Ficha Técnica: Nome: O Tempo dos Operários Autor: Stan Neumann Episódio: 04
O quarto episódio da série “O tempo dos Operários”, denominado “O tempo da
destruição”, irá tratar de uma classe operária já consolidada, a qual busca, no século XIX, organizar-se de acordo com suas respectivas ideologias e combater regimes como fascismo e o nazismo para alcançar uma sociedade livre de qualquer exploração. O ano de 1932, na Bélgica, foi marcado por uma série de homenagens aos 50 anos da morte de Karl Marx, pensador alemão do socialismo científico, o qual viria a ser, para muitos grupos organizados de trabalhadores, a ciência da classe operária. É na década de 30, também, que gesto do punho fechado apontado para cima irá ganhar força como símbolo da luta proletária. Essa simbologia ganhará popularidade, inicialmente, durante a Guerra Civil Espanhola, pela sua utilização por parte da Frente Popular, movimento de esquerda formado em 1936, a qual lutará contra o fascismo franquista. Durante o mesmo período, na França, greves são instauradas em mais de 12 mil empresas por todo o país, reivindicando melhores condições de trabalho. As greves saem vitoriosas e conquistam direitos como a jornada de trabalho de 48h, férias remuneradas e convenções coletivas. As experiências de esquerda que ganhavam espaço na Europa estavam divididas. De um lado há aqueles que seguem as ideias de Marx, como economia planificada e centralismo democrático, em busca de atingir o socialismo e, finalmente, o comunismo. Do outro, se encontravam os anarquistas, seguidores de Mikhail Bakunin, os quais, ao contrário dos anteriores, que buscavam a conquista do Estado, inicialmente, por parte da classe trabalhadora, almejavam a destruição desse órgão. Para os anarquistas, apenas a anarco-sindicalismo da gestão operária poderia trazer bem-estar para a população. Contudo, diferente do primeiro grupo, esses se utilizavam de táticas, muitas vezes, mal preparadas e sem estratégia. Roubos e destruição do patrimônio público configuravam alguma dessas ações. É possível identificar essa característica nos Pirineus espanhóis, o epicentro do anarquismo. Em 1930, mineiros da região tentam uma revolução, porém sem nenhuma tática bem construída, apenas de acordo com a espontaneidade do movimento. O resultado é o fracasso da insurgência, porém, para eles não se tratava de sair vitorioso ou derrotado. Um dos grandes objetivos era exercitar essas práticas nos anarquistas para agirem melhor em outras oportunidades, como uma ginástica revolucionária. Finalmente, na Espanha, mesmo com ajudar internacional ao lado da Frente Popular, o franquismo, com financiamento da Itália fascista e da Alemanha nazista, sai vitoriosa na guerra civil e deixa um rastro de 500 mil mortos no país. No mesmo contexto, em outras partes da Europa, é possível ver a consolidação de diversas ideologias autoritárias, pautadas na superioridade racial e na opressão de determinados grupos, especialmente a classe operária. Na Alemanha, por exemplo, cerca de 7 milhões de estrangeiros foram levados até o país para exercer um trabalho forçado.
(Routledge Studies in Fascism and the Far Right) António Costa Pinto - An Authoritarian Third Way in the Era of Fascism_ Diffusion, Models and Interactions in Europe and Latin America-Routledge (2021)