma carreira honrosa na
marinha, na qual eu protegeria milhões de americanos versus
proteger uma mísera pessoa, e nem mesmo americano.

Suspirando, eu sento na minha cadeira, cotovelos nos


braços, e junto minhas mãos na minha frente. — Eu sei que
ela é um alvo de alto nível. O mais alto que já protegemos, e
estou feliz que você confie em mim para ser sua última linha
na defesa. Estou totalmente a bordo.

Estou totalmente dentro dos meus deveres, mas isso


ainda não significa que tenho que gostar de quem estou
protegendo. Vou ter que deixar de lado os sentimentos
antagônicos sobre quem estou protegendo e lembrar o porquê
disso.

— Você vai precisar fazer as malas, — diz Kynan,


pegando uma pasta e colocando-a em sua mesa. O dossiê
contém informações sobre Camille, a família real e os detalhes
de suas próximas viagens. Coloco no meu colo para revisar
mais tarde. — Você sairá em dois dias. August iria chefiar,
mas está resfriado. Ele insiste que está bem para ir, mas eu
quero todos 110 por cento, então o cortei. Ladd chefiará os
serviços de proteção generalizada na sua viagem aos Estados
Unidos com uma equipe sob seu comando. Você, é claro,
cuidará da princesa pessoalmente, e ambos estarão
coordenados com as forças de segurança.

Estou feliz em saber que Ladd está indo. Ele é,


provavelmente a pessoa de quem sou mais próximo na
Jameson já que começamos mais ou menos na mesma época.
Sua formação é no exército e na CIA, ele é mais velho que a
maioria de nossos agentes, mas é tão estável quanto parece.

— Forças de segurança? — pergunto curioso. Sua


escolha de palavras é estranha.

Kynan dá de ombros. — A Bretaria não tem inimigos


conhecidos nem militares nacionais. Praticamente não tem
relações comerciais, as propriedades das minas de rubi
funciona mais como um negócio privado. Por ser uma cidade-
estado, tem uma agência policial para cuidar da proteção da
população, mas não há necessidade de um exército. Como tal,
o rei Thomas tem sua própria força de segurança privada, que
protege o complexo do palácio e todos aqueles que residem
dentro.

— Fascinante. — Posso não estar excitado com a minha


responsabilidade, mas considero a soberania da ilha e suas
vastas diferenças incrivelmente interessantes.
Imagine... sem militares.

— Apenas lembre-se, — Kynan entoa com um olhar


aguçado, — nós fomos contratados pelo governo dos EUA, não
Bretaria. Você não responde ao rei ou às suas forças de
segurança, mas precisará trabalhar em conjunto com eles.
Você precisará cooperar, mas eles também sabem que, se
quiserem nossa ajuda, estaremos no comando das operações
nos EUA quando ela vier aqui.

Eu aceno em compreensão. Muitas vezes, chefes de


estados estrangeiros nos contratam diretamente, mas isso
geralmente é para trabalho de operações secretas. Quando
diplomatas estrangeiros viajam pelos Estados Unidos, nossas
próprias agências governamentais se colocam à disposição do
referido diplomata. A proteção muitas vezes é tratada pelo
Serviço Secreto e às custas do nosso governo que, por sua
vez, é repassada aos contribuintes.

Neste caso, a Bretaria não mantém nenhuma relação


formal com nosso governo, e não há relações comerciais.
Nosso governo não pode usar legitimamente seus recursos —
financiados por impostos fiscais — para proteger a princesa.
Pode, no entanto, usar fundos privados e solicitar
dinheiro por uma ação política para contratar nossa agência,
tenho certeza de que o pedido para ajudar a proteger a
princesa Camille foi feito por um membro do alto escalão do
Congresso, ou talvez até do presidente .

Independente disso, meu chefe na primeira instância é


Kynan, depois disso, responderei ao meu governo e não ao
povo bretariano com quem trabalharei. Será uma dinâmica
interessante.

— E uma vez que assumimos a proteção dela? — Eu


pergunto a Kynan, já que ele claramente teve mais de uma
conversa com os Bretarianos sobre nossa assistência.

— Você será a sombra dela, — diz ele com um sorriso e


se inclina para trás em sua cadeira. Eu faço uma careta e
penso que talvez eu use fones de ouvido e acione um pouco de
Metallica, para não ter que ouvi-la tagarelar, como tenho
certeza que as princesas costumam fazer.

Não tenho certeza de onde minhas noções vêm. Não


conheço uma única princesa. Não assisti nem um filme ou li
um livro sobre uma. Sei que a princesa Diana era uma grande
matéria-prima, mas não sei muito sobre ela, pois morreu
quando eu era jovem, e o que vejo nas notícias sobre outros
membros da realeza, é que gostam de roupas caras e cavalos
de polo. Por isso que acho que não haverá muito conteúdo, e
alguém sem isso não é nada além de fútil, o que acho
irritante.
— Jackson, — Kynan resmunga irritado. — Você não
ouviu uma maldita palavra do que eu disse.

Um leve rubor sobe pela minha nuca, e consigo um olhar


tímido de desculpas. — Desculpe... a mente se desviou para a
tarefa.
Kynan revira os olhos. — Enquanto estiver em Bretaria,
seus serviços não serão muito importantes. O palácio fica no
centro da ilha, no topo de um monte fortificado, protegido por
paredes de pedra de seis metros construídas há algumas
centenas de anos. Seria quase impossível alguém invadir o
complexo da família para sequestrar a princesa Camille, e em
seus quase vinte e cinco anos de existência, nenhuma
tentativa foi feita.

— Ela estaria vulnerável a um golpe interno? — eu


pergunto.

Kynan assente. — Tenho certeza de que eles


consideraram isso e espero que o processo de verificação seja
completo. Mas também é por isso que querem você lá mais
cedo do que o esperado, para que possam testar nossa
capacidade.

— Eu entendo isso, — eu murmuro. Embora, sejamos os


melhores no que fazemos, nenhum de nós se sente ofendido
por ser testado. — Eles não ficarão desapontados com o que
virem.

— Está certo, — Kynan rosna, o orgulho pela empresa


que construiu e o respeito que conquistou evidente em seu
tom.

Tenho o mesmo orgulho pela Jameson. Eu só queria que


meu pai também respeitasse, para eu estar plenamente
realizado no que faço.
CAPÍTULO 2
CAMILLE
— Tiro o vestido cor de melão para você, — diz Netty
enquanto se agita na minha suíte. — É perfeito para o seu
chá da tarde com a Sra. Delmonde e o seu filho muito bonito.

Sento-me à minha penteadeira, examinando minhas


sobrancelhas em busca de pelos soltos para arrancar, e dou
um suspiro. Eu coloco minha pinça para baixo e me viro na
minha banqueta. — O filho da Sra. Delmonde não é digno de
mim ou do meu título. É uma perda de tempo.
Netty não olha para mim, mas se agarra a sua dispensa.
— Claro que ele é digno. Sua família é estável e administra
um império marítimo.

Eu zombo e volto para o meu espelho, pegando a pinça.


— Ele não é da realeza. Princesas não se casam com plebeus,
não importa quão ricos eles sejam.

O que não é verdade. Meus pais adorariam que eu me


casasse com um membro da realeza, mas um homem muito
rico também funcionaria bem. Como evidenciado pelo fato de
terem me arranjado um Delmonde.
Netty faz aquele som de cacarejo novamente, algo que
ouvi a vida inteira; é como ela expressa sua desaprovação
pelos meus pensamentos. Eu deveria me irritar por não ser
levada a sério, mas por que me incomodar? Espera-se que me
case e produza um herdeiro antes da sucessão ao trono, após
a morte de meu pai.

Não, que eu não possa escolher adiar o casamento e a


maternidade até que ele morra — o que espero que nunca
aconteça — mas meus pais constantemente me atribuem a
importância da sucessão ao trono e da continuidade de nossa
linhagem, o que coloca muita pressão nos ombros de uma
jovem mulher.

— Você é uma princesa, — Netty responde com uma


risada. — E merecedora de alguém com um título real. Mas
você e eu sabemos que as opções são limitadas se estiver
esperando por isso. Príncipes não crescem em árvores, você
sabe.

Eu localizo um pelo disperso, me inclino em direção ao


espelho e o arranco com eficiência e um leve estremecimento.
Prefiro ser ferida por um rinoceronte do que arrancar alguns
pelos das minhas sobrancelhas, mas uma princesa deve fazer
o que precisa ser feito. A única razão pela qual estou fazendo
isso agora, é para não ter que me envolver nessa conversa
retórica com Netty.

— Eu não quero usar o vestido coral, — eu ordeno,


jogando a pinça para baixo. — Tire o macacão listrado azul
marinho e branco...

— Mas isso não é elegante o suficiente, — ela insiste.

Eu ignoro seu protesto. — O macacão azul-marinho e


branco, — eu corto enquanto me levanto da penteadeira. — E
minhas decisões não devem ser questionadas.

É uma resposta brusca e fria e, sinceramente, ela não


merece. Netty me encara com as bochechas rosadas e balança
a cabeça. — Claro, Alteza.

Eu cerro os dentes. Netty me conhece desde a troca da


minha primeira fralda. Ela raramente se dirige a mim tão
formalmente, apenas quando a lembro da minha posição, o
que não é o que faço. Mas estou estressada com este chá hoje
com os Delmonde e a pressão para eu seguir um caminho que
não quero.

Deixando de lado qualquer simpatia por Netty, viro as


costas para ela. — Isso será tudo por hoje. Não quero ser
incomodada até a hora de me preparar para o chá.

— Devo enviar seu café da manhã ou mando...

— Não, obrigada, — eu digo rapidamente, mas com


firmeza para desencorajar novas solicitações. — Sabe onde
fica a saída, Netty.

Eu me mantenho firme contra a dor em seu rosto. Netty


tem sido minha acompanhante de uma forma ou de outra.
desde que eu era bebê. No começo, era para ajudar minha
mãe no que fosse necessário — uma babá residente, por
assim dizer. À medida que eu crescia, me escoltava para a
escola, garantia que me alimentasse adequadamente e fizesse
minha lição de casa, já que meus pais viajavam muito como
parte de seus deveres reais.
Estou com quase vinte e cinco agora, e o trabalho de
Netty dentro do complexo da realeza é cuidar de mim. Isso
significa escolher minhas roupas, me certificar comer,
gerenciar meu calendário social e, geralmente, tagarelar
quando preciso.

Quando Netty sai e a porta se fecha, não perco tempo em


ir para a mesa de cabeceira, onde meu telefone estava
carregando durante a noite. Desbloqueio a tela e envio uma
mensagem rápida para Marius. Ainda estamos bem?
Olho pelas enormes janelas da sacada da minha suíte.
Da elevação mais alta de Bretaria — a principal ilha do nosso
reino — as águas do Mar de Coral me chamam. Azul-petróleo
místico, mais claro perto da costa, mas nunca escura ,
mesmo a cem metros da costa, devido a barreira de recifes
que cerca nossa terra. Só depois disso a água fica azul
profundo.

É janeiro, o auge do verão para na nossa ilha, que fica a


cerca de mil e quinhentos quilômetros de Brisbane, ou cerca
de duas horas de voo em um dos jatos de nossa família,
localizado em nosso aeroporto privado no extremo sul da ilha.

Bretaria não é apenas o nome do nosso reino — uma


cidade-estado soberana — mas também o nome da ilha
principal em que vivemos. São dezoito quilômetros quadrados,
o que não parece muito até você lembrar que Mônaco,
também uma cidade-estado soberana, tem apenas dois
quilômetros quadrados.
Embora, aqui não esteja a maior mina de rubi da nossa
família, a original fica no extremo norte da ilha e ainda
produz um grande número de pedras preciosas todos os anos.
Temos outras minas nas ilhas periféricas e visitei todas ao
longo da minha vida. É o legado da minha família, então é
claro, que estou intimamente familiarizada com as operações
— fui educada para isto desde que comecei a falar.

O clima em Bretaria é quase perfeito. Os meses no alto


verão vão de dezembro a fevereiro e são em torno de 26º,
nosso inverno a temperatura média é de 21°. Viver nesta ilha
significa que passar a maior parte de seus dias ao ar livre
para aproveitar a brisa quente e o céu ensolarado.

Meu telefone toca e sorrio quando vejo a resposta de


Marius. Já esperando por você. Traga o café da manhã.

Com o coração cheio de alegria, mando uma mensagem


de volta dizendo que estarei lá em vinte minutos e corro para
o meu camarim para encontrar o que preciso.

Cinco minutos depois, dentes e cabelos escovados, um


maiô por baixo de uma camiseta e shorts jeans, ando
furtivamente pelo palácio.

Não sei porque três pessoas precisam de quase vinte mil


metros quadrados para viver, mas nossa monstruosa casa
surgiu de nada menos do que do ego de nossos ancestrais,
que surgiram na riqueza de nossas minas de rubi. Embora,
Bretaria estivesse originalmente sob domínio britânico, nosso
palácio imita a arquitetura neoclássica francesa. É grandioso
e luxuoso – alguns diriam ostensivo.
Mas eu amo a fachada de tijolos brancos e pedra
lapidada, colunas de mármore branco e varandas de ferro
forjado dourado que pontilham o exterior de todos os quatro
andares. Os quadrados de mármore preto e branco do pátio
interno parecem um enorme tabuleiro de xadrez e, dado o
clima semitropical, todos os cômodos, sacadas, alpendres e
pátios estão repletos de plantas verdejantes que florescem o
ano todo e perfumam o ar.

É a minha casa e é mágica. Também é sufocante, e não é


apenas por causa do enorme muro de pedra de seis metros
que circunda os limites externos da propriedade do palácio. O
muro foi originalmente erguido para proteger a mina do norte
de piratas e saqueadores, mas à medida que a riqueza da
família e a notoriedade associada tornaram-se conhecimento
global, o muro continuou a circundar todo a propriedade do
palácio. Cada um dos membros da minha família é um alvo
de alto nível. Eu, minha mãe e meu pai.
Existem empresas que fornecem proteção contra
sequestro e resgate para os mais ricos e aqueles que viajam
para territórios perigosos. No entanto, muitas vezes nossa
família é ridicularizada por não termos proteção . Nenhuma
companhia de seguros estaria disposta a assumir o risco de
pagar um resgate solicitado, se um de nós fosse sequestrado
com sucesso.

Em vez disso, meu pai pegou nossa vasta fortuna —


multibilionária e em rápido crescimento — e a investiu em
uma força de segurança de elite no palácio, para nos proteger.
Tudo isso significa que ... tenho que ter cuidado ao fazer
meu caminho até Marius. Eu tenho que me esconder nas
sombras e atravessar salas com várias entradas. Faço uma
parada rápida na cozinha e pego alguns muffins de cranberry
frescos, embrulhando-os em um guardanapo de linho e
enfiando-os na minha mochila.

Em seguida, sigo rapidamente para os quartos dos


empregados, no lado leste do palácio no porão. É uma área de
cerca de dois mil metros quadrados e oferece quartos
pequenos, mas luxuosos, para os funcionários de alto
escalão. Isso inclui Netty; Armand, nosso administrador que
se reporta diretamente à minha mãe; a governanta-chefe
Mary; o chefe de terra principal, Jules; e o chefe da força de
segurança, Dmitri, que me intimida sem nem tentar. Ele é
uma figura imponente, muito alto e de peito largo. Ele
provavelmente está na casa dos cinquenta e pode ser
incrivelmente austero. Há um boato de que ele é,
supostamente, ex-KGB que foi a principal organização de
agentes secretos da antiga União Soviética . Por um lado, é
isso que me intimida, mas por outro, ele é a pessoa mais leal
e confiável de meu pai dentro de todo o palácio, e me sinto
segura com ele aqui.
De qualquer forma, cada um desses membros da equipe
está cuidando de seus deveres e gerenciando a enorme
quantidade de pessoas necessárias para administrar o
palácio. Como tal, seus aposentos estão vazios. É um curto
trajeto pelo salão comum até a porta traseira que leva a um
pequeno estacionamento para os veículos domésticos,
disponível caso um deles queira dirigir para a cidade para
algum fim.

As aves marinhas me chamam quando chego ao


pavimento pedregoso e coloco minha mochila no ombro.
Passo entre dois carros para uma saída onde há uma
pequena cerca com um portão de ferro e uma escada de pedra
íngreme que serpenteia pela colina.

Na parte inferior está o muro de pedra que circunda o


palácio. Uma porta de aço é colocada na parede grossa com
um código de chave eletrônica. Dá direto para a costa rochosa
abaixo, onde outro caminho corta para o sul até um pequeno
porto protegido com um cais e barcos.

Várias portas de aço ficam ao longo do perímetro da


parede e todas têm códigos de chave diferentes. Esses códigos
são mantidos em segredo — apenas eu e meus pais, assim
como o chefe de segurança, temos acesso a eles.

Olho por cima do ombro para a escada de pedra cravada


na encosta da colina e procuro o estacionamento que faz
fronteira com a entrada dos funcionários. Eu não sei porque
olho. Nenhuma pessoa me viu sair e, se tivessem, estariam
chamando meu nome para parar. Mas ninguém está
procurando por mim. Supõe-se que estou na minha suíte.
Também supõe-se, que sou uma mulher obediente e prudente
que entende que não devo estar desacompanhada do lado de
fora dos muros do complexo, e ninguém jamais me acharia
ousada o suficiente para fazê-lo.
Ainda assim, há um certo alívio por ter chegado tão longe
sem nenhum contratempo, e não hesito em passar pela porta
para o lado de fora.

Em vez de pegar o caminho que corta à direita e leva ao


cais, viro à esquerda e percorro pela trilha cercada por grama
alta. Ele eventualmente leva a um penhasco baixo com vista
para o Mar de Coral, e é lá que encontro Marius esperando
por mim.

Um metro e oitenta e cinco de pele dourada e músculos


ondulantes, cabelos castanhos bronzeados pelo sol e olhos
verdes alegres, Marius Lafayette é um presente de Deus para
as mulheres, e ele sabe disso. Sempre que estamos fora de
casa — nas raras ocasiões em que saio — as mulheres
realmente tropeçam nos próprios pés olhando para ele. Ele
percebe isso também, e só aumenta sua arrogância .

— Já estava na hora, — ele resmunga enquanto me


aproximo. Ele está vestindo um par de shorts e uma regata
branca. Seu cabelo está despenteado e claro, que ele saiu da
cama sem passar uma escova nele.

Deslizo minha mochila do ombro, alcanço os muffins


enrolados em linho e os entrego para ele. Ele luta para pegar
a comida já que os muffins vêm de graça, mas além de
ridiculamente lindo, ele é incrivelmente atlético e gracioso.
Como um malabarista administrando quatro bolas, ele as
controla, pegando dois muffins em cada mão.

Abro caminho pelo espesso tapete de grama verdejante,


que corre até a beira do penhasco. Eu pego um dos muffins
de sua mão e me jogo. Marius segue o exemplo e esticamos as
pernas em direção ao mar.

Está quieto — exceto pelas aves marinhas e as ondas


quebrando na base do penhasco — e comemos em silêncio
enquanto absorvemos tudo. Esta não é a primeira vez que nos
encontramos aqui, e não será a última. Marius e eu temos
escapado por anos para nos encontrarmos.

Quando terminamos nosso café da manhã, eu me inclino


e bato meu ombro contra o dele. — Faça-me um favor e venha
para o chá da tarde?

Sua cabeça vira na minha direção, suas sobrancelhas


desenhadas arqueadas e reticência em seu tom. — Por que?

— Porque mamãe está tentando me arrumar com Boyce


Delmonde, e ele e sua mãe estão vindo para o chá, —
murmuro enquanto limpo as migalhas da ponta dos dedos.
Aquele muffin desceu rápido demais.

— O que ganho com isso? — ele fala arrastado,


expressão séria, pronto para negociar.

Suspiro e me deito na grama, colocando as mãos atrás


da cabeça para olhar para o céu azul imaculado. — Nada. Sua
família é super rica. Não há nada que eu possa dar que você
já não tenha.

— Verdade. — Ele ri e se reclina ao meu lado. — Mas


suponho que eu poderia fazer um favor e comparecer. Eu vou
até beijar você na frente deles. Isso deve fazê-los correr.
Dou uma risadinha ao lembrá-lo: — E isso só colocaria
você no radar dos meus pais novamente. Além disso... eu
beijei você uma vez, e não senti nada.

— Ai, — ele murmura.

Mas é verdade. Marius e eu somos amigos desde os oito


anos, quando os pais dele se mudaram para a ilha. Bretaria
já havia começado a se tornar uma conhecida meca das
finanças, em virtude da espessa camada de rubis da ilha.
Muitos bancos se mudaram para cá, devido a não cobrança
de impostos e regulamentos, e junto com isso veio a família de
Marius, os Lafayette. Seu pai era um consultor financeiro de
sucesso em Paris, sua mãe a herdeira de uma linha de alta
costura. Eles não estão na faixa de bilhões de dólares como os
Winterbourne estão, mas estão na casa dos multimilionários,
fazendo de Marius um candidato adequado — aos olhos dos
meus pais — para eu me casar e produzir lindos bebês reais.

O único problema é que Marius e eu somos apenas


amigos. Não melhores amigos, mas amigos mesmo assim.
Quando você é da realeza, suas opções são limitadas e a
família Lafayette se tornou uma boa amiga da minha. Assim,
Marius e eu nos tornamos bons amigos, pois essencialmente
crescemos juntos.

Quando tínhamos quinze anos, tentamos nos beijar e


descobrimos que nenhum de nós havia gostado. No começo,
Marius pensou que eu era gay, já que eu não gostava de
beijá-lo — como o idiota presunçoso que é, — mas
percebemos que foi porque éramos amigos, quase como irmão
e irmã, e parecia estranho sermos outra coisa que não isso.

De qualquer forma, o amor romântico não está nas


estrelas para nós, mas uma amizade duradoura certamente
está. Quase convencemos nossos pais a nos deixar em paz e
pararem de dar dicas, não tão sutis, sobre um relacionamento
romântico, mas Deus... se Marius me beijar hoje no chá para
mandar Boyce Delmonde fazer as malas, então estaria bem.
— Falando em beijo, — eu digo, mudando de assunto, —
como foi seu encontro com seja qual o nome dela?

— Você quer dizer Emelia? — ele pergunta, carinho em


seu tom.

— Acho que sim, — eu respondo com incerteza. Ele me


disse que tinha feito uma conexão no trabalho e iriam jantar.

— O jantar foi ótimo, — ele responde, e não preciso tirar


os olhos do céu para ouvir a malícia em sua voz. — Não dei
beijo de boa noite, mas transei com ela no escritório no dia
seguinte.

Minha cabeça vira para a esquerda, e me inclino para


olhar para ele, horrorizada. — Você é louco? Você não pode
fazer sexo com pessoas no escritório do seu pai. Isso é como...
pouco profissional ou algo assim.

— Ela estava implorando por isso, — ele responde


presunçosamente, sem sequer olhar na minha direção. — E,
além disso, é o meu escritório também.
Isso é verdade. Enquanto, formei-me em uma
universidade na Suíça tendo um diploma em ciências
humanas — totalmente inútil para minha trajetória, mas algo
que achei incrivelmente gratificante — Marius seguiu os
passos de seu pai e se formou em economia, obtendo seu
MBA logo em seguida. Ele ingressou na empresa do pai como
sócio após receber seu mestrado.

— Você é nojento, — eu digo.

— Você está com ciúmes, — ele provoca.

E ele não está muito longe da verdade. Desde que me


formei, estive praticamente isolada aqui em Bretaria. Não
estou desempregada, de forma alguma — tenho trabalhado
com meu pai para aprender o negócio da família em
mineração — mas, mais importante, estou aprendendo a
assumir o papel de soberana, pois esse evento é inevitável.

Na faculdade, consegui abrir minhas asas. Foi meu


primeiro e verdadeiro gosto de liberdade e, embora eu sempre
tivesse seguranças, eram discretos e se misturavam ao fundo.
Isso permitiu-me ser uma universitária que pode beber,
fumar maconha e ter relações sem sentido, embora
francamente, com certeza, as pessoas designadas para me
proteger sabiam que eu fazia todas essas coisas.
Mas eles não teriam me parado. Meus pais queriam que
eu sentisse o prazer da universidade e tudo o que vinha com
ela. Minha equipe de segurança era apenas para me manter a
salva de possíveis sequestradores e coisas do gênero.
Agora,esses dias são apenas uma boa lembrança, e sim...
Estou totalmente com inveja de Marius poder viver sua vida
do jeito que quer.

E porque não quero entrar na minha lamentável falta de


vida sexual desde que voltei para casa há três anos, me
levanto da grama. — Vamos mergulhar.
É para isso que viemos aqui, então tiro minhas roupas,
ficando apenas em um maiô preto modesto e funcional. Se eu
estivesse tomando banho de sol na praia ou em uma das
nossas três piscinas do palácio, estaria de biquíni, mas
mergulhar do penhasco exige roupas que realmente
permaneçam quando eu cair na água.

Marius vem também e puxa sua regata sobre a cabeça,


jogando-a em cima das minhas roupas.

— O último é um ovo podre, — ele desafia, mas


educadamente espera enquanto enrolo meu longo cabelo loiro
com um elástico de cabelo.
Olho para as águas calmas e um arrepio percorre minha
coluna. Embora, a água esteja clara como cristal, a queda de
dez metros é um pouco angustiante. Não é considerado um
grande penhasco, mas a altura é vertiginosa para a maioria
das pessoas. Marius e eu mergulhamos secretamente nas
águas mornas desse penhasco desde os quatorze anos, e
ninguém sabe.

— Vamos fazer isso, — digo, e antes que Marius possa


entender o que estou fazendo, dou-lhe um forte empurrão. Ele
cambaleia para trás cerca de meio metro, o que me dá então
essa mesma vantagem.

Dou um longo passo em direção ao penhasco, sabendo


que só preciso de outros quatro para chegar à borda. Antes
que meu pé possa deixar a grama para o segundo passo, uma
voz rosna: — Pare, Alteza.

Meu sangue gela nas veias quando reconheço o sotaque


russo.

O chefe de segurança do meu pai, Dmitri Lebedev.

Eu lentamente viro minha cabeça para encontrá-lo


parado a cinco metros de distância, e ele está chateado.
Depois de todo esse tempo fugindo e mergulhando do
penhasco com Marius, e essencialmente assumindo o controle
da minha vida, fui pega.

A mulher em mim — aquela que odeia ser controlada e


não tem o poder sobre o que quer fazer ou dizer – se rebela
contra seu comando, e me aproximo da beira do penhasco. Os
olhos azul-gelo de Dmitri brilham com a fúria que eu ousaria
desobedecê-lo.

É uma expressão bastante assustadora. Até Marius sente


as vibrações perigosas porque ele murmura em voz baixa: —
Não faça isso, Cami.

Ele me conhece bem. Ele sabe que há noventa e cinco


por cento de certeza de que vou dar o mergulho do penhasco.
Quero dizer, eu já fui pega. Minhas aventuras estão chegando
ao fim, serei submetida a um escrutínio pesado e as senhas
das portas de aço serão alteradas e não terei acesso a elas.

Foda-se. Poderia muito bem dar um último mergulho.


Eu me viro para o penhasco e para as águas cintilantes,
e me preparo para uma corrida louca. Ele não pode me pegar
a tempo. Mas antes mesmo de eu levantar o pé novamente,
Dmitri diz em um tom mortalmente calmo e estridente: — Dê
um passo, e vou atirar nele.

Muito lentamente, olho por cima do ombro e vejo que


Dmitri tem sua arma em mãos e apontada diretamente para
Marius.

Por uma fração de segundo fico apavorada que ele


realmente atire no meu amigo para me impedir de pular.
Dmitri não tem ideia de que já fiz isso centenas de vezes, e ele
é um pouco louco para começar. Ele não tem limites ao
manter a proteção da família Winterbourne, então ele poderia
muito bem colocar uma bala na perna de Marius só para me
deter.
Mas não... ele não vai. Nunca. Estou certa disso.

Independente disso, o choque de adrenalina que quase


me impulsiona apesar das consequências, faz minha coluna
ficar tensa. Com um suspiro, me afasto da meu pulo
aventureiro e volto para minhas roupas.

Marius me dá um sorriso triste, sabendo que essa


pequena travessura que compartilhamos ao longo dos anos
acabou. Ele não faz menção de colocar a regata, mas tenho
certeza de que vai dar um mergulho depois que eu sair.

Coloco meu short e camiseta, enfio os pés nas sandálias


e me viro para Dmitri. Sua arma está novamente no coldre, e
ele faz um movimento rápido em direção ao caminho que nos
levará de volta ao portão. Ele não se incomoda em olhar para
Marius, apenas inclina a cabeça para que eu o preceda.
Eu faço isso e não olho para trás para o meu amigo. Eu
sei que será muito doloroso dar uma última olhada na
liberdade que acabei de perder para sempre.

É com uma atitude irritada que nos conduzo de volta à


porta de aço. Eu me afasto e faço Dmitri digitar o código. Com
os braços cruzados sobre o peito, exijo irritada: — Como você
sabia que eu estava aqui fora?

— Eu fui procurá-la e você não estava em sua suíte como


disse a Netty que estaria. Fiz uma simples verificação das
câmeras de segurança e encontrei você.
Atravessamos a porta, entramos no palácio pelos
aposentos dos criados e presumo que ele vá me escoltar até o
escritório de meu pai, onde posso enfrentar sua ira, ou até
minha suíte.

Ele não faz nenhum dos dois, em vez disso, virando por
um corredor que leva aos escritórios de segurança.

— Onde estamos indo? — Eu pergunto desconfiada.


— Há algumas pessoas que você precisa conhecer, — ele
responde secamente, sem se preocupar em diminuir o ritmo
ou olhar por cima do ombro para mim.

— Quem? — Eu exijo.

— Os membros da agência de segurança que seu pai


contratou para acompanhá-la a Londres para o casamento, e
depois em sua viagem aos Estados Unidos.

Eu paro no meio do caminho, atordoada com sua


revelação. — Mas por que? Presumi que você estaria
liderando com nossos próprios homens.

Seu tom é cortante. — Alguns de nossos homens estarão


envolvidos, mas não posso acompanhá-la, então seu pai
achou melhor esta empresa americana nos ajudar.
— O que você quer dizer com não pode me acompanhar?
— Eu pergunto, lutando para alcançá-lo. — Você é o chefe da
nossa segurança. É o seu trabalho.

— Não é meu único trabalho, — ele murmura aborrecido,


quando chega a uma porta fechada que leva a uma sala de
conferências.

— Pare, — eu ordeno imperiosamente, e para minha


surpresa, Dmitri me encara. Em meu tom mais altivo,
declaro: — Sou a princesa Camille da Casa Winterbourne. Eu
exijo que você olhe para mim quando estou falando com você.
Eu também exijo que você me dê todos os detalhes sobre o
que diabos está acontecendo. Você responde a mim tanto
quanto ao meu pai.
Os olhos de Dmitri piscam novamente, não com a raiva
como do lado de fora do penhasco, mas com diversão.

Ele me acha engraçada.

E é humilhante que eu não tenha o respeito que meu


título deveria me proporcionar.

Ele estende a mão e gira a maçaneta, abrindo a porta.


Ele estende a mão e diz: — Por que você não vê por si mesma?
Todas as respostas para suas perguntas esperam aí dentro.
CAPÍTULO 3
JACKSON
— JÁ VI PIORES lugares para se ter um lar, — comenta
Ladd enquanto fica diante de um par de portas francesas
abertas na sacada. A vista é do centro da cidade com o Mar
de Coral além. Embora Bretaria seja tão antiga quanto os
Estados Unidos, a riqueza que cobre a ilha faz com que todas
as construções estejam imaculadas, as estradas estão novas e
não há sinais óbvios de pobreza.

Do dossiê que li pelo menos dez vezes durante o longo


voo, fiquei sabendo que o rei Thomas usa sua riqueza ridícula
para cuidar de tudo. Não há impostos sobre as pessoas que
vivem aqui, mas, novamente, seu dinheiro não é necessário
para o estado soberano. Os cidadãos — que somam perto de
cem mil entre a ilha principal e nas demais na periferia das
minas — dividem-se em duas classes: classe média
trabalhadora e super-ricos.

A classe trabalhadora são os trabalham nas minas, para


a família real, ou aqueles que trabalham para manter a
própria cidade-estado. Eles recebem um salário mínimo
quatro vezes maior que o salário mínimo do país mais
próximo, a Austrália, e o valor aumenta dependendo da
habilidade e experiência profissional.

Pequenas empresas privadas, incluindo padarias,


restaurantes e lojas de varejo, operam em plena capacidade
todas as épocas do ano. Entre o sucesso dos negócios
privados e uma força de trabalho bem remunerada,
praticamente não há pobreza, favelas e falta de educação. O
rei Thomas ainda oferece ensino particular para todas as
crianças da ilha. Se você tiver a sorte de ter cidadania, nunca
mais vai querer sair. Na verdade, a classe trabalhadora é a
classe média e o conceito de classe baixa não tem sustentação
na Bretaria.

A outra parte da cidadania é o super rico. Os que


trabalham em finanças, banqueiros mudaram-se para cá nos
últimos cem anos, a riqueza das minas de rubi atraindo-os
como um farol. Outros que vieram incluem herdeiras e os que
queriam uma casa de férias em uma bela ilha com clima
quase perfeito o ano todo. Com essas pessoas veio a
construção de grandes casas e mansões, restaurantes de
luxo, lojas de alta costura e carros luxuosos. É mais provável
você ver um Lamborghini percorrendo as ruas estreitas de
paralelepípedos do que uma motocicleta, um meio popular de
viajar na ilha.

Sim, eu aprendi muito sobre esta interessante cidade-


estado e passei a respeitar o rei Thomas, que fornece riqueza
ao seu povo. Enquanto é generoso, quase que por culpa, com
seu dinheiro, ele também é frívolo. Ele é espalhafatoso e gasta
em coisas ridículas. Não é segredo para o mundo que ele é tão
rico que poderia pagar um sequestrador todo mês e ainda
assim não diminuir os juros que ganha no mesmo período.

Isso faz dele, e de todos os membros de sua família, um


alvo de alto nível, e por isso estou sentado na sala de
segurança do Palácio real em Bretaria.

Chegamos cedo esta manhã e nos encontramos com


Dmitri Lebedev, o chefe da segurança do palácio. Na verdade,
não é apenas do palácio que ele é encarregado, mas também
do rei, rainha e princesa.

Não consigo ler bem o cara. Tem idade suficiente para


ser meu pai, mas eu não gostaria de me meter com ele. Ele é
reservado e desconfiado, mas diabos, eu também sou quando
se trata de proteção. Kynan disse que ele é um ex-KGB,
embora você não encontre isso em nenhum registro público
ou currículo. Essas informações vêm diretamente do nosso
governo, pois examinamos todos os nossos clientes tão
minuciosamente quanto eles deveriam nos examinar.

Não tenho escrúpulos com seu lado comunista anterior,


nem com o quão desonesta e corrupta a KGB era. Eu acho
que se você vai proteger uma família como os Winterbournes,
você tem que ser tão implacável quanto possível.

Além de Ladd, dois outros companheiros da Jameson


comparecem à reunião, Cruce Britton e Dozer Burney.

Cruce será mais um consultor quando começarmos. Sua


experiência no Serviço Secreto significa que ele tem como
identificar e descobrir lugares com antecedência e elaborar
planos de proteção. Ele está basicamente aqui para verificar a
agenda final da viagem da princesa nos EUA, revisar o plano
original que elaboramos há algumas semanas, com base na
agenda dela proposta e compartilhada conosco, voltando para
os Estados Unidos para finalizar os planos com base no
roteiro que ele coordenou.

Dozer não é um agente de campo da empresa, mas sim


nosso gênio residente que Kynan roubou da NASA. Ele tem
um corpo de um linebacker, mas seu cérebro é maior que
seus músculos. Ele atualmente ajuda a administrar a divisão
de Pesquisa e Desenvolvimento da Jameson, junto com nossa
ex-hacker, Bebe Grimshaw, e estão desenvolvendo umas
merdas bizarras.
Eles conseguiram desenvolver uma inteligência artificial
que chamaram de BOB sem nenhum motivo específico. O
BOB pode prever resultados com base nas informações
inseridas no programa. Atualmente, usamos BOB e Dozer
para nos ajudar a planejar e realizar missões construindo
hipóteses com base nas informações fornecidas. A BOB
oferece soluções e resultados potenciais para que possamos
tomar decisões bem informadas.

Merda super louca.

Dozer está atualmente trabalhando em seu laptop,


brincos de diamante brilhando em suas orelhas.
Provavelmente se comunicando com BOB.

— Você tem que admitir, — diz Cruce enquanto se


recosta na cadeira de couro — este não é um trabalho de má
qualidade.

Eu não respondo. O trabalho dele não é o mesmo que o


meu. Ele vai ajudar Ladd e Dozer a resolver a logística e
gerenciar o suporte de perímetro junto com vários outros
agentes que irão se alternar. Ele não ficará preso como babá,
mas tanto faz.

Eu posso lidar.
— Seu ativo não é difícil de olhar, — continua Cruce,
seus olhos vindo direto para mim, e eles estão acesos com
malícia e provocação.

Eu dou de ombros, mas permaneço em silêncio. Não vou


dar assunto porque além do dossiê muito preciso e completo
que li, que trazia muitas informações sobre Camille
Winterbourne, pesquisei a princesa no Google.

Havia uma infinidade de fotos feitas por paparazzi dela


em biquínis, bebendo bebidas extravagantes a bordo de iates
e uma infinidade de fotos no tapete vermelho em vestidos de
alta costura. Em cada foto, ela está sorrindo perfeitamente.
Ela emite um ar de superioridade — talvez seja a elevação do
queixo, talvez meu próprio preconceito, mas não importa o
quão linda seja, ela ainda é uma princesa e sem controle na
vida real.

Pelo menos essa é a teoria predominante que estou me


baseando. Estou disposto a manter a mente aberta, no
entanto.

— Pare, — diz uma voz feminina do lado de fora da porta


que Dmitri saiu para buscar a princesa ,mais de meia hora
atrás. Ladd se vira da sacada, sobrancelhas levantadas ao
comando daquela palavra.
— Eu sou a princesa Camille da Casa Winterbourne. Eu
exijo que você olhe para mim quando estou falando com você.

Seu sotaque é lindo… um tom inglês levemente seco que


foi transmitido ao longo de centenas de anos desde quando
Bretaria pertencia à coroa britânica.
O olhar de Ladd encontra o meu, um sorriso malicioso
no rosto enquanto ele balança a cabeça. Ele sabe que eu não
estou louco para cuidar de uma princesa.

A cabeça de Dozer aparece quando ela continua. — Eu


também exijo que você me dê todos os detalhes sobre o que
diabos está acontecendo. Você responde a mim tanto quanto
ao meu pai.

— Oh cara, — Cruce murmura com uma risada,


sentando reto em sua cadeira. — Ela soa como uma arma.
Como uma pirralha mimada.

Dmitri responde a ela, mas sua voz está muito baixa –


muito calma — e não consigo ouvir exatamente o que ele diz.
Mas em apenas um momento, a maçaneta gira e a porta se
abre. Eu vejo Dmitri, e então minha visão é preenchida com
Camille Winterbourne quando ela passa pela porta.

Meu estômago aperta, não em reação à sua beleza


extrema, que, para ser honesto, é incomparável. Ela tem pele
dourada, cabelos descoloridos pelo sol e olhos azuis claros.
Seu rosto é requintado, seu corpo perfeitamente
proporcionado.
Mas não é isso que me faz dar uma segunda olhada.

É que ela está vestindo um short jeans desgastados, uma


camiseta velha e um par de sandálias indescritíveis. Seu
cabelo está em um coque com mechas soltas emoldurando
seu rosto, e sem um pingo de maquiagem.
Ela parece... normal.

Embora muito irritada.

Seus olhos azuis varrem a sala, passando por mim,


Cruce e Dozer, pousando em Ladd para ficar lá. — Eu
entendo que você faz parte da minha nova equipe de proteção
para as minhas próximas viagens aos Estados Unidos.

Não é surpresa que ela tenha se aproximado de Ladd. Ele


é o mais velho da nossa equipe — não que quarenta e um seja
velho — mas tenho certeza de que seu prematuro cabelo
grisalho faz com que ele pareça o primeiro no comando. Ele
vira com sua suposição e avança para cumprimentá-la
enquanto Cruce, Dozer e eu nos levantamos de nossas
cadeiras.

O dossiê nos informou sobre o protocolo real, incluindo


como devemos tratá-lo. Os Winterbournes não são tão formais
quanto outras famílias soberanas, então tudo o que é
necessário é uma leve reverência, na verdade mais um aceno
de cabeça, mas Ladd estende a mão para ela.

Ela pega sem hesitar quando ele diz: — Sou Ladd


McDermott da Jameson Force Security. Estarei ajudando a
liderar uma equipe de segurança de perímetro, na sua visita
aos Estados Unidos, junto com Cruce Britton e Dozer
Burney.

Quando anuncia seus nomes, ele inclina a cabeça para


eles e a princesa dá a cada um, um pequeno sorriso de
reconhecimento.

Ela então vira aqueles lindos olhos azuis na minha


direção. — E você é?

Eu não me curvo, nem ofereço minha mão. — Jackson


Gale. Serei seu guarda-costas pessoal durante a viagem.

Ela então dá um passo em minha direção e estende a


mão. Ela não me censura por não lhe mostrar o devido
respeito, e fico chocado com o fato quando nos
cumprimentamos. — Eu sou Camille.

É isso aí.

Apenas Camille.

Nada de princesa Camille. Nada de Sua Alteza Real, a


Princesa Camille da Casa Winterbourne, ou qualquer outro
título aristocrático que eles próprios se dão.

Ela solta minha mão e se vira para Dmitri, que entra na


sala e fecha a porta. — Ainda não entendo por que você não
pode comandar minha segurança. Você sempre fez isso em
todas as minhas viagens.

Dmitri é um filho da puta legal e não hesita em mentir


para a princesa. — Você nunca esteve nos Estados Unidos
antes, e o governo americano insiste em fornecer segurança
para sua viagem. Jameson cobrirá o casamento de seu primo
em Londres como um meio para avaliarmos seu trabalho.

A mentira é que o governo americano não está de forma


alguma insistindo em fornecer segurança. Nós fomos
oferecidos apenas como uma gentileza, o que foi aceito, mas
descobrimos hoje, a razão pela qual fomos tão alegremente
aceitos por Dmitri e aprovados pelo Rei Thomas, Camille não
tem o maior potencial de ameaça sobre ela.

O que Dmitri compartilhou conosco — e que fomos


proibidos de revelar à princesa — é que seu pai tem uma
ameaça de assassinato pairando sobre sua cabeça. Isso foi
captado não pelas forças de segurança bretarianas, mas sim
pela Interpol, que captou conversas sobre um plano se
formando para derrubar o rei.

Aparentemente, o status do trono real não é tão seguro


quanto se poderia supor. Quando a carta régia foi
promulgada em 1682, foi incluída uma cláusula que previa a
estabilidade caso um monarca morresse, antes que seu
herdeiro fosse suficientemente adulto para assumir os
deveres, não apenas do trono, mas, mais importante, das
minas de rubi. Especificamente, a carta decreta que, se o rei
ou rainha governante falecer, antes de seu herdeiro atingir a
idade de vinte e cinco anos, este não está qualificado para
assumir a monarquia. Em vez disso, o título passará para o
próximo na linha de sucessão.

Neste caso, trata-se de um dos primos do rei, que vive


em Bruxelas, embora ele ainda não pareça estar
explicitamente implicado na trama. Em vez disso, a Interpol
captou conversas vagas — assassinato de um monarca para
interromper a sucessão ao trono.

Da lista atual de reis, rainhas, imperadores e herdeiros


existentes, foi facilmente reduzido que a família Winterbourne
era o alvo mais provável da trama. Camille fará vinte e cinco
em quatro semanas e meia. Se seu pai morrer antes disso, o
primo em Bruxelas poderia fazer uma jogada para o trono
porque aos 25 anos Camille será formalmente nomeada como
a herdeira. Não é garantido que o nome do primo prevalecesse
e seria disputado nos tribunais bretarianos, mas tirar Camille
da sucessão abriria um caminho muito claro para o primo.

Era tudo um jogo de dados, a família nunca foi


mencionada pelo nome, mas foi ameaça suficiente para que
Dmitri sentisse ser imperativo não sair do lado do rei por
qualquer motivo. Ele nos disse que a solução seria cancelar a
viagem de Camille e mantê-la na ilha até o aniversário dela.
Mas Thomas é um homem gentil que ama sua filha e não
queria mais do que já estava sendo feito. Ela planeja essa
viagem aos EUA há mais de um ano.

Considerando todos os fatores, foi decidido que Camille


poderia fazer sua viagem e que Dmitri se concentraria na
maior ameaça à vida do rei.

Depois que Dmitri nos contou toda a história, me senti


compelido a apontar: — Camille poderia ser um alvo tão
facilmente quanto seu pai.
— Verdade, — Dmitri concordou com aquele denso som
de “r” da sua língua russa. — Mas é por isso que temos você
envolvido — para proteger Camille.

— Assassinato é muito diferente de sequestro, —


acrescentou Cruce. — Você tem que se aproximar para
sequestrar alguém, mas você pode matar alguém a mil metros
com um rifle de alta potência.
Dmitri deu um aceno sonoro. — Também verdade. Mas,
novamente, é por isso que contratamos vocês. Sr. Britton,
você era do Serviço Secreto. Você conseguiu proteger seu
presidente de ser morto. Espero o mesmo da princesa
Camille.

— Sim, — disse Cruce com um sorriso irônico. — Nossos


recursos foram muito maiores em proteger o presidente.

— E você também terá todos os recursos que precisar, —


Dmitri respondeu. — O rei Thomas autorizou um fundo
ilimitado para a segurança da viagem de sua filha .

— Você parece muito confiante em nossas habilidades,


— eu digo, meus olhos se estreitando nele. — Se esse é o
caso, por que estamos aqui para sermos testados primeiro?

Dmitri riu baixo, seus olhos brilhando com desconfiança.


— O rei Thomas está confiante em suas habilidades. Seu
governo falou muito bem de vocês. Eu, por outro lado, me
reservo o julgamento.

Sim… esse cara era um pedaço de trabalho. Ele estava


desconfiado e mentiu à queima-roupa para a princesa que
seu pai poderia estar em perigo, mas você tem que dar pontos
por ser absolutamente leal ao seu empregador, realizando seu
desejo de contratar nossos serviços.

Sou sacudido de minhas memórias quando Camille dá


um suspiro pesado. — Ainda não entendo por que você não
vai se envolver, Dmitri. Há algo que você não está me
contando.

Ela é esperta. Mas só porque tem instintos aguçados não


significa que ela não será um pé no saco para proteger.

— Está sendo informada de tudo o que você precisa


saber, — Dmitri responde friamente, se um ex-oficial da KGB
dissesse isso a uma pessoa comum, ela poderia desmaiar de
medo.

Mas Camille estreita os olhos. — Veremos. Vou ter uma


conversa com papai, e ele vai me dizer o que diabos está
acontecendo.

— Por todos os meios, — Dmitri diz com uma inclinação


de cabeça. E isso significa que o rei Thomas não tem intenção
de preocupar sua filha. Ele vai mentir para ela também.

Eu odeio que isso me faça sentir mal por meu trabalho.


Enquanto vejo um pouco da arrogância que esperava da
realeza, assisto também mais preocupação com alguém além
de si mesma. Eu odeio o fato porque significa que eu poderia
tê-la julgado mal.

Não que eu vá me culpar por isso — ainda temos muito


tempo pela frente. A impressão inicial até agora foi boa, mas
foi um período de menos de cinco minutos. Realmente não
pode-se avaliar ainda.

Sem uma palavra de despedida, ela dá meia-volta e


marcha para a porta, aparentemente com a intenção de
aceitar o desafio de Dmitri de ir até seu pai.
Quando a mão dela toca a maçaneta, ele diz: — Hoje à
noite, o Sr. Gale irá acompanhá-la ao baile de gala da Enovia.

A cabeça de Camille gira em direção a Dmitri. — Já


tenho acompanhante. Marius estará esperando para me
pegar...

— Encontro você lá, — Dmitri interrompe. — Senhor


Gale vai levar você.
Dmitri a interrompe novamente. — Marius foi informado
para encontrá-la lá. A partir desta noite, o Sr. Gale será seu
guarda-costas pessoal.

— Eu não preciso de um guarda-costas pessoal aqui, —


ela retruca, os olhos azuis escurecendo para o que imagino
que o oceano profundo seria.

— Mas não estou em perigo nesta ilha, — ela insiste. —


E Marius está esperando escolher...
Dmitri ergue uma sobrancelha para ela. — Ao contrário
do fato de você ter saído dos muros do palácio sem permissão
ou proteção e ir mergulhar de um penhasco no mar.

Meu corpo estremece com essa revelação, e vejo que


Ladd, Cruce e Dozer estão todos tão chocados quanto eu.
Ela é uma rebelde.

Uma má garota.
Um espírito aventureiro.

Cristo, meu trabalho ficou infinitamente mais difícil.

E, reconhecidamente, mais interessante. Nunca em um


milhão de anos imaginei a princesa mergulhando de um
penhasco.

— Tanto faz, — Camille rosna para Dmitri e abre a porta.


Ela sai e bate atrás dela. Aí está o espetáculo que eu
esperava.

Dmitri olha para cada um de nós antes de dar um


pequeno aceno de cabeça. — Vou deixar que vocês,
cavalheiros, continuem seus planos. Podemos nos encontrar
novamente amanhã.

Após a saída de Dmitri, nós nos acomodamos em nossas


cadeiras. Ladd permanece de pé, os braços cruzados sobre o
peito. — Isso foi interessante, — diz ele.
Dozer se inclina sobre o computador, digitando
furiosamente. O estalar de seu teclado faz com que todos nós
o observemos. Sua cabeça aparece e ele sorri para mim sobre
a tela do laptop, os olhos brilhando. — Acabei de colocar
essas informações no BOB, e ele informa que você terá muito
trabalho com essa mulher.

Eu olho para ele, mas Ladd, Cruce e Dozer riem às


minhas custas.
CAPÍTULO 4
CAMILLE
— POR QUE VOCÊ ESTÁ tão mal-humorada ? — Marius
pergunta ao meu lado.

Fiel à palavra de Dmitri, Marius estava esperando do


lado de fora do anfiteatro1 Enovia, que estava hospedando o
evento de arrecadação de fundos de minha mãe. Estamos
aqui para defender sua causa pela reforma da educação em
países desprivilegiados. Atualmente, ela está trabalhando em
um projeto para desenvolver uma escola que permitiria que
mais de mil crianças de classe média e baixa frequentassem
gratuitamente, juntamente com ajuda de alimentação para
famílias inteiras, no Haiti.
Jackson Gale nos levou em um dos Bentleys do meu pai,
e fiquei grata por ele não ter tentado conversa fiada. Na
verdade, ele não tentou nenhuma conversa. Nem mesmo
ofereceu uma — boa noite, Alteza — quando o encontrei na
garagem do lado leste.

Ele foi educado o suficiente para abrir a porta do carro e


se certificou de que puxei todo o comprimento do meu vestido
prateado, mas ficou em silêncio na viagem de dez minutos até
o anfiteatro. Marius nos viu chegar e desceu correndo os
degraus para abrir minha porta, antes que o Sr. Gale pudesse
sair do lado do motorista.
O que era bom para mim. Eu pretendia ignorar o homem
a noite toda porque, francamente, ele não valia minha
atenção.

Mesmo se valesse a minha atenção — o que,


honestamente, tudo bem... ele é super gostoso — eu não
estava no estado de espírito para fazer o esforço. Minha mente
está preocupada com outras coisas.

— Meu pai está escondendo algo de mim, — digo a


Marius, enquanto meus olhos varrem o local ao ar livre. O
nível inferior de cadeiras que compõem a base do teatro foi
limpo e mesas foram montadas para as pessoas se sentarem,
caso não queiram ficar de pé e se misturar. Uma orquestra
toca e garçons correm pela multidão oferecendo canapés e
champanhe.

Escolhi algo mais forte, um gimlet com gelo, mas mal


tomei um gole. Em vez disso, olho através da multidão para
meu pai, em seu smoking e faixa real em seu peito. Ele não
usa outros adornos, sua coroa está trancada em um cofre
desde que assumiu o trono há quase trinta anos.

Minha mãe, Juliana Winterbourne, é uma visão ao lado


dele. Herdei seus cabelos loiros e olhos azuis, ela parece mais
minha irmã do que minha mãe. Ela é brasileira e meu pai a
conheceu durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1988 em
Seul. Ele estava lá para assistir, e ela estava lá para jogar
vôlei por seu país natal.
Enquanto é alta e ágil, o epítome da graça em uma
rainha aos cinquenta e dois anos, também é uma mulher
forte e poderosa. Ela malha religiosamente — assim como
meu pai, que é forte por si só — e joga em uma liga recreativa
local de vôlei, onde ela esmaga praticamente toda a
competição.

Ela deve sentir que estou olhando para ela, porque vira
seu lindo rosto na minha direção e me dá um sorriso. Seus
olhos cortam para Marius, o sorriso se torna astuto voltando
para mim.

Eu sorrio e balanço a cabeça para ela.

Não vá lá, mãe. Marius e eu somos apenas amigos.

E a mulher irritante sabe disso.

Deus, eu a amo, mas é seu dever como rainha ajudar


meu pai em sua busca para encontrar alguém adequado para
me casar e ter filhos. No fundo, ela sabe que vou esperar pelo
amor verdadeiro — o que quer que isso signifique e onde quer
que eu o encontre — em vez de ser forçada a algo.

É só que... minha mãe acha que é Marius, porque somos


amigos muito próximos. Ela acha que essa amizade vai
construir a relação em nossos corações .

Doce mulher.

Meus olhos cortam para meu pai, e sinto minha ira


aumentar. Quando exigi que ele me dissesse o que está
acontecendo, porque sei que está escondendo algo, ele me
tratou com condescendência. Me deu um tapinha na cabeça,
figurativamente, e me disse para não me preocupar com essas
coisas.

Eu queria chutá-lo, mas nunca faria porque o amo


demais.

— O que ele poderia estar escondendo? — Marius


pergunta divertidamente. — Ele tem a monarquia mais
monótona da história das monarquias. Não há intrigas
políticas ou escândalos na realeza. Seu negócio funciona tão
bem que um macaco poderia administrar as minas, e tem a
família perfeita, exceto por uma filha altamente desconfiada e
idiota.

Não há como parar meu cotovelo enquanto o jogo para o


lado e o atinjo nas costelas. Marius estava esperando por isso,
no entanto, virou-se um pouco, então apenas o acertei de
raspão.

Ele ri, deslizando um braço em volta da minha cintura e


me puxando para ele. Para a maioria, isso pareceria um gesto
romântico. Para ambos, é sua maneira de oferecer conforto.
Seu ombro é o onde eu mais chorei ao longo da minha vida, e
enquanto está me provocando, sabe o quanto estou chateada.
Contei a ele tudo o que aconteceu depois que Dmitri me levou
para dentro dos muros, incluindo a reunião com a equipe de
segurança americana. Disse-lhe que Dmitri e papai estão
escondendo algo, e sei que há uma razão importante para ele
não estar cuidando da minha segurança. Eu também disse-
lhe que meu pai se recusou a me dizer qualquer coisa e
ordenou que eu nunca mais saísse fora das paredes sem
segurança, e caso me pegasse fazendo isso, me trancaria no
meu quarto até que eu subisse ao trono.

Ele não iria, é claro, mas sei que tenho que esfriar a
cabeça. Se Marius e eu quisermos mergulhar do penhasco,
precisarei de permissão e medidas de segurança. Isso
obviamente anulará a espontaneidade da aventura que
Marius e eu realizamos juntos, sem mencionar nossa
privacidade para falar sobre os segredos que compartilhamos.
Principalmente sua vida sexual ativa e a minha
inexistente, mas ainda assim... é privado.

— Há algo errado, — eu digo com firmeza, embora ele


esteja certo — provavelmente somos a monarquia mais
monótona da história. — a questão sobre o governo
americano insistir na empresa Jameson para nos dar
proteção e por isso que Dmitri está ficando para trás não faz
sentido. Especialmente, porque meu pai e minha mãe
suspenderam todas as suas viagens enquanto estou na
minha. Eles estarão seguros no complexo, então por que
Dmitri não me acompanhará ?

— Por que você se importa? — Marius pergunta curioso.


— Você não suporta Dmitri. Não me diga que você realmente
quer que ele fique olhando para você pelas próximas
semanas.

— Isso não vem ao caso, — eu estalo. — Há algo suspeito


sobre ele não viajar.
Eu pondero sobre isso, novamente examinando o local.
Eu aceno e sorrio para aqueles com quem faço contato visual.
Eu passo por Jackson Gale percebendo que ele está em uma
mesa a três metros de mim e Marius. Ele está de smoking, e
devo dizer que o veste bem. Como ele não deve parecer um
segurança, tem um copo na mão, mas tenho certeza de que
não há bebida nele. Ele parece pertencer a esse lugar.

Ele parece muito bem mesmo.

Eu cerro os dentes com o meu pensamento espontâneo.

— E se a recusa de Dmitri em acompanhá-la não tem


nada a ver com seus pais, mas algo com o próprio Dmitri?

Minha cabeça rapidamente vira em sua direção, testa


franzida. — O que você quer dizer?
Marius dá de ombros evasivamente. — Só estou dizendo
que todos nós conhecemos os rumores...

Eu não posso deixar de bufar. — Você quer dizer que ele


é ex-KGB?

— Por que você não pode considerar isso?

A expressão em seu rosto parece quase simpática.

Lamentável.

Como se eu não pudesse entender os caminhos do


mundo, sendo a coisa mais triste que ele já viu.
É verdade... Levei uma vida resguardada, grande parte
dela nesta ilha cercada por muros de pedra. É por isso que
esta viagem aos Estados Unidos — minha primeira — é tão
incrivelmente emocionante. Todas as maravilhas da Terra da
Liberdade. O grande caldeirão do mundo.

Claro, meus pais me deixaram ir para a Suíça para a


universidade. Eles me permitiram viajar pela Europa com
amigos e familiares.

Mas tudo foi feito com grande segurança e uma longa


lista de regras. Para meus pais, os Estados Unidos é muito
mais perigoso e imprevisível, e sempre hesitaram em me
deixar visitar.

— Querida, — minha mãe dizia, — é tão grande e com


diferentes estilos de vida. Temeríamos por sua segurança.

Achava ridículo porque em todos os lugares que vou,


minha segurança é um problema. Era um debate constante,
meus pais sentindo que a Europa era mais segura para mim,
mas depois de pressionar por alguns anos, finalmente
cederam.

Estou indo na minha viagem dos sonhos. Duas semanas


inteiras viajando pelos Estados Unidos, absorvendo todas as
porcarias turísticas que posso, enquanto trabalho em
filantropia e negócios para nossas minas, ao mesmo tempo.
Verei a intensidade da Big Apple, as praias quentes de Florida
Keys e a ensolarada Los Angeles, onde as estrelas são
abundantes. Vou até esquiar no Wyoming — no qual sou
muito boa — e participar do meu primeiro rodeio. Verei mais
em duas semanas do que provavelmente terei visto em
minhas viagens até agora.
Eu realmente deveria parar de me preocupar com Dmitri
e suas razões para não ir. Como Marius aponta, eu realmente
não gosto do homem, e deveria estar grata por não o ter
respirando no meu pescoço. Na verdade, aposto que vai ser
mais fácil despistar esse cara Jackson do que jamais faria
com Dmitri.

Caso eu tenha uma ideia para fazer isso.

Meus olhos voltam para Jackson Gale. Ele não está


olhando diretamente para mim, mas posso dizer pela maneira
como segura seu corpo que está completamente ciente de
mim e de todas as pessoas em um raio de seis metros. Eu
reconheço isso porque é assim que Dmitri me protege.
Significa que Jackson é muito bom no que faz. Talvez não seja
tão fácil escapar dele, mas isso não é algo para se ponderar
agora. Geralmente sigo as regras quando estou fora do
complexo — não sou idiota. Eu sei o valor da minha vida para
determinados sequestradores .

Vai ser estranho tê-lo na minha presença nas próximas


semanas. Estranho, realmente. Posso não gostar de Dmitri,
mas o conheço há quase treze anos. Há um nível de conforto
que eu vou sentir falta, apesar de seus modos grosseiros.

— Esta festa é um fracasso, — resmunga Marius. — Por


que eu me incomodo em vir para essas coisas?

Reviro os olhos, me afastando dele para que seu braço


em volta da minha cintura se desprenda , em vez disso,
entrelaço nossos braços nos cotovelos, tudo sem derramar
uma gota da minha bebida.
Eu inclino minha cabeça em seu ombro, deixo descansar
por um momento, e sorrio com carinho pela sua pergunta tão
estúpida. Ele sabe a resposta, mas eu forneço mesmo assim,
olhando para ele. — Porque, você sabe muito bem que vai
ficar com alguma herdeira ou garçonete — você não é exigente
— e vai dormir com um sorriso no rosto. Todas essas coisas
chatas terão valido a pena.

Mário ri. — Você me conhece muito bem.

— Vamos, — eu digo enquanto dou um puxão do meu


cotovelo contra o dele. — Vamos caminhar pelas docas e ficar
longe dessas pessoas enfadonhas.

— Melhor ideia que ouvi em anos. — Marius engole sua


bebida, e coloco a minha na bandeja de um garçom que
passa. Marius desliza a mão na minha e se vira para me levar
em direção a uma das saídas.

Não dou mais do que três passos antes que alguém


pegue minha mão livre e me faça parar. Eu suspiro de
indignação, me libertando de Marius para encarar quem me
agarrou.

É Jackson Gale, e está olhando para mim com uma


expressão estrondosa.

Não posso nem imaginar porque ele está olhando para


mim assim, como se eu tivesse feito algo errado, mas me
chuto metaforicamente pelo momento que me perdi naqueles
olhos fabulosos dele. Se você misturasse o verde, dourado e
marrom, os chamaria de avelã. A verdade é que são os tons
mais claros dessas cores misturadas em faixas e estrias. De
longe, e por causa de seu cabelo escuro contrastando, seus
olhos são tão claros que quase parecem profanos. Mas
quando você se aproxima e consegue ver além da luz as cores
reais, percebe que está olhando para uma obra de arte.

Eu pisco para dissipar a magia de sua íris e minhas


ridículas ruminações poéticas, em vez disso, inclino a cabeça
em uma pergunta silenciosa.
Seus olhos brilham com aborrecimento. — Nunca deixe
minha proximidade sem me avisar para onde está indo e me
dar a oportunidade de ter certeza de que as coisas estão
seguras, — ele rosna, e não gosto da mensagem por trás do
comando... que sou uma criança que precisa de babá.

Eu empurro minha mão e dou um passo para trás


apenas para me deparar com o corpo de Marius. Suas mãos
em meus quadris me firmam, e ele se aproxima. Meu amigo
me conhece bem o suficiente para saber que estou ofendida
por ter minhas escolhas questionadas em minha própria
cidade, onde as forças de segurança de meu pai estão
presentes.

Eu me inclino um pouco para frente, estreitando ainda


mais os olhos. Baixo a voz, mas não é menos imponente. —
Você não me possui, Sr. Gale. Você não me controla. Seu
trabalho é vigiar. Seu trabalho é proteger. Portanto, se eu
optar por dar um passeio, eu vou. Você precisa descobrir
como pode acompanhar e fazer seu trabalho ao mesmo
tempo. Eu não respondo a você.
Se eu achasse que o colocaria em seu lugar, estava
muito enganada. Ele nem pisca de espanto ou parece se
desculpar. Em vez disso, sua expressão fica impassível,
enquanto me estuda por tempo suficiente para me sentir
como um inseto sob um microscópio. Nem uma vez ele olha
por cima do meu ombro para Marius, que ainda está atrás de
mim com as mãos nos meus quadris.

A mensagem é clara. Ele não acha que minhas palavras


importam nem que Marius seja algum tipo de ameaça.
O que vem a seguir é tão surpreendente que nem eu nem
Marius temos inteligência para detê-lo. Em um segundo
Marius me segura por trás, e no seguinte, Jackson segura
minha mão e me leva para a pista de dança. — Vamos
dançar. Nós precisamos conversar.

Olho por cima do ombro para Marius, com um olhar que


implora a ele para me resgatar. Para meu horror, meu melhor
amigo me abandona. Seu olhar parece calculado quando se
move para focar em Jackson. Ele então dá um leve aceno de
cabeça, sorri totalmente, antes de se virar e ir embora.

— Vou matar aquele bastardo, — murmuro.

— Irritada que seu namorado está abandonando você? —


Jackson zomba enquanto me leva direto para o meio da pista
de dança e habilmente me vira em seus braços.

Sua mão direita vai para a minha cintura e a esquerda


pega a minha direita, segurando-a em um ângulo longe do
meu corpo. Ele coloca uma distância adequada entre nós e
me arrasta pela grande pista de dança ao lado da orquestra.

Eu mantenho meus lábios pressionados e não nego a


Jackson de que Marius é meu namorado. O simples fato de
ele jogar isso na minha cara só daria satisfação ao negar a
natureza do nosso relacionamento. Além disso, não é da
conta dele.

Em vez disso, digo: — Você trata todos os seus clientes


de forma tão agressiva?

— Agressiva? — Jackson pergunta com uma gargalhada.


— Eu nunca trataria uma princesa com agressividade. Eu
lidaria com uma pirralha mimada que imprudentemente se
colocasse em perigo dobrando-a sobre meu joelho e dando
uma palmada de bom senso.

Isso deveria ter me irritado.


Eu deveria estar tão ofendida que estaria no meu direito
de dar um tapa na cara dele, não que já tenha feito algo
assim.

Sua ameaça deveria me fazer querer repreendê-lo por


sua ousadia. Isso deveria me fazer querer correr para meu pai
e Dmitri e dizer- lhes que cometeram um grande erro, ao
deixar esse homem detestável ter controle sobre minha
segurança.

Em vez disso, fico horrorizada ao perceber que tenho


uma imagem vívida de mim no colo de Jackson, minha pele
formiga apenas com a promessa de uma surra.
Eu balanço minha cabeça com força. Que porra estou
pensando?

Por que eu iria imaginar tal cenário?


Eu a afasto da minha cabeça, mas ela volta rugindo, só
que desta vez com mais clareza. Jackson está de smoking,
sentado na borda de uma cama. Estou de roupão, curvada
sobre seu colo e mantida no lugar com sua mão grande na
parte inferior das minhas costas. Sua outra mão desliza meu
vestido pelas minhas pernas, sobre minha bunda, que, fico
chocada ao descobrir, não está coberta por nenhuma
calcinha. Sua palma roça minha pele...

Eu tropeço em meus próprios pés enquanto dançamos, e


Jackson me endireita facilmente. Estou tão envergonhada por
onde minha mente foi, que deixo escapar quase
histericamente: — Então, o que você acha do clima de nossa
ilha?

Eu estremeço internamente porque essa foi a coisa mais


estúpida a dizer. Isso me impulsionou de uma posição de
poder para os escalões de idiotas desastrados.

Ficou claro que esse homem me intimida.

Espero não deixar claro que estou atraída por ele.

Se ele tiver um pingo de bom senso, vai saber que algo


me deixou em desordem.

Os lábios de Jackson se curvam para cima, e o brilho em


seus olhos me diz que ele sabe que fui desviada pela ameaça
de uma surra.

Eu limpo minha garganta. — Há uma praia realmente


ótima ao longo do lado leste da ilha que você deveria dar uma
olhada, e se quiser um passeio pelas minas de rubi, eu posso
providenciar...
— Apenas, pare, — Jackson interrompe, e se foi a
diversão que eu pensei que tinha acabado de ver. — Eu
entendo que você não me conhece e não conheço você, que
Dmitri e sua equipe podem fazer as coisas de forma diferente,
mas a partir desta noite, sou exclusivamente responsável por
sua proteção pessoal. Então, vamos esclarecer uma coisa...
quando você está dentro do complexo de sua família, está à
minha vista o tempo todo. Você não sai da minha vista sem
permissão e, se precisar ir a algum lugar, me dê a
oportunidade de determinar os seguranças.

— Mas nós estávamos indo para as docas, — eu insisto


com raiva. — Eu vou lá o tempo todo. Eu estava com Marius,
que me protegeria. E garanto que havia pelo menos quatro
membros da equipe de Dmitri do lado de fora, prontos para
seguir à distância.

— Sim, você estaria segura, — Jackson diz secamente,


trazendo nossa dança a uma parada repentina. Suas mãos
caem, e as áreas do meu corpo que ele tocou parecem geladas
agora. — Imagino que qualquer um dos homens protegendo
você poderiam ter parado a bala de um franco-atirador
disparada a três prédios de distância.
Eu empalideço com o cenário, imediatamente
descartando-o. — Quem iria querer me matar? — Eu exijo. —
Sei que sou um alvo ideal de sequestro, mas valho mais viva
do que morta.

A boca de Jackson se fecha e ele não responde. Ele não


me dá nenhuma razão plausível para alguém querer me
matar, mas também não me dá oportunidade de pressionar
por uma resposta.
Em vez disso, ele acena com a cabeça, e meu olhar o
segue. É Marius, flertando com duas mulheres.

— Se você e seu namorado quiserem dar esse passeio,


ficarei feliz em acompanhá-los. Mas você precisará afastá-lo
dessas mulheres primeiro.

Seu tom soa presunçoso, quase vitorioso. Mais uma vez,


não o corrijo dizendo que Marius não é meu namorado. Eu
levanto meu queixo e dou um sorriso confiante. — Na
verdade... acho que gostaria de ir para casa agora, se você
puder trazer o carro.

Jackson inclina a cabeça graciosamente. — Como Vossa


Alteza desejar.
CAPÍTULO 5
JACKSON
— ESPERAVA um jato maior, — murmuro, enquanto
puxo minha mala do porta-malas do Bentley. Como um 747,
dada a riqueza da família.

Não que o Bombardier Global 7500 seja de forma alguma


um avião pequeno. Tem capacidade para catorze lugares e
tem autonomia de voo até dezesseis horas, tempo suficiente
para nos levar pela primeira etapa de dez horas para Dubai.
Lá reabasteceremos e pegaremos um novo grupo de pilotos
bretarianos que já viajaram antes do previsto. Depois são
mais nove horas até Londres.
Observo Camille subir os degraus e desaparecer dentro
da aeronave. Ela me ignorou totalmente desde que entrou no
carro esta manhã para a curta viagem até o aeroporto
particular. Ela parece estar pronta para o verão nas ilhas
gregas, pois está vestida com um par de jeans brancos
skinny, uma camisa listrada horizontal azul-marinho e
branco e um par de tênis brancos. Sua grande bolsa branca
está casualmente pendurada no ombro, como se ela não
tivesse nenhuma preocupação no mundo. Ela está com óculos
de sol enormes e seu cabelo está em um coque bagunçado.

Olhando para ela, menos o avião de US$ 50 milhões em


que ela está embarcando, quase parece... normal.

Nos últimos dois dias, mal a vi e, quando a via de


passagem, nos ignorávamos . Ladd, Cruce e Dozer voltaram
aos Estados Unidos anteontem para iniciar os preparativos
finais para a chegada da princesa. Fiquei para trás, como
planejado, para acompanhá-la a Londres para o casamento de
seu primo e, nos últimos dias, trabalhei com Dmitri e as
forças de segurança bretarianas que farão a viagem
prolongada aos Estados Unidos, incluindo o homem ao meu
lado , que vai conosco no avião como braço direito de Dmitri.

Paul Regis está a serviço do rei sob o comando de Dmitri


nos últimos quatro anos. Mesmo que existam homens e
mulheres que trabalham na segurança há mais tempo, Dmitri
disse que Paul é o seu mais confiável e o homem que ele
escolheu para ser meu segundo a proteger a princesa. Ele é
ex-Legião Estrangeira Francesa e sua especialidade é o
combate corpo a corpo. Dmitri o queria comigo como meu
segundo, caso seja feita uma tentativa de ataque em Camille.
Se caso ela for sequestrada, isso implicará em combate corpo
a corpo para protegê-la.

— A princesa teve sua escolha de jatos, mas escolheu


algo muito menor que o do rei, que é um 747. — Olho
surpreso para Paul, enquanto ele puxa sua mala do porta-
malas e a fecha. Ele dá uma leve batida na traseira do carro,
indicando ao motorista que não há problema em partir.
Enquanto o Bentley se afasta, Paul e eu nos voltamos para o
jato.

— Você quer me dizer que a princesa multibilionária


poderia escolher o avião particular, e escolheu o que seria
considerado um relativamente insignificante?
— Ela nunca foi de excessos, — Paul diz simplesmente
enquanto dá de ombros, mas de forma bastante lisonjeira
dado seu sotaque francês. Como se fosse um fato conhecido
por todos no mundo que ela pode ser diferente da sua realeza
padrão.

Eu poderia ter tido um ideia nos últimos dias, embora


minhas observações tenham sido limitadas. Embora eu não
tenha tido quase nenhuma interação com ela desde que a
acompanhei para casa da festa de caridade, eu a vi em
algumas ocasiões com sua família. Quando na residência e
não participando de eventos formais com visitantes ou fora
dos muros do palácio, descobri que o rei Thomas, a rainha
Juliana e a princesa Camille são pessoas casuais e
descontraídas.
Camille tende a correr nesses meses quentes de verão em
shorts e camisetas desgastadas, e as únicas joias que a vejo
usando, são pequenas argolas de ouro em suas orelhas.
Embora o rei não seja tão informal, ele não usa ternos caros,
mesmo quando trata de assuntos de negócios. Normalmente,
estará em um par de calças e uma camisa de botão que,
embora casual, tenho certeza que ainda custa um braço e
uma perna. A rainha é igualmente casual em suas roupas,
embora prefira vestidos de verão e um pouco mais de joias. O
rei e a rainha, nas interações que tive com eles, foram
extremamente gentis, abertos e surpreendentemente bem-
humorados. Eu até fui convidado a me juntar a eles para
jantares, pois sou um convidado em sua casa, mas recusei,
citando a necessidade de continuar trabalhando com Dmitri e
sua equipe, para acertar os mínimos detalhes em nossos
planos.

Isso não era necessariamente verdade. Estamos


trabalhando duro e temos tudo em ordem. Apenas não tinha
vontade de fazer conexões pessoais com meus clientes. Não é
questão de ego, e não sou um idiota fechado. Pelo contrário,
sou tão extrovertido e bem-humorado quanto eles veem,
quando perto de amigos e familiares. Mas é mais fácil fazer
meu trabalho se houver uma barreira entre mim e as pessoas
que trabalho, então mantenho as coisas frias e distantes.
Apenas me mantém focado no meu trabalho e me torna não
somente bom, mas ótimo no que faço.

Aprendi esse distanciamento frio nos SEALs, e é uma


forma de treinamento que me acompanhará até o fim dos
meus dias.

Eu sigo Paul até o jato e olho em volta apreciando a


aeronave. A entrada é uma cozinha semelhante a que você
veria em um avião comercial, entre o cockpit e a cabine
principal. Esta cozinha, no entanto, é toda em aço inoxidável
com armários e iluminação de madeira personalizados. Os
pisos são cobertos com carpetes grossos e caros, exceto o
corredor que leva até a cabine, que é de parque reluzente.

Imediatamente à direita, quando você entra na cabine


principal, há cadeiras e mesas de tamanhos variados em cada
lado do corredor, quatro das quais reclinam totalmente para
dormir. Além disso, há uma suíte de entretenimento privativa
com sofás e bar de bebidas, além de um banheiro completo
com chuveiro. Ainda mais trás há um quarto privado com um
armário de tamanho normal. Dei uma olhada no avião ontem
para me familiarizar com ele, já que o usaremos em todas as
nossas viagens.

Paul e eu somos recebidos por um dos dois comissários


de bordo, e nossa bagagem é tirada de nossas mãos e
guardada em um armário. Dois pilotos fazem seu pré-voo na
cabine e olham por cima dos ombros para nós quando
entramos, balançando a cabeça educadamente. Também tive
uma reunião com eles ontem, e eles são uma das duplas de
pilotos que pilotarão o jato da princesa.

Camille está no primeiro assento à esquerda, que fica


encostado na parede da cozinha. Eu passo, viro e chamo sua
atenção. Quando ela ergue os olhos para os meus, não faço
nada além de acenar para ela ficar de pé. Ela pisca surpresa,
mas obedece sem hesitar.

Eu aceno para a parte de trás do avião. — Ao embarcar


em sua aeronave, sempre se sente na última fileira de
assentos até decolarmos.

Camille franze a testa e pergunta: — Você está esperando


que alguém invada a entrada e me agarre?

Eu olho para ela, minha falta de resposta indicando que


é exatamente o que sou pago para supor.

— Oh, — ela diz em uma voz suave de compreensão. Ela


se levanta e vai para os fundos da cabine sem reclamar.
Está claro para mim que ou Dmitri se tornou negligente
em sua guarda ou talvez ele não seja tão bom no que faz
quanto nós. Jameson sempre adotou o protocolo de afastar
nossas proteções de qualquer porta de transporte particular
até que estejamos a bordo.

Paul parece um pouco surpreso, mas acena com a


cabeça em compreensão, e posso ver respeito em seus olhos.
Ele sabe que, embora o aeroporto de Bretaria esteja bem
protegido, não está isento de falhas em sua blindagem. Um
homem de dentro poderia facilmente permitir que um
punhado de pessoas entrasse no perímetro, e poderiam atacar
o jato com armas automáticas para forçar a retirada da
princesa de nosso controle. Se acontecesse hoje, por exemplo,
Paul e eu seríamos a primeira linha de defesa, encontrando-
os bem na porta.
Paul se posiciona no topo da escada, olhando para a
pista. Suas mãos estão dobradas diante dele e ele parece
casual, mas examina cuidadosamente a área enquanto os
pilotos terminam sua lista de verificação pré-voo.

Vejo que Camille se sentou de frente para mim. Observo


enquanto ela insere os fones de ouvido e liga a música ou
talvez um livro de áudio. Ela se inclina para trás, dirige-se
para o assento acolchoado e fecha os olhos.

Eu realmente esperava discussões quando pedi-lhe que


se sentasse atrás, principalmente porque dei como uma
ordem a não ser questionada. Desde sua explosão no
anfiteatro, onde ela me disse que é a chefe e não tenho o
direito de dizer-lhe o que fazer, esperava que ela discutisse a
cada momento. O fato de não ter feito isso é desconcertante,
me fazendo ficar ainda mais em guarda com ela.

Estamos no ar em pouco tempo, e Camille ainda está


com os olhos fechados, então a deixo sozinha. Paul e eu
pegamos um par de poltronas com uma mesa quadrada entre
nós. Estamos próximos o suficiente para não precisarmos
levantar a voz para falar enquanto conversamos coisas sobre
Londres. Estive lá algumas vezes, mas a cidade é muito
grande e populosa para que eu saiba o caminho. Paul, o
mesmo. Ele viajou tanto quanto eu, mas nenhum de nós ficou
tempo suficiente em um lugar para obter o conhecimento
como alguém de dentro. É por isso que parte da equipe de
segurança de Camille em Londres, serão dois homens que
nasceram e cresceram na cidade.

Independentemente disso, a viagem para o casamento do


primo deverá ser tranquila. Ficaremos no hotel onde será
realizada a recepção, e será um trabalho de proteção
relativamente simples. Haverá viagens de ida e volta para a
igreja, Camille quer visitar alguns lugares enquanto estiver
lá, mas nada que cause grandes preocupações de segurança.

Uma coisa interessante que aprendi sobre Camille é que


esta prima e noiva — Rachel — tem uma relação muito, muito
distante de um membro da família que deixou Bretaria há
mais de cem anos. Eles se mudaram para a Grã-Bretanha e
vivem lá desde então. Rachel é algo como um prima de quarto
grau, três vezes distante, ou alguma merda assim, elas mal
compartilham o sangue. Camille está participando do
casamento porque as garotas foram para a mesma
universidade de Zurique e ficaram muito próximas quando
estavam lá, reconectando os dois lados da família.

A razão pela qual é interessante — a família


Winterbourne de Bretaria tornou-se quase isolada dos vários
ramos da família que se mudaram da ilha. Não há residências
reais com sangue azul em Bretaria. A carta de fundação nem
sequer confere títulos àqueles que estão na linha de herança
porque a real monarquia não é a função essencial da família.
Sim, o trono funciona em conjunto com um governador e
um pequeno parlamento para governar a ilha e seus
habitantes, mas a maior parte da responsabilidade do rei está
no negócio de mineração de rubis. Como tal, a ascensão ao
trono não é uma coisa excessivamente formal; não é tão
importante para os cidadãos de Bretaria quanto para as
pessoas do Reino Unido que reverenciam e quase adoram sua
realeza.

Nunca houve grandes disputas pelo trono, já que toda a


família, não importa quão distante, compartilha da riqueza
gerada pelas minas. Não há um membro da extensa família
Winterbourne que não viva em grande estilo por causa dos
rubis. Essa fortuna garantiu um reinado pacífico para todos
os monarcas que já presidiram as Ilhas Bretarias.

Isso não significa que o rei Thomas está completamente


seguro, no entanto, como evidenciado pela conversa que a
Interpol captou. Enquanto o rei distribui sua riqueza entre os
seus, que compartilham seu sangue, não significa que não
haja alguém por aí que queira mais. Dmitri tomou uma
decisão sábia de ficar ao lado do rei e confiar os cuidados de
Camille a outros. Um assassinato do rei seria muito mais
prejudicial para a cidade-estado do que um sequestro da
princesa, o que acabaria resultando na entrega de dinheiro
para o seu retorno seguro.

Claro, se alguém realmente quiser uma ascensão ao


trono e chegando próximo o vigésimo quinto aniversário de
Camille, quando ela tem o direito de suceder após a morte de
seu pai, ela poderia estar correndo o mesmo risco de
assassinato. O objetivo agora é que as agências de segurança
globais compartilhem informações e tentem descobrir
exatamente, quem está planejando um atentado contra a vida
do rei Thomas e derrubá-los, garantindo assim sua segurança
e o legado do trono.

É outra razão pela qual Dmitri está ficando para trás


para que possa monitorar a investigação com outras agências
externas. Não me surpreenderia que ele também procurasse
ex-contatos da KGB, para obter informações.

— O que você fazia antes de se juntar a Jameson? —


Paul pergunta enquanto tira o cinto de segurança e se
acomoda mais comodamente na poltrona. Estivemos tão
ocupados planejando que não tivemos tempo para nos
conhecer.

— Marinha. Terceira geração.


Ele acena com a cabeça, um sorriso conhecedor. —
SEALs, estou supondo.

— Sim, embora meu pai e meu avô fossem ambos


capitães na aposentadoria. Eles gostavam de dirigir os barcos
que transportavam pessoas como eu.

— O que comandaram? — ele pergunta.

— Meu avô um porta-aviões e meu pai um


contratorpedeiro.

Paul assobia por entre os dentes em respeito. Com trinta


e poucos anos, Paul tem muita experiência com operações
militares, devido à sua formação na Legião Estrangeira
Francesa. Ele provavelmente fez operações de treinamento
com nossos militares.
Ele me avalia antes de dizer: — Você obviamente
escolheu não fazer carreira na marinha, mas acho que, como
terceira geração, você falhou nas expectativas de alguém.

Homem esperto.

Eu dou um aceno de cabeça sem humor. — Meu avô


morreu antes de eu deixar a marinha, mas meu pai não está
muito feliz por não me alistar novamente. Meu irmão ainda
está lá, e ele será o filho de ouro por escolher continuar o
serviço de nossa família ao nosso país, uma obrigação que
não entendo muito bem. Lutei e sangrei pelo país e salvei
vidas durante o meu alistamento. Estou satisfeito com o que
conquistei e as razões pelas quais saí.
Paul acena sabiamente. — Dinheiro e controle.

— Bingo, — eu concordo com uma risada. — E estou


bem com isso.
— Como você deveria estar. Não significa que o que
fazemos não vale a pena.

Exatamente.

Acredito firmemente que meu trabalho na Jameson em


sua totalidade é honroso e tem imenso valor para as pessoas
que ajudamos.

Só queria que meu pai visse da mesma maneira.


CAPÍTULO 6
JACKSON
ESTILOS DE VIDA dos ricos e famosos.

Este casamento é ridículo demais. A cerimônia em si foi


em uma enorme e antiga catedral com mais de quinhentas
pessoas presentes, e meu entendimento é que eles tiveram
que limitar essa quantidade por falta de espaço. A recepção,
no entanto, está esperando setecentas e cinquenta. Essas
duzentas e cinquenta pessoas extras são o segundo nível de
amigos da noiva e do noivo que não são exatamente próximas
para testemunhar a cerimônia religiosa, mas são chegadas o
suficiente, para ter acesso à comida e bebidas caras e
decadentes.

O bolo de casamento tem sete camadas e me supera em


cerca de dez centímetros. O hotel abriu dois enormes salões
de baile que estão lado a lado e separados por uma parede
retrátil flexível para formar uma sala enorme. Mesas que
acomodam oito foram posicionadas estrategicamente ao redor
do perímetro e postas com porcelanas finas translúcidas,
cristal Waterford e toalhas de linho luxuosas para servir uma
refeição de sete pratos durante duas horas. Uma orquestra
completa toca música ambiente durante toda a refeição,
apenas para ser substituída por uma banda ao vivo — que
aprendi que é um sucesso no Reino Unido, mas nunca ouvi
falar — para continuar festejando. O álcool flui mais
livremente, mudando do melhor champanhe para um open
bar abastecido com bebidas de primeira linha. A multidão não
diminui e, à 1h da manhã, a festa continua em alta.

Dmitri me deu ordens estritas vindas do rei Thomas,


para permitir que Camille — solte o cabelo — e festeje, se é
isso que ela quer. Dmitri explicou que a princesa teve uma
vida bastante reclusa, já que vive em uma ilha, fechada no
complexo da realeza cercada por muros. Embora a cena social
em Bretaria seja aparentemente muito boa, devido seus
deveres e responsabilidades, Camille tinha pouco tempo para
sair com os amigos.

Foi durante essa conversa, que soube que o homem que


estava com ela no gala do anfiteatro era apenas um amigo. O
melhor amigo dela, na verdade, embora todos esperam que se
casem. Dmitri estava convencido de que isso nunca
aconteceria, pois ao longo dos anos, ele viu os dois crescerem
mais como dois irmãos.

Sabendo que Camille tem que atender à altas


expectativas e tem importantes responsabilidades, não é de
admirar que ela, às vezes, se arrisque mais que deveria.
Dmitri me contou sobre encontrar Camille e Marius fora do
muro, prestes a pular de um penhasco no mar abaixo. Parte
de mim ficou surpreso que ela quebrasse as regras para sua
proteção, mas parte de mim admirava seu desejo de voar
livre.

E sim, isso significa que sinto um pouco de pena dela. A


única coisa que estou começando a entender é que a tiara da
princesa Camille parece muito mais pesada do que eu
pensava anteriormente.

Então sim... Dmitri está certo. Deixe-a se divertir e


festejar muito nesta recepção. Eu não me importo ao vê-la
assim, com suas amigas enquanto ri histericamente e
dançando pra caramba ao som de uma música punk
selvagem que irrita meus ouvidos.

É certo que Camille não bebeu tanto quanto tem


liberdade para beber. Durante o longo jantar, ela bebeu duas
taças de vinho. Quando a banda começou, ela mudou para
martini e tomou dois. Embora eu não tenha falado com ela, a
tenho monitorado cuidadosamente e não consigo determinar
quanto de seu alegre abandono se deve ao álcool ou à
felicidade por estar com seus amigos da faculdade.

Talvez ambos. Ela não está mostrando os sinais clássicos


de embriaguez. É capaz de dançar em seus saltos de dez
centímetros sem cair , e definitivamente não está fazendo
nenhum ato bêbado . Na verdade, a mulher sabe mexer o
corpo. Não consigo ouvir a conversa dela para ver se está
afetada, mas a vi conversando com jovens e idosos, e
ninguém está rindo de algo absurdo que tenha dito. Ao
contrário, parece genuinamente envolvida nas conversas e
não é arrogante ou distraída. Se tivesse que dizer alguma
coisa, diria que ela tem bom humor, e honestamente… não é
tão ruim de assistir.

Esta noite foi fácil trabalhar de babá.


Meu estômago aperta um pouco, quando penso no
telefonema que tive hoje com minha mãe logo após o almoço,
antes de sairmos para o casamento. Eram 7 horas da manhã,
e meus pais já estavam acordados, banhados e tomando café
da manhã. Eles são madrugadores naturais. Minha mãe me
verifica algumas vezes por semana, menos quando estava
implantado sem acesso a um telefone. Enquanto muitos
homens adultos ficam irritados com uma mãe tão
preocupada, nunca escondi o envolvimento nem a
curiosidade em minha vida. É o que as mães fazem.

Nós temos conversado sobre o que vi em Londres nos


últimos dias, e ela suspira de prazer. Ela viajava muito com
papai quando ele estava na ativa e adorava explorar novos
países, mas não conseguem fazer isso há muito tempo. Meu
pai teve um ataque cardíaco há cerca de cinco anos, e ambos
estão com um estilo de vida bastante tranquilo atualmente.
Possuem uma grande propriedade nos arredores de Arlington,
onde mamãe cria galinhas e papai dirige um carro de golfe
velho de vez em quando. Na verdade, é a aposentadoria que
eles sonharam, mas sei que mamãe adoraria viajar
novamente. Talvez eu tire um tempo de férias e a surpreenda
com uma viagem para algum lugar.
A ligação foi ótima, mas quando estávamos terminando,
ouvi meu pai gritar ao fundo, sua voz rouca aumentando. —
Pergunte a Jack como está indo o trabalho de babá?

Ele então explodiu em gargalhadas, e tive que cerrar os


dentes para não dizer algo idiota, o que não teria sido legal
porque teria sido minha mãe que sofreria com a resposta. Seu
tom era apologético quando ela murmurou: — Não dê ouvidos
a ele. Eu sei que ele pensa que é engraçado, mas você e eu
sabemos que não é.

Embora minha mãe geralmente opte por não ficar entre


eu e papai, ela não concorda com a crítica sobre minha
escolha de deixar a marinha. Ela também sabe que meu pai
não está falando para ser engraçado, mas sim como um golpe
com as costas da mão. Afastei minha raiva, disse a ela para
não se preocupar com isso e nos despedimos.

Meus olhos percorrem a pista de dança onde Camille


está com um grupo de mulheres, incluindo a noiva, se
preparando para dançar a próxima música. Aparentemente,
em um casamento como este, todo mundo traz duas roupas:
uma para a cerimônia de casamento — um vestido clássico
britânico com chapéu chique e sobretudo de inverno — e
outra para a recepção, a apenas dois tons de diferença do
traje da noite . Quando voltamos ao hotel após a cerimônia,
Camille subiu para o quarto e se trocou.

Ela saiu em um vestido que quase me fez engolir a


língua. Era sem alças, justo e se elevava bem acima do joelho.
A cor champanhe combinava fantasticamente com sua pele
dourada adquirida pelo sol do Mar de Coral. Suas sandálias
de tiras eram da mesma cor, e fiquei preocupado com sua
capacidade de andar com elas, já que o salto era fino e
delicado. Até agora, porém, eles resistiram com sua dança
como se fossem feitos de aço.
O cabelo de Camille, que estava preso em um elegante
coque, agora cai em ondas soltas e selvagens ao redor de seus
ombros nus. Ladd, Cruce e Dozer me provocaram
impiedosamente sobre o quão gostosa a princesa é, e o
quanto seria difícil cuidar de alguém com essa aparência, mas
ela transcende a gostosa esta noite.

Ela está deslumbrante.


E, embora eu trabalhe duro para manter uma distância
porque ela é minha responsabilidade para proteger, não sinto
um pingo de culpa por apreciar o que estou vendo agora.

Instantemente fico em alerta enquanto observo — The


Creep2 — circundando a beira da pista de dança. Fiquei de
olho nele a noite toda. Esse cara, que Paul me informou ser
realmente o mais alto na linhagem real britânica, deu em
cima de Camille algumas vezes esta noite. No começo, era
apenas conversa, mas com o álcool fluindo e ele bebendo,
sempre se aproximava e ficava um pouco mais perto, seu
sorriso grande demais e ele se inclinava sugestivamente.

À medida que seu comportamento piorava, chegou um


momento em que percebi que estava passando dos limites,
então comecei a andar naquela direção para dizer a ele para
recuar antes que eu o fizesse na marra. Fui interrompido pela
voz de Paul através do microfone do meu ouvido, estalando
em uma frequência de má qualidade, mas o entendi
claramente. — Deixe-a lidar com isso. Ela é capaz.

Eu parei no meu caminho e observei.


E com certeza, Camille habilmente colocou distância
entre ela e o estranho, dizendo algo educadamente, mas
também interrompendo-o. Ela então fingiu notar alguém por
cima do ombro como que a chamando. Não havia ninguém, é
claro, e não consegui ouvir o que ela disse, mas estava claro
que se desculpando da conversa que, sem dúvida, acabou.
Ela se afastou suavemente, e fiquei orgulhoso dela.

Desde então, estou de olho nele. Ele tentou mais


algumas vezes invadir seu espaço, mas ela geralmente está
cercada de pessoas, então tem sido difícil para ele chamar
muito a atenção dela. Se ele o faz, ela fala para se afastar
todas às vezes.

É bastante impressionante.

Agora, novamente ele está circulando o perímetro da


pista de dança, um olhar predatório em seu rosto, seu olhar
focado em Camille. Eu acompanho seu progresso, me
movendo quando ele começa a se misturar na multidão,
especialmente quando a pista de dança se enche com o que
aparentemente é uma música muito popular que nunca ouvi.

É Camille que mantenho firmemente na minha mira e


apenas um pouco de atenção no homem que a está
perseguindo. Ela está alheia, mais uma vez dançando com
suas amigas. Elas estão abraçadas, rindo e agindo como
bobas. A música é rápida e há mais saltos do que qualquer
coisa, o que é muito perturbador porque os seios de Camille
saltam com o movimento.
Eu rosno internamente e digo a mim mesmo para parar
com essa merda.

O grupo de Camille se agita em minha direção, mais


perto da beira da pista de dança próximo de onde estou.
Vestindo um smoking — parte de um novo guarda-roupa,
com os cumprimentos do rei, me misturo — e não pareço
muito desconfiado enquanto estou pronto para agir, se
necessário.
O estranho se aproxima, meu sangue começando a ferver
quando vem por trás de Camille, seus olhos lascivos presos
em sua bunda. Ele tem um sorriso bêbado e desleixado
enquanto se aproxima, um olhar quase autoritário em seu
rosto que diz: — Sim... essa bunda é minha.

Não há dúvida de que ele vai fazer um movimento que


certamente não aprovarei. Eu me aproximo até que os meus
pés estão realmente na pista de dança.

E quando ele se aproxima, não é para falar, mas sim


para tocar. Suas mãos se estendem para agarrar seus quadris
com a intenção de se aproximar e se esfregar contra ela na
dança.

Infelizmente para o estranho, sou muito rápido. Suas


mãos mal a agarram antes que eu tenha uma delas na minha,
torcendo seu antebraço e dobrando seu pulso para dentro.
Isso coloca uma pressão imensa em seus nervos ulnar e
mediano, enviando uma dor excruciante por todo o braço e
ombro.
O homem grita como um bebê enquanto cai de joelhos.
Estou ciente de como isso pode ser perturbador e quero
minimizar quaisquer consequências adicionais. Felizmente, a
banda ainda está tocando em altos decibéis e as únicas
pessoas que perceberam o que está acontecendo são Camille,
seu grupo de amigas e um punhado de outras pessoas ao
redor. Eu afrouxo meu aperto, liberando a pressão em seu
nervo para que sua dor diminua. Eu o agarro pela nuca e o
puxo para cima com facilidade, como se ele fosse uma
marionete comigo puxando as cordas, e antes que alguém
possa dizer uma palavra, estou escoltando-o através da
multidão, para uma porta lateral que leva para a área de
preparação da cozinha. A coisa toda leva menos de vinte
segundos.

O estranho se agita enquanto o arrasto por um corredor


curto até uma porta de saída externa. Não preciso olhar para
trás para saber que um dos outros agentes me seguirá. Paul
ficará para trás para ser nossos olhos na princesa.
— Que diabos você pensa que está fazendo? — o homem
exige em um tom furioso, piorando por seu sotaque britânico.
— Eu sou o visconde Baxley Mankenshire, e exijo que você
me solte imediatamente.

É difícil não rir de sua linguagem formal, mas eu apenas


firmo meu aperto, embora o cara esteja tão bêbado, que é fácil
de controlá-lo com uma mão.

Eu me viro e o empurro, não tão gentilmente, contra a


parede antes de soltá-lo. — Você está aqui porque colocou as
mãos na princesa Camille. Seu título de visconde não
significa nada para mim.

— Camille e eu nos conhecemos a muito tempo, — o


idiota diz, porque qualquer cara chamado Baxley tem que ser
um idiota. — Nós namoramos na faculdade.

Eu não posso evitar... Eu claramente estava construindo


algum respeito por Camille nos últimos dias, mas ficou um
pouco abalado por ouvir que ela acharia esse bosta atraente.

Abro a boca para dar-lhe um sermão, que incluirá a


promessa de mais danos corporais se ele se aproximar dela
novamente, mas antes que eu possa dizer uma palavra, a
porta se abre e Camille sai correndo com Paul em seu
encalço. Meus olhos vão para ele que explica: — Ela pode
correr muito rápido com esses saltos.

Eu tento não rir porque é engraçado que ele está


perseguindo a princesa, mas ela está segura e protegida .

O provável é que ela deve estar furiosa por eu ter atacado


um membro de uma casa real e ex-namorado, e agora está
aqui para defendê-lo.

Eu me apresso, preparado para defender minhas ações,


quando ela se vira para o idiota e diz: — Eu sugiro que você
vá embora agora, Baxley. Você está bêbado e sendo altamente
inadequado, a segurança tem ordens do meu pai para colocar
uma bala no cérebro de qualquer um que me tocar.

Eu pulo de surpresa com esta declaração porque essa


informação não foi passada para mim. Olho para Paul,
abaixando a cabeça, escondendo um sorriso. Então percebo
que Camille cambaleia um pouco para a esquerda e noto que
ela está um pouco mais embriagada do que eu pensava.
Imagino que uma vez que o turbilhão da dança se acalmou,
ela veio aqui para ver o que estava acontecendo e o álcool a
atingiu.

Em seu sotaque britânico e nasalado, The Creep


expressa sua ofensa. — Como você se atreve a me ameaçar
com uma coisa dessas, sua cadela arrogante.
Suas palavras são cortadas na cadela quando minha
mão dispara e se fecha na frente de sua garganta, apertando e
sufocando todo o resto. Os olhos de Baxley saltam de sua
cabeça, e é Paul que fala em um murmúrio baixo, — Calma,
Jackson.

Eu posso ter sérios problemas por isso. Meu trabalho é


proteger a princesa não importando o que aconteça, mas
neste momento ela não está em perigo físico. Estou, no
entanto, agredindo um membro da família real britânica por
chamar a princesa de vadia, e não tenho certeza de como isso
vai funcionar.

Eu libero meu aperto na garganta de Baxley e me viro


para Paul. — Você vai escoltar este cavalheiro até seu veículo
para que ele possa sair do local? Vou levar a princesa de volta
para dentro.

Paul acena com a cabeça e pega The Creep pela nuca do


mesmo jeito que o trouxe até aqui. Ele vai resmungando e
xingando, mas pelo menos vai.
Eu me viro para Camille. — Desculpe se a ofendo o que
fiz isso com seu ex-namorado.

Seus olhos crescem tão grandes quanto pires. — Meu o


quê?
— Ele disse que vocês namoraram na faculdade, — eu
respondo, percebendo pela reação dela que provavelmente era
um exagero.

Camille franze o nariz e balança a cabeça. — Como se eu


fosse sair com alguém chamado Baxley. É um nome idiota.

Eu realmente tenho que morder o interior da minha


bochecha para parar a risada e forçar um tom sério. — Você
gostaria de voltar para o salão e continuar sua festa com seus
amigos?
Ela abre um lindo sorriso para mim, e foda-se se isso
não me tira o fôlego. — Eu gostaria muito disso, Jackson.
Obrigada.

Camille então enlaça seu braço no meu, enganchando


nossos cotovelos, e não tenho escolha a não ser acompanhá-
la dessa maneira.

Meus quadris giram e moem, empurrando meu pau mais


fundo em seu calor. Meu rosto está pressionado em seu
pescoço, sua pele macia e cheirosa. Ela levanta as pernas e as
envolve em volta da minha cintura, cavando seus calcanhares
na minha bunda.

— Mais forte, Jackson.


Eu vou com mais força.

Mais fundo.

Eu tomo cada centímetro do que ela está me dando e


então exijo um pouco mais.

— Vou gozar, — ela sussurra pouco antes de começar a


tremer no seu orgasmo debaixo de mim.

Seus dedos deslizam no meu cabelo e o agarra com força,


gemendo sua liberação.

Eu não tenho escolha a não ser deixar ir, e a fodo com


força.

Tão forte que a cabeceira bate na parede.

Baque.

Baque. Baque.
Eu acordo, sentando-me ereto na minha cama e forçando
meus olhos na escuridão, ouvindo atentamente.

Outro baque, seguido por um grito de dor e depois um


estrondo.

Todos vindos da suíte de Camille ao lado.


— Porra! — Eu voo para fora da cama e pego minha
arma na mesa de cabeceira. Quando estou trabalhando, uso
calças de moletom e uma camiseta para dormir em vez do
meu normalmente nu, para que eu possa me mover
rapidamente em direção ao perigo. Corro para a porta que
separa meu quarto do dela. Eu empurro a maçaneta para
baixo e chego com força contra uma porta trancada.

— Filho da puta, — eu amaldiçoo, me perguntando o que


diabos Camille estava pensando ao trancar a porta entre
nossos quartos.

Eu disse especificamente a ela para não fazer isso.

Dou um passo para trás, levanto a perna direita e,


sabendo que vai doer pra caramba porque estou descalço,
dou um chute frontal na porta com força suficiente para que
se parta e a porta caia para dentro. Eu corro, arma pronta
para disparar no minuto em que localizar quem está em seu
quarto tentando machucá-la.

As luzes foram deixadas acesas na sala principal, e posso


dizer rapidamente que não há ninguém aqui. Corro para o
quarto dela, e da luz que entra pela porta, vejo Camille no
chão enrolada em seu lençol.

Vou até a mesinha de cabeceira e acendo o abajur,


dando uma olhada rápida no interior do quarto. Parece claro,
mas abro a porta do armário para ter certeza, encontrando-a
vazia, exceto pelas roupas dela. Volto minha atenção para
Camille no chão emaranhada em seus lençóis e parecendo
bem. Estou confiante de que ela fez os barulhos que ouvi,
mas ainda sinto uma sensação de alívio quando verifico o
banheiro e está vazio.
Eu a olho quando ela se senta. — Você está bem?

Ela me encara com olhos turvos, seu cabelo uma


bagunça de nós emaranhados do que foi claramente um sono
inquieto.
Ela não me responde.

Eu pressiono: — Você caiu da cama?

Faz sentido. Os baques que ouvi... baque, baque... Puta


que pariu, eu estava tendo um sonho sexual com Camille.
Essa era Camille no meu sonho.

Cristo.

Eu afasto esse pensamento e coloco minha arma em sua


mesa de cabeceira. Agachado, pergunto novamente: — Você
está bem?

Ela olha para mim nauseada e diz: — Acho que vou


vomitar.

Camille faz um som de engasgo no fundo da garganta, e


me movo na velocidade da luz. Ela está muito enrolada em
seu lençol para se desembaraçar, então a pego do chão e
corro para o banheiro. Eu consigo colocá-la de joelhos,
curvada sobre o vaso sanitário, e uma grande parte de seu
cabelo enrolado na minha mão para segurá-lo, antes que ela
comece a vomitar.

Eis a princesa Camille Winterbourne.


Deveria ser o suficiente para afastar qualquer homem,
mas noto enquanto está vomitando, que ainda estou
ostentando uma enorme tenda de ereção em minhas calças de
moletom do sonho tido.

Felizmente, ela está vomitando demais para notar.


CAPÍTULO 7
CAMILLE
— Posso pegar algo para você beber, Alteza? — Lydia,
uma das minhas comissárias de bordo, pergunta. Ela está em
seus quarenta e tantos anos, solteira e sem filhos. Ela gosta
de agir como minha mãe, e não me importo com isso. Eu
devolvo um sorriso carinhoso, mas balanço a cabeça. —
Obrigada, mas não. Estou bem por agora.

Lydia balança a cabeça — não por formalidade, pois não


exijo isso, mas por compreensão — e se vira para ir para a
frente do avião. Observo enquanto ela se inclina em direção a
Jackson e Paul, sentados nas poltronas da frente e virados
um para o outro. Jackson está no assento de costas para
mim, Paul em frente a ele. Ela está claramente perguntando-
lhes a mesma coisa que para mim anteriormente, e ambos a
envolvem em uma breve conversa antes que ela vá para a
galley3 .
No minuto em que ela sai, Paul e Jackson recomeçam a
conversar, ou talvez, retomando uma conversa anterior. Não
tenho certeza, pois mal olhei além da minha pequena área,
desde o embarque. Eles estão muito longe e, com o zumbido
do motor, não consigo ouvir o que está sendo dito.

Não que me importe.

Estamos em um voo noturno através do Atlântico para


Nova York, e não faz muito tempo que o iniciamos. É um voo
de aproximadamente oito horas e estamos programados para
pousar na Big Apple por volta das 19h, considerando a
diferença de horário.

O jantar será servido em cerca de uma hora, e não tenho


ideia do que a equipe planejou, mas é sempre delicioso. Lydia
terá uma seleção de aperitivos e praticamente qualquer tipo
de bebida que você possa desejar, alcoólica ou não alcoólica.
Estou realmente com fome, mas isso é um acontecimento
recente. Na maior parte do dia, lutei contra náuseas de baixo
nível e só consegui comer algumas torradas no café da manhã
e biscoito seco desde então.

Mas meu estômago finalmente parece ter se acalmado, e


já passou a minha ressaca. Embora, ainda tenha uma leve
dor de cabeça, a enorme quantidade de água que tenho
bebido desde que acordei ajudou substancialmente. Faço uma
nota mental pela décima vez hoje, para nunca mais beber. Eu
sei que vou quebrar essa promessa no futuro, mas por
enquanto, tenho certeza de que posso mantê-la.

Esta manhã foi difícil. Minha cabeça parecia que estava


sendo dividida em duas por um machado cego, e podia sentir
o amargo do vômito no fundo da minha garganta. No minuto
em que me sentei, meu estômago revirou e tive que me
concentrar para não engasgar. Eu me movi cuidadosamente
para fora do colchão e fui para o banheiro. Eu parecia a morte
no espelho, mas imediatamente bebi garrafas de água gelada
da geladeira da suíte.
Algumas memórias da noite passada estão claras,
algumas estão um pouco confusas e outras completamente
negras. Faço outra nota mental para ficar longe de misturar
vinho com martini.

Tenho lembranças claras do casamento de Rachel. Foi


emocionante e adorável, e assistir ao casamento fez a viagem
valer a pena. Lembro-me do início da recepção e da refeição
suntuosa. Adoro longas experiências gastronômicas em que
você come pequenos pratos devagar para poder se concentrar
na conversa.

Depois do jantar, lembro-me dos homens —


tradicionalmente apenas o noivo, o pai do noivo e padrinho —
fazendo seus brindes e os convidados bebendo seus copos de
Pimm, que não participei porque considero muito doce . O
bolo de casamento estava delicioso e, definitivamente me
lembro que a cobertura de creme de manteiga de limão era
tão boa, que fiz Rachel prometer pegar a receita para mim de
quem fez o bolo.

Lembro-me até do meu primeiro martini, Extra Dirty, do


jeito que gosto.

As coisas ficaram um pouco mais confusas à medida que


a noite avançou, mas sei que me diverti muito com minhas
amigas da faculdade. Já fazia muito tempo desde que fui
capaz de sair e me divertir sem restrições. Eu sei que foi
possível porque eu estava em um local seguro e tinha
seguranças que não iriam me julgar se eu ficasse selvagem.
Houve muita dança, risadas e reencontro com velhos amigos
que eu não queria que a noite acabasse. A única pessoa que
faltou foi Marius — e sei que ele teria se divertido muito
também. Se não fosse por um compromisso prévio, ele teria
sido meu encontro.

À medida que a noite avançava, meu entusiasmo foi


aumentando. Eu definitivamente me lembro de Jackson
puxando Baxley para fora da pista de dança porque tentou
me agarrar. Até me lembro da sensação de seus dedos
quando roçaram meus quadris e o leve estremecimento que
subiu pela minha coluna. Eu sabia que era Baxley porque
não havia uma pessoa em todo o salão da recepção, de todas
as centenas presentes, que ousaria me tocar sem permissão.

Exceto Baxley.

O cara sempre me assustou na universidade, e eu não


ligava nem um pouco para ele. Ao longo da noite, ele se
tornou mais agressivo em suas tentativas de chamar minha
atenção. Eu consegui lidar bem com isso sozinha, e quando o
vi atrás de mim com a intenção de me agarrar, provavelmente
teria lidado bem com isso também.

Tenho certeza de que meu joelho teria acertado suas


bolas. Eu não posso nem imaginar as manchetes que haveria,
mas teria valido a pena. E uma das últimas coisas de que me
lembro com clareza, antes de se tornarem confusas, é que
Jackson parecia quente puxando Baxley para fora da
recepção.

Portanto, no controle.
Comandando.

Implacável.
Isso empurrou meus botões e me fez pensar como seria
estar com um homem como ele. Não apenas sexualmente,
embora me pergunte sobre isso, mas com um homem que
exala tanta confiança. É realmente uma incógnita para mim.

Marius é o mais próximo que cheguei de conhecer um


homem com esse nível de confiança, e até ele tem suas
inseguranças. Mas com Marius é discutível porque não me
sinto atraída por ele.

Estou, no entanto, atraída por Jackson Gale, e em algum


momento na névoa confusa e bêbada da noite passada,
percebi isso.
Quero dizer, que mulher não estaria? Com seu cabelo
escuro e olhos castanhos avelã, embora não o tenha visto em
nada além de um smoking, ternos ou uma camiseta e jeans
como ele está vestindo agora, não há dúvida de que por baixo
seu corpo é a perfeição .

As coisas ficaram totalmente obscuras depois que


Jackson lidou com Baxley. Tomei outro martíni, pensando
que me acalmaria da adrenalina de ver Jackson lidar tão
facilmente com alguém que tentava me tocar. Eu tenho um
bug no meu cérebro sobre Jackson Gale, amplificado pelo
álcool, sem dúvida, e tenho uma vaga lembrança de dizer a
Rachel que eu deveria levá-lo ao meu quarto de hotel e tirar
vantagem dele. Ela riu tanto que o champanhe saiu pelo seu
nariz, mas concordou que era uma grande ideia.

Passamos vários minutos sussurrando sobre a


possibilidade de eu fazer uma coisa dessas, mas em algum
lugar no fundo do meu cérebro bêbado, eu sabia que não
havia quantidade de álcool que me deixaria agir assim. Sou
muito insegura de mim mesma.
Depois disso, as coisas passaram de obscuras para
pretas. Não me lembro do resto da noite nem de como cheguei
ao meu quarto, embora tenha certeza de que Jackson e Paul
me acompanharam. Não me lembro como coloquei meu
pijama, mas estou confiante de que fiz isso sozinha porque
encontrei meu vestido e sapatos jogados no chão, o que não é
nada parecido comigo. Tenho certeza de que desmaiei assim
que caí na cama.

Depois de beber água esta manhã, deitei na cama por


um tempo. Não estávamos programados de sair até a noite,
então tive tempo de sobra para cuidar da minha ressaca.
Enquanto tentava limpar meu sistema, algumas memórias
vinham à tona.

De alguma forma, acabei no chão.

Jackson entrou no meu quarto.

Eu vomitei. Quantidades imensas.

E Jackson se agachou ao meu lado no banheiro,


segurando meu cabelo para que não caísse no vaso sanitário.
Então, veio um momento de que me lembro com grande
clareza. Eu tinha expelido a maior parte do álcool do meu
estômago e tinha acabado de colocar minha cabeça no
assento da porcelana, pensando em como era nojento, mas
também em como era reconfortante. Jackson ainda estava ao
meu lado, e meus olhos se desviaram para o lado, observando
suas coxas poderosas com sua calça de moletom cinza
esticada sobre elas.

Meu rosto aquece com a memória... o contorno grosso de


seu pau contra o material macio. Ele tinha uma ereção
enorme, e a encarei fascinada até que a próxima náusea me
atingiu.

Quando a náusea finalmente parou, minha cabeça


parecia muito mais clara. Jackson me trouxe uma garrafa de
água gelada, que bebi avidamente. Ele ficou parado na porta
do banheiro enquanto eu escovava os dentes, uma mão
pressionada na penteadeira para me firmar. Jackson me
ajudou a voltar para a cama, arrumando os lençóis e os
cobertores antes de eu deitar. O homem chegou a colocar
uma lata de lixo ao lado da minha cama e depois me deu um
prendedor de cabelo para prendê-lo para cima novamente.

Enquanto fazia essas coisas para mim, eu não conseguia


parar de pensar em sua ereção. Não tive coragem de olhar
para lá novamente, mas não importava porque a imagem
estava gravada em meu cérebro. Mesmo muito tempo depois
que ele voltou para seu quarto, a porta aberta para que
pudesse ouvir caso eu ficasse mal novamente, não conseguia
parar de pensar em seu pau.

E o que ele poderia fazer com aquela coisa.

Eu sabia, apenas sabia, que seria maravilhoso.

Com um homem como Jackson Gale.

Agora sentada aqui neste avião a caminho dos Estados


Unidos, mal consigo olhar para ele. O que diz sobre mim que
eu não me emocione com a forma de como ele cuidou de mim,
mas sim com o tamanho do seu pau? Não é a imagem dele
colocando a lata de lixo ao lado da minha cama que está
fazendo minha pele formigar, mas sim o volume de seu pau
grosso pressionado contra o algodão cinza?

O que diabos está errado comigo?

Quando acordei esta manhã, enjoada e sentindo como se


alguém tivesse me atropelado com um tanque, tudo que eu
conseguia pensar era naquela maldita ereção.

Então tudo que eu conseguia pensar era que tinha que


haver algo seriamente errado comigo, já que só pensava em
sua ereção.

Na verdade, estou envergonhada de mim mesma.

Horrorizada, na verdade.

Como poderia um homem — um empregado, na verdade


— me afetar dessa maneira? Ainda estou sob a influência do
álcool? Eu envenenei meu cérebro?
Eu abaixo minha cabeça e massageio minhas têmporas,
minha dor de cabeça aumentando, e sei que não tem nada a
ver com a ressaca.

— Você está bem?

Minha cabeça levanta para encontrar Jackson olhando


para mim. Meu rosto aquece e engulo meu nervosismo para
murmurar: — Estou bem.

Eu evito seu olhar, olhando pela janela. Está escuro


como breu sobre o Atlântico e não há nada para ver, sendo
uma tática clara de evasão, o que também é humilhante.

Mas pelo menos não estou olhando para Jackson. Estou


apavorada que ele possa ver a vergonha no meu rosto e saber
exatamente onde estavam meus pensamentos. Um homem
pode saber disso apenas pela expressão de uma mulher?
Espero que Jackson volte para a frente do avião. Em vez
disso, ele desliza para o assento ao meu lado, e tenho que me
forçar a não me afastar dele. E a única razão pela qual quero
me afastar é porque meu instinto é me aconchegar nele.

Que porra há de errado com você, Camille?

— Ei, — Jackson diz para chamar minha atenção, e sou


forçada a olhar para ele. — Você está envergonhada por
ontem à noite?

Em todas as vezes na minha vida em que tinha me


bronzeado um pouco demais nas margens do Mar de Coral –
às vezes que esqueci de usar protetor solar e voltei para casa
com uma queimadura horrível – nunca senti minha pele
esquentar tanto como agora. Imagino minhas bochechas
borbulhando. Não há dúvida de que estão vermelhos, e é
óbvio que estou realmente envergonhada.

Minha voz está trêmula. — Envergonhada com o quê?

Jackson inclina a cabeça com simpatia. Ele diz para mim


com a voz baixa, embora estejamos sentados longe demais de
qualquer um para sermos ouvidos. — Sobre vomitar ontem à
noite. Caindo da cama. Basicamente, sendo um bêbada .

Ele diz essa última parte com um sorriso, provocando-me


além da minha vergonha.

Eu odeio dizer… funciona.

Isso me faz rir. Meus olhos voltam para os dele, e espero


que ele possa ver o pedido de desculpas dentro. — Sinto
muito que você teve que ver isso. Sinto muito que você teve
que segurar meu cabelo e me ver vomitar, sentir o cheiro e
depois me ajudar...

— Pare, — Jackson repreende gentilmente. — Todos nós


já passamos por isso. E seu segredo está seguro comigo. Você
não precisa ficar com vergonha.

Eu posso ter ficado um pouco mortificada por ele me ver


vomitar, mas supero agora com sua provocação gentil.
Ainda totalmente envergonhada por estar obcecada com
o que está entre as pernas dele. Mas tenho que esperar que
isso caia no esquecimento. Quanto tempo alguém pode ficar
obcecada por um pau?

Algo nos confins da minha mente me responde: Você


pode pensar nisso até o dia de sua morte, Camille. Se ele é
bom com isso... você deveria descobrir.
Movo-me no meu assento com o pensamento
basicamente me dizendo que eu teria que experimentar para
saber se poderia tirá-lo do meu cérebro, pois isso
absolutamente não vai acontecer.

A testa de Jackson franze um pouco enquanto olha para


mim. Imagino que uma miríade de emoções passou pelo meu
rosto enquanto luto contra meu demônio interior, incitando-
me a tornar meus pensamentos inadequados em realidade.

— Tem certeza que está bem? — ele pergunta


novamente, sua expressão preocupada.

— Tudo bem, — eu asseguro a ele, mas não há como


esconder o tremor na minha voz. Tento o que espero ser um
sorriso confiante. — Apenas cansada da noite passada.

— Qualquer coisa que eu possa conseguir para você? —


ele pergunta enquanto se levanta de seu assento.

E o movimento é tão inesperado que meu olhar não se


eleva com ele. Em vez disso, ele está no corredor, sua virilha
basicamente no nível dos olhos e olho para a frente de seu
jeans.
Claro, não há ereção, embora, reconhecidamente, ele use
jeans muito, muito bem.

Não é difícil imaginar como é esse contorno por trás do


jeans escuro. Talvez pendurado à esquerda do zíper.
Há uma tosse, e estremeço, meus olhos voando para
cima. Jackson me encara fixamente, mas de forma alguma
consigo discernir o que ele está pensando. Ele não está
divertido. Não está bravo. Nem ofendido.

Quero dizer... ele só me pegou olhando descaradamente


para sua virilha, provavelmente com um olhar de saudade no
meu rosto, e não tenho a menor ideia de como o faz sentir.

É pior do que realmente saber como ele sente sobre isso.

Mais uma vez, o calor no meu rosto é como um inferno.


Decido que o melhor a fazer é me desculpar, mas antes que
eu possa dizer uma única palavra, ele diz: — Vou voltar para
a frente. Deixe-me saber se você precisar de alguma coisa.

Minha garganta está apertada. Não consigo nem gritar


um — ok, — então apenas aceno com a cabeça.

Jackson volta pelo corredor, e Deus me ajude, estou indo


direto para o inferno. Eu verifico sua bunda enquanto ele se
afasta.
CAPÍTULO 8
JACKSON
NUNCA FUI fã da cidade de Nova York. Nem de nenhuma
das grandes cidades como Chicago, LA ou Dallas. Eu sei que
parece antiamericano não gostar dos símbolos da riqueza,
crescimento, cultura e comércio de nossa nação, mas a selva
de concreto não é para mim.

Dê-me uma casa no campo — pelo menos a quinze


minutos de uma loja decente — e serei um homem feliz.
Atualmente, estou morando em um apartamento na sede da
Jameson, mas estou procurando um pedacinho do paraíso
nas montanhas, nos arredores de Pittsburgh.
A outra coisa que não suporto nas grandes cidades é a
agitação da multidão. Milhões de pessoas nadando rio acima
para chegar a algum lugar. Odeio o cheiro, as buzinas e o
metrô cheio de passageiros parados ombro a ombro. Não sou
antissocial, mas gosto do meu espaço. Não gosto de estar
encaixotado ou ser controlado.

Eu contei a Ladd não muito tempo atrás sobre minha


aversão à vida na cidade grande — não que Pittsburgh seja
uma cidade excessivamente grande — e ele me disse que eu
era rude.

Eu olhei para ele como se ele fosse louco, mas ele


explicou sobre a importância da literatura, das artes, da boa
gastronomia e das instituições de ensino superior
encontradas apenas nas grandes cidades. Eu não discordei
dele, mas apenas apontei que eu poderia voar para uma visita
de fim de semana a Nova York para assistir a uma peça da
Broadway se eu quisesse, e voltar para minha pacífica
propriedade bem fora dos limites da cidade.

Ele apenas riu e disse: — Touché.


Iremos em muitas grandes cidades durante a viagem de
Camille, mas estou feliz por estarmos em Nova York primeiro,
já que é a minha menos favorita.

Muita gente.

Camille, por outro lado, adora. Em seu itinerário –


composto por reuniões de negócios e visitas turísticas que ela
queria fazer – estava seu desejo simples de apenas andar
pelas ruas da cidade. Nosso plano de proteção para esta
solicitação era bastante simples. Eu ao lado dela, agentes na
frente e agentes na retaguarda. Seu itinerário ultrassecreto,
conhecido apenas por mim, Ladd, Cruce, Dozer e Dmitri. Os
agentes de segurança adicionais, coordenados e posicionados
sob a direção de Ladd, não sabiam de suas atribuições até a
manhã do dia de serviço. Isso evitava que informações
vazassem — intencionalmente ou inadvertidamente —
subvertendo assim os sequestradores com planos bem
elaborados.

Ontem foi nosso primeiro dia inteiro na cidade, repleto de


reuniões e eventos consecutivos. Camille se encontrou com o
dono de uma joalheria sofisticada para discutir o produto de
sua família. Aprendi bastante sobre rubis e fiquei surpreso ao
saber que a imensa riqueza dos Winterbournes não se deve à
quantidade de pedras preciosas de suas minas, mas à
qualidade. Suas pedras não precisam ser tratadas ou
aprimoradas para remover imperfeições e melhorar a
qualidade.

Isso significa uma enorme diferença no preço de varejo.


Um rubi de cinco quilates climatizado para melhorar a
qualidade custa cerca de cinco mil dólares no varejo. A
pedra do mesmo tamanho de suas minas, quase perfeita
como está, custa quinhentos mil dólares.

Ontem, Camille também passou um tempo em uma


instituição beneficente que fornece refeições para famílias de
baixa renda, para a qual fez uma boa doação antes de
partirmos, seguida de uma visita a um amigo da Bretaria que
se mudou para cá há alguns anos para fazer pós-graduação e
decidiu ficar. Depois disso, para minha surpresa, ela teve
uma reunião com um editor de uma grande editora para
discutir um projeto de livro infantil em que está trabalhando.

Sim… Camille tem camadas.

Depois de uma viagem de compras em que ela não fez


nada além de passear pelas lojas sofisticadas, jantou com
outro amigo expatriado de Bretaria em um pitoresco
restaurante italiano que foi altamente recomendado. Ladd e
eu comemos no bar, a menos de três metros de Camille. Ladd
estava em Nova York para nos encontrar, mas voltaria para
Pittsburgh depois do jantar. Ele, Dozer e Cruce montaram
uma equipe de agentes em todas as cidades que visitaremos,
todos trabalhando em turnos de doze horas para garantir que
estejamos descansados e revigorados.

Depois que Ladd partiu no seu vôo tardio, acompanhei


Camille e sua amiga, junto com outros quatro agentes sem
identificação, a uma boate.
Embora, tenha assegurado a Camille que estava segura e
eu ficaria bem se ela quisesse soltar o cabelo e festejar, me
surpreendi que ela bebeu água a noite inteira e somente um
copo de vinho no jantar.

Hoje ela teve mais reuniões, algumas relacionadas a


negócios, outras de caridade, e com o passar do dia, chegou a
hora dela apenas conhecer a cidade.

Agora temos uma pausa antes que a princesa se prepare


para jantar com o vice-prefeito de Nova York e sua esposa.
Achei que ela gostaria de descansar em sua suíte, embora
esse descansar realmente signifique trabalhar em e-mails e
outras tarefas que ela faz para os negócios da família.
Em vez disso, ela diz que quer caminhar pela cidade.

Nosso hotel fica no Upper West Side, então nos


mantemos à área, pois há muito o que ver, não importa em
que quarteirão estejamos. Um passeio surpresa por
Manhattan e parte do Central Park não me causa muita azia,
dado o nível de proteção que temos ao seu redor. Todos os
agentes que assistem à distância estão vestidos para se
misturar com a multidão de Nova York. Estou vestido para me
misturar com Camille.
Está frio e cinza, uma pitada de neve no ar. Camille está
vestida com jeans, um suéter grosso, casaco pesado e botas
quentes com acabamento em lã. Apesar de nublado, ela usa
grandes óculos escuros e um simples gorro de tricô. A menos
que algum possível sequestrador saiba onde fica o hotel dela
— quase impossível dado o sigilo de nossos planos e o fato de
estar usando um pseudônimo — é duvidoso que seja
reconhecida nas ruas da cidade.

Independente disso, parecemos estar em um passeio


casual, mas fico perto com as mãos nos bolsos do casaco. Na
direita, tenho minha CZ 75, uma pistola semiautomática de
fabricação tcheca, minha arma de escolha. Estou vestido
casualmente com jeans e um casaco pesado – poderíamos ser
qualquer casal apreciando a vista.

Voltamos ao nosso hotel perto das 17h, e Camille tem


duas horas antes do jantar com o vice-prefeito. Assim que nos
aproximamos da porta giratória, Camille ri de alegria quando
um floco de neve pousa em sua bochecha e começa a
derreter.

Olho para ela e vejo seu rosto virado para o céu, os olhos
fechados e a boca aberta, com a língua de fora.

Ela espera pacientemente que um único floco caia onde


ela quer e quando isso acontece, seus olhos se abrem,
brilhando de alegria. Lentamente girando em círculo, observa
a neve cair e ficando mais pesada, ela suspira. — Eu amo
tanto a neve. Mas, novamente, meu sobrenome é
Winterbourne.
— Muito diferente do clima de Bretaria, hein? — Eu
pergunto enquanto a observo, certo de que não vi outra
mulher tão adorável.

Seus olhos deslizam para os meus e ela sorri. — Muito


diferente. É por isso que eu adorava ir à escola em Zurique.
Eu amo as estações do ano.
Eu a admiro. Não vejo nada de princesa diante de mim.
Apenas uma mulher que ama a neve, o inverno e as estações
do ano, e tenho um pressentimento de que essa pode ser a
verdadeira Camille Winterbourne.

Ela fica do lado de fora por mais alguns minutos e,


quando se cansa, entramos. Eu a deixo em sua suíte e espero
que ela entre e tranque a porta antes de ir para o meu
próprio. É verdade que nossos quartos estão ligados por uma
porta de comunicação, mas eu não ousaria me mudar para o
espaço dela sem convite.

Isso nem sempre vai ser o caso. Alguns hotéis em que


ficaremos não possuem suítes com quartos externos anexos.
Nesses casos, reservamos suítes de dois quartos e ela ficará
no quarto principal. Esses detalhes foram resolvidos muito
antes de eu ir a Bretaria para conhecer Dmitri e sua equipe.
Kynan insistiu que tal permissão fosse concedida antes de
concordarmos com o trabalho. Se a família Winterbourne
queria proteção pessoal para Camille, tinham que concordar
com seu guarda-costas tendo acesso muito rápido. Isso
significa, em alguns casos, compartilhar uma suíte.
Não é algo grande, para ser honesto. O rei e Camille não
tiveram nenhum problema em concordar. Eu também bem
não tenho nenhum problema com isso. Temos portas em
nossos quartos para manter a privacidade.

É o que é, e estou aqui para protegê-la.


Quando entro no meu quarto, vou até a porta de conexão
e testo a maçaneta.

Desbloqueada, pois agora ela entende que é muito


importante. Satisfeito, sento-me à mesa e abro meu laptop,
verificando os eventos que completamos e vendo nossa
agenda.

Amanhã à noite, partiremos para Atlanta. Ela tem uma


entrevista a CNN no dia seguinte sobre o trabalho filantrópico
dos Winterbournes, depois visitaremos o renomado aquário
da cidade. De Atlanta, seguiremos para Miami, onde se
encontrará com um dos maiores clientes da Winterbournes,
um famoso designer de joias que está em alta demanda, e tem
uma lista de espera de quase dois anos por seu trabalho.
De lá, para a Florida Keys para pesca — outra surpresa,
é algo que ela faz com frequência nas águas ao redor de seu
palácio — e depois vamos para o oeste.

Para minha surpresa, ela escolheu uma pequena cidade


para visitar chamada Jonesboro, Arkansas. Na verdade, tive
que pesquisar — é uma típica cidade de médio porte, sem
nada que eu pudesse imaginar que atraísse uma princesa .
Quando perguntei-lhe sobre isso, usando essas palavras
exatamente — O que há lá que possa interessar a uma
princesa? — ela simplesmente respondeu: — Nada que eu
saiba, e essa é exatamente a razão pela qual quero ir. — Ela
explicou que só quer ver como é a América típica, porque veio
ao nosso país para descobrir como somos.

Depois de Arkansas, ela visitará outras como Dallas, Las


Vegas e sul da Califórnia. Ela vai para Lake Tahoe e Jackson,
Wyoming para esquiar — porque, como acabei de saber,
adora o frio — depois volta para Washington, DC, onde ela
passará dois dias fazendo turismo e indo a compromissos,
seguido de almoço com o presidente dos Estados Unidos.

Na verdade, esse foi um evento que Cruce garantiu, já


que ele é casado com a sobrinha do presidente, e isso
impressionou o rei Thomas. Camille está, é claro, fora de si –
mesmo sendo da realeza e uma das mulheres mais ricas do
planeta, ela nunca pensou que conheceria o líder mundial,
muito menos almoçar com ele.

Sorrio para mim mesmo, finalmente admitindo que a


entendi errado. Ela não é nada como a estereotipei ser. Pelo
contrário, é fascinante, e penso nela muito além de apenas
protegê-la.

E vamos encarar... ela é linda e sexy, e quando você


adiciona isso ao fato de que ela é totalmente intrigante, não
posso olhá-la apenas como seu guarda-costas. É seguro dizer
que o homem em mim afastou-se um pouco de vê-la só como
um protetor. .
Claro, eu sei que não posso fazer isso. Mas como diz o
ditado, não há problema em olhar.

Eu ouço a TV ligada em sua suíte, e rio da música tema


de Friends. Outra coisa que me surpreendeu sobre Camille é
que ela não assiste TV.
Tipo, de jeito nenhum.

Ela assiste a um filme de vez em quando, mas além


disso, a TV está desligada. Ela recebe suas notícias a partir de
um resumo diário elaborado pelo secretário do rei e, se quiser
mergulhar mais fundo, vai direto para a web. E embora o
acesso à programação via satélite seja abundante em sua
terra natal, ela me disse que está ocupada demais para
investir tempo na TV.

Mas agora... eu a ouço rindo, provavelmente de algo


engraçado que Phoebe fez ou disse. Aparentemente, na
primeira noite em Nova York, Camille estava tendo
dificuldades para dormir devido à diferença de fuso de
Bretaria para Londres e Nova York, então ela ligou a TV e
viciou em Friends. Isso é um clássico da televisão americana
no que me diz respeito, bom para ela.
Vou até a cama e me acomodo, recostado à cabeceira da
cama. Eu coloco minhas mãos em meu estômago e considero
Camille ao lado.

Sim, ela é totalmente diferente do que eu pensei que


seria, e sou grato. Esta tarefa não é a bagunça que eu estava
esperando. Ela é realmente muito agradável de se estar por
perto.

Mas ainda estou lutando para entender o que vi no avião


quando saíamos de Londres. Eu tinha ido para o seu lugar
para ver como ela estava. Eu sabia que sua ressaca tinha sido
ruim.
E houve o momento antes de voltar ao meu lugar,
quando ela olhou para minha virilha. Fiquei estranhamente
fascinado no começo, vendo quase um olhar sonhador em seu
rosto, enquanto olhava diretamente para onde meu pau
estava suavemente aninhado atrás do jeans desgastado. E
então sua expressão se transformou, e juro que era um olhar
faminto. Se tivesse oportunidade, tenho certeza que ela
poderia ter me devorado ali mesmo.

Foi estranho e emocionante ao mesmo tempo, e tenho


sorte de não ter tido uma ereção em resposta à maneira como
ela olhou para mim. Eu tive que tossir para quebrar qualquer
feitiço sob o qual ela estava, e então aquele olhar em seu
rosto desapareceu. Ela estava claramente envergonhada, e
deixei para lá, não querendo piorar as coisas para ela.

Mas... havia algo ali.

Atração, com certeza.

Eu sei porque o que quer que estivesse em seu rosto,


sinto o mesmo redemoinho de desejo dentro de mim. Desde
aquele sonho sexual, estou sentindo isso.
Porra, me sinto uma bagunça porque acho que estou
lendo isso certo. Tenho a sensação de que se eu tentasse algo,
ela pularia dentro.

A questão é, se ela tentasse algo comigo, eu aceitaria?

Estou trabalhando. Eu não deveria, mas aqui estou eu


me questionando.

Eu nunca fiz uma jogada com um cliente e protegi várias


mulheres lindas ao longo dos anos. Algumas delas vieram até
mim e se ofereceram em troca de nada mais do que uma
noite quente de prazer mútuo. Embora fosse incrivelmente
tentador, nunca aceitei porque meu trabalho e meus deveres
são mais importantes.

O que diz sobre mim que no trabalho mais importante


como guarda costas de todos os tempos — uma princesa da
realeza — estou considerando a possibilidade?

Se Kynan soubesse o que estava acontecendo no meu


cérebro, ele atiraria em mim. Se soubesse que já havia se
estendido ao meu pau, me estrangularia e depois atiraria em
mim.

Foda-se se não estou tentado, e só porque tenho certeza


de que ela está na mesma página e nunca me senti atraído
por alguém do jeito que estou por Camille.

Cristo, eu sou um idiota. Eu preciso deixar pra lá.


Meu telefone toca, interrompendo pensamentos tão
complexos que eu realmente estremeço. Eu reconheço o toque
da minha mãe, então, sem hesitar, eu me aproximo para
atender.

— Ei, coisa gostosa, e aí? — Eu pergunto, sabendo que


fará minha mãe rir.
Em vez disso, ela diz meu nome — Jackson — e os pelo
na minha nuca se arrepiam .

— O que há de errado? — Eu exijo em voz baixa, saindo


da cama.

— É o seu pai, — ela diz suavemente. — Ele teve outro


ataque cardíaco. Estamos na emergência agora, mas vão
interná-lo e fazer um cateterismo.

— Vai tentar colocar outro stent4? — Eu pergunto. Foi o


que eles fizeram da última vez.

— Talvez, — ela murmura. — Se eles conseguirem. Mas


se o bloqueio for muito grande, eles podem ter que contornar.

— Foda-se, — murmuro baixo, mas sei que ela ouviu.


Ela não censura. Sendo casada com um militar com dois
filhos no serviço, a bomba F não vai fazê-la corar. Inferno, ela
pode deixá-lo melhor do que nós.

— Estou indo, — eu digo, tomando uma decisão em uma


fração de segundo que vai desestabilizar muitas pessoas.

— Você está no meio de um trabalho, — ela exclama,


negação em seu tom. — Absolutamente não.

— Estou indo, — repito, mas o que não digo é que estou


indo por ela. Ela é quem precisa de apoio. Meu irmão está
implantado, e ela está sozinha.

— Jackson, — ela começa a argumentar, mas eu a


interrompo.
— Mãe... eu preciso me ocupar fazendo alguns arranjos.
Não será problema para mim levar um dia ou dois ou o tempo
que for. Eu posso arranjar alguém para tomar o meu lugar.

E essa é a verdade. Kynan nunca esperaria que eu


continuasse com um pai doente.

Ela tenta argumentar mais uma vez, mas eu gentilmente


a rejeito e me despeço. Prometo ligar para ela em breve com a
minha hora de chegada.

Antes de ligar para Kynan, porém, preciso falar com


Camille.

Movendo-me para a porta que nos conecta, dou uma


batida rápida com meus dedos. A TV é rapidamente silenciada
e Camille chama: — Entre.

Eu entro na suíte principal para encontrá-la sentada na


borda do sofá, virada em um ângulo para me ver entrar pela
porta. — Algo está errado? — ela pergunta enquanto se
levanta.
— Não que isso afete você, — eu respondo
categoricamente. Obviamente estou preocupado com o fato de
meu pai e minha mãe estarem sozinhos, mas também em
deixar meu posto. Eu nunca o fiz . — Meu pai teve um ataque
cardíaco e...
— Ah, não, — Camille deixa escapar em voz alta e dá a
volta no sofá para correr para mim. Sua mão vai para o meu
antebraço em uma demonstração de apoio. — Ele está bem?
O que posso fazer? Você está bem?

Eu deveria estar irritado, pois o tempo é essencial, mas


estou bastante tocado por sua compaixão.
Gentilmente removendo sua mão do meu antebraço, dou
um aperto suave para mostrar que aprecio sua preocupação.
— Ele está se preparando para entrar em um procedimento
médico agora. Minha mãe está sozinha desde que meu irmão
está no exterior, então eu preciso ficar com ela. Vou fazer com
que Paul assuma minhas funções. Ele vai ficar no meu quarto
esta noite e, claro, vou deixar Dmitri saber disso.
Provavelmente não ficarei fora por mais de um dia, então
encontrarei você em Atlanta.

Ela está balançando a cabeça antes que eu possa


terminar. — Ridículo. Nós iremos até seu pai agora mesmo no
meu avião. Posso cancelar as atividades de amanhã, assim
como o jantar hoje à noite.

— De jeito nenhum, — digo, dando um passo para trás.


— Por que não? — ela pergunta, dando um passo à
frente. — Eu tenho um avião pronto que pode levá-lo até lá, o
que ...?

— Uma hora e quinze, — murmuro, sabendo que vai


usar a conveniência de que pode me levar ao Aeroporto
Nacional Reagan como um ponto. De lá, são quinze minutos
de carro até o hospital.

— Então o que estamos esperando? — ela pergunta,


apontando para o meu quarto. — Vá fazer as malas. Levarei
cerca de quinze minutos e estarei pronta para ir.
Eu suspiro, esfregando minha mão pelo meu cabelo. —
Nós nem temos reservas de hotel. Não consegui verificar
hotéis nessa área. Eu posso reunir os agentes, mas isso vai
demorar um pouco, especialmente os que estão de folga,
embora eu suponha que possa fazer com que Ladd envie
alguns para DC que possam ajudar...

— Pare, — diz ela, e mais uma vez, ela está bem na


minha frente, a cabeça inclinada para trás com simpatia
escrita por todo o rosto. — Eu não preciso de nenhuma
proteção extra. Duvido que os sequestradores estejam
esperando no hospital na chance de eu entrar. E podemos
ficar na casa dos seus pais, não precisamos de arranjos de
hotel.

— Na casa dos meus pais? — Repito, uma sobrancelha


levantada.
— Sim, — diz ela brilhantemente. — Você me disse que
eles moram em uma grande e adorável casa de fazenda.
Tenho certeza de que há um quarto extra ou dois. Certamente
há um sofá extra.

Puta merda. Essa dor na minha bunda acabou de se


convidar para dormir na casa dos meus pais. Não que eu
tivesse feito um convite, mas não é apenas... rude?

Não, não é isso. Presunçoso?

Também não. Encantador?

Pode ser.

Seja o que for, não ofende e eu acho meio fofo. Sua


Alteza Real Camille Winterbourne se ofereceu para dormir em
um sofá esta noite, para que eu possa ir até a mamãe o mais
rápido possível.
Quando eu olhar para trás mais tarde, este
provavelmente, será o momento exato em que decidi que
Camille não é mais apenas um trabalho.
CAPÍTULO 9
JACKSON
SE ISSO NÃO É a coisa mais idiota que já fiz, eu não sei
o que é. Mas aqui estou eu, entrando em um hospital com
uma princesa ao meu lado, e nenhuma pessoa pela qual
passamos tem a menor ideia.

Os planos se solidificaram rapidamente assim que aceitei


a oferta de Camille de usar seu avião. Foi uma oferta
incrivelmente generosa, não apenas para me trazer aqui mais
rápido, mas também por desistir de um dia inteiro de planos
que ela tinha em Nova York, incluindo jantar com o vice-
prefeito. Kynan não teve escrúpulos em nos desviar do
itinerário, se era o que a princesa queria, desde que o rei
Thomas aprovasse.
Em seguida, tivemos uma teleconferência com Dmitri e o
rei. Dmitri se opôs a esse desvio, mas ele não é um cara
espontâneo, então não foi surpresa. Foi o rei Thomas, porém,
que aprovou no final, apenas porque era o que Camille queria.

Claro, discutimos segurança e sabemos que esta viagem


é de baixo risco. Estaríamos indo direto do avião particular
para o hospital, e eu estaria cuidando da proteção de Camille
enquanto estivesse lá. Decidimos enviar Paul a Miami para
aguardar nossa chegada e Ladd providenciou que alguns
agentes fossem enviados à casa dos meus pais, para fazer
uma verificação do perímetro, já que passaríamos a noite.
Eles ficarão fora do serviço durante a nossa estadia. Isso
provavelmente foi um desperdício de dinheiro, já que
estávamos saindo do roteiro planejado e privado de Camille,
mas tínhamos tempo e o rei Thomas tinha o dinheiro.

Estou tenso ao atravessarmos os corredores até o quarto


do meu pai. Quando estávamos no avião, pouco antes da
decolagem, minha mãe me informou que eles colocariam um
stent para corrigir o problema, o que era menos invasivo do
que a cirurgia de coração aberto. Isso pelo menos diminuiu o
nível de preocupação dos meus ombros.
Viramos um corredor e vejo minha mãe à frente,
esperando do lado de fora de uma sala. Eu a mantive
atualizada por mensagem de texto sobre nosso progresso para
alcançá-la, inclusive quando entramos no estacionamento.

Apesar de feliz e aliviada por eu estar aqui, e de


preocupação com meu pai, ela não pode deixar de olhar em
primeiro lugar para Camille. Minha mãe estava chocada com
a vinda dela, incrivelmente tocada por sua oferta, e então se
assustou porque um membro da família real ficaria na casa
da fazenda. Ela estava preocupada com lençóis limpos no
quarto de hóspedes, ao que respondi: — Não se preocupe com
isso, mãe. Camille vai dormir no sofá.

Ela não achou isso engraçado, mas eu continuo achando


e não posso deixar de sorrir quando nos aproximamos dela.

Os olhos da mamãe estão fixos em Camille. Olho para vê-


la sorrindo para minha mãe de uma forma que transmite que
ela sente muito pelas circunstâncias mas também está feliz
por conhecê-la. É completamente genuíno e é a Camille que
comecei a conhecer de maneira diferente apenas uma semana
atrás.

Camille não hesita. Ela caminha até minha mãe com a


mão direita estendida. Minha mãe parece confusa, como se
ela não soubesse se deveria fazer uma reverência, mas
assegurei a ela que não era uma formalidade necessária,
então ela aceita a oferta e suas mãos se apertam. Camille a
cobre com sua outra mão e aperta. — É tão bom conhecê-la,
Sra. Gale, e sinto muito pelas circunstâncias que nos
trouxeram aqui. Se houver algo que eu possa fazer por você
ou seu marido, por favor... não hesite em pedir.

Ok, isso foi um pouco exagerado, uma saudação política,


mas deixo passar porque a admiração na expressão da minha
mãe realmente vale a pena engolir essa besteira, que quase
me faz rir de novo.

Embora as palavras nasçam de sua posição e do que se


espera de uma princesa, Camille realmente quer dizer isso. Se
minha mãe dissesse: — Bem, querida… gostaríamos de ter
um andar privativo neste hospital, — Camille provavelmente
descobriria uma maneira de fazer acontecer.

Já basta, porém, e puxo minha mãe para um abraço


apertando-a com força. — Você está bem? — Murmuro
enquanto seus braços envolvem minha cintura. Apesar de seu
tamanho pequeno, ela é capaz de me fazer suspirar com a
força de seu abraço.

Ela acena contra mim, em seguida, inclina a cabeça para


trás. — Estou bem. Seu pai vai ficar bem, e agora estou com
raiva de mim mesma por deixar você vir aqui.

— Não é problema, — murmuro e dou-lhe outro aperto


antes de deixá-la ir. — Eu vou entrar para vê-lo, se estiver
tudo bem.

— Entre, querido, — minha mãe responde e então olha


para Camille. — Quer ir comigo ao refeitório tomar um café?

Antes que Camille possa responder, eu nego a ideia. —


Desculpe, mãe. Ela tem que ficar comigo o tempo todo.

— Mas certamente uma ida ao refeitório seria seguro, —


Camille insiste. Posso ver que ela está ansiosa para levar
minha mãe a algum lugar para descontrair um pouco.
— Dmitri me esfolaria e seu pai me jogaria na guilhotina,
— eu digo com um sorriso enquanto balanço minha cabeça.

— Eles não fariam, — diz Camille com ofensa exagerada,


então retruca astutamente. — Bem, talvez Dmitri o fizesse.

A expressão no rosto da minha mãe nubla-se de


preocupação, e a tranquilizo. — Relaxe, mãe. Estamos
provocando. Mas Camille não pode ficar fora da minha vista.
Embora com bastante confiança de que ninguém faria um
movimento contra ela, sou o único a protegê-la aqui no
hospital.
— Eu entendo, — diz ela rapidamente. — Vou descer
sozinha. Eu poderia dar uma caminhada.

Estendendo a mão, eu pego a mão da minha mãe e dou


um aperto. — Sem pressa.
Camille e eu a observamos ir embora e, quando ela vira o
corredor, Camille diz: — Sua mãe é adorável. Você se parece
com ela.

— É o que todo mundo diz. — Então me viro para a porta


aberta do quarto do meu pai. Não temos o relacionamento
mais fácil e, embora eu esteja feliz por ele estar bem, ainda
estou temendo esse encontro, especialmente com Camille ao
meu lado. Eu sei que ele vai ficar feliz por ter vindo vê-lo, mas
nunca vai me deixar saber disso. Na verdade, imagino que vai
se gabar sobre deixar meus deveres para vê-lo.

Eu paro e volto para Camille, que está me seguindo. —


Minhas desculpas se meu pai falar algo que a deixe
desconfortável.

Ela inclina a cabeça, as sobrancelhas se enrugando. —


Como o quê?

— Meu pai gosta de apontar meus defeitos quando pode,


— explico o melhor que posso sem dar a ela um discurso de
três horas sobre nossa disfunção pessoal.
Camille bufa e diz bem alto: — Defeitos. Quando você
poderia falhar com alguma coisa?

Não há dúvida de que o comentário dela passou pela


porta aberta do meu pai, mas ele provavelmente não ouviu. E
não me importo se o fez. Concordo com a Camille. Estou
confiante e satisfeito com minha vida e carreira, bem como
com as escolhas que fiz. Meu pai dizendo o contrário, não
diminui como me sinto sobre isso. É apenas irritante.
— Eu vou te contar tudo sobre isso em algum momento,
— eu digo, não como uma promessa, mas apenas para nos
mover para que eu possa acabar com isso. Foi-me garantido
que ele está clinicamente bem agora, então esta visita é
realmente para apoiar minha mãe. Eu quero deixar meu pai
saber que estou aqui se ele precisar de alguma coisa, e depois
voltar. Se eu tiver sorte, posso fazer minha mãe ir para casa,
onde podemos jantar mais tarde juntos.

Eu entro primeiro no quarto do meu pai e imediatamente


noto que ele está acordado, apoiado na cama e assistindo TV.

Canal de Esportes.

— Ei, pai, — eu digo, e sua cabeça vira no travesseiro


para balançar na minha direção.

Ele sorri fracamente e sua voz é rouca. — Sua mãe disse


que você viria.
— Você teve um ataque cardíaco, — eu digo em tom de
provocação. — Claro que eu viria.

— Você estava trabalhando, — ele resmunga, atrelado na


cama e me dando um olhar aguçado. Ele não mede palavras.
— Você não deveria ter deixado seu posto.

Quer dizer, eu não deveria ter deixado as forças armadas.


Eu suspiro, porque é a maneira indireta de papai de me
lembrar que acha que cometi um erro grave e estraguei minha
vida.
— Não é um posto no mundo civil, — digo ao meu pai,
sem conter a mordida na minha voz. — Nossa empresa se
reacomoda para emergências familiares.

— Claro que sim, — diz. Eu sei que ele não está se


sentindo muito mal porque seu tom é sarcástico, e posso dizer
que está ansioso por uma briga.

Desvio. Eu não sinto vontade de entrar nisso com ele. Eu


aceno para Camille, que entrou atrás de mim e está
educadamente parada na porta, mãos cruzadas diante dela.
— Pai... esta é a princesa Camille.

O olhar do meu pai se move para ela, e ele sorri e acena


educadamente, então olha de volta para mim. — O trabalho
de babá, certo?

Eu solto um suspiro exasperado, mas antes que eu


possa detê-lo, Camille dá um passo à frente para que sua
atenção volte a ela.
— Pelo contrário, Sr. Gale, eu não sou o que poderia se
equiparar a uma criança precisando de alguém para cuidar
dela.

Meu pai cora ao ser chamado a atenção não apenas por


um estranho, mas por alguém que é da realeza.

O tom de Camille é gentil, mas você pode dizer que ela


vai fazer uma questão quando pergunta: — Você sabia que o
FBI e a Interpol têm uma lista dos alvos de maior valor do
mundo? Inclui aqueles que são procurados criminalmente,
bem como aqueles que correm o risco de serem alvos de
criminosos. —

— Eu... hum..., — meu pai gagueja.

Ela continua sem dar a oportunidade de decidir se ele


sabia ou não desse fato. — Você sabia que na lista dos dez
primeiros, eu sou o número três, logo atrás dos dois
terroristas mais procurados do mundo?

— Um...

Eu assisto espantado enquanto ela se move para o lado


de sua cama e sorri para ele. — Nossa casa só aceita o
melhor no mundo para ter o privilégio de servir na minha
equipe de segurança. Seu filho foi escolhido para ser o
homem número um para me proteger. E só para deixar claro,
pagamos muito mais do que salários de babá.

É com esforço consciente que fecho meu maxilar, que


ameaçava se abrir, porque Camille mentiu à queima-roupa
para meu pai. Não existe essa lista, embora Camille esteja
certa... seu pai paga muito mais do que o salário de babá
para mantê-la segura.

Ainda assim, não posso deixar de ficar satisfeito quando


meu pai se desculpa. — Não, claro que não. Não quis dizer
isso, Alteza.

— Por favor, me chame de Camille, — ela insiste


docemente.
— Camille, — meu pai diz com um aceno de cabeça. —
Eu certamente não quis ofender.

Claro, ele quis. Meu pai quis me ofender. Ele queria


cutucar minhas escolhas de vida, mas não esperava ser
retrucado por uma princesa. Seu pedido de desculpas
abrupto diante de tal falta de educação é, na verdade, sua
experiência militar, já que ele tinha uma boa posição na
carreira e lidou com muitos dignitários estrangeiros.

— Sem ofensas, — diz Camille, e então fico atordoado


quando ela agarra a cadeira na parede e a arrasta para a
cabeceira do meu pai. — Agora, o Senhor deve me contar tudo
sobre seu tempo na marinha. Jackson me contou como
comandou um contratorpedeiro, e pareceu tão emocionante.
Venho de um país que não tem militares, então simplesmente
deveria me contar todos os detalhes.

Meu pai a encara ansioso e, como o conheço bem, posso


ver em todo o rosto dele que está lisonjeado com a atenção
dela, mas também plenamente consciente de que está sendo
tratado de maneira que não tem escolha a não ser seguir o
fluxo.

Camille olha para mim e então acena incisivamente para


a outra cadeira, como se dissesse: Sente-se, Jackson, e vamos
aproveitar esta visita.

Faço como ordenado por Sua Alteza Real. Eu sento e


gosto de ver Camille cuidar do meu pai para mim.

Eu poderia fodidamente beijá-la por isso.


Mas não vou.

Nos quinze minutos seguintes, Camille e meu pai


conversam como se fossem velhos amigos. Minha mãe volta e
dou-lhe minha cadeira. Ela me lança um olhar questionador
que diz: — O que diabos está acontecendo? — Eu dou de
ombros em troca.
Ficamos mais uma hora até que meu pai boceja e minha
mãe tenta enxotar Camille e eu para fora.

Eu olho para ela incisivamente. — Você vem com a gente.


Você precisa comer e descansar um pouco.

— Não, eu não posso...

— Você pode, Eliza, — meu pai resmunga e então dá um


revirar de olhos exagerado para Camille. — Essa mulher está
sempre cuidando de outras pessoas. Faça-a ir para casa e
descansar.

Para Camille, ele ordena isso.

Não a mim.

Eu tenho que morder o interior da minha bochecha para


não rir, porque ele já descobriu algo — que Camille não é
fácil. E posso dizer que ele já a respeita.

Não é preciso muito, realmente. Algumas palavras


encorajadas de Camille e algumas mais fortes minhas. —
Mãe... ou você sai por esta porta por vontade própria ou vou
carregá-la para fora daqui.
Isso a convence, e ela corre até a cama do meu pai,
certificando-se de que ele tenha água gelada e o controle
remoto por perto. Ela o beija, e ele acaricia suas costas,
assegurando-lhe que ficará bem pelo resto da noite.

Quando mamãe vai até o guarda-roupa pegar sua bolsa,


Camille vai para o lado de papai e oferece sua mão. Ele a
sacode.
— Foi uma honra conhecê-lo, Sr. Gale.

— Bill, — ele insiste. — Quero dizer... já que posso te


chamar de Camille e tudo mais.

Ela ri, e é uma daquelas risadas que dá me um soco no


estômago. Cheio de humor verdadeiro, um pouco rouca e de
uma honestidade como a pessoa que é.

Cristo, isso a torna ainda mais sexy.

Eu me inclino e acaricio meu pai uma vez na lateral de


sua perna. — Você está bem? Precisa de alguma coisa?

— Bem, — ele responde, e então faz algo que quase


dobra meus joelhos. Ele acena para Camille. — Acho que não
entendia o que você fazia, até hoje.

Eu não respondo, esperando ver para onde ele está indo.

— Estou orgulhoso de você, — ele murmura, e posso ver


que está envergonhado de fazer essa admissão — realmente
uma volta de cento e oitenta graus — não porque ele acha que
não mereço, mas porque está fazendo isso na frente de
Camille e da mamãe.
— Obrigado, Pop, — eu digo leve, dando outro tapinha
em sua perna, não fazendo um grande negócio sobre isso,
para não o envergonhar ainda mais.

Não tenho certeza se isso realmente muda sua visão


sobre a minha saída das forças armadas. Mas Camille
definitivamente esclareceu que eu não sou apenas babá de
pessoas.

Mamãe despede-se novamente, reconsidera ficar, e tenho


que puxá-la para fora do quarto, enquanto Camille ri de suas
travessuras. Nós acompanhamos minha mãe até o carro dela
e esperamos até que saia antes de atravessarmos o
estacionamento para o carro que alugamos no aeroporto.

— Eu não posso acreditar que você mentiu assim, —


provoco Camille. — Uma lista dos alvos de maior nível?

— Bem, — ela diz com uma risada, — se houvesse uma


lista, eu estaria no topo.

— Você sabe que meu pai vai contar a todos os seus


amigos aposentados da Marinha sobre o fato, e alguém vai
dizer-lhe que você estava cheia de merda e ele caiu no papo.

— Eu não estarei por perto para as consequências, — diz


ela maliciosamente, e eu rio.

Ao mesmo tempo, não posso deixar de me sentir um


pouco inquieto com o lembrete de que meu tempo com
Camille é definido e limitado. Em algumas semanas, ela não
estará mais por perto.
CAPÍTULO 10
CAMILLE
A FAZENDA é aconchegante e tranquila. O cheiro de
fumaça da lareira da sala ainda paira no ar, embora tenha
queimado há muito tempo. Jackson, Eliza e eu ficamos
sentados na sala por três horas depois de comermos —
sobras de chili que ela fez no dia anterior, que estava deliciosa
— e conversamos enquanto o fogo ardia crepitando e,
eventualmente, diminuía.

Jackson não acendeu para aquecer o ambiente, mas


somente porque sua mãe disse: — Eu não consigo mais fazer
seu pai acender uma lareira. Diz que é um desperdício, já que
temos aquecimento central.

Tão prático.

Tão diferente dos meus pais. Se minha mãe quisesse


uma lareira, meu pai construiria uma lareira que caberia dez
times de futebol lá dentro, não porque a ama mais do que Bill
ama Eliza, mas porque é tão rico que nunca precisou ser
prático. Não faz de nenhum homem errado.

Apenas diferente.
Foi divertido ouvir Eliza, que passou muito tempo se
gabando de Jackson, desde seu tempo jogando futebol juvenil
até o trabalho emocionante que ele faz para Jameson. Ela, é
claro, está orgulhosa de seu serviço naval, mas tenho a nítida
impressão de que ela não demonstrou porque ele fica muito
triste com seu pai por deixar o exército. Eu poderia dizer pela
maneira como ela fala que é a pacificadora da família,
ajudando a consertar o relacionamento desgastado, que
ocorreu quando Bill revelou que estava desapontado com seu
filho por não seguir seus passos.

É irônico, realmente.

Acho corajoso Jackson ter escolhido seu próprio caminho


e, de forma indireta, essa é a mensagem que eu estava
passando para Bill no hospital. O trabalho de Jackson agora é
tão importante quanto o que ele costumava fazer por seu país.

Mesmo que eu tenha mentido um pouco sobre a lista dos


dez primeiros.

A ironia, porém, é que estou no mesmo barco que


Jackson. Espera-se que eu siga os passos do meu pai, e não é
necessariamente, algo que eu queira fazer.
Não me entenda mal. Eu sou leal à coroa. Eu sou
dedicada à minha família. Eu amo Bretaria tanto quanto amo
o ar, e cumprirei meu dever de ascender quando chegar a
hora.

É só que... eu gostaria de poder levar uma vida diferente.


Eu gostaria de poder escolher um caminho onde eu fosse
menos controlada e pudesse tomar decisões pelos meus
próprios interesses e não pelos meus súditos.

Infelizmente, isso não é uma opção para mim. É a


desvantagem absoluta de ser um membro da realeza.
Eu poderia abdicar, é claro.

Mas eu nunca abdicaria.

Eu nunca abandonaria meu dever, mesmo pela minha


própria felicidade. Minha vida será sempre sobre Bretaria.
Vou viver naquela ilha, naquele palácio, e ter a mesma vida
com as mesmas pessoas dia após dia. É por isso que essa
viagem pelos Estados Unidos é tão importante para mim e
porque meus pais estavam tão dispostos a me deixar fazê-la
neste momento.

À medida que me aproximo dos vinte e cinco anos,


quando meu papel como herdeira estiver consolidado, meus
deveres aumentarão com o tempo. Meu pai pretende me
colocar totalmente sob sua asa e me ensinar tudo. Ele
também planeja começar a me deixar representar a coroa em
algumas funções oficiais.

Se eu não soubesse melhor, pensaria que meu pai está


se preparando para uma aposentadoria antecipada e quer que
eu assuma mais cedo do que após sua morte. Ele ainda é
muito jovem, afinal. Mas eu sei que ele nunca faria isso
comigo. Ele sabe o peso que a coroa carrega e quer que eu
tenha todas as oportunidades de levar minha vida como achar
melhor.

Com a pequena exceção de casar e produzir um herdeiro,


ele é todo por me deixar abrir minhas asas.

Era quase meia-noite quando Eliza bocejou e insisti que


ela precisava ir para a cama. Ela pretende voltar ao hospital
amanhã e passar o dia inteiro lá. Jackson e eu não
discutimos ainda quando partiremos para Miami, mas ele tem
o dia todo amanhã para ficar com seus pais. Eu vou dar a ele
mais tempo se precisar. O joalheiro que estou conhecendo
voaria de bom grado aqui para me encontrar, e nem me
importo de ficar na casa da fazenda dos Gales, em Arlington.
Sua mãe é uma delícia, e seu pai, embora rabugento e
teimoso sobre suas ideias sobre Jackson e a importância do
trabalho, posso dizer que por baixo de tudo isso, ele é um
bom homem.

Eu suavemente me puno enquanto desço a escada que


range. Eu tento ir com calma para não incomodar Eliza que
fechou a porta do quarto dela cerca de quinze minutos atrás.
Eu deveria estar fazendo o mesmo, mas não estou nem um
pouco cansada. Tanto Eliza quanto Jackson me disseram
para me sentir à vontade e, embora eu não saiba o que essa
afirmação significa ou como ela se aplica literalmente, pois
nunca tive essa oportunidade, vou experimentá-la e descer à
cozinha para um lanche.
Quando chego ao patamar, enfio as mãos nos bolsos do
meu roupão de pelúcia e corro à esquerda para a grande
cozinha, feita em armários brancos desgastados, piso de
madeira e cortinas de babados sobre as janelas da pia. É
pitoresca e acolhedora, exatamente o tipo de cozinha de casa
que me faz sentir como se pudesse invadi-la sem julgamento.

Com o canto do olho, vejo um movimento através das


janelas da sala de estar com vista para a varanda, que
percorre toda a extensão da casa e percebo que Jackson está
lá fora. Presumi que ele tinha ido para a cama também, no
quarto de hóspedes no final do corredor do meu. Ao contrário
de sua provocação sobre eu dormir no sofá, a casa é grande,
na verdade tem três quartos de hóspedes, além do principal.

Do brilho da luz da varanda, posso ver Jackson subindo


os degraus, o que significa que ele esteve em algum lugar no
jardim da frente. Eu me movo em direção à porta por
curiosidade e ele entra, piscando de surpresa ao me ver. Ele
tira o casaco de lã pesado e o pendura em um cabide perto da
porta. Ele então, fecha o trinco e aciona o alarme do painel de
parede.

— O que você está fazendo acordada? — ele pergunta


quando se vira para mim.

— Não conseguia dormir. Ia aceitar a hospitalidade da


sua mãe e invadir o armário do mordomo.

Jackson ri. — O armário da despensa?


— Você sabe, onde a comida é guardada.

— Chamamos de despensa. — Jackson sorri e acena com


a mão em direção à cozinha. — Eu vi um estoque de pipoca
de micro-ondas lá.

— Perfeito, — eu respondo e lidero o caminho.


Sentando na cadeira, deixo Jackson pegar a pipoca e
prepará-la. Uma vez que ela está girando dentro do micro-
ondas, pergunto: — O que você estava fazendo lá fora?
— Apenas andando pelo perímetro e tocando a base com
os agentes, — ele responde.

Eu faço uma careta. — Isso é mesmo necessário? Está


congelando, e me sinto horrível que eles tenham que ficar lá
fora.
— Primeiro, não está congelando. Está apenas cerca de
quatro graus, o que suponho que está congelante para você,
— ele repreende gentilmente. — Mas eles são pagos para ficar
lá fora e bem pagos, então não se sinta mal por eles.

— Suponho que minha vida em uma ilha tropical me


deixou um pouco mimada. — Eu suspiro. Embora eu ame o
frio, a neve e o esqui, só gosto por períodos limitados. Eu não
gostaria de ficar nele por doze horas.

— Você é realmente uma das mulheres menos mimadas


que conheço, — diz Jackson, e meu queixo puxa
involuntariamente para dentro de surpresa ao ouvir isso. Ele
nunca foi direto e disse anteriormente, mas sei que suas
impressões iniciais sobre mim eram muito diferentes. Eu
poderia dizer pelo jeito que falou comigo.

Pela maneira como ele me tratou.

Sinto a necessidade de ressaltar. — Eu sou uma


princesa, caso você tenha esquecido. Tenho todos os meus
caprichos atendidos. Minha família tem mais dinheiro do que
Deus. Eu tenho meu próprio jato particular e você não acha
que sou mimada?
Jackson balança a cabeça. — E ainda assim você estava
descendo as escadas sorrateiramente para invadir a despensa
em busca de comida em vez de pedir ajuda. Você abriu mão
de um precioso tempo de férias para me deixar vir aqui para
ver meu pai. Você está renunciando a hotéis de luxo para
ficar nesta antiga casa de fazenda.

— Esta antiga casa de fazenda é linda. Exatamente o tipo


de casa que eu gostaria se... bem, se eu pudesse ter minha
própria casa.
— Veja, — Jackson diz, apontando um dedo para mim,
— é preciso mais do que dinheiro no bolso para torná-la
mimada. Veja como você é rica e não pode ter sua própria
casa. É tudo relativo.

Eu torço meu nariz com o lembrete. O palácio é o único


lar que conheci e conhecerei.

— Isso te incomoda, — Jackson supõe em voz baixa,


aparentemente lendo minha expressão muito bem. O micro-
ondas toca e ele pega a pipoca. — Você odeia ter que viver no
palácio pelo resto de sua vida.

Eu dou de ombros. — Não me incomoda. É apenas...


uma escolha que eu realmente não tenho. Quem sabe, se me
dada a escolha, eu poderia querer morar lá de bom grado,
mas nunca saberei porque meu destino está definido.

Jackson pega uma tigela do armário, abre o pacote sem


se queimar com o vapor e serve a pipoca amanteigada. Ele dá
a volta na ilha e puxa o banquinho ao meu lado e se senta,
colocando a tigela entre nós.

— Seu destino é o que você quer que seja, — ele me


informa, como se eu nunca tivesse pensado nisso.
— Sim, eu sei disso. Eu poderia facilmente escolher
abdicar e me aventurar a viver minha própria vida.

— Mas você nunca vai fazer isso porque você tem muita
lealdade para com seu povo e muito amor por seu pai.

— Isso me deixa sem ambição? — Eu pergunto antes de


colocar uma pipoca na minha boca. É tão bom e exatamente o
que eu estava procurando em um lanche. Eu alcanço e pego
outro punhado.

Jackson ri e enfia a mão na tigela quando eu removo a


minha. — Sem ambição? — Ele bufa. — Achei que você seria
uma princesa que ia a almoços chiques todos os dias, fazia
compras de manhã e cochilava à beira da piscina à tarde. Eu
não sabia que ser a princesa Camille não é apenas um
trabalho em tempo integral, é uma carreira. Você tem uma
tremenda quantidade de responsabilidade em seus ombros. O
simples fato de você reconhecer me diz que você tem mais
ambição em seu dedo mindinho, do que a maioria das
pessoas tem em seus corpos inteiros.

— Uau, — murmuro, ainda segurando o punhado de


pipoca porque estava focada no que ele acabou de dizer. —
Essa pode ser a coisa mais legal que alguém já disse sobre
mim.
Jackson faz um som de descrença. — As pessoas dizem
coisas legais sobre você o tempo todo.

— A maioria deles são pagos, — eu retruco com uma


risada. — Mas o que você disse foi verdadeiro.

— Eu quis dizer isso. — Ele dá de ombros enquanto joga


pipoca na boca.

É uma boca bonita também. Seus lábios são cheios e


parecem macios, mas você sabe que seriam dominantes. Eu
realmente não deveria estar olhando para eles.

— Eu quero te agradecer de novo, — diz Jackson e meus


olhos saltam para os dele.

— Por que? — Enfio mais pipoca na boca.

— Por lidar com meu pai no hospital esta noite. — O


olhar de Jackson cai por um momento no balcão da cozinha,
como se estivesse organizando seus pensamentos. Quando
ele encontra meus olhos novamente, ele diz: — Você
desarmou o que poderia ter sido uma situação tensa. Ele teria
dito alguma merda sobre minha carreira, e eu teria ficado
chateado. Haveria toda uma discussão, e teria sido muito
estranho.

Ainda estou mastigando, então sorrio em compreensão.

— Você realmente fez com que ele olhasse para mim de


forma diferente. — A gratidão em sua voz me toca. — Merda...
Fiquei tão chocado quando ele disse que estava orgulhoso de
mim. Isso foi tudo porque você me defendeu. Eu poderia tê-la
beijado.

Eu respiro fundo, enfiando algumas pipoca na minha


garganta ao mesmo tempo, e imediatamente começo a
engasgar.

Ele poderia ter me beijado?

Eu tusso e me sinto mal, eventualmente a palma da mão


de Jackson encontra minhas costas, e ele bate algumas vezes.
— Você está bem?

Ofegante, eu aceno com a cabeça e, em seguida, tusso


mais uma vez para limpar minha garganta. — Sim, — eu
assobio. — Estou bem.

Jackson ri e me dá mais um pequeno tapinha nas costas


antes de sua mão cair. — Vá com calma com essa pipoca.

— Você poderia ter me beijado? — Eu pergunto


hesitante, focada nisso em vez da minha experiência de quase
morte.

O corpo de Jackson meio que estremece. — Eu quis


dizer... figura de linguagem.

Eu o encaro pensativamente. Sério? Figura de


linguagem?

— Eu não te beijaria, — ele insiste.

— Não gostaria ou não quer? — Eu pressiono, sem saber


por que estou apertando este botão. Ele disse que era uma
figura de linguagem. Nada mais.
O que significa que deveria deixá-lo ir.

Fico chocada, porém, quando ele faz uma admissão. —


Eu não faria.
Eu não posso deixar de atacar, acusando-o quase
alegremente. — O que significa que você quer.

— O que significa que não vou, — diz ele com


determinação.

E de repente, estou confusa. Não tenho ideia se ainda


estamos falando de figura de linguagem ou se estamos apenas
obscurecendo nossa intenção com insinuações.

Sem aviso, Jackson se levanta e pega mais um punhado


de pipoca. Ele inclina a cabeça para mim, em tom cordial e
desdenhoso. — Boa noite, Camille.

Eu franzo meus lábios em frustração quando ele se


afasta do banco e o empurra. Pego uma única pipoca que caiu
de sua mão no balcão e a examino enquanto ele se move para
a porta que leva para a sala de estar. .

— Eu deixaria, — eu digo, ainda olhando para o caroço


explodido entre o polegar e o indicador.

Eu não posso vê-lo claramente — apenas pela visão


periférica — mas ele para na porta. Talvez eu seja louca, mas
posso sentir a tensão saindo dele.

Está quieto, acho que poderia ser surdo.

Ele não se move.


Nem eu.

Eu acrescento para que não haja mal-entendido: —


Beijar-me, quero dizer. Eu deixaria você me beijar.

Jackson não se move, e arrepios sobem pela minha


coluna enquanto me pergunto se isso foi suficiente para
incitá-lo a entrar em ação. Não sei por que estou fazendo isso,
mas somente que gostaria que ele me beijasse.

— Mas eu não vou, — ele finalmente diz e sai pela porta.


CAPÍTULO 11
JACKSON
É NOSSO ÚLTIMO dia em Florida Keys antes de irmos
para o Arkansas amanhã. É certo que tem sido um pouco
constrangedor estar perto de Camille desde que tivemos a
discussão do beijo, mas não da maneira que eu esperava.
Você pensaria que ela se tornaria uma princesa do gelo,
rejeitando-a do jeito que fiz, mas na manhã seguinte, quando
entrei na cozinha para o café da manhã, parei
completamente. Camille estava ombro a ombro com minha
mãe, de avental, aprendendo a fazer biscoitos. Ela tinha uma
camada de farinha em uma bochecha, e estavam rindo de
alguma coisa.

Minha mãe me viu primeiro. — Bom Dia.


Eu murmurei de volta, meus olhos indo para Camille
para ver como ela jogaria as coisas.

Recebi um sorriso glorioso e genuíno de Sua Alteza Real.


— Bom dia, — ela disse, e não pude detectar nenhum sinal
de amargura ou raiva.

Na verdade, ela estava no seu eu normal e alegre, e isso


me fez questionar se todo o assunto do beijo foi do jeito que
eu pensava que tinha acontecido.

Eu poderia ter lido tudo errado?

Não. Foi o que eu pensei que era. Eu apenas dei uma


gafe com a declaração do beijo... ou talvez meu subconsciente
estivesse transparecendo. O que seja. Resumindo, eu não
cederia, e disse isso a ela.

Entretanto se tornou uma guerra de significados de


palavras... não versus se eu quisesse. Em algum momento
nessa troca, ficou claro que eu queria beijá-la, mas estava
sendo contido, e ela queria que eu não me segurasse e a
beijasse.

Levou toda a minha força de vontade para sair da


cozinha naquela noite.

— Mas eu não vou — foi o que eu disse a ela.

Eu quero muito, mas não vou.


Saímos de Arlington depois de outra visita a meu pai,
que esperava receber alta do hospital no dia seguinte. Desde
então, tem sido negócios como de costume. Voltamos ao
nosso roteiro e paramos em Miami para passar a noite. Nos
últimos dois dias, exploramos as Keys, onde ela nadou com
golfinhos, saiu em um barco de pesca fretado e exploramos
pequenas lojas onde ela comprou bugigangas baratas para
sua família e amigos.

Em vez de um hotel, estamos hospedados em uma casa


de luxo de propriedade de um amigo de um amigo da família
Winterbourne em Sunset Key, uma ilha de vinte e sete acres a
apenas cerca de quinhentos metros da costa de Key West. É
acessível apenas por barco, e a propriedade tem seu próprio
trecho de praia particular que beira o pátio e a piscina na
parte de trás da casa.
A casa é modesta para os padrões do palácio, com pouco
mais de 400 metros quadrados com três quartos. No entanto,
vale seis milhões de dólares porque fica em uma ilha
particular em Key West e tem acesso privado à praia. Há
apenas uma doca na ilha onde os barcos que chegam podem
transportar passageiros, embora existam vários lugares em
que um barco pode entrar em águas rasas e alguém pode
caminhar direto para uma das praias particulares.

Como tal, estamos usando agentes extras para ficar de


guarda ao redor da casa e para patrulhar o perímetro da ilha,
garantindo que ninguém tente se aproximar da água. Se
chegam pelo cais, as identidades são verificadas antes que
possam entrar na ilha. Enquanto Sunset Key é um pequeno
pedaço do paraíso onde Camille pode relaxar e ter o que pode
ser considerado umas férias breves, este é realmente o lugar
mais vulnerável em que a tivemos até agora.

Neste último dia aqui em Florida Keys, Camille escolheu


fazer algo que acho fora do seu normal. Na verdade, ela dorme
até tarde, o que eu nunca a vi fazer, mesmo na manhã de sua
horrível ressaca após a recepção do casamento. Às 9h, estou
preocupado o suficiente para bater na porta do quarto dela
para ter certeza de que está bem. Eu a acordo de um sono
profundo, e ela está realmente se desculpando por não ter
acordado mais cedo.

— Eu não posso acreditar que dormi até tão tarde, — diz


ela com o olhar turvo para o relógio. O lençol e o cobertor
estão puxados até o peito, uma coisa boa porque não tenho
vontade de vê-la de pijama novamente. Apesar do fato de que
estava doente e vomitando na noite da recepção, eu percebi
quando a encontrei enrolada nos lençóis no chão que estava
vestindo shorts curtos de seda e um top combinando, com
alças finas. Cobria tudo o que deveria estar coberto, mas
ainda era sexy pra caralho.

Garanto a Camille que não há problema e a encorajo a


voltar a dormir. Ela recusa e, meia hora depois, está lá
embaixo procurando um café da manhã tardio. A casa veio
abastecida com comida suficiente para uma semana, apesar
de ficarmos apenas dois dias. Ela se acomoda com uma tigela
de frutas e uma xícara de chá e, em seguida, se acomoda à
beira da piscina, onde fica o resto do dia.

Dou espaço a ela e fico dentro de casa, mas posso


observá-la facilmente pelas portas de vidro deslizantes.
Outros agentes vagam pelo terreno, mas somos todos
discretos. Camille parece ter precisado disso, e aposto $ 1.000
que este pode ser um dos poucos dias em toda a sua vida em
que conseguiu relaxar completamente, não tendo algum dever
associado ao seu título real puxando-a.

Por horas, ela fica à beira da piscina, nem mesmo


tomando sol, mas relaxando em uma espreguiçadeira sob um
grande guarda-sol que oferece sombra. Ainda assim, ela usa
um grande chapéu e óculos escuros e parece puro glamour de
Hollywood, em um maiô preto de uma peça com um
sarongue feminino combinando em volta dos quadris. Ela
cochila e lê, às vezes apenas olha para o oceano em
contemplação. O tempo todo, ela parece pacífica e feliz, e isso
realmente me traz o fato de que é uma princesa trabalhadora,
que não tem tempo de inatividade suficiente.

Por volta das 17h, Camille entra em casa e anuncia que


vai tomar um banho. Ela também diz: — Vou fazer o jantar
hoje à noite. Eu estava pensando em grelhar alguns
camarões.
Eu dou a ela um olhar cético. — As princesas sabem
grelhar?

Ela sorri para mim, zombeteira — Sexista. Sem


ressentimentos sobre minha recusa em beijá-la — e completa
— Quão difícil pode ser? Você começa a grelhar colocando o
camarão na grelha.

Eu balanço minha cabeça para ela. — Você pode ser boa


em muitas coisas, Sua Alteza, mas você deve sempre deixar a
grelha para os homens.
Ela me lança um olhar simulado. — Sexista.

A princesa então se vira e sobe as escadas até a suíte


master para tomar banho.
Ela realmente pode ser capaz de cozinhar. Inferno, pelo
que sei, ela é a mestre da grelha do palácio Bretariano. Mas
até que ela vá dormir esta noite, vou deixá-la ter um dia
completo de férias, então começo a trabalhar.

Estou realmente satisfeito comigo mesmo em como as


coisas se desenrolam. Uma rápida pesquisa no Google e
encontrei uma receita incrível para marinar o camarão –
molho de soja, alho, suco de limão e gengibre. Espetei os
camarões e os coloquei sobre a grelha quente, precisando
apenas de alguns minutos de cada lado. Antes disso, preparei
uma salsa de abacaxi e jalapeño — também graças ao Google
— eu tinha alguns aspargos na grelha ao lado do camarão.

Não era muito, mas, novamente, Camille não come como


um cavalo. Eu o faço, então adicionei um lote duplo de
camarões para mim.

São quase seis horas quando Camille desce a escada, e


quando ela aparece, eu tenho outro momento – eles estão
acontecendo com bastante frequência – onde a olho como se
fosse a primeira vez, e minha respiração fica presa. Você
pensaria que eu me acostumaria com sua beleza, sua graça, e
convenhamos, a única coisa que noto cada vez mais, sua
sensualidade.

Mas ela é uma visão do caralho descendo as escadas em


um vestido simples de algodão branco com decote regata e a
parte inferior solta, que gira em torno dos joelhos. Ela não
usa enfeites ou adornos em seu corpo, nem mesmo brincos,
seu cabelo molhado está empilhado em cima de sua cabeça. O
rosto está limpo de maquiagem e está descalça. Ela nunca
pareceu mais adorável.

Eu sei que ela amou a antiga casa de fazenda dos meus


pais, mas se você me perguntar, Camille é completamente
adequada para viver em uma ilha tropical pitoresca, onde não
usa nada além de vestidos de verão e corre descalça o tempo
todo, sem se importar com o mundo.

Eu odeio admitir isso, mas eu poderia me acostumar a


viver aqui e apenas vê-la como está agora.
E eu me odeio por sequer pensar isso. Vai muito além do
que eu deveria estar pensando sobre Camille. Também me
envergonho, porque sou todo sobre minha carreira. Nunca na
minha vida eu pensei que, aos vinte e sete anos, pensaria em
me aposentar em uma ilha perto de Keys para apenas estar
com minha mulher.

Tenho certeza que se eu deixasse qualquer um dos meus


amigos solteiros saber desses sentimentos, me chamariam de
boceta. Também tenho certeza que se contasse a qualquer um
dos meus amigos que casou ou se apaixonou recentemente,
eles me diriam que eu tenho um problema.

Portanto, não vou admitir esses pensamentos a ninguém,


nem mesmo a mim mesmo.

Camille entra na cozinha quando estou tirando a salsa


de abacaxi da geladeira. — Espero que esteja com fome, —
digo casualmente, tentando banir meus pensamentos
absurdos.

Ela esfrega o estômago em resposta. — Faminta, na


verdade.

Eu a levo para o pátio dos fundos, onde coloquei a mesa


ao lado da piscina, com os pratos, água gelada e duas taças
de vinho. Gelando ao lado está uma garrafa de pinot grigio.
Vou até a mesa e puxo sua cadeira, e não perco seu
olhar de surpresa sobre minha galanteria. No tempo que
passamos juntos até agora, incluindo um punhado de
refeições em que ela não tinha compromissos marcados,
nunca puxei a cadeira para ela.

Eu ignoro seu olhar e vou para a churrasqueira. Abrindo


a tampa, puxo os espetos de camarão e legumes da grelha e
coloco-os em uma travessa.
Quando coloco a comida na mesa, Camille olha em volta
e pergunta: — Onde está Paul?

— Ele foi ao continente para pegar o carro alugado que


usaremos para voltar a Miami. Ele vai jantar lá. Nós
transferimos um agente extra para o seu lugar.

— Oh, — ela diz, colocando o guardanapo de pano no


colo.
Antes de me sentar, abro o vinho, sirvo uma taça para
ela e depois o coloco de volta no balde de gelo.

Enquanto eu sento em minha cadeira, ela pergunta: —


Você não vai tomar uma taça?

— Estou no trabalho, — eu a lembro.

Ela olha para a taça de vinho ao lado do meu prato e


depois de volta para mim.

Eu dou de ombros. — A decoração não parecia simétrica


com apenas uma taça de vinho.
Camille começa a rir e, para minha surpresa, ela se
levanta e estende a mão sobre a mesa para pegar a garrafa de
vinho. Eu realmente deveria discutir quando ela se inclina e
me serve meia taça. Eu também deveria ignorar o fato de que
quando se inclina, aprofunda seu decote, e todos os tipos de
pensamentos lascivos passam pelo meu cérebro.

Ela nem está totalmente sentada antes de eu pegar a


taça , querendo engolir todo o vinho, esperando que isso vai
me esfriar pra caralho. Em vez disso, espero que ela pegue a
taça e ofereço um brinde. — Um brinde ao final do que
espero tenha sido um dia fabuloso para você.
Tocamos nossas taças e elas fazem um leve tilintar.

Eu a observo sobre a borda da minha própria taça


enquanto bebemos. Ela fecha os olhos e saboreia o primeiro
gosto. Quando os abre, ela sorri timidamente. — Devo dizer
que hoje pode ter sido o melhor dia da minha viagem, até
agora.

Camille estende a mão para o prato de camarão e


aspargos e, usando pinças, coloca a comida em seu prato. Ela
então passa as pinças para mim. — Na verdade, me sinto
culpada por tirar um dia de folga. Nem verifiquei meu e-mail
hoje.

Enquanto estou enchendo meu prato com comida,


pergunto: — Quando foi a última vez que você tirou um dia de
folga?
Camille dá de ombros enquanto pega um espeto de
camarão e usa o garfo para deslizá-los. — Sinceramente não
me lembro. Acho que não tirei férias desde que saí da
faculdade. Quando terminei fui direto trabalhar para a
empresa da familia.

Camille inicia um longo resumo de como tem sido a


vida para ela desde que se formou. Muito disso eu já tinha
pego. Em primeiro lugar, ela atua como representante da
mineradora dos negócios da família e, em segundo, como
membro da coroa real. Isso faz sentido, porque o comércio de
rubis do reino sempre teve precedência sobre a de ser um
membro da realeza. Isso não significa que o rei Thomas não
cumpra seus deveres reais. Ele tem muitos, o que inclui
também ser conselheiro do parlamento que governa a
Bretaria. E agora que Camille está no negócio, o rei tende a se
concentrar no trabalho da realeza, enquanto Camille trabalha
no lado da mineração, sob sua vigilância, é claro.
— Mas meu pai está me envolvendo mais nos deveres
reais agora, — Camille diz enquanto corta um camarão. —
Acredite ou não, eu realmente tenho que ter aulas sobre a
história da monarquia Bretariana desde o seu início.

— Eu acho que seus estudos nunca terminam, hein? —


eu imagino.

— Sempre aprendendo alguma coisa todos os dias, não


é? Caso contrário, como nos desenvolvemos como pessoas?

— Bom ponto. — Pego meu vinho para um gole.


Normalmente não sou um cara de vinho. Dê-me uma cerveja,
e nem me importo se for artesanal. Melhor ainda, um pouco
de uísque. Mas eu gosto de ser sociável e também porque fica
ótimo com nossa refeição leve.

Quando coloco minha taça de vinho na mesa, pergunto:


— Ok… está claro que você trabalha duro e não tira férias. Eu
sei que você foge do palácio para mergulhar no penhasco,
mas o que mais você faz para se divertir?
Camille dá uma risada triste. — Eu não estou dizendo
isso para fazer você sentir pena de mim, mas fugir do palácio
foi praticamente o ponto alto de qualquer dia para mim.

— Festas ? TELEVISÃO? Compras?

Ela franze o nariz. — Tedioso.


Eu rio e me acomodo na minha cadeira, apreciando a
visão dela diante de mim. — Vamos, princesa... me dê algo.
Qual é a coisa mais aventureira que você já quis fazer?
Podemos até fazer acontecer nesta viagem. Paraquedismo?
vou providenciar. Dirigir um carro de corrida em uma pista?
Eu posso configurar totalmente.

Camille se recosta em sua cadeira e imita minhas ações,


colocando as mãos sobre o estômago e apoiando os cotovelos
nos braços. Ela olha para cima como se estivesse ponderando
antes de me olhar com seus olhos azuis . O olhar em seu
rosto é positivamente travesso. — Não sou muito de pular de
aviões. Mas se eu tivesse que fazer algo aventureiro, acho que
em algum momento desta viagem, eu abordaria um cara
gostoso e o convidaria para uma noite. Talvez eu consiga que
você me leve a uma boate e me deixe escolher alguém. Claro,
seria completamente seguro porque eu teria você, Paul, e
provavelmente meia dúzia de outros agentes se certificando
de que estou bem. Quero dizer, não a parte do sexo – eu
lidaria com isso, e tenho alguns preservativos guardados para
essa ocasião.

Eu não posso fazer nada além de olhar para ela, meus


olhos praticamente saltando da minha cabeça. Certamente
ela está brincando. Camille me dá um sorriso doce e se
inclina para frente em sua cadeira, colocando sua atenção em
sua refeição. Ela volta a comer como se não tivesse soltado a
maior e mais explosiva bomba que já ouvi na vida.

A princesa Camille adicionou ao seu itinerário sexo


aleatório com um completo estranho.

E o pior é que não posso impedi-la de fazer isso. Ela é


adulta. Meu trabalho é garantir que ela esteja segura. Na
verdade, eu posso observá-la à distância em uma boate
enquanto ela escolhe o homem que quer foder. Posso ser
discreto e segui-la de volta à suíte, e posso sentar com o
ouvido pressionado contra a porta para ter certeza de que ele
não a está machucando. Mas além disso, não posso fazer
muito mais.

Meu estômago revira com o pensamento de ouvi-la fazer


sexo com outra pessoa, principalmente se ela estiver
gostando.

A cabeça de Camille levanta e ela olha para mim de


forma intensa . — Você acha que poderíamos providenciar um
passeio de barco depois do jantar? Eu adoraria estar em mar
aberto mais uma vez antes de partirmos amanhã.

E assim, ela muda de assunto.


Ela faz isso para não ter que ouvir minha opinião sobre o
assunto, mesmo que eu não esteja nem perto de dizer-lhe
exatamente como me sinto sobre isso. Estou muito
perturbado.

Acho que ela também sabe.

Camille soltou essa bomba praticamente para dizer que


seguiu em frente, deixando claro que fará o que quiser.
Aparentemente, ela decidiu que vai conseguir aquele
beijo de uma forma ou de outra, e não tenho certeza do
quanto isso está me incomodando. Que ela pode facilmente
esquecer que quis me beijar apenas alguns dias atrás.
CAPÍTULO 12
CAMILLE
O AVIÃO NIVELA sobre Miami, e suas águas cristalinas
desaparecem atrás de nós. Jonesboro, Arkansas, aqui vou eu.

Não sei por que me senti um pouco melancólica


enquanto passávamos pela Seven Mile Bridge, no caminho de
retorno ao continente. Eu tive a opção de pegar um
helicóptero ou um pequeno avião para o aeroporto de Miami
para pegarmos o jato, mas quis fazer a viagem por essa ponte
incrível mais uma vez. Algo no fundo do meu interior, me diz
que não voltarei mais aqui. Suponho que a melancolia decorre
do fato de que ontem pode ter sido um dos melhores dias da
minha vida.

As Keys são lindas, e a ilha particular de Sunset Key não


foi exceção. Mas eu já estive em belos destinos tropicais
antes. Inferno, eu moro em uma bela ilha tropical. Portanto,
não foi necessariamente o cenário que falou tanto comigo,
mas o fato ontem de não ter assumido nenhuma
responsabilidade. Eu dormi, comi quando quis, li um livro e
cochilei à beira da piscina. Foi o mais revigorante que senti
em muito tempo.

A cereja no topo do bolo foi o jantar incrível, que Jackson


foi atencioso o suficiente em fazer para mim. Ele até se juntou
a mim para uma taça de vinho enquanto conversávamos.

Claro, eu não pude deixar de apertar um pouco seus


botões.
Mas realmente... ele mesmo causou isso.

Jackson me perguntou o que eu fazia por diversão e,


uma vez que refleti sobre essa questão, percebi que realmente
não faço nada para me divertir. Era uma triste constatação,
mas ainda assim, não pude deixar de provocá-lo — embora eu
não ache que ele saiba que o estava provocando — sobre ter
uma noite aleatória com um cara gostoso estar na minha lista
de coisas divertidas fazer nesta viagem. Ele me ofereceu
paraquedismo ou dirigir carros de corrida, e escolhi um
orgasmo.

Embora tenha sido lançado com certeza, ele não mordeu


a isca. Ele controlou sua expressão, e eu não poderia dizer o
que ele estava pensando. Apenas balançou a cabeça como se
estivesse se divertindo, então mudei de assunto.

É uma pena, realmente. Embora eu nunca, jamais faria


sexo com algum cara que acabei de conhecer, eu
absolutamente teria um caso de uma noite com Jackson, se
ele estivesse interessado. Sexo é pessoal, e tenho que
respeitar e gostar genuinamente da pessoa, se eu estiver
pensando em algo íntimo. E tenho essas duas coisas com
Jackson, sem mencionar a atração. Eu sei que ele sente isso
também, porque admitiu de forma indireta na casa de sua
mãe.

Jackson quer estar no topo. Seu trabalho é importante


para ele e, aparentemente, há algum código de ética que está
determinado a seguir.
Que assim seja. Fiz minha última jogada na mesa de
jantar, e ao ignorar significa que ele simplesmente, não está
interessado.

Talvez eu devesse considerar um caso de uma noite. Com


segurança, claro. Marius me ajudaria a fazer isso acontecer
quando eu voltasse para Bretaria. Isso nunca poderia ser feito
em nosso círculo social, mas Marius poderia me levar a um de
seus lugares subterrâneos, já que ele conhece alguns dos
melhores. Há lugares secretos para ir, lugares onde você pode
viver suas fantasias mais loucas, incluindo um clube de sexo.

Sim... se eu realmente querer transar, Marius pode fazer


acontecer. Eu adiciono isso à minha lista de desejos mentais.

Melhor ainda, talvez eu possa fazer uma viagem a algum


lugar. Marius ficaria feliz em acompanhar-me. Um lugar onde
não sou reconhecida, que é basicamente qualquer lugar do
mundo. Embora eu seja provavelmente, a pessoa da realeza
mais rica do planeta e do menor país, depois de Mônaco, não
há muitas pessoas que saibam como é a princesa Camille
Winterbourne de Bretaria. Poderíamos ir para a Croácia. Ou
Grécia. Os homens são super quentes na Grécia.

Posso ir disfarçada, e não há dúvida de que meu pai


concordaria com outra viagem. Acho que ele está disposto a
me dar o máximo de tempo que puder longe da ilha, porque
quando eu fizer vinte e cinco anos, a responsabilidade
começará para valer. Eu sei que Jackson pensa que vivo uma
vida limitada por causa dos meus deveres entre a coroa e as
minas de rubi, mas ele realmente não tem ideia do que estarei
enfrentando quando chegar o meu aniversário. Nesse ponto,
começarei a aprender a dinâmica interna da monarquia e
como ela governa em conjunto com o parlamento, além de
administrar uma empresa multibilionária.

Meus pais querem que eu experimente um pouco de


diversão antes de assumir o manto do fardo que vem em meu
caminho. Isso nem inclui suas tentativas não tão sutis de me
interessar por uma pessoa para casar. E uma vez que eu me
apaixone, tenha certeza de que serei pressionada muito
rapidamente, a considerar engravidar e produzir o próximo na
linha para governar depois de mim. É apenas o que a realeza
faz.

Um sinal da campainha indica que podemos tirar o cinto


de segurança, na verdade, estou na suíte particular que fica
atrás da cabine principal. Mais atrás fica meu quarto
principal privado, se eu quiser descansar. Eu me movo da
minha poltrona, me sento em um sofá de couro que percorre
toda a extensão da suíte de lazer e concentro minha atenção
pela janela no cenário abaixo. Parece uma colcha de retalhos
em vários tons de verde, o que é uma prova de que ainda
estamos nos estados mais quentes, que mantém essa cor
mesmo no inverno.

Eu me acomodo contra a parede, colocando uma


almofada contra meu estômago e balançando minhas pernas
no sofá. Eu cruzo uma perna sobre a outra e envolvo meus
braços ao redor da almofada enquanto olho pela janela,
refletindo sobre como seria meu caso de uma noite.
Definitivamente acho que o melhor caminho é fazer outra
viagem. Gosto da Grécia, e não a visito desde que meus pais
me levaram de férias quando eu tinha treze anos. Exceto,
quando eu for desta vez, terei que garantir que meu pai não
contrate a Jameson para segurança. Não que ele fosse. Meu
entendimento é que a única razão pela qual eles estão
envolvidos é porque o governo dos EUA insistiu nisso. Mas se
ele ficar muito impressionado com o trabalho deles nesta
viagem, não quero que os contrate novamente.

É melhor eu continuar com minha vida e ficar longe de


Jackson Gale. Ele terá que ser só uma fantasia, e vamos ser
honestos, ele provavelmente nem é uma grande fantasia para
começar. Ele é gostoso, confiante, autoritário e mexe com
todos os meus botões, mas isso não significa que não existam
uma centena de caras melhores do que ele, esperando por
mim.
E quem sabe? Talvez eu me apaixone por um.

Ah, a quem estou enganando? Eu nunca fui do tipo que


deixaria Marius me pegar ou que encontraria um grego
gostoso e aleatório. Eu simplesmente não tenho isso em mim.
Pensamento positivo na melhor das hipóteses.

— Esses parecem pensamentos profundos.

Ouço a voz de Jackson da porta que separa a cabine


principal da suíte de lazer. Minha cabeça balança em sua
direção, e o encontro casualmente encostado no batente da
porta, as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça jeans.
— Não tão profundo, — eu respondo.

Verdade absoluta.
Pensar em Jackson, sexo, encontros de uma noite e
listas de desejos... é o mais superficial possível.

— Tem um minuto para conversar? — ele pergunta


sombriamente.

Eu balanço meus pés para fora do sofá e sento um pouco


mais reta. Dou a ele um sorriso hesitante e aceno para entrar.
— Claro. Sente-se.
Jackson olha por cima do ombro para a cabine principal,
e parece fazer contato visual com alguém. Provavelmente,
Paul. Ele então, dá um breve aceno de cabeça, o que me diz
que Paul sabe que ele está aqui para ter uma conversa.

Não é surpreendente, no entanto.

Jackson entra na suíte de lazer e fecha a porta atrás


dele.

Agora isso é surpreendente.

Nem um milhão de anos, consigo pensar que tipo de


conversa precisaríamos ter fora dos olhos e ouvidos de Paul e
dos comissários de bordo. Um pequeno tremor de apreensão
misturado com curiosidade agita meu estômago.

Espero que Jackson se sente do outro lado do sofá ou em


uma das poltronas à minha frente. Em vez disso, ele se
recosta na porta que acabou de fechar e mais uma vez coloca
as mãos nos bolsos. Por um breve momento, algo pisca em
seu rosto, e ele parece um pouco inseguro de si mesmo.

Muito anti-Jackson, então minha apreensão aumenta


um pouco.
Mas então o olhar se foi, e talvez eu apenas o tenha
imaginado. Ele está me olhando diretamente nos olhos, um
conjunto firme em seu maxilar. — Precisamos conversar
sobre seu pequeno plano de ter um caso de uma noite em
algum lugar durante o resto desta viagem.

Minha boca fica aberta. Obviamente ele tem que saber


que eu estava brincando. Mas quando observo sua coluna
rígida, o músculo minúsculo no canto de seu maxilar e a leve
camada de gelo sobre seus lindos olhos, posso dizer que ele
não sabe que eu estava brincando. Eu também posso dizer
que está chateado.

O que eu realmente acho divertido.


Jackson Gale está chateado com o pensamento de eu
fazer com alguém algo que ele não pode. O poder que vem
desse conhecimento quase me deixa tonta.

Ele vai se arrepender de trazer isso à tona.

Eu me acomodo no sofá, confortavelmente puxando


meus pés para cima e jogando a almofada para o lado. Eu
dou um sorriso doce. — Exatamente sobre o que você queria
falar em relação ao meu desejo de ter um caso de uma noite?
— Que você não pode fazer isso, — diz ele com firmeza.
Então se empurra da porta, afastando-se de mim e girando a
maçaneta como se a conversa tivesse acabado e ele estivesse
pronto para sair. Como um aviso, ele diz: — Nem mesmo
planeje isso.

Estou atordoada quando ele gira a maçaneta. Ele


realmente vai sair depois de dar um ultimato que não tem o
direito de fazer? Eu não estou mais divertida, em vez disso,
muito chateada.

— Você pode ir para o inferno, Jackson, — eu estalo


quando saio do sofá.

Sua mão cai da maçaneta, e ele se vira para mim com


um olhar incrédulo no rosto. Ele está realmente chocado que
eu estou me recusando a obedecer. E posso dizer que não é
uma posição que ele gosta de estar.

— O que você disse para mim? — ele pergunta, seus


dentes quase à mostra como um animal selvagem pronto para
atacar.

— Você não tem o direito de me dizer o que fazer, — eu


zombo. — Isso inclui quem decido foder e quando. Se decidir
pegar um homem diferente a cada noite, eu vou fazer isso. E
embora você não esteja convidado a entrar no meu quarto
para assistir, você é mais do que bem-vindo para pressionar o
ouvido contra a porta.

Sua expressão escurece e seus olhos brilham com fúria.


Eu sei que cruzei uma linha, mas ao invés de ficar assustada
com a reação dele, uma emoção corre pela minha coluna.
Jackson dá um longo passo pela suíte e vem para mim de
igual para igual. Eu tenho que inclinar minha cabeça para
trás ao olhar para ele enquanto ele praticamente rosna na
minha cara. — Você não é uma prostituta para abrir as
pernas para um cara qualquer todas as noites. Você pode
fazer melhor do que isso, princesa.

Dou um passo para trás e rio com condescendência. Se


ele pretendia ferir meus sentimentos, ele errou o alvo. Eu
passo meus olhos pelo comprimento dele e volto novamente
antes de zombar, — E quem poderia se oferecer para fazer
melhor por mim? Certamente não você.

Ele não responde. Posso dizer que o coloquei entre a cruz


e a espada. Eu joguei o desafio mais uma vez e basicamente o
desafiei a fazer um movimento. Se ele não o fizer, é melhor
estar pronto para me deixar em paz.

Depois que o silêncio se estende, murmuro baixinho: —


Talvez Paul faça isso por mim? Ele é um cara muito bonito.
Não acho que ele tenha os mesmos escrúpulos que você.

A mão de Jackson ataca mais rápido que uma cobra, e


ele me agarra pela nuca. Meus joelhos ficam fracos com o
movimento dominador, e um longo suspiro sussurra em meus
lábios.

A mão de Jackson aperta minha nuca e ele me puxa


mais perto, seu rosto novamente pairando sobre o meu. —
Você não solicitará a nenhum homem.
— Qualquer homem? — Eu sussurro.

E é aí que vejo sua rendição.


— Qualquer homem além de mim, — ele rosna, as
palavras retumbando em seu peito.

Então ele bate sua boca na minha, é o beijo mais quente


e profundo que eu já senti em toda a minha vida.

Se ele não me dá mais nada, isso é absolutamente


suficiente.

É assim que o beijo é bom.


CAPÍTULO 13
JACKSON
Afasto minha boca da de Camille e a empurro de volta,
como se ela me tivesse sob algum feitiço que precisasse ser
quebrado. Seus olhos piscam com decepção, então confusão,
confusão e raiva. Nenhuma dessas emoções me faz puxá-la de
volta para meus braços, a mão mais uma vez em sua nuca
para mantê-la no lugar.

É puramente porque eu quero — e nada mais — que me


faz beijá-la novamente.
Que porra você está fazendo, Jackson? Ela é uma maldita
princesa. Você está sendo pago para protegê-la, não para
arrebatá-la. Você pode ser demitido por isso. Inferno, ela é da
realeza... você pode ser colocado na guilhotina. Sua carreira
poderia terminar e a decepção de seu pai afundaria em um
grau na qual você não se recuperaria. Tudo sobre isso está
errado.

Todas as vozes estão gritando comigo para afastá-la


novamente, porque isso é muito errado.

E, no entanto, nada nunca pareceu tão certo.


As mãos de Camille vêm ao meu peito, os dedos
segurando a polo de algodão aperta os dedos para segurá-la.
Como se estivesse com medo que eu a afastasse novamente.

Mas eu não vou.


Eu vou continuar a beijá-la.

Isso é tudo.

Apenas beije, porque é tudo que ela me pediu.

A menos que peça mais, então darei a ela. Se não pedir,


talvez eu dê-lhe, de qualquer maneira.

Camille geme baixo em sua garganta, e o som vai direto


para minhas bolas. Mais uma vez meus lábios se soltam dos
dela, mas não a afasto. Eu movo minhas mãos para os lados
de sua cabeça para segurá-la porque ela está tentando entrar
em mim, tentando me forçar a beijá-la novamente, mas eu a
seguro no lugar.
Minha respiração está irregular com apenas um mero
beijo, e isso me assusta. Mas consigo dizer: — Aí está o seu
beijo. Agora você o tem, e precisa parar por aqui.

Algumas das palavras mais difíceis que já tive que dizer


em toda a minha vida. Quase tão difícil quanto dizer ao meu
pai que não iria me alistar.

Não tenho certeza do que esperar de Sua Alteza Real. Ao


contrário dos meus pensamentos anteriores, ela não é
mimada nem age como se tivesse direitos, mas sei que ela tem
uma mente forte. Eu sei que ela é do tipo que uma vez que
foca em algo, não vai desistir sem lutar.

Então, o que exatamente ela quer agora?

Minha pergunta — ou talvez minhas orações — são


respondidas quando Camille solta minha camisa e lentamente
arrasta a mão pelo meu abdômen. Eu posso sentir cada
músculo saltar sob seu toque, e gemo quando ela apalpa meu
pau através do meu jeans.

Ela não é tímida sobre isso também, sua cabeça


inclinada para ver o que está fazendo comigo.

Eu não tenho ideia de qual é a experiência sexual dela.


Ela tem quase vinte e cinco. Duvido que seja virgem, mas ela
também tem sido bastante protegida. Por outro lado, esteve
quatro anos na faculdade, e bem... muito sexo acontece na
faculdade. Qualquer que seja a experiência dela, agora age
como uma profissional do caralho enquanto acaricia o
comprimento da minha ereção da ponta e para baixo
novamente.

Eu bato a mão sobre a dela com um resmungo baixo de


insatisfação.

Não que eu esteja insatisfeito com o que ela está fazendo,


mas porque eu quero mais e estou fraco demais para dizer
não. Em vez de puxar a mão dela, a cubro com a minha e a
forço a colocar mais pressão no meu pau. Um pequeno
suspiro escapa de sua boca, e ela inclina a cabeça para trás
para olhar para mim.

Sua voz é rouca e ansiosa. — Caso haja alguma dúvida,


você sabe que eu quero mais do que um beijo.

Há um toque de amargura quando respondo: — Porque


você quer transar. E se eu não der para você, você vai
conseguir em outro lugar.
Ela balança a cabeça com força, os olhos nublados com a
negação. — O único que eu quero é você, Jackson. É só você
que eu quero entre minhas pernas.

Uma corrente de ar deixa meus pulmões, liberando uma


tensão desconhecida. Estava me irritando que ela pudesse
desistir.
Seu desejo de me ter entre suas pernas me faz
abandonar todos os meus princípios e escrúpulos. Estou
reduzido a um homem que está colocando sua carreira em
segundo lugar e suas próprias necessidades em primeiro
lugar.

Eu pego Camille em meus braços e passo da suíte de


lazer para o quarto principal. A cama queen-size percorre
toda a extensão do avião, espaço mais do que suficiente para
mim. Em vez de colocá-la no chão, eu gentilmente a coloco de
pé e dou um passo para trás, virando-me para a porta.

Eu a fecho atrás de nós e tranco a fechadura. Paul não


virá procurar, mas é melhor prevenir do que remediar. Se ele
sabe o que é bom para ele, vai ficar longe porque neste
momento, eu sinto que poderia matar qualquer um que
tentasse ficar entre mim e essa mulher.

— Tire suas roupas para mim, — eu exijo.

Embora Camille tenha me conhecido um pouco na


última semana e meia, ela não tem ideia sobre a fera dentro
de mim. Eu a observo com cuidado, certificando-me de que
não a estou assustando. Eu não quero isso, mas no minuto
em que ela apertou meu pau, eu sabia que as roupas estavam
saindo.

Em vez disso, sou poderosamente recompensado pela


luxúria latente em seus olhos, seus lábios se curvam em um
pequeno sorriso sexy que diz “ eu aceito seu desafio”.
Pausadamente , Camille faz uma pilha sensual de todas
as roupas, mas não de forma provocante. Ela é deliberada e
me olha diretamente nos olhos o tempo todo enquanto joga
cada peça no chão.

Com cada centímetro de pele revelada, cada pedaço de


renda retirada, meu coração dispara mais e mais rápido. Eu
quase engulo minha língua quando ela solta o sutiã e os seios
pesados ficam expostos, os mamilos já esticados com
antecipação. Minha boca saliva com a necessidade absoluta
de colocá-los entre os dentes.

E então, ela se curva e desliza a calcinha branca e


rendada por aquelas pernas longas. Ela as chuta para o lado
e fica ereta e orgulhosa.
Ela é uma deusa.

Minha leitura não começa em sua cabeça, mas sim nas


pontas dos dedos dos pés pintados de coral, subindo pelas
pernas bronzeadas até o ápice, onde os pelos dourados
escuros esperam que eu os separe com os dedos e a língua.

Mais acima, passando por seus quadris curvilíneos, de


volta para aqueles seios magníficos, e minha garganta está
tão seca quando alcanço seus olhos que não tenho certeza se
posso falar. De alguma forma, consigo lançar alguns
grunhidos de homem das cavernas para ela. — Suba na
cama. Nas suas costas. Abra suas pernas.

Camille suga o ar pelo nariz, as narinas dilatadas, mas


ela não perde o ritmo. Dando um passo para trás, ela se
abaixa graciosamente no colchão e balança as pernas para
cima. E foda-me, enquanto ela se acomoda nos travesseiros,
ela desenfreadamente abre as pernas e até coloca as mãos na
parte interna das coxas, acariciando-as para cima até os
quadris, o estômago e depois levemente sobre os seios antes
de esticar os braços acima de sua cabeça.

É um ato extremo de atrevimento.

Eu estou perdido.

— Você realmente tem preservativos? — Eu pergunto,


querendo desesperadamente que ela os tenha, e ao mesmo
tempo, esperando que não, porque isso significaria que ela
estava falando sério sobre uma conexão aleatória.
Camille balança a cabeça silenciosamente, uma carranca
vincando sua testa.

Estranhamente, não estou desapontado. Eu também não


tenho nenhum, mas isso não significa que não vamos ter um
orgasmo.

Eu tiro minhas roupas, mas muito mais rápido do que


ela. Eu sei que nosso tempo é limitado. Paul sabe que estou
tendo uma — conversa — com ela sobre os protocolos de
segurança pelo resto da viagem, que deve ficar longe, mas
uma comissária de bordo pode vir para saber se Camille
precisa de alguma coisa.

Quando estou totalmente nu, pego meu pau na mão e


me acaricio. Camille engasga, os olhos arregalados em choque
– como se nunca tivesse visto isso antes. Ela então se limita a
observar minha mão atentamente.

— Nós não precisamos de preservativos nos fazermos


sentir bem, — eu digo, definindo o tom de que não teremos
penetração hoje.

Minha intenção é usar minha boca e tudo bem por mim,


porque eu amo sexo oral. Amo o clitóris de uma mulher e
como ele pode destruí-la com o toque certo. É a minha parte
favorita do corpo de uma mulher. Um maldito interruptor
mágico.

Mas não sei quais são as experiências de Camille.


Embora eu não me importe de intimidá-la um pouco para
tirar a roupa e subir na cama, nunca vou pedir-lhe para fazer
algo por mim que ela não queira. Vou ver o que ela está
disposta, e se simplesmente não puder me dar o que eu
preciso, já que não temos preservativos, tenho minha própria
mão para cuidar do assunto.

Por enquanto, porém, quero vê-la se desintegrar.

Eu me movo para a cama, rastejo sobre ela, e me


acomodo em meus calcanhares entre suas pernas. Meu pau
se projeta para fora, e seus olhos estão presos impotentes
nele.
— Você quer tocá-lo? — Eu pergunto com um sorriso.

Seus olhos disparam para os meus. Ela me vê sorrindo e


sorri de volta. — Eu quero lamber isso.

F-o-o-o-da. Eu não estava pronto para isso. Eu quero,


mas não achei que ela iria direto para isso.

Camille não hesita, empurrando os travesseiros. Ela


então se move rapidamente de joelhos diante de mim, então
tudo o que ela precisa fazer é se curvar no meu colo e ela terá
o poder de me destruir.

Eu a paro com uma mão em seu ombro. — Não ainda, —


eu digo rispidamente, embora que homem não gostaria que
fosse assim.

— Como, então? — ela sussurra curiosamente.

— Assim.

Eu a pego em meus braços e habilmente nos trago para a


cama para que fiquemos cara a cara, nossos corpos apertados
um contra o outro, meu braço em volta de sua cintura. Sua
pele é quente e cheirosa, meu pau duro preso contra seu
estômago. Mas por enquanto — por agora — eu quero beijá-
la novamente.

Eu me inclino, encosto meus lábios contra os dela, e ela


suspira. Então a beijo mais profundamente, a língua dela se
estendendo para tocar a minha. É um acasalamento lento e
prazeroso de nossas bocas, e isso me enche com uma
sensação de plenitude que nenhum outro beijo jamais fez
antes. Enquanto a quero mais do que já quis uma mulher, eu
ficaria bem apenas em beijá-la.

Mas já decidimos que ela vai me dar mais, então viro de


costas, levando-a comigo. Ela agora está totalmente em cima
de mim, com as pernas abertas, se estiver de joelhos, torcer
um pouco os quadris, ela será capaz de me levar e montar. Eu
cerro os dentes porque, caramba, é uma fantasia quente, mas
não vai acontecer hoje.

— Vire-se, — eu digo a ela. Ela levanta a cabeça para


olhar para mim. Eu explico mais claramente. — Vire seu
corpo, posicione sua boceta sobre minha boca e sua cabeça
sobre meu pau.

As bochechas de Camille queimam, mas ela não me


questiona ou hesita. Ela gira tão rápido que quase me acerta
com uma joelhada, mas antes que eu perceba, suas pernas
estão me montando no estilo reverso e suas palmas estão
pressionadas no colchão em meus quadris. Sua bunda se
levanta como se ela quisesse ser montada — outra fantasia
que terá que esperar — e ela está pairando tão perto do meu
pau que posso sentir sua respiração. Fecho os olhos para me
orientar e os abro novamente.

Ela está definitivamente muito longe de mim, então com


um rápido movimento em seus quadris, a puxo para trás e
depois para baixo para que sua boceta pressione com força na
minha boca. Ela recebe um beijo de boca aberta em sua pele
sensível.
Camille recua e grita. Eu aperto sua bunda com força,
puxo minha boca para trás e murmuro: — Melhor manter isso
baixo, princesa. Paul entrará com armas em punho.

Ela ri antes de se desculpar. — Eu sinto muito. Você me


pegou de surpresa.

— Mais surpresas por vir, — eu digo e a puxo de volta


para baixo, empurrando minha língua para dentro. Ela se
contorce, não grita, mas emite um gemido que eu juro que faz
a cabine inteira tremer.

Eu a empurro um pouco para liberar minha boca e fazer


uma sugestão. — Algo dentro da sua boca pode ajudar a
mantê-la quieta.

Mais uma vez, ela ri, e não é bobo como uma garota, mas
me faz sorrir.

— Entendido, — diz ela, e então não recebo nenhum


aviso. Ela mergulha em cima de mim, tomando meu pau
profundamente.

Meus quadris se inclinam para cima e meus dedos


flexionam em sua bunda novamente, provavelmente deixando
hematomas. Eu tenho que cerrar meus dentes para não dar
um gemido lascivo, e percebo... ela tem alguma experiência.
Ela me chupa com força, puxa de volta para a ponta e, em
seguida, passa a língua ao redor dele.

Cristo... ela absolutamente vai me destruir.


A única maneira que conheço de obter algum aparente
controle, é me concentrar mais no que quero fazer, do que no
que ela está fazendo comigo.

Dou-lhe uma longa lambida, e ela responde com um


puxão forte de sua boca no meu pau. Eu sou homem o
suficiente para admitir que ela vai me levar ao limite
rapidamente, não apenas por causa de sua boca talentosa,
mas porque a tenho sentada no meu rosto e tenho que
segurá-la com força, já que está se contorcendo enlouquecida.
O fato de eu estar deixando-a louca está me deixando também
.

Bem, isso, e agora ela está brincando com minhas bolas


enquanto me chupa.

Eu uso minha língua, meus lábios e meus dentes. Eu


levanto e giro minha cabeça para alcançar todas as partes
certas, consigo colocar meus lábios ao redor de seu clitóris e
chupar. Eu torço meu pescoço e mordo o interior de sua coxa,
fazendo-a gemer em volta do meu pau, mas ela não perde
uma pausa. Apenas chupa e lambe e acaricia, e posso sentir
minhas bolas apertando.

Eu mordisco seu clitóris antes de bater com força com


minha língua. Camille geme sobre meu pau com sua
necessidade de liberação, mas ela continua me dando o
melhor boquete da minha vida. Eu quero que ela venha e
goze agora, então eu pressiono dois dedos em sua boceta e os
coloco profundamente.
Maravilhosamente, Camille goza — seu corpo inteiro
treme, paredes escorregadias pulsando ao redor dos meus
dedos. Eu não sei se é sua intenção ou um reflexo do poder
de seu orgasmo, mas ela toma meu pau tão fundo que eu
posso sentir a ponta romper a parte de trás de sua garganta,
e é tudo que eu preciso para gozar atrás dela.

Minha bunda comprime com força enquanto gozo,


inundando sua boca. Mesmo enquanto ela continua a tremer
com seu orgasmo, meus dedos bombeando dentro dela,
Camille não deixa meu pau solto. Ela chupa, lambe e toma
cada gota .

Como eu disse... sabia que ela me destruiria.

Quando nossos corpos descem do orgasmo, meu pau


desliza para fora de sua boca. Ela cai para frente e desaba no
meu corpo, sua boceta molhada no meu peito e sua bochecha
descansando no meu pau. Olho para o teto da cabine, minha
mão acariciando seus quadris e costas, saboreando a
suavidade de sua pele que não tive tempo de apreciar.

Olho para o relógio de cabeceira e vejo que me afastei da


presença de Paul por uns bons quinze minutos. Eu verifico
meu relógio antes de sair para a suíte de lazer.

Apertando seus quadris suavemente, eu digo: —


Precisamos nos vestir e voltar lá para não levantar suspeitas.

— Ok, — ela murmura, e sem nenhuma exigência de


abraços pós-orgasmo ou conversa, ela rola do meu corpo e da
cama. Eu a sigo, e pegamos nossas roupas, colocando-as
rapidamente.

Depois de puxar a camisa sobre a cabeça, dou uma


olhada para ela.

Sim, o cabelo dela está um pouco bagunçado, mas uma


escova rápida resolve. Infelizmente, porém, seus lábios estão
inchados e vermelhos, indicando para qualquer pessoa astuta
– e eu sei que Paul é um deles – que ela esteve chupando um
pau .

Eu pego nela e roço meu polegar em seu lábio inferior.


— Você não pode sair assim.

Seus olhos levantam para encontrar os meus. — Como


assim?

— Como você acabando de me dar o melhor boquete que


já tive na minha vida, — murmuro.

Os olhos de Camille brilham e você pensa que ela acabou


de ganhar uma medalha de ouro. — Sério? Você não está
dizendo isso apenas para me lisonjear, está?

Dou uma risada curta, agarro-a pela nuca e dou-lhe um


beijo forte e rápido. Quando nossos lábios se separam, eu
asseguro a ela: — Eu nunca faria isso.
Camille ri baixinho, sua mão segurando meu pulso, e
posso ver que ela está satisfeita consigo mesma.

Eu também estou, também, para esse assunto. Eu sei


muito bem que o orgasmo dela foi monumental, mas não
preciso de banalidades para isso.

O que eu preciso é de uma dose saudável de realidade.


Porque percebo com clareza que quando cedi e a beijei, e
então quando estive determinado a dar-lhe um orgasmo, eu
tolamente pensei que isso seria uma coisa única.

Agora quando eu olho para ela, seus olhos brilhando


com satisfação e um pouco de prazer travesso, sei que não
será uma coisa única.

— Depois de pousarmos, vou fugir e pegar uma caixa de


preservativos, — digo a ela.
Não pergunto a ela.

Digo a ela que nosso próximo encontro íntimo será eu


transando com ela.

— Bom, — diz ela com voz rouca, chegando mais perto.


— Porque estou realmente interessada em ver o que esse pau
pode fazer entre minhas pernas.
Eu gemo, e foda-se se o dito pau não pula em resposta.
— Eu acho que você fala sujo tão bem quanto eu, —
murmuro.

— Bom, — ela fala com perspicácia, — estou apenas


aprendendo, mas descobrindo que gosto.

Eu também, Camille. Eu também.


CAPÍTULO 14
Camille
Juntei-me ao Clube Mile-High5 há menos de quatro
horas, em algum lugar sobre o Panhandle da Flórida. A única
coisa que me impediu de chamar seu nome aos céus, foi o
fato de que minha boca estava tão cheia dele.

Foi estupendamente incrível, e fiquei destroçada.


E então acabou.

Tivemos que nos vestir rapidamente, comigo cobiçando


seu corpo enquanto vestia minhas roupas. Eu não tive a
chance quando ele se despiu, porque estava cobiçando aquela
parte dele que mais me fascinava. Mas enquanto ele se vestia,
eu olhava maravilhada para seu braço direito, completamente
coberto de tatuagens do ombro ao pulso. No lado esquerdo de
seu torso, um enorme dragão com escamas verdes e cinzas
percorre suas costelas, as asas dobradas e uma cauda
grande e pontiaguda que envolve suas costas e sobe por cima
do ombro. Chamas disparam de sua boca, lambendo seu osso
do quadril e se espalhando ligeiramente em sua coxa.

O que me fez olhar para o pau dele novamente.


Rapidamente desvio os olhos para o peito dele, onde
talvez esteja a tatuagem mais interessante, um esqueleto de
sapo com o nome de um homem embaixo. Perguntei a ele o
que significa, e ele disse que é uma homenagem a um SEAL
abatido , mas não ofereceu mais. Não o pressionei.
Continuamos a nos vestir em silêncio.

Eu tive que ficar no meu quarto por mais quinze minutos


depois que Jackson saiu porque você poderia dizer pela
minha boca que eu tinha acabado de dar um boquete a ele.
Não ajudou em nada que, antes de sair do meu quarto, ele
deu um beijo punitivo – cheio de língua e promessa – e
sussurrou: — Eu gosto do meu gosto na sua boca.

Juro que quase inflamei ali mesmo de novo.

Estava convencida de que Paul, os comissários de bordo


e até mesmo os pilotos que estavam sentados na cabine o
tempo todo sabiam, que eu tinha acabado de fazer sexo no
meu quarto.

Sexo oral, mas ainda é sexo.

E mais uma vez, foi alucinante.

Mas agora estou no modo Princesa Camille e Jackson


está no modo guarda-costas, e você nunca saberia o que
fizemos há pouco tempo. Pelo resto do voo, pouso e
desembarque, para o cortejo de veículos até o hotel, depois
para o centro de recreação comunitário onde estamos
atualmente, mal falamos duas palavras um com o outro.

Estamos falando uns com os outros tanto quanto


costumamos fazer quando estamos no modo de trabalho. Eu
naveguei em meu telefone no nosso tempo de inatividade,
repassando planos de itinerário de última hora e notas para
discursos. Jackson estava vigilante, dando ordens aos outros
membros da equipe que estão fornecendo segurança
adicional.

Mesmo que eu esteja agindo com calma do mesmo jeito


que ele, isso não significa que eu não esteja pensando nisso.

Incrível não é realmente a palavra certa para descrever


essa experiência.

Transcendental se encaixa melhor. Foi a coisa mais


íntima e impertinente que já fiz com um homem. O orgasmo
que ele me deu foi quase brutal, mas o melhor que já tive. Eu
sei no fundo do meu âmago, que nunca terei um tão bom com
mais ninguém. Qualquer pobre idiota que meus pais
eventualmente tentem me pressionar para me casar... bem,
nunca será assim.

Nunca haverá outro homem que possa fazer isso comigo,


eu apenas sei.

Jackson e eu concordamos em continuar com isso. Pelo


menos, foi assim que encarei sua declaração de que ia
comprar preservativos.

Uma missão que ele já completou. Enquanto estávamos


fazendo check-in no hotel, ele me deixou sob a vigilância de
Paul e saiu. Eu sabia exatamente para onde ele tinha ido,
mesmo que ninguém mais tivesse a menor ideia.

É minha convicção — não, meu desejo mais profundo —


que abriremos essa caixa a noite. Há um puxão na barra da
minha saia, e minha mente volta para a realidade de que
estou em um evento público no centro de recreação local, no
processo de me misturar com adultos e crianças.

Olho para baixo para encontrar uma garotinha de cerca


de sete ou oito anos, e coro sobre onde meus pensamentos
estavam. Não tenho que pensar em sexo enquanto represento
nossa monarquia.
Mas caramba... Jackson é uma tentação tão grande que
me dou um pouco de leviandade.

Cerca de quarenta e cinco minutos atrás, assisti a uma


apresentação de boas-vindas que algumas crianças fizeram,
depois fiz um pequeno discurso e passei para o ginásio do
centro com vários carrinhos de presentes com equipamentos
esportivos. Havia bolas, tacos, luvas, protetores, capacetes e
até um par de tênis novos para cada criança. Quando escolhi
Jonesboro como minha — típica cidade americana, — quis
trazer presentes para as crianças. Minha secretária encontrou
este centro recreativo em uma área de baixa renda, que não
tem dinheiro para financiar todos os seus programas. A área
que mais precisava era o atletismo, e eu tive todos os
presentes comprados aqui e esperando no depósito, prontos
para serem distribuídos. Também doei duzentos mil dólares
do meu próprio dinheiro para reparos de prédios
extremamente necessários.

Eu me inclino para me aproximar da garotinha. — Bem


Olá.

Ela sorri para mim, seu dente da frente faltando, e acho


isso absolutamente precioso. — Muito obrigada pelo novo
equipamento que você nos deu, especialmente os sapatos. O
meu tinha um buraco no fundo.

Meu coração se aperta com o quão grata uma criança


pode estar apenas por um par de sapatos. — Você é muito
bem-vinda. Que esporte você pratica?
Ela sorri maior. — Futebol, beisebol, basquete e líderes
de torcida.

Meus olhos se arregalam. — Isso é muito esporte. Você


tem um favorito?

Ela balança a cabeça. — Eu gosto de todos eles. Mas sou


melhor no futebol. Na verdade, acho que poderia ser melhor
no beisebol se tentasse um pouco mais. Pelo menos é o que
meu pai fala, mas ele também diz que deveria ficar com o que
eu mais amo, mesmo que não seja a melhor nisso.
Sorrio para ela, olhando em volta para ver se consigo
localizar seu pai, mas não vejo ninguém por perto que pareça
focado em nossa conversa. — Seu pai parece um cara muito
inteligente. Aposto que ele vem a todos os seus jogos para
torcer por você, não é?

Algo passa por seu rosto, e seu sorriso se volta para


baixo. Ela balança a cabeça e abaixa os olhos. — Meu pai está
preso. Mas posso ir uma vez por semana vê-lo e conto tudo
sobre meus esportes.

Uma sacudida de choque passa por mim tão


rapidamente que me levanto. Sinto como se alguém tivesse
acabado de me chutar no estômago com tanta força que mal
consigo respirar.

Eu não esperava que ela dissesse isso. Nunca conheci


uma criança cujo pai estivesse na prisão, o que
provavelmente significa que sou incrivelmente protegida.
Eu sei que este centro de recreação apóia famílias de
baixa renda. Também sei pelos meus estudos de humanas
que a pobreza leva à ação criminosa. Eu nunca lidei com isso
de uma maneira tão real. Estou percebendo que o que estou
fazendo — distribuindo equipamentos esportivos gratuitos
para todas essas crianças — é realmente... nada que valha a
pena. Se eu usasse o verdadeiro poder de minha tiara e o
dinheiro de nossas minas, poderia acabar com a pobreza, que
acabaria com as drogas e o comportamento criminoso
mantendo as famílias unidas.

Pela primeira vez na minha vida, sinto-me um pouco


inútil.

Antes que eu possa pensar em algo para dizer a ela, algo


que vai fazer nós duas nos sentirmos melhor, Jackson está
ao meu lado com a mão no meu cotovelo. — Vossa Alteza,
está quase na hora de fazer suas declarações finais.

Eu me movo com suas palavras porque não está na hora


de ir. Eu nem sei o que dizer, mas estou horrorizada por
sentir alívio pelo fato de que vai acelerar nossa visita e me
tirar daqui. Porque a verdade dessa garotinha dói demais, e
eu realmente gostaria de ir embora.
Eu sou tão covarde.

Jackson se vira para a garotinha e se agacha. Ele acena


com a cabeça por cima do ombro esquerdo e diz: — Ouvi um
boato de que estão distribuindo cupcakes por lá.
Os olhos da garota se iluminam e ela abre aquele sorriso
desdentado novamente. Com um pequeno aceno, esquece-se
que ela tem sapatos novos e seu pai está na cadeia. A
promessa de um doce chamou sua atenção, e sou grata
porque ela tem que conviver com essa realidade todos os dias.

Sinto-me mal do estômago.

— Vamos dar uma volta, — Jackson murmura enquanto


aperta meu cotovelo. Ele me conduz pelo ginásio, mas minhas
pernas parecem chumbo. Consigo segui-lo por um conjunto
de portas duplas e pelo corredor onde Paul está posicionado.
Ele acena para nós dois enquanto Jackson nos vira para
outro corredor e entramos em um escritório vazio. Ele fecha a
porta atrás de nós e solta meu braço.

Estou congelada no lugar, meus olhos vagando pelas


janelas cobertas de sujeira, onde mal consigo distinguir um
estacionamento cheio de carros.

— O que aconteceu lá atrás? — Jackson pergunta.

Meu corpo ainda está rígido e inflexível, mas consigo me


virar para olhar para ele, minhas sobrancelhas franzidas em
confusão. — O que?
— Algo aconteceu lá atrás, — diz ele com uma expressão
preocupada. — Eu estava observando você. Você ficou pálido.
Parece que você vai vomitar agora. Você está doente?

Eu balanço minha cabeça, levando minha mão a boca e


subconscientemente mordiscando minha unha. Era um
hábito desagradável que abandonei na faculdade, e agora só
faço isso quando estou angustiada.

— Camille, — Jackson diz um pouco duramente, e


minha mão cai da minha boca. — O que há de errado? Não
me faça perguntar de novo.

Aquele tom exigente, esperando subserviência de mim.


Na verdade, ultrapassa a dormência e me tira do choque.

Meus olhos deslizam para a porta e depois de volta para


ele. — Aquela garotinha... o pai dela está na cadeia. Ela o vê
uma vez por semana e conta tudo sobre os esportes que
pratica aqui no centro de recreativo.

Quando vejo uma flash de compreensão cruzar as feições


de Jackson, ele não parece entender por que isso me
incomoda tanto. — Isso pode ser comum para você. Eu sei
que é comum em seu país, então você provavelmente já viu
isso.

Ele acena com a cabeça, seus olhos graves e sombrios. —


Uma de nossos funcionários passou algum tempo na prisão.
Ela tem um filho.

Ele não diz mais, mas, novamente, não precisa explicar o


que tal situação significa para aquele pais e filho.
— É apenas... perturbador, — eu digo com tristeza. — Eu
sei dessas coisas. Estudei ciências humanas na faculdade e
aprendi no papel todos os horrores associados à pobreza. No
entanto, moro em um palácio no alto de uma colina com vista
para um mar azul e não tenho nenhuma preocupação no
mundo. Aquela garotinha... nunca foi realidade para mim.
Você sabe o que eu quero dizer?

— Eu posso imaginar, — Jackson diz em voz baixa.

— Não é o suficiente.

— O que não é suficiente?

Eu dou de ombros com incerteza e estendo minhas


mãos. — Isto. Dar presentes, fazer doações de caridade. Não é
nada além de colocar band-aids na ferida e não fazer algo
para resolver o problema para não acontecer em primeiro
lugar.

Jackson se move em minha direção, coloca as mãos nos


meus ombros e abaixa a cabeça para mais perto. — Tentar
resolver todos os problemas do mundo é como querer beber
um oceano inteiro, Camille. Ninguém pode. Você não pode
resolver os problemas deste ou até mesmo de um país
pequeno. Pobreza, crime e drogas… é generalizado. Não há
solução viável. A única coisa que ajuda são as pessoas que
colocam band-aids. Pessoas como você que doam coisas que
são desesperadamente necessárias, ou assistentes sociais que
cuidam dos desprotegidos, professores que trabalham em
condições horríveis apenas para tentar alcançar uma criança.
Todo mundo se reúne e faz um pouco para torná-lo melhor.
Então você faz disso um mundo melhor. Sem sua ajuda, seria
pior.

Apenas cinco minutos atrás, eu me senti desanimada e


inútil porque não entendi qual era o objetivo de qualquer
coisa que eu tentasse fazer. Mas Jackson foi capaz, em
poucas palavras, de mudar minha perspectiva. Ele me fez
entender que estou fazendo o que posso, que não sou a
solução para o pai daquela garotinha não estar na cadeia.
Nem posso ser.

Mas talvez eu possa ajudar. Vou pedir para minha


secretária examinar as circunstâncias da família e descobrir o
que posso fazer.

Pelo menos colocar um band-aid em uma ferida aberta.


Sem pensar, coloco minhas mãos em seu pescoço e subo
na ponta dos pés, colocando um beijo suave em sua boca. Ele
pisca surpreso, mas não se afasta. — Obrigada, — eu
sussurro.

Jackson parece perplexo.

E me sinto um pouco confusa.

O ar ao nosso redor parece pesado. Ele me ajudou em


um ponto que não tem nada a ver com o trabalho para o qual
foi contratado – proteger meu corpo.

Em vez disso, ele ajudou a proteger minha alma.


CAPÍTULO 15
JACKSON
Ando de um lado para o outro no meu quarto de hotel...
da porta a janela, passando entre a cama e a cômoda com
uma grande TV nela. Este é o único hotel em nossa viagem
onde não conseguimos garantir uma suíte real, e apenas
porque o hotel acabou passando por reformas de última hora,
devido a um vazamento de água que danificou nossas
acomodações. Não é grande coisa, pois fomos capazes de
obter quartos adjacentes, o que é suficiente. A única que está
perdendo é Camille, que não tem o luxo que vem com uma
suíte — quarto adicional, sofá, sala de jantar, quarto principal
privativo e banheiro — embora, honestamente, ela não se
importa. Eu vim a aprender isso sobre ela. Camille nunca é
sobre os adornos. Também soube durante nossas primeiras
reuniões de planejamento que suas acomodações foram
reservadas pelo secretário do palácio, e Camille não deu
nenhuma opinião. Não que ela quisesse... ela simplesmente
não se importava.

Não, a princesa é muito mais do que luxo e riqueza.


Percebi isso esta tarde, no centro de recreação comunitário,
quando a vi empalidecer com algo que aquela garotinha disse.

Ela não estava em perigo físico. E, no entanto, me movi


rapidamente para o lado dela para determinar a causa da sua
angústia. Isso não está na descrição do meu trabalho e, no
entanto, nada poderia ter me impedido.
Camille teve um tipo de impacto da realidade — uma
visão pessoal e próxima da pobreza e do crime, e uma
garotinha que foi gravemente afetada — e ela tirou algumas
conclusões inusitadas disso. O que fez com que percebesse
que existem problemas monstruosamente catastróficos no
mundo e que são muito mais reais do que ela jamais
imaginou. Ela interpretou cada maneira que o trabalho que
está fazendo é quase ridículo — distribuindo equipamentos
esportivos e dinheiro para reformas em edifícios — e
transformou isso em uma sensação de inutilidade pessoal.

Honestamente... me surpreendeu. Eu nunca vi uma


única parte vulnerável em Camille desde que a conheci, além
de talvez alguma exaustão que vem de seus deveres e
encargos.

Foi chocante porque, embora eu tenha percebido que


Camille leva seu trabalho filantrópico muito a sério, não sabia
o quanto ela levava o fardo de outras pessoas. Verdade seja
dita, eu não tenho certeza se ela sentiu isso até então .

Consegui acelerar sua visita e, quando estava fazendo


suas observações finais, havia recuperado a compostura.

Ela não tinha planos específicos para a noite, pois


estávamos programados para sair pela manhã, além de não
conhecer ninguém em Jonesboro. Então, Paul, Camille e eu
comemos em um restaurante altamente recomendado,
enquanto os outros agentes mantinham uma presença
discreta nas proximidades.
Durante todo o jantar, ela parecia bem. Ela continuou
conversando com Paul e comigo sobre as coisas que viu hoje e
a alegria que sentiu ao ajudar os necessitados.

Ela não mencionou a garotinha ou que o pai estava na


prisão. Ela não mencionou ter levado o sofrimento daquela
criança para em sua própria alma.
Eu sei por que ela não falou sobre essas coisas no jantar,
embora tenha visto o fardo escondido em seus olhos. Ela não
os mencionou porque Paul estava sentado lá, e ela não estava
disposta a compartilhar esses problemas pessoais com ele.

A forma como ela desabafou comigo no centro de


recreação quando percebi que algo estava errado – ela confia
em mim e, embora goste de Paul e o conheça há muito mais
tempo, essa confiança para compartilhar pensamentos
pessoais com ele não existe.

Compartilhamos uma intimidade no avião hoje cedo e,


quer eu quisesse ou esperasse, esse encontro mudou a
natureza do nosso relacionamento. Ela se sente à vontade
para compartilhar sentimentos comigo, porque agora temos
um relacionamento pessoal.

Não combina comigo, daí o ritmo.

E agora, estou arrependido de ter me envolvido com ela.

Naquele exato segundo em que saí do orgasmo intenso


que ela me deu, eu já tinha resolvido que iria tocá-la em todas
as oportunidades que pudesse encontrar no resto desta
viagem. Nós íamos levar isso até o fim, e eu ia tentar todas as
coisas sujas que pudesse com ela. Mas, na minha cabeça,
ainda seria casual, e senti que poderia permanecer assim.

Apenas sexo.

Isto é, afinal, o que ela queria para começar. Uma


conexão aleatória para marcar em sua lista de aventuras. E
sou um cara... então estou aqui para isso. Claro que quero
fodê-la em qualquer oportunidade. Eu comprometi minha
ética e moral já naquele avião, então a barragem foi rompida.
Na minha mente, enquanto eu ainda estiver cumprindo meu
dever de protegê-la, podemos continuar dando prazer um ao
outro.

Então surge a pergunta, por que estou sentado no meu


quarto quando sei que Camille está me esperando no dela
agora?

Ela até disse isso depois do jantar quando chegamos à


porta de seu quarto. Paul tinha saído para verificar os agentes
e garantir que tudo estava bem.
Camille estendeu a mão e deslizou um dedo no meu
cinto, dando um puxão divertido. — Vejo você daqui a pouco?
— ela perguntou.

Balancei a cabeça, mesmo que as dúvidas girassem


dentro de mim.

Isso foi há vinte minutos, e tenho feito uma trilha no


tapete .
Se vou ao quarto dela e uso os preservativos que comprei
— uma caixa extragrande — não tenho certeza de que tipo de
mensagem estarei enviando. Inferno, não tenho certeza de
que tipo de mensagem estou me dando. Porque não há dúvida
de que estou cuidando dela de uma maneira que não tinha
intenção de fazer. A maneira como corri para ela no centro de
recreação porque sabia que algo estava errado — emocional,
não fisicamente — me diz o que preciso saber, que já afundei
mais do que pretendia.

Então isso significa... eu deveria terminar antes de cair


ainda mais fundo e alguém se machucar.

TOC Toc toc.

Paro no meio do caminho, olhando para a porta de


ligação entre o meu quarto e o de Camille.

Acabou o tempo.
A maçaneta gira sem que eu a convide para entrar, e
meu coração dispara. A porta se abre, Camille entra e eu
quase engulo minha língua.

Ela está vestindo outra roupa de dormir que consiste em


shorts minúsculos, feitos da seda macia em um tom pêssego
claro que realça seu bronzeado. O top combinando, embora
não seja transparente, não esconde o contorno dos seios.
Meus olhos demoram muito tempo em seus mamilos
empurrando com força contra o material frágil, e meu pau
começa a ficar feliz.

Cristo, eu tenho que ser homem.


Isso tem que acabar — não há como sermos casuais, e
qualquer coisa mais do que isso terminará em desastre.

Dou um último olhar ansioso para Camille — uma


última oportunidade para ela ver a verdade em meus olhos —
e viro as costas para ela caminhando até minha cama. Sento-
me pesadamente na borda, com os pés separados, e descanso
os cotovelos nos joelhos. Meus olhos travam com os dela
enquanto aperto minhas mãos, e a informo: — Nós não
podemos fazer isso.

Ela não avança mais no quarto, mas também não sai.


Ela apenas inclina a cabeça para o lado. — Por que?

Minhas mãos se separam em um gesto que diz que é


complicado. — Porque …

E minhas palavras desaparecem.


Por que porque?

Essa será a próxima pergunta dela.

Eu me levanto da cama e começo a andar novamente. É


mais fácil não olhar para ela, então, quando chego à janela,
digo: — Isso foi uma coisa de só uma vez.
— E ainda assim, você saiu e comprou preservativos. —
Eu giro para encará-la, descobrindo que ela está com os
braços cruzados sobre os seios e o quadril inclinado.

Ela está pronta para uma luta.

Faço um balanço da situação e a reduzo a uma das duas


maneiras que posso seguir. Eu nunca vou mentir para ela,
mas não devo nenhuma explicação. Eu simplesmente tenho o
direito de dizer que não podemos mais fazer isso e deixar por
isso mesmo.

Ou posso dizer a verdade. E no fundo, eu sei que é isso


que eu tenho que fazer porque ela não merece menos.
Qualquer outra mulher, eu iria me afastar. Inferno, eu fiz isso
muitas vezes no passado quando terminei um
relacionamento, não que meus relacionamentos anteriores
tenham passado de uma ou duas noites.
Eu atravesso o quarto até que estou na frente dela. Eu
estendo minhas mãos em um apelo silencioso para ela. Com
uma expressão relutante, ela descruza os braços e coloca as
palmas das mãos contra as minhas. Dou-lhes um leve aperto
e tento falar com o coração. — Você significa trabalho para
mim.

Seu corpo estremece por reflexo, e ela tenta se afastar do


que parecem ser palavras duras. Eu seguro firme e continuo.
— Pelo menos é isso que você deveria ser. Mas hoje, eu vi você
sofrendo com o que aquela garotinha disse e percebi que você
não é apenas um trabalho. Isso significa que há envolvimento.
O que quer que você e eu escolhamos fazer intimamente
daqui em diante, não será apenas sexo.

Camille parece perplexa. — Você tem um problema com


isso?

Meu queixo treme . — Você não tem ? Você é quem fez


questão de adicionar uma conexão aleatória à sua lista de
desejos.
Ok, então isso foi um problema sério. Eu não respondi a
sua pergunta, porque embora eu não tenha problema em nos
envolver, estou com medo disso.

Camille revira os olhos e puxa as mãos das minhas para


bater no meu peito e me dar um empurrão forte.

— Estava apenas brincando, — ela exclama enquanto


tropeço para trás, não esperando que ela me faça perder o
equilíbrio. — E agora você me rotulou como a prostituta da
cidade que só quer sexo com estranhos.

Agora eu reviro os olhos para ela. — Certamente você


sabe que eu não quis dizer isso. Eu estava com raiva e estava
tentando fazer um ponto.

Eu fico um pouco desconfortável quando seus braços


cruzam sobre os seios. Ela franze os lábios e me lança um
olhar que diz que sabe algo que eu não sei. — Eu tenho o seu
número, Sr. Gale.

Minha pele se arrepia com cautela. Eu levanto meu


queixo, parecendo confiante, mas estou temendo o
conhecimento que ela detém. — Afinal, o que isso quer dizer?

Sua mão voa para fora e ela me cutuca no peito. —


Significa que você tem medo de compromisso. Na verdade, eu
aposto que você é o tipo de homem que fica apenas uma
noite, o que também é um pouco sexista por fazer sentir-me
mal por querer um... mesmo que eu não queira.
Independentemente disso, você é o único que está tendo todos
os tipos de preocupações, porque você pode realmente ter
sentimentos por mim, e acho que isso te assusta pra caralho.
Portanto, é mais fácil dizer que estás terminado e seguir
nossos caminhos separados. Exceto, que vamos seguir nossos
caminhos separados eventualmente. Estamos presos um ao
outro por mais uma semana e meia, então temos uma data de
validade.

Por alguma razão, sinto que ela está distorcendo minhas


palavras e ações, mas em algum lugar no fundo da minha
alma, acho que ela pode estar certa. E ainda não estou
disposto a admitir isso.

Então mantenho o argumento. — Presos um ao outro? —


Eu zombo dela. — É isso que você acha? É tão horrível que
estejamos presos um ao outro?

Outro revirar de olhos. — Já que você parece não saber o


que quer, e estou supondo que você está com muito medo de
fazer um movimento, mesmo se você soubesse, talvez eu
tenha que voltar para minha lista de desejos e começar a
procurar um encontro aleatório. Como eu disse no avião,
tenho certeza de que Paul estaria disposto.

Ela apenas me ameaçou com isso novamente.


Totalmente, fodidamente empurrando meus botões. E mesmo
sabendo que ela está me provocando, algo queima no fundo
do meu estômago, e percebo que ela está me fazendo perder o
controle.

Eu nunca fico sem controle.


Minhas palavras saem suaves, mas com um tom
subjacente de condescendência. — Você está agindo como
uma criança, Camille.

Por alguma razão, chamá-la de criança parece provocar


uma profunda ofensa. Ela faz um ruído de asfixia no fundo da
garganta e exclama: — Uma criança? Como você se atreve!
Cristo... meu pau está ficando duro, o que significa que
gosto dessa brincadeira. Isso também significa que estou
levando-a por um caminho que se tornará ainda mais difícil.
Eu oficialmente desisti da ideia de acabar com isso.

— Uma criança, — eu afirmo com autoridade. — E você


sabe a melhor maneira de colocar uma criança em ordem?

Ela não responde, mas engole em seco. Ela até dá um


pequeno passo para trás.

Minha voz é baixa, pouco acima de um sussurro, mas eu


sei que o controle dela fala muito porque seus olhos se
arregalam. — Você precisa de uma surra.

Não há dúvida de que isso se tornou um jogo de dois.


Com a ameaça de colocar minha mão em sua bunda, ela
realmente gira como se fosse correr de volta para seu quarto.
Eu pulo e a agarro pela cintura, ela solta um pequeno grito
junto com uma meia risadinha.

Meu pau fica ainda mais duro.

Eu a carrego facilmente para a cama e giro para sentar


na borda, movendo-a em meu colo. Ela não vai de bom grado
e sem lutar, mas consigo prendê-la com um braço forte em
sua parte superior das costas. Enquanto suas pernas se
agitam, eu trago minha mão esquerda para baixo em um
estalo brusco em sua bunda.

Camille suspira e luta com mais força.


Eu bato nela de novo... mais forte, e ela geme.

Foda-se... isso é sexy como o inferno.

— Continue lutando, princesa, e você só vai conseguir


mais, — eu ameaço sombriamente.

Não é surpresa para mim que ela se contorce com mais


força.

Em vez de puxar minha mão de volta para outro tapa, eu


agarro o cós elástico de seu short de seda e puxo-o para baixo
— junto com sua calcinha — sobre sua bunda e na metade da
parte de trás de suas coxas. Minha impressão da palma da
mão é visível em cada bochecha de sua bunda. Meu pau não
pode ficar mais duro, então começa a doer.

Batida.

Camille solta um grito misturado com um gemido de


prazer, e não perco um único segundo embelezando isso para
ela. Minha mão vai para sua bunda, onde eu deslizo sobre a
pele sedosa, mas muito quente, e pressiono meus dedos entre
suas pernas. Encontrando seu doce e úmido ponto, enfio meu
dedo médio bem fundo.
— Oh Deus, — Camille geme, seguido por um
estremecimento de corpo inteiro. Bombeio meu dedo algumas
vezes, e fico atordoado quando todo o corpo dela endurece
antes que ela dê um grito estridente de prazer. Foda-me, mas
sua boceta se contrai e agarra meu dedo alojado
profundamente dentro dela, e todo o corpo de Camille treme
no meu colo.

— Puta merda, — eu murmuro com admiração. — Você


acabou de gozar?

Camille acena com a cabeça furiosamente, seus quadris


rolando para aumentar a pressão do meu dedo dentro dela,
enquanto tenta desenfreadamente arrastar os pulsos de
prazer. Eu olho para sua bunda avermelhada, minha mão
enfiada entre suas pernas, sentindo sua boceta tremendo ao
redor do meu dedo, e meio que quero me dar um tapinha nas
costas. Eu nunca fiz uma garota gozar com algumas
palmadas e uma foda rápida com o dedo.

Ou talvez não tenha nada a ver com minha habilidade e


tudo a ver com a maneira como Camille responde a mim em
particular.

Seu pescoço vira e ela afasta o cabelo comprido dos olhos


para olhar para mim. Seus quadris flexionam para baixo,
empurrando meu dedo um pouco mais fundo, e ela está
claramente desconfortável. Eu quase puxo para fora quando
ela diz: — Você vai me foder agora?

Eu fico olhando para ela de volta, ainda um pouco


surpreso com aquela incrível hiper-sensualidade que acabei
de testemunhar, bem como as palavras sujas de uma boca
tão real. Eu dou de ombros e digo: — Talvez eu apenas dê
uma palmada e toque você com um dedo de novo para ver o
que acontece.

Camille bufa, e não posso deixar de rir. Eu amo que


trouxemos humor para a situação, e isso não diminui nem
um pouco o quão sexy é.
Estudo seu lindo rosto, nossos olhos travados. Cinco
minutos atrás estava pronto para parar com essa insanidade,
dizendo a ela que tínhamos que seguir nossos caminhos
separados. Agora, eu sei que vou fodê-la, esta noite e todas as
outras até que nos separemos, e qualquer outra oportunidade
no meio. Não há volta. O negócio está definido em minha
mente.

Mas quero que Camille entenda no que ela está se


metendo. Quero que saiba que estou sempre no controle e,
embora sempre seja bom para ela, só será feito da maneira
que eu disser que será. Ela pode ter alguma experiência
sexual, mas duvido seriamente que ela já tenha sido
dominada da maneira que pretendo dominá-la.

Camille tenta subir no meu colo para poder olhar com


mais clareza. — Jackson... eu realmente gostaria que você me
fodesse.

— Palavras impertinentes de uma princesa impertinente.


— Enquanto admiro seu pedido descarado, balanço a cabeça.
— Não. Isso virá mais tarde, mas primeiro vou deixar você
chupar meu pau.
Um lado de sua boca se inclina em um sorriso, e ela
arqueia uma sobrancelha elegante, sua expressão imperiosa.
— Você vai me deixar chupar seu pau?

Eu amo seu atrevimento, e estou ansioso para espancá-


la novamente por isso. Mas ela não é páreo para mim, e eu
decido deixá-la saber como vai ser. — Na verdade, eu vou
fazer você.

Seu corpo treme apenas com essas palavras, e sei que


Camille não terá nenhum problema em se submeter a mim.
Eu retiro meu dedo de seu corpo e a coloco suavemente no
chão, quando abro minhas pernas. Ela vem para repousar de
joelhos diante de mim. Eu não digo uma palavra, mas
rapidamente desfaço meu jeans, levantando um pouco para
empurrá-lo para baixo e libertar meu pau inchado.

Eu agarro a base dele, aperto e acaricio para cima, e


uma gota de pré-sêmen se torna visível na ponta. Minha outra
mão vai para a parte de trás da cabeça de Camille, e enfio
meus dedos no seu cabelo espesso, fechando-os com força
para que ela não possa se mover a menos que eu permita.

Só mais uma coisa... Eu me inclino para frente e dou-lhe


um beijo ardente. Porque com tudo o que fizemos e estamos
prestes a fazer, beijá-la ainda é a melhor parte.

Eu me afasto e estou um pouco encantado que seus


olhos estão fechados porque ela foi sugada pelo beijo. Eles se
abrem quando eu coloco pressão em sua cabeça e a forço
para frente em direção ao meu pau.
Eu sinto sua respiração na ponta e sua língua se estende
e dá uma leve lambida. Eu empurro com mais força e sua
boca se abre, então me engole inteiro.
CAPÍTULO 16
CAMILLE
A PRESSÃO da mão de Jackson na parte de trás da
minha cabeça, o formigamento no meu couro cabeludo
quando aumenta seu aperto, o cheiro dele – todo homem – e
estou pronta para fazer o que ele mandar. Ele sabe, assim
como eu, que não precisa dessa mão na minha cabeça para
isso.

Ele também sabe, assim como eu, que sou uma mulher
que gosta.
Eu não tinha percebido isso sobre mim mesma, mas
claramente ele soube.

O gosto salgado dele explode contra a minha língua


enquanto tomo seu comprimento duro o mais profundo que
posso. Rompe um murmúrio do fundo de seu peito e me
excita saber que ele está excitado.

Não sei por que Jackson sente a necessidade de


estabelecer tal domínio sobre mim. Talvez seja sua maneira
sutil de dizer que realmente é apenas sexo e nada mais. É
tudo sobre como maximizar o prazer dele e o meu, e quando
assume o controle sobre mim, talvez ele esteja enviando uma
mensagem de que meus pensamentos, sentimentos e desejos
não importam.

Eu posso vê-lo se sentindo assim. Mas na verdade acho


que é algo mais.
Jackson sabe que sou uma princesa que pode ter o que
quiser por capricho. Embora, ele me garanta que não sou
mimada, arrogante ou frívola, posso ter qualquer coisa no
mundo que eu queira com apenas um estalar de dedos. O
mundo é minha ostra. Com esse tipo de poder vem a
liberdade de ser o que e quem eu quiser. Na minha posição,
nasci para ordenar que as pessoas façam o que mando e o
façam com impunidade.

Em virtude de minha coroa e riqueza, sou uma


dominadora inerente sobre todos aqueles que vêm antes de
mim.

E não gosto nem um pouco.

Jackson descobriu isso sobre mim, e enquanto ele pode


ser dominador por natureza e gosta de sexo nessa condição,
eu acho que ele está forçando minha cabeça em seu pau
porque sabe que realmente preciso disso.

Eu preciso da liberdade de estar sempre no comando e


sempre ser a única a tomar decisões.

A mão de Jackson relaxa um pouco e tenho mais


liberdade para subir e descer sobre ele no meu ritmo. Eu
suavizo minha sucção, lambo-o levemente e roço meus dentes
de vez em quando. Dar o controle para mim dura cerca de
cinco segundos antes de sua mão apertar novamente e me
forçar para baixo para ir um pouco mais fundo. A cabeça de
seu pau toca a abertura da minha garganta, e luto contra
meu reflexo de vômito enquanto ele me segura lá, por um
momento antes de me permitir a liberdade de soltar.
Eu chupo forte no caminho, afundando minhas
bochechas.

— Assim mesmo, — ele elogia em um rosnado suave.

Ele solta seu aperto novamente, e aprendo minha lição.


Sem provocações suaves — apenas sucção forte.

Eu me movo mais rápido, envolvendo minha mão ao


redor da base e me concentrando na ponta quando eu puxo
para cima. Ele grunhe toda vez que minha língua roça a parte
de baixo sensível, e me lembro do som irregular que ele fez
quando gozou na minha boca no avião mais cedo.

É algo que eu quero de novo, mas ele assume o controle


apertando seu punho e me forçando a desacelerar. Eu suspiro
internamente em frustração por ele não me deixar fazer isso
sozinha, mas, ao mesmo tempo, tenho prazer que me
imponha a fazer o que ele quer.

Minha mente se concentra, querendo fazer disso o


melhor para Jackson. Sinto prazer quando sua respiração fica
irregular e seus quadris empurram ligeiramente contra meus
movimentos. Eu quero que ele goze na minha boca, mas a
próxima coisa que sei é que ele está me puxando para fora de
seu pau com minha cabeça inclinada para trás para que meu
rosto fique para cima. Ele se inclina para frente e me beija
com força, os dentes colidindo contra os meus, sua língua
invadindo e dominando minha boca. Mas logo está movendo
as mãos para o lado do meu rosto e suavizando seu beijo, e
fico desapontada com a mudança abrupta — controladora e
forte para suave e carinhosa.
As mãos de Jackson se movem do meu rosto para
debaixo dos meus braços, e ele me levanta do chão. Quando
estou de pé, puxa minha regata de seda sobre minha cabeça e
se inclina para pegar meu seio em sua boca. Ele se aproxima
do meu mamilo e suga com tanta força que a área entre as
minhas pernas começa a latejar. Aparentemente, há uma
conexão direta entre os dois.

A mão de Jackson desliza pelo meu estômago e entre as


minhas pernas, onde ele tem fácil acesso, já que meus shorts
ainda estão em volta das minhas coxas. Seu dedo desliza
facilmente em mim, e eu deveria estar envergonhada por estar
molhada. Deveria sentir vergonha de como estou me deixando
ser uma boneca de pano para esse mestre de marionetes, mas
tudo em que posso pensar é mexer meus quadris para que
seu dedo vá mais fundo.

— Jackson, — eu gemo quando ele passa a língua em


um círculo leve sobre o meu mamilo, ao mesmo tempo
puxando o dedo para correr levemente sobre o meu clitóris
inchado. — Por favor, você vai me foder?

Sua cabeça levanta um pouco para murmurar, —


Princesinha mandona com uma boca suja, — e então volta
sua atenção para o meu outro mamilo.

Eu sorrio e depois engasgo com aquele sorriso quando


ele puxa o dedo para fora e pressiona dois de volta para
dentro.

Um gemido áspero se solta e posso sentir meus


músculos se contraindo, indicando que outro orgasmo está se
formando. Eu tento afastá-lo, pois ainda não estou pronta. Eu
o quero dentro de mim da próxima vez que eu gozar.

— Jackson, — eu gemo, então empurro quando um


polegar toca meu clitóris. — Por favor.
Não tenho certeza se foi minha súplica desesperada ou o
fato de ele ter acabado de se divertir, mas Jackson me libera
abruptamente, uma mão grande no meu peito e me empurra
para a cama. Curvando-se na cintura, ele puxa meu short e
calcinha antes de acenar para a mesa de cabeceira. — Os
preservativos estão lá. Pegue um.

Jackson se endireita e se despe. Eu congelo, vendo-o


expor seu corpo para mim apenas para pular poderosamente
quando seus olhos vêm para mim e ele fala: — Preservativo,
princesa. Agora.

Eu rolo para o meu lado e abro a gaveta com tanta força


que quase cai. Eu lanço um olhar de lado para Jackson, que
estava com tudo, exceto seu jeans, que já estava abaixo de
seus quadris e saindo rápido. Seus olhos estão sombrios e
turbulentos, e uma emoção corre pela minha coluna.

Agarrando a caixa de preservativos, eu puxo um para


fora e tento abri-lo, mas minhas mãos estão tremendo. Estou
tão ansiosa com o que está prestes a acontecer, que não
consigo me controlar.

Ainda bem que Jackson não tem paciência enquanto o


arranca de mim e rasga o pacote com os dentes. Eu tomo a
liberdade que me foi dada para deixar meus olhos vagarem
por todo o seu corpo. Ele é tão bonito com seus músculos
tensos, abdômen firmes, pele bronzeada e tatuada e uma
espessa camada de pelos no peito, braços e pernas. Poças de
baba na minha boca. Pau glorioso à parte, ele é o homem
mais bonito que já vi.

Eu pisco com força quando minha leitura é interrompida


por ele trazendo o preservativo para seu pau e habilmente
rolando-a. Eu tento não pensar em toda a experiência que
teve que permite colocá-lo tão facilmente. Em vez disso, digo a
mim mesma, para me concentrar no aqui e agora.

Porque agora, mesmo que por pouco tempo, ele é meu.

E minha cabeça gira porque agora ele está me cobrindo


na cama, empurrando minhas pernas para abrir espaço para
seu corpo grande, e sua boca está de volta na minha, me
devorando. Ele me consome tão completamente com seu beijo
e me empurro ao perceber que seu pau está agora na minha
entrada e pressionando.

Eu suspiro, abro mais minhas pernas e envolvo meus


braços em volta do pescoço dele para que não pare de me
beijar.

O beijo é esquecido quando Jackson pressiona seus


quadris para baixo e desliza para dentro de mim em um
movimento fluido. Eu me estico e me moldo ao redor dele, e a
sensação de plenitude pode ser a melhor que já senti em toda
a minha vida.

Até que ele se move.


E então esse sutil deslize para fora e de volta mais fundo,
faz meus olhos rolarem para a parte de trás da minha cabeça.
Eu levanto meus joelhos, pressiono-os em seu corpo. Jackson
se inclina um pouco para o lado, traz uma mão para a parte
de trás de uma coxa e força minhas pernas a se abrirem
ainda mais.

Ele puxa a boca para longe e olha para baixo enquanto


ele continua a empurrar para dentro e para fora lentamente.
Ele parece quase infantil, uma mecha de cabelo na testa, mas
seus olhos escuros e brilhantes me lembram que há um
homem entre minhas pernas.
Jackson abaixa a cabeça e passa seus lábios ao longo do
meu pescoço enquanto seus quadris bombeiam. Meu sangue
acelera tão rápido que fico tonta, a pulsação que começou
entre minhas pernas quando seus lábios envolveram meu
mamilo pela primeira vez, começa a latejar.

Um longo gemido ondula de Jackson quando mergulha


mais fundo em mim.

— Sim, — eu sussurro, porque... apenas... foda-se sim.

Cada impulso é uma tempestade se formando, e quero


manter esse sentimento para sempre, mas, ao mesmo tempo,
quero que ele me solte e me deixe cair em queda livre. Apenas
Jackson tem o poder de me dar isso.

— Por favor. — Minha voz está tensa, soando estranha.


— Me faça gozar.
A cabeça de Jackson levanta, seus traços acentuados
enquanto ele sorri para mim. Seus quadris nunca erram um
golpe, ele remove a mão da minha coxa e a move para a
minha própria mão. Agarrando-a com força, ele levanta o
torso o suficiente para forçar minha mão entre nós. Me faz
pressionar meus dedos no meu clitóris e ordena: — Se faça
você mesma gozar.

Essa pode ser a coisa mais sexy e suja que um homem já


disse ou fez para mim, e sua ordem me faz obedecer. Meus
olhos abaixam e vejo seu pau penetrando dentro de mim, o
ritmo acelerando. O peito de Jackson sobe e desce
bruscamente, e tenho a sensação de que ele está exibindo
uma força de vontade incrível para não gozar ainda.

Meus dedos mergulham e encontram meu clitóris, e no


minuto em que o toco, meu orgasmo começa a empurrar
contra seus limites. Meu coração bate tão rápido que o sinto
em meus ouvidos. Eu coloco pressão no meu clitóris
enquanto Jackson me fode mais forte. Eu movo meus dedos,
giro-os ao redor, e arrepios surgem na base da minha coluna.

Fecho os olhos com força, inspiro com fortemente pelo


nariz e me acaricio mais rápido.

— Assim mesmo, — ele elogia, eu abro meus olhos para


encontrá-lo me observando me tocar. Jackson começa a me
foder com força, a cama rangendo sob o movimento. A única
razão pela qual a cabeceira da cama não está batendo é
porque está aparafusada na parede. Ele está entrando tão
fundo em mim, que vejo estrelas e, sem aviso, me lanço na
queda livre de feliz abandono. Meu orgasmo passa por mim
em ondas fortes, e grito o nome do homem que fez tudo
acontecer.

Jackson.

— Cristo, — ele rosna e se eleva. Com as duas mãos na


parte de trás das minhas pernas, ele levanta minha bunda
para fora da cama e bate em mim.

Apenas um punhado de estocadas, todas poderosas e


deliberadas, e Jackson está jogando a cabeça para trás para
rugir sua liberação. Ele é lindo e primitivo, os músculos do
pescoço tensos, e esqueço tudo sobre as ondas de prazer que
ainda estou sentindo para ver essa linda fera se desfazer
diante de mim.

— Foda-se, — ele murmura e, em seguida, repete como


um grito de guerra enquanto sua cabeça cai, mas seus
quadris continuam bombeando em mim. — Foda-se, foda-se,
foda-se.

Jackson flexiona seus quadris com força e


profundamente, fica imóvel e abaixa seu corpo no meu.
Hesitante, coloco meus braços ao redor de seus ombros e o
puxo mais apertado contra mim enquanto seu corpo treme
com o orgasmo. Seu rosto pressiona meu pescoço e ele
murmura: — Isso foi diferente.

Isso é um eufemismo.

Era como nada que já senti antes.


Jackson suspira, como que arrependido pelo que está
prestes a fazer, e rola do meu corpo. Quando ele desliza para
fora de mim, me sinto vazia. Quando ele sai da cama, me
sinto fria e insegura.

Sem dizer nada, ele vai para o banheiro, e tenho um


momento de indecisão. Quando entrei em seu quarto mais
cedo, ele estava pronto para me empurrar para longe.

Ele me disse que havia envolvimento e, embora não


tenhamos resolvido o que realmente é ou o que pode se
tornar, está claro que as coisas ficaram pessoais, e isso o está
incomodando.

Durante todo o curso de nossa briga que o levou a me


incitar a ser uma pirralha, o que o levou a me espancar, o que
levou a um sexo estupendo, Jackson cedeu e decidiu tentar.
Mas o que estamos fazendo? Eu não posso dizer onde
estamos, mas porque é uma preocupação para ele — um
emaranhado emocional — eu acho que ele gostaria de manter
apenas sexo e eu deveria voltar para o meu quarto. Acho que
sei que isso nunca vai ser nada mais. Tenho certeza de que é
isso que ele quer, embora não seja o que eu quero.

Não querendo balançar o barco, tomo minha decisão e


saio da cama. Eu localizo minha calcinha primeiro, me inclino
e levanto um pé para colocá-la de volta.

— O que você pensa que está fazendo? — Jackson diz, e


olho para cima para vê-lo emoldurado na porta do banheiro.
Como não consigo evitar, olho e percebo que o preservativo se
foi . Isso é o que ele deve ter feito.
Sua aparição repentina e o fato de eu estar curvada com
um pé levantado, me tira o equilíbrio, e tenho que soltar
minha calcinha e me endireitar antes de cair. — Eu estava me
vestindo… para voltar para o meu quarto. Dormir.

Jackson ergue uma sobrancelha. — Mas não


terminamos.

Eu ruborizo, olhos olhando para aquela área entre suas


pernas que estava tão duro não muito tempo atrás. Com
certeza parece que acabou.

Ele ri e caminha em minha direção. — Preciso recarregar


primeiro, mas temos a noite toda.

— A noite? — Eu pergunto hesitante, não tendo certeza


do que ele quer dizer. Estou confusa mesmo quando ele me
puxa em seus braços, me abraçando com força antes de se
inclinar para me beijar.

É quase … real. Apenas um mero abraço com um beijo,


indicando nenhum desejo sexual, apenas o desejo de me
tocar.

Inclinando a cabeça, ele acaricia meu pescoço e


murmura: — Volte para a cama. Você quer um pouco de
água?

Eu aceno silenciosamente, quando ele me libera para ir


ao frigobar, eu subo na cama, empurrando os travesseiros
contra a cabeceira da cama para que eu possa me recostar
neles. Em uma onda de modéstia, deslizo sob as cobertas e as
coloco sobre meus seios.
Quando Jackson se vira com uma garrafa de água na
mão, ele sorri. — Por que tão tímida, princesa?

— Eu não estou, — eu insisto, mas aperto meus braços


para segurar a coberta no lugar.
— E se eu mandasse você se livrar dos cobertores porque
eu gosto de olhar para o seu corpo? — ele pergunta enquanto
se move para a cama para olhar para mim.

Eu levanto meu queixo, imaginando que haverá


momentos em que serei desafiadora. Pode resultar em uma
surra, mas isso nem sempre é uma coisa ruim. Além disso, eu
sei que Jackson não quer realmente que eu seja uma
marionete. — Estou com frio.

Inclinando a cabeça para trás para rir, ele diz: — É justo.


Jackson desliza sob as cobertas e quando ele está
encostado na cabeceira ao meu lado — nossos braços,
quadris e pernas se tocando — ele abre a garrafa e a entrega.

Eu a trago aos meus lábios, tomo alguns longos goles e


entrego a ele. Ele não hesita, bebendo vários goles. Ele tira a
tampa de mim, coloca de volta e deixa a garrafa na mesa de
cabeceira.

Então... ele me puxa contra ele, deslizando um braço


atrás de mim e me virando no meu quadril para que me
aconchegue em seu corpo.

Estou congelada porque nunca pensei que o abraço viria


depois do que começou como pura reação à atração. Sim,
existem sentimentos, mas novamente... data de validade, e
nenhum de nós quer se apaixonar.

Mas a magia de seu corpo quente e a maneira como me


sinto amada e protegida é demais para me manter no
comprimento metafórico de um braço, então escolho afundar
nele e deslizar meu braço sobre seu estômago.

Ficamos assim por alguns momentos, o silêncio não é


nada estranho. Concentro-me na batida firme de seu coração
sob meu ouvido, e isso personifica o homem.

Ele é estável, pelo menos.

Mas então, eu não gosto do silêncio ou do batimento


cardíaco dele, e volto minha cabeça para a confusão sobre o
que é isso. Eu preciso saber onde estamos, e então eu posso
escolher seguir em frente ou não. Preciso saber se meu
coração vai se machucar.

— Como será agora? — Eu pergunto, quebrando o


silêncio e olhando da minha bochecha empoleirada em seu
peito olhando para o outro lado do quarto para uma peça
horrível de arte na parede que eu não tinha notado antes. E
porque minhas palavras são contundentes, elas parecem
explodir ao nosso redor.

Jackson nem vacila. Muito pelo contrário, ele me dá um


leve aperto. Ele não se mexe para que possamos olhar um
para o outro nos olhos, mas não sinto que seu tom seja
contido. — É só isso, Camille. Sexo incrível no restante desta
viagem. Você na minha cama todas as noites. A mesma
conversa e risadas que tivemos. Discussão sobre sua vida e a
minha. Uma amizade, mas com benefícios até o fim da
viagem, depois voltamos para Bretaria.

Parece tão simples, tantas coisas que não dizemos, mas


que são óbvias. Temos uma data de validade. Mais sete noites
juntos e então volto a ser uma princesa em tempo integral e
dou mais um passo em direção ao meu destino selado.
Jackson retorna aos Estados Unidos e segue sua vida.

Não podemos ser nada mais — somos de mundos muito


diferentes. Não posso desistir do meu destino e do que se
espera de mim. Jackson é um americano com uma carreira
que ele ama. Não há como ele desistir disso para ficar em
Bretaria e se tornar um príncipe. Além disso, meu pai nunca
aprovaria o casamento. Jackson, embora seja um homem
incrível, não está à altura da realeza, ou pelo menos posso
ouvir meu pai dizendo isso.

Eu seguro meu suspiro de decepção e tento minha voz


mais alegre. — É como uma aventura de verão… mas no
inverno.

— Tecnicamente, é verão em Bretaria, — comenta


Jackson.
— Mas estamos nos Estados Unidos onde é inverno, —
eu respondo, e essa simples brincadeira significa que nenhum
de nós vai falar mais sobre o assunto.

Jackson deixou claro o que é isso. Eu concordei


aceitando-o como uma aventura.
Logo, eu sei o que esperar. Agora posso operar dentro
desses limites, trancando meu coração atrás de uma parede
de pedra e aço e me concentrar no prazer físico que podemos
dar um ao outro.

Mais sete dias.


CAPÍTULO 17
JACKSON
É ISSO… último dia de Camille nos Estados Unidos, e
estamos voltando para Bretaria hoje à noite às 18h30, via San
Francisco, Sydney, e depois para sua ilha natal.

Eu tinha pensado em nem mesmo fazer o voo de volta.


Uma vez no ar e com paradas apenas para reabastecimento e
troca de pilotos nos aeroportos com pistas privadas e
protegidas, meus serviços não são muito necessários. Eu
pensei em abordar o assunto com Dmitri alguns dias atrás,
mas foda-se se consegui fazer isso.

Simplesmente, não estava disposto a abrir mão daquelas


últimas vinte e quatro horas de voo com ela. Poderia ser
apenas sentado em uma cadeira em frente a ela, discutindo
política, sociedade ou o Kama Sutra.

Poderia ser gasto naquele quarto particular dela, mas


isso provavelmente não vai acontecer com Paul no voo.
Embora tenhamos conseguido manter nosso caso em segredo,
nos mantendo distantes um do outro durante o dia e
arrancando os lençóis de sua cama à noite, o sexo no avião é
muito arriscado.

A menos que Paul adormecesse. O homem dorme


pesado. Eu poderia esgueirar-me para uma rapidinha.

Balanço minha cabeça, afastando esses pensamentos.


Estou na porra do dever agora assistindo Camille, e não posso
deixar meu foco fraquejar.

Concedido... estamos sozinhos, e ela está cercada por


nada menos que cinco agentes de segurança tanto nesta sala
quanto fora dos pontos de saída.

Estamos no Museu do Holocausto em DC, e Camille está


se movendo lentamente pelas últimas exposições. Ela estuda
cada um cuidadosamente. Quando assiste a imagens de
vídeo, ela chora.

Não há outros turistas aqui com ela, e isso porque


tivemos que fazer uma correria de última hora para organizar
um tour privado. Ontem, Dmitri me ligou com algumas
informações perturbadoras.

A Interpol tem captado mais conversas sobre o plano de


assassinato do Rei Thomas. Não necessariamente com
detalhes de quando e onde, mas a frequência da conversa é
alarmante, ocorrendo diariamente na última semana. Dentro
de todas as palavras codificadas, uma frase foi decifrada que
parecia indicar que Camille poderia ser um alvo. Estava
implícito no que pareceria uma conversa amistosa para uma
pessoa comum ouvindo, mas aqueles que acompanhavam as
conversas entre esses homens há semanas, sabiam que não
eram jardineiros.

A ligação original ocorria na Turquia, onde dois homens


que estavam sob vigilância discutiam sobre jardinagem —
principalmente árvores. Eles discutiram como lidar com uma
árvore doente, mas que a raiz deve ser deixada intacta, mas
que deve-se remover os principais galhos e até mesmo
aqueles que a cercam que podem não estar realmente
danificados, mas devem ser removidos, então o resto da
árvore poderia florescer. Suas conversas discutiram a
contratação de um jardineiro para lidar com o problema.

Aqueles com um pingo de bom senso que estão


monitorando, sabem que a parte doente da árvore é o rei
Thomas, e Camille representa a parte não doente que tem que
ir, porque quando ela fizer vinte e cinco em menos de duas
semanas, será a herdeira.

Algo mais foi transmitido a mim, algo que eu não sabia


antes pois Camille está especialmente vulnerável até ela
completar 25 anos. Embora possa haver uma reivindicação
legal ao trono, se o rei Thomas morrer antes que a princesa
complete 25 anos, quando ela atingir essa idade, Camille
poderá nomear secretamente um herdeiro conhecido apenas
por ela. Isso é feito para garantir a segurança da linhagem,
pois sem saber quem é o próximo na sucessão, fica difícil
para alguém tentar brigar sem saber com quem estará
disputando.

É tudo muito complicado, mas se resume a isso: Camille


estará inerentemente mais segura quando completar 25 anos.

Minha sugestão foi fazer as malas e voltar, e Dmitri


concordou. O rei Thomas, no entanto, queria que Camille
terminasse sua viagem porque estava claro pela conversa, que
nada havia sido definido.

Mas eu penso que é um salto muito grande para dar. Não


há garantia de que uma trama já não esteja em andamento.
O rei Thomas foi inflexível, porém, expressando sua
confiança em nós.

Eu apreciei isso, mas não estava disposto a deixá-la


correr por toda DC visitando atrações turísticas sem alguma
mudança no protocolo de segurança. Um telefonema para
Cruce, que ligou para o Chefe de Gabinete do presidente, e
hoje faremos visita privada de Camille aos Museus de História
Americana e do Holocausto. Não era uma tarefa fácil, pois
cada museu tinha que fechar suas portas por cerca de trinta
minutos para deixar Camille entrar pela entrada dos fundos,
onde era levada para as exposições pelo diretor de cada
museu. As portas eram abertas ao público só depois que ela
saísse não entrando em contato com o publico .

Claro, as pessoas riram ao saber que alguém famoso


estava dentro do museu. Ouvi muitos palpites — estrelas de
cinema, estrelas do rock, até mesmo a realeza britânica. Mas
ninguém adivinharia uma princesa Bretariana, porque
noventa e nove por cento das pessoas provavelmente nunca
ouviram falar nela.

Assim que Camille terminar esse último museu, iremos


direto para o aeroporto e embarcaremos para nossa
decolagem às seis e meia.

Eu me movo pela borda da sala em que estamos. A


diretora está quieta ao lado de Camille, assistindo a um video
de uma sobrevivente, porque não precisa de explicação para a
história dolorosa que ela está assistindo. A sala está escura,
mas o brilho da tela ilumina as lágrimas que mancham suas
bochechas. Ela enfia a mão na bolsa, tira um lenço de papel e
enxuga os olhos enquanto observa estoicamente.

É uma merda que a minha inclinação é ir para o seu lado


e segurar sua mão enquanto ela assiste o vídeo.
É uma merda que eu não possa.

É uma merda que eu queira fazer.

É uma merda que isso esteja me incomodando muito.

Suponho que seja estupidez pensar que, apesar do fato


de Camille e eu termos concordado em Jonesboro, que é
apenas uma aventura, que não teremos sentimentos
envolvidos. Exceto, que viajamos para Houston, Vegas, Los
Angeles, Jackson, Wyoming e depois para DC, e havia
sentimentos.

Temos estado em um ritmo agitado, tendo uma agenda


repleta em todos os lugares — alguns negócios e alguns
pessoais. Independente disso, nós conseguimos agir como não
estando mais envolvidos um com o outro em público do que
antes. Ela me tratou da mesma forma que tratou Paul, e fiz
meu trabalho de vigiá-la e protegê-la.

Mas as noites... Cristo... elas são empolgantes. Passo a


noite toda na cama dela, e conseguimos experimentar
provavelmente todas as posições sexuais conhecidas pelo
homem, e tenho a certeza de que criamos novas. Não há
nenhuma parte do corpo dela que me seja estranha, e quero
dizer nenhuma. Eu a deixei me explorar à vontade e, embora
tímida no começo, ela se tornou uma raposa.
Claramente, não fodemos cada minuto de todas as noites
que passamos um com o outro. Há conversas também. Ela
aprendeu mais sobre minha infância, carreira naval e o que
quero da vida. Aprendi mais sobre a pequena ilha em que ela
continuará morando, bem como sobre seus pais e seus
vínculos muito próximos. É uma das razões pelas quais
Camille cumprirá seu dever, por causa de seu amor por eles.

Eu até aprendi sobre Marius e sua amizade, incluindo


seu desastroso primeiro — e único — beijo. Eu contei a ela
sobre meus amigos na Jameson — que são mais como irmãos
— mas ela não podia retribuir e me contar sobre os seus. Ela
só tem Marius, e isso me deixou triste por ela. Ela é uma
amazona e faz equitação 6 tendo cavalos em Bretaria os quais
têm sido seus amigos e isso me deixou ainda mais triste. Ela
vive em um país livre e ainda assim é uma prisioneira.

Os dias eram o que eram, mas as noites passaram rápido


demais. Ainda esta manhã, sentindo nossas despedidas
iminentes, eu a agarrei quando ela estava pronta para
alcançar a porta que nos levaria para o corredor.

Eu a puxei para trás, bati minha boca na dela para um


beijo contundente antes de virá-la para ficar de frente para a
parede. Eu subi sua saia, a molhei com meus dedos, e a fodi
por trás lentamente. Eu tive que manter minha mão sobre
sua boca o tempo todo, exceto quando ela gozou. Virei sua
cabeça para que ela ficasse de frente para mim e a beijei
profundamente, sugando seus gemidos em mim.
Em vez de me satisfazer pelo dia, aqueles momentos
gloriosos de nos perdermos um no outro, apenas destacou
que praticamente estamos sem tempo.

— Você está mal, mon frère.


Minha cabeça gira para a direita, mas não preciso olhar
para saber que essas palavras vieram de Paul. Ele se move ao
meu lado, de volta para a parede, as mãos cruzadas diante
dele. Ele olha para Camille, um olhar conhecedor em seu
rosto.

Não preocupado.

Não com raiva.

Não divertido, no entanto.

Nenhuma pista do que ele está pensando.

A maioria dos homens negaria, mas não estou prestes a


insultar sua inteligência aguçada e seus poderes de
observação. Achei que tivéssemos sido cuidadosos, mas de
alguma forma não fomos.

Então eu apenas digo: — Foda-se. Não é da sua conta.

Paul ri e inclina a cabeça na minha direção, os olhos


ainda em Camille. — Eu não julgo você, amigo. Eu tocaria se
ela estivesse interessada em mim.

Suas palavras são para provocar, mas me empurram


além do que uma resposta normal deveria ser. Eu me viro
para ele, me inclino para perto e murmuro baixo: — Se você
falar assim sobre ela novamente, eu vou cortar sua garganta.
O homem nem tem o bom senso de se sentir ofendido ou
com medo. Ele bufa e balança a cabeça, virando-se para olhar
Camille. Relutantemente, faço o mesmo porque esse é o nosso
trabalho.

— Eu nunca desrespeitaria a princesa assim, — Paul


finalmente admite depois de um silêncio prolongado e tenso.
— Eu só queria ver o quão profundo você está.

Profundamente fodido, Paul. Muito fodidamente profundo.

— Não importa, — eu respondo friamente, meus olhos


fixos em Camille enquanto ela chora silenciosamente sobre o
vídeo. Não suporto o que isso está fazendo com meu coração,
mas não posso ajudá-la do jeito que faria se estivéssemos
sozinhos. Vai contra meus deveres de trabalho e revelaria
nosso segredo para os outros agentes assistindo. — Isso
nunca foi mais do que uma coisa temporária. Termina
quando eu a deixar em Bretaria.

— E ela está bem com isso? — ele pergunta, e desta vez


eu detecto uma preocupação real.

Meu tom é curto, esperando que não incite mais


conversas. — Nós dois concordamos.

— Bem, seu segredo está seguro comigo, — diz ele com


indiferença. — Quero dizer, não tenho escrúpulos além de
levar meu trabalho a sério. Você fez um excelente trabalho
liderando essa equipe de segurança e, desde que você e a
princesa estejam na mesma página, sem danos , sem faltas.
Eu não dou a mínima para o que ele pensa, e
definitivamente, estou pronto para mudar de assunto. — Você
teve notícias de Dmitri ultimamente?

Paul assente. — Cerca de quinze minutos atrás. Ele disse


que não-perecível havido conversa nenhuma.
Mais uma vez, minha cabeça vira em seu caminho. —
Nenhuma?

— Nenhuma nas últimas trinta e seis horas, — ele


responde, seu tom grave. — Desde a última parte que eles
pegaram, indicando que Camille agora era um alvo também.

Isto não é bom. A conversa sobre o possível assassinato


tem sido frequente desde que começou e, na última semana,
tem sido diária, várias vezes ao dia. E agora por trinta e seis
horas, nem um pio?
— Eles estão atrás de nós, ou o plano está definido e será
colocado em ação, — murmuro pensativo.

— Sim, — Paul concorda. — Dmitri terá um contingente


adicional de segurança e policial em São Francisco e Sydney.
É duvidoso que a pista possa ser violada e o espaço aéreo
estará protegido, mas é inteligente tomar medidas extras.

— Concordo. — Meu olhar volta para Camille, mas não


terminei de falar com Paul. — E quando chegarmos em
Bretaria?

— Duplicarão os detalhes regulares para escoltá-la de


volta ao palácio.
Isso é bom. Assim que ela estiver dentro dos muros do
palácio, o risco diminuirá significativamente, embora Paul
tenha certeza de que Dmitri está adotando medidas
adicionais. Aposto que agora há detectores de metal em todas
as entradas, um bloqueio de contratações e uma nova
verificação de todos os membros do palácio, incluindo o que
será uma insidiosa investigação ilegal de todas as pessoas
usando todos os meios necessários.

— Quais são as chances de que um movimento seja feito


contra ela? — Paul pergunta.
Eu dou de ombros. — Ela nunca estará totalmente
segura, mas se for acionado, será antes de seu vigésimo
quinto aniversário. Quando ela completar 25 anos, tendo
direito legal ao trono e puder nomear um herdeiro secreto
para garantir sua segurança, todos poderão respirar um
pouco mais tranquilos.

— Ela estará segura atrás das paredes de Bretaria, — diz


Paul.

— Exceto, se uma pessoa passou pelo processo de


verificação. Alguém que poderia estar no círculo de confiança,
mas que recebeu uma fortuna para matar o rei e Camille.
Digamos, talvez... alguém como eu.

Paul se apruma e vira para mim, os olhos arregalados de


espanto. Ele percebe que poderia ser qualquer um, e estaria
certo em suspeitar de mim, assim como eu suspeito de
qualquer um que não seja o rei e a rainha.
— Claro, se eu fosse matá-la, eu teria feito isso muito
antes e com um veneno indetectável, — eu digo suavemente.

Ele pronuncia uma longa maldição em francês. — As


próximas semanas serão perigosas para ela e para o rei,
mesmo no santuário do palácio.
— Concordo, — eu digo categoricamente. — Manter os
dois vivos vai dar muito trabalho, porque o inimigo pode estar
dentro. É improvável, mas é possível, então ela só pode estar
cercada pelos mais confiáveis. Isso tem que ser você e Dmitri.

Mas mesmo eu não posso garantir que eles sejam cem


por cento confiáveis. Estou indo no instinto, pois geralmente
sou um bom juiz de caráter.

— A princesa perguntou por que os protocolos de


segurança foram alterados neste último dia? — Paul
pergunta.

Balanço minha cabeça. — Ainda não, mas temo que


esteja chegando.

— O rei não quer que ela saiba, — Paul me lembra.

— Eu não vou mentir se ela me perguntar à queima-


roupa se ela e seu pai estão em perigo.

— O rei não vai gostar disso, — adverte Paul.

— Foda-se o rei. — E eu realmente quero dizer isso. Não


respondo apenas a ele agora. Em virtude de minha relação
pessoal com Camille, infelizmente também respondo a ela.
Camille e eu podemos ter uma data final que está se
aproximando rapidamente — realmente o tempo que leva para
chegar a Bretaria e eu dar meia-volta e sair no dia seguinte
depois de interrogar Dmitri — mas nunca vou mentir para
ela.

Mesmo que isso signifique enfrentar a ira de um rei.


CAPÍTULO 18
CAMILLE
Eu não tenho ideia do que está acontecendo, mas vou
descobrir. Neste último dia em DC, minha liberdade de me
movimentar e ver o que quero foi severamente restringida. Os
dois museus que eu queria visitar hoje foram alterados para
um tour privado, o que não me importo necessariamente, mas
também não me incomoda estar em uma multidão. Eu gosto
de estar perto de pessoas.

O que me importo, porém, é algo acontecendo que nos


fez mudar para tour privado, e não tenho certeza do motivo.
Normalmente, não questiono os protocolos de segurança
porque sei que eles são flexíveis e podem ser por vários
motivos. Quando perguntei a Paul, sem hesitar, ele disse que
a mudança veio a pedido dos próprios museus; no caso de eu
ser reconhecida, eles não queriam confusão.
Eu não tinha motivos para questionar, e não o fiz por
muito tempo.

Mas então notei que Jackson permaneceu distante e


afastado, principalmente quando chegamos ao Museu do
Holocausto. Ele estava sempre a poucos metros, mas tinha
aquela postura de que estava em alerta máximo. Olhos se
movendo ao redor, atentos e tensos, sempre vindo a mim por
alguns segundos e depois seguindo em frente. Ele parecia
preocupado com alguma coisa, e quanto mais o observava me
cuidando e a área ao redor, eu soube que algo estava
acontecendo.

Eu até tentei perguntar a ele sobre isso, depois que


nossa visita ao Museu do Holocausto terminou e nos
despedimos do diretor, a quem fiz uma nota para que minha
secretária enviasse uma enorme cesta de presente em
agradecimento. Sua excursão foi adorável.

Mas quando perguntei a Jackson à queima-roupa por


que a mudança de planos e por que estava sendo mais
parecido com um falcão do que o normal, ele me dispensou.

Na verdade, ele disse: — Agora não, Camille.

Isso implicava que ele me contaria mais tarde, mas agora


estou ficando impaciente. Na limusine a caminho do
aeroporto, tentei abordá-lo novamente. Paul estava no carro
conosco, e Jackson simplesmente me dissuadiu novamente, e
então iniciou uma conversa com Paul sobre as diferenças
entre duas armas, a qual achei chata e desanimadora.
Agora estamos no ar e a campainha soou indicando que
é seguro remover nossos cintos de segurança. Conforme
instruído naquele primeiro dia em que embarquei em meu
próprio avião com Jackson e ele me ordenou que fosse para a
parte de trás da cabine principal, sentei-me obedientemente
desde que estava no ar. Paul e Jackson ficaram na frente em
poltronas de frente um para o outro , conversando
amigavelmente.

Assim como estão fazendo agora.


Vale a pena notar que Jackson se sentou de costas para
mim, e me pergunto se é porque estou fazendo perguntas, que
ele claramente não quer responder. Talvez ele tenha medo de
que, se estivesse de frente para mim do outro lado da cabine,
eu tentaria interrogá-lo apenas com os olhos.

Ou talvez, virar as costas para mim seja um sinal claro


de que ele não vai se envolver.

Bem... foda-se.

Eu tiro meu cinto de segurança e me levanto, subindo o


corredor estreito. Ambos os comissários estão na cozinha da
frente, pequena mas totalmente funcional, para preparar
nosso jantar. Os olhos de Paul olham para mim indo em sua
direção, e depois numa indicação sutil para Jackson, de que
estou a caminho. É minha imaginação, ou ele apenas
endurece um pouco com a minha presença iminente?

O que diabos está acontecendo?


É que ele não quer responder minhas perguntas sobre a
mudança na segurança, ou está me afastando
permanentemente porque nosso tempo está se esgotando?
Temos vinte e duas horas de voo para Bretaria e depois
Jackson fica um último dia para o interrogatório. Eu tinha
planejado usar cada minuto desse tempo para estar perto
dele, mesmo que apenas para conversar, mas talvez ele tenha
outros planos.

Seja qual for o caso, ele me deve uma explicação.


A cabeça de Jackson se vira para mim quando paro ao
lado de sua poltrona, minha mão indo para a almofada de
cima para me equilibrar quando o avião atinge uma pequena
turbulência.

— Quero saber por que os protocolos de segurança foram


alterados em DC, — digo calmamente.
A expressão de Jackson é branda. — Por que isso
importa?

— Respondendo a uma pergunta com uma pergunta, —


eu retruco bruscamente. — Você só está me deixando mais
desconfiada.

— Você normalmente não é do tipo desconfiada, — ele


rebate.
Desvio em sua melhor forma.

Eu me viro de Jackson, prendendo Paul em meu olhar.


Ele não vai me dizer nada sobre as mudanças de segurança,
mas eu não vou perguntar a ele especificamente sobre isso.

— Paul... há algo acontecendo que meu pai pediu


especificamente para você não me contar?

Em minha mente, estou rezando para que ele me dê algo.


Eu quero que alguém me diga que há algo acontecendo em
relação à minha segurança, porque isso é realmente preferível
a pensar que Jackson está se afastando.

Estou atordoada quando Jackson se levanta de sua


cadeira abruptamente. Ele olha para Paul e diz: — Eu
voltarei.

E então, para minha surpresa, ele me pega pelo cotovelo


e me leva pelo corredor.
Não de uma forma muito educada também. Estou sem
palavras, por ele lidar comigo dessa maneira na frente de
Paul.

Tento olhar por cima do ombro para ver a expressão no


rosto de Paul, ver em quantos problemas Jackson poderia
estar agora.

Inferno, não é exagero pensar que Paul poderia vir


correndo para tirar Jackson de cima de mim.
Consigo esticar o pescoço o suficiente acima corpo de
Jackson para ver Paul nos observando com uma expressão
plácida. Ele certamente não parece preocupado com isso.

O que diabos está acontecendo?

Jackson me guia pela porta da suíte de entretenimento


— eu primeiro, e uma vez que me segue, fecha a porta com
força e a tranca.

Puxo meu cotovelo para longe dele, viro e exijo: — O que


está acontecendo? Por que você está evitando minhas
perguntas? E por que você está me dominando na frente de
Paul? Você é louco?

— Paul sabe sobre nós, — diz Jackson categoricamente,


e eu sinto como se tivesse levado um soco no peito. Todo o
meu ar é sugado, e não poderia perguntar mesmo se tentasse,
mas felizmente, Jackson me diz diretamente. — Ele
adivinhou. Aparentemente, não disfarçamos tanto em público
quanto pensávamos. Quando perguntou, eu não neguei.

— Você vai se meter em problemas? — Eu pergunto


irritada. Porque Jackson é quem tem a perder... não eu.
Ele balança a cabeça. — Paul não vai dizer nada. Mas
não é exatamente por isso que estamos aqui. Você tem me
feito perguntas, e sim, as tenho evitado até que fosse a hora
certa. Esta é a primeira vez que ficamos sozinhos.

— Por que Paul não sabe? Eu acho.

— Paul sabe, mas está proibido de contar a você.


Eu franzo a testa. — Você quer dizer que meu pai ou
Dmitri proibiram Paul de me dizer alguma coisa?

Jackson assente sombriamente.

— Mas você não está proibido? Eu pergunto em


confusão.

— Oh, eu fui proibido, — diz ele com um sorriso triste. —


Mas eu não vou mentir para você. Não posso. Então, se você
me fizer uma pergunta direta, eu vou responder. Eu queria
fazer isso em particular, caso isso a perturbe.

Minha mão vai para minha boca e mordo a ponta da


unha do meu dedo médio. Jackson levanta a mão, agarra
meu pulso e gentilmente o puxa para longe da minha boca.
No pouco tempo que estivemos juntos, sabe que é meu mau
hábito quando estou estressada, e ele não me deixa fazer isso.
São essas coisas que fizeram me apaixonar por ele.

Isso me faz temer a despedida de depois de amanhã.


Tenho um milhão de perguntas, mas só preciso fazer
uma. Antes que eu pergunte, me jogo em Jackson, colocando
minhas mãos na parte de trás de sua cabeça e puxando-o
para um beijo. Ele não hesita nem um pouco, suas mãos me
envolvem, fundindo nossos corpos enquanto nossas bocas se
fundem.

Eu deixaria continuar para sempre. Eu iria até o ponto


em que ficaríamos nus e ele me curvaria sobre o sofá de
couro. Mas Jackson move suas mãos para o meu rosto
enquanto murmura: — Pergunte o que você quer saber.

E aqui vem a primeira e única pergunta. — Você vai me


contar tudo o que está acontecendo para que eu não continue
no escuro?

Muito amplo.

Muito abrangente.

E Jackson faz o que pedi, assentindo solenemente. Ele


não vai mentir para mim.

Nós nos sentamos no sofá, e Jackson passa a me contar


que uma suspeita de conspiração de assassinato contra meu
pai foi descoberta. Os detalhes são mínimos e incompletos, e
é por isso que Dmitri ficou em Bretaria. Ele também me diz
que um dia e meio atrás, mais conversas foram captadas que,
embora vagas e codificadas, pareciam indicar que eu também
estaria na lista. Assim, a mudança nos protocolos de
segurança.

— É por isso que o almoço com o presidente foi


cancelado? — Eu pergunto, porque foi incrivelmente
decepcionante para mim quando soube esta manhã.
Disseram-me que sua agenda havia mudado e não poderia me
receber, o que era compreensível. Ele é o maior líder no
mundo e sou apenas uma princesa rubi.
Jackson assente. — Eu sinto muito. Eu sei que você
estava ansiosa por isso. Mas a ameaça contra você é real e o
Serviço Secreto nunca deixaria você chegar perto do
presidente, por razões de segurança.

Eu aceno em compreensão. — Faz sentido, — penso em


voz alta, os olhos vagando para a escuridão enquanto voamos
em direção a São Francisco, — que eles me queiram antes do
meu vigésimo quinto aniversário. A capacidade de nomear
meu herdeiro e mantê-lo em segredo garante minha
segurança. Ninguém pode destruir uma linhagem inteira.

Jackson fica em silêncio e me viro para ele, notando sua


expressão séria. Eu sorrio para ele. — Provavelmente não é
grande coisa. Faltam pouco menos de duas semanas para o
meu aniversário, e tenho certeza de que serei isolada no
palácio. Eu até prometo não fugir. Mas agora entendo por que
você mudou as coisas em DC, apenas para estar mais segura.

E mesmo assim ele não diz nada.

Eu inclino minha cabeça. — O que?


— Você não está segura nem no palácio, — diz ele
sombriamente.

— Não seja ridículo, — eu zombo, levantando a mão. —


Todos no palácio são confiáveis.

— Ninguém é cem por cento confiável. A quantidade


certa de dinheiro pode comprar a lealdade de qualquer um.

Eu franzo a testa para ele. — Você quer dizer como...


Dmitri?

— Provavelmente não Dmitri, — ele diz, mas ele enfatiza


a palavra provavelmente. — E eu provavelmente, confiaria em
Paul.

— Mas não totalmente, — eu pressiono.

— Eu não confio totalmente em ninguém, — diz ele, e


odeio que isso doa. É ridículo, mas dói. Ele só me conhece há
algumas semanas. Só porque somos íntimos não significa que
há confiança.

E, no entanto, eu confio nele com a minha vida.

Mas você confia nele com seu coração?

Eu não sei a resposta para isso.

Eu evito seu olhar novamente, olhando a escuridão além


da janela.
— Se houver um plano verdadeiro para matar você e seu
pai, — diz Jackson, e não olho para ele, — é muito provável
que venha de um funcionário. Alguém que pode ser
facilmente comprado, não importa o quão confiável seja.
Embora eu saiba que qualquer um que trabalhe no palácio
ganhe um grande salário, o preço para matar você e seu pai
seria na casa dos milhões. É o suficiente para influenciar a
maioria das pessoas.

É difícil compreender que alguém possa facilmente


desistir de sua alma por dinheiro, mas não duvido de suas
palavras. Isso me enoja, e eu termino com essa conversa.
— Eu pensei, — murmuro para mim em voz baixa, ainda
a respeito da noite anterior, — que quando me deixasse para
trás, estaria tudo terminado entre nós.

Eu não olho para Jackson porque uma parte de mim tem


medo que ele esteja distante por causa disso também.

É por isso que não estou esperando seus braços em volta


de mim quando ele me arrasta pelo sofá até ele. Ele vai para
trás , trazendo meu corpo para o dele. Sua mão embala
minha cabeça, e ele força minha boca até a dele em um beijo
ardente.

Qualquer dúvida de que queria se separar mais cedo ou


mais tarde se dissipa, e dou a ele tanto quanto está me
dando.

Os braços de Jackson envolvem minhas costas, me


abraçando, e não posso deixar de apertar meus quadris no
que é claramente uma ereção crescente. Não é justo. Não
devemos nem brincar desse modo porque não vai a lugar
nenhum.
Exceto... As mãos de Jackson se movem para minhas
coxas, e ele levanta minha saia. Eu me vesti para nossos
passeios com uma saia na altura do joelho e jaqueta
combinando em um xadrez de lã marrom escuro, combinado
com botas de couro marrom de salto alto. Eu duvido
seriamente que Jackson vai tirar um tempo para me deixar
sair deles.

O ar frio atinge minhas coxas enquanto a saia é puxada


em volta da minha cintura e sua mão cobre minha calcinha
por trás, os dedos arrastando para baixo pelas bochechas da
minha bunda antes de mergulhar em mim.

— Oh Deus, — eu gemo em sua boca e, em seguida,


consigo calar minhas palavras, ciente de que há outras
pessoas neste avião.

Penso em perguntar a Jackson se é legal fazermos isso,


mas seus dedos roçam meu clitóris, e de repente não me
importo se alguém descobrir.

Consigo colocar minhas mãos entre nossos corpos


enquanto Jackson se vira levemente no sofá. Eu me atrapalho
em seu cinto, depois no botão e zíper da calça do terno.
Quando estou a serviço oficial como princesa, todos os
agentes usam ternos. Jackson abandonou seu paletó e
gravata na decolagem em algum momento, e ele e Paul irão
vestir roupas mais confortáveis.

Mas, por enquanto, estou feliz que o zíper funcione e,


com um pouco de manobra, dificultada porque estou
distraída com a boca de Jackson na minha e seus dedos
brincando entre minhas pernas, pego seu pau grosso e longo
na minha mão. Seus quadris flexionam ao meu toque, e ele
geme quando o acaricio. Isso é algo que não fizemos antes...
nos livrarmos um do outro apenas com as mãos. Nós dois
gostamos de oral, então as mãos não foram muito usadas.

Mas eu não quero apenas os dedos dele.


Nem mesmo sua língua.

Eu o quero dentro de mim. É quando me sinto mais


perto dele, e sem pensar muito no assunto, me levanto e abro
as pernas para montar nele.

— O que você está fazendo? — Jackson rosna quando


levanto, seguro-o pela base e puxo minha calcinha para o
lado. Lentamente, eu me abaixo sobre ele. Suas mãos vêm
para minhas coxas, segurando-as com força para interromper
meu progresso. — Eu não tenho preservativo .
— Não vou esperar por um, — eu ofego enquanto esfrego
a ponta dele através da minha boceta, o que faz Jackson
assobiar de prazer. — Estou tomando pílula e conversamos o
suficiente para saber… que estamos ambos seguros. Não
precisamos de preservativo.

Jackson não me responde, mas fica claro por sua


expressão que ele aceita minha lógica sem argumentar. É
ainda mais sólido quando suas mãos se movem para meus
quadris para me segurar firme e com um golpe brusco para
cima de seus quadris, ele dirige para dentro de mim.
Eu me desequilibro, caindo sobre ele e fazendo-o afundar
até que não haja uma fração de milímetro a mais que ele
possa preencher.

Minhas mãos vão para o peito dele e, por um momento,


estou tonta com a invasão repentina e com a sensação
absolutamente perfeita.

As mãos de Jackson se movem, as palmas das mãos


abertas enquanto ele agarra minha bunda. Olhando para mim
com um olhar quase diabólico, ele diz: — Hora de saltar,
princesa.

Meus olhos se arregalam.

Ele acabou de me dizer para saltar?


A luxúria rola através de mim em ondas enquanto olho
para baixo para onde estamos unidos, sabendo que ele quer
que eu o monte com força.

Saltar.

Tenho uma ideia. Minhas mãos se movem de seu peito


para o meu paletó. Cinco botões grandes se desfazem
facilmente. Ele foi projetado para não ter blusa por baixo,
então é apenas meu sutiã de seda cinza, o que faz com que os
olhos de Jackson fiquem quentes quando é revelado. Eu
desfaço o fecho frontal, libero meus seios e tiro o sutiã. Então
eu pego as mãos de Jackson e as coloco em mim.

O homem é um mestre nas manobras sexuais, e ele


imediatamente belisca meus mamilos, me fazendo estremecer.
Mas ele disse para saltar.

Colocando minhas mãos em seu peito, eu me inclino


para frente, e bem... cavalgo.
Quando tudo está terminado e feito, eu quase desmaio
com a força do orgasmo que me leva muito mais rápido do
que Jackson, então não me importo nem um pouco quando
ele nos vira para que ele fique por cima e me foda com força
para um segundo orgasmo.

Ruídos são feitos — não posso evitar. É o nome dele que


eu chamo, e ele não faz nenhum esforço para abafá-lo. Talvez
Jackson não dê a mínima, já que Paul sabe, mas tenho
certeza que agora os comissários de bordo também.

Tenho certeza de que essa informação provavelmente


será compartilhada com os pilotos.
Ele irá vazar até o palácio em algum momento.

E eu realmente, realmente não me importo.

O fato de Jackson não ter feito nada para esconder o que


estávamos fazendo me diz que ele também não se importa.
Mas por que ele iria? Seu trabalho para Bretaria está quase
no fim.
CAPÍTULO 19
JACKSON
O DEPOIMENTO É uma dor de cabeça. Mas é algo que
deve ser feito no final de cada missão, pois não é apenas
importante narrar os eventos, mas também memorizar as
lições que podemos aprender com elas. Além disso, minhas
informações serão inseridas em nosso programa preditivo de
IA7, BOB8, e essas informações serão usadas posteriormente
em missões semelhantes.

Olho para as palavras no meu laptop, um resumo da


nossa última parada na viagem. Passamos um dia em
Jackson, Wyoming, porque Camille adora a neve e Jackson é
conhecida por suas pistas de esqui no inverno. Embora este
dia não fosse igual ao relaxamento que ela teve em Sunset
Key, ainda foi uma parada para ela fazer algo divertido.
Foi, sem dúvida, o melhor momento que passei com ela.
Parte disso pode ter sido porque estávamos no final da viagem
e, quando o tempo é curto, torna-se precioso. Mas a maior
parte do tempo estive assistindo Camille, cheia de alegria
irrestrita quando estava nas encostas. Ela estava adorável em
seu traje de esqui, capacete e óculos de proteção, com seus
longos cabelos esvoaçando ao vento enquanto eu a perseguia
na descida. Felizmente, Paul e eu somos esquiadores
experientes e pudemos estar ao lado dela em todas as subidas
e descidas da montanha. Agentes foram colocados ao longo
das encostas e todas essas informações incluídas no meu
relatório. Kynan estaria interessado nesses detalhes, e não no
fato que eu adorava ouvir Camille rir quando ela caía, o que
não foi frequente.

Eu digito mais algumas linhas. Tínhamos um agente


operando um drone sobre a área para ficar de olho na
princesa o tempo todo, uma ideia minha bastante inovadora.
É esse drone, no entanto, que pode causar um problema se a
filmagem for revisada. Meus lábios se curvam quando me
lembro de um incidente muito específico em que Camille, Paul
e eu estávamos descendo a encosta. Camille acabou levando
um tombo. Paul já estava na frente dela, e gritei para ele
parar, enquanto eu deslizava até parar vários metros antes
dela e cuidadosamente desviava meu caminho para chegar à
ela. Camille estava rindo, como sempre, o que significava que
não estava ferida, então eu acenei para Paul.

Quando estendi uma mão enluvada para ajudá-la a se


levantar, ela deu um puxão forte e me desequilibrou. Eu caí
bem em cima dela, e nenhum de nós se importou nem um
pouco.

Tivemos o que acabou sendo um beijo mais longo do que


eu havia planejado, e tenho certeza de que o drone pegou.
Tenho certeza de que o agente que o operava ficou chocado, e
quem sabe para quem ele vai contar, mas neste momento, eu
simplesmente não me importo.

Independente disso, definitivamente estou deixando essa


parte de fora do relatório escrito. Não há como dizer o que
BOB fará com isso, mas imagino que no futuro, todos os
dossiês terão um grande aviso em vermelho para não se
envolver física ou emocionalmente com os clientes.

Embora eu não esteja colocando nada do que aconteceu


entre mim e Camille no meu relatório, vou contar a Kynan
quando eu voltar. Eu levo meu trabalho a sério, e foi um erro
ir lá com Camille. Mas, em retrospectiva, não me arrependo
de nada a nível pessoal. Não tenho certeza do que acontecerá
quando eu voltar, mas deixarei as fichas caírem.

Depois que chegamos ao aeroporto de Bretaria, uma


escolta de dez carros com agentes nos escoltou até o palácio
sem problemas. Camille e eu viajamos na traseira de um SUV
com outro agente dirigindo e Paul no banco da frente.
Sentamos o mais distante possível no banco de trás, mas
quando ela esticou o braço e colocou a mão no banco central,
não hesitei em alcançá-la e cobri-l com a minha. Nós
seguimos assim até chegarmos ao terreno do palácio e então
nos separamos silenciosamente.

O rei e a rainha estavam esperando sob a garagem em


uma das entradas dos fundos do palácio. Camille correu para
seus braços, e ficou claro que a reunião seria mais do que
apenas abraços repetitivos. Os três foram embora com
Camille tagarelando sobre a viagem. Eu sabia que em algum
momento hoje, ela diria a seu pai que sabia sobre a ameaça
às suas vidas. Depois que superou sua raiva por ele ousar
mantê-la no escuro, ela ficou feliz em saber a verdade. E
queria que seu pai soubesse que ele não pode mais esconder
dela as coisas. Ela sempre faria melhor, sabendo exatamente
o que poderia acontecer em seu caminho.

Fui levado de volta aos escritórios de segurança onde, em


uma das salas de conferência, havia sido servido um grande
almoço. Enquanto eu comia, dei a Dmitri um breve resumo de
como as coisas aconteceram, mas ele sabia que eu estaria
fornecendo um relatório completo e detalhado amanhã.
Depois do almoço, ofereci meus cumprimentos e me retirei
para meu quarto para começar meu relatório escrito.
Estava no meu quarto há cerca de uma hora, digitando,
quando bateram à minha porta. Era um dos funcionários do
palácio, carregando uma bandeja com uma pequena caixa de
madeira esculpida, com uma fechadura de ouro que tinha
uma chave presa nela. Um cartão estava ao lado da caixa.

O funcionário apenas disse: — Isto é do rei, senhor.

Dei uma olhada duvidosa na caixa e peguei o envelope,


abrindo o papel de carta de linho para encontrar um cartão
escrito à mão dentro.
Sr. Gale,

Por favor, aceite este presente como um pequeno sinal de


minha gratidão pelo trabalho bem feito na proteção de minha
filha. Gostaríamos muito que se juntasse a nós para jantar
hoje, às 19h.

Fiquei surpreso por ele ter assinado apenas Thomas.


Enquanto o funcionário esperava, eu coloquei o envelope
de volta na bandeja e cautelosamente girei a chave na
pequena caixa de madeira. Abri e quase engasguei quando vi
que estava cheio de rubis. Pelo menos um copo de vários
tamanhos. Não tenho ideia do valor das pedras preciosas,
mas aprendi o suficiente com Camille, para saber que suas
minas produzem apenas as pedras vermelhas de mais alta
qualidade. Tenho certeza de que estou olhando para uma
aposentadoria antecipada.

Fecho a caixa e giro a chave para trancá-la novamente,


meus olhos se movendo para a pessoa da equipe. — Você
pode relatar ao rei minha sincera gratidão pelo convite para
jantar, mas devo recusar, pois tenho muito trabalho a fazer e
me preparar para o depoimento de amanhã. Além disso, por
favor, transmita minhas desculpas, mas não posso aceitar o
presente. É proibido pelo meu empregador.
A pessoa da equipe parecia em pânico com a minha
recusa de ambas as ofertas, mas no final apenas balançou a
cabeça e disse: — Como quiser, senhor.

Depois que ele deu meia-volta, fechei a porta e voltei ao


meu laptop para continuar trabalhando.

Era mentira, claro. Bônus e presentes após a conclusão


de um trabalho não eram proibidos, mas foda-se se eu
aceitaria algo tão extravagante. Era além do ridículo.

Desde a visita, tenho estado de cabeça baixa,


trabalhando constantemente no relatório. Envio alguns e-
mails, incluindo um para Kynan, informando que enviarei o
relatório quando terminar, além de confirmar que sairei de
Bretaria amanhã de manhã. Nós conversamos ontem, e ele
atendeu ao meu pedido de alguns dias de folga. Estou indo
para Arlington para visitar meus pais por um tempo. Embora
meu pai esteja fora do hospital e passando bem, tenho
algumas férias e gostaria de dar uma olhada neles.

TOC Toc toc.


Olho para a hora e vejo que são quase seis. Pedi uma
bandeja de comida para ser entregue para que eu pudesse
continuar trabalhando durante o jantar. Camille prometeu vir
ao meu quarto mais tarde esta noite – que seria nossa última
noite juntos – e queria terminar meu trabalho.

Eu me levanto da minha mesa e vou até a porta, notando


o leve ronco de fome do meu estômago. Pedi apenas um
sanduíche — não importa o tipo — e uma cerveja.

É cômico, realmente. Tenho certeza de que o palácio


emprega uma série de chefs renomados e, honestamente, eu
ficaria bem com um PB&J agora.

E a cerveja, claro.

Eu giro a maçaneta e abro a porta, me perguntando se


devo dar gorjeta ao pessoal que me traz comida.

Esse pensamento desaparece imediatamente quando vejo


o Rei Thomas e Dmitri parados ali.
Eu dou um aceno cortês. — Rei Thomas.
— Você se importaria se entrássemos para conversar? ele
pergunta, e imediatamente recuo para dar espaço para
entrarem. O que eu vou fazer? Dizer não ao rei em sua
própria casa?

Ele passa por mim, ombros jogados para trás e queixo


erguido... é o seu porte cortês normal, que testemunhei nas
poucas ocasiões em que estive perto dele. Dmitri entra atrás e
fecha a porta, imediatamente as costas nela e apertando as
mãos à sua frente.
Thomas se vira para mim com um olhar duro. — Estou
muito infeliz com você, Sr. Gale.

Engraçado. O homem acabou de enviar uma fortuna em


rubis há algumas horas. Mas tenho certeza de que sei o que
acendeu sua ira.

— Você contou à minha filha sobre as ameaças à minha


vida e agora possivelmente à dela, — ele acusa.
— Eu fiz, — eu respondo com naturalidade e não elaboro
mais.

— Suas ordens eram para não compartilhar nenhuma


informação dessa natureza com ela.

— Ela me perguntou à queima-roupa, — eu respondo


suavemente. — Você queria que eu mentisse para ela?

— Sim, dane-se tudo, — ele resmunga. — Você deveria


ter mentido para ela. Ela não precisa dessa preocupação.
— Minhas desculpas, — eu digo, inclinando minha
cabeça e tentando soar humilde. — Mas eu não sou do tipo
que mente.

— Você não parece estar se desculpando, — diz o rei,


mas não há calor em suas palavras.

— Na verdade, não estou, — digo, e é aí que espero que


eles não tenham uma guilhotina. — Conheci sua filha nesta
viagem, e Camille não é do tipo que está bem em ficar no
escuro sobre as coisas.

O rei me estuda silenciosamente e então acena com a


mão. — Na verdade, não é por isso que estou aqui.

Eu aponto para a configuração de assentos. Meu quarto


é enorme e não só tem uma enorme cama king-size com
dossel, mas também uma pequena mesa de jantar para seis
pessoas, uma escrivaninha e uma área de estar com um sofá
e duas poltronas, tudo feito em um forte azul em brocado
dourado.
O rei balança a cabeça, e Dmitri se afasta da porta,
chamando minha atenção. — Camille fará vinte e cinco anos
em onze dias, — diz o grande russo.

Eu aceno em compreensão. — Quando completar 25


anos, ela poderá nomear um herdeiro secreto e, assim, a
ameaça à sua vida diminui significativamente.

— Sim, — o rei entoa. — Devemos ser capazes de voltar


ao normal e espero ter o problema com meu primo resolvido
ao querer nós dois mortos.
— Mas até então, — Dmitri continua, — ela está em
maior risco.

Eu não respondo. Eles não estão me contando nada de


novo, e isso tem sido uma fonte de preocupação para mim.
Serão longos onze dias.
— Estamos inspecionando todo o pessoal do palácio
novamente, adicionando segurança extra, instalando
detectores de metal e realizando buscas aleatórias. Todo o
pessoal não essencial recebeu um período sabático pago e foi
afastado do palácio.

— Parece que você tem tudo sob controle, — eu digo,


porque é exatamente o que eu faria. Bem, eu provavelmente a
trancaria em um cofre de aço sendo eu o único conhecendo o
código, e ficaria de guarda do lado de fora com uma
metralhadora, pronto para matar qualquer um que se
aproximasse. Mas alguns podem considerar isso extremo.

Dmitri se aproxima, o rei novamente acena com a mão


como se estivesse bem com Dmitri levando o resto da
conversa. Quando seu olhar volta-se para mim, ele diz: —
Mas temos um grande evento, é uma festa em cinco dias que
celebrará o aniversário de Camille e sua ascensão a aparente
herdeira. Personalidades estrangeiras de todo o mundo
estarão vindo. Haverá pessoas extras chegando para entregar
flores, bufês, equipes de limpeza. Será quando estará mais
vulnerável.

Aperto meu maxilar com o perigo iminente, mas a


solução é simples. — Cancele a festa ou transfira até ela
completar 25 anos.

— Não é uma opção. — Dmitri esfrega a nuca. — É


tradição. Este é um grande evento na história da Bretaria. A
festa vai continuar, e para ter certeza de que temos o melhor
protocolo de segurança, queremos que você fique como
guarda pessoal até ela completar vinte e cinco anos. Já
administramos isso com seu empregador, Sr. McGrath. Ele
deu permissão para você ficar, mas disse que a decisão é sua.
Estreitando meus olhos, eu me viro para o rei. — Camille
pediu isso? Foi ideia dela?

Thomas franze a testa. — Claro que não. Foi ideia de


Dmitri, e eu concordo. Camille querer isso é irrelevante.

Não tenho certeza de como isso me faz sentir. Eu


pensaria que ela estaria prolongando o inevitável ao me forçar
a ficar, e não gosto de ser manipulado. Mas o fato de ela não
ter pedido para eu ficar me irrita um pouco. Isso prolongaria
nosso tempo juntos – o que é estúpido para mim querer algo
assim. A separação precisa vir e rápido para que possamos
seguir em frente com nossas vidas.
— A única coisa que Camille pediu foi que você tivesse
acesso ao avião dela para levá-lo de volta aos Estados Unidos,
para que não tivesse que ir de voo comercial. Dada a sua
recusa anterior ao meu presente, o mínimo que posso fazer é
oferecer o avião dela. Mas estou implorando que você
prolongue sua estadia até depois do aniversário dela.
Eu me viro para eles, esfregando meu maxilar. Dou a
impressão de que estou pensando na oferta, mas na verdade
não tenho como dizer não. Estou preocupado em deixar
Camille. Embora eu saiba que sou apenas um, sou aquele
que pode estar mais próximo dela e sua última linha de
defesa.

Além disso, embora eu saiba que a coisa certa é fazer


uma ruptura tranquila e ir embora — porque eles podem
conseguir alguém para protegê-la — foda-se se eu quero
deixá-la ainda. Mais onze dias com ela soa muito bem.

Sabendo que provavelmente vou me arrepender de mais


envolvimento, me viro e inclino a cabeça para o rei. — Ficarei
de bom grado para ajudar a proteger Camille até seu vigésimo
quinto aniversário.

— Espero que você grude nela como cola, — o rei exige


imperiosamente.

Eu tenho que morder minha língua para não rir. Eu


daria minha vida por ela, mas ele não tem ideia de quão perto
eu posso estar de Camille. Quão perto eu pretendo estar em
todas as oportunidades.

— Eu vou protegê-la com minha vida, Sua Majestade, —


eu asseguro a ele. — Eu não vou deixá-la fora da minha vista.

Thomas franze a testa ligeiramente, como se achasse ter


um duplo sentido em minhas palavras, mas no final decide
que conseguiu o que veio buscar — meu acordo para proteger
sua filha.
Com um aceno curto, ele diz: — Obrigado. Desejo-lhe
boa noite.

— Boa noite, — eu respondo e observo enquanto o rei sai


do meu quarto — notando dois agentes no corredor prontos
para escoltá-lo — e notando que Dmitri não se move.

Eu arqueio uma sobrancelha.

— Eu sei sobre você e a princesa, — diz ele


categoricamente. Não digo uma palavra.

— Aparentemente, um dos agentes pegou você no drone


beijando-a, em Wyoming, — ele continua fazendo uma pausa
para ver se vou admitir alguma coisa.
Eu não admito . Também estou feliz que não foi Paul
quem me delatou. Mas eu esperava que isso pudesse
acontecer.

Dmitri suspira e, pela primeira vez, percebo que ele


realmente parece estressado. Ele está levando essas ameaças
tão a sério quanto eu, e isso está pesando sobre ele.

Então dou uma folga. — Nada vai acontecer com ela, eu


prometo.

Eu recebo um aceno curto em resposta. — Eu ia mudar


você para um quarto ao lado dela. Eu suponho que não tenho
que fazer isso agora.

— Não, — eu admito. — Estarei no quarto dela a noite


toda.

Outro longo suspiro e ele se dirige para a porta.


— O rei sabe? — Eu pergunto.

Dmitri olha para mim. — Não. E é uma coisa boa


também. Há rumores de que há uma masmorra secreta sob a
sala do trono – com uma guilhotina.

— Cara engraçado, — eu murmuro.

— Quem disse que estou brincando? — Dmitri responde


com um lampejo de maldade em seus olhos, e então ele se foi.

Assim que a porta se fecha, há outra batida e eu abro. É


um empregado com minha refeição, completa com cúpula de
prata sobre qualquer sanduíche que eles enviaram. Fico feliz
em ver a garrafa de cerveja aberta com um copo fosco ao lado.

Puxando meu telefone do bolso, eu aceno em direção à


mesa de jantar. — Você pode colocar ali.

Enquanto o empregado faz uma produção de


guardanapos de linho, talheres e um conjunto de saleiro e
pimenteiro de cristal, penso no tempo extra que vou passar
com Camille, e sei que só vai dificultar a saída, no final.
CAPÍTULO 20
CAMILLE
TREMORES PASSAM ATRAVÉS do meu corpo. Estou
de quatro, no meio da cama, virada perpendicularmente ao
seu comprimento. Jackson está atrás de mim, uma mão no
meu quadril, a outra entrelaçada no meu cabelo que está
segurando com força, então sou forçada a firmar minha
cabeça.

Isso está me forçando a olhar para o espelho que fica no


canto do meu quarto que eu não costumava olhar . Sempre
foi apenas uma peça decorativa do mobiliário, desde que
tenho um espelho no meu closet .
Mas esta noite, Jackson achou que seria uma boa ideia
— e neste momento, eu não discordo — me pegar por trás e
me fazer assistir.

A princípio, não consegui.

Quando ele me ordenou que nos olhasse no espelho, foi


muito avassalador vê-lo entrando em mim e as emoções
tomando conta de seu rosto. A maneira como seus braços se
flexionaram e os músculos do pescoço se tensionavam
enquanto ele me fodia duro. Ouvir seus sons e ver como
combinavam com o prazer em seu rosto, era sexy.

Eu abaixei minha cabeça, fechei meus olhos e me joguei


para trás sobre ele para aumentar a força.
— Não, não, não, — Jackson repreendeu suavemente, e
foi quando ele me pegou pelos cabelos. Sua exigência era
simples. — Observe.

Eu obedeci, e apenas alguns segundos de meus olhos se


conectando ao nosso reflexo, meu orgasmo se abriu antes de
pulsar em ondas de prazer que me fizeram chorar. E agora
estou assistindo com os olhos turvos enquanto ele continua a
entrar em mim.

Jackson ri sombriamente. — Aposto que todos no palácio


ouviram isso.

Ele continua a bombear os quadris com força, e posso


dizer pela vibração se destacando em sua voz que ele está
chegando perto. E acho fascinante que ele não pareça se
importar que eu possa ter sido ouvida.

Não tenho certeza se me importo também. Esse orgasmo


valeu as portas sendo derrubadas por todos os agentes do
palácio.
— Vamos ter certeza de que isso não aconteça de novo,
— diz Jackson rispidamente enquanto ele abruptamente sai
de mim e se inclina para o lado da cama. Antes que eu possa
expressar meu descontentamento com a perda dele dentro de
mim, ele está de volta na cama com as mãos no meu queixo,
forçando minha boca a abrir. Acho que ele pretende me beijar,
como costuma fazer quando sua mão firma meu maxilar
assim, mas em vez disso ele enfia a calcinha que ele tirou de
mim há pouco tempo, abafando o som de surpresa. Ele sorri e
me beija na bochecha. — Isso deve mantê-la quieta.
Estou cambaleando com o quão dominador e sexy é ,
além de francamente divertido. Ele move seu grande corpo
atrás de mim novamente, e vejo no espelho quando ele se
alinha e entra profundamente em mim.

Eu grito contra a calcinha, e elas realmente abafam meu


som.
Jackson acelera novamente, enfiando os dedos no meu
cabelo, mas ele não precisa me forçar a assistir. estou
encantada.

Sua outra mão não volta para o meu quadril, em vez


disso vai entre as minhas pernas.

Merda... ele vai me fazer gozar de novo.

Eu amo e odeio quando ele está determinado dessa


forma. O orgasmo que ele acabou de me dar foi tão
devastador que estou convencida de que não há como eu ter
mais para dar a ele.

Mas no minuto em que seus dedos tocam meu clitóris, o


desejo rola através de mim, e sei que não posso lutar contra
isso.

Batendo, batendo, batendo dentro de mim. Dedos


trabalhando duro entre minhas pernas, eu observando
Jackson no espelho enquanto ele se aproxima do orgasmo.

Conforme me aproximo.

O deslizar molhado dele dentro de mim, uma sensação


nova desde que descartamos os preservativos, me faz sentir
mais perto dele do que nunca.

A mão de Jackson se afasta abruptamente para me dar


uma palmada forte na bunda. Eu grito na seda e renda, e
meu orgasmo começa a disparar.

Jackson se joga em mim e seus dedos estão de volta ao


meu clitóris, onde ele o aperta levemente, e eu gozo. A
calcinha na minha boca absorve meu grito enquanto minhas
costas se arqueiam. As coisas ficam nebulosas, mas eu ouço
vagamente Jackson grunhir, — Fodidamente bonita, — antes
de ele empurrar uma última vez e gozar com um longo
rosnado.

Ele toma cada pedacinho de si mesmo balançando e


flexionando seus quadris contra minha bunda, forçando cada
gota dele para mim. As mãos de Jackson deslizam em volta do
meu estômago e ele nos abaixa para o colchão, rolando para
os nossos lados para que estejamos de conchinha. Eu puxo a
calcinha da minha boca e a jogo no chão. Jackson ainda está
dentro de mim, e estou em êxtase além do reparo. Se eu
pudesse ficar assim para sempre, levaria uma vida feliz e
realizada.

Abraçar Jackson é como nada que já experimentei. É


sempre feito em silêncio, com seus braços musculosos em
volta de mim. Seu peito sobe e desce pesadamente, e sinto o
batimento constante de seu coração contra minha coluna .
Estou segura e sou querida.

É nesse silêncio, sem a necessidade de dizer palavras de


afeto ou afirmação, que sinto no fundo do meu interior que
estou mais próxima dele.

Eu me pergunto se é o mesmo para ele.


Normalmente, o silêncio acaba sendo quebrado por um
de nós fazendo um comentário bobo. Mas desta vez, é
Jackson quem fala primeiro, e o comentário não é nada bobo.
— Você não disse nada sobre eu ficar até depois do seu
aniversário.

É verdade. Não vi Jackson o dia todo depois que


voltamos, mas prometi que iria ao quarto dele. Em vez disso,
ele me surpreendeu, vindo ao meu não muito depois de jantar
com meus pais. Para ser justa, ele não me deu muita
oportunidade de dizer algo. Ele fechou a porta e sua boca
estava na minha. Difícil falar sobre meus pensamentos e
sentimentos quando ele está me beijando.

— Estou obviamente feliz por você ficar, — digo com


cuidado. Eu quero manter minhas emoções fora disso, porque
elas ficaram girando o dia todo pensando que Jackson iria
embora amanhã. — Eu sei que estou mais segura quando
você está me protegendo.

— Mmm, — diz ele, um zumbido de afirmação, e então


silêncio mais uma vez.

Decido dar-lhe algo mais. — Em um nível pessoal, estou


feliz por ter mais tempo com você.

Pronto... eu disse. Uma declaração simples, ainda vaga o


suficiente para esconder a verdadeira profundidade dos meus
sentimentos por este homem, porque no fundo, é um presente
receber mais tempo.

Eu me acomodo em volta dele, aceitando o silêncio se


isso é tudo o que resta. Eu até me imagino cochilando em
seus braços antes que ele tenha que sair.
Não estou preparada ao ele dizer: — Obviamente
concordei em ficar para protegê-la, mas também porque
queria um tempo extra também.

Sorrio, feliz por saber que estamos na mesma sintonia.


Eu estive me preparando nos últimos dias para fazermos a
ruptura. Mas quando meu pai me disse que Jackson ficaria,
nenhuma parte de mim pensou: — Ah, não... agora eu tenho
que me endurecer novamente em preparação para sua partida
inevitável.

Porque a dor vai ser maior quanto mais tempo eu passar


com ele.
Mas não, nunca pensei que fosse ruim de forma alguma,
e acho que vale a pena sentir a dor novamente por ter mais
onze dias com ele.

— Você tem grandes coisas pela frente, — diz Jackson


em tom de conversa, e sei que é sua maneira de se afastar de
algo que pode se tornar difícil.

Eu rio. — Você quer dizer, uma festa de aniversário


ridiculamente grande que será um espetáculo completo e a
maioria das pessoas que meus pais convidaram e nem
conheço? Sim... tenho grandes coisas vindo.
Jackson me dá um aperto, e sinto sua resposta de riso.
— Estou falando sobre o fato de que você fará 25 anos em
menos de duas semanas, será a herdeira presumida da
monarquia mais rica do mundo, e você tem o fardo de nomear
um herdeiro secreto.

Eu não posso evitar o riso. — Acho que há coisas


maiores vindo do que minha festa de aniversário.

Há uma longa pausa antes de Jackson dizer: — A


ameaça é real para você e seu pai . Sua festa de aniversário
será quando você estará mais vulnerável. Deste momento em
diante, você não deve estar fora da minha vista, nunca. Você
entendeu?

— Nunca? — Eu pergunto. Porque vinte e quatro horas e


sete dias da semana tem muitas implicações.

— Nunca, — ele repete rispidamente. — Isso significa


que estarei no seu quarto à noite.
Essa é uma jogada ousada. Especialmente porque não
somos abertos sobre nosso relacionamento. Estamos em
segredo.

— Isso não vai levantar suspeitas? — Eu viro meu


pescoço e olho por cima do ombro para ele. — As pessoas não
vão falar?

Seus olhos perfuraram os meus. — Dmitri sabe.

Eu me contorço e me arrasto para encará-lo. Olhos


arregalados de preocupação, eu pergunto, — Dmitri sabe?
Como? Quando? Você acha que meus pais sabem?

Jackson ergue uma sobrancelha, seus lábios se


curvando em um sorriso provocante. — Por que? Você está
envergonhada que seus pais saibam sobre nós?
Balanço minha cabeça e olho para ele. — Claro que não
tenho vergonha. Mas se chegar até eles, eu prefiro sentar e
dizer-lhes eu mesma. Eu sou adulta. Eles sabem que posso
ter relacionamentos adultos e respeitam isso. Quero dizer,
não vamos nos casar e você sentar no trono ao meu lado.

Algo pisca nos olhos de Jackson, mas não posso dizer o


que é. No entanto, me arrependo instantaneamente de
mencionar o trono. É um lembrete duro dos diferentes
mundos de onde viemos e a razão exata pela qual não
podemos ficar juntos permanentemente.

Eu me apresso para suavizar o que disse. — Não que


você não seja um príncipe fabuloso e depois rei, algum dia. Só
sei que não é algo que você queira. Não é algo que algum de
nós esteja pronto para considerar. Quero dizer...
absolutamente não estamos considerando isso. Nós
concordamos que isso tinha uma data de validade, e eu estou
bem com isso. Se você estiver, é isso. — Um grande suspiro
sai de mim. — Sinto como se estivesse estragando isso.

Jackson aperta seus braços em volta de mim novamente


e me puxa para perto, antes de dar um beijo na minha testa.
— Eu sei o que você quis dizer. Eu sei que você e eu nunca
seremos nada além do que somos agora. Somos de dois
mundos muito diferentes. É uma droga... mas eu entendo, e
sei que você também. Você tem um dever, lealdade e
obrigação de que 99,9% das pessoas neste mundo nunca
entenderão o fardo. Eu escolhi a garota errada para me
envolver.

Não há nada em suas palavras que indique tristeza.


Nenhuma frustração.

Nem raiva.

Jackson apenas classifica isso do jeito que vê, e ele está


lidando — da mesma forma que eu — com o fato final de que
não podemos ficar juntos.

Na verdade, ele está lidando muito melhor do que eu. Só


de pensar nele saindo às vezes, me dá vontade de chorar.

Mas vamos ser honestos, ele disse que escolheu a garota


errada para se envolver. Ele não disse que estava se
apaixonando por mim, ou que se importava profundamente,
ou que me amava. Não, tudo o que somos é um emaranhado
confuso. E tenho que aceitar que isso vai acabar.

Nosso destino é que nos tornemos livres.

Eu abaixo minha cabeça para descansar em seu ombro,


e ele me puxa ainda mais perto para que nossos peitos fiquem
juntos, nossas pernas entrelaçadas. Agora é o ponto em que
eu deveria sentir meus olhos começando a ficar pesados com
o sono, pois acabei de ter um voo brutalmente longo para
casa, um dia exaustivo me reunindo com meus pais e dois
orgasmos devastadores que me destruíram. No entanto,
minhas emoções estão tão esgotadas agora por causa de
Jackson que não consigo desligar meu cérebro. Começo a
pensar em — e se.

E se eu me afastasse do trono?

E se ele estivesse disposto a desistir de sua carreira?

E se estivéssemos realmente apaixonados, mas nenhum


de nós pudesse admitir porque cada um acha que o outro
quer algo diferente?

Nada disso me parece viável.

Ou estou com muito medo de pensar que alguém pode


estar certo.

A respiração de Jackson sopra no topo da minha cabeça.


— Então, o que exatamente espera por você no futuro? — ele
pergunta baixinho. — Eu sei que suas responsabilidades vão
aumentar pelo que você me disse, mas que outros deveres a
princesa deve assumir?

Eu dou uma risada sem graça. — Há apenas uma última


grande expectativa que eu tenho que cumprir, — eu digo
categoricamente.

— O que é ? — Seu tom é suave, mas interessado. Ele


está sempre interessado quando eu falo.

— Meus pais esperam que eu me case mais cedo ou mais


tarde e produza o próximo herdeiro.

Jackson não diz nada. Na verdade, passa tanto tempo e


com um silêncio intenso ao nosso redor, que acho que ele
pode ter adormecido.
Eu preciso me levantar e usar o banheiro, então começo
a me afastar de seu abraço, mas seus braços apertam. —
Esperam que você se case e tenha um filho?

— Bem, não como no dia seguinte ao meu vigésimo


quinto aniversário. Mas sim, prosseguir com a linhagem real é
uma tradição importante. Meus pais esperam. É por isso que
eles continuam tentando empurrar Marius e eu juntos,
mesmo que nós dois tenhamos dito a eles que não vai
acontecer.
— Ele é um par adequado para um marido? — Jackson
pergunta levemente.

Hesito em responder; essa conversa está ficando


desconfortável. — Idealmente, a tradição pede que nossa
linhagem se misture com outra idealmente real.
Historicamente, é a primeira preferência. Mas alguém que é
adequadamente realizado...

Jackson interrompe. — E por realizado, você quer dizer


rico?
— Sim, — eu declaro categoricamente. — Rico o
suficiente para andar nos mesmos círculos que minha família.

A voz de Jackson está tensa. — Tem uma certa idade na


qual se espera ou se exige que você se case? Tenha uma
criança?

Eu rio, embora não sinta humor, mas isso corta a


tensão. — Americanos bobos… tendo crianças. Você me faz
parecer uma máquina de venda automática. Não, não há
exigência ou prazo de idade. Mera pressão dos pais para
cumprir meu dever de continuar a linhagem, mas também
porque meus pais querem a alegria de se tornar avós.

— Mas você está apenas completando vinte e cinco anos,


— ele aponta.

— Concordo, e honestamente não me vejo tendo filhos


até os trinta anos, talvez até um pouco mais velha. Tenho
muitas responsabilidades que tornam os dias agitados.
Quando me tornar mãe, não vou deixar babás criarem meu
filho. Quero participar ativamente. Então, isso está longe.

— Mas o casamento pode não estar? Seus pais gostariam


de ver isso mais cedo do que mais tarde.

— Sim, eles estão, — murmuro. Eles definitivamente


ficariam felizes se eu simplesmente encontrasse alguém para
casar.
Jackson limpa a garganta como se quisesse dizer algo,
mas não tem certeza se deveria. Eu o espero e, finalmente, ele
pergunta: — Você realmente tem permissão para se apaixonar
por alguém? Ou seu pai escolherá um homem adequado para
você?

Eu bufo com uma risada e empurro seu peito de


brincadeira. — Você lê muito a revista People. Claro, poderei
me casar por amor. É só que o grupo de homens que tenho
para escolher é muito menor do que a maioria das mulheres
tem.
Jackson ri de volta e me abraça. — Ei, eu vi como isso
funcionou para Diana e Charles. Não muito bem.

— Bem, a monarquia Bretarian não é nada parecida com


a britânica. Meus pais são um pouco mais progressistas.

Jackson relaxa seu abraço e se inclina para trás para


que ele possa olhar para mim. Seus olhos estão sombrios,
mas vejo uma profunda ternura dentro. — Espero que você,
Camille, encontre o maior amor da sua vida quando chegar a
hora de assumir esse compromisso. Você não merece menos.

Sinto que pode ser a maior mentira já contada na


história das mentiras, mas consigo dar um sorriso glorioso
em troca. — Obrigada por dizer isso. É minha maior
esperança também.

Mas eu sei que nunca vai se concretizar, porque o que


tem me atormentado nos últimos dias é a certeza que o maior
amor da minha vida, está deitado na cama comigo agora, e
não há como nós estarmos juntos.
CAPÍTULO 21
JACKSON
EXISTEM DEFINITIVAMENTE duas Camille.

Quando recebi esta tarefa, presumi que haveria apenas


uma — mimada, pirralha, pé no saco, que faria da minha vida
um inferno.
Ela acabou não sendo isso.

Pelo contrário, ao longo de nossas viagens pelos Estados


Unidos, ela provou ser genuína, humilde e pé no chão, com
um coração do tamanho do Texas.

Mas agora que estamos de volta a Bretaria, e estou


vendo-a em seus deveres diários, percebo que há outra
Camille para contemplar.
Não uma mera princesa, mas uma verdadeira
representante da coroa. Alguém que é imponente, elegante e
graciosa em todos os momentos. Ela é régia além da medida,
politicamente adepta em todos os casos, e ainda assim se
recusa a permitir que alguém a trate com menos do que o
respeito que merece como membro da família real. Do lado
dos negócios, vi uma ética de trabalho inesgotável, a
capacidade de ser magnânima, mas também a confiança em
ser implacável quando necessário.

Ela tem quase vinte e cinco anos, mas parece cinquenta


com sua sabedoria, graça e habilidades.
Todas as manhãs, acompanho Camille a seus escritórios
particulares. Mudei minhas roupas para o quarto dela e nos
preparamos para o nosso dia juntos. Isso geralmente envolve
tempo de qualidade no chuveiro, ou eu a curvando sobre a
penteadeira do banheiro enquanto ela tenta fazer a
maquiagem, mas nos últimos quatro dias desde que voltamos
para Bretaria, ninguém disse uma palavra sobre minha
mudança para seu quarto. Os dois agentes posicionados no
corredor todas as noites nem sequer fazem contato visual, e
não tenho certeza se isso é educação ou se Dmitri avisou a
todos para cuidarem de seus próprios negócios. Ele meio que
deixou implícito para mim que, desde que eu faça meu
trabalho bem, ele não dá a mínima para o que fazemos em
nosso tempo pessoal.

O simples fato de o rei não ter me jogado na masmorra


provavelmente significa que Dmitri está fazendo um bom
trabalho mantendo nosso segredo.

No escritório particular de Camille, sento em uma


cadeira no canto para não ser uma distração. Às vezes finjo
examinar meu telefone para que ela não pense que estou
entediado, mas na verdade estou focado e sintonizado em
cada ação dela. Eu a vejo receber telefonemas, reuniões e
orientar sua equipe. Às vezes, ela se encontra com o pai, seja
no escritório dele ou no dela, e eles frequentemente passam
de conversas sobre negócios para boas lembranças de algo
que ela fez quando criança. Thomas pode ser um pouco
arrogante, mas não há dúvida de que ele ama sua filha além
da medida.
Eu respeito isso.

Exceto, por pressioná-la a se casar e ter filhos. É


ridículo.

Antiquado.

Sexista.

Mais importante, isso a coloca em um destino,


esperançosamente cheio de amor e felicidade, que não me
inclui, e isso irrita.
Perguntei a Camille casualmente anteontem antes de
adormecer: — Eu sei que você não faria isso, mas o que
aconteceria se você desistisse de tudo isso?

— Meu pai designaria outra pessoa na linhagem como


herdeiro.

— Isso parece muito simplista, — murmurei surpreso.

— Sim, — ela respondeu com uma pequena risada. —


Muito simples. Mas eu nunca faria isso. Significa muito para
ele, e significa ainda mais para o nosso povo, pois a
monarquia é sagrada em Bretaria. E há muito trabalho bom a
ser feito com nossa riqueza e influência. Depois de Jonesboro,
estou mais comprometida do que nunca em construir
soluções.

E se havia uma lasca de esperança escondida no fundo


do meu interior, de que ela poderia se afastar das pressões e
obrigações, ela morreu ali mesmo.
Três semanas atrás, eu teria rido se você me dissesse
que eu estaria aqui frustrado e chateado pelo fato de ter
começado a me apaixonar por uma mulher tão complicada.
Mas foda-se tudo, não sou o mesmo homem que era três
semanas atrás. Camille me mudou e não gosto das
circunstâncias em que nos encontramos.

Vou até admitir para mim mesmo, possivelmente minha


mãe e talvez para alguns amigos da Jameson, depois de
muitas cervejas, que se Camille estivesse disposta a se afastar
de seu destino na realeza, eu a levaria de volta para
Pittsburgh comigo, e trabalharíamos sozinhos, felizes para
sempre, o que quer que isso significasse.

Mas a realidade é que Camille nunca se afastará de seu


dever e, para ser honesto comigo mesmo, não gostaria que ela
o fizesse. Por mais que eu odeie, é uma das coisas que
respeito nela e nunca faria nada para mudar.

Então, meus dias foram preenchidos como guarda-


costas... ficando perto dela, não importa onde esteja. Em seus
escritórios, na mesa de jantar com seus pais, tomando chá
com os amigos, e até mesmo em um jantar miserável com um
pretendente em potencial, que seu pai havia arranjado. Eu
queria estrangular o cara com minhas próprias mãos, mesmo
sabendo que Camille estava entediada até as lágrimas e não
estava interessada.

As noites, porém... compensam a miséria dos dias.


Depois que Camille termina o jantar, sempre junto com seus
pais ou algum idiota com quem estão tentando armar para
ela, nos encontramos no seu quarto. Lá fazemos o nosso
melhor para compensar a incapacidade de estarmos juntos
durante o dia. Nós fodemos como loucos às vezes, e outras
faço amor com ela lentamente. Quando conseguimos exaurir
um ao outro, ela adormece embrulhada em meus braços.

É sem dúvida, o melhor sono que já tive na minha vida.


Neste momento, estou escoltando Camille de sua suíte
privada até uma das três piscinas do palácio. Ela tem um
almoço com seu melhor amigo Marius, e eles pretendem
nadar.

Aparentemente, estou com ciúmes do cara, embora,


segundo todos os relatos, nunca tiveram nada romântico
entre eles.

Pelo menos foi o que Camille me disse há pouco tempo,


enquanto vestia seu maiô. Sentei-me na cama e observei,
adorando o fato de que ela não tenta esconder seu corpo de
mim. Ciúmes, não exatamente de Marius, mas do fato de que
eu não podia jogá-la na cama e fazer o que queria com ela.
Marcá-la como minha antes que fosse almoçar com outro
homem.

Fiz algum comentário sarcástico sobre o amigo dela, algo


a ver comigo expressando minhas dúvidas dele só querer uma
amizade. Quero dizer, vamos, olhe para esta linda mulher.
Sexy além da imaginação, inteligente, engraçada, carinhosa.

Por que diabos Marius não está tentando tocar isso?


Camille poderia ter rido da minha insegurança. Ela
poderia ter me repreendido. Ela poderia ter ficado com raiva e
me dito para crescer.

Em vez disso, seus olhos brilharam quando ela amarrou


a parte superior de seu maiô de uma peça em volta do
pescoço, antes de sentar na borda da cama, onde eu estava
observando-a.
Ela então se curvou e me beijou... tão profundamente
que transmitiu uma mensagem. Marius era um homem
insignificante em sua vida quando se tratava de assuntos do
coração.

Ela então abriu minha braguilha, tirou meu pau e se


acomodou entre minhas pernas para me chupar. Foi uma
mensagem silenciosa que transmitiu que Marius não é
importante. Enquanto eu descia por sua garganta com
minhas mãos segurando sua cabeça e meus olhos rolando na
parte de trás da minha, tive o desejo estranho e desonesto de
levar Camille para longe deste palácio, para longe deste país
onde ela será obrigada a desistir das melhores partes de sua
vida. Eu poderia levá-la clandestinamente para uma ilha
deserta onde poderíamos viver o resto de nossos dias isolados
.

É um sonho impossível, é claro, mas isso não significa


que eu não possa desejar.
Chegamos a um enorme terraço que eu não tinha visto
antes e Camille me precede. Eu a sigo por caminhos sinuosos
de plantas internas e mesinhas onde se pode sentar para
tomar café ou uma taça de vinho, olhando para cima com
admiração para a estrutura de quase três andares feita de
vidro e ferro forjado.

Na parte de trás da marquise de vidro há portas que dão


para a piscina onde ela encontra Marius. Eu o vejo já
esperando em uma das mesas ao ar livre, com um grande
guarda-sol fazendo sombra. Um empregado serve água com
gás, e Marius parece o playboy rico sem nenhuma
preocupação no mundo.
Ele está vestido com shorts de linho, uma camisa branca
de manga curta desabotoada e mocassins estilo europeu. Ele
está usando um par de óculos escuros, mas posso dizer que
seu olhar está em Camille, quando ela caminha em direção a
ele. Por cima do traje de banho, ela tem uma coisa folgada,
parecida com um vestido — é grande nela, o que eu prefiro,
mas também é transparente e você ainda pode ver todas as
suas curvas deliciosas por baixo.

Eu não posso dizer se o filho da puta está olhando para


ela cobiçando-a ou se aquele sorriso em seu rosto é apenas de
amizade.

Ele se levanta quando Camille se aproxima, e eles se


cumprimentam com beijos em cada bochecha. Movo-me sob
uma cobertura sombreada perto da balaustrada de pedra, que
se curva ao redor da varanda e monto vigília.

Felizmente, ser o guarda-costas pessoal de uma princesa


em um clima quente significa que não preciso usar os ternos
que usava nos Estados Unidos. Estou confortável em um par
de calças cáqui e uma camisa branca de botão com as
mangas arregaçadas até o meio do braço. A mesma calça
cáqui que Camille abriu menos de meia hora atrás, antes de
enterrar o rosto no meu pau.

Dou um sorriso vitorioso e presunçoso para Marius, mas


ele não está prestando atenção. Ele está focado em Camille e
no que ela está dizendo agora que se sentaram à mesa. Estou
muito longe para ouvir o que estão conversando, e não quero
de qualquer maneira. Estou confiante de que não gosto da
facilidade com que eles se comunicam ou dos anos e anos de
amizade que servem de base para seus modos descontraídos.

Cristo, estou com ciúmes. Não por ele tê-la sexualmente,


mas por sua maldita amizade.

Eu quero isso com ela.

Inferno, talvez eu tenha isso com ela.


Quando eu sair, poderemos continuar com nossa
amizade?

Balanço a cabeça em resposta à minha própria pergunta


e me ocupo em escanear o perímetro da área em que estamos,
tendo profissionais patrulhando o terreno. Camille está
segura por enquanto, mas amanhã pode ser outra questão. A
festa de aniversário será um teste para todos nós.

É a risada dela que chama minha atenção para ela.


Marius também está rindo, e o que quer que tenha sido dito, é
engraçado o suficiente para tê-la segurando a barriga.
Porra, ela é linda quando ri. Quero dizer, ela é linda o
tempo todo, mas quando ela ri, me ilumina por dentro. Houve
muitas vezes nas últimas duas semanas que vi essa risada, e
isso nunca envelhece.

O movimento na minha visão periférica chama minha


atenção, e vejo Dmitri saindo para a varanda de outro
conjunto de portas à minha esquerda. Paul está com ele, e
ambos os homens têm uma expressão séria. Meu coração
bate um pouco mais rápido, e meus olhos se voltam para
Camille, permanecendo lá, mesmo quando me alcançam.

— Ela está segura, — Dmitri diz em voz baixa. — Não há


nenhuma nova ameaça.

O alívio força o ar de volta aos meus pulmões, e eu dou a


ele minha atenção. — Então, o que é?

— Paul vai ficar aqui com a princesa, — Dmitri me


informa. — Eu preciso que você venha para os escritórios da
segurança.

— Por que? — Eu pergunto, não querendo deixar meu


posto até que saiba mais. Eu gosto de Paul. Confio nele,
mesmo. Mas Camille é minha responsabilidade.

— Porque isto pode ter acabado, — Dmitri diz, e não


estou preparado para a infinidade de emoções que passam
por mim.

Principalmente, alívio por Camille estar segura.

Lamento que nosso tempo juntos seja encurtado.


Principalmente alívio.

Eu aceno para Paul, então de volta para Dmitri. —


Vamos lá.

Olhando de volta para Camille, vejo que seu foco está


cem por cento em seu amigo, e ela não me vê sair. Paul pode
informá-la mais tarde, mas, por enquanto, estou muito
interessado em ver o que Dmitri tem para me mostrar.

Atravessamos o palácio até os escritórios de segurança.


Ele me leva para o seu e ao redor de sua mesa e aponta para
o monitor do computador. Nela está a foto de uma mulher —
bonita, mas desgrenhada com olhos vermelhos e rímel
escorrendo pelas bochechas. Ela é loira, parece estar em seus
quarenta e poucos anos e, com base no fundo simples, seu
olhar direto para a câmera e de derrota total em seu rosto,
acho que é uma foto de identificação.

— Quem é essa? — Eu pergunto a Dmitri.

— Colette Francine Winterbourne, — ele responde, e meu


olhar sai do monitor e se fixa no dele.

— Winterbourne? — Suspeitava-se que o primo de


primeira linhagem do rei estaria por trás da trama, então a
foto de uma mulher é surpreendente.

Dmitri assente. — Ela foi presa há algumas horas pela


Europol em Bruxelas.

Isso também chama minha atenção. A Europol é a


Agência da União Europeia para a Cooperação Policial. O
potencial sequestro e assassinato da realeza de Winterbourne
atraiu mais do que apenas o interesse da Interpol.

— E ela é responsável por um plano de assassinato? —


Eu pergunto duvidosamente. Porque ela parece... bem, como
uma matriarca da alta sociedade que foi pega no lado errado
da cama esta manhã.

— Ela é a esposa de Wilhelm Winterbourne, o primo que


é o próximo na linha de sucessão ao trono, caso Thomas e
Camille morram.

— A esposa é responsável por isso? — pergunto


incrédulo.

Dmitri sorri ironicamente. — Demorou cerca de seis


horas de interrogatório duro, mas eles estão confiantes de que
ela é o cabeça. Ela aparentemente, estava fazendo isso por
seu filho, que seria o próximo na linhagem, depois de
Wilhelm.
— Então o plano dela era assassinar Thomas e Camille,
colocar seu marido no trono e depois? Ela iria matá-lo
também, para que seu filho pudesse ascender?

Balançando a cabeça, Dmitri diz: — Ela admite ter


planejado o assassinato de Thomas e Camille, mas jura que
não tinha intenção de matar o marido.

— E você acredita nela? Eu pergunto, porque eu com


certeza não.
Novamente, Dmitri balança a cabeça. — Ela estava
fazendo tudo isso pelo filho. Duvido que ela fosse deixar o
marido dar uma longa volta no trono.

Eu tiro meus olhos da mulher na tela. As mulheres


podem ser cruéis. — O filho e o marido estavam envolvidos?

— A polícia não pensa assim. Ambos foram interrogados,


todos os seus registros de celular foram analisados, e ela é a
única que teve comunicação com os homens que estão sendo
vigiados na Turquia. Ela negou o envolvimento deles.

— Ela negaria o envolvimento de seu filho mesmo se ele


estivesse nisso, — eu aponto. — Afinal, isso foi feito por ele.
Você não pode confiar na negativa dela.

— Concordo que não podemos confiar nela, — diz Dmitri


e olha para mim com expectativa. — Independente disso,
estamos em uma encruzilhada.
— O que você quer dizer? — Eu pergunto.

— Colette Winterbourne chegou a pagar um depósito


pelo trabalho, com o saldo restante na conclusão, — explica
Dmitri. — Ela não sabe os detalhes de quando isso vai
acontecer porque passou por um intermediário, só que vai
acontecer antes do aniversário de 25 anos de Camille. O plano
ainda está em andamento e será executado por um assassino.

— Então faça com que ela cancele, — eu cerro os dentes.

— Temos a chance de assumir toda a operação. — A


expressão de Dmitri é endurecida com resolução. — Tira-los
do jogo. Se eles passarem por este trabalho, eles passarão
para o próximo.

— Eu não dou a mínima, — eu rosno. — Você está


falando em brincar com a vida de Camille.

— E do Thomas, — Dmitri diz suavemente. — E ele sente


que devemos seguir em frente com a festa de aniversário.
Sabemos que quando é mais provável que o assassino faça
uma jogada.

— Eu não vou concordar com isso, — eu digo. — E eu


não vou deixar Camille.

— Não importa o que você queira, mas Camille terá uma


palavra a dizer. Thomas vai falar com ela.
A vontade de socar Dmitri é forte. Eu também entendo de
onde está vindo, mas meu julgamento está nublado por causa
dos meus sentimentos. — Isso é ridículo de se considerar.

— Jackson, — Dmitri diz suavemente, sua expressão me


dizendo que ele entende meu dilema. — Não sabemos se o
filho ou marido não está envolvido nisso. Achamos que não,
mas se não pararmos com isso completamente, Thomas e
Camille ainda estarão em perigo. Ao prender o assassino,
podemos descobrir com certeza quem estava fazendo a
contratação. Você sabe que é a melhor maneira de acabar
com isso de uma vez por todas. Também enviamos a
mensagem para qualquer outro que esteja fazendo uma
jogada pelo trono.
Cristo, eu sei que ele está certo. Mas é como balançar
Camille lá fora em um gancho.

Por outro lado, ela será pendurada, independentemente.


A festa está indo adiante, só que agora sabemos que há uma
ameaça muito clara. Antes era apenas suposição.
— Nós sabemos que está chegando, — Dmitri pressiona.
— Então agora podemos nos preparar melhor. Podemos
posicionar cinquenta guardas ao redor de Thomas e Camille.

Não sei por que ele está trabalhando tanto para me


convencer. Se Thomas aprovou que avancemos, não há nada
que eu possa fazer para impedir.

A não ser que…


Meus olhos se estreitam para ele. — Você está
preocupado que eu convença Camille a boicotar a festa ou
convencer o pai dela a não seguir em frente.

— Sim, — diz ele sombriamente. — Eu acho que você


tem o poder de parar tudo isso. Mas acredito que você estaria
tomando a decisão errada. Como eu disse, podemos colocar
um exército ao redor deles.

Balanço minha cabeça, e Dmitri suspira.


— Não, — eu digo, mas ele interpreta mal o balanço da
minha cabeça. — Você não pode colocar um exército ao redor
deles. Isso só vai deter o assassino e você quer atraí-lo.

Dimitri sorri.
Ele sabe que estou a bordo porque agora estou
apontando estratégias ou, na verdade, a falta delas.

— Eu ainda gostaria de falar com Thomas e Camille.

— Para convencê-los do contrário? — Dmitri adivinha.

— Para ter certeza de que eles entendem minhas


preocupações. Podemos fazer Colette chamar o assassino e
deixar que a Europol e a Interpol o encontrem.

Dmitri suspira. — Thomas estava mandando chamar


Camille quando vim buscar você. Ele está falando com ela
agora.

Filho da puta. Parte disso era para me informar, mas


também para me afastar de Camille para que seu pai pudesse
convencê-la de que esta é a jogada correta. Thomas não sabe
a influência que tenho sobre Camille, mas Dmitri sim.

Idiota.

Eu giro e saio do escritório para encontrar Camille e seu


pai.
CAPÍTULO 22
CAMILLE
Eu gemo em meu sono. Algo parece muito, muito bom.
Quente, insistente... bem entre minhas pernas.

Naquele ponto delicado.

Estes são os melhores sonhos, e eu imagino o cabelo


escuro de Jackson enquanto olho para o corpo do meu
sonho. Sua boca trabalhando com tanta dedicação, como ele
sempre faz. Quase todas as vezes que estamos juntos, ele usa
a boca para me adorar. Ele adora sexo oral, e descobri que é
uma das minhas coisas favoritas também.

Eu quero que esse sonho continue. Eu me abaixo, coloco


meus dedos em seu cabelo sedoso e sinto um gemido de sua
boca contra minha pele sensível. Meus quadris empurram
para cima e ele ri sombriamente.

E então estou gozando com tanta força que grito e giro


meus quadris contra ele. Virando o rosto, ele beija o interior
da minha coxa, a parte inferior do meu estômago e, em
seguida, bem no centro dos meus seios enquanto ele sobe
pelo meu corpo. Os lábios de Jackson viajam pelo meu
pescoço, deslizam sobre meu maxilar e depois para minha
orelha. — É hora de acordar, Camille.

Não quero deixar o sonho. Eu quero ficar aqui para


sempre porque é perfeito e é tudo que terei depois que
Jackson partir.
— Vamos, princesa, — ele murmura, inclinando-se e
mordendo meu lábio inferior. — Acorde.

Meus olhos se abrem e vejo Jackson pairando sobre mim


com um sorriso no rosto. Eu ergo minha cabeça e olho para
baixo entre nossos corpos, para ver que ambos estamos nus e
a área entre minhas pernas ainda está formigando de um
orgasmo.

Meus olhos voam para os dele, queimando com


acusação. — Você... você acabou de...?

Seus dentes brilham para mim quando ele ri. — Não


achei que você fosse dormir durante a coisa toda. A princesa
chega a ter orgasmos enquanto dorme. Fodidamente incrível.

Eu não posso acreditar que ele fez isso. Eu não posso


acreditar que ele colocou a boca entre as minhas pernas
enquanto eu estava dormindo. Vejo o quão longe ele pode ir, o
quanto ele pode empurrar meu corpo. Aparentemente está tão
sintonizado com ele, que não precisei estar acordada para
responder.

Jackson está certo... incrível.

Durante o breve olhar entre nossos corpos, não deixei de


notar sua ereção dura como pedra. Abro minhas pernas,
envolvo-as na parte de trás de suas coxas e tento puxá-lo
para mim. Eu me inclino e mordisco ao longo de seu maxilar.
— Agora vamos ver o que mais você pode fazer.

Em vez de deslizar em mim, Jackson rola para o lado.


Plantando o cotovelo no colchão, ele apoia a cabeça na mão e
olha para mim com um olhar satisfeito e um pouco
presunçoso. — Não vai acontecer. Aquele orgasmo que te dei
foi um presente de aniversário antecipado.

— Mas não é meu aniversário por mais seis dias.

— Bem, sua festa é hoje à noite, então feliz dia da festa


de aniversário. Espero que goste do presente que dei para
você.

Minha intenção é rir, mas olho para ele com


desconfiança. Este é um grito muito distante, uma mudança
polar absoluta de atitude, em relação ao que vi ontem.

Ontem não foi um bom dia entre nós. Começou lindo,


mas então meu pai me afastou de Marius e me chamou para
a sala do trono, onde explicou que Colette Winterbourne
estava por trás dos planos de assassinato.

Ele me disse que ela estava sob custódia e que tinha a


capacidade de cancelar os ataques. Mas depois de discutir
isso com meu pai e Dmitri, concordei que deveríamos deixar o
grupo seguir em frente e tentar atrair o assassino. Há uma
variedade de razões para fazer isso, mas estou de acordo
porque quero que o mundo saiba que ninguém mexe com a
monarquia dos Winterbourne. Ao encerrar esta conspiração
miserável na sua totalidade e levar os envolvidos à justiça,
enviaremos uma mensagem muito clara a quem tentar.

Essencialmente... não brinquem conosco.

Essa conversa foi realizada na sala do trono apenas


comigo, meu pai e Dmitri. Não significava que Jackson não
tentou entrar. Ele fez uma grande comoção enquanto tentava
passar pelos agentes de segurança nas portas. Ele deixou um
deles no chão e estava trabalhando no outro quando Dmitri
abriu a porta e exigiu que ele parasse.

Jackson tentou invadir a sala; Dmitri tentou segurá-lo.


Seus olhos foram para os meus por cima do ombro de Dmitri,
e ele prometeu retribuição se eu não lhe desse uma palavra.
Falei com Jackson e tentei soar o mais majestosa e
autoritária possível, para que meu pai não tivesse nenhuma
indicação de que temos uma conexão pessoal. — Se você me
der apenas mais alguns minutos com meu pai e Dmitri,
ficarei feliz em ouvir suas preocupações, Sr. Gale.

Seu rosto ficou vermelho de fúria, e fiquei desconfiada de


que Jackson iria falar sobre nosso relacionamento ali mesmo
para que pudesse ficar na sala. Para minha surpresa, ele
apenas me deu um breve aceno de cabeça, virou seu olhar
para Dmitri, e então girou para sair.

Mais tarde o encontrei na varanda, de pé e olhando para


Marius, ainda na mesa bebendo uma cerveja e navegando em
seu telefone. Eu estava hesitante em abordar Jackson porque
eu nunca o tinha visto tão bravo antes. Ele parecia tão
zangado quando saí, então definitivamente não era o
momento certo para falar.

Eu disse alto o suficiente para os outros dois agentes


ouvirem: — Sr. Gale, se você não se importa, eu gostaria de
continuar meu almoço com Marius. Eu agradeceria que você
saísse .
Em outras palavras, ele teria que esperar até mais tarde
para falar sobre isso.

Jackson não podia fazer nada sobre isso. Ele não faria
uma cena, mas eu sabia que tinha deixado-o ainda mais
irritado. E quanto mais tempo eu passava sentada àquela
mesa com Marius, mais as linhas de fúria se aprofundavam
em seu rosto.
Agora, eu estava começando a temer qualquer confronto.
Então, naturalmente, estendi meu tempo com Marius.

Jackson estava longe o suficiente para que ele não


pudesse ouvir nossa conversa e me encantou com a forma
como Jackson saiu para a varanda para esperar meu retorno
e olhou para Marius o tempo todo.

Quando terminamos de comer e conversamos sobre


tudo, quando não podíamos ficar naquela mesa mais um
minuto sem parecer que eu estava evitando Jackson de
propósito, sugeri que fôssemos nadar. Afinal, era nossa
intenção original fazê-lo.
Acontece que Jackson poderia ficar mais irritado. Tentei
ignorá-lo, mas não estava funcionando. Marius e eu
nadamos, pisamos fundo na água enquanto conversávamos e
adiei o inevitável, porque toda vez que eu olhava para
Jackson, ele não só parecia furioso, mas decepcionado.

Chegou um momento, porém, em que ele terminou com o


meu jogo de evitá-lo. Ele caminhou até a beira da piscina no
extremo onde estávamos. Ele puxou suas calças bem
ajustadas um pouco para que ele pudesse se agachar diante
de mim e disse: — É hora de sair da porra da piscina,
Camille, para que possamos conversar.

Marius sabia sobre meu relacionamento com Jackson.


Foi a primeira coisa que disse a ele quando nos sentamos e
Dmitri levou Jackson para algum lugar — o que mais tarde
percebi que era para falar sobre a captura de Colette
Winterbourne — e ficou emocionado por eu estar no lado
selvagem.

Mas Marius fez um barulho meio de engasgo quando


Jackson me disse para sair da porra da piscina, porque
nunca tinha ouvido uma pessoa falar comigo assim
anteriormente.

Chocado e ofendido em meu nome, ele gaguejou: —


Como você ousa falar com...

O olhar quente de Jackson se voltou para Marius e ele


disse: — Fique fora disso ou vou machucar você.
— Jackson!— exclamei em fúria. — Você não pode...

Jackson se levantou e disse em uma voz baixa e


perigosa, enquanto olhava para mim: — Saia da piscina,
Camille. Coloque seu vestido de volta e me siga até seu quarto
para que possamos conversar. Este não é um pedido. Você
tem até a contagem de dez antes que a puxe para fora da
piscina e a carregue no meu ombro, o que, tenho certeza de
que você concordará, será um espetáculo e tanto.
Eu não estava prestes a testá-lo. Saí da piscina, dando
um olhar de desculpas a Marius e depois assegurando-lhe
que estava tudo bem. E então, fazendo exatamente como
Jackson pediu, fomos para o meu quarto.

Uma vez lá, éramos como cão e gato. Como,


literalmente... Jackson estava latindo seu desânimo para mim
e eu estava assobiando como um gato fervendo de raiva. A
linha de discussão era a festa de aniversário, ele não
querendo que eu comparecesse. Estava completamente bem
se a festa ocorresse e se um assassino quisesse dar um tiro
no meu pai, que assim fosse. Mas ele não me queria lá.
Eu disse a ele que era impossível fazer uma festa de
aniversário comemorando minha maioridade para ascender
ao trono e não comparecer.

A briga chegou ao ponto de erupção quando disse-lhe


que a festa era uma tradição de longa data, algo que ele
claramente não entendia e respeitava.

Os olhos de Jackson piscaram e ficaram frios. Ficou


claro que eu estava inferindo que sua falta de respeito se
estendia ao fato de que ele escolheu não permanecer na
marinha como carreira, algo que sua família tinha numa
longa história de sucesso.
Eu imediatamente comecei a murmurar desculpas, mas
Jackson se virou e saiu do meu quarto, batendo a porta atrás
dele. Eu conhecia Jackson bem. Eu sabia que ele não tinha
ido a lugar nenhum e estava apenas parado no corredor com
os outros dois agentes. Ele levava seus deveres a sério e não
estava disposto a deixar seu papel de protetor, não importa o
quão chateado estivesse ou eu ferido seus sentimentos.

Esperei quase uma hora antes de abrir a porta e exigir


que ele voltasse para dentro. Já havia passado bastante
tempo. Certamente ambos com a cabeça mais fria estávamos
prontos para conversarmos.
Sem sorte.

No minuto em que ele estava no meu quarto e a porta se


fechou, Jackson estava me criticando novamente por minha
má escolha de concordar em seguir em frente com esta festa.

Mas nenhuma quantidade de discussão iria mudar


alguma coisa. Sua mente estava decidida, mas a minha
também. Por mais que ele sentisse que seria capaz de mudar
as coisas, isso não iria acontecer. Eu ia participar dessa festa
de uma forma ou de outra.
Com ou sem ele.

A melhor coisa era fazê-lo calar a boca um pouco, e a


maneira era chocá-lo , deixando-o em silêncio.

Então comecei a tirar minhas roupas e, como esperado,


sua boca se fechou.

Sua voz estava cheia de raiva misturada com luxúria. —


O que você está fazendo?

Dei-lhe um sorriso sarcástico. — Vou subir em cima da


cama e espero que você se junte a mim. Porque eu terminei de
discutir. Você pode me foder ou ficar no corredor enquanto eu
cuido de mim mesma. De qualquer forma, terminei de
discutir.

Foi a promessa de cuidar de mim que mudou tudo. Oh,


Jackson ainda estava com raiva e ainda decidido a mudar
minha mente em algum momento. Mas eu sabia que a
imagem de mim deitada na minha cama com talvez meus
dedos entre as pernas ou até mesmo um brinquedo sexual
embaralhou seu cérebro.

Assim como eu pretendia.

Esse foi o nosso primeiro argumento, portanto, foi o


nosso primeiro sexo de reconciliamento . E foi além de
incrível.

O sexo tinha definitivamente diminuído a tensão, e


quando terminamos, fomos capazes de conversar um com o
outro de forma um pouco mais racional. Ainda os mesmos
argumentos, mas um deixando o outro falar e escutando.
Pedimos que o jantar fosse para o meu quarto e conversamos
mais um pouco, mas, aos poucos, Jackson percebeu que eu
não ia desistir.

Nós nos retiramos cedo naquela noite, sentindo-nos um


pouco estranhos, pois ainda havia ressentimentos, mas
Jackson acabou fazendo amor comigo tão lentamente que
quase perdi a cabeça. Adormeci em seus braços, mas ele não
dormiu bem. Acordei algumas vezes porque estava com frio e
descobri que, em vez de me segurar, ele estava do seu lado da
cama olhando para o teto, o luar das janelas refletindo em
seus olhos.
Uma vez eu acordei e o vi parado nas portas da varanda,
olhando em silêncio. Ele estava tão bonito, o contorno de seu
corpo nu contra o luar e saí da cama e fui até ele. Tentei
abraçá-lo por trás, mas ele murmurou: — Volte para a cama,
princesa. Você precisa do seu sono de beleza.

Não foi dito de maneira dura e nem foi uma rejeição


direta. Ele disse isso com ternura... queria que eu
descansasse. E então voltei para a cama e voltei a dormir.
Não acordei o resto da noite. Na verdade, meus olhos só
se abriram depois que Jackson me fez chegar ao clímax
durante o sono e depois mordeu meu lábio, me dizendo para
acordar um tempo atrás.

Rolando para o meu lado, desapontada por ele não


pretender fazer sexo comigo agora, o observo. Cabeça apoiada
em sua mão, está usando aquele sorriso presunçoso de
satisfação por me fazer gozar.

Eu levanto uma sobrancelha. — Tem certeza que você


não está com raiva de mim ainda?

— Oh, eu ainda estou bravo com você, — diz ele, sem um


pingo de raiva em sua voz. É muito confuso. — Mas também
entendo o que você e seu pai estão tentando realizar. Eu
entendo porque você quer fazer isso. E se você e eu não
tivéssemos um relacionamento pessoal, eu não teria um único
problema com essa ideia maluca de atrair o assassino. Dito
isto, sei que isso vai acontecer, então tenho que deixar de lado
por enquanto, e voltar minha atenção para a melhor maneira
de protegê-la.
Eu estendo meus dedos e os arrasto até o meio de seu
peito. Levantando meu olhar para o dele, eu digo: — Eu confio
em você para me manter segura. Confio em todos vocês para
derrubar este assassino. Vai ficar tudo bem, e então tudo
acabará.

— E então estará acabado, — ele diz suavemente, e nós


dois sabemos que não estamos falando sobre o enredo neste
momento.

Estamos falando de nós.

Para não chorar, eu me inclino para ele e pressiono meus


lábios contra os dele. Eu os seguro lá, apenas respirando-o e
sentindo meu coração quebrar porque se isso acontecer hoje à
noite, do jeito que todos esperamos que aconteça, ele não
precisa ficar até meu aniversário em seis dias. A ameaça
terminará e ele irá para casa.

Esta poderá ser a nossa última vez juntos.


Talvez Jackson sinta meus sentimentos porque seu
braço se aproxima para me abraçar, e me beija com força.

Deus, eu vou sentir falta disso.

A porta do meu quarto é aberta com tanta força que bate


na mesa atrás dela, uma voz forte e retumbante diz: — Bom
dia, minha querida. Tenho uma grande surpresa para você.

Então meu pai entra no quarto , um sorriso estampado


em seu rosto até que seus olhos pousam em mim e Jackson.
Eu grito com a intrusão, mas Jackson reage por instinto.
Antes mesmo de meu pai nos notar na cama, Jackson já
apareceu em toda a sua glória nua e excitada e pegou uma
arma de algum lugar. Ele a aponta diretamente para a cabeça
do meu pai, onde a mantém firme por apenas um momento
antes de baixá-la com um suspiro.

Os olhos do meu pai saltam enquanto eles deslizam para


frente e para trás entre mim — na cama com os lençóis
puxados até o meu pescoço — e Jackson, que está colocando
a arma na mesa lateral.

— O que diabos está acontecendo aqui? — meu pai berra


a plenos pulmões.

— Pai, — eu grito de volta para ele, — este é meu quarto


particular. Você deveria ter batido.

Vejo que meu pai está segurando uma grande caixa de


veludo preto — sem dúvida com joias dentro — mas é a outra
mão que levanta e aponta um dedo trêmulo para Jackson. —
Você... você... você... eu confiei em você para proteger minha
filha.

— E eu tenho, — Jackson responde secamente e se move


para uma cadeira ao lado da cama onde ele pendurou suas
roupas na noite passada quando nos despimos.

— Pai!— Eu exclamo novamente, e seus olhos vêm para


mim. — Vire-se para que eu possa me vestir.

Ele honra meu pedido, mas começa um discurso quando


está de costas para nós. Enquanto eu saio da cama e pego
meu roupão de uma cadeira, ele diz: — Isso é intolerável. Sr.
Gale, você é um homem desonroso, tirando vantagem da
minha filha dessa maneira. Convido você para minha casa e...

— Pai... pare com isso, — eu grito com raiva, meus olhos


cortando para Jackson, que está de calça e agora está
vestindo uma camiseta. Eu marcho ao redor de meu pai
enquanto coloco meu roupão e fico de igual para igual com
ele. — Esta é uma situação em que ambos somos
responsáveis e sou adulta. Você não tem voz.

— Esta é a minha casa, — ele gagueja.

— É a minha casa também, — eu rosno de volta.

Isso cala a boca do meu pai, mas ele se volta para


Jackson. — O que você pensou que fosse acontecer? Acha que
vai viver feliz para sempre aqui em Bretaria? Desfrutar da
nossa riqueza? Talvez se tornar um príncipe casando-se com
minha filha e herdando nossas minas de rubi? Bem, deixe-me
dizer uma coisa, você não é digno de andar dez passos atrás
dela, então pode tirar essas noções da sua cabeça.
— Pai, — eu suspiro, chocada por ele rebaixar tanto
Jackson. — Isso é incrivelmente rude.

— Ele nunca terá minha bênção para se casar com você,


— meu pai estala para mim. — Nunca.

— Eu não quero a porra da sua benção, — Jackson diz


baixinho, mas suas palavras são como um soco. Eu suspiro
com seu próprio nível de grosseria. Meu pai se vira para ele, e
Jackson fica com as mãos casualmente enfiadas nos bolsos.
— E eu não tenho nenhuma intenção agora ou nunca de
pedir a mão dela em casamento, então você pode descer de
seu cavalo, Sua Majestade.

Porra, isso doeu. Eu sei que é verdade e sei os motivos, e


ele não está errado.
Mas caramba, doeu.

Ele expôs de forma sucinta para que meu pai possa


parar com sua explosão. Pego meu pai pelo braço e o conduzo
até a porta. — Você não tem nada com o que se preocupar.
Isso é casual, e Jackson e eu concordamos em seguir nossos
caminhos separados. Concordamos com isso desde o início.

— Claro que ele diria isso, — meu pai resmunga quando


abro a porta. — Você não pode confiar em nada que ele diz ou
faz. Ele só quer uma coisa e...
— Sexo, Sua Majestade, — Jackson chama, e eu me
encolho. — É sexo. Não o trono.

Fazendo uma careta, empurro meu pai com mais força


para fora da porta enquanto ele amaldiçoa as últimas
palavras de Jackson. Elas são totalmente injustificadas e só
pretendiam provocar.

— Pai, — eu digo bruscamente, chamando sua atenção.


— Deixe isso pra lá. Eu estou te implorando. Isso é algo que
estou fazendo por mim mesma, então deixe-me tê-lo. Depois
que cuidarmos desse assassino, Jackson terá ido embora e eu
começarei a procurar um marido. Eu prometo.
Isso o acalma. Ele expira e a luta sai de seus olhos.

Segurando a caixa de veludo para eu ver, ele diz: — Eu te


dou isso mais tarde.

— Ok, — murmuro, beliscando a ponte do meu nariz.


Uma dor de cabeça está se formando.

Quando meu pai sai, seguido por quatro agentes, volto


para o quarto e fecho a porta. Inclinando-me contra ela, vejo
Jackson enquanto ele vasculha a mala que deixou aberta e no
chão ao seu lado da cama. Ele pega algumas roupas e se
endireita, trazendo seus olhos para mim.

Eu gerencio um sorriso estranho. — Isso foi... bem,


horrível.
A risada que sai dele não é de diversão. É fria e plana. —
Está bem. Estou feliz que ele me lembrou do meu lugar.

— Jackson, — eu repreendo, me recusando a acreditar


que ele levaria meu pai a sério.

Eu dou um passo em direção a ele, mas se vira,


marchando para o banheiro. — Eu tenho uma tonelada de
coisas para fazer hoje para deixar tudo pronto para a festa.
Vou tomar um banho rápido e sair.
— Mas... mas... quem vai me acompanhar ? — Eu
pergunto.

— Vou dar cobertura ao Paul. Você vai ficar bem. —


Suas palavras são desdenhosas enquanto ele desaparece no
banheiro.
Meu coração está pesado quando volto para a cama,
sentando na beirada. Porque esse foi o começo do nosso fim.
CAPÍTULO 23
JACKSON
CAMILLE UMA VEZ DISSE que essa festa seria um
espetáculo ridículo, e ela não estava brincando.
Originalmente, os planos foram usar uma combinação de
espaço interno e externo no terreno do palácio, onde os
convidados poderiam se espalhar.

Dmitri e eu vetamos esse plano, sabendo que estariam


muito vulneráveis tendo convidados do lado de fora. Os
terrenos do palácio são imensos e, embora tenham sido
fechados da maneira mais eficaz possível, isso não significa
que alguém não possa entrar. Pode ser que alguém já esteja
no local e que tenha sido comprado com uma quantidade
obscena de dinheiro. Bastaria um plano bem executado para
trazer um rifle de longo alcance e alta potência, alguém se
instalando no topo de uma árvore com uma linha de visão
clara, para colocar uma bala na cabeça de Thomas ou
Camille.
De jeito nenhum esta festa vai ser realizada ao ar livre.

Há uma disputa em massa e muita reclamação para a


logística. Mas pelo amor de Deus, este palácio tem milhares e
milhares de metros quadrados, então não pode ser tão difícil
juntar três salas para caber a lista exclusiva de convidados de
quase duzentas pessoas.

Após o desastre desta manhã com o rei Thomas


invadindo o quarto de Camille, me dediquei a garantir que os
protocolos de segurança sejam implementados com a máxima
precisão e dedicação. Todo o pessoal externo e contratados
vindos de fora para o palácio — floristas, fornecedores e
outros — estão sujeitos a buscas aleatórias e têm que
concordar com isso por escrito. Estas estão sendo realizadas
agora e continuarão, mesmo durante a festa.

Cães detectores de explosivos estão em cada centímetro


do palácio, mais agentes estão indo de sala em sala em busca
de armas que poderiam ter sido contrabandeadas ou
escondidas. Passei horas hoje me movendo pelo palácio,
conversando com o pessoal de segurança, conduzindo minhas
próprias buscas aleatórias e testando os detectores de metal
para garantir que estejam funcionando corretamente. Já fiz
isso várias vezes, não porque temo que alguém tenha perdido
alguma coisa, mas porque não quero ver ou lidar com Camille
depois do que aconteceu em seu quarto esta manhã.

Eu perdi a calma. Poderia ter atirado no rei se meus


reflexos fossem ruins, porque assim que a porta se abriu, eu
tinha minha arma apontada para ele em cerca de dois
segundos.

Ouvi os insultos que ele me lançou e fui um idiota em


contrapartida, mas ele não é meu soberano. Eu não devo-lhe
nenhum beijo na bunda, e tenho uma coisa que ele precisa —
proteção à sua filha.

O que o rei disse, embora ofensivas, são cem por cento


verdadeiras. Não venho de uma linhagem real apropriada
para competir pela mão de Camille, nem tenho o dinheiro
necessário. Não machucou meus sentimentos ou me irritou,
quando ele jogou os fatos em um tom que deixava claro que
não sou bom o suficiente.

Mas ele pensar que tem o direito de assumir que quero


essa vida, que estou aqui apenas para tirar proveito do status
e da riqueza de Camille... bem, isso passou dos limites e fez o
idiota em mim, sair.

Aceito, Camille defendeu nosso relacionamento. Mas ela


o fez do ponto de vista de que é apenas uma aventura, que ela
é uma adulta madura e tem o direito de ter um
relacionamento, e que ambos aceitamos que é temporário. Ela
apontou que eu tenho minha vida, e ela a dela.

Preciso e verdadeiro .

Claro, me incomoda um pouco que ela não tenha vindo


em minha defesa, quando o pai dela me acusou de querer
tirar vantagem. Não teria sido difícil ela negar essa acusação.
Não consigo descobrir se foi um descuido devido à raiva, e
possivelmente ao constrangimento por ter sido pega nua na
cama comigo, ou talvez o pai dela tenha entrado em sua
cabeça, e agora está se perguntando se me julgou mal.

Independente disso, cada partezinha dessa troca me


irritou, e depois que o rei saiu, eu não queria falar sobre isso.
Eu já estava muito estressado que, nas próximas horas,
Camille estará correndo um alto risco de ser morta. Não
preciso das desculpas dela em nome do pai, nem do lembrete
de que nunca seremos capazes de resolver isso a longo prazo.
Então tomei um banho rápido, me vesti e saí do quarto
sem olhar para trás. Camille não tentou me impedir, mas sei
que o incidente a deixou bastante abalada.

Uma vez fora de seu quarto, chamei Paul para subir e


tomar meu lugar, assim como mandei mais quatro agentes de
segurança para seu quarto, colocando dois em cada
extremidade do corredor. Eu instruí Paul a ficar no quarto
dela enquanto ela estava lá, e não me importo se ela achar
isso intrusivo. Ela tem muitos lugares seguros e privados
dentro de sua suíte para se preparar. Mas enquanto sua
varanda fica três andares acima e as janelas trancadas são à
prova de balas, ainda é um ponto de entrada se alguém a
abrir. Como tal, o trabalho de Paul também é manter Camille
longe das janelas, mas isso não é difícil. Sua suíte é grande o
suficiente para isso.

Quando ela estiver pronta para se mover pelo palácio, ela


terá um total de seis agentes com ela, sem incluir Paul.

Paul me mantém atualizado via mensagem de texto sobre


o paradeiro de Camille, e me certifico de estar em outra parte
do palácio o tempo todo. Atualmente, eu sei que ela está em
seu quarto se preparando para a festa, que começa em breve.
Os Winterbournes terão uma linha de recepção, então
descerão em breve para chegar ao lugar. Estou percorrendo
as três salas interligadas onde a festa será realizada,
certificando-me de que tudo está em ordem. Movo-me
lentamente por cada quarto, mais uma vez observando cada
entrada e saída de janelas e portas. A sala do meio, um
enorme espaço de biblioteca, na verdade tem dois andares
com escadarias em extremidades opostas da sala, que levam a
uma grande varanda. Lá em cima, conjuntos de móveis
oferecem lugares para os convidados sentarem e
conversarem.

Eu queria cortar o acesso a essa área porque se alguém


conseguisse colocar uma arma lá dentro, seria um ângulo
privilegiado para atirar. Dmitri negou meu pedido, apontando
que a chance de uma arma ser contrabandeada era quase
inexistente, e ele está certo sobre isso. Nossas buscas foram
minuciosas e os detectores de metal estão funcionando. Ele
atribuiu segurança adicional à paisana para aquela área, no
entanto.

Na verdade, estamos todos à paisana. No entanto, um


assassino não seria estúpido o suficiente para pensar que
iríamos sem segurança, mas não saberão quem somos, pois
os agentes masculinos estarão todos de smoking e as
mulheres em vestidos de noite. Temos minúsculos fones de
ouvido de alta tecnologia para nos permitir falar uns com os
outros. As armas ficam escondidas em coldres no peito ou
amarradas nas coxas no caso das agentes femininas. Observo
que seus vestidos têm fendas de fácil acesso, o que
provavelmente tornará um pouco mais rápidos no saque do
que os homens.

— O rei e a família estão descendo, — Dmitri diz por trás,


e eu me viro para encará-lo. Ouvi o mesmo anúncio pelos
comunicadores.
— Tudo está seguro e todos estão no lugar, — eu
respondo, mas ele sabe disso também. Ele está ouvindo os
mesmos check-in que solicitei alguns minutos atrás.

— Ouvi o que aconteceu esta manhã. — Sua voz é


cortada, prática e nada intrometida. Apenas uma declaração.
— Quão chateado está o rei? — pergunto curioso.

— Ele ordenou que a guilhotina fosse limpa, — Dmitri


responde, e bufo antes que ele continue, — Ele se acalmou .
Sem problemas.

— Porque sabe que Camille está apenas tendo um flerte


comigo e o precioso trono está protegido.
Sim, há muita amargura nessa afirmação.

— Ele está apenas sendo um pai superprotetor. — Não


estou surpreso com a defesa do rei por Dmitri. Sua lealdade é
absoluta.

Ainda assim, eu zombo. — Sim, bem, suas acusações de


que estou tirando vantagem de sua filha e estou de olho no
trono me irritaram. Ele teve sorte de eu não ter atirado nele.

— Você tem sorte, — Dmitri diz divertidamente, — pois


eu teria que atirar em você.

Eu não posso deixar de rir. É exatamente assim que teria


acontecido. — As cabeças mais frias da sorte prevaleceram,
certo?

— Certo, — ele responde, e sou presenteado com um


sorriso verdadeiro do homem normalmente austero. Bem, não
realmente um sorriso. Um lado de sua boca se curva para
cima. Mas pode ser um tique nervoso.

— Tudo pronto para o meu voo? — Eu pergunto. É a


única coisa que pedi ajuda a ele hoje.
— O rei graciosamente fez a bola rolar, pois ele quer que
você saia daqui mais rápido do que você deseja. Você tem
uma tripulação de voo pronta para partir hoje à noite, depois
que pegarmos nosso assassino.

— Aprecio isso, — eu respondo, mesmo que o


pensamento de voar para longe de Bretaria faça meu
estômago revirar. Mas não faz sentido ficar mais uma noite. É
um voo longo, exigindo várias paradas, que sair durante o dia
ou a noite não importa. E não faz sentido ficar mais uma
noite. Mais tempo com Camille torna muito mais difícil sair, e
fiz um bom trabalho hoje começando a pausa.

Essa é a verdadeira razão pela qual a evitei. Receio que


estar na presença dela me faça fazer algo estúpido.

Eu olho para o meu relógio. A festa está marcada para


começar em breve. Provavelmente, vai durar de três a quatro
horas. Se estivermos certos, o perigo para Camille e Thomas
terminará nesse período de tempo, então estarei livre.

E estarei fora daqui.

— A família está chegando, — uma voz estala nos


comunicadores.
Sem dizer uma palavra, Dmitri e eu fazemos o nosso
caminho para o enorme foyer que poderia conter uma centena
de pessoas. A linha de recepção estará lá para cumprimentar
os convidados quando eles passarem pela entrada. Os
convidados foram instruídos a chegar cedo para serem
revistados e passarem por nossos detectores de metal.

Dmitri e eu nos movemos ao lado das portas, que estão


fechadas, por enquanto. Nossas costas estarão contra a
parede que limita a sala de recepção. A família será colocada
diante de nós com agentes à paisana — se smokings e
vestidos brilhantes são considerados simples — já circulando
com falsas taças de champanhe na mão. Assumindo como os
primeiros convidados .

Minha atenção vai para o topo da escada quando o rei


Thomas e a rainha Juliana chegam, ela com a mão no braço
dele. Eles estão vestidos como qualquer outro convidado,
Thomas em um smoking e Juliana em um vestido justo,
vermelho-sangue e sem alças. O único adorno que indica
realeza são as joias pesadas que Juliana usa.

Rubis, claro.

Eles começam a descer as escadas. Enquanto isso,


Camille aparece. Marius está ao lado dela, pronto para
escoltá-la para baixo. Ele estará acompanhado-a esta noite,
com Paul logo atrás deles.

Eu quero quase que arrancar meus olhos porque ela está


tão radiante. Mais linda do que nunca, e já a vi vestida até o
punho e nua debaixo de mim.
Ela está usando um vestido dourado, também sem alças,
e parece muito fino e ajustado sobre os seios, o que me deixa
sentindo como proprietário. O vestido é assimétrico com
faixas de tecido enroladas em ângulos em seu corpo, quadris
e metade das coxas, onde se abre em um grande ângulo
expondo uma perna quase inteira e metade da outra.

O cabelo de Camille está preso, puxado para trás de seu


rosto e enrolado em um laço na parte de trás de sua cabeça.
Imagino que seja deliberado para mostrar sua delicada tiara,
feita em rubis de tamanhos variados. Suspeito ser isso que
estava na caixa de veludo preto que Thomas tinha, quando
invadiu o quarto esta manhã.

Mais rubis escorrem de suas orelhas, acumulam-se ao


redor da base de sua garganta e formam um largo manguito .
O dedo anelar da mão direita ostenta um rubi tão grande que
tira o foco.

Ela é a princesa rubi, herdeira de um trono e de uma


montanha de pedras preciosas.

Quero desviar o olhar enquanto ela desce graciosamente


as escadas com a mão enfiada no braço de Marius. Mas seus
olhos travam nos meus, e eu estou preso.

Seu rosto não mostra nada, mas eu sei que ela está
chateada por eu tê-la evitado. Ela me mandou uma
mensagem várias vezes para me encontrar – para conversar –
mas eu respondia todas as vezes que estava muito ocupado
com os preparativos.
Quando ela chega ao pé da escada, suas sandálias de
salto alto fazem um pequeno clac ao tocar o foyer de
mármore. Ela se inclina e aceita um beijo na bochecha de
Marius. Meu coração dói, mas no fundo, parte de mim espera
que, se ela escolher alguém para se apaixonar, que seja ele.
Eu vi o suficiente para saber que ele se importa com ela, não
da maneira que um marido se importaria com uma esposa,
mas talvez eles possam crescer nisso.

Camille não olha para mim novamente, enquanto segue


seus pais e fica ao lado de sua mãe, que está ao lado de
Thomas, na primeira da fila para receber os convidados.

Paul se aproxima para se juntar a Dmitri e a mim, e com


todos a postos, estando tão preparados quanto podemos,
abrimos as portas e começamos a caçar um assassino.

ESTOU OCUPADO.

Mais de duas horas de festa, meus olhos estão


constantemente vagando, movendo-se de sala em sala
enquanto sigo Camille a uma distância muito curta. Estou de
volta como seu principal guarda-costas, mas há quinze
agentes em cada sala também observando. Há quase
duzentos convidados e outros cinquenta seguranças se
misturando. Claro, temos agentes óbvios vestidos com ternos
escuros combinando com fones de ouvido, o fio enrolado
estendendo-se de suas orelhas para se esconder dentro de
suas jaquetas. Ninguém pensaria que a família estaria sem
proteção, por isso os colocamos como óbvios.

Também não colocamos muitos deles, esperando que o


assassino fizesse um ponto com o protocolo de segurança
mínimo e se sentisse mais confiante. Na verdade,
posicionamos os agentes óbvios estrategicamente, deixando o
que parecia ser um local desprotegido ao redor da pista de
dança no salão. Estamos supondo que será a sala onde o
assassino fará seu movimento. Nós, em resumo, estamos
canalizando nosso criminoso para um lugar onde temos uma
concentração de agentes à paisana.

Não há mais nada a ser feito.

Quanto a mim, estou disfarçado como convidado. Eu uso


um smoking preto, e Leandra, uma agente feminina, está ao
meu lado o tempo todo posando como meu par. Nós até
dançamos algumas músicas quando Camille está na pista de
dança, mas não há conversa fiada entre nós. Nossa conversa
murmurada enquanto tomamos champanhe sem álcool está
em comunicação aberta com os outros agentes.

Embora, eu sempre verifique nosso perímetro, meus


olhos ficam principalmente em Camille. Eu a vejo rir com os
convidados, ser atraída por pretendentes e dançar com
homens jovens e velhos. Marius essencialmente a abandona,
flertando com outras mulheres, mas ela não parece se
importar, e nem eu, praticamente me ignorou a noite toda.
Oh, uma ou duas vezes, seus olhos vêm para mim, mas
depois passam direto.

Francamente, isso está me incomodando.

Ela está atualmente dançando com um jovem fodido que


não pode ter mais de vinte e um anos, e ele tem uma
expressão bajuladora colada em seu rosto enquanto
conversam. Ele está desesperadamente tentando encantá-la e,
como Camille é educada, ela ri apropriadamente. Eu meio que
gostaria que sua mão caísse muito baixo em sua cintura ou
ele cobiçasse seus seios para que eu tivesse uma razão para
removê-lo de sua presença, mas o fodido é um cavalheiro.

Pelo menos há um pouco de alegria em saber melhor do


que qualquer pessoa nesta sala, que Camille realmente não
quer um cavalheiro.

Pelo menos não na cama.


A música termina, e Camille inclina a cabeça para o
jovem, agradecendo-lhe pela dança. Sem pensar no que estou
fazendo, ou se isso vai irritar o pai dela — que eu realmente
não me importo — eu empurro minha taça quase vazia de
espumante falso na mão de Leandra e digo: — Voltarei.

E então estou abrindo caminho entre os casais que estão


entre mim e Camille. No minuto em que seu atual
pretendente recua, eu tomo seu lugar. Mão em seu quadril,
eu a seguro possessivamente. Minha mão envolve a dela, e a
trago para o meu peito. Um gesto absolutamente íntimo.
Ela pisca com surpresa, mas então define sua boca em
uma linha plana de desagrado, antes de mover seu olhar para
algo além do meu ombro.

— Você está com raiva de mim? — Eu pergunto, sabendo


a resposta óbvia.
A maioria das mulheres negaria e faria beicinho, mas ela
traz aqueles olhos azul- oceânicos para mim e simplesmente
diz: — Sim.
— Merecido, — eu admito. — Eu estava evitando você.

Camille suspira e seu rosto suaviza. — Sinto muito pelo


que meu pai disse.

— O que ele disse não importa, — eu asseguro a ela.

— Mas importa, — ela insiste, sua mão apertando a


minha. — Ele disse que você está tentando se aproveitar de
mim, e eu estava tão desconcertada que não pensei em
defendê-lo. Eu estava mais preocupada em desarmar a
situação e garantir a ele que ainda cumprirei minhas
obrigações.

Essas últimas palavras são quase cuspidas, como se


tivessem um gosto ruim em sua língua.
Seus olhos se concentram nos meus. — Eu odeio minha
vida às vezes. Eu odeio as expectativas que tenho que viver.

Meu coração se despedaça por ela. Não dando a mínima


para quem pode estar assistindo, eu me inclino e pressiono
meus lábios em sua têmpora, puxando para trás apenas o
suficiente para murmurar em seu ouvido. — Você é uma
mulher forte. Admiro você por se apegar aos sentimentos
enraizados na lealdade e no amor à família e ao estado. Eu sei
que você odeia às vezes, mas você é importante para as
pessoas aqui.

Levantando minha cabeça, encontro seus olhos um


pouco embaçados, mas ela pisca para afastar as lágrimas. Ela
é uma mulher forte, como eu disse, e ela não vai demonstrar
emoção na frente de todas essas pessoas.

— Pelo menos temos esta noite, — diz ela com um


suspiro.

Meu coração se aperta e ignoro sua declaração por um


momento enquanto faço uma verificação de perímetro.
Quando volto minha atenção para ela, digo: — Na verdade,
não temos.

O corpo inteiro de Camille estremece e seus olhos se


estreitam. — Por que não?
— Vou embora hoje à noite, — respondo e é uma luta
manter meus olhos nos dela, porque eles imediatamente se
enchem não de lágrimas, mas de dor.

Porra. Eu a puxo para mais perto e explico em um


murmúrio baixo em seu ouvido. — É difícil o suficiente,
Camille. Vai me matar fazer isso, mas eu só quero sair daqui
quando terminar. Eu preciso arrancar o Band-Aid, e você
também, para que possa seguir com sua vida.

— E você pode continuar com a sua, — ela sibila.


Eu me afasto para olhar para ela. — É o que
combinamos.

— Certo, — ela murmura baixinho, baixando os olhos


para o meu peito. Ela não diz mais nada.
Meu queixo levanta em outra varredura de perímetro.
Thomas e Juliana estão à minha esquerda, Dmitri e Paul a
meio metro deles. As pessoas se misturam, dançando. Os
garçons distribuem comida. Essas são os que observo de
perto — as pessoas que vieram de fora para este evento. Eles
estão todos vestidos com uniformes, calças pretas e camisas
brancas com coletes vermelho-rubi e gravatas-borboleta. O
vermelho não foi planejado, mas definitivamente os torna
mais fáceis de detectar e rastrear.

Passo por um grupo de cinco ou seis senhoras, todas


usando o que aposto milhões de dólares em joias e vestidos de
alta costura. Uma das senhoras — uma velha matriarca com
cabelos grisalhos em um coque — fala animadamente com
um pequeno sorriso, e também aposto que estão fofocando.
Ela interrompe sua conversa apenas para aceitar um coquetel
de uma garçonete, que habilmente carrega a mistura de
aparência frutada em uma bandeja em seu ombro.

A mulher matriarcal pega a bebida, acena com a mão


desdenhosa para a garçonete e engole um longo gole antes de
se lançar de volta à história que está contando. Meus olhos
começam a passar pelo grupo, mas a mulher engasga e deixa
cair sua bebida, ambas as mãos segurando sua garganta.
Seus olhos rolam, espuma escorre de sua boca e ela cai no
chão. As mulheres que a cercam gritam. A maioria da
multidão recua, mas alguns correm, incluindo vários agentes.

Já vi o suficiente, imediatamente procurando na


multidão para encontrar a garçonete que acabou de entregar
aquela bebida, que estava claramente envenenada.

Claramente, para causar uma distração.

Eu a localizo, entrando e saindo da multidão que ficou


curiosa e agora se espremendo sobre a mulher no chão. A
garçonete está indo direto para Thomas e Juliana, e observo
enquanto ela coloca a mão atrás das costas e começa a puxar
algo de debaixo do colete.

Ela desliza para fora... um longo canivete de plástico que


não teria sido detectado pelos detectores de metal e
provavelmente, chegou ao palácio enfiado em um
compartimento secreto de uma mochila ou algo semelhante.
As coisas acontecem muito rápido, e vou ter dificuldade
em falar durante o interrogatório mais tarde. A primeira coisa
que faço é olhar ao meu redor, virando Camille uma vez em
um giro de trezentos e sessenta graus para ter certeza de que
ninguém mais está vindo atrás dela. Disseram-nos que havia
apenas um assassino, mas não confio em nada que me foi
dito.

Não vejo ninguém fazendo um movimento, então libero


Camille e alcanço meu corpo com a mão direita para pegar
minha arma. Percebo vagamente que Leandra está ali, ao lado
de Camille.
Quando puxo minha arma, Camille engasga, mas não
dou um olhar. Eu localizo a garçonete que agora está com o
canivete na mão subindo pelo antebraço para que não seja
perceptível para Dmitri, Paul ou o rei e a rainha.

Eu levanto minha arma e aponto para a parte de trás de


sua cabeça. Mas eu hesito. O tiro mortal não seria o
movimento errado, mas essa pessoa tem informações.
Rapidamente, deixo cair minha mira, focando na parte
de trás de seu joelho direito, e aperto o gatilho uma vez. O
estalo da bala saindo da arma faz com que todos gritem e se
espalhem.

Eu ignoro tudo, observando o sangue espirrar da parte


de trás do joelho da assassina, pouco antes dela cair no chão.
Dmitri se move rápido, agarrando Thomas e puxando-o longe
e para fora de uma porta. Outro agente faz o mesmo com
Juliana, e Paul vai até a garçonete no chão que está se
contorcendo de dor e agarrando seu ferimento. Paul pega a
faca, lanço um olhar curioso e então move seu olhar do chão
para mim.

Dou-lhe um aceno de cabeça e pego Camille pelo braço.


Rapidamente, eu a conduzo por uma porta lateral, atravesso
vários corredores e a escolto até a sala do trono, nosso ponto
de encontro predeterminado caso algo acontecesse. Os dez
agentes diante da porta se separam e nos deixam entrar onde
encontramos Dmitri com os pais de Camille.
Camille se solta do meu aperto e corre para seus pais,
onde os três se envolvem em um abraço .
Não há nada para eu fazer aqui, mas muito o que fazer lá
fora. Quero ver o que essa puta assassina tem a dizer. Estou
assumindo que Paul está dando a ela cuidados médicos para
que ela não morra .

Eu me viro para sair da sala do trono, mas uma mão


aperta meu ombro.
— Senhor Gale, — Rei Thomas diz quando eu giro para
encará-lo. Sua mão se move do meu ombro enquanto ele a
oferece em um aperto de mão. — Obrigado pelo que você
acabou de fazer. Me salvando... também salvando Camille.

Eu relutantemente aperto sua mão, meus olhos se


movem para Camille, que está ao lado de sua mãe, seus
braços em volta da cintura uma da outra enquanto nos
observam. Minha atenção volta para Thomas. — Apenas
fazendo o meu trabalho. Agora, se você me der licença, tenho
mais o que fazer.

— Claro, — diz Thomas, e posso ver que ele quer dizer


mais — tenho certeza que um pedido de desculpas, talvez até
mesmo uma admissão de que me julgou mal — mas eu não
quero ouvir. Não muda nada. Porque depois de limparmos
tudo, garantir que o resto do palácio esteja seguro e
interrogar a assassina para verificar se ela é de fato a única,
estarei em um avião saindo daqui.
CAPÍTULO 24
CAMILLE
LÁGRIMAS CAEM PELO meu rosto enquanto Paul me
leva da pista do aeroporto de Bretaria de volta ao palácio.
Jackson perguntou se iria vê-lo, e não havia como eu perder
mais uma oportunidade de falar com ele, tocá-lo, beijá-lo ou
abraçá-lo. Mesmo despedaçando meu coração, fiz uma cara
corajosa e fui.

Demorou algumas horas para as coisas se acalmarem


depois que Jackson atirou na assassina, que descobrimos ser
uma assassina de aluguel imensamente popular. Mas ela se
calou e não nos deu nenhuma informação. Ela foi detida pela
polícia de Bretaria e eventualmente será julgada por tentativa
de homicídio. Talvez eles façam um acordo se ela delatar
quem a contratou. Dmitri me disse que ela é procurada em
outros países, então não há como dizer o que acontecerá
quando terminarmos com ela.

Sem nenhuma informação adicionada pelo assassino,


tivemos que confiar nas informações que a Europol obteve de
Colette Winterbourne, seu marido e seu filho. Nos últimos
dois dias, todos foram interrogados novamente e os três
submetidos a testes de detector de mentiras. Embora os
resultados não sejam admissíveis em nenhum processo
criminal futuro, os suspeitos mostraram estar dizendo a
verdade, que Colette orquestrou tudo sem envolvimento do
marido ou filho. Mais importante, Colette confirmou que não
há mais planos ou pagamentos feitos para qualquer ação
contra nossa família.

É um alívio com certeza, mas é algo que simplesmente


não consigo me importar agora. Jackson está voando no meu
avião, voltando para sua vida.
Paul silenciosamente enfia a mão no bolso do paletó e
tira um lenço, oferecendo-o para mim. Eu pego com um —
obrigada — e o deixo absorver o fluxo de lágrimas.

Eu provavelmente, não estaria chorando se nossas


despedidas tivessem sido do jeito que Jackson e eu pensamos
que seriam.

Com base em nossas repetidas declarações de que este


era um caso com uma data de validade definida, eu esperava
que pudesse haver um beijo apaixonado misturado com
arrependimento e carinho.
Eu teria dito algo como: — Você foi a melhor aventura
que eu poderia ter tido. Vou sentir sua falta.

E ele teria dito algo como: — Eu nunca vou te esquecer,


princesa. Se cuida.

Mas não foi nada disso que aconteceu. Paul apertou a


mão de Jackson e levou sua bagagem para o avião, enquanto
eu estava do lado de fora da porta do Bentley, que tinha nos
levado para o aeroporto. Jackson se inclinou contra ela, as
mãos indo para minha cintura, e me puxou para ele. Eu
imediatamente afundei em seu corpo, minha bochecha
pressionada em seu peito, e deixei que ele me abraçasse por
um longo tempo. Tentei memorizar a sensação dele, o cheiro.
Deleitei-me com a segurança que seus braços sempre me
traziam, e escutei seu batimento cardíaco pela última vez.

— Isso não parece certo, — ele finalmente disse, e eu


levantei minha cabeça. — Nunca conheci alguém tão certa
para mim e tão errada ao mesmo tempo.
Não pude deixar de rir, mas meu sorriso não durou
muito. — Gostaria que pudéssemos ir a algum lugar, sem
arrependimento ou preocupação, e começar uma nova vida.

— Isso seria perfeito, — ele admitiu suavemente, então


inclinou a cabeça para os meus lábios. Quando me liberou do
beijo suave, sua expressão era muito triste. — Mas essa não é
a nossa vida, é?

Balancei minha cabeça levemente. — Não, não é.

Jackson colocou a mão ao lado do meu pescoço, o


polegar sob meu maxilar, e fixou os olhos em mim. — Eu me
apaixonei por você, Camille. Duro. Mais do que eu jamais
soube ser possível. Meu coração está amarrado, e está doendo
pra caralho entrar naquele avião.

E foi aí que minhas lágrimas começaram. No minuto em


que ele as viu, amaldiçoou baixinho e me puxou de volta para
ele e me segurou enquanto eu chorava.

Eventualmente, porém, o empurrei para trás o suficiente,


para que eu pudesse ver seus olhos novamente. — Eu te amo,
Jackson Gale.
Eu meio que esperava que ele ficasse constrangido com a
declaração, talvez até um pouco assustado com a palavra com
A. Em vez disso, seu rosto se suavizou e ele sorriu para mim.
Suas duas mãos vieram para o meu rosto, e se inclinou para
perto. — Eu também te amo. E nunca haverá outra como
você.

Não aguentei mais um minuto. Fiquei na ponta dos pés,


pressionei meus lábios com força contra os dele, e então me
afastei. Dando um passo para trás, cruzei os braços sobre o
estômago porque doía junto com meu coração. Acenei com a
cabeça em direção ao avião e vi que Paul tinha voltado e
estava parado na base da escada para nos dar espaço.

Jackson parecia estar dividido. A certa altura, pensei que


ele me pegaria e me levaria a bordo, e não tenho certeza se
teria lutado.

Mas, no final das contas, ele sorriu — o sorriso mais


lindo que ele já me deu — e deixou que permanecesse no
lugar enquanto se virava e se afastava. Eu soube no minuto
em que ele saiu porque seus ombros se curvaram, enquanto
se dirigia para o avião.

Paul se moveu para o meu lado enquanto as escadas


eram recolhidas e perguntou: — Você gostaria de ficar e
assistir à decolagem?

Eu balancei minha cabeça. — Não. Vamos embora.

Eu tenho chorado no banco de trás desde então, nem


mesmo envergonhada por Paul estar testemunhando meu
colapso. Não tenho capacidade para me importar porque meu
coração está partido e dói demais pensar em outra coisa.

Quando chegarmos ao palácio, espero que as coisas


fiquem melhor. Mas ainda há vários carros de polícia e
agentes circulando. O que me surpreende é que meu pai está
parado embaixo da varanda quando chegamos. Ele abre
minha porta quando Paul para o carro.
— O que você ainda está fazendo acordado? Eu pergunto
a ele, certa de que eles já teriam se retirado há muito tempo.

— Eu estava esperando por você, — diz ele, estendendo a


mão. Eu pego e deixo ele me ajudar a sair do carro.

Meu pai estuda meu rosto. Consegui secar as lágrimas,


mas tenho certeza de que meus olhos e nariz estão vermelhos
como beterraba. Quando eu disse a ele que estava indo para o
aeroporto com Jackson para me despedir dele, meu pai
parecia querer dizer alguma coisa, mas não tinha certeza do
quê. Eu sei que ele se arrepende da maneira como tratou
Jackson, especialmente, porque ele salvou nossas vidas.
— Difícil dizer adeus? — ele adivinha enquanto coloca
minha mão em seu cotovelo e me leva para dentro.

Eu me inclino, coloco minha cabeça em seu ombro e a


levanto novamente. — O mais difícil.

Caminhamos em silêncio por um tempo até chegarmos


ao foyer e à grande escadaria. Eu levanto meu pé para dar o
primeiro passo, mas meu pai me segura, inclinando seu corpo
para olhar para mim. — Você o ama?
A pergunta me choca, e tenho que perguntar: — Você
quer dizer Jackson?

Meu pai acena com a cabeça, seus olhos curiosos, mas


também com um pouco de medo da minha resposta.
— Eu o amo mais do que jamais imaginei ser possível, —
digo a ele honestamente.

Franzindo a testa, meu pai inclina a cabeça. — Então por


que você o deixou entrar naquele avião?

Eu puxo minha mão do cotovelo do meu pai e realmente


olho para ele. — Por que? Por que?
— Sim, por que? — ele repete suavemente.

— Porque eu me lembro de você gritando com ele no meu


quarto não faz muito tempo, que ele não era bom o suficiente
e estava tentando se aproveitar de mim. Você e mamãe
pressionam pretendente após pretendente para mim, e todos
são ricos ou têm linhagem real. Por que diabos você acha que
eu o deixei entrar naquele avião?

Espero que meu pai fique desapontado.

Arrependido com certeza.

Em vez disso, ele revira os olhos. — Honestamente,


Camille... você se lembra que sua mãe não era rica nem de
sangue real quando me apaixonei e me casei com ela?

Meu queixo cai. Eu não tinha pensado nisso uma vez. —


Mas... isso foi uma violação de...
— Nada, — meu pai aponta. — A tradição nada mais é do
que isso. Não é uma regra ou uma lei.

— Mas você quer que eu me case com um membro da


realeza ou pelo menos com alguém rico, — eu insisto.
Meu pai inclina a cabeça, levantando os ombros. — Se
houvesse alguém melhor, sim, eu preferiria outro igual à sua
posição. Mas, na verdade, estou bastante ofendido por você
não pensar que sua mãe e eu desejaríamos nada menos do
que um amor verdadeiro para você.

— Bem, sim... eu sabia que você queria que eu me


apaixonasse, mas pensei que tinha que ser alguém igual à
minha posição.
Sorrindo como se pensasse que eu sou a coisa mais
preciosa do mundo, ele me puxa em seus braços e diz: —
Ninguém neste mundo poderia se igualar a você, mas se eu
tivesse que adivinhar, o Sr. Gale está tão perto de ser perfeito
para você quanto posso supor.
Dou alguns passos para trás do meu pai, minha boca
aberta. — Você está falando sério?

— Isso não é algo com o qual eu brincaria, — ele


resmunga, franzindo o nariz. — Encontrei o homem em seu
quarto, um fato com o qual ainda não estou feliz. Mas
suponho...

Suas palavras são cortadas quando me jogo em seus


braços, muito grata por ele ter aberto uma porta para mim.

Mas... é apenas uma porta para a cerca problemática que


nos é imposta. Eu me afasto, mordendo meu lábio inferior em
preocupação.

— O que é isso? — ele pergunta com preocupação.

Meus olhos levantam para encontrar os dele. — É só…


eu não sei se Jackson gostaria de vir para Bretaria para ficar
comigo, para fazer aqui a sua casa. Ele ama o que faz. Ele é
bom nisso. Ele ama seu país.

— Ele ama você? — meu pai pergunta, e parece que é um


pouco tarde para perguntar isso, mas eu aceno
distraidamente.

Ele me ama o suficiente para desistir de sua vida? Isso é


tudo a que se resume.

A percepção repentina de que eu estaria pedindo a ele


para fazer algo monumental para mudar a sua vida, e deixar
algo que ele ama... eu simplesmente... não posso.

Eu balanço minha cabeça. — Ele está feliz onde está e


com o que está fazendo.

— Não tenho dúvidas, — concorda meu pai. — Mas como


você sabe que ele não pode ser feliz aqui?

Eu dou de ombros. — Ele tem tudo a ver com ação e


aventura. Eu não acho que a vida de ser um membro da
realeza o satisfaria.

— Você nunca falou sobre isso? meu pai pergunta.

— Claro que não conversamos sobre isso. Nós nunca


passamos pelo fato de que ele não era da realeza e não tinha
dinheiro, então não era adequado. —
— Minha querida, — meu pai fala lentamente, — vocês
dois ao menos conversaram?

Meu rosto queima, quente com a conotação. Nós


conversamos. Claro, nós fizemos. Mas passamos muito tempo
sem falar. Isso não é algo que eu queira admitir ao meu pai.
Em vez disso, me recuso a ter esperanças sobre algo, que
provavelmente não vai acontecer porque Jackson não gostaria
desta vida. Tenho certeza de que o conheço bem o suficiente
para fazer essa suposição.

— Vamos levá-la para a cama, e então vou para minha


própria cama para dormir pelas próximas vinte e quatro
horas.

Eu deslizo minha mão na dobra de seu cotovelo e dou


um passo em direção às escadas. Sou interrompida porque
ele não se move, então olho para ele. Ele está esfregando o
queixo pensativo.
— Sabe, — ele diz lentamente, como se ainda estivesse
com as coisas circulando em sua cabeça, — eu poderia liberar
você como herdeira.

— O que? — Eu suspiro, e então imediatamente faço um


balanço de como isso me faz sentir. Eu balanço minha
cabeça. — Não. Eu amo demais a Bretaria para desistir do
meu papel aqui. Jackson absolutamente entendia isso e sabia
que era o que me faria feliz.

Os olhos do meu pai se iluminam de prazer. Mas ele sorri


novamente, desta vez como se tivesse a melhor ideia de todas.
— Então que tal licença sabática?

Não tenho certeza de onde ele quer chegar com isso, mas
o fato de meu pai não estar disposto a desistir da ideia de eu
e Jackson juntos é animadora. — O que você quer dizer?
— Você tira um tempo de Bretaria. Vá para os Estados
Unidos e passe com seu garoto. Seja livre para viver uma vida
que você nunca pensou em ter por causa das
responsabilidades sobre você.

— Por quanto tempo? — Eu pergunto duvidosamente.

— Sou um rei em forma e saudável, — diz ele, com o


queixo erguido em orgulho. — Vai demorar décadas até eu
deixar o cargo. Leve o tempo que quiser.

Eu me sinto tonta. Embora, eu não pudesse ficar longe


de Bretaria por décadas, adoraria a oportunidade de ver como
meu relacionamento com Jackson se desenvolveria. No
mínimo, eu gostaria de falar com ele sobre os “e se e talvez”. A
única coisa que meu pai fez foi me oferecer opções.

Muitas.

Agora só preciso ver se Jackson está interessado em


explorá-las comigo. Mas ele disse que me amava, então eu
tenho que confiar que ele vai.

— Eu deveria ligar para ele, — eu digo ao meu pai.

Ele, por sua vez, faz um barulho de escárnio e me olha


com decepção. — Minha querida... você estaria perdendo a
maior oportunidade de romance se não pegasse um avião e
seguisse seu homem para falar sobre isso pessoalmente.

— Ele está com o meu avião, — eu indico.


— Acontece que eu tenho alguns meus, — ele retruca. —
Você pode pegar um emprestado.

— Agora? — pergunto incrédula.

Meu pai balança a cabeça e mais uma vez enfia minha


mão em seu cotovelo. Ele me leva até as escadas. — Primeiro,
você precisa dormir um pouco, assim como eu. Descanse, e
nós a enviaremos em breve.

— Devo ligar para ele ou deixar que seja uma surpresa


quando eu aparecer? — Eu pergunto, quase tonta de
excitação.

Rindo, meu pai repreende: — Onde está seu senso de


romance? Claro, você aparece como uma surpresa sem aviso
prévio. Honestamente, você não aprendeu nada com a
maneira como eu namoro sua mãe?

Eu rio e ouço meu pai elaborar alguns de seus melhores


esquemas enquanto subimos as escadas.
CAPÍTULO 25
JACKSON
CRISTO, ESTOU CANSADO. Pensei em dormir no voo e
ficar um pouco revigorado, mas não consegui conciliar o sono.
Tudo o que eu conseguia pensar foi ter deixado Camille no
aeroporto de Bretaria, chorando.

Nós dois finalmente dizendo o que estávamos sentindo.

Que nos amamos.

Então nos separamos, e foi isso.

Não há nenhuma paz dentro de mim, e não consegui


encontrar calma suficiente para fechar os olhos e dormir.
Tudo parece errado, estou extremamente ferido .

Morar na sede da Jameson, em um dos cinco


apartamentos que Kynan construiu no quarto andar, é
bastante conveniente quando se trata de meu trajeto. Chego
em casa quase às 7:00 da manhã, Kynan me mandou uma
mensagem mais cedo para relaxar e descansar hoje, que
falaríamos e conversaríamos amanhã.

Mas não quero esperar pelo amanhã. Desfaço as malas,


lavo a roupa e faço uma omelete. Tomo banho, visto algumas
roupas e agora com um copo de café na mão, desço até o
segundo andar, onde fica o escritório de Kynan.

Passo por vários colegas de equipe e de trabalho ao longo


do caminho. Ladd está em sua mesa no box e grita: — Bem-
vindo de volta, idiota.

— Morda-me, idiota, — eu respondo carinhosamente. Há


algo de bom em estar de volta.

— Almoço? — ele pergunta, e eu dou-lhe um polegar


para cima. Estou desejando o Primanti's.

Quando me aproximo do escritório de Kynan, que tem


paredes de vidro como todos os escritórios do perímetro, noto
que ele está sozinho. Estou feliz — quero acabar com isso, e
esperar não é meu forte.

Ele olha para cima e vê me aproximando, então não


preciso bater. Ele acena para mim e se levanta de sua mesa,
estendendo a mão. — Bem-vindo de volta, — diz ele
alegremente.

Apertamos as mãos. — Obrigado. Bom estar de volta.

Mentira.

Kynan aponta para uma cadeira e me sento. — O que


você está fazendo aqui? — ele pergunta, sentando-se
novamente. — Nosso relatório não é até amanhã. Achei que
você estaria recuperando o sono.

— Sim, bem, eu pensei que se estiver tudo bem para


você, nós simplesmente acabamos com isso.

— Claro, — responde Kynan e se recosta em sua cadeira.


— Recebi seu relatório escrito até o dia anterior à festa de
aniversário.
E ele sabe o que aconteceu na festa, pois tivemos uma
longa conversa não muito depois de eu atirar na assassina,
com um tiro bem colocado e muito doloroso na parte de trás
do joelho. Ela vai mancar pelo resto da vida, mas não é como
se ela precisasse andar muito na prisão. Ela vai ficar bem.

— Eu tenho que dizer, — Kynan fala lentamente,


inclinando-se para trás e apertando as mãos atrás da cabeça,
— esta acabou sendo uma das missões mais emocionantes.
Embora Saint possa lhe dar uma corrida pelo seu dinheiro
com suas travessuras de assalto.

Eu ouvi tudo sobre isso, assim como Cruce protegendo a


sobrinha do presidente e Bebe pegando um mafioso russo que
armou para ela ir para a prisão.

Eu aceno, sorrio, e então olho Kynan nos olhos. — Tive


um relacionamento inadequado com Camille Winterbourne
durante a missão.

A boca de Kynan se abre por um momento, mas ele se


recupera, nem mesmo se movendo de seu assento, relaxado,
recostado na cadeira. — Se importa de explicar?

Eu dou de ombros. — Fizemos sexo, mais sexo e ainda


mais sexo. Os sentimentos se desenvolveram. Eu me
apaixonei por ela, ela por mim, mas é uma princesa e não sou
da realeza, então ela está lá e eu aqui. Apenas pensei que
deveria divulgar meu comportamento inadequado caso você
queira me demitir.
— Por que eu iria demiti-lo? — Kynan pergunta
secamente, agora se endireitando em sua cadeira. Ele se
inclina para frente, coloca as mãos na mesa e diz: — Eu
estava fazendo sexo com Joslyn enquanto a protegia.

Eu pisco para ele com surpresa, e ele diz: — História


verdadeira. Mas eu preciso saber, isso comprometeu seus
deveres de alguma forma?
Eu balanço minha cabeça. — Eu, provavelmente, estava
ainda mais focado em protegê-la.

— E, finalmente, você fez o trabalho, atirando no


assassino, salvando a vida do rei e mantendo sua filha
segura. Estou surpreso que ele não a tenha oferecido em
casamento ou mesmo em uma bandeja por um trabalho tão
bem feito.

Eu bufo, imaginando Camille em uma bandeja cercada


de frutas, uma maçã na boca.
A expressão de Kynan suaviza. — É uma merda deixar
alguém que você ama.

— Tudo é uma merda, — eu murmuro, pegando um fio


solto no meu jeans.

— Então volte e pegue ela, — sugere Kynan, e meus


olhos se encaixam nos dele. Ele olha para mim como se o que
ele disse tivesse mérito. — Se vocês se amam, não tenho
certeza do que está fazendo aqui.
— Eu trabalho aqui, — eu indico.
— Não seja idiota, — ele retruca e isso me faz sentar
mais ereto. — Se vocês se amam, vocês farão dar certo.

— Seria meio difícil fazer meu trabalho em Bretaria. — O


sarcasmo na minha voz é espesso.
É com grande decepção que Kynan me considera. Eu
posso ver em sua expressão que ele pensa que sou cerca de
dez diferentes tipos de idiota. — Você pode fazer seu trabalho
de qualquer lugar, você sabe. Viva em Bretaria, encontre uma
equipe no Congo para uma missão. Seria como uma
implantação.

Minhas sobrancelhas se contraem com ceticismo. —


Você me deixaria fazer isso?

Kynan não responde, apenas me deixa concluir que sua


oferta é sincera.
E embora eu aprecie, isso realmente não resolve meu
problema. — Ainda não combinamos adequadamente.

— O que diabos isso significa? — ele pergunta.

— Ela é da realeza, pelo amor de Deus, — eu rosno. — É


tradição. Você tem que ser de sangue azul ou multi-milionário
para sequer olhar para ela.
— Oh, besteira, — diz Kynan com um aceno de desdém.
— Thomas se casou com Juliana, cuja única fama foi ter
jogado vôlei pelo Brasil nas Olimpíadas. Ela não era da
realeza, nem rica e nem sequer estava no topo das jogadoras
de vôlei da época, já que elas não conquistaram medalhas.
Eu recuo como se ele tivesse acabado de me dar um soco
no peito. Enquanto eu inspiro, sibilo um pouco.

— Nunca passou pela sua cabeça, não é? — ele


pergunta.
— Não, isso não aconteceu, — murmuro, então uma
sensação horrível flui através de mim. — Mas certamente
Camille pensou nisso em algum momento. Era ela quem
sempre apontava os requisitos que tinha que cumprir para
um casamento.

Kynan balança o dedo. — Não. Você não pode fazer isso.

— Fazer o que? — Eu pergunto com uma carranca.


— Questioná-la. Especialmente quando ela não está aqui
para se defender.

Eu ouço o que ele está dizendo, mas foda-se se essa


dúvida não explode em algo maior. Os olhos de Kynan
passam por mim para olhar algo fora de seu escritório. Sua
boca se curva em um sorriso, e ele gesticula com a mão para
alguém entrar.

Suspiro, porque quero continuar a conversar sobre isso


com Kynan. Ele é o otimista claro, e decidi que somos
impraticáveis. Eu preciso que ele me dê algum bom senso e
racionalidade.
Há uma leve batida no batente da porta de metal. — Não
quero interromper.
Meu corpo fica dormente e o pelo se levanta na parte de
trás do meu pescoço. Conheço aquela voz doce, mas não...
não tem jeito.

Kynan se levanta, olhando para a pessoa atrás de mim.


Não tenho coragem de me virar e ver se meus ouvidos estão
pregando peças em mim.

Então Kynan dá a volta em sua mesa, passando por mim


com a mão estendida. — Princesa Camille… é muito bom
conhecê-la. Eu sou Kynan McGrath.

Meus ouvidos começam a zumbir e nem ouço o que


Camille diz em resposta. Conhecendo-a, provavelmente disse
a ele para chamá-la de Camille porque ela é descontraída
assim.

Eu giro a minha cadeira e me viro, e sim... lá está ela.


Parecendo um pouco amarrotada, com olheiras, mas a mesma
linda e indomável Camille Winterbourne.
Ela olha além de Kynan para mim e oferece um leve
sorriso de incerteza.

— Bem, agora que Jackson terminou com sua merda, —


Kynan diz suavemente, mas nenhum de nós olha para ele. —
Por favor, sinta-se à vontade para usar meu escritório pelo
tempo que precisar.

Miserável?

Não posso deixar de olhá-lo, e ele pisca quando sai e


fecha a porta atrás dele.
Minha cabeça gira de volta para Camille. Eu a observo da
cabeça aos pés e depois faço de novo. — O que você está
fazendo aqui?

— Um...
— Não importa, — eu murmuro e a pego em meus
braços. Minha boca está quente na dela, e não tenho certeza
se alguma vez senti algo tão certo quanto isso.

Seus braços vão ao redor do meu pescoço, dedos


enfiando no meu cabelo, e a beijo como se minha próxima
respiração dependesse disso. Eu a inclino para trás, beijo-a
pelo que parece uma eternidade, mas então uma sensação
estranha e desconfortável toma conta de mim. Eu levanto
minha cabeça lentamente e olho pela janela do escritório de
Kynan. Várias pessoas estão nos observando, e no minuto em
que faço contato visual com elas, se espalham como baratas.

Movendo meus olhos de volta para Camille, a deixo de


pé, mas não a solto. — Mais uma vez, o que você está fazendo
aqui?

Seus braços ficam em volta do meu pescoço. — Vim


buscar você.

— Me buscar? — Eu pergunto, sem entender o que isso


significa, mas pelo jeito que meu coração começa a bater
forte, acho que tenho um pressentimento.

— Sim, — ela diz com um sorriso. — Eu quero que você


fuja comigo... para onde você quiser. Em algum lugar aqui
nos Estados Unidos ou na Europa ou mesmo na África. Onde
quisermos ir.

— Férias prolongadas? — Eu provoco, porque sei que ela


está falando sobre algo grande.

Em vez de responder, ela adiciona um novo destino. —


Para Bretaria, se você quiser.

Ainda fico imóvel mesmo assim.

Bretaria? Onde ela deve se casar com um rei rico?

Camille respira fundo e, quando solta o ar, diz: —


Aparentemente, toda essa coisa de realeza e riqueza não é um
verdadeiro pré-requisito para o meu príncipe.

— Quem disse? — pergunto curioso.

— Meu pai.

Estou confuso. — Mas… não foi ele quem disse o tipo de


homem com quem você tinha que se casar? Eu sei muito bem
que foi ele quem me disse que eu não era bom o suficiente
para você.

— Quanto a este último, ele se arrepende dessas


palavras e disse que estava com raiva, — explica ela. —
Quanto ao primeiro, ele nunca disse que este é o tipo de
homem com quem você tem que se casar. É só que ele e minha
mãe continuaram empurrando esse tipo de homem para mim,
pois era a preferência deles. Mas meu pai me disse que
preferia que eu fosse feliz e apaixonada, não importa de onde
o homem seja ou quanto dinheiro tenha em sua conta
bancária.

Estou pasmo. Isso é enorme.

— Seu pai agora está brincando de casamenteiro, hein?


— Eu pergunto.

— Ele, literalmente, me empurrou em seu avião para vir


atrás de você, — ela responde, e eu rio da imagem. — Claro,
ele insistiu que eu fosse para a cama e tivesse uma boa noite
de sono primeiro.

— Se você dormiu, então como você chegou aqui tão


rápido?

Camille ri. — Acontece que o avião do meu pai é muito


maior que o meu – e muito mais rápido.

— Faz sentido. — Sorrimos um para o outro, sem


necessidade de palavras, apenas felizes por estar nos braços
um do outro. Agora temos potencial.

Potencial sério para sermos algo.

— Você disse que poderíamos ir a qualquer lugar, — eu


digo, voltando à terra. — Você não abriu mão do seu direito à
coroa, não é?

— Não, — ela responde, saindo do meu abraço e


apertando as mãos. — Meu pai me deu várias opções e, bem,
acho que preciso saber se alguma lhe interessa.

— Escolhas?
Camille assente. — Você poderia voltar para Bretaria
comigo com a total aprovação do meu pai. E não haveria
pressão para sermos outra coisa além do que somos agora,
embora meu pai pareça pensar que seremos muito mais.

Foda-se… Eu também acho. O rei é inteligente.


— Ou, — ela continua, — eu posso tirar algum tempo.
Uma licença sabática é como ele disse, e posso vir e estar aqui
com você, para que possamos ver o que podemos nos tornar.

— Ou, — ela diz em uma voz sombria, e posso ouvir em


seu tom que ela vai considerar isso, mas não será a escolha
certa para ela, — ele vai me deixar abdicar do meu direito, e
escolherá outro membro da família como seu herdeiro. Posso
estar livre da coroa para sempre.

— Não é uma opção, — eu rosno, estendendo a mão para


pegar as suas. — Você ama Bretaria e as pessoas. Você tem
um profundo senso de dever para com eles. Você não estar
envolvida na monarquia e nas minas não é uma opção.

— Mas não quero que você desista do seu emprego aqui,


— diz ela, apontando um dilema para ela. — Não posso pedir
para você desistir do que ama para que eu possa ter o que
amo.

— Eu não tenho que desistir, — eu explico. — Quer


estejamos morando em Bretaria, na África ou em outro lugar,
ainda posso trabalhar para Jameson. Poderei ir em missões,
não importa onde esteja baseado.
Os olhos de Camille se iluminam esperançosamente. —
Sério? Isso é incrível.

— Então, a única pergunta é... para onde vamos? — Eu


levanto suas mãos à minha boca e beijo os nós dos dedos de
um, depois do outro.

— Gostaria de ver Pittsburgh, — diz ela, — talvez


começando pelo seu apartamento.

Sim, eu também gostaria. Eu a beijo novamente,


envolvendo-a firmemente em meus braços. Quando afasto
minha boca da dela, digo: — Quero visitar meus pais. Quer
ficar em uma antiga casa de fazenda?

— Eu adoraria, — ela responde brilhantemente. — E


talvez possamos ver um pouco mais de DC?
Eu aceno, olhando o rubor em suas bochechas e o brilho
em seus olhos. Vendo seu rosto e ouvindo suas palavras... ela
está feliz.

Muito, muito feliz, e isso significa que eu também estou.

— Depois, — digo, sem precisar pensar muito, —


voltaremos para casa em Bretaria.

Camille suspira. — Sério? Você gostaria de fazer isso?

Eu levanto uma sobrancelha. — Seu pai não vai me jogar


em sua masmorra, vai?

Ela ri e balança a cabeça. — Não há masmorra.


— Não foi isso que Dmitri disse, — murmuro, mas então
fico sério para que ela saiba que não estou tomando minha
decisão de ânimo leve. — Mas sim, realmente... eu quero que
a gente vá para Bretaria. Eu quero que você seja a melhor
princesa de todos os tempos e administre essas minas como a
chefe que sei que você é. E trabalharei para Jameson e farei
missões quando não estiver ajudando você a fazer o que
quiser que eu faça.

— Sonhos se tornam realidade, — ela murmura, mais


para si mesma do que para mim. Mas então seus olhos se se
enchem de lágrimas. — É muita pressão… estar comigo e o
que eu faço.

— Esperando que me torne um príncipe, teria ainda


mais pressão, hein?

Olhos tão grandes quanto pires, ela pergunta hesitante:


— Você gostaria de ser um príncipe?

— Eu sei que quero estar com você para sempre, então


se isso significa me tornar um príncipe, suponho que eu
poderia viver com isso. Mas se e quando chegar a hora de
colocar esses desejos em ação, farei a proposta formal, ok?

— Ok, — ela sussurra.

— Eu poderia pedir ao seu pai para pegar emprestado


um rubi apropriado, no entanto, — eu digo.

Camille balança a cabeça. — Um diamante, por favor.


Pode ser pequeno. Tenho joias ostensivas suficientes.
Eu rio enquanto aceno. — Combinado.

Os olhos de Camille se enchem de lágrimas, e temo ter


dito algo errado.
— Ei, — eu a encorajo , pegando uma lágrima no meu
dedo. — Não chore.

— Estou apenas... tão feliz. Ontem, ou foi anteontem,


não sei... estou tão desconcertada com tudo o que
aconteceu... terminamos. Nós nos despedimos. Nada iria
mudar isso. E agora…

— E agora, nossa vida começa, — eu termino para ela. —


Eu posso estar com a mulher que amo e posso viver meus
dias fazendo-a feliz.
— Eu não sei se você pode me fazer mais feliz, Jackson,
— ela diz em um pequeno soluço. — Mas eu te amo tanto e
estou disposta a deixar você tentar. Desde que eu tenha a
mesma oportunidade.

Eu rio e a puxo para perto, abraçando-a com tanta força


que ela engasga. — Que tal irmos para o meu apartamento
agora e nos fazermos ainda mais felizes?

O sorriso de Camille brilha mais forte que o sol quando


ela pega minha mão e me puxa para a porta. — Essa é a coisa
mais inteligente que qualquer um de nós disse até agora.
Vamos lá.
E sigo a mulher dos meus sonhos em direção a uma
realidade que nunca pensei ser possível.
FIM
Notes

[←1]
Um anfiteatro ( inglês britânico ) ou anfiteatro ( inglês americano ; é um
local ao ar livre usado para entretenimento, apresentações e esportes. O termo deriva
do grego antigo que significa "em ambos os lados" ou "ao redor" , que significa
"lugar para visualização
[←2]
o estranho
[←3]
Galley. É onde os comissários preparam todos os serviços de refeição, com
utensílios para aquecer comidas e bebidas.
[←4]
Na medicina, um stent ou estente[1] é uma endoprótese expansível,
caracterizada como um tubo (geralmente de metal, principalmente nitinol, aço e ligas
de cromo e cobalto) perfurado (em forma de malha) que é inserido em um conduto
do corpo para prevenir ou impedir a constrição do fluxo no local causada por
entupimento das artérias, ou para reconstruir uma artéria acometida por aneurisma.
[←5]
O clube da milha é uma gíria para o grupo de pessoas que tiveram relações
sexuais a bordo de uma aeronave em voo.
[←6]
Relativo a cavalos, a cavalaria, a cavaleiro ou a equitação. 2. Que se faz
a cavalo ou em cima de cavalos.
[←7]
Inteligencia ar ficial
[←8]
A figura do operador está entre os grupos com mais risco de lesões: BOB foi
projetado para inverter esta tendência.

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