Você está na página 1de 315

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Zamignani, Denis Roberto


A pesquisa de processo em psicoterapia: o desenvolvim ento do SiMCCIT (Sistema
Multidimensional para a Categorização de Com portam ento na Interação Terapêutica),
volume 1/ Denis Roberto Zamignani, Sonia Beatriz Meyer. - 1. ed.
São Paulo: Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento, 2014.

ISBN 978-85-62550-06-5

1. Análise comportamental 2. Psicologia 3. Psicoterapia 4. Terapia do comportamento


I. Meyer, Sonia Beatriz. II.Título.

CDD-616.8914
NLM-WM 420
14-10825

índices para catálogo sistemático:


1. Psicoterapia: Medicina 616.8914

Editor | Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento

Coeditora ] FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo *

Projeto gráfico e diagramação | Mila Santoro

Revisão ortográfica | Francisco Carlos Peixoto

Adequação às normas da APA | Dante Marino Malavazzi

* “As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de


responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.”

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A PESQ U ISA DE PRO CESSO EM PSICOTERAPIA


O desenvolvimento do SiMCCIT
Sistema Multidimensional para a Categorizaçõo de
Comportamentos na Interação Terapêutica
Denis Roberto Zamignani e Sonio Beatriz Meyer

Apresentação 7
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Prefácio 11
Sérgio Vasconcelos de Luna
SEÇÃO
Origem e desenvolvim ento do SiMCCIT

Capítulo 1 19
Avaliação sistemática da literatura sobre categorização de com portam entos
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Capítulo 2 45
Desenvolvim ento e avaliação de concordância do SiMCCIT
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Capítulo 3 61
Um exercício de descrição do processo terapêutico analítico-comportamental
com base nas categorias de com portam ento do SiMCCIT
Denis Roberto Zamignani

Capítulo 4 83
Aplicação do SiMCCIT em um conjunto de sessões de terapia
analítico-comportamental
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Capítulo 5 107
Possibilidades de sistematização dos dados (10)
Denis Roberto Zamignani, Roberto Alves Banacoe Sonia Beatriz Meyer

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SEÇÃO
2 Discussões para o desenvolvim ento e aprim oram ento do SiMCCIT

Capítulo 6 127
Ajustes no SiMCCIT com criação de banco de dados de
com portam entos de terapeutas comportam entais
Sonia Beatriz Meyer

Capítulo 7 149
Algumas considerações sobre as categorias do SiMCCIT sob a
perspectiva de uma terapeuta-pesquisadora-participante
Patrícia Rivoli Rossi e Sônia Beatriz Meyer
SEÇÃO
| ---------- 3 Apêndices

Apêndice I 161
Manual revisado para categorização do Sistema M ultidim ensional de
Categorização de Com portam entos da Interação Terapêutica - SiMCCIT
_____________________________________________ I--------------------

Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Apêndice II 291
Apresentação do treino sistemático
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Apêndice III contracapa da publicação


Categorias resumidas
Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer

Referências 301

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SOBRE OS AUTORES

Denis Roberto Zamignani


Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Scão Paulo (2008), psicólogo (1996) e

mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento (2001) pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo; Coordenador e docente do Programa de Mestrado

Profissional em Análise do Comportamento Aplicada, além de supervisor e docente no Curso

de Especialização em Clínica Analítico-Comportamental do Núcleo Paradigma de Análise

do Comportamento. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina

Comportamental na gestão 2010-2011, da qual é membro desde 1994 e presidente eleito

para a gestão 2015-2016. Membro eleito da Comissão de Acreditaçào de Analistas do


Comportamento da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental, gestão

2014. É coordenador do grupo de pesquisa processo-resultado do Núcleo Paradigma de

Análise do Comportamento. Membro do corpo editorial das Revistas Perspectivas em

Análise do Comportamento e Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva.

Patrícia Rivoli Rossi


Graduada em Psicologia (2007) pela Universidade de Taubaté, possui mestrado (2012) em

Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, especialização em Terapia Cognitivo-

Comportamental pela Universidade de São Paulo (2008) e especialização em Educação


pela Universidade de Taubaté (2007). Atualmente é professora auxiliar I da Universidade de

Taubaté (desde 2012), professora do Curso de Aperfeiçoamento em Clínica Comportamental

do INTERAC (desde 2013) e psicóloga clínica (desde 2008).

Roberto Alves Banaco


Psicólogo, doutor em Ciências (área de concentração: Psicologia Experimental) pelo
Instituto de Psicologia da USP. Professor da PUC-SP, onde ministra cursos na graduação

em Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do


Comportamento. Foi presidente da ABPMC (gestão 1996/1997), e editor da Revista Brasileira

de Terapia Comportamental e Cognitiva. É coordenador pedagógico; coordenador e

docente do Programa de Mestrado Profissional em Análise do Comportamento Aplicada;


terapeuta (adultos, casal, família e grupo); Coautor do projeto do Curso de Especialização em

Terapia Analítico-Comportamental, do qual é também coordenador, professor e supervisor


no Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Sérgio Vasconcelos de Luna


Doutor em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1983).

Professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, filiado aos programas de

Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação, e Psicologia Experimental: Análise do


Comportamento. Publicou livros, capítulos de livros e artigos em periódicos especializados.
Orientou dissertações de mestrado e de doutorado nas áreas de educação e psicologia.

Participou de inúmeros projetos, um dos quais em nível internacional. Atua na área de

psicologia, com ênfase em psicologia experimental.

Sonia Beatriz Meyer


Livre-docente no Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da

Universidade de São Paulo. Mestra pela Western Michigan University e doutora pela

Psicologia Experimental da USP. Professora na graduação e na pós-graduação, orientadora

de mestrado e de doutorado e supervisora clínica em serviços à comunidade no Serviço

de Terapia Analítico-Comportamental do Laboratório de Terapia Comportamental do

Instituto de Psicologia da USP. Coordena um projeto de pesquisa intitulado Análises

Comportamentais de Sessões de Psicoterapia.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

APRESENTAÇAO

Denis Roberto Zamignani


Sonia Beatriz Meyer

E tudo começou com uma provocação...

O ano era 1952. Um a publicação do psicólogo britânico H ans Eysenck caiu com o
um a bom ba na com unidade de psicoterapeutas. Em um estudo científico, Eysenck
não encontrou diferença significativa quando com parou os dados de m elhora dos
sintom as cie pacientes que haviam sido subm etidos à psicoterapia com os daqueles
que estavam em fila de espera para atendim ento ou que foram “tratad o s” p o r clínicos
gerais. Em outras palavras, o estudo de Eysenck dizia que a psicoterapia não passava de
um procedim ento inócuo e que seus resultados não eram m ais efetivos do que “tocar
a vida” e não fazer tratam ento algum.
O estudo de Eysenck (1952) desencadeou m uitas críticas da com unidade
profissional, mas seu efeito m ais benéfico foi dar im pulso ao nascim ento de um a am pla
linha de pesquisa que até hoje produz frutos. D esde então, u m a eno rm e q u an tidade de
pesquisas - denom inadas p e s q u is a s d e re su lta d o - foi desenvolvida para d em o n strar a
efetividade da psicoterapia. E studos desenvolvidos p o r terapeutas das m ais diferentes
abordagens, em todo o m undo, p roduziram evidências para a refutação da hipótese de
Eysenck. Graças a essa linha de pesquisa, sabe-se hoje que a psicoterapia é um serviço
que funciona e tam bém que algum as m odalidades de psicoterapia são m ais efetivas
que outras para alguns tipos de problem as.
À m edida que os pesquisadores foram encontrand o respostas para sua pergunta
inicial, ainda persistia certa insatisfação. Sabia-se que a psicoterapia funcionava,
m as restava com preender o que exatam ente ocorre d entro da psicoterapia que
faz com que ela seja ou não efetiva. Era o m om ento de se voltar para o interior do
processo terapêutico e investigar, m om ento a m om ento, os processos de m udança que

apresentação 7
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

nele ocorriam . Assim, no início dos anos 60, sessões de psicoterapia com eçaram a
ser registradas em áudio ou vídeo e analisadas em busca de identificar padrões de
interação relacionados à m udança terapêutica. Nesses estudos, d enom inados p e sq u isa
d e processo, os pesquisadores desenvolviam categorias para identificar classes de
com portam ento que ocorriam na interação terapêutica. Nessa linha de pesquisa,
tam bém desenvolvida por pesquisadores de todo o m u n d o nas m ais diferentes
abordagens, trabalhos im portantes foram desenvolvidos e lançaram luz sobre m uitos
dos processos envolvidos na m udança terapêutica.
No Brasil, W ielenska (1989) foi a prim eira analista do co m p o rtam en to a investigar
o processo de interação na psicoterapia, mais especificam ente na supervisão de
terapeutas. A pesquisadora lançou m ão de um procedim ento de análise da interação
pesquisador-sujeito, desenvolvido por Simão (1982). O procedim ento consistia em
atividades form alm ente planejadas pelo pesquisador para que o participante fizesse
relatos sobre um fenôm eno-terna em um a série de sessões. Nas entrevistas conduzidas
p or W ielenska, com base no relato prévio do terapeuta, eram selecionados fenôm enos-
terna p ara aprofundam ento do relato que, por sua vez, dava origem a novos tem as para
posteriores entrevistas. A autora identificou, com o uso do procedim ento, m udanças
na atuação do terapeuta-participante. O estudo de W ielenska é im p o rtan te p o r ter
voltado a atenção para o processo de m udança duran te a intervenção, m as ainda tinha
com o interesse o relato do terapeuta sobre o processo.
Foi no trabalho de M argotto (1998), sob a orientação da Dr.a Rachel Rodrigues
K erbauy na U niversidade de São Paulo, que o prim eiro estudo de processo envolvendo
a filmagem e categorização de com portam entos na interação terapêutica analítico-
com portam ental foi desenvolvido no Brasil. P aralelam ente ao estudo desenvolvido
pelas autoras, R oberto Banaco dava início, na PUC-SP, a um a linha de pesquisa sobre
a tom ada de decisão do terapeuta ao longo do processo terapêutico, inicialm ente
orientando dois trabalhos: o prim eiro de Iniciação científica (Zam ignani, 1995) e o
segundo de Trabalho de C onclusão de Curso de G raduação em Psicologia (Kovac,
1995). Banaco partia das sessões registradas em vídeo para conduzir entrevistas
(procedim ento sem elhante ao de W ielenska, 1986) com os terapeutas-participantes
sobre episódios ocorridos na interação. Os trabalhos desenvolvidos por K erbauy
e Banaco deram o pontapé inicial em um a profícua linha de pesquisas voltada ao
estudo sobre o processo terapêutico em terapias de base analítico-com portam ental,
que envolveu pesquisadores de todo o país. Têm sido significativos os trabalhos

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

desenvolvidos em Belém do Pará, sob a orientação do Prof. Dr. Em m anuel Zagury


T ourinho; em C uritiba, sob a orientação da Prof> D r/’ Yara K uperstein Ingberm an
e mais recentem ente da Prof.” Dr.a Jocelaine M artins da Silveira; em Bauru, sob a
orientação da Prof> Dr.a A lessandra T urini Bolsoni-Silva, além de outros im p o rtan tes
centros de pesquisa que têm contribuído para o m apeam ento de im portantes variáveis
do interior do processo terapêutico analítico-com portam ental.
Na U niversidade de São Paulo, desde a década de 1990, estudos sobre o processo
terapêutico analítico-com portam ental têm sido conduzidos no D epartam ento de
Psicologia Clínica, sob a orientação da Prof.a Dr.a Sonia Beatriz Meyer. As pesquisas
tinham po r objetivos desenvolver e avaliar m étodos de coleta de dados de sessões
psicoterapêuticas que identificassem os efeitos que os co m portam entos de um
m em bro da díade terapeuta-cliente produzem sobre o outro. U m a das principais
preocupações foi a obtenção de m edidas repetidas ao longo do processo, por
p erm itirem estim ativas sobre o grau de variabilidade no co m p o rtam en to de interesse,
seu nível de ocorrência c tendências aparentes. D entre os diversos delineam entos
em pregados, destacam -se os estudos descritivos (Barbosa, 2001; Brandão, 2003; Del
Prette, 2006 e 2011; Kam eyam a, 2012; N ardi, 2004; Rocha, 2008; Sadi, 2011; Silveira,
2009; Starling, 2010; Xavier, 2011; Yano, 2003; Z am ignani, 2007), delineam ento quase
experim ental (Taccola, 2007), delineam ento experim ental de caso único (Gerem ias,
2013; Ireno, 2007; M angabeira, 2013; N ovaki, 2003; O shiro, 2011; Villas Boas, 2011) e
estudos descritivos com com paração de grupos (D onadone, 2004 e 2009; Meyer, 2009;
Rossi, 2012). Diversas m edidas das variáveis dependentes e independentes foram
utilizadas. Essas m edidas eram de categorias que, em alguns casos, foram predefinidas
e, em outros, pós-definidas, ou ainda houve sistem as de categorias predefinidas que
p erm itiam individualização. As m edidas foram expressas em frequência, duração,
porcentagens, análises sequenciais com cálculo de probabilidade de transição. O
principal cuidado nas m edidas foi que elas não interferissem no processo terapêutico,
de form a a torná-lo artificial.
A proposta de desenvolvim ento do Sistema M ultidim ensional para a C ategorização
de C o m portam entos na Interação Terapêutica (SiM CCIT) decorreu da constatação
de que, apesar do crescente núm ero de pesquisas conduzidas em diferentes centros
nacionais e internacionais, era m uito difícil sistem atizar os achados encontrados,
devido à grande dispersão dos sistem as de categorização utilizados pelos pesquisadores.
A pesar das im portantes contribuições que essas pesquisas traziam para o en tendim ento

apresentação 9
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

da psicoterapia, elas apresentavam dados que dificilm ente pod eriam ser com parados,
já que cada um a utilizava diferentes in strum entos para a sistem atização dos dados
clínicos. Seria possível, então, p ropor a unificação das pesquisas de processo em to rn o
de u m dos sistem as já existentes para a categorização da interação terapêutica analítico-
com portam ental? Alguns instrum entos de categorização de co m portam ento para o
estudo do processo terapêutico haviam sido desenvolvidos até então. Restava verificar
se, entre os in strum entos existentes, havia algum m ais apropriado para esse fim.
Tendo essa questão em vista, Z am ignani (2007) realizou um am plo levantam ento
na literatu ra1, considerando-se a possibilidade de adoção de alguns dentre eles para
0 estudo da interação terapêutica. Uma vez que n en h u m dos sistem as selecionados
atendia plenam ente a todos os critérios de inclusão, tais sistem as foram analisados
categoria a categoria, a fim de se obter o m aior núm ero possível de elem entos para
a caracterização dos com portam entos típicos da interação terapêutica e para o
desenvolvim ento de um sistem a suficientem ente abrangente. C om base nessa análise
e tam bém em estudos prelim inares e consulta à literatura voltada à form ação de
terapeutas, foram desenvolvidas as categorias do Sistema M ultidim ensional de
Categorização de C o m portam entos na Interação Terapêutica para o com portam ento
verbal vocal do terapeuta e do cliente.
D esde 2007, q uando do desenvolvim ento do SiMCCIT, até o presente m om ento,
m uitos projetos de pesquisa têm sido desenvolvidos utilizando esse sistema.
A parentem ente, está sendo atingido o objetivo inicial, o de co n trib u ir para o
desenvolvim ento da área, p erm itindo a com paração entre dados de diferentes
pesquisas a p artir de um a m assa de dados m ais robusta. Em pouco tem po de existência
do sistema, já existe um a m assa de dados bastante rica, os quais p o dem ser com parados
e relacionados com m aior facilidade, devido à sistem atização m ais hom ogênea.
O presente livro apresenta o processo envolvido no desenvolvim ento do SiMCCIT,
incluindo um exercício de aplicação das categorias às diferentes etapas do processo
terapêutico analítico-com portam ental. Traz tam bém o m anual para a utilização
do instrum ento p o r pesquisadores e a apresentação do treino de observadores
desenvolvido para o SiMCCIT.
E speram os com esta obra contribuir para que a psicoterapia seja um a prática
cada vez m ais consistente, na qual as evidências científicas sejam a sustentação p ara a
condução de um processo terapêutico efetivo.

1 A descrição completa do processo de seleção e sistematização da literatura existente consta no capítulo 1.

10

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

PREFÁCIO

Sérgio Vasconcelos de Luna

A ceitando o convite (e u m desafio) do Prof. Hélio G uilhardi, d ispus-m e um dia a


resp o nder a sua p erg u n ta - O terapeuta é um cientista? (Luna, 1997) - e a apresentar
m inhas considerações em conferência durante a ABPM C. D ez anos depois, a
convite da Prof.a M aria M artha H übner, então presidente da ABPM C. O Prof. D enis
Z am ignani e eu aceitam os voltar a d iscutir a questão em um m in icu rso d u ran te a
R eunião A nual de 2008.
Esses dois m om entos levaram -m e a duas constatações im portantes para
esta apresentação. A prim eira delas, m as certam ente não a m ais im portante, foi
perceber que, pelo m enos no que diz respeito à captação, interpretação e análise do
co m portam ento verbal, o terapeuta dispõe de um a condição invejável e raram ente
disponível a pesquisadores “não clínicos”: a existência de um “sujeito” cativo p o r um
longo período de tem po, o que lhe confere a possibilidade de ir co m pondo contextos
para interpretação da fala do cliente e realizar verdadeiros “testes de hipóteses” a
respeito dela; esta é um a condição raram ente disponível ao pesquisador não clínico.
Mas entendi tam bém que era fundam ental que isso fosse feito de form a sistem ática
e com partilhada, sob pena de cada terapeuta conversar apenas consigo. A segunda
constatação foi que o terapeuta precisa, p o r essa razão e p o r outras que incluem
um com prom isso ético com o cliente, ser um cientista, m esm o reconhecendo as
dificuldades im portan tes que se in terpõem a um a tal atividade.
Ao longo dos anos, tive algum as o p ortunidades de p articipar de atividades
(sobretudo bancas de defesa) que m e deram a opo rtu n id ad e de acom panhar os
frutos de um a linha de pesquisa com a qual com ecei a tom ar contato com estudos
desenvolvidos na PU C pelo Prof. R oberto Banaco, bem com o ecos que chegavam a
m im de trabalho sem elhante desenvolvido na USP pela Prof.3 Sonia Meyer. Em am bos

prefácio 11
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

os casos, o procedim ento terapêutico estava sendo posto sob a lupa do pesquisador,
e o tem po dava sinais de que finalm ente a proposta da Prof> C arolina Bori - estudar
interação, e não apenas falas consecutivas, - com eçava a to m ar form a. A díade
terapeuta-cliente era agora um sujeito de pesquisa. N ão fam iliarizado com a literatura
na área, eu via tudo isso com um m isto de surpresa - por ter clareza das dificuldades
m etodológicas aí envolvidas - e de esperança: que nós pesquisadores não clínicos
fôssem os brin d ad o s com procedim entos m elhores para o estudo da inform ação verbal
na pesquisa em análise do com portam ento. A história que apenas esbocei aqui o leitor
encontrará detalhadam ente descrita na introdução deste livro, razão pela qual não
acho necessário prolongar-m e nela.
M inha participação na trajetória dessa linha de pesquisa culm in o u com a
o portunidade que tive de ser arguidor na defesa da tese de d o utorado do Prof. D enis
Zam ignani. M ais um a vez, a Prof.a Sonia M eyer teve papel atuante neste p ro d u to
na qualidade de orien tad o ra da tese, resgatando sua experiência acum ulada em
pesquisas no assunto. As atividades de am bos co n co rreram decisivam ente para a
com posição deste livro.
A ntes de passar a falar do conteúdo do livro p ropriam ente dito, quero fechar estes
com entários prelim inares e justificá-los. O conjunto de trabalhos que m encionei (a
m aioria dos quais tem seus resultados apresentados neste livro) com partilha um a
característica m arcante, a qual vem atendendo às expectativas que m encionei aqui:
cada capítulo, aqui, põe m ais um a peça no intrin cad o quebra-cabeças que constitui
a atividade de pesquisa no s e ttin g clínico. Term inei m eus dois trabalhos há pouco
m encionados defendendo a possibilidade/necessidade de que o terapeuta seja um
cientista, reconhecendo, porém , que essa tarefa dep enderia sem pre do desenvolvim ento
de m etodologia e tecnologia própria. O conteúdo deste livro m o stra que isso vem se
tornando cada vez mais um a realidade.
D esde os prim eiros trabalhos no am biente clínico, reconhecia-se a necessidade
de um instrum ento capaz de perm itir, de m odo confiável e generalizável, as trocas
verbais entre terapeuta e cliente. A literatura sobre pesquisa de processo m ostra que
vários sistem as foram desenvolvidos nessa direção, evidenciando o reconhecim ento
da necessidade de instrum entos que perm itissem colocar o processo terapêutico à luz
da pesquisa.

1?

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

O foco do livro é um sistem a desenvolvido no Brasil - o Sistema M ultidim ensional de


Categorização dos C om portam entos na Interação Terapêutica. No Volume I, o capítulo
inicial - Avaliação sistem ática da literatura sobre categorização de co m p o rtam en to s-,
escrito p o r Z am ignani e Meyer, faz um a excelente revisão da literatura disponível
sobre categorização de eventos verbais da interação terapêutica e constitui um roteiro
im p o rtante para que alguém se inicie neste tópico. A presentada essa revisão de
literatura, são relatados dois conjuntos de textos: As Seções I e II trazem pesquisas e
reflexões com propósitos m etodológicos em relação ao SiMCCIT. São dem onstrações
disso os capítulos 2- D esenvolvim ento e avaliação de concordância do Sistema
M ultidim ensional de Categorização de C om portam en to s da Interação Terapêutica;
3- Um exercício de descrição do processo terapêutico an alítico-com portam ental a
p artir das categorias de com portam ento do SiMCCIT; 4- Aplicação do SiM CCIT em
um conjunto de sessões de terapia analítico-com portam ental; 5- Possibilidades de
sistem atização dos dados; 6- Ajustes no SiM CCIT com criação de banco de dados
de com portam entos de terapeutas com portam entais; e 7- A lgumas considerações
sobre as categorias do SiM CCIT sob a perspectiva de um a terapeuta- pesquisadora-
participante. Os A pêndices I e II tratam , respectivam ente, das Categorias de Registro
do SiM CCIT e do Treino sistem ático para observadores.
E laborado o instrum ento, um a série de pesquisadores contribuiu para o seu
aprim oram ento, e é disso que trata o Volume II, aliás, quase inteiram ente voltado
para o relato de pesquisas conduzidas para testar questões de procedim ento ligadas
ao SiM CCIT ou para am pliar sua generalidade p o r m eio da sua aplicação em
situações diagnósticas diferentes. A generalidade do SiM CCIT com o u m sistem a
de categorias é relatada e discutida nos capítulos 1- Categorização em terapia
analítico-com portam ental infantil: questões m etodológicas e resultados de pesquisa;
2- Intervenção analítico-com portam ental de grupo: descrevendo categorias de
com portam ento dos participantes; 3- Classificação dos com p o rtam en to s verbais
vocais do terapeuta de casal a p artir do SiMCCIT: um a aplicação possível?; 4- A nálise
de contingências envolvidas na orientação; 5- Desafios m etodológicos n a pesquisa
clínica: terapia com clientes difíceis; 6- Efeitos de intervenções reflexivas sobre o
repertório do cliente no processo terapêutico analítico-com portam ental; 7- A lguns
apontam entos sobre psicoterapia analítico-com portam ental com jovens em conllilo
com a lei; 8- Um estudo de intervenção psicoterapêutica com m ãe de adolescente com
problem a de com portam ento; 9- Categorização e sequências com portam entais em
terapia analítico-com portam ental infantil; 10- Análise da interação terapêutica em um

} prefácio 13
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

caso de transtorno de personalidade borderline-, 11- A nalisando sessões de terapeutas


com portam entais: dois estudos a p artir da aplicação das categorias do SiMCCIT.
D ar publicidade a esse conjunto de estudos, bem com o ao in stru m en to em to rn o
do qual eles gravitam , constitui um im portante passo no desenvolvim ento de meios
para consolidar o que é entendido po r pesquisa de processo em psicoterapia. G anham
os terapeutas, os pesquisadores e os clientes. G anha a análise do com portam ento.

14

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SEÇAO I

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 1
AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA SOBRE
CATEGORIZAÇÃO DE COMPORTAMENTOS

Denis Roberto Zomignoni


Sonia Beatriz Meyer

Este capítulo apresenta a avaliação sistem ática da literatura sobre categorização de


eventos verbais da interação terapêutica, realizada po r Z am ignani (2007), em busca
de identificar elem entos para o estudo da interação terapêutica na terapia analítico-
com portam ental.

MÉTODO

PROCEDIMENTO

BUSCA DE LITERATURA REFERENTE À CATEGORIZAÇÃO DO


COMPORTAMENTO VERBAL OU NÃO VERBAL HUMANO

A busca pela literatura foi iniciada po r m eio de consulta ao banco de dados


P sy c h in fo s, na biblioteca da Faculdade de Psicologia da U niversidade de São Paulo.

As expressões clin ica i research, co d e sy s te m , th e r a p ist-c lie n t rela tio n sh ip , th e r a p e u tic


rela tio n sh ip , c a te g o riza tio n , c o d ific a tio n , b e h a v io r code, o b se r v a tio n , n o n v e rb a l behavior,
kinesics, p a ra lin g u istic , voice tone, to n e o fv o ic e , fa c ia l e x p re s sio n 1 foram com binadas de

diferentes formas. A m esm a busca foi realizada no acervo local da m esm a biblioteca e
na internet p o r m eio da ferram enta de busca G oogle ®, utilizando-se o sistem a de busca
avançada. N a busca na internet, os tem as acim a listados foram pro cu rad o s em inglês,
português e espanhol, em páginas ou em docum entos nos form atos PDF e D O C ,

1 Pesquisa clínica, sistema de categorização, relação terapeuta-cliente, relação terapêutica, categorização,


codificação, categorias de comportamento, observação, comportamento não verbal, cinestésico,
paralinguístico, tom de voz, expressão facial.

1 ) capítulo 19
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

característicos dos program as de texto M ic ro so ft W ord" e A d o b e A c r o b a t R e a d e r ®, um a


vez que eles são os form atos de arquivo m ais com uns para a publicação de d ocum entos
de texto na W eb. Por últim o, foi consultada tam bém a biblioteca virtual Q u e s tia ®.
Os textos encontrados eram selecionados desde que apresentassem (1) algum tipo
de classificação, categorização e/ou catalogação de co m portam entos em situações
de psicoterapia ou outro tipo de interação hum ana; (2) revisão de literatura sobre
classificação, categorização e/ou catalogação de com portam ento; (3) tem a sobre
m etodologia de pesquisa em clínica ou ainda (4) tem a sobre m étodos de m edida e
categorização do com portam ento verbal ou não verbal.
As referências bibliográficas desses textos foram tam bém exam inadas em busca de
artigos relevantes que ainda não haviam sido localizados.
Por fim, os textos selecionados foram analisados em busca de (1) sistem as para
categorização de com portam ento social nas diferentes dim ensões de ocorrência de
respostas vocais e m otoras e (2) critérios para desenvolvim ento, avaliação e validação
de in strum entos para observação de com portam ento.

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO SELECIONADOS NA


LITERATURA COM BASE EM CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Na análise da literatura, foram encontrados sistem as de categorização contem plando


diferentes dim ensões dos com portam entos de interesse para o estudo da interação
terapêutica. U m a parte dos sistem as apresentava definições m inuciosas, alguns dos
quais com m anuais ou m étodos padronizados para treinam ento de observadores,
tendo sido utilizados em um núm ero razoável de pesquisas. Tendo em vista a
existência de sistem as mais detalhados, foi considerada a possibilidade de adoção de
alguns deles para o estudo da interação terapêutica. Inicialm ente, tinha-se por objetivo
analisar sistem aticam ente os sistemas de categorização disponíveis para cada um a das
dim ensões de interesse no estudo da interação terapêutica (com portam ento verbal
vocal, variáveis paralinguísticas, expressão facial, respostas m otoras e com p o rtam en to
gestual). U m a vez que o m aterial disponível se m ostrou bastante volum oso, optou-se
p o r um a avaliação sistem ática apenas dos sistem as de categorização de co m portam ento
verbal vocal.

20 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Assim , p ara proceder à análise sistem ática dos sistem as de categorização de


co m p ortam ento verbal vocal, foram elaborados cinco critérios de inclusão, sendo
selecionados, na prim eira etapa, os sistem as que atendessem ao m enos a um dos
critérios.

a. c a teg o ria s e definições: este critério analisa a clareza na definição das


categorias de cada sistema, a construção delas po r m eio de eventos que sejam
diretam ente observáveis ou exijam um m ínim o de inferência e a consistência
entre a descrição e a denom inação das categorias;
b. coerên cia do co n ju n to : este critério analisa a coerência in tern a do sistema,
especialm ente no que se refere à natureza (topográfica e/ou funcional) dos
eventos contem plados em cada um a das categorias e ao grau de especificidade
das diferentes categorias;
c. tre in o siste m á tic o : este critério verifica a existência ou não de m anual ou treino
sistem ático de observadores;
d. u tiliza ç ã o p r é v ia e m p e sq u isa s: este critério verifica se o sistem a foi adotado por
outros pesquisadores ou em outros estudos do m esm o grupo de pesquisa;
e. c o m p a tib ilid a d e : este critério verifica se as categorias do sistem a foram
desenvolvidas para o estudo de terapia analítico-com portam ental ou se suas
definições são com patíveis ou adaptáveis p ara o estudo da interação nessa
abordagem .

Q u anto aos critérios de exclusão, foram elim inados sistemas:


a. idênticos ou m uito sem elhantes (no caso de diferentes versões do m esm o
instrum ento, foi selecionada a m ais recente);
b. com foco em padrões m uito específicos de interação (por exemplo, sistemas
de categorização do com portam ento do cliente que con tin h am exclusivam ente
categorias para a análise do atendim ento ao tran sto rn o do pânico);
c. com categorias m uito específicas de um a determ in ad a área ou abordagem
(exceto a com portam ental), cujos term os não poderiam ser facilm ente
transpostos.

Os resultados encontrados nessa etapa do estudo foram pré-requisitos para a


elaboração da próxim a etapa do procedim ento.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


capítulo 21
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SISTEMATIZAÇÃO DE CATEGORIAS DE COMPORTAMENTOS DO TERAPEUTA


ENCONTRADAS NA LITERATURA

C om base no resultado de que nen h u m dos sistem as selecionados atendia


plenam ente a todos os critérios de inclusão, foi elaborada a segunda etapa do
procedim ento. Os sistem as selecionados pelo procedim ento anterior foram agora
analisados categoria a categoria. Categorias provenientes de outros trabalhos (além
dos selecionados pelo procedim ento anterior) foram incluídas, neste m om ento, para
que se obtivesse o m aior n úm ero possível de elem entos, para desenvolver um sistem a
suficientem ente abrangente.
Os sistem as de categorização selecionados foram então agrupados em to rn o da
sem elhança entre os com portam entos neles contem plados. Assim, a divisão em to rn o
de g rupos foi realizada com base no estudo dos com p o rtam en to s contidos nas próprias
categorias.

RESULTADOS

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DE COMPORTAMENTO


VERBALVOCAL

A análise dos sistem as de categorização será apresentada em etapas, conform e


definidas no procedim ento deste estudo. Assim, inicialm ente serão apresentados os
resultados referentes à adequação ou não dos sistemas encontrados segundo os critérios
de inclusão. No segundo m om ento, serão apresentados os resultados referentes ao
agrupam ento de categorias dos diferentes sistemas segundo suas sim ilaridades.

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO


VERBAL VOCAL DO TERAPEUTA SELECIONADOS NA LITERATURA

Sete sistem as para a categorização e catálogos de co m p o rtam en to verbal vocal do


terapeuta foram selecionados e analisados pelos critérios de inclusão definidos no
item 2 dos procedim entos deste estudo. Os sistem as serão apresentados em ordem
alfabética dos prim eiros autores: (a) T h e ra p y Process C o d e (C ham berlain & Ray 1988);
(b) T h e ra p ist B e h a v io r C o d e (Ford, 1978); (c) H ill C o u n se lo r V erbal R e sp o n se M o d e s

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

(Hill, 1978); (d) C a te g o ry S y ste m f o r C o d in g In te ra c tio n in P sy c h o th e ra p y (Schindler,


H ohenberger-Sieber & Hahlweg, 1989); (e) V erbal R e sp o n se M o d e s C o d in g S y ste m
(Stiles, 1992); (f) C a te g o ria s R e la tiv a s às F u n çõ es B á sica s d a s V erb a liza çõ es d e T era p eu ta s
(Tourinho, G arcia & Souza, 2003); (g) C a teg o ria s d e R egistro d o C o m p o r ta m e n to do
T e ra p e u ta (Zam ignani, 2001). U m a breve descrição desses sistem as, de acordo com as
categorias que os com põem , é apresentada a seguir:

(a) C ódigo do P rocesso T era p êu tico (C ham berlain 8c Ray, 1988)


C ham berlain e Ray (1988) elaboraram um sistema com oito categorias m u tuam ente
exclusivas: Busca inform ações/questiona; Ensina; E strutura; Apoia; D iscorda;
Interpreta/reform ula; Facilita; Fala.

(b) C ód ig o de C o m p o r ta m e n to s d o T e ra p e u ta (Ford, 1978)


O C ó d ig o de C o m p o r ta m e n to s do T e ra p e u ta (Ford, 1978) contém 26 categorias
não exclusivas: Risada (durante fala do cliente); A firm ação inform ativa; Solicita
inform ação; Solicita ação; C om unicação sem conteúdo; Fala sim ultânea; Im plem enta
técnica; D á m odelo de pensam entos assertivos; Espelha sen tim en to s/m ed o s do
cliente; Pergunta ou afirm ação im plícita; Reiteração; C oncordância; D iscordância;
Forças do cliente enfatizadas; Fraquezas do cliente enfatizadas; M udança de tópico;
Interpretação baseada no ponto de vista do cliente; Interpretação baseada no ponto
de vista do terapeuta; Reasseguram ento; Clarificação; Disfluência; Pausa preenchida;
Pausa silenciosa; P rim eira pessoa do singular (afirm ação “eu”); Prim eira pessoa do
plural (afirm ação “nós”).

(c) M o d o s de R e sp o sta s V erbais do C o n se lh e iro de H ill (Hill, 1978)


O sistem a elaborado por Hill (1978) contém quatorze categorias m utuam ente
exclusivas: Q uestões fechadas; Q uestões abertas; Inform ação; O rientação direta;
Aprovação - reasseguram ento; Reiteração; Espelham ento; Interpretação; C onfrontação;
Silêncio; Referente não verbal; E ncorajam ento m ínim o; A utorrevelação; O utros.

1 ) capítulo 23
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

(d) S is te m a d e C a teg o ria s p a ra C o d ific a r a In te ra ç ã o e m P sico tera p ia


(Schindler et a l, 1989)
Esse sistem a contém seis categorias m utuam ente exclusivas: Em patia; Apoio;
Exploração; Explanação; D iretividade; Classificação.

(e) S is te m a d e C o d ifica çã o d e M o d o s de R esp o sta s V erbais (Stiles, 1992)


Tal sistem a contém nove categorias m utuam ente exclusivas: Q uestão; Edificação;
A conselham ento; C onfirm ação; Revelação; Interpretação; Validação; Espelham ento;
Não codificável.

(f) C a teg o ria s R e la tiv a s às F unções B ásicas d a s V erb a liza çõ es de T era p eu ta s


(Tourinho et al., 2003)
O sistem a de T ourinho et al. (2003), de publicação mais recente, contém sete
categorias m utuam ente exclusivas: Inform ar; Investigar; D ar fe e d b a c k ; C onfrontar;
D ar conselho; V erbalizações m ínim as; O utras verbalizações.

(g) C a teg o ria s de R egistro d o C o m p o r ta m e n to do T e ra p e u ta (Zam ignani, 2001)


O sistem a de Z am ignani (2001) descreve doze categorias m u tu am en te exclusivas:
Descreve eventos relacionados à queixa; Descreve eventos diversos; Descreve relações
explicativas ou causais; Pergunta sobre eventos relacionados à queixa; Pergunta
sobre eventos diversos; A conselha cliente ou sugere atividades; Aprova; Reprova;
Verbalizações m ínim as; Infere; O utras verbalizações; Registro insuficiente.

Os critérios de sistem atização da literatura (descritos no item 2 do procedim ento


deste estudo) foram utilizados para a avaliação dos sete sistem as selecionados. A Tabela
1 foi então construída com o intuito de representar quais critérios foram satisteitos por
cada sistema.

24 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TA BELA 1

AVALIAÇÃO D O S SET E S IS T E M A S D E C A T EG O R IZA Ç Ã O S E L E C IO N A D O S , S E G U N D O O S


CRITÉRIO S D E IN C L U SÃ O D E F IN ID O S NO P R O C E D IM E N T O D EST E EST U D O

Q uanto ao prim eiro critério, Categorias e definições, com exceção de Ford (1978),
todos os sistem as analisados apresentaram um conjunto de categorias definidas
operacionalm ente de form a razoavelm ente precisa. Em bora houvesse diferenças na
form a com que cada autor organizava os eventos relevantes da sessão terapêutica,
todos eles destacaram eventos im portantes para a análise da interação, segundo a
literatura clínica (por exemplo, Fiorini, 1995; M eyer & Vermes, 2001; Sturmey, 1996).
Os sistem as desenvolvidos por Hill (1978) e Ford (1978), entretanto, co n tin h am
categorias de diferentes dim ensões em u m único nível de categorização. O sistema
de Ford (1978) contém , no m esm o nível, categorias de interação verbal (por exemplo,
Solicita inform ação) e categorias tem áticas (por exemplo, Fraquezas do cliente
enfatizadas), e o sistem a de Hill (1978) agrupa, em um m esm o nível, eventos de
natureza estritam ente topográfica (por exemplo, Q uestões abertas, Q uestões fechadas)
e eventos que envolvem relações com portam entais mais com plexas (tais com o
Exploração da relação terapeuta-cliente), o que não responde ao segundo critério, de
C oerência do conjunto.

capítulo 23
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Q uanto ao terceiro critério, Treino sistemático, os sistem as de C ham berlain e


Ray (1988), Hill (1978) e Stiles (1992) apresentaram um m anual bastante detalhado,
em bora apenas os sistemas de Hill (1978) e Stiles (1992) apresentassem m ateriais para
treino sistem ático de observadores.
Alguns dos sistem as de categorização localizados foram utilizados p o r um
núm ero reduzido de pesquisas da área (critério de utilização prévia em pesquisas),
o que lim itaria a com paração dos dados analisados com os dados apresentados pela
literatura, com exceção dos trabalhos de C ham berlain e Ray (1988), Hill (1978), Stiles
(1992) e T ourinho et al. (2003). Por últim o, segundo o critério de C om patibilidade, os
sistem as de Ford (1978), Schindler et al. (1989), T ourinho et al. (2003) e Z am ignani
(2001) foram desenvolvidos para análise de sessões de terapia com portam ental,
enquanto os outros sistemas contem plaram outras abordagens de psicoterapia ou
não especificaram essa inform ação. As categorias apresentadas nos sistem as de
C ham berlain e Ray (1988), Hill (1978) e Stiles (1992) contem plaram eventos que
dificilm ente poderiam ser operacionalizados para seu uso em estudos de terapia
analítico-com portam ental ou, m esm o que houvesse essa possibilidade, os eventos
destacados pelas respectivas categorias não pareceram ap o n tar fenôm enos relevantes
para o estudo dessa abordagem de psicoterapia.
Em sum a, n en h u m dos sistem as analisados correspondeu, de form a satisfatória, a
todos os critérios propostos. M ediante esse resultado, foi elaborada a segunda etapa
de análise, que investigou m inuciosam ente o conteúdo das categorias de cada sistema,
agrupando-as segundo sim ilaridades em suas definições e incluindo categorias de
outros sistem as que foram excluídos da análise inicial.

SISTEMATIZAÇÃO DE CATEGORIAS DE COMPORTAMENTOS DO TERAPEUTA


ENCONTRADAS NA LITERATURA

C onstatando-se a im possibilidade de utilizar um sistem a de categorização existente


na literatura, já que os sistem as analisados não atenderam plenam ente aos critérios de
inclusão da prim eira etapa deste estudo, dem onstrou-se assim a necessidade de elaborar
um novo sistem a de categorias. Para esse fim, nesta etapa, as categorias dos diferentes
sistem as analisados foram descritas e agrupadas segundo suas sim ilaridades. O utros
conjuntos de categorias acrescentados na análise foram extraídos de textos destinados
à form ação de terapeutas, que apresentam um conjunto de classes de com portam entos

26 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

a serem desenvolvidos, ou de relatos de pesquisa cujos sistem as de categorização não


preencheram os requisitos m ínim os para serem inseridos na análise inicial. Assim,
foram incluídos três novos sistemas:

(a) T ip o s d e In te r v e n ç ã o V erbal do T e ra p e u ta (Fiorini, 1995)


De base psicanalítica, o texto propõe doze categorias de com p o rtam en to s a serem
desenvolvidos pelo terapeuta: Interrogar, Proporcionar inform ação, C onfirm ar
ou retificar, Clarificar, Recapitular, Assinalar, Interpretar, Sugerir, Indicar, D ar
enquadram ento, M etaintervenções, O utras intervenções.

(b) C a teg o ria s do T e ra p e u ta (M argotto, 1998)


Este estudo exploratório visa à identificação de variáveis envolvidas no processo
de m udança observado no curso da sessão terapêutica. A autora propõe seis
categorias para a sistem atização dos dados: Investigação, Inform ação, Sinalização,
A conselham ento, Regras, Estabelecim ento de relação.

(c) C o m p o r ta m e n to s do T e ra p e u ta (M eyer & Vermes, 2001)


Este texto de base analítico-com portam ental apresenta um a revisão de literatura
sobre a relação terapêutica. Identifica doze categorias de com p o rtam en to s do terapeuta:
Solicitação de inform ação; F ornecim ento de inform ações; Em patia, C alor hum ano,
C om preensão, C oncordância; Sinalização; Aprovação; O rientação; Interpretação;
C onfrontação; Silêncio.
Ao todo, foram analisados dez sistem as de categorização (sete provenientes da
p rim eira etapa do estudo e três incluídos nesta segunda etapa). A divisão em to rn o
de grupos, realizada com base em estudo dos com portam entos contidos nas próprias
categorias, contem plou dezoito ações do terapeuta: Solicitação de inform ação;
Verbalizações m ínim as; Em patia; A utorrevelação de sentim entos do terapeuta;
Sum arização, Síntese e paráfrase; D escrição e fornecim ento de inform ações;
E struturação e enquadre; A conselham ento, Instruções ou orientações; Interpretações
e inferências; Aprovação, Apoio, A sseguram ento e encorajam ento; Reprovação,
C onfrontação e crítica; Categorias residuais e Silêncio.
A Tabela 2 apresenta um a síntese dos agrupam entos elaborados nessa etapa do
estudo. A tabela com pleta, contendo as definições de cada categoria, consta na Tese de
Z am ignani (2007).

27

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TABELA 2
SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO TERAPEUTA COM BASE
NOS SISTEMAS DE CHAMBERLAIN E RAY (1988), FORD (1978), FIORINI (1995), HILL (1978),
MARGOTTO (1998), MEYER E VERMES (2001 ), SCHINDLER ET A L (1989), STILES (1992),
TOURINHO ET A L (2003) E ZAMIGN ANI (2001 ).

2.1 CATEGORIAS REFERENTES A SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 16. Perguntas/ solicitação de informação


16(a) Perguntas
16(b) Solicitação de informação
16 (c) C. Clarificação

Fiorini (1995) Interrogar o paciente

Hill (1978) Perguntas fechadas


Perguntas abertas

Margotto (1998) Investigação

Meyer e Vermes (2001) Solicitar informações

Schindler etal. (1989) Buscar informação


Lidar com emoções

Stiles (1992) Pergunta

Tourinho etal. (2003) Investigar

Zamignani (2001) Pergunta

2.2. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A VERBALIZAÇÕES MÍNIMAS

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 62. Facilitação

Stiles (1992) Reconhecimento

Schindler etal. (1989) Encorajamento mínimo

Tourinho et al. (2003) Verbalizações mínimas

Zamignani (2001) Verbalizações mínimas

Tabela 2 continua na próxima página


2 No sistema desenvolvido por Chamberlain c Ray (1988), as categorias principais são identificadas por
números, enquanto as subcategorias são identificadas por letras minúsculas.

28 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.3. C A T E G O R IA S D O T E R A P E U T A R E F E R E N T E S A E M P A T IA

AUTOR CATEGORIA

Cnamberlain e Ray (1988) 14. Apoio/empatia


14(d) Humor
14(e) Empatia
14(h) Aproximação
14( í) Complementação
14(j) Desculpas

Meyer e Vermes (2001) Empatia, calor humano, compreensão, concordância

Hill (1978) Reflexão de sentimentos

Schindler etal. (1989) Reformulação

Entendimento

Stiles (1992) Confirmação

Stiles (1992) Espelhamento

Zamignani (2001) Aprova

2.4. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A AUTORREVELAÇÃO E


SENTIMENTOS DO TERAPEUTA

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) Autorrevelação

Hill (1978) Autorrevelação


Mediação

Schindler et al. (1989) Autorrevelação

Stiles (1992) Revelação

Tabela 2 continua na próxima página

capítulo 29
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.5. C A T E G O R IA S D O T E R A P E U T A R E F E R E N T E S A S U M A R IZ A Ç Ã O , S ÍN T E S E E P A R Á F R A S E

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 16. Busca de informações / perguntas, (b) Sumarizar


14. Apoio/empatia. (a) Paráfrase

Fiorini (1995) Clarificar


Recapitular

Hill (1978) Redeclaração

Margotto (1998) Informação


Sinalização

Meyer e Vermes (2001) Sinalização

Schindler et al. (1989) Sumariza

Zamignani (2001) Explica

2.6. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A DESCRIÇÃO E FORNECIMENTO


DE INFORMAÇÕES

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 15. Orientação, (d) Provê racional

Fiorini (1995) Proporcionar informação


Metaintervenções

Hill (1978) Informação

Margotto (1998) Informação

Meyer e Vermes (2001) Fornecimento de informações

Schindler etal. (1989) Explicação


Afirmações neutras

Stiles (1992) Revelação


Edificação

Tourinhoetal. (2003) Informar

Zamignani (2001) Descreve

Tabela 2 continua na próxima página

30 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.7. C A T E G O R IA S D O T E R A P E U T A R E F E R E N T E S A E S T R U T U R A Ç Ã O E E N Q U A D R E

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 17. Estrutura


17(a). Estrutura

Fiorini (1995) Dar enquadramento à tarefa

Margotto (1998) Informação

Meyer e Vermes (2001) Fornecimento de informações

Schindler et al. (1989) Estruturação

Tourinho et al. (2003) Informar

2.8. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A ACONSELHAMENTOS,


INSTRUÇÕES OU ORIENTAÇÕES

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 15. Orientação


15(a) Instrução
15(b) Comandos
15(c) Sugestões
15(e) Resolução de problema
15(f) Revisão de tarefas

Fiorini (1995) Sugerir atitudes determinadas


Indicar

Hill (1978) Orientação direta

Margotto (1998) Aconselhamento


Regras

Meyer e Vermes (2001) Orientação

Schindler etal. (1989) Orientação diretiva

Stiles (1992) Conselho

Tourinho et al. (2003) Dar conselho

Zamignani (2001) Aconselha


Tabela 2 continua na próxima página

1 ■ capítulo 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.9. C A T E G O R IA S D O T E R A P E U T A R E F E R E N T E S A IN T E R P R E T A Ç Õ E S E IN F E R Ê N C IA S

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 19. Interpretação/ reestruturação


19 (b) Interpretação
19 (a) Reestruturação
19 (c) Leitura da mente
19 (d) Especulação
19 (e) Normalização
19 (f) Metáforas

Fiorini (1995) Assinalar


Interpretar

Hill (1978) Interpretação

Margotto (1998) Estabelecimento de relação

Margotto (1998) Sinalização

Meyer e Vermes (2001) Interpretação


Sinalização

Schindler et al. (1989) Interpretação


Lidar com emoções

Stiles (1992) Interpretação

Tourinho et al. (2003) Recuperar


Inferir

Zamignani (2001) Explica


Infere

Tabela 2 continua na próxima página

32 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.10. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A APROVAÇÃO, APOIO,


ASSEGURAMENTO E ENCORAJAMENTO

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) (b) Reforço


(c) Concordância
(g) Encorajamento
(k) Elogios/cortesia
(l) Discordância encorajadora

Fiorini (1995) Confirmar ou retificar

Hill (1978) Aprovação e asseguramento

Meyer e Vermes (2001) Aprovação

Schindler et al. (1989) Dar confiança


Feedbock positivo

Stiles (1992) Interpretação


Confirmação

Tourinho et al. (2003) Dar feedback

Zamignani (2001) Aprova

2.11. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A REPROVAÇÃO,


CONFRONTAÇÃO, CRÍTICA

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 18. Discordância, confronto, desafio


18(a) Discordância
18(b) Descrença
18(c) Desaprovação
18(d) Confrontação direta
18(e) Desafio
18(f) Sarcasmo
18(g) Desafio indireto ou confrontação

Fiorini (1995) Confirmar ou retificar

Hill (1978) Desafio

Tabela 2 continua na próxima página

1 ; capítulo 33
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

2.11. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A REPROVAÇÃO,


CONFRONTAÇÃO, CRÍTICA

AUTOR CATEGORIA

Meyer e Vermes (2001) Confrontação

Schindler et al. (1989) Crítica

Stiles (1992) Interpretação

Stiles (1992) Confirmação

Tourinho et al. (2003) Dar feedback

Zamignani (2001) Reprova

2.12. CATEGORIAS RESIDUAIS

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 10. Conversa

Fiorini (1995) Outras intervenções

Hill (1978) Outro

Schindler et al. (1989) Categoria remanescente

Stiles (1992) Incodifãcável

Tourinho et al. (2003) Outras verbalizações

Zamignani (2001) Outras verbalizações do terapeuta

Zamignani (2001) Registro insuficiente

2.13. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A SILÊNCIO

AUTOR CATEGORIA

Meyer e Vermes (2001) Silêncio

Schindler et al. (1989) Silêncio

34 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO


VERBAL VOCAL DO CLIENTE SELECIONADOS NA LITERATURA

Cinco sistem as para a categorização do com portam en to verbal vocal do cliente


foram tam bém selecionados e analisados: C lie n t T h e ra p y C o d e (C ham berlain e Ray,
1988); H ills C lie n t B e h a v io r S y ste m (Hill, C orbett, Kanitz, Rios, Lightsey & Gomez,
1992); C a te g o ria s do clie n te (M argotto, 1988); C a te g o ry S y ste m fo r C o d in g ln te r a c tio n
in P sy c h o th e ra p y (Schindler, H ohenberger-Sieber & Hahlweg, 1989) e C a teg o ria s de
R egistro d o C o m p o r ta m e n to do C lie n te (Zam ignani, 2001). U m a breve descrição desses
sistemas, de acordo com as categorias que os com põem , é apresentada a seguir:

(a) C ód ig o d o C lie n te n a T erapia (C ham berlain & Ray, 1988)


O código contém nove categorias do cliente, m utuam ente exclusivas: C onfrontação/
desafio/discordância; D esesperança/culpar/queixar-se; D efendendo a si/outros;
Conflito fam iliar; D esvio/agenda própria; R esponder por; Não resposta; D esqualificar;
Não resistente.

(b) S is te m a d e C a teg o ria s p a r a as R e sp o sta s V erbais do C lie n te (Hill et al., 1992)


Para a categorização de com portam entos do cliente, o sistem a apresenta sete
categorias m utuam ente exclusivas: Resistência; C oncordância; Pedido; N arrar;
Exploração cognitivo-com portam ental; Exploração afetiva; In sig h t; M udanças.

(c) C a te g o ria s d o C lie n te (M argotto, 1998)


Este sistem a é com posto de sete categorias do cliente, m utu am en te exclusivas:
Investigação; Inform ação; Relação causal ou im precisa; Relação co m portam ento-
am biente; Regras; F eed b a ck positivo; F eed b a ck negativo.

(d) S is te m a d e C a teg o ria s p a r a a C o d ifica çã o d a In te ra ç ã o e m P sico tera p ia (Schindler


et al., 1989)
Schindler et al. (1989) elaboraram sete categorias do cliente, m utuam ente
exclusivas: Autorrevelação; D escrição de problem as; Respostas curtas; Relatos de
m udança; C ooperação; Clarificação; C o m portam ento resistente.

35
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

(e) C a teg o ria s de R egistro do C o m p o r ta m e n to d o C lie n te (Zam ignani, 2001)


Este sistem a contém quatorze categorias do cliente, m utu am en te exclusivas:
Descreve eventos relacionados à queixa; Descreve eventos diversos; D escreve relações
explicativas ou causais; Descreve m elhora com relação à queixa; P ergunta sobre eventos
relacionados à queixa; P ergunta sobre eventos diversos; Pergunta - pede conselhos;
Aprova; Reprova; Expressa dúvida; Verbalizações m ínim as; O utras verbalizações;
Registro insuficiente; Engaja-se em com portam en to obsessivo-com pulsivo.

Os m esm os critérios adotados para a avaliação dos sistem as de categorização para


o com portam ento verbal vocal do terapeuta foram então utilizados para a avaliação
desses sistemas. A avaliação de cada sistem a segundo a adequação ou não aos critérios
propostos é apresentada na Tabela 3.

TABELA 3
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS SISTEM AS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
VERBAL VOCAL DO CLIENTE

36 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Q uanto ao prim eiro critério, C a teg o ria s e d e fin iç õ e s, todos os sistem as analisados
apresentaram um conjunto de categorias definidas operacionalm ente de form a
razoavelm ente precisa. Já com relação ao critério C o erên cia do c o n ju n to , os sistemas
desenvolvidos por C ham berlain e Ray (1988) e Hill et al. (1992) con tin h am categorias
específicas para o estudo da resistência do cliente, enquanto outras classes de resposta
verbal foram condensadas na categoria “não resistente”, o que dificulta o seu uso para
estudos em outras questões de pesquisa.
A respeito do critério U tiliza çã o p r é v ia e m p e sq u isa s, os sistem as utilizados em um
m aior núm ero de pesquisas da área foram os de C ham berlain e Ray (1988) e Hill et
al. (1992). O sistem a de M argotto (1988) foi tam bém adaptado p ara o uso em vários
estudos nacionais, enquanto os de Schindler et al. (1989) e Z am ignani (2001) foram
utilizados, cada qual, em um a única pesquisa.
C om relação ao últim o critério, C o m p a tib ilid a d e , as categorias disponíveis para a
classificação do com portam ento do cliente são, em boa parte, advindas de pesquisa
com fu ndam entação psicodinâm ica. Isso talvez explique o grande n úm ero de pesquisas
voltadas para o estudo de com portam entos do cliente, conhecidos sob a denom inação
de resistência. Dos sistem as localizados, dois tin h am esse caráter (C ham berlain & Ray,
1988; Hill et al., 1992), apresentando algum as incom patibilidades com os pressupostos
da análise do com portam ento. Os trabalhos de M argotto (1988), Schindler et al.
(1989) e Z am ignani (2001), po r sua vez, foram desenvolvidos para o estudo de terapia
co m p o rtam ental e, em bora os sistem as de Z am ignani (2001) e M argotto (1988)
apresentassem algum as categorias específicas aos focos de seus trabalhos, a m aioria
das categorias que os co m punham tinha um caráter generalista.
Q uanto ao critério T reino siste m á tic o , os três trabalhos, entretanto, não apresentam
um m anual detalhado do sistem a nem um m étodo para treinam ento sistem ático de
observadores, em bora apresentem definições precisas das categorias e exem plos de
trechos de sessão categorizados dentro de cada um a delas.
N enhum dos sistem as analisados preencheu, portanto, todos os critérios propostos
para a adoção do conjunto de categorias. Em vista disso, a análise seguinte tran sco rreu
de m aneira sem elhante à do estudo das categorias de co m portam entos do terapeuta,
já descritas.

( 1) capítulo 37
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

S IS T E M A T IZ A Ç Ã O D E C A T E G O R IA S D E C O M P O R T A M E N T O S D O C L IE N T E

E N C O N T R A D A S N A L IT E R A T U R A

Assim com o as categorias referentes ao terapeuta, as categorias dos clientes


que com põem os cinco sistem as estudados foram analisadas e agrupadas a p artir
da sem elhança de conteúdo, em busca de classes de respostas típicas da interação
terapêutica. A Tabela 4 apresenta um a síntese dos agrupam entos elaborados nessa
etapa do estudo. A tabela com pleta, que contém as definições de cada categoria, consta
na tese de d o utorado de Z am ignani (2007).

TABELA 4
SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO CLIENTE A PARTIR
DOS SISTEMAS DE CHAMBERLAIN E RAY (1988), HILL ET AL. (1992), MARGOTTO (1998),
SCHINDLER ET AL. (1989) E ZAMIGNANI (2001).

4.1. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO

AUTOR CATEGORIA

Hill et al. (1992) Pedido apropriado

Margotto (1998) Classe C2 - Investigação

Schindler et al. (1989) Solicita informação

Zamignani (2001) Cliente pergunta

Zamignani (2001) Cliente pergunta sobre eventos relacionados à queixa

Zamignani (2001) Cliente pergunta sobre eventos diversos

Zamignani (2001) Cliente pede conselhos

4.2. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A DESCRIÇÃO

AUTOR CATEGORIA

Hill et al. (1992) Narrativa

Hill et al. (1992) Exploração cognitivo-comportamental

Hill et al. (1992) Exploração afetiva

a Tabela 4 continua na próxima página

38 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4.2. C A T E G O R IA S D O C L IE N T E R E F E R E N T E S A D E S C R IÇ Ã O

Margotto (1998) Informação

Schindler et al. (1989) Descrição de problemas

Schindler et al. (1989) Situação devida

Schindler et al. (1989) Expressão de sentimentos positivos

Schindler et al. (1989) Expressão de sentimentos negativos

Schindler et al. (1989) Respostas curtas

Schindler et al. (1989) Refere-se à relação terapêutica

Zamignani (2001) Cliente descreve

Zamignani (2001) Cliente queixa-se ou descreve eventos relacionados à queixa

Zamignani (2001) Cliente descreve eventos diversos

4.3. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A EXPLICAÇÕES, RELAÇÕES OU INSIGHT

AUTOR CATEGORIA

Hill et al. (1992) Insight

Margotto (1998) Relação causal ou imprecisa

Margotto (1998) Relação comportamento-ambiente

Margotto (1998) Regras

Zamignani (2001) Cliente descreve relações explicativas ou "causais"

4.4. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A MELHORA OU PROGRESSO TERAPÊUTICO

AUTOR CATEGORIA

Hill et al. (1992) Mudanças terapêuticas

Schindler et al. (1989) Tentativa de autocontrole

Schindler et al. (1989) Relatos de sucesso

Schindler et al. (1989) Insight

Schindler et al. (1989) Formulação de metas

a Tabela 4 continua na próxima página

1 ; capítulo 39
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4.4. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A MELHORA OU PROGRESSO TERAPÊUTICO

Schindler et al. (1989) Expressão de confiança

Schindler et al. (1989) Propostas para mudança

Zamignani (2001) Cliente descreve melhora

4.5. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A VERBALIZAÇÕES MÍNIMAS

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) Facilitativo

Zamignani (2001) Verbalizações mínimas

4.6. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A APROVAÇÃO E/OU FEEDBACK POSITIVO

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 12. Não resistência

Hill et al. (1992) Concordância

Margotto (1998) Feedback positivo

Zamignani (2001) Cliente dá feedback, cliente aprova

4.7. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A REPROVAÇÃO, CONFRONTO, DESAFIO,


RECLAMAÇÃO, DISCORDÂNCIA

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) 25. Confronto, desafio, reclamação, discordância

Chamberlain e Ray (1988) 35. Desesperançado, culpado, reclamando (eu não posso...)
Duas subcategorias: (a) Desesperança e (b) Culpa e
reclamação

Chamberlain e Ray (1988) 35 (a) Desesperança

Chamberlain e Ray (1988) 35 (b). Culpa/reclamação

Chamberlain e Ray (1988) 36. Defesa de outro ou autodefesa

Chamberlain e Ray (1988) Interrupção/falar ao mesmo tempo

a Fabela 4 continua na próxima página

40 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4.7. C A T E G O R IA S D O C L IE N T E R E F E R E N T E S A R E P R O V A Ç Ã O , C O N F R O N T O , D E S A F IO ,

R E C L A M A Ç Ã O , D IS C O R D Â N C IA

Chamberlain e Ray (1988) Atitude negativa

Chamberlain e Ray (1988) Desafio/confronto

Chamberlain e Ray (1988) 07 - Conflito interfamiliar (Quem ataca quern...)

Chamberlain e Ray (1988) 45(a) Agenda própria

Chamberlain e Ray (1988) 45(b) Desvio

Chamberlain e Ray (1988) 46. Responder por

Chamberlain e Ray (1988) 55. Não responder

Chamberlain e Ray (1988) 56. Desqualificação

Hill etal. (1992) Resistência

Schindler etal. (1989) Evitação/recusa

Schindler etal. (1989) Crítica/provocação

Schindler etal. (1989) Resignação

Schindler et al. (1989) Silêncio

Zamignani (2001) Cliente dá feedback; cliente expressa dúvida

Zamignani (2001) Cliente reprova


............. . . .......
4.8. CATEGORIAS REMANESCENTES

AUTOR CATEGORIA

Chamberlain e Ray (1988) Ininteligível

Schindler etal. (1989) Categoria remanescente

Zamignani (2001) Outras verbalizações do cliente

Zamignani (2001) Registro insuficiente de falas do cliente

Zamignani (2001) Cliente se engaja em comportamento obsessivo-


compulsivo

) 41
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
1 capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CATEGORIAS ESTUDADAS

Os diferentes sistem as de categorização apresentavam várias categorias sim ilares,


o que perm itiu o seu agrupam ento. As categorias de cada um dos agrupam entos
contem plavam eventos bastante sem elhantes, mas com diferentes denom inações e
ênfases em diferentes aspectos dos fenôm enos de interesse.
Em linhas gerais, cada agrupam ento pôde conter categorias diversas, algum as com
definições de caráter mais topográfico, outras com descrições gram aticais, outras ainda
com destaque para a funcionalidade cia verbalização e outras que especificam temas.
Por exemplo, o agrupam ento de categorias referentes à solicitação de inform ações
contém Terapeuta pergunta, de Z am ignani (2001), e Pergunta, de Stiles (1992), que
enfatizam a form a gram atical; Perguntas fechadas e Perguntas abertas, de Hill (1978),
com ênfase na form a de elaboração da pergunta pelo terapeuta; Busca de inform ação, de
Schindler et al. (1989); Investigação, de M argotto (1998), de caráter funcional, e Lidar
com em oções, de Schindler et al. (1989), a qual especifica o tem a a que a solicitação do
terapeuta se refere. As diferentes ênfases podem ser encontradas em todos os grupos
de categorias e refletem provavelm ente diferenças na questão de pesquisa ou m esm o
na finalidade para a qual cada instrum ento foi desenvolvido.

Cabe, nesse m om ento, a retom ada de alguns dos critérios apresentados no início
deste estudo:

C a te g o r ia s

D e fin iç ã o clara; c o n s tr u íd a s a p a r t ir d e e v e n to s d ir e ta m e n te o b se rv á v e is; ró tu lo s


c o n siste n te s c o m a d e fin içã o ; c o m p a tív e is co m o refe re n c ia l a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta i.

entre os conjuntos de categorias localizados, são m uitas as form as de definição


adotadas pelos autores. Alguns deles, tais com o o de Ford (1978), apresentam grande
núm ero de categorias, cuja definição é pouco detalhada. Nesse caso, há risco de que
os observadores, ao utilizarem o sistem a, estabeleçam critérios idiossincráticos para
os elem entos que não foram contem plados na descrição das categorias de interesse.
O utros sistem as de categorização oferecem definições bastante detalhadas e precisas -
é o caso, po r exemplo, do sistem a de categorização de co m p o rtam en to de C ham berlain
e Ray (1988). Essa opção de definição, em bora im plique m aior dificuldade e dem ora
em sua apreensão pelos observadores, especifica d etalhadam ente os critérios e

42 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

exemplos para os diferentes aspectos envolvidos na categorização de cada unidade


proposta. Vale ainda destacar, em tal sistema, a form a de apresentação dos elem entos
que com põem cada categoria, com cada subitem identificado p o r m eio de um rótulo
que com preende o essencial desse subitem . Essa estratégia é interessante, seja porque
seu caráter é de fácil m em orização, seja porque ela favorece que pesquisadores
interessados em fazer um estudo m ais aprofundado de u m a ou m ais das categorias
possam derivar subcategorias ou categorias de análise com base nesses subitens.
O grau de inferência exigido em cada sistem a de categorização é tam bém bastante
variado em todas as dim ensões estudadas. Podem -se localizar desde categorizações
que são essencialm ente inferenciais (por exemplo, a categoria M udanças terapêuticas,
de Hill, 1992), passando por sistem as que exigem certo grau de inferência, mas que
consideram tam bém aspectos observáveis da interação (p. ex., Z am ignani, 2001,
e C ham berlain & Ray, 1988), até categorias que são preferencialm ente topográficas
(é o caso da categoria Perguntas abertas, de Hill, 1978). Pode-se n o tar tam bém que
m uitos dos sistem as (se não todos) de outras abordagens (por exemplo, C ham berlain
& Ray, 1988, Fiorini, 1995, e Hill, 1978) apresentam em seu conjunto de categorias
m uitos elem entos que podem ser identificados dentro de um referencial analítico-
com portam ental. A análise desses elem entos pode co n trib u ir para a elaboração de
categorias sob a perspectiva da análise do com portam ento.

C o e r ê n c ia in te r n a d o s is te m a
É possível n o tar que alguns dos sistem as analisados apresentam diferentes
dim ensões ou níveis de especificidade (p. ex., Hill, 1978) em suas categorias, ou
ainda eventos estritam ente topográficos e eventos inferenciais em um m esm o nível
de categorização (p. ex., Ford, 1978). E ntretanto, a m aioria dos sistem as analisados
m antém boa coerência entre as categorias.

P a d r o n iz a ç ã o d o tr e in o
E sta foi a m aior dificuldade encontrada em boa parte da literatura pesquisada: ou
não apresentava um m anual ou treino padronizado, ou não era possível ter acesso a
esse m aterial.

1 ) capítulo 43
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Levando em consideração todas as exigências para o desenvolvim ento de um


sistem a de categorização, apontadas na introdução deste trabalho, foi possível selecionar
diferentes aspectos de cada um dos sistem as estudados para a construção de um novo
sistema. O capítulo 2 apresenta um a proposta de categorização m ultidim ensional
de com portam entos que leva em consideração os elem entos destacados nos estudos
previam ente desenvolvidos para o estudo da interação terapêutica.

44

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 2
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE CONCORDÂNCIA
DO Sistema Multidimensional de Categorização de
Comportamentos da InteraçãoTerapêutica - SiMCCIT

Denis Roberto Zamignoni


Sonia Beatriz Meyer

O capítulo 1 apresenta o estudo dos diversos sistem as de categorização de


com p o rtam entos desenvolvidos para o estudo da interação terapêutica. A sistem atização
das categorias estudadas contem plou dezoito classes de com p o rtam en to do terapeuta:
S o licita çã o de in fo r m a ç ã o ; V erb a liza çõ es m ín im a s ; E m p a tia ; A u to r r e v e la ç ã o de
s e n tim e n to s d o te ra p e u ta ; S u m a r iz a ç ã o , sín te se e p a rá fra se; D escriçã o e fo r n e c im e n to
de in fo rm a çõ es; E str u tu ra ç ã o e e n q u a d r e ; A c o n s e lh a m e n to , in s tru ç õ e s o u orientações;

In te rp re ta ç õ e s e in ferências; A p ro v a ç ã o , apoio, a ss e g u ra m e n lo e e n c o ra ja m e n to ;

R ep ro va çã o , c o n fr o n ta ç ã o e crítica; C a teg o ria s residuais; Silên cio .

Processo sem elhante foi conduzido para a análise das categorias de co m portam ento
verbal vocal do cliente, resultando em oito grupos de categorias: so licita çã o de
in fo rm a ç ã o ; descrição; relações o u insight; m e lh o ra o u pro g resso te ra p êu tico ; ve rb a liza ç õ e s

m ín im a s ; a p ro v a ç ã o e /o u fe e d b a c k p o s itiv o ; R eprovação, co n fro n to , desafio, recla m a çã o


o u d isc o rd â n c ia e re m a n e sc e n te s.

C om base na análise desses grupos de categorias de com po rtam en to s e em


consideração a todas as exigências para o desenvolvim ento de um sistem a de
categorização, apontadas no capítulo 1, foi possível selecionar diferentes aspectos de
cada um dos sistem as estudados para a construção do Sistema M ultidim ensional de
Categorização de C om portam entos na Interação Terapêutica (SiM CCIT). O presente
capítulo apresenta o processo de desenvolvim ento e aperfeiçoam ento do SiMCCIT,
bem com o o estudo de concordância entre observadores realizado para avaliar a
fidedignidade do instrum ento.

capítulo 45
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

MÉTODO

PARTICIPANTES

Foram participantes desta pesquisa duas observadoras para o cálculo de


concordância entre observadores. As observadoras eram graduadas em Psicologia,
com form ação clínica em análise do com portam ento, experiência com o terapeutas
analítico-com portam entais há pelo m enos dois anos e participantes de atividades do
grupo de pesquisa sob a coordenação da segunda autora.

ASPECTOS ÉTICOS

As observadoras assinaram um term o de responsabilidade no qual garantiram o


sigilo das inform ações às quais tiveram acesso. O desenvolvim ento do trab alh o foi
aprovado pelo com itê de ética da U niversidade de São Paulo.

MATERIAL E EQUIPAMENTO

Para este estudo, foram utilizados os seguintes m ateriais e equipam entos:


1. duas film adoras digitais da m arca Sony;
2. um Kit O bserver V ideo-Pro C om plete, Set-up, N oldus Inform ation
Technologies. Trata-se de um sistem a inform atizado para análise
com portam ental, com posto pelo V id e o -p ro S o ftw a re , um d e c o d e r M PEG2 H igh
Q u a lity E n c o d e r e um com putador DELL. MM01 Dell PC com m onitor 17;
3. so ftw a re C lic ®para elaborar atividades de ensino program ado. Trata-se de
um so ftw a re de uso livre, desenvolvido pelo D epartam ento de Educación da
G eneralitat de C ataluna, disponível no endereço http://clic.xtec.net/;
4. um m ix e r, fornecido pela em presa N o ld u s T e c h n o lo g y ®;
5. dezessete sessões de terapia registradas por meio de gravação em vídeo (a
coleta de dados foi interrom pida na Sessão 17 devido ao final da gravidez da
cliente);
6. transcrições de sessões terapêuticas utilizadas em estudos previam ente
conduzidos pelo pesquisador em outras instituições e p o r o utros pesquisadores
do Laboratório de Terapia C om portam ental da U niversidade de São Paulo.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

AM BIEN T E

Os dados referentes às sessões filmadas foram coletados no consultório p articu lar


do participante terapeuta. As sessões foram registradas em áudio e vídeo, p o r m eio
de duas film adoras: um a posicionada em direção ao terapeuta e outra em direção à
cliente. Um esquem a que representa o am biente de coleta encontra-se na Figura 1. As
câm eras foram posicionadas para captar a im agem de corpo inteiro do terapeuta e da
cliente, a fim de possibilitar o registro de gestos e postura corporal.

FIGURA 1
ESQUEMA REPRESENTATIVO DO AMBIENTE DE COLETA DE DADOS, COM A
IDENTIFICAÇÃO DO POSICIONAMENTO DAS CÂMERAS

Uma vez registrados os dados de terapeuta e cliente separadam ente, foi necessária
a m ixagem das im agens, posicionando lado a lado os dois participantes, para inserção
no so ftw a re T he O b s e r v e r K. Para isso, foi utilizado o m ix e r fornecido pela em presa
N o ld u s T echnology.

2 j capítulo 47
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

PROCEDIMENTO PARA ELABORAÇÃO DO SISTEMA DE CATEGORIAS

O desenvolvim ento de um s is te m a m u ltid im e n s io n a l de c a te g o riza ç ã o de

c o m p o r ta m e n to s d a in te ra ç ã o te r a p ê u tic a ocorreu p o r m eio da análise das categorias e

definições que com põem os instrum entos e catálogos de co m portam entos analisados
no capítulo 1. Foram tam bém consultados textos de revisão bibliográfica sobre
interação terapêutica (p. ex., M eyer & Vermes, 2001) e textos para a form ação de
terapeutas (p. ex., Fiorini, 1995). Além da leitura dessas publicações, foram estudadas
transcrições de sessões de terapia analítico-com portam ental que haviam sido utilizadas
em trabalhos prévios.
O desenvolvim ento dos qualificadores referentes a variáveis paralinguísticas
baseou-se nos trabalhos de C ham berlaim e Ray (1988) e Rice e K err (1986), que
tiveram com o referência as definições de respostas m otoras de V ieira (1975) e de
term os linguísticos de Crystal (1980). As categorias desenvolvidas para o registro de
com portam entos verbais não vocais, incluídas no Eixo I e no Eixo III, basearam -se nos
trabalhos de Caballo (1993), Hill, Siegelman, Gronsky, Sturniolo & Fretz. (1981), Hill
e Stephany (1990), Keeley (2005), Kim, Liang e Li (2003), M ahl (1968), M ahl (1987),
M onti, Kolko, Fingeret & Zwick, (1984), Vieira (1975), Rodrigues (1997), Tepper
e H aase (1978). As categorias desenvolvidas para o Eixo II (Tema) foram baseadas
nos trabalhos de Barbosa (2006), Eells, Kendjelic e Lucas (1998), G oldberg, H obson,
M aguire, M argison, O sborn e Moss (1984) e Yano (2003).
U m a prim eira versão de um sistem a de categorias foi elaborada e aplicada a sessões
de terapia. Realizaram -se sucessivos testes de concordância entre observadores, com
ajustes no sistema, até p roduzir um índice de concordância satisfatório, conform e
descrito detalhadam ente na tese de Z am ignani (2007).
C om base nos dados de observação de diferentes sessões, de estudos desenvolvidos
por diferentes pesquisadores e dos estudos de concordância entre observadores,
foi proposta a versão final do S is te m a M u ltid im e n s io n a l de C a te g o riza ç ã o de
C o m p o r ta m e n to s d a In te ra ç ã o T e ra p êu tica . Um a vez que, da form a com o a terapia é

conduzida na atualidade, grande parte da interação que nela ocorre é verbal (Pérez-
Álvarez, 1996), optou-se por assum ir com o eixo principal de categorização o eixo
verbal vocal, a p artir do qual as outras dim ensões de interesse do com p o rtam en to são
categorizadas.

48

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Para propiciar a padronização no uso do instrum ento, u m treino sistem ático de


observadores foi desenvolvido (a descrição do treino consta no A pêndice II deste
livro). A observadora (denom inada O bservadora 2) que ainda não havia participado
do processo prévio de elaboração e avaliação das categorias foi a ele subm etido. Após
o treino padronizado, a O bservadora 2 foi orientada para o m anuseio do so ftw a re The
O b server. Nesse m om ento, não foi apresentada n enhum a instrução adicional sobre o
sistem a de categorização propriam ente dito, além do treino padronizado.
A aplicação da categorização pela O bservadora 2 ocorreu na residência do
pesquisador. A O bservadora 2 categorizou o Eixo I - Respostas verbais do terapeuta
e do cliente - com os respectivos Qualificadores, em 30 m inutos de um a sessão
terapêutica (Sessão 17). Foi realizado, então, um cálculo de concordância entre a
categorização dessa observadora e a do pesquisador.

RESULTADOS

Os dados de concordância entre a categorização da O b serv ad o ra 2 e a do


p esquisador encontram -se na Tabela 1, na qual se podem n o tar altos índices de
co n cordância entre observadores com relação às categorias do terapeuta, en q u an to as
categorias do cliente apresentam , em todas as dim ensões, índices abaixo do satisfatório.
D evido à relevância desse dado, desenvolveu-se um estudo m ais aprofu n d ad o sobre
as categorias do cliente, no intuito de identificar as categorias de m aior discordância
e possíveis causas.

)
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
2 capítulo 49
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TABELA 1
VALORES OBTIDOS NO CÁLCULO DE CONCORDÂNCIA ENTRE A OBSERVADORA 2 E O
PESQUISADOR REFERENTE ÀS CATEGORIAS RESPOSTAS VERBAIS E QUALIFICADORES,
NA CATEGORIZAÇÃO FINAL DE 30 MINUTOS DA SESSÃO 17

SESSÃO 17: DADOS REFERENTES AO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL

Terapeuta Cliente
Medida Valor Valor

Duração de concordâncias 1749,07 1105,90

Duração de discordâncias 50,93 767,80

Percentual de concordância 97,17 59,02

índice de concordância 0,97 0,59

Coeficiente Kappa 0,84 0,36

SESSÃO 17: DADOS REFERENTES AO QUALIFICADOR TOM EMOCIONAL

Terapeuta Cliente

Medida Valor Valor

Duração de concordâncias 1699,48 656,16

Duração de discordâncias 100,52 1217,54

Percentual de concordância 94,42 35,02

índice de concordância 0,94 0,35

Coeficiente Kappa 0,73 -0,09

SESSÃO 17: DADOS REFERENTES AO QUALIFICADOR GESTOS ILUSTRATIVOS

Terapeuta Cliente

Medida Valor Valor

Duração de concordâncias 1750,64 1529,3

Duração de discordâncias 49,36 237,27

Percentual de concordância 97,26 86,57

índice de concordância 0,97 0,87

Coeficiente Kappa 0,84 0,19

50 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ESTUDO APROFUNDADO SOBRE AS CATEGORIAS DE


COMPORTAMENTOS DO CLIENTE

A Tabela 2 contém um a m atriz de concordância em que cada categorização do


co m portam ento da cliente pelo pesquisador é com parada à dos m esm os dados pela
O bservadora 2, na Sessão 17.

TABELA 2
Matriz de concordância (em segundos) entre a categorização de pesquisador (linhas)
e a Observadora 2 (colunas), referente a cada categoria de respostas verbais da cliente
- S oucita(SOL), Relata(REL), M elhora(MEL), E stabelece R elações(CER), C oncorda(CCO),
O posiçâo(OPO), O utras(COU), Insuficiente(CIN) e S ilêncio(CSL) - em 30 minutos da Sessão 17.

O BSERVADORA 2

SOL REL MEL CER CCO OPO COU CIN CSL Total

SOL 0 0,97 0 0,2 0 0 0 0,17 0 1,34

REL 0 696 0 527,3 16,93 0 0,93 0 0 1241

M EL 0 18 0 59,33 0 0 0 0 0 77,4
PESQUISAD OR

CER 0 11,7 0 349 4,34 0 0 0,07 0 365

CCO 0 0 0 5,2 8,31 0 0 0 0 13,5

OPO 0 0 0 1,2 0,13 3,23 0 0 0 4,56

COU 0 0 0 0 0 0 49,84 0 0 49,8

CIN 0 0 0 0 0,16 0 0 0 0 0,16

CSL 0 9 0 44,1 61,94 0 3,26 2,83 0 121

Total 0 735 0 986,4 91,81 3,23 54,03 3,07 0 1874

Pode-se notar, na Tabela 2, que as m aiores discordâncias encontradas foram


referentes às categorias rela to , estabelece r e l a ç õ e s , s il ê n c io e m elh o ra . De
1.240 segundos de interação registrados pelo pesquisador na categoria R e l a t o , 527
foram categorizados pela O bservadora 2 com o E s t a b e l e c e rela ç õ es e 16 com o

2 ) capítulo 51
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

C oncordância . Já a O bservadora 2 categorizou 986 segundos com o Estabelece


relações , dos quais o pesquisador categorizou 527 com o R elata, 59 com o M elhora ,
5 com o C oncordância e 44 com o Silêncio . N ota-se tam bém que a categoria
M elhora foi registrada pelo pesquisador em 77 segundos, dos quais 18 foram
registrados pela O bservadora 2 com o R elato e 59 com o Estabelece relações .
O utro dado que m erece atenção é a ausência de registro de Silêncio pela
O bservadora 2 (rótulo que identifica quando nen h u m a categoria de resposta verbal
está ocorrendo). Esse dado revela que houve falhas no trein o de observadores ou que a
O bservadora 2 deixou de registrar o térm ino dos eventos, um a vez que essa categoria
deve ser utilizada sem pre que um a resposta verbal é encerrada sem o início de um a
nova resposta do m esm o falante.
Os dados registrados po r cada um dos observadores revelam p anoram as bastante
diversos da sessão, conform e apresenta a Figura 2.

52 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 2
DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS DA CLIENTE DE ACORDO

COM CADA UM DOS OBSERVADORES, EM 30 MINUTOS DA SESSÃO 17

2
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
capítulo 53
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 2 nota-se que o registro dos dados feito pela O bservadora 2 foi m uito
diferente daquele efetuado pelo pesquisador. Para verificar se a origem da discordância
foi o treino de observadores ou algum a característica do pró p rio sistem a de categorias,
um novo cálculo de concordância com relação a esse m esm o trecho da sessão foi
realizado, agora entre o pesquisador e a O bservadora 1 (que havia participado do
aperfeiçoam ento do sistem a e categorizado essa m esm a sessão para avaliação prévia
antes de subm etê-la à O bservadora 2).

TABELA 3
VALORES OBTIDOS NO CÁLCULO DE CONCORDÂNCIA ENTRE O PESQUISADOR
E A OBSERVADORA 1, REFERENTE ÀS CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS E
QUALIFICADORES DA CLIENTE, NA CATEGORIZAÇÃO DE 30 MINUTOS DA SESSÃO 17

Sessão 17: DADOS REFERENTES AO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DA CLIENTE

MEDIDA VALOR

Duração de concordâncias 1260,09

Duração de discordâncias 509,31

Percentual de concordância 71,22

índice de concordância 0,71

Coeficiente Kappa 0,47

Sessão 17: DADOS REFERENTES AO QUALIFICADOR TOM EMOCIONAL

MEDIDA VALOR
Duração de concordâncias 830,68

Duração de discordâncias 938,72

Percentual de concordância 46,95

índice de concordância 0,47

Coeficiente Kappa 0,12

Sessão 17: DADOS REFERENTES AO QUALIFICADOR GESTOS ILUSTRATIVOS

MEDIDA VALOR

Duração de concordâncias 1718,65

Duração de discordâncias 50,75

Percentual de concordância 97,13

índice de concordância 0,97

Coeficiente Kappa 0,78

54 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Pode-se notar, na Tabela 3, que, em bora os índices de concordância do pesquisador


com a O bservadora 1 ainda sejam insuficientes, eles são m aiores que aqueles obtidos
com a O bservadora 2. Um a análise da concordância com relação a cada categoria
encontra-se na Tabela 4.
N ota-se que, tam bém com a O bservadora 1, o m aior tem po em que há divergência
na categorização envolve as categorias Relato e Estabelece relações . D os 1192.32
segundos registrados pelo pesquisador na categoria R elato , 246 foram registrados
pela O bservadora 1 em E stabelece relações e 38 em O posição . O pesquisador,
por sua vez, registrou 575 segundos da interação em Estabelece rela ç õ es, dos
quais 246 foram registrados pelo pesquisador em R elato e 77 em M elhora . D os
1011 segundos registrados pela O bservadora 1 em R elato , 93 foram registrados pelo
pesquisador em Estabelece relações .

TABELA 4
MATRIZ DE CONCORDÂNCIA (EM SEGUN D O S) ENTRE A CATEGORIZAÇÃO DE
PESQ UISAD O R (LINHAS) E A OBSERVADORA 1 (COLUNAS) REFERENTE A CADA
CATEGORIA DE RESPOSTAS VERBAIS DA CLIENTE - S olicita(SOL), R elata(REL),
M elhora(MEL), Estabelece Relações(CER), Concorda(CCO), O posiçáo(OPO), O utras(COU) e

S iléncio(CSL) - na Sessão 17.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


2 ) capítulo 55
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A Figura 2 m ostra a distribuição das categorias, conform e registrou a O bservadora 1.

FIG U RA 3
DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS DA CLIENTE PELA
I OBSERVADORA 1, EM 30 MINUTOS DA SESSÃO 17
Na Figura 3, pode-se observar que, em bora o registro da O bservadora 1 seja mais
próxim o daquele realizado pelo pesquisador, ainda há diferenças im portantes nos
dados registrados, quando com parados a qualquer um dos observadores.
A Tabela 5 apresenta os dados referentes à concordância entre o pesquisador e a
O bservadora 2 com relação a cada categoria do qualificador Tom em ocional do cliente.
Na Tabela 5, pode-se observar que, em todas as categorias, o índice de concordância
é baixo. E nquanto a O bservadora 2 atribuiu o tom N e u t r o a 80% das respostas
verbais da cliente, apenas 50% das respostas foram atribuídas pelo pesquisador a esse
qualificador. A concordância nos qualificadores P o s i t i v o i e 2 e N e g a t i v o i e 2, por
sua vez, foi praticam ente zero.

56
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TABELA 5
MATRIZ DE CONCORDÂNCIA (EM SEGUNDO S) ENTRE A CATEGORIZAÇÃO DO
PESQ UISAD O R (LINHAS) E A OBSERVADORA 2 (COLUNAS) REFERENTE A CADA
CATEGORIA DO QUALIFICADOR TOM EMOCIONAL, EM 30 MINUTOS DA SESSÃO 17

Os dados referentes ao qualificador Tom em ocional revelam a dificuldade para


se obter concordância entre observadores em m edidas inferenciais. E m bora existam
alguns m arcadores físicos que deveriam identificar a interação em um ou o utro tom
em ocional (por exemplo, a presença de sorrisos fechados em P o s m v o i) , parte
im p o rtante do critério para categorização depende de aspectos m ais subjetivos, o
que d im inui a fidedignidade do dado. Essa característica pode ter sido responsável
pelo baixo índice de concordância no registro desse qualificador com relação ao
co m portam ento da cliente em todos os testes de concordância realizados.

2 ; capítulo 57
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TA BELA 6

MATRIZ DE CONCORDÂNCIA (EM SEGUN D O S) ENTRE A CATEGORIZAÇÃO DO

PESQUISAD OR (LINHAS) E A OBSERVADORA 2 REFERENTE A CADA CATEGORIA DO

QUALIFiCADOR GESTOS ILUSTRATIVOS, EM 30 M INUTOS DA SESSÃO 17

Pode-se observar, na Tabela 6, que a m aior discordância ocorreu em episódios em


que um dos observadores deixou de registrar a ocorrência de gestos ilustrativos. Uma
vez que o so ftw a re não perm ite a inclusão de um a categoria verbal vocal sem a inserção
da categoria referente a gestos ilustrativos, pode-se d epreender que a discordância
nesse qualificador foi decorrente da discordância no registro de silêncio ou de gestos
com unicativos no Eixo I - Respostas verbais.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A CATEGORIZAÇÃO DO


COMPORTAMENTO DA CLIENTE

U m a análise dos possíveis fatores responsáveis pela inconsistência dos dados


obtidos entre diferentes observadores, com relação ao com p o rtam en to da cliente, faz-
se necessária.
U m prim eiro aspecto que m erece ser apontado com relação à O bservadora 2 é
de ordem operacional. Por m otivos pessoais, essa observadora teve apenas um final
de sem ana disponível para a categorização, data em que ocorreu um problem a no
so ftw a re , cujo conserto ocupou grande parte do tem po. Os com p o rtam en to s e

qualificadores do terapeuta e da cliente foram registrados em um cu rto intervalo de


tem po, sendo categorizados prim eiram ente os com po rtam en to s do terap eu ta e, em

58 seçao 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

seguida, os da cliente. É possível que parte da discordância seja devida à fadiga da


observadora, ao categorizar os dados da cliente, um a vez que estes foram finalizados
após um a jo rn ad a de oito horas. A lgum as características dos dados registrados, tais
com o a ausência de registro de Silêncio da cliente, sugerem que este tam bém possa ter
sido um fator relevante. C onsiderada essa condição de registro do dado, a alternativa
mais apropriada seria a disposição de um a nova o portu n id ad e para categorização, o
que não foi possível, um a vez que essa disparidade dos dados só foi identificada no
m om ento final de análise.
O u tra questão diz respeito à natureza da interação nas sessões estudadas. E nquanto
o terapeuta apresentava falas curtas e pontuais, as verbalizações da cliente eram m uito
longas, e os assuntos eram apresentados em sequência quase in in terru p ta, dificultando
a delim itação de m udanças na natureza da fala. Além da com plexidade do conteúdo da
fala, é possível que o tom pouco variável e as longas falas tenham favorecido a distração
dos observadores, p o d endo ter induzido a erro na categorização do com portam ento
dessa participante.
O u tro fator que deve ser considerado é a necessidade de aperfeiçoam ento de
critérios de exclusão, principalm ente entre as categorias R elata, E stabelece
R elações e M elhora . A m bas as O bservadoras (1 e 2) relataram dificuldade em
diferenciar trechos em que a cliente estava relatando eventos de trechos nos quais ela
apresentava elem entos para o Estabelecimento de R elações . Problem a sem elhante
ocorreu com a categoria M elhora : houve dificuldade para a diferenciação entre
M elhora e R elato , especialm ente quando o relato de m elhora consistia na descrição
do evento que foi considerado pelo cliente com o M elhora .
Essas questões levantam a necessidade de uma nova revisão do sistema de
categorias verbais da cliente. Faz-se necessário também, no caso de registro por meio
de softwares de análise de vídeo (como o Observer), incluir no treino de observadores
instruções mais destacadas sobre a necessidade de categorizar Silêncio , sempre que
uma resposta verbal não for seguida por outra classe de resposta. Um aperfeiçoamento
do treino de observadores, especialmente com relação às categorias da cliente, parece
ser, portanto, necessário.
C om relação ao tom em ocional, as diferenças encontradas parecem ser devidas ao
caráter inferencial das categorias, já que há poucos m arcadores físicos que delim itam
um a ou ou tra categoria. U m a sugestão para o uso desse qualificador é que a equipe

2 ) capítulo 59
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

de pesquisa estabeleça critérios específicos de delim itação a p artir do conjunto de


dados disponível, tendo com o referência as variações de co m portam ento de cada
participante.
Cabe ainda ressaltar a necessidade de que a categorização das sessões, para fins
de concordância ou de análise de dados, seja feita em condições favoráveis. Neste
trabalho, o núm ero de horas investidas no trabalho de categorização toi de duas a
quatro horas para cada eixo de categorização, para cada um dos participantes, o que
im plica um tem po considerável e requer atenção e concentração. O categorizador
deve tam bém estar ciente da necessidade de rever definições e critérios de exclusão
continuam ente a cada dúvida levantada, o que requer disponibilidade p ara discussões
e revisões com a equipe de pesquisa.
Q uando forem encontradas diferenças m uito im portantes entre observadores, há
a necessidade do desenvolvim ento de treinos adicionais dos pesquisadores e a revisão
em equipe dos critérios para categorização. D iferentes tipos de erro p o dem levar à
inconsistência na categorização. A dem ais, quando a discordância parece ser decorrente
de entendim ento equivocado da definição, é im p o rtan te a revisão em equipe dos
critérios de categorização. No caso de diferenças devido a características e conceitos
da observadora a respeito dos eventos categorizados - especialm ente no caso do tom
em ocional - , deve ser discutida a m elhor condução: ou a equipe estabelece critérios
consensuais caso a caso, ou as diferenças individuais entre categorizadores devem ser
consideradas e analisadas.

60 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 3
UM EXERCÍCIO DE DESCRIÇÃO DO PROCESSO
TERAPÊUTICO ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL A PARTIR
DAS CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO SiMCCIT

Denis Roberto Zamignani

O S is te m a M u ltid im e n s io n a l d e C a te g o riza ç â o de C o m p o r ta m e n to s da In tera çã o


T era p êu tica tem com o objetivo o estudo da interação na terapia analítico-
com portam ental (TAC). E m bora os fenôm enos destacados nas categorias que o
com põem não sejam exclusivos dessa abordagem de psicoterapia, a TAC é a base para
a organização do sistem a e para a elaboração de suas definições.
Tendo em vista essa finalidade do instrum ento, foi elaborado o presente tópico,
que visa contribuir para o desenvolvim ento da pesquisa p o r m eio da ilustração de
possíveis aplicações do sistem a para o estudo da terapia analítico-com portam ental.
Em um artigo de revisão da área de pesquisas de processo em psicoterapia,
G reenberg e P insof (1986) afirm am que a falta de um a “m icro-teoria da psicoterapia”
teria retardado o desenvolvim ento da pesquisa na área. Essa teoria, segundo os autores,
deveria ser suficientem ente clara, de m odo a especificar o q u e deve ocorrer, e q u a n d o ,
nas diferentes etapas de seu desenvolvim ento, além de explicitar as relações entre
os diferentes processos que ocorrem em pontos específicos, d entro e fora da sessão
terapêutica. Seria a base em que os pesquisadores buscariam apoio para especificar
quando e para onde olhar no curso da terapia, o que favoreceria a identificação de
padrões de m udança que ocorrem ao longo do processo terapêutico.
Hill (1986), ao p ro p o r um a categorizaçâo dos m odos de resposta verbal, afirm a que
diferentes classes de co m portam ento refletem estilos de com unicação ou padrões do
terapeuta, que são relacionados à orientação teórica e ao tipo de trein am en to que ele
recebeu. De acordo com a autora,

...um terapeuta que queira ser passivo e acolhedor, mas forçar seu cliente a
tomar a iniciativa [na conversação], pode responder primariamente por meio de

capítulo 61
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

silêncios, encorajamento mínimo e reafirmações. Por outro lado, um terapeuta


que seja mais diretivo e orientado para a ação, pode usar com mais frequência
orientação direta, informação e confrontação... Para o cliente, o modo de resposta
verbal descreve o estilo de seu envolvimento na interação e prevê a habilidade
de participar em uma interação terapêutica verbal. Um cliente que se engaja
mais frequentemente em silêncio ou descrição de problemas, provavelmente terá
mais dificuldade com terapias orientadas para o insight que teria um cliente mais
prontamente engajado em experienciar e insight. (p. 131)

Nas últim as décadas, m uitos autores (p. ex., Borges & Cassas, 2012; D ougher,
1999; Hayes, 1987; K ohlenberg & Tsai, 1991; Pérez-Alvarez, 1996) avançaram no
desenvolvim ento de um a descrição dos processos no decurso de um a terapia de base
analítico-com portam ental, especialm ente no que se refere à interação terapeuta/
cliente em terapia verbal1. O presente tópico tem com o objetivo apresentar um
exercício de descrição de alguns desses processos, relacionando-os com as categorias
que com põem o SiMCCIT.
E ntre as m uitas tentativas de sistem atização do processo terapêutico analítico-
com portam ental, m erece destaque o trabalho de Follette, N augle e Callaghan (1996).
Esses autores apresentaram um a descrição bastante d etalhada das diferentes etapas
que ocorrem ao longo do processo de interação terapeuta/cliente, incluindo análises
conceituais que relacionam os processos que ocorrem na terapia a possíveis m udanças
do cliente fora da terapia. A proposta desses autores será utilizada com o referência
para a discussão a seguir.
A relação terapêutica, além de ser a base para o desenvolvim ento de qualquer
estratégia terapêutica, é considerada po r Follette et al. (1996) o principal m ecanism o
de m udança que ocorre na psicoterapia. Entende-se, desse p onto de vista, que
o com portam ento do cliente na sessão é um a am ostra de padrões de interação
que ele estabelece em seu am biente social e que, ao interagir com o terapeuta, são
desenvolvidos novos padrões de interação. A m o d e la g e m de repertório social, por
m eio de re fo rç a m e n to d ife re n c ia l na interação terapêutica, seria então a principal

1 Grande parte da interação que ocorre em psicoterapia é eminentemente verbal (Pérez-Álvares, 1996), e a
investigação do processo terapêutico necessariamente deve passar por uma compreensão dos processos
verbais e de sua interação com eventos não verbais que ocorrem ao longo da terapia e no cotidiano do
cliente.

62 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

técnica a ser desenvolvida pelo terapeuta. Para isso, supõe-se o terapeuta com o alguém
que pode dispor de reforçadores sociais. O processo po r m eio do qual o terapeuta se
to rn a um a potencial fonte de reforçadores sociais e a m aneira com que ele dispõe dessa
característica da interação para p roduzir m udanças, conform e descritos p o r Follette el
al. (1996), serão apresentados a seguir.

O PROCESSO DE REFORÇAMENTO SOCIAL NAS SESSÕESTERAPÊUTICAS INICIAIS

D e acordo com Follette et al. (1996), a experiência d ireta que o co rre en tre
te rap eu ta e cliente é o c o m p o r ta m e n to d e in te re sse do terap eu ta, e a h istó ria de
aprendizagem que se desenvolve ao longo dessa interação é o m e c a n is m o d e m u d a n ç a
que ocorre na terapia. Esse processo com eça nas p rim eiras sessões, q u an d o o cliente
p ro cu ra o terapeuta.
Nas sessões iniciais, é im portante que o sim ples fato de o cliente ter pro cu rad o
ajuda, independentem ente de qualquer padrão de com p o rtam en to que ele apresente,
seja alvo de reforçam ento social. O que faz do terapeuta, nesse m om ento, alguém que
pode dispor de reforçam ento social é o seu s ta tu s profissional que, segundo Follette et
al. (1996), serve com o um e stím u lo esta b eleced o r , que pode evocar respostas do cliente
de se engajar no tratam ento.
Follette et al. (1996) afirm am que, nessa etapa do processo, o terapeuta provê
expressões gerais de suporte ao fato de o cliente estar em terapia, dados os problem as
que ele está enfrentando e dada a possibilidade de a terapia ser um a experiência difícil
para o cliente. A dificuldade inicial pode vir do fato de que, p ara alguns clientes, é
difícil falar a respeito de incidentes constrangedores, pensam entos, fraquezas pessoais
ou erros (Sturmey, 1996).
O reforçam ento social2 que o terapeuta deve prover nesse m om ento parece “não-
contingente”, visto que não é direcionado a nen h u m a classe particular de respostas
do cliente, e sim a um a am pla classe de com portam ento s do cliente de se engajar em
um processo de m udança. As classes de resposta a serem em itidas pelo terapeuta são

2 Vale ressaltar que, ao falar sobre reforçamento social, assume-se uma possível função de um conjunto de
ações do terapeuta. Isso porque, culturalmente, essas ações costumam exercer função reforçadora para
as classes de resposta que a produzem. Entretanto, não se pode perder de vista a noção de que a função
reforçadora de determinados estímulos é idiossincrática, dependendo da história de interação do cliente
com cada classe de ações do terapeuta.

capítulo 63

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

aquelas necessárias para o processo terapêutico ocorrer e são constituídas tipicam ente
de ações e verbalizações do terapeuta, as quais sugerem cuidado e su p o r te g eral
c o n tin g e n te (Follette et al., 1996).

A audiência não punitiva é parte im portante desse processo inicial. Skinner (1953)
afirm a que, para constituir-se com o um a alternativa a um a história de interação com
eventos aversivos, o terapeuta ouve o relato do cliente sem n en h u m tipo de crítica
ou julgam ento. Supõe-se que esse tipo de interação favoreça que o cliente fale sobre
assuntos “difíceis” - tem as ou ações que possam ter sido alvo de punição no decorrer
de sua história de vida (Skinner, 1953; Sturmey, 1996; Vermes, Z am ignani & Kovac,
2007). C om o efeito desse conjunto de contingências - o terapeuta se estabelece com o
ocasião para interações reforçadoras e para a rem oção do controle aversivo - , o
terapeuta, por si só, pode tornar-se um evento reforçador condicionado, e o contexto
da terapia pode tornar-se algo “desejável”.
O processo po r m eio do qual o terapeuta se estabelece com o um reforçador
condicionado é parte do fenôm eno cham ado p o r alguns autores de c o n stitu iç ã o
d a a lia n ç a tera p ê u tic a . Sturm ey (1996) afirm a que um a a lia n ç a te r a p ê u tic a entre
terapeuta e cliente deve ser estabelecida desde m uito cedo na terapia: “d e v e e sta r claro
p a r a o c lien te q u e su a s p re o c u p a ç õ e s estão s e n d o le v a d a s a sério e tr a ta d a s d e m a n e ira

p r o fis s io n a l ” (p. 73).

A característica inespecífica do reforçam ento social que ocorre no m om ento do


processo terapêutico sugere a emissão, p o r parte do terapeuta, de respostas do tipo
Empatia , incluindo algum as de suas subcategorias - N omeação e Inferência de
Sentim entos , N ormalizações e Validação de Sentim entos , Exclamações
e Expressões de Interesse , H umor , A po io , Paráfrases e C omentários de
Entendim ento . O utras respostas vocais, tais com o respostas de Facilitação ,
e respostas não vocais, tais com o sorrisos (identificados neste trabalho com o
com ponentes do Tom Emocional + i), G estos D e C oncordância e expressões
faciais consistentes com o conteúdo relatado pelo cliente, com põem o necessário
contexto de acolhim ento, com preensão e interesse (Sturmey, 1996; Vermes, Kovac &
Z am ignani, 2007).
A lguns autores defendem a ideia de que, m esm o nesses m om entos iniciais, respostas
de acolhim ento e com preensão, sozinhas, não são suficientes p ara co n d u zir u m a boa
intervenção. Banaco (1997), por exemplo, afirm a que, além de o terapeuta oferecer u m
contexto de acolhim ento e com preensão, ele deve d em o n strar qeu entende sobre as

64 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

relações descritas pelo cliente e que dispõe de estratégias para ajudá-lo. Tal habilidade,
portanto, pode envolver a em issão de algum tipo de resposta de Interpretação ou
Informação p o r p arte do terapeuta já nas sessões iniciais.
Sturm ey (1996) inclusive alega que para alguns clientes altos níveis de acolhim ento
e em patia podem ser contraprodutivos, ofensivos ou culturalm ente inapropriados.
A especificação, entretanto, a respeito dos contextos em que respostas de E m p a t i a
são mais ou m enos apropriadas, é algo que necessita m aiores investigações. A lgumas
contribuições nesse contexto podem ser encontradas em Garfield (1995).

A COLETA DE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA A AVALIAÇÃO


COMPORTAMENTAL

Paralelam ente ao processo de estabelecim ento da a lia n ç a te ra p ê u tic a , desde as


prim eiras sessões, é necessário que o terapeuta colha inform ações sobre o cliente,
de m odo a construir um panoram a geral sobre sua queixa e outros aspectos de seu
repertório com portam ental. Esse processo de coleta de inform ações e tom ada de
decisões sobre as intervenções a serem desenvolvidas é d en o m in ad o a v a lia ç ã o
c o m p o r ta m e n ta l e visa à a n á lise de co n tin g ê n c ia s relacionadas à instalação e m anutenção
dos problem as trazidos pelo cliente com o queixa.
Follette, N augle e L innerooth (1999) apresentam as etapas que com põem
tipicam ente a avaliação com p o rtam en tal conduzida na terapia analítico-
com portam ental. Vale lem brar que o trabalho clínico não é um processo linear e que
as etapas apresentadas não representam necessariam ente u m a sequência tem poral
de eventos. Follette et al. (1999) afirm aram que essas etapas vão o co rrer quantas
vezes forem necessárias para levantar análises que levem a intervenções úteis ou a
resultados desejáveis, já que os resultados das intervenções são con stan tem en te
avaliados, p o d en d o levar a m udanças no curso da intervenção.
A p rim eira etapa da avaliação, destacada po r Follette et al. (1999), diz respeito à
identificação dos problem as apresentados pelo cliente e de sua organização em to rn o de
algum tipo de critério de im portância clínica. H abilidades e défices com portam entais
do cliente, bem com o aspectos am bientais facilitadores e problem áticos (tais com o
suporte social, saúde, recursos financeiros, disponibilidade e diversidade do am biente
para prover reforçadores, questões legais envolvidas) são então levantados em busca
de estudar as condições disponíveis para a m udança (Follette et. a l , 1999).

capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 65
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A coleta das inform ações no trabalho clínico pode ser feita p o r m eio de quatro
diferentes estratégias - a e n tr e v is ta , a o b serva çã o d ireta , a a n á lise f u n c i o n a l e as escalas
d e c o m p o r ta m e n to (Barker, Pistrang & Elliott, 1994; Carr, Langdon & Yarbrough, 1999)
cada um a das quais pode envolver diferentes ações do terapeuta e do cliente. Neste
trabalho será dado destaque a duas dessas estratégias - a e n tr e v ista e a o b serva çã o
- , práticas m ais frequentem ente utilizadas em terapia verbal. A análise funcional,
por seu caráter de m aior controle experim ental, tem sido reservada mais a contextos
institucionais e a populações com m aior défice com portam ental, tais com o problem as
de desenvolvim ento atípico e transtornos psicóticos (Repp & H orner, 1999). Q uanto
às escalas de avaliação com portam ental, há certa oposição a seu uso p o r terapeutas
com portam entais, sendo m ais utilizadas em situações de pesquisa, a saber:

A entrevista clínica

A coleta de dados por m eio da entrevista clínica é parte integrante de qualquer


m odalidade de avaliação e pode ser inclusive a única estratégia utilizada para tal fim.
S turm ey (1996) m ostra que o estudo da entrevista, na terapia com portam ental, teria
sido negligenciado devido à ênfase dada pelos behavioristas radicais na observação
direta e na m anipulação experim ental com o parte do processo de avaliação. Esse
autor argum enta que, a despeito dessa forte inclinação em direção à m etodologia
experim ental, a m aioria dos clínicos raram ente observa o com p o rtam en to de seus
clientes em am biente natural e que é ainda m ais improvável que conduzam um a
análise em pírica dos problem as dos seus clientes. Tal fato to rn a o clínico fortem ente
dependente dos dados de entrevista, o que exigiria m aior atenção dos pesquisadores a
esse aspecto da atividade clínica.
Sturm ey (1996) indica ainda que boa parte das pesquisas tem enfatizado a
entrevista inicial de avaliação, m as habilidades de entrevista são utilizadas ao longo
de todo o processo.
A entrevista é caracterizada inicialm ente p o r respostas de R elato do cliente e
ações do terapeuta de Solicitação de relato (Sturmey, 1996). É com um tam bém
que, concom itantem ente ao R elato do cliente, o corram respostas de Eacilitaç Ão e
G estos de concordância do terapeuta, além de verbalizações breves que repetem
o que o cliente acabou de dizer (um tipo de Facilitação ). Essas respostas, apesar da
natureza diferente (verbal vocal e verbal não vocal), aparentem ente exercem a m esm a

66 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

função na interação, que é a de indicar que o terapeuta está prestando atenção ao relato
do cliente e sugerir a continuidade do relato (Sturmey, 1996). No capítulo 4 deste livro,
pode-se observar que esse tipo de interação em que o cliente R elata ou Estabelece
relações e o terapeuta em ite respostas de Facilitaçâo e G estos de concordância
ocorre continuam ente em todas as sessões.
S turm ey (1996) e Hill (1978) distinguem dois tipos de solicitação de relato, em
relação à sua forma: perguntas abertas e perguntas fechadas. P erguntas abertas,
segundo esses autores, seriam utilizadas para evocar um a am pla gam a de respostas, e o
m aterial obtido com base nesse tipo de pergunta seria relativam ente não estruturado.
Já P erguntas fechadas solicitam respostas breves que clarificam algum ponto
específico ou provêm respostas a um a questão pontual. Sturm ey (1996) defende
a ideia de que, durante a sessão terapêutica, o terapeuta inicia com um a série de
P erguntas A bertas que propiciam um leque de assuntos que, no decurso da sessão,
são clarificados por P erguntas Fechadas . O autor ainda afirm a que o uso excessivo
de P erguntas Fechadas ou a apresentação desse tipo de p ergunta m uito cedo na
sessão são erros com uns de terapeutas destreinados ou novatos, o que pode lim itar os
dados obtidos a respostas breves ou a sins e nãos, deixando de pro p o rcio n ar acesso a
am plas áreas de problem as. M erece m elhor investigação a form a com que ocorre essa
transição de um a série de P erguntas A bertas para P erguntas Fechadas e quais os
critérios que guiam esse processo.
O u tra ação com um do terapeuta nas interações iniciais é o pedido para que o
cliente observe suas ações e/ou determ inados eventos (Solicitação de observação
- subcategoria de Solicitação de reflexão ), em busca de dados adicionais para
um a a n á lise d e c o n tin g ê n c ia s. Esse pedido pode envolver observações não estruturadas
(o terapeuta apenas pede que o cliente observe determ inadas situações, o que ele sente
ou faz nessas situações e/ou o que ocorre após a sua ação), ou registros estru tu rad o s
(por m eio de escalas de avaliação, tabelas de registro ou outras estratégias específicas).
No últim o caso, além de respostas de Solicitação de observação, o terapeuta deve
em itir respostas de Informação sobre o funcionam ento do registro e eventualm ente
sobre as razões pelas quais o registro está sendo solicitado.
Nas sessões iniciais, afirm a Sturm ey (1996), m uitos clientes encontram -se perplexos
com seus problem as po r percebê-los com o randôm icos ou incontroláveis. Esse autor
afirm a que, em m uitos casos, o cliente tem as próprias teorias sobre o problem a
(Estabelece relações ), que podem incluir visões personalistas ou m oralistas que o

3 J capítulo 67
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ajudam pouco. Banaco (1993) sugere tam bém que o R elato do cliente, especialm ente
nas prim eiras sessões, pode ser predom inantem en te a respeito de eventos encobertos
(R elato de sentimentos e emoções , R elato de estados motivacionais ou
T endências à ação imediata ). É possível ainda que o cliente estabeleça relações que
atribuam s ta tu s causal a eventos encobertos, um a vez que tal prática seria com um
em nossa cultura (Banaco, 1993, K ohlenberg & Tsai, 1991). Isso ocorre porque, em
razão de sua interação com a com unidade verbal, o cliente n o rm alm en te apresenta um
repertório verbal pouco fortalecido de observação e descrição de variáveis am bientais
das quais o com portam ento é função.
Nesse caso, as verbalizações do terapeuta que pod eriam p ro d u zir inform ações
para um a análise das contingências e constru ir um novo repertório discrim inativo
coincidiriam com as subcategorias de Solicitação de informações sobre fatos
(ações e eventos am bientais), Solicitação de relatos de respostas encobertas
do cliente ou com a categoria de Solicitação de reflexão . Esse tipo de interação,
na qual o cliente Relata e o terapeuta Solicita Relato ou Solicita R eflexão ,
m antém -se ao longo de todo o processo, e supõe-se que, ao longo do tem po, as
verbalizações do tipo Relato , do cliente, passem a envolver o Estabelecimento de
relações entre suas ações abertas ou encobertas e eventos am bientais relevantes.

As observações de Banaco (1993) sobre a m aior ocorrência de relatos de eventos


encobertos nas sessões iniciais são confirm adas pelos estudos de Almásy (2004)
e Silva (2001). Nesses estudos, ocorria alta frequência de falas do cliente sobre
eventos encobertos em com paração com a descrição de outros tipos de eventos,
independentem ente do tipo de consequência apresentada pelo terapeuta a esses
eventos (em am bos os estudos, esse dado foi observado em sessões em que o terapeuta
apresentava apenas verbalizações m ínim as - Facilitação - du ran te qualquer
tipo de fala do cliente). Os dados de M artins (1999), p o r outro lado, revelam que
verbalizações do cliente sobre eventos privados não são tão frequentes. A m bos os
dados, entretanto, são baseados no estudo de um núm ero reduzido de casos clínicos
e m erecem m elhor investigação. U m a possível questão de pesquisa poderia envolver
um a descrição detalhada, com um núm ero m aior de casos clínicos, de com o se dá
esse processo de m udança e das m udanças na frequência de cada tipo de R elato e de
Estabelecimento de relações do cliente ao longo do processo.

68 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

O relato de eventos privados pode tam bém ser utilizado com o estratégia para
obtenção de dados sobre o cliente. A lguns terapeutas solicitam do cliente o relato de
sentim entos, sonhos e fantasias (Solicitação de R elato de R espostas Encobertas )
com o estratégias para acesso a inform ações difíceis de obter p o r m eio de relato
direto (Banaco, 1993; D elitti & Meyer, 1995; Regra-N alin, 1993; O tero, 1993). U m a
vez que o cliente tenha descrito eventos desse tipo, o terapeuta p ode então solicitar
que o cliente estabeleça relações ou analogias entre esses eventos e episódios p o r
ele vividos (T erapeuta Solicita R eflexão ), estabelecendo, então, interpretações
(Interpretação ) a p artir das contingências em vigor.
Ao solicitar inform ações sobre a queixa do cliente e sobre outros aspectos a ela
relacionados, é im portante tam bém que o terapeuta obtenha inform ações sobre suas
habilidades e suas M etas de m udança. Tais inform ações ajudam no planejam ento
de com portam entos alternativos ou incom patíveis com a resposta-queixa, além
de p ro porcionar inform ações sobre possíveis fontes de reforçam ento que estariam
subutilizadas ou indisponíveis (Sturmey, 1996).
A lguns terapeutas têm com o prática, ao final de cada sessão terapêutica, fechar
a sessão sum arizando brevem ente os principais pontos da sessão (por m eio de
Estabelecimento de sínteses ou D escrição de processo ) ou solicitando que o
cliente observe (Solicitação de observação ), até a sessão seguinte, alguns aspectos
que precisam de m ais inform ações ou não ficaram claros d u ran te a entrevista (Sturmey,
1996).
S turm ey (1996) propõe um a série de questões que m ereceriam m aior investigação:
(1) com o o terapeuta lida com situações em que o cliente não responde às suas
questões; (2) com o o terapeuta lida com deslizes ou lapsos do cliente ao longo da
entrevista; (3) com o são feitas reform ulações a p artir de novas inform ações ou quando
as hipóteses iniciais são rejeitadas; (4) quais as habilidades necessárias para lidar com
clientes evasivos, difíceis ou irritadiços; (5) com o lidar com situações em que o relato
do cliente é distorcido, especialm ente quando tal contexto envolve questões legais; (6)
com o é conduzida a entrevista com mais de um cliente; (7) quais seriam as variáveis
a serem consideradas para tran sp o r os dados de entrevista em um a form ulação
co m p o rtam ental e dessa form ulação para um a estratégia de intervenção.

capítulo 69
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A observação no contexto da terapia verbal

C om o já apontado no início desta seção, o com p o rtam en to do cliente na interação


terapêutica é considerado, na terapia analítico-com portam ental, um a am ostra de
padrões de interação que ele estabelece em seu am biente social. Desse m odo, o interesse
do terap eu ta deve-se resum ir tanto aos eventos descritos no R elato verbal do cliente
quanto à form a com que o cliente interage com ele duran te a sessão terapêutica.
Banaco (1993) afirm a que, assim com o é possível “ap rim o rar” o autoconhecim ento
do cliente com base no seu relato verbal sobre estados internos, respostas abertas
sutis do cliente podem ser indicativas de estados em ocionais. É im portante, p o r essa
razão, a identificação, por parte do terapeuta, de m anifestações corporais externas do
cliente que podem ser indicativas de sentim entos e em oções e, p o r conseguinte, de
contingências de reforçam ento em vigor na relação terapêutica ou relacionadas ao
tem a relatado. Essas respostas podem tam bém sugerir ao terapeuta inform ações sobre
o im pacto que determ inados eventos exercem sobre seu co m p o rtam en to e sobre a
qualidade da relação terapêutica.
A esse respeito, De Rose (1997) afirma:

A psicoterapia pode ser entendida, ao menos em parte, como uma metodologia


para refinar o autoconhecimento, especialmente no que diz respeito ao controle
discriminativo exercido pelo mundo privado do indivíduo. Um dos requisitos
para isto provavelmente é que o terapeuta desenvolva uma sensibilidade para as
correlações entre eventos privados e comportamentos manifestos. Isto permite ao
terapeuta inferir aspectos do mundo privado do cliente a partir de manifestações
sutis; com base nestas inferências, ele pode auxiliar o cliente no treino das
discriminações que ajudam a desenvolver o autoconhecimento... (p.156)

A observação do terapeuta deve ser dirigida a vários aspectos verbais vocais e


não vocais da interação. Sturm ey (1996) sugere diversas propriedades de interesse do
com portam ento do cliente que podem trazer inform ações relevantes p ara a avaliação
com portam ental: a duração dos episódios de interação, a frequência de co m portam entos
de interesse - vocais ou não vocais - , a intensidade, a sequência com que diferentes
classes de ações ocorrem ao longo da interação e os p rodutos perm an en tes de suas
ações (por exemplo, m arcas referentes a com portam en to s autolesivos, ou aum ento ou
ganho de peso com o indicadores de com portam ento alim entar).

70 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

As propriedades dinâm icas (Skinner, 1957) da fala do cliente tam bém podem
prover inform ações im portantes. A intensidade com a qual u m a resposta verbal é
em itida, a velocidade com a qual respostas verbais sucessivas são em itidas, repetições,
a frequência com que determ inadas classes de resposta verbal ocorrem são, então,
objeto da observação do terapeuta. O qualificador Tom em ocional da fala, que com põe
o presente sistem a de categorização, tem com o alvo algum as dessas propriedades.
O utros com portam entos não vocais do cliente, tais com o M udanças de postura ,
a presença de G estos ilustrativos , M ovimentos repetitivos de m em bros e
Autoestimulação , tam bém m erecem atenção por parte do terapeuta. O qualificador
G estos ilustrativos , do presente sistema de categorização, bem com o o eixo de
categorização referente a R espostas motoras , visa identificar a ocorrência desses
tipos de eventos.

A organização do problema do cliente em termos de conceitos


comportamentais

O segundo passo da avaliação com portam ental, de acordo com Follette, Naugle
& L innerooth (1999), é a elaboração de u m a análise de contingências na qual os
problem as e características do cliente são organizados de acordo com princípios
da análise do com portam ento. C om base nessa organização, o terapeuta pode ter
um p anoram a geral do caso clínico envolvendo a análise tanto da função exercida
pelas respostas-problem a do cliente quanto de respostas do cliente que são desejáveis
(pois p roduziriam reforçadores se em itidas em m aior frequência e em um contexto
apropriado) e que devem ser fortalecidas.
Essa etapa da intervenção é tratada po r alguns autores com o a n á lise fu n c io n a l. O
term o análise funcional, entretanto, tem sido alvo de discussão. T radicionalm ente,
na literatura analítico-com portam ental, o term o análise funcional diz respeito a
dem onstrações experim entais de relações funcionais entre eventos. U m a vez que,
na terapia de cun h o verbal, o que tem os são “a n á lises fu n c io n a is n ã o e x p e r im e n ta is ,
isto é, a id e n tific a ç ã o (o u te n ta tiv a ) de (...) processos de in te ra ç ã o e m e x e m p lo s de

c o m p o r ta m e n to h u m a n o ” (Meyer, 1995, p. 2). Seria m ais apropriado o uso do term o


in te rp re ta ç ã o fu n c i o n a l ou, com o vem sendo denom in ad o p o r terapeutas analítico-
com portam entais, a n á lise de co n tin g ê n c ia s.

3 ) capítulo 71
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

M eyer (1995) afirm a que o conhecim ento e a aplicação dos princípios básicos do
com portam ento, assim com o a relação desses princípios com as práticas (técnicas e
procedim entos), devem existir para que um trabalho terapêutico seja considerado
consistente com a análise do com portam ento. C onceitos tais com o reforçam ento,
extinção, punição, controle de estím ulos, generalização e outros, segundo a autora,
devem fornecer a estru tu ra conceituai para o desenvolvim ento da prática do terapeuta
analítico com portam ental.
Z am ignani (2001) estudou dois terapeutas an alítico-com portam entais atendendo
a casos que envolviam queixas de transtorno obsessivo-com pulsivo, em busca de
verificar a consistência da prática desses terapeutas com a sua teoria de referência. Para
tanto, analisou as ações do terapeuta relacionadas a explica çõ es de eventos ou co n selh o s
(categorizadas neste trabalho com o Interpretação ou I nformação no prim eiro caso
e R ecomendação no segundo). No trabalho de Z am ignani (2001), a categorização
das verbalizações de terapeuta e cliente e o desenvolvim ento posterior de categorias
de análise p erm itiram discutir alguns aspectos im portantes da prática dos terapeutas
estudados. Por exemplo, foi possível identificar dois estilos de intervenção bastante
diversos, am bos com patíveis com o referencial teórico analítico-com portam ental:
o prim eiro voltado para a em issão de regras p o r m eio de análise de contingências e
aconselham ento; o segundo voltado para a consequenciação diferencial de respostas
do cliente dentro da sessão. Estudos que investiguem a interação entre diferentes
terapeutas e clientes com um a m aior variedade de queixas clínicas poderiam elucidar
variáveis relacionadas à m aior ou m enor consistência teórica da prática do terapeuta
analítico-com portam ental, além de identificar a relação de diferentes estilos de
intervenção com resultados do processo.
O m odelo teórico analítico-com portam ental descreve o com p o rtam en to em
term os de um processo de seleção pelas consequências. Nesse processo, pelo m enos
quatro elem entos básicos são im portantes para a com preensão de um determ in ad o
com portam ento: as operações estabelecedoras (OE), que estabelecem determ inados
estím ulos com o m om entaneam ente reforçadores; os estím ulos discrim inativos (Sns),
que estabelecem a ocasião em que o reforçador estará disponível caso a resposta
venha a ser em itida; a em issão da resposta pelo indivíduo (R); a apresentação de
estím ulos com o efeito da (contingentes à) resposta em itida (S'!). Esse m odelo teórico é
representado pelo paradigm a apresentado na Figura 1.

72 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 1
Esquema representativo do paradigma do com portam ento operante, no qual "O E "é uma
operação estabelecedora, "S n'é um estímulo discriminativo, o símbolo representa uma
função probabilística na qual, dadas determinadas circunstâncias, há uma probabilidade
de que uma resposta seja emitida, "R" é a resposta, a seta à direita indica uma relação de
contingência entre resposta e consequência e " S " é o estímulo produzido pela resposta
que, ao retroagir sobre o organismo, altera a probabilidade de que respostas da mesma
classe venham a ser emitidas (Follette et al., 1999).

P artindo desse m odelo teórico, pode-se im aginar com o um episódio ideal


de interação do indivíduo com o am biente, aquele em que o indivíduo (1) está
suficientem ente m otivado (há um a operação estabelecedora que to rn a algum evento
m o m entaneam ente reforçador e, portanto, evoca algum a resposta do indivíduo para
produzi-lo - OE); (2) sabe a ocasião apropriada para agir (houve u m a história anterior
que estabeleceu um controle de estím ulos apropriado sobre o responder - SD); (3) sabe
o que fazer (apresenta em seu repertório a resposta a ser em itida - R); (4) sua ação
produz reforçadores ou evita o contato com aversivos (consequências providas pelo
am biente m antêm a classe de respostas).
A queixa trazida pelo cliente para o consultório pode ap o n tar problem as em cada
um dos elos dessa sequência de eventos. Assim, é possível que:
1. O cliente não esteja suficientem ente m otivado para a em issão das respostas
necessárias em determ inadas condições;
2. N ão haja um controle de estím ulos apropriado que estabeleça a ocasião para
resp onder quando o reforçador estiver disponível (história insuficiente ou
ineficaz de reforçam ento diferencial);
3. O indivíduo não apresente o repertório necessário para que sua ação produza
estím ulos reforçadores;
4. O am biente social ou m ecânico disponha consequências de m aneira
inconsistente ou dispense reforçadores para respostas que, em m édio ou longo
prazo, produzam estim ulação aversiva.

capítulo 73
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

C onsiderando análise sem elhante, Kanfer e G rim m (1977) e Follette et al.


(1999) classificam os problem as a partir de sua relação com eventos antecedentes,
com portam entos ou consequências.
C om relação aos eventos antecedentes, a queixa do cliente p o d e envolver a fa l ta
d e e v e n to s a n te c e d e n te s a p ro p r ia d o s p a ra a e m issã o de respostas que p roduziriam
reforçadores (devido à falta de o portunidade para a em issão de com portam entos
desejados ou a um am biente restritivo); pode n ã o e x is tir u m co n tro le d is c r im in a tiv o
(o cliente não é capaz de identificar as condições sob as quais certas classes de
com portam entos p roduziriam reforçadores); ou pode haver um co n tro le d is c r im in a tiv o
in a p r o p ria d o (é o caso de com portam entos que não são apropriados ao contexto em
que ocorrem , em bora possam p roduzir consequências desejáveis, se em itidos em
outros contextos). Kanfer e G rim m (1977) acrescentam o caso de co n tro le in a p r o p ria d o
p o r e s tím u lo s a u to g e ra d o s (o indivíduo nom eia e responde incorretam ente a estados

internos).
C om relação ao responder do cliente, podem existir problem as relacionados
a excessos c o m p o r ta m e n ta is (com portam entos que ocorrem com frequência ou
intensidade m aiores do que seria apropriado ao contexto, p ro d u zin d o consequências
aversivas), défices c o m p o r ta m e n ta is (falta de repertórios im portantes, tais com o
habilidades sociais, expressão de intim idade) ou c o m p o r ta m e n to s in te r v e n ie n te s
(com portam entos que im pedem a em issão de outras respostas mais efetivas para a
produção de reforçadores).
Por últim o, com relação às consequências, p o dem in e x is tir as c o n se q u ê n c ia s q u e
s e r ia m a p ro p r ia d a s para a m anutenção do com portam ento-alvo; podem ocorrer

c o n se q u ê n c ia s co n c o rre n te s (a m esm a ação po d e p ro d u zir diferentes consequências

gerando situações de conflito) ou pode oco rrer u m co n tro le in a p r o p ria d o p e la s


c o n se q u ê n c ia s (é o caso de com portam entos que produzem consequências reforçadoras

para o indivíduo, mas que podem ser inapropriadas para o grupo, tais com o situações
de abuso sexual).

A TRANSPOSIÇÃO DA ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS PARA A INTERVENÇÃO

Follette et al. (1996) afirm am que, a p artir de um a etapa inicial de reforçam ento
aparentem ente não contingente a n enhum a classe de resposta específica (etapa em
que o tipo de reforçam ento provido pelo terapeuta é m ais próxim o da categoria

74 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Empatia ), gradualm ente ocorre um afunilam ento do foco das consequências providas
pelo terapeuta durante a sessão terapêutica. Aos poucos, então, o terapeuta passa
a dirigir sua intervenção a aspectos mais específicos do responder do cliente, com
vistas à instalação e m anutenção de com portam ento e à construção de condições
para a m udança. Essa etapa coincide com a aplicação de procedim entos p o r p arte do
terapeuta m ediante a análise de contingências.
Problem as em cada u m dos elos da relação com portam ental exigem do terapeuta
diferentes estratégias de intervenção apropriadas.
No caso de n ã o e x is tir e m e v e n to s a n te c e d e n te s a p ro p r ia d o s p a ra a em issã o de
respostas, K anfer e G rim m (1977) propõem a m odificação direta do am biente atual (o

que, segundo Z am ignani, Kovac & Vermes, 2007, é possível p o r m eio de intervenção
extraconsultório) ou a busca por novos am bientes que disponibilizem reforçadores
de um a form a m ais apropriada. Follette et al. (1999) ainda sugerem que o terapeuta
facilite essa descoberta pelo cliente e incentive sua participação em am bientes mais
ricos em o p ortunidades de interação.
O terapeuta pode dispor de diferentes estratégias para conduzir o cliente em
busca de novos am bientes ou grupos sociais. U m a das possibilidades é p o r m eio da
apresentação de um a análise de contingências (Interpretação ), na qual ele pode
explicitar as variáveis do am biente que im pedem a m udança. O u tra possibilidade é a
Recomendação direta de busca po r am bientes alternativos. Esta é provavelm ente a
form a m ais “diretiva” e talvez a que produziria mais rapidam ente a m udança necessária.
M eyer (2004a) alega que um dos fatores responsáveis pela am pla aceitação da terapia
com portam ental é a rapidez com que ela consegue resultados, especialm ente em razão
do recurso a procedim entos estruturados baseados em com p o rtam en to s governados
por regras. E ntretanto, alguns autores (inclusive Meyer, 2004a) têm questionado esse
tipo de estratégia pela pouca oportu n id ad e que ela dá para a construção do repertório
necessário ao desenvolvim ento de autonom ia do cliente. A lguns estudos apontam
ainda um a m aior frequência de respostas de resistência ou O posição do cliente,
quando o terapeuta age de form a mais diretiva, e forte correlação entre a resistência do
cliente e um resultado negativo da terapia e/ou abandono dela (Ablon & Jones, 1999;
Abramowitz, Abram ow itz, Roback, & Jackson, 1974; Beutler, M oleiro & Talebi, 2002;
Bischoff & Tracey, 1995). Beutler, M oleiro e Talebi (2002) realizaram um a revisão
de vinte estudos que verificaram os efeitos diferenciais da diretividade do terapeuta,
rendo em vista a resistência dos clientes. Foi constatado que 80% desses estudos

capítulo 75
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

d em onstraram que intervenções diretivas funcionaram m elhor entre clientes com


baixo nível de resistência, enquanto intervenções não diretivas funcionaram m elhor
entre clientes com graus mais altos de resistência. Tais dados indicam que o fenôm eno
da resistência está intim am ente relacionado ao estilo de intervenção do terapeuta,
poden d o ser prevenido po r m eio de estratégias não diretivas e autodirecionadas.
Indicam , ainda, que a história de seguim ento de regras e instruções do cliente deve ser
levada em consideração para o planejam ento de u m a intervenção efetiva.
Vermes, Z am ignani e Kovac (2007) argum entam que a psicoterapia deveria ter
com o objetivo a autonom ia do cliente e, para tanto, o terapeuta deveria favorecer que
o cliente desenvolvesse a análise de seu com portam ento e propostas de m udança. Tal
processo poderia ser conduzido por m eio de Solicitação de relato e Solicitação
de reflexão , seguidas por respostas de A provação , Facilitação ou Empatia do
terapeuta quando o cliente E stabelece relações , form ula M etas ou p osteriorm ente
relata M elhora .
Q uando o co n tro le d is c r im in a tiv o é in s u fic ie n te o u in a p r o p ria d o , Follette et al.
(1999) recom endam a m odelagem de um repertório discrim inativo, de m o d o que
o cliente passe a responder em contextos apropriados ou desenvolva repertórios
com portam entais funcionalm ente equivalentes àqueles que o corriam em am bientes
inapropriados. Kanfer e G rim m (1977) sugerem ainda, no caso de co n tro le in a p r o p ria d o
p o r e stím u lo s a u to g e r a d o s , o desenvolvim ento de aprendizagem discrim inativa, de
m odo que o cliente venha a nom ear m ais aprop riad am en te seus estados internos.
Em todos os casos relacionados a controle discrim inativo, os autores propõem
o desenvolvim ento de algum tipo de treino discrim inativo, no qual ocorreria
reforçam ento diferencial de respostas na presença dos estím ulos apropriados (por
m eio de verbalizações de A provação , Empatia ou ou tro tipo de consequência que
funcione com o reforço ao com portam ento em questão - Follette et al., 1996). Na
terapia verbal, isso se aplica apenas a episódios que envolvem o controle discrim inativo
sobre respostas sociais. M esm o assim, em alguns casos, não é possível dispor, na
terapia, de contextos sociais funcionalm ente equivalentes àqueles em que ocorre a
resposta-problem a do cliente, de m odo a fornecer diferencialm ente as consequências.
Resta ao terapeuta, nesses casos, o recurso verbal, intervindo p o r m eio de análises
interpretativas (Interpretação ), apontam entos (Informação ) e fe e d b a c k sobre a
adequação dos eventos relatados verbalm ente pelo cliente (A provação , R eprovação
ou Informação ).

76 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

No caso de excessos c o m p o r ta m e n ta is , K anfer e G rim m (1977) sugerem os


procedim entos de parada de pensam ento ou de saciação de respostas (nesse tipo
de procedim ento, o terapeuta provê Informação ao cliente do funcionam ento
e da racional da técnica e então R ecomenda que o cliente se engaje na técnica
- Estruturação de atividade ). O u tra estratégia sugerida pelos autores é o
desenvolvim ento de respostas incom patíveis com a resposta que ocorre em excesso, o
que poderia ser aplicado valendo-se de qualquer um dos procedim entos utilizados para
o ensino de repertório. Sturm ey (1996) defende a ideia de que, mais do que m eram ente
rem over um a resposta indesejada, o tratam ento analítico-com portam ental deve ter
em vista aum entar a frequência de com portam entos desejáveis. C onsiderando esse
aspecto, esta últim a proposta de Kanfer G rim m (1977) parece mais apropriada.
Para casos em que o problem a do cliente envolve d éfices c o m p o r ta m e n ta is , Kanfer e
G rim m (1977) sugerem com o intervenção que o terapeuta proveja Informação sobre
o desem penho correto ou sobre padrões sociais para o co m p o rtam en to apropriado a
determ inadas situações. Além da estratégia proposta po r esses autores, poderíam os
considerar a m o d e la g e m po r aproxim ações sucessivas, estratégia em que repostas
que se aproxim am daquela a ser aprendida são reforçadas socialm ente pelo terapeuta
até que o cliente apresente o repertório desejado e produza os reforçadores naturais
que m anteriam a ocorrência do com portam ento (Z am ignani & Jonas, 2007). O
reforçam ento dessas respostas pode se dar por m eio de A provação , Facilitação ,
G estos de concordância ou m esm o de Solicitação de relato - que p o d em
funcionar com o reforçadores para a verbalização an terio r do cliente. O u tra estratégia
com um ente usada no ensino de repertório novo é a m o d e la ç ã o , que consiste em o
terapeuta oferecer M odelos (um subtipo de R ecomendação ) de respostas para que
o cliente o imite.
Q uando o terapeuta identifica a existência de c o m p o r ta m e n to s in te r v e n ie n te s
que im pedem a em issão de outras respostas m ais efetivas para a produção de
reforçadores, Follette et al. (1999) sugerem que o terapeuta observe a ocorrência
desses com portam entos intervenientes em exercícios de representação ou m esm o
em observação in -v iv o . Tais circunstâncias devem , então, ser apontadas para o cliente
(por m eio de Informação ou Interpretação ), e o terapeuta deve alterá-las de m odo
que alternativas mais eficazes de respostas venham a ser estabelecidas. Caso esses
com portam entos intervenientes sejam constituídos por excessos com portam entais,
as classes de respostas que ocorrem em excesso p od eriam ser substituídas por

3 ) capitulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 77
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

com portam entos m ais úteis, utilizando-se para isso as estratégias já descritas
anteriorm ente para a redução e instalação de novas respostas.
Q uando o problem a do cliente envolve um arranjo de contingências problem ático,
Follette et al. (1999) afirm am que o terapeuta deve prever que, se tais condições
am bientais não forem alteradas, o com portam en to tenderá a não se m an ter e a ser
substituído por com portam entos m ais problem áticos. Para lidar com essa condição,
K anfer e G rim m (1977) propõem que o terapeuta estabeleça u m rearranjo de
contingências. Para isso, o terapeuta deve estabelecer com o cliente objetivos de curto
prazo (o que envolve Interpretações e R ecomendações ) e reforçadores arbitrários
(A provação ) interm ediários, até que respostas de autogerenciam ento do cliente
venham a ser fortalecidas po r m eio de consequências naturais.
No caso de c o n se q u ê n c ia s co n c o rre n te s ou co n tro le in a p r o p r ia d o p e la s c o n se q u ê n c ia s,
Follette et al. (1999) sugerem que intervenções em am biente natural sejam desenvolvidas
para restringir o acesso ou aum entar o custo de respostas que envolvam a em issão de
com portam entos inapropriados.

UMATAXONOMIA DAS INTERVENÇÕES TÍPICAS DO TERAPEUTA

M eyer (2004b) propôs um a classificação dos p ro ced im en to s básicos em pregados


pelos terapeutas para prom over m udança de co m portam ento. De acordo com a
autora, tais procedim entos básicos seriam (1) T erapeuta fornece regras, (2) Terapeuta
favorece autorregras, (3) T erapeuta fornece estim ulação su p lem en tar e (4) T erapeuta
m odela repertórios.
Os dois prim eiros procedim entos descritos p o r M eyer (2004b) envolvem a
especificação de alternativas de ação ou a elaboração de descrições de contingências,
seja por m eio do fornecim ento de conselhos, ordens e descrições de contingências,
seja p o r m eio de incentivo para a construção de autorregras p o r parte do cliente.
A terceira estratégia refere-se ao F o rn e c im e n to d e e stim u la ç ã o s u p le m e n ta r pelo
terapeuta. De acordo com M eyer (2004b), um a situação com plexa é com posta por
um grande n úm ero de estím ulos, e, em alguns casos, a queixa do cliente envolve
um responder sob o controle discrim inativo de apenas um a parte desses estím ulos,
gerando um a ação ineficaz para a produção de reforçadores.

78 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

O terapeuta então identifica uma propriedade do estímulo discriminativo


que controla uma resposta e torna mais salientes outras propriedades do
mesmo estímulo físico, que já controlam outras respostas, lissas instruções do
terapeuta para que o cliente preste atenção a outros aspectos da mesma situação
pode aumentar a probabilidade de que novos aspectos passem a controlar o
comportamento (pp. 154-155).

Vale ressaltar que, em bora tal estratégia nào envolva a descrição de todos os elos da
contingência, ela supõe um responder do cliente sob controle de regras, um a vez que o
terapeuta descreve elem entos da contingência, os quais o cliente não havia observado
(regra com o descrição de contingências - Informação ou I nterpretação ), ou
instrui o cliente a observar esses aspectos (regras com o instrução - R ecomendação
ou Solicitação de reflexão ).
O últim o dos procedim entos descritos po r M eyer (2004b) consiste na m odelagem
de repertórios por m eio da c o n se q u e n c ia ç ã o direta dos com portam entos do cliente que
ocorrem na interação com o terapeuta. Parte do pressuposto que os com portam entos
do cliente que ocorrem durante a sessão terapêutica são um a am ostra de sua form a de
agir em outros contextos (Follette et al„ 1996; K ohlenberg & Tsai, 1991). A m odelagem
direta de com portam entos envolve desde a audiência não punitiva do terapeuta, que
seleciona e fortalece respostas de aproxim ação e autoexposição do cliente, até a seleção
de outras respostas sociais do cliente, por m eio de reforçam ento diferencial.
É possível ag ru p ar as estratégias descritas p o r M eyer (2004b) em duas classes
principais. As três p rim eiras estratégias seriam relacionadas ao controle p o r regras,
en q u an to a últim a diz respeito à m odelagem de co m p o rtam en to a p a rtir das
consequências sociais dispensadas pelo te rap eu ta na sessão terapêutica. Z am ig n an i
(2001), de form a sem elhante, identificou entre os profissionais p o r ele estudados
dois p adrões distintos de intervenção: o p rim eiro enfatizava o fo rn ecim en to de
regras e conselhos, de m odo a co n stru ir um rep e rtó rio de au to co n h ecim en to ; o
segundo privilegiava o fe e d b a c k após verbalizações do cliente, visando à m odelagem
de repertório.
A adoção de diferentes estratégias de intervenção entre terapeutas que seguem o
m esm o referencial, conform e identificado po r M eyer (2004a) e Z am ignani (2001),
rem ete ao debate existente quanto ao controle p o r regras na terapia. Alguns autores,
entre os quais C atania (1999), alegam que o controle por regras é um a form a eficaz de

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


3 ! capítulo 79
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

controle do com portam ento hum ano; outros, entre os quais G uedes (1993), questionam
a ênfase nesse tipo de controle na relação terapêutica. M eyer (2004a) afirm a que esse
tipo de procedim ento é especialm ente im portante nos casos em que “as c o n se q u ê n c ia s
d o c o m p o r ta m e n to são m u ito a d ia d a s o u escassas, to r n a n d o -se , p o r ta n to , in e fic a ze s n a
m o d ific a ç ã o d e c o m p o r ta m e n to s , ou q u a n d o os c o m p o r ta m e n to s q u e s e r ia m m o d e la d o s
p e la s c o n tin g ê n c ia s e m v ig o r sã o in d e s e já v e is ” (p. 152). A autora afirm a que as regras

apresentadas pelo terapeuta p odem tanto especificar claram ente um a ação que o cliente
deveria seguir quanto prescrever um a tarefa terapêutica (nesses casos, tratar-se-ia de
regras específicas) ou, de form a m ais genérica, especificar o resultado a ser atingido, em
vez da topografia da ação a ser executada (regra genérica). Em estudos desenvolvidos
p or M eyer e D onadone (2002), essas diferentes utilizações das regras são com paradas,
em sessões de terapeutas experientes e inexperientes, m o stran d o algum as diferenças
im portantes. Estudos que relacionem essas diferenças de procedim ento a resultados
clínicos seriam de grande utilidade para o desenvolvim ento da área.
Sturm ey (1996), discutindo as diferentes possibilidades de utilização da análise
funcional no contexto clínico, considera que a interpretação funcional pode ser
utilizada com o tratam ento em si ou com o u m dos com ponentes do tratam ento.
Posição sem elhante é adotada po r M eyer (2004a), ao afirm ar que a análise funcional
feita pelo terapeuta com seu cliente seria um procedim ento de fornecim ento de regras.
O terapeuta, nesse caso, deveria trabalhar com o cliente para que este desenvolva um a
análise funcional do próprio com portam ento e ajudá-lo a usar a análise funcional para
m udar o próprio com portam ento. Para isso, ele p ode apresentar a análise para o cliente
(Interpretação ) ou trabalhar colaborativam ente com o cliente para desenvolver
um a análise funcional com partilhada. G oldiam ond (1975) recom endou que o
cliente fosse conduzido a elaborar a própria análise funcional, ao invés de recebê-la
p ro n ta do terapeuta. Nesse caso, o terapeuta Solicita relato , Solicita reflexão
e fornece consequências diferenciais às respostas-solução p o r m eio de respostas de
A provação , Facilitação ou Empatia . Isso im plicaria um a participação mais ativa
do cliente no próprio tratam ento. Esse tipo de proposta é consonante com os dados
de M atthew s, C atania e Shim off (1985), que defendem a ideia de que a m odelagem do
com portam ento verbal aum enta a probabilidade de m u d an ça no com portam ento não
verbal correspondente.

80 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

G uedes (1993), p o r sua vez, critica o m odelo de intervenção baseado no controle


por regras. A autora afirm ou que “contingências artificiais da sessão têm pouca
chance de com petir com as contingências, em geral, m ais antigas, m ais significativas
e mais frequentes na vida do sujeito” (1993, p. 84) e que a generalização do repertório
desenvolvido p o r m eio de conselhos ou regras só é possível para pacientes cujo
repertório de com portam entos de “seguir regras” é bastante fortalecido.
O u tra decorrência do seguim ento de regras é o risco de que o indivíduo, ao
responder sob controle da regra, deixe de em itir respostas de observação aos eventos
que controlariam naturalm ente a resposta em questão (Meyer, 2004a; Z am ig n an i &
fonas, 2007). Tal fenôm eno tem sido denom inado na literatura de pesquisa básica
com o in s e n sib ilid a d e às co n tin g ê n c ia s. Esses autores m o stram tam bém que, quando
consequências sociais (im plícitas ou claram ente descritas na regra) com petem com
as consequências naturais do com portam ento descrito na regra, as prim eiras podem
sobrepujar as consequências naturais do responder, fazendo com que o indivíduo
siga regras sob controle de aprovação social, e não da contingência natural do
co m portam ento especificado pela regra.
O fe e d b a c k diferencial, por sua vez, com vistas a m an ter certos padrões de
co m portam ento e dim in u ir a probabilidade de ocorrência de outros, não garante
a generalização do com portam ento para outros contextos, que não a interação
terapêutica. Especialm ente quando se trata de consequências que o terapeuta provê
à descrição de com portam entos do cliente - que não ocorrem na sessão - , há certa
dificuldade técnica para que o com portam ento verbal (fortalecido na sessão) venha
a controlar o com portam ento não verbal em outro contexto. A discussão sobre o
uso das regras ou do controle po r consequências im ediatas na interação terapêutica
revela a ausência de consenso entre analistas do com p o rtam en to sobre quais as
m elhores m aneiras de desenvolver um tratam ento com base na perspectiva analítico-
com portam ental. A resposta a essa questão depende de pesquisas que dem onstrem
experim entalm ente a superioridade de um ou outro procedim ento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente tópico teve com o objetivo levantar alguns dos processos que ocorrem
na terapia analítico-com portam ental e as possibilidades de uso das categorias do
SiM CCIT para o seu estudo. É im portante ressaltar que as categorias desenvolvidas,

3 ) capítulo 81
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

por seu caráter generalista, visam a um m apeam ento geral das respostas típicas que
ocorrem ao longo do processo, mas não têm com o objetivo a discrim inação precisa
de especificidades que ocorrem dentro de cada classe de eventos. Por exemplo, um a
Interpretação pode envolver o estabelecim ento de relações explicativas com patíveis
ou não com os pressupostos da terapia analítico-com portam ental, e não é p arte da
proposta desse sistem a fazer essa diferenciação. O pesquisador cujo problem a de
pesquisa envolve questões desse tipo pode, em um segundo m om en to de análise,
p ropor subcategorias ou categorias de análise que p erm itam tal diferenciação.

82

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 4
APLICAÇÃO DO SiMCCIT EM UM CONJUNTO DE SESSÕES
DE TERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL

Denis Roberto Zomignani


Sonia Beatriz Meyer

Este estudo foi desenvolvido com o p arte da tese de do u to rad o do prim eiro autor,
de m odo a ilustrar a aplicabilidade do SiM CCIT a sessões terapêuticas em diferentes
etapas do processo. A análise das sessões teve um caráter exclusivam ente descritivo
sem um a questão específica de investigação. A sistem atização dos dados visou à
identificação de alguns padrões de interação ao longo das três sessões selecionadas.

MÉTODO

PARTICIPANTES

(1) um a díade terapeuta-cliente para a gravação de sessões de atendim ento,


com posta de (a) um terapeuta analítico-com portam ental do sexo m asculino, com
25 anos de experiência clínica, e (b) um a cliente de 32 anos, grávida, com queixa
relacionada a problem as m atrim oniais, sem diagnóstico psiquiátrico prévio.
Tanto a participante cliente quanto o terapeuta assinaram um term o de
consentim ento, no qual autorizaram a utilização dos dados para a pesquisa. O trabalho
foi aprovado pelo com itê de ética da U niversidade de São Paulo.

MATERIAL E EQUIPAMENTOS

1. D uas film adoras digitais da m arca Sony;


2. um Kit O bserver V ideo-Pro Com plete, Set-up, N oldus Inform ation
Technologies. Trata-se de um sistema inform atizado para análise
com portam ental. É com posto pelo V ideo-P ro S o ftw a re, um d eco d er MPEG2
H igh Q u a lity E n c o d e e um com putador DELL. MM01 Dell PC com m onitor 17”;

capítulo 83
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

3. so ftw a re s M ic ro so ft W o rd e Excel;
4. três sessões de terapia registradas por m eio de gravação em vídeo;
5. um m ix e r, fornecido pela em presa N o ld u s T e c h n o lo g y ®.

PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

AMBIENTE

Idem ao C apítulo 2.

SELEÇÃO DOS D A D O S P A R A A N Á L I S E

Para este estudo, foram selecionadas as sessões 3, 11 e 17 de m o d o a obter um a


am ostra de três diferentes m om entos do processo terapêutico.

PROCEDIMENTO PARA C A T E G O R IZ A Ç Ã O

Cada um a das sessões foi observada e categorizada, p o r m eio do so ftw a re


T h e O b se rv e r0, pelo pesquisador, utilizando o S is te m a m u ltid im e n s io n a l p a r a a

C a te g o riza ç ã o d e C o m p o r ta m e n to s n a In te ra ç ã o T era p êu tica . A configuração do


so ftw a re foi realizada previam ente e inserido cada u m dos eixos do sistem a na seção
b é h a v io r ia l classes (classes de com portam entos) e cada u m dos qualiíicadores n a seção
m o d ifie r classes (classes de m odificadores).
Cada eixo de categorização (com os respectivos qualiíicadores) foi categorizado
separadam ente, sendo tam bém categorizados em separado os participantes: terapeuta
e cliente. O processo de observação e categorização de cada um dos eixos para cada
um dos participantes ocupou de duas a quatro horas, depen d en d o da com plexidade
do dado, um a vez que a observação do trecho e o retorno da im agem para o p o n to da
categorização em cada evento identificado eram necessários.
Assim, a sequência de categorização foi a seguinte: (1) co m p o rtam en to verbal do
terapeuta com os respectivos qualificadores (tom em ocional da interação e gestos
ilustrativos); (2) com portam ento verbal do cliente com os respectivos qualificadores
(tom em ocional da interação e gestos ilustrativos); (3) com p o rtam en to s m otores
do terapeuta; (4) com portam entos m otores do cliente. O sistem a previa tam bém a

84 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

categorização do eixo referente ao tem a da sessão, o que não foi possível nesta etapa
da pesquisa, urna vez que foi priorizado o investim ento na análise e revisão de outros
eixos de categorização.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados dos eixos C om portam ento verbal e Respostas m otoras foram


sistem atizados em diferentes etapas. Prim eiram ente, foi tabulado o total de tem po
de ocorrência das respostas da cliente e do terapeuta em cada sessão e na som a do
total das sessões. Em segundo lugar, foi apresentado o total de ocorrências de cada
categoria de com portam entos do terapeuta e da cliente, a p artir do qual um a figura de
frequência acum ulada foi elaborada e contém as principais categorias do terapeuta e
da cliente. Nessa m esm a figura, os dados referentes ao Eixo III (Respostas m otoras)
do terapeuta e da cliente foram representados em barras inferiores (gráficos de fluxo
com portam ental, conform e desenvolvido por Pessoa & Serio, 2009), distribuídas de
m odo que o tem po de ocorrência de cada um dos eixos fosse coincidente.
C om base na análise das categorias mais frequentes e na observação dos dados
em frequência acum ulada, um a análise foi conduzida para identificar a probabilidade
de ocorrência de algum as sequências de com portam entos. Para tanto, foram
selecionadas as categorias que ocorreram em m aior frequência e/ou tem po para
am bos os participantes e que sugeriram ter algum a relação tem poral. As respostas
de Facilitação e G estos de concordância não foram tabuladas nessa análise
sequencial p o r terem ocorrido regularm ente ao longo de toda a sessão, sem pre que
o interlocutor tin h a a palavra; portanto, elas não estariam relacionadas a n en h u m a
categoria específica do interlocutor. A análise foi realizada p o r m eio do recurso L ag
S e q u e n tia l A n a ly s is (análise sequencial num intervalo de tem po) do so ftw a re T h e
O b se rv e r ", sendo selecionado o m odo de análise T im e L a g (intervalo específico de

tem po), com um intervalo até quatro segundos em cada transição.

capítulo 85
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESULTADOS

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AO EIXO 1-1 - COMPORTAMENTO


VERBAL DOS PARTICIPANTES - E AO EIXO III: RESPOSTAS MOTORAS

A Figura 1 apresenta o tempo, em segundos, de ocorrências de respostas verbais


do terapeuta em comparação com o tempo de ocorrência de verbalizações do cliente.

FIGURAI
SOMA DAS CATEGORIAS DO EIXO I: RESPOSTAS VERBAIS DO TERAPEUTA E DO
CLIENTE (INCLUINDO RESPOSTAS VERBAIS VOCAIS E GESTOS COMUNICATIVOS) EM
OCORRÊNCIAS E DURAÇÃO (SEGUNDOS), EM CADA UMA DAS TRÊS SESSÕES E NO
TOTAL DAS TRÊS SESSÕES ANALISADAS
Legenda: T = Terapeuta; C = Cliente; S02 = Sessão 2; S 11 = Sessão! 1; S 17 = Sessão 17.

86 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

N ota-se que as respostas verbais da cliente ocuparam oito vezes o tem po de fala do
terapeuta. Isso indica que um a única fala da cliente tendia a ser m aior que as falas do
terapeuta, enquanto, em núm ero de ocorrências, as respostas do terapeuta superaram
as do cliente, diferença que se m ostra consistente em todas as três sessões analisadas.
A Figura 2 apresenta a duração m édia das falas do terapeuta e da cliente com relação
ao tem p o de duração de cada sessão.
N ota-se, na Figura 2, que a duração m édia das falas da cliente foi m aior na Sessão
2 do que nas sessões seguintes e a duração m édia das falas do terapeuta, em bora m uito
m en o r que a do cliente, foi aum entando ligeiram ente no decorrer das três sessões.

DURAÇÃO MÉDIA DAS OCORRÊNCIAS

i/i
o
T3
C
D
CTl
<
LU
O

■ Cliente ♦ Terapeuta

FIGURA 2
DURAÇÃO MÉDIA DAS RESPOSTAS VERBAIS DO TERAPEUTA E DA CLIENTE
(INCLUINDO RESPOSTAS VERBAIS VOCAIS E GESTOS COMUNICATIVOS) EM CADA UMA
DAS TRÊS SESSÕES E NO TOTAL DAS TRÊS SESSÕES ANALISADAS
Legenda: S02 = Sessão 2; SI 1 = Sessãol 1; SI 7 = Sessão 17.

)
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
4 capítulo 87
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES À SESSÃO 2

A Figura 3 apresenta o percentual de ocorrências e duração de cada categoria do


Eixo I para o terapeuta.

% 100
) Ocorrência T
90
80 ) Duração T

70
ÔO
50
40
30
20
10
0 J ■ 1
<T3 O O o O o CATEGORIAS
rc
o o O' X
Q_ (T3 ro <V
5=
O DO
E E CU
QC
o u
LU Ü O Q. cn Õ 1— Q TERAPEUTA
Li_ ~ õ
CO u O
uo to
5 a

■ % Ocorrência C

s % Duração C

CATEGORIAS
DO CLIENTE

seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Pode-se observar, na Figura 3, que as categorias do terapeuta que ocorreram


em m aior frequência foram G esto de concordância (67,8% das verbalizações do
terapeuta) e Facilitação (17%), seguidas por Solicitação de reflexão (5,4%),
Interpretação (2,4%) e Empatia (1,7%). Para a cliente, em m aior frequência,
ocorreram as categorias C oncordância (35%), Relato (25%) e R elações (20,8%),
seguidas por G estos de concordância (10,8%).
Já os dados referentes ao tem po m ostraram outro panoram a: as categorias do
terapeuta que ocuparam a m aior parte do tem po foram Solicitação de reflexão
(35,7%) e I nterpretação (33,4%), seguidas por Empatia e O utras (am bas com
12,5%). As categorias da cliente, p o r sua vez, m ostraram 68% do tem po de fala da
cliente ocupado po r R elato , seguido por R elações (26%), enquanto cada um a das
outras categorias ocupou m enos de 2% das falas da cliente.
A Figura 3 perm ite verificar tam bém que cada form a de apresentação dos dados
oferece diferentes tipos de inform ação sobre a interação terapêutica. Pode-se notar,
nas duas colunas de cada categoria, a com paração entre o total de ocorrências de
cada categoria e o tem po ocupado por cada um a delas. Percebe-se que ações do
tipo Facilitação e G esto de concordância ocorreram em alta frequência, dado
que seria negligenciado se a m edida utilizada fosse apenas o tem po. Por o utro lado,
pode-se n o tar em outras categorias de com portam ento, tais com o Interpretação
e Solicitação de R eflexão , que a m edida de frequência unicam ente pod eria
ocultar inform ações significativas sobre o tem po em que o participante se engaja nos
co m portam entos em questão.
A Figura 4 apresenta a distribuição dos com portam entos do terap eu ta e da
cliente ao longo da sessão. Foram selecionadas, para com por a figura, as categorias
com m aior frequência e tem po de ocorrência de cada participante. U m a vez que os
com portam entos do terapeuta - Facilitação e G estos de C oncordância - ocorrem
de form a regular, sem pre que o outro participante tem a palavra, e supostam ente
têm funções sem elhantes na interação, eles foram agrupados em to rn o de um
único rótulo (TFac + G esto C onc ). O m esm o foi feito com as categorias do cliente
C oncordância e G estos de concordância , sendo agrupadas no rótulo CC onc +
G esto conc . A lém disso, optou-se p o r apresentar as curvas de frequência acum ulada
do terapeuta em um eixo secundário, em m aior escala, para facilitar a visualização
da distribuição das respostas que ocorrem em frequência m enor que as respostas da
cliente. O u tro procedim ento realizado para a elaboração do gráfico foi a atribuição do

capítulo 89
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

tem po de um segundo para cada ocorrência das categorias do tipo evento, tanto do
terapeuta q uanto da cliente (Facilitação e G estos comunicativos para o terapeuta;
G estos comunicativos p ara a cliente), para as quais não há um registro de tem po de
ocorrência. Essa m udança ocorreu para que a ocorrência desses eventos pudesse ser
visualizada no gráfico de frequência acum ulada.
N ota-se, na Figura 4, que verbalizações de R elato da cliente o correram ao longo
de toda a sessão, acom panhadas regularm ente p o r respostas de Facilitação do
terapeuta. Pode-se notar tam bém que as respostas da cliente de Estabelecimento
de relações ocorreram em períodos específicos da sessão, geralm ente antecedidos

p or respostas do terapeuta de Solicitação de reflexão . A s respostas do terapeuta


Solicitação de reflexão e Interpretação oco rreram tem poralm ente próxim as, e,
em sua ocorrência, a resposta m otora do terapeuta tende a ser de R epouso . Respostas
de Empatia ocorreram poucas vezes e durante respostas da cliente - R elato ou

E stabelecimento de relações .
O terapeuta e a cliente perm aneceram , durante grande parte do decorrer da sessão,
em itindo respostas de Autoestimulação (no caso da cliente, m exendo nos cabelos
enquanto falava). O terapeuta apresentou tam bém m uitos Bocejos e M ovimentos
repetitivos , especialm ente no intervalo de 750 a 1570 segundos, período em que houve

m enos respostas verbais dele, e a cliente se engajou em longas verbalizações de R elato .

90

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 4
DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS MAIS FREQUENTES DO TERAPEUTA E DA CLIENTE
AO LONGO DA SESSÃO 2, EM FREQUÊNCIA ACUMULADA DE TEMPO DE OCORRÊNCIA
(SEGUNDOS). As barras coloridas abaixo do eixo horizontal representam a distribuição
no tempo do Eixo III: Respostas motoras deT e C e do qualificador do Eixo LTom
emocional da interação.
Legenda: C-Cliente;T-Terapeuta; Motor-Comportamentos motores do terapeuta ou do cliente; Auto
Est-Auto-Estimulação; Mov Rep-Movimentos Repetitivos; Mud Post-Mudanças de Postura; Tom
Emoc-Tom Emocional da Interação.

© capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
91
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

É possível observar tam bém , na Figura 4, que o tom em ocional da interação, tanto
para cliente quanto para terapeuta, oscilou, na m aior p arte do tem po, entre N eutro
e Po sitiv o i para am bos. A penas no final da sessão houve dois episódios em que a
fala da cliente teve o tom N egativo i . Vale ressaltar que, em am bos os episódios, a
m udança de tom em ocional da cliente foi precedida p o r intervenções do terapeuta; na
prim eira, um a fala de Interpretação e, na segunda, u m a fala de Empatia . Ademais,
o terapeuta não em itiu, nesses episódios, respostas de Bocejo ou M udança de
postura , além de ser m enor a ocorrência de Autoestimulação .
C om base na análise das categorias mais frequentes e na observação dos dados
em frequência acum ulada, um a análise foi conduzida para identificar a probabilidade
de ocorrência de algum as sequências de com portam entos. A Figura 5 m ostra, então,
a probabilidade de transição de cada reposta selecionada do cliente em sequência às
principais respostas verbais do terapeuta.

FIGURA 5
PRO BABILIDAD E DE TRANSIÇÃO DE CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS DO
TERAPEUTA (Empatia; Interpretação; Solicitação de Reflexão; Solicitação de Relato)
PARA CATEGORIAS DO CLIENTE (Relata; Estabelece Relações e Concorda), COM UM
INTERVALO ATÉ QUATRO SEGUNDOS, NA SESSÃO 2

92 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

N ota-se, na Figura 5, que a m aior probabilidade de ocorrência foi da transição


Solicitação de relato - R elato (27%). A categoria Solicita reflexão foi seguida
por C oncordância em 20% das ocorrências; entretanto, a categoria C oncordância
ocorreu tam bém na presença de outras categorias do terapeuta. N o caso, em m uitas
das ocorrências, a categoria C oncordância do cliente consistiu em verbalizações
m ínim as, do tipo “h um hum ”, “sei” parecendo exercer função sem elhante à da categoria
Facilitação do terapeuta. A categoria Interpretação do terapeuta, em 20% das
ocorrências, foi seguida de respostas do cliente de Estabelecimento de relações ,
enquanto a categoria Empatia foi seguida de respostas de R elato e C oncordância
da cliente.
As Figuras 3 a 5 m ostram um padrão de interação no qual o terapeuta agiu de form a
não diretiva no que se refere ao direcionam ento da sessão. N ota-se, nas Figuras 3 e 4,
um n úm ero pequeno - e de respostas curtas - de Solicitação de relato . O terapeuta
passou a m aior parte do tem po da sessão ouvindo o relato da cliente e em itindo respostas
de Empatia , Facilitação ou G estos de concordância (aparentem ente para m an ter
a conversação ou d em onstrar entendim ento e aceitação). É possível inferir que a fala
prolongada e em tom pouco variável produza um efeito desconfortável no terapeuta,
dada a alta frequência de respostas m otoras de Autoestimulação , M ovimentos
repetitivos e Bocejos dele, que eram interrom pidas q u ando o tom em ocional da
cliente era N egativo i . O R elato da cliente continuava até que, em alguns m om entos
específicos da sessão, o terapeuta apresentasse algum a Interpretação sobre o
conteúdo relatado e Solicitava Reflexão da cliente. Essas respostas do terapeuta,
na m aioria das vezes, foram seguidas po r respostas da cliente de C oncordância ou
Estabelecimento de relações e, então, por nova Solicitação de reflexão pelo
terapeuta. Pode-se notar tam bém que, na m aioria das ocasiões em que o terapeuta teve
a palavra, ocorreram respostas de C oncordância da cliente.

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES À SESSÃO 11

A Figura 6, a seguir, apresenta os dados de frequência e duração de cada categoria


na 1 l . a Sessão.

4 ) capítulo 93
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 6
PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA E DE TEM PO OCUPADO POR CADA CATEGORIA
DE COMPORTAMENTO VERBAL DO TERAPEUTA E DA CLIENTE NA SESSÃO 11, EM
RELAÇÃO AO TOTAL DE VERBALIZAÇÕ ES DO PRÓPRIO PARTICIPANTE

94 seção
#
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

N o ta-se, na F igura 6, que G esto de concordância (61,7% ) foi a categ o ria do


te ra p eu ta que o c o rre u em m a io r freq u ên cia (sem e lh a n tem en te à Sessão 2), seguida
de Facilitação (16,9% ), R ecom endação (4%), Solicitação de reflexão (4%)
e A provação (3,3% ). As o u tras categorias o c o rre ra m em m en o s de 3% das falas
do te rap eu ta.
As categorias que apresentaram m aior duração no decorrer da sessão foram
Interpretação (37%), R ecomendação (20%) e Informação (17,5%), seguidas
de Solicitação de reflexão (8,3%) e Empatia (5,7%). Q uanto às verbalizações
da cliente, a que ocorreu em m aior frequência foi C oncordância (33,7%), seguida
de G esto de concordância (22,8%), E stabelecimento de relações (19%)
e R elato (15%). Já os dados de tem po de ocorrência m ostraram que a categoria
Estabelecimento de relações (49,6%) ocupou a m aior parte do tem po, seguida de
Relato (44%). Em m enor proporção, ocorreram as respostas C oncordância (2,8%)
e M etas (0,8%).
P odem -se notar algum as diferenças nessa sessão, quando com parada à Sessão 2.
Enquanto, na Sessão 2, Solicitação de reflexão foi a categoria do terapeuta com
m aior duração, na Sessão 11 foram poucas as suas ocorrências, o cupando pouco
tem po da sessão. A categoria I nformação , po r sua vez, ocorreu um a única vez na
segunda sessão, com pouca duração, enquanto na Sessão 11 foi a terceira a respeito de
tem po de ocorrência.
C om relação à cliente, tam bém houve diferenças entre as duas sessões analisadas.
E nquanto na Sessão 2 a categoria R elato ocupou o dobro de tem po da categoria
Estabelece relações , na Sessão 11 esta últim a ocorreu em m aior frequência.
A Figura 7 m o stra a distribuição das categorias do terapeuta e do cliente ao longo
da Sessão 11.
Pode-se observar, n a Figura 7, que a Sessão 11 foi iniciada p o r respostas de R elato
e Estabelecimento de relação da cliente, categorias que se alternaram duran te
a p rim eira m etade da sessão. O terapeuta, por sua vez, acom panhou o discurso da
cliente com respostas de Facilitação e G estos de concordância e com breves
verbalizações de Solicitação de reflexão . É tam bém a prim eira m etade da sessão
o p erío d o em que ocorreu a m aior p arte das respostas m otoras do terap eu ta do tipo
M ovimentos repetitivos e Bocejos que, assim com o na Sessão 2, coincidiram com
períodos de m en o r ocorrência de respostas verbais do terapeuta.

capítulo 95
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

F IG U R A 7
DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS M AIS FREQUENTES DO TERAPEUTA E DA CLIENTE AO
LONGO DA SESSÃO 11, EM FREQUÊNCIA A CUM ULAD A DE TEM PO DE OCORRÊNCIA
(SEGUNDOS). As barras coloridas abaixo do eixo horizontal representam a distribuição
no tem po do eixo III - respostas motoras d e T e C e do qualificador do eixo I - tom
em ocional da interação.
Legenda: C-Cliente;T-Terapeuta; Motor-Comportamentos motores do terapeuta ou do cliente; Auto
Est-Auto-Estimuiação; Mov Rep-Movimentos Repetitivos; Mud Post-Mudanças de Postura;Tom
Emoc-Tom Emocional da Interação.

seçao

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Foi no início da segunda m etade da sessão que o terapeuta teve um a participação


mais intensa, apresentando I nterpretações e fornecendo Informações e
Recomendações , o m esm o ocorrendo nos m inutos finais da sessão. Tam bém na
segunda m etade da sessão, a ocorrência das categorias Facilitação e G estos de
concordância teve aceleração positiva, acom panhando o E stabelecimento de
relações pela cliente. A segunda m etade da sessão foi tam bém o p eríodo em que
houve m aior variação de tom em ocional da cliente. Sem elhantem ente à ocorrência na
Sessão 2, m udanças de tom da cliente para N egativo foram precedidas p o r respostas
de Interpretação do terapeuta e acom panhadas por um a dim inuição de respostas de
Bocejo e M udança de postura do terapeuta.
Q u anto ao tom em ocional, pode-se notar que, assim com o na segunda sessão,
a fala do terapeuta, ao longo de toda a sessão, oscilou entre N eutro e P o s it iv o i .
Esse padrão coincidiu com as recom endações da literatura de que o terapeuta deve
apresentar-se de m aneira cordial ou neutra, evitando m anifestações em ocionais
intensas (Banaco, 1993). Já a fala da cliente “transitou” p o r todas as intensidades ao
longo da sessão, e foi notável a ocorrência de u m núm ero m aior de episódios de tom
N egativo i e N egativo 2, quando com parada com a segunda sessão. Pode-se supor
que, nesse m om ento do processo, o terapeuta já tivesse m ais conhecim ento sobre o
caso da cliente e, ao apresentar suas interpretações, estivesse se referindo a tem as de
difícil m anejo pela cliente ou, ainda, que, ao longo das sessões anteriores, a expressão
de em oção pela cliente tenha sido m odelada e/ou fortalecida.
A Figura 8 m ostra a probabilidade de transição entre as principais respostas
verbais do terapeuta em sequência às repostas selecionadas do cliente. D evido à m aior
variedade de verbalizações do terapeuta, a Figura 8 apresenta um m aior núm ero de
categorias desse participante. As categorias R eprovação do terapeuta e O posição
do cliente, em bora te n h am poucas ocorrências (um a e duas, respectivam ente), foram
acrescentadas devido à sua im portância na com preensão de interações aversivas (p.
ex., K ohlenberg & Tsai, 1991; Sidm an, 1989; Skinner, 1953; Sturmey, 1996).

capítulo 97
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 8
PRO BABILIDAD E DE TRANSIÇÃO DE CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS DO
TERAPEUTA (Aprovação, Empatia; Informação, Interpretação; Recom endação,
Reprovação, Solicitação de Reflexão e Solicitação de Relato) PARA CADA UM A DAS

RESPOSTAS VERBAIS DO CLIENTE SELECIO NAD AS (Relata; Estabelece Relações,

Concorda e Oposição), COM UM INTERVALO ATÉ QUATRO SEGUNDO S, NA SESSÃO 11

N ota-se, na Figura 8, que a m aior probabilidade de transição foi da sequência


R eprovação - O posição (33%). Foi tam bém alta a ocorrência de Estabelecimento
de relações do cliente após verbalizações do terapeuta de Solicitação de relato ou
Solicitação de reflexão (29% e 27%, respectivam ente), apesar da baixa ocorrência
desses com portam entos do terapeuta. A categoria C liente C oncorda ocorreu após
20% das verbalizações de Informação do terapeuta. Já a categoria do cliente R elato
ocorreu após A provação , E mpatia , R ecomendação e Solicitação de relato de
form a bastante sem elhante (entre 11% e 14%), o que sugere que sua ocorrência seja
independente do tipo de verbalização em itida pelo terapeuta.
A m odelagem de um repertório do cliente de autodescrição e de estabelecim ento
de relações entre eventos pareceu ser um dos objetivos da intervenção visto que, assim
com o na Sessão 2, ocorreram respostas de S o l i c i t a ç ã o de reflexã o seguidas p o r
E s t a b e l e c im en to d e rela ç õ es p o r p arte do cliente.

98 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

N ota-se que cerca de 20% das falas do terapeuta na Sessão 11 foram de


Recomendação , falas que foram , em sua m aioria, precedidas p o r Informação , o

que sugere que as inform ações providas pelo terapeuta ten h am com o função justificar
ou contextualizar as recom endações apresentadas. Tanto as Interpretações , quanto
as R ecomendações e Informações providas pelo terapeuta foram seguidas p o r
C oncordância ou R elatos do cliente, o que sugere um a boa aceitação das propostas
do terapeuta pela cliente.
É tam bém notável que, consistentem ente com a literatura (Patterson & Forgatch,
1985; Sturmey, 1996), a reprovação do terapeuta foi seguida de O posição do
cliente, enquanto respostas de A provação foram seguidas de novos R elatos e
Estabelecimentos de relações .

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES À SESSÃO 17

A Figura 9, a seguir, apresenta os dados referentes à frequência e duração de cada


categoria da Sessão 17.
N ota-se, na Figura 9, que as categorias mais frequentes do terapeuta nessa sessão
foram G esto de concordância (53,5%), Facilitação (18%), Interpretação
(8,2%), A provação (4,7%) e R ecomendação (3,5%). Q u an to à duração, destacaram -
se as categorias Interpretação (48%), R ecomendação (20,4%), A provação (8,5%)
e R eprovação (6,6%). O utras categorias ocorreram em m enos de 3,5% das falas do
terapeuta (em am bas as m edidas).

capítulo 99
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 9
PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA E DE TEM PO OCUPADO POR CATEGORIA DE
COMPORTAMENTO VERBAL DO TERAPEUTA E DO CLIENTE NA SESSÃO 17, COM
RELAÇÃO AO TOTAL DE VERBALIZAÇÕ ES DO PRÓPRIO PARTICIPANTE

100 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Já no que se refere às verbalizações da cliente, as categorias mais frequentes foram


G esto de concordância (31,6%), C liente concorda (24,2%), R elato (16,3%),
Estabelece de relações (15,8%), O posição e M elhora (ambas 3,1%). As respostas
verbais de maior duração foram o R elato (53,7%), Estabelece R elações (35,3%) e
M elhora (3,8%).
A Figura 10 m ostra a distribuição das categorias de respostas verbais, tom
em ocional e respostas m otoras do terapeuta e do cliente ao longo da Sessão 17.
N ota-se, na Figura 10, que o início da sessão foi quase todo ocupado p o r respostas
de R elato do cliente. Esse padrão m udou quando, próxim o ao segundo 800, o
terapeuta em itiu um a resposta de Solicitação de reflexão , a p artir da qual o
cliente passou a E stabelecer relações , que foram seguidas de Interpretações
e R ecomendações do terapeuta. Essa sequência de eventos (cliente Estabelece
R elações , terapeuta Interpreta e R ecomenda ) ocorreu várias vezes até o final da
sessão, que foi intercalada por respostas de R elato do cliente.
Sem elhantem ente ao ocorrido nas duas sessões anteriores, nesta sessão houve
m uitas ocorrências de Bocejos e Autoestimulação do terapeuta. Respostas de
Bocejo ocorreram principalm ente durante longas falas (em tom em ocional N eutro )
p o r p arte do cliente (seja de Relato , seja de Estabelecimento de relações ).
O tom em ocional do terapeuta, nesta sessão, apresentou m aior variação do que
nas sessões anteriores, principalm ente ao final da sessão, q u ando ocorreu u m período
de tom N egativo í. Esse período com preendeu um episódio em que ocorreram
Interpretações e R eprovações do terapeuta, seguidas de O posição do cliente
(inform ação verificada diretam ente nos dados brutos, um a vez que R eprovação e
O posição não foram tabuladas na Figura 10, devido à sua baixa frequência e duração),
período no qual o tom em ocional da cliente tam bém foi N egativo .

capítulo 101
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 10
DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS MAIS FREQUENTES DO TERAPEUTA E DO CLIENTE AO
LONGO DA SESSÃO 17, EM FREQUÊNCIA ACUMULADA DE TEMPO DE OCORRÊNCIA
(SEGUNDOS). As barras coloridas abaixo do eixo horizontal representam a distribuição
no tempo do eixo III - respostas motoras deT e C e do qualificador do eixo I - tom
emocional da interação.
Legenda: C-Cliente;T-Terapeuta; Motor-Comportamentos motores do terapeuta ou do cliente; Auto
Est-Auto-Estimulação; Mov Rep-Movimentos Repetitivos; Mud Post-Mudanças de Postura; Tom
Emoc-Tom Emocional da Interação.

102 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A Figura 11, a seguir, apresenta a probabilidade de transição entre as principais


respostas verbais do terapeuta em sequência às repostas selecionadas do cliente.

FIGURA 11
PROBABILIDADE DE TRANSIÇÃO DE CATEGORIAS DE RESPOSTAS VERBAIS DO
TERAPEUTA (Aprovação, Empatia; Informação, Interpretação; Recomendação,
Reprovação, Solicitação de Reflexão e Solicitação de Relato) PARA CADA UMA DAS
RESPOSTAS VERBAIS DO CLIENTE SELECIONADAS (Relata; Estabelece Relações,
Concorda e Oposição), COM UM INTERVALO ATÉ QUATRO SEGUNDOS, NA SESSÃO 17

N ota-se na Figura 11 que, nessa sessão, a m aior probabilidade de transição


de categorias foi da sequência Solicitação de reflexão - E stabelecimento
de relações (36%), seguida de Interpretação - C oncordância (20%) e
Recomendação - C oncordância (13%). A ocorrência de R eprovação do
terapeuta teve igual probabilidade de ser seguida de O posição , C oncordância ou
E stabelecimento de relações (9% cada um a).

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES AOS QUALIFICADORES GESTOS


ILUSTRATIVOS DO EIXO I PARA TERAPEUTA E CLIENTE

O s dados referentes aos qualificadores G estos Ilustrativos para as três sessões


estudadas encontram -se na Figura 12.

4 ) capítulo 103
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 12
OCORRÊNCIA E DURAÇÃO DOS QUALIFICADORES GESTOS ILUSTRATIVOS EM CADA
UM A DAS CATEGORIAS NO CONJUNTO DE SESSÕ ES

104 seçao

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Pode-se notar, na Figura 12, que, com exceção das categorias do terapeuta
Facilitação e Solicitação de relato e do cliente Solicita , o qualificador G estos
ilustrativos acom panha a m aior parte das ocorrências de respostas verbais do

terapeuta e do cliente. As categorias A provação e Interpretação do terapeuta,


bem com o a categoria E stabelece R elações do cliente, são aquelas em que é m aior
a proporção de ocorrência de Gestos Ilustrativos. Q uan d o a m edida é a duração,
D escanso G estos tem um a ocorrência m ínim a nas interações (3,7% no total). Essa
proporção é sem elhante tam bém quando analisada sessão a sessão.
Foi realizada tam bém um a análise da correlação entre os G estos ilustrativos ou
os D escansos G estos com as categorias do qualificador Tom em ocional e tam bém
com categorias do Eixo III, não tendo sido obtida nen h u m a correlação significativa.
Assim, os dados referentes a esse qualificador não p erm itiram estabelecer nen h u m a
relação com outras variáveis da sessão.

C O M P A R A Ç Ã O EN TRE A S S E S S Õ E S

Para que se obtivesse um panoram a com parativo dos diferentes m om entos do


processo terapêutico, os dados referentes às três sessões foram reorganizados na Figura
13. As respostas Facilitação e G estos de concordância do terapeuta não foram
tabuladas em razão de sua ocorrência constante, indep en d en tem en te de qualquer
categoria da cliente.
Pode-se notar, na Figura 13, que as categorias de resposta verbal do terapeuta
Solicitação de reflexão e Solicitação de relato tenderam a d im in u ir de
frequência e duração ao longo das sessões, assim com o ocorreu com a categoria
Empatia .
A categoria Informação , p o r sua vez, ocorreu em todas as sessões com frequência
sem elhante, em bora com m aior duração na Sessão 11.

105
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 13
DURAÇÃO E TOTAL DE O CORRÊNCIAS DE CADA UM A DAS CATEGORIAS DO
TERAPEUTA E CLIENTE NAS TRÊS SESSÕ ES ANALISADAS

106 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A categoria do terapeuta mais frequente e de m aior duração foi Interpretação ,


que tendeu a aum entar em ambas as medidas com o decorrer das sessões. A categoria
R ecomendação , que não ocorreu na segunda sessão, foi uma das mais frequentes e
de maior duração nas sessões 11 e 17. O mesmo ocorre com a categoria A provação ,
que teve sua ocorrência próxima de zero na segunda sessão, até que na Sessão 17 foi
a segunda categoria mais frequente, embora envolvesse respostas de curta duração.
A categoria R eprovação , semelhantemente, ocorreu apenas nas sessões 11 e 17,
mostrando tendência de aumento.
Já com relação às categorias do cliente, pode-se notar que, nas três sessões, as
categorias de resposta do cliente foram basicamente R elato , Estabelecimento
DE RELAÇÕES, CONCORDÂNCIA e GESTOS DE CONCORDÂNCIA. A Categoria RELATO
tendeu a ocorrer em frequência e tempo de ocorrência relativamente constantes ao
longo das sessões, enquanto a categoria Estabelece relações tendeu a aum entar da
segunda sessão para as seguintes. É interessante notar também que a categoria G esto
de concordância do cliente aum entou consideravelmente da segunda para a última
sessão, o que ocorreu de forma consistente com o aumento da duração do total de
verbalizações do terapeuta.
O padrão apresentado nas três sessões estudadas pareceu ser consistente com
os p eríodos do processo terapêutico em que elas ocorreram . Na segunda sessão,
supostam ente, o terapeuta teria poucas inform ações sobre a cliente e necessitava
coletar dados. E ntretanto, com o o cliente verbalizava bastante desde o início da
sessão, foram poucas as respostas de Solicitação de relato p o r p arte do terapeuta,
que apresentou algum as respostas de Facilitação e em itiu respostas de Empatia ,
solicitando então o estabelecim ento de relações (Solicita R eflexão ) a respeito
do conteúdo relatado. C om base nos elem entos relatados pelo cliente, o terapeuta
form ulou algum as I nterpretações .
D a Sessão 11 em diante, pode-se n o tar m aior variação nas verbalizações
do terapeuta. Houve um aum ento relevante nas respostas de Interpretação ,
Informação e R ecomendação que, som adas, d uraram m ais de 75% do tem po
das falas do terapeuta. A credita-se que, nessa sessão, o terapeuta já tivesse levantado
dados suficientes para estabelecer algum as relações sobre o co m p o rtam en to do
cliente e estivesse em pleno desenvolvim ento das estratégias terapêuticas; daí a m aior
ocorrência dessas categorias, assim com o das categorias A provação e R eprovação .
M ediante esses dados, portanto, pode-se inferir que nesta sessão o terapeuta utilizou

capítulo 107
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

diversas estratégias de intervenção, seja no que se refere ao uso de regras, descrevendo


contingências ou apresentando orientações, seja na seleção de respostas p o r m eio de
aprovação e reprovação.
Na Sessão 17 (a últim a do processo terapêutico), aparentem ente a intervenção
do terapeuta foi m enos voltada para a m odelagem de respostas de autodescrição, e
m ais para a orientação de estratégias de ação da cliente. Essa hipótese é fortalecida
quando se considera a ocorrência de vários episódios de Interpretação seguidos
de R ecomendação , além da existência de um núm ero significativo de respostas
de A provação e Reprovação do terapeuta. Tal p o stu ra p o d e estar relacionada ao
m om ento de encerram ento do processo, que ocorreu pela im inência do nascim ento
do filho da cliente, quando o terapeuta, supostam ente, deu algum as orientações para
que a cliente pudesse dar continuidade às m udanças que com eçaram com o processo
terapêutico.

C O N S ID E R A Ç Õ E S A R E S P E IT O D O E S T U D O

C om base na categorização e análise de um a am ostra de sessões terapêuticas,


realizada no presente estudo, foi possível verificar algum as possibilidades de aplicação
do sistem a de categorias desenvolvido ao longo deste trabalho. Esse sistem a parece
apropriado para o estudo de episódios que ocorrem em diferentes m om entos do
processo terapêutico. A possibilidade de retratar diferentes dim ensões da interação
terapêutica perm ite a identificação de nuances que n ão seriam acessíveis se a única
classe de eventos estudada fosse a interação verbal vocal. Um exem plo que ilustra essa
questão é a grande quantidade de respostas de concordância não verbal chegando, em
algum as sessões, a ser a categoria do terapeuta com m aior núm ero de ocorrências. O utro
exemplo, no presente conjunto de sessões, que oferece contribuições im portantes é a
grande quantidade de com portam entos m otores do terapeuta, que retrata, em parte, o
im pacto do com portam ento do cliente sobre o seu desem penho.
Provavelm ente, um a análise estatística m ais aprofundada, acom p an h ad a da
categorização do Eixo II, referente ao tem a em curso na sessão, po d eria ap ontar outras
especificidades da interação.

108 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 5
POSSIBILIDADES DE SISTEMATIZAÇÃO
DE DADOS NA PESQUISA DE PROCESSO

Denis Roberto Zamignoni


Roberto Bonaco
Sonia Beatriz Meyer

Na investigação de processos com portam entais, o pesquisador necessita de


estratégias m etodológicas que proporcionem a identificação de padrões que se
m antêm estáveis ao longo do tem po e de m udanças no fenôm eno estudado ao longo
do processo. Ao analisar dados e sistem atizá-los, procura-se identificar possíveis
determ inantes do com portam ento que está sendo analisado, de form a a p roporcionar
a previsão e controle sobre os eventos estudados.
A produção dos dados torna-se, p ortanto, um elem ento-chave p ara que se alcancem
os objetivos de um a investigação. No caso cia utilização do SiMCCIT, pretende-se
produzir dados que p erm itam identificar características da interação entre terapeuta
e cliente, que é com preendida com o um processo de m odelagem m útua em um fluxo
contínuo de interações.
Vários autores envolvidos na pesquisa clínica têm discutido sobre o alcance cias
diferentes possibilidades de sistem atização dos dados obtidos p o r m eio cie observação
e categorização cie interações verbais ou “não verbais” na clínica (p. ex., G reenberg &
Pinsof, 1986; Hill, 2001; Russel & Trull, 1986; Stiles, 1999).
N este artigo serão apresentados alguns exem plos de form as de análises que podem
ser conduzidas com base nas categorias cio SiMCCIT, e será discutido o alcance cie
cada um a delas.

S IS T E M A T IZ A Ç Ã O E M T O R N O D A F R E Q U Ê N C IA E P E R C E N T U A L D E O C O R R Ê N C IA

Parte das pesquisas nessa área tem com o estratégia a m edida da frequência de
diferentes classes de com portam entos observados, correlacionando essa frequência
com outros elem entos, tais com o a abordagem adotada pelo terapeuta (p. ex., B runnik

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


capítulo 109
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

& Schroeder, 1979; Hill & 0 ’Grady, 1985; Rodrigues, 1997), o tem po de experiência do
terapeuta (p. ex., D onadone, 2004; Novaki, 2003) ou os resultados do tratam en to (p. ex.,
B ãnninger-H uber & W idm er, 1997). D iferentes form as de análise e sistem atização dos
dados do SiM CCIT têm sido conduzidas com base nesse tipo de m edida: análises de
frequência sim ples de ocorrência das categorias ou frequência percentual; frequência
das categorias no estudo e/ou frequência das categorias por sessão.
As Figuras 1 e 2 apresentam a sistem atização da frequência de ocorrências de cada
categoria de com portam entos do terapeuta e do cliente, respectivam ente, em um a
sessão (Sadi, 2011). D ados de frequência com o os dessas duas figuras in fo rm am -n o s
pouco um a vez que eles não são com parados entre si sessão a sessão nem com outras
terapias.

FIGURA 1
EXEM PLO DE SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS EM TORNO DA FREQUÊNCIA DE
OCORRÊNCIA DE CATEGORIAS DO SIMCCIT DE COMPORTAM ENTOS DO TERAPEUTA
EM UM A SESSÃO DE TERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL (SADI, 2011)
Legenda: SRE- Solicitação de Relato; FAC- Facilitação; EMP- Empatia; INF- Informação; SRF-
Solicitação de reflexão; REC- Recomendação; INT- Interpretação; REP- Reprovação;TOU-
Outras vocal; TSL-Terapeuta permanece em silêncio.

110 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 2
EXEM PLO DE SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS EM TORNO DA FREQ UÊNCIA DE
OCORRÊNCIA DE CATEGORIAS DO SIMCCIT DE COMPORTAMENTOS DO CLIENTE EM
UM A SESSÃO DE TERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL (SADI, 2011)
Legenda: SOL-Solicitação; REL- Relato; MEL-Melhora; MET- Meta; CER- Estabelecimento
de Relações; CON - Concordância; OPO- Oposição; COU- Outras vocal; CSL- Cliente
permanece em silêncio.

Nas Figuras 3 e 4 é vista a sistem atização de categorias ao longo de um conjunto


de sessões - I n t e r p r e t a ç ã o do terapeuta em trin ta sessões (Meyer, 2014, capítulo 8
deste livro); R e l a t o e E s t a b e l e c i m e n t o de R ela çõ es do cliente em treze sessões
(Sadi, 2011). É possível, p o r m eio da com paração entre sessões, observar tendências
de ocorrência da categoria em análise.

5 ) capítulo 111
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 4
PORCENTAGENS DAS CATEGORIAS RELATO [REL] E ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES
[CER] DO CLIENTE AO LONGO DAS TREZE SESSÕ ES (SADI, 2011)

112 seçao

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 5, a frequência de ocorrência de categorias do SiM CCIT é utilizada


com o m edida de com paração entre padrões de com portam en to do terapeuta perante
diferentes tipos de caso clínico. N ota-se, na Figura 5, que o sistem a e sensível a
diferenças na m aneira de conduzir os casos.

FIGURA 5
CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO TERAPEUTA DO EIXO VERBAL VOCAL DO
SIMCCIT, DE ZAM IGNANI (2007). Com paração da frequência de ocorrência percentual
dos com portam entos de dois terapeutas em duas sessões: um com um adulto
diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline e o outro com uma
criança opositora.
Legenda: EMP: Empatia; SRE: Solicitação de relato; FAC: Facilitaçâo; INI : Interpretação;
SRF: Solicitação de Reflexão; REP: Reprovação; INF: Informação; APR: Aprovação; REC:
Recomendação.

O uso exclusivo da m edida de frequência tem sido criticado p o r alguns autores (p.
ex., D onadone, 2004; Hill, 2001; Russel & Trull, 1986; Stiles, 1999) pela inform ação
pouco específica que ela oferece sobre aquilo que determ ina a ocorrência da resposta.
Para esses autores, a m edida apropriada para o estudo de processo deveria registrar
não só a ocorrência da resposta m as tam bém identificação de processos interpessoais
relevantes. A sim ples m edida de frequência de u m a d eterm in ad a classe de respostas do

; 5 ) capítulo 113
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

terapeuta não p erm ite avaliar a sua qualidade ou efetividade, bem com o o m om ento
ou o contexto em que ela seria m ais apropriada (Hill, 2001, Stiles, 1999).

SISTEMATIZAÇÃO EM TORNO DA DURAÇÃO

As m esm as m edidas podem ser tom adas a respeito de duração: duração de cada
categoria por sessão ou p o r estudo, com putada em valores absolutos ou porcentuais.
A análise de frequência e de duração em vários estudos m o stro u algum as diferenças
típicas entre as m edidas de frequência e duração. Por exemplo, algum as categorias,
com o o caso da F a c i l i t a ç ã o , tendem a ocorrer em m aior frequência, m as com cu rta
duração, enquanto outras, tais com o a I n t e r p r e t a ç ã o , o correm em baixa frequência,
m as com m aior duração. A análise unicam ente em term os de frequência tenderia a
supervalorizar a prim eira, enquanto a duração ten d eria a destacar a segunda.
D ados de frequência e de duração, apresentados de form a percentual ou não, são
especialm ente úteis para com parar casos (com o na Figura 5) e indicar m udanças ao
longo do tem po, com o apresentado na Figura 4.
A m edida de duração, por vezes, exige recursos a equipam entos que p erm itam a
categorização dos dados d iretam ente por meio de vídeo, recursos que p o d em dificultar
o andam ento da pesquisa. A lguns autores, levando em consideração essas lim itações,
recorreram a m edidas indiretas do tem po da interação. Z am ignani (2001) utilizou,
com o m edida análoga ao tem po, o núm ero de linhas da transcrição da sessão ocupadas
por um a d eterm inada categoria. D onadone (2004), em busca de estudar a ocorrência
de orientações na sessão, utilizou o núm ero de palavras contidas em cada verbalização
do terapeuta categorizada com o orientação e do cliente categorizada com o auto-
orientação, com parando-as com o núm ero total de palavras proferidas p o r participante
na sessão. Baptistussi (2001), p o r sua vez, utilizou a frequência de palavras em um
determ inado intervalo de tem po com o indicador do nível de participação do cliente
na interação terapêutica. As soluções oferecidas pelos pesquisadores p roporcionaram
inform ações relevantes sobre as interações estudadas, e o uso dessas estratégias pode
ser boa alternativa quando não há recursos para outro tipo de registro ou q u ando não
há necessidade de acesso a variáveis não vocais da interação.

114 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIG U RA 7
COMPARAÇÃO ENTRE FREQUÊNCIA E DURAÇÃO DAS CATEGORIAS DO CLIENTE
NO SIMCCIT AO LONGO DE SEIS SESSÕ ES ANALISADAS PARA O PARTICIPANTE 1
(VERNUCIO, 2012)
Legenda: SOL-Solicitaçâo; REL- Relato; MEL-Melhora; MET- Meta; CER- Estabelecimento
de Relações; CON - Concordância; OPO- Oposição; COU- Outras vocal; CSL- Cliente
permanece em silêncio.

5 } capítulo 115
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

As m edidas de frequência e duração, quando apresentadas conjuntam ente,


perm item a identificação de características específicas das categorias que não seriam
apreendidas se recorresse unicam ente a um a das m edidas. Nas categorias do terapeuta
do SiM CCIT apresentadas na Figura 7, observa-se que a categoria I n t e r p r e t a ç ã o
apresentou considerável discrepância entre as m edidas frequência e tem po. Na
dim ensão duração, essa categoria recebe u m destaque relativo m uito m aior do que na
dim ensão frequência. O m esm o ocorre para outras categorias, tais com o I n f o r m a ç ã o
e S o l i c i t a ç ã o de R e f l e x ã o . Já para a categoria S o l i c i t a ç ã o de R ela to acontece o
inverso, a m edida de frequência é m ais proem inen te relativam ente às outras categorias
em com paração com a m edida de duração.
O bserva-se a m esm a discrepância entre as m edidas de duração e frequência para
as categorias do cliente S o l i c i t a ç ã o , R e l a t o , C l i e n t e E s t a b e l e c e R e l a ç ã o ,
C o n c o r d â n c ia e C l ie n t e O u t r o s .
Trabalhos futuros em categorização de sessões precisam levar tais diferenças em
consideração, ao elaborarem a análise de dados, visando privilegiar a m edida que
m elhor descreva os resultados interessantes à pergunta de pesquisa.
Assim, a análise dos dados pode ser feita com base em frequência de ocorrência
ou de duração, a form a que m elhor d em onstrar m udanças no tem po ou com paração
entre estudos, conform e foi conduzido no estudo de Z am ignani (2007) - Figura 8.

116 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 8
PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA E DE TEM PO OCUPADO POR CATEGORIA DE
COMPORTAMENTO VERBAL DO TERAPEUTA E DA CLIENTE NA SESSÃO 2, COM
RELAÇÃO AO TOTAL DE VERBALIZAÇÕ ES DO PRÓPRIO PARTICIPANTE

A análise de propriedades da resposta - frequência ou duração com que um a


categoria de com portam entos do terapeuta ou do cliente ocorreu não inform a m uito,
tam pouco instrum entaliza o pesquisador ou o leitor a ser um m elhor terapeuta, um a
vez que não oferece m elhores condições de previsão ou controle sobre o que ocorre
na sessão terapêutica. O significado de um com portam ento não é um a propriedade
deste, mas das condições em que o com portam ento ocorre (Skinner, 1957).
D ados de frequência e de duração, portanto, perm item a análise de tendências e a
com paração tanto intrassujeitos com o intersujeitos. E ntretanto, para a investigação
dos d eterm inantes das respostas da díade terapeuta e cliente, seriam necessárias
análises do contexto em que as respostas ocorrem , o que pode ser feito p o r m eio da
sistem atização de sequências dessas interações.

5 capítulo 117
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SISTEMATIZAÇÃO EM FIGURAS DE FREQUÊNCIA ACUMULADA E DE FLUXO


COMPORTAMENTAL

A observação de tendências de ocorrência de categorias p ode ser ilustrada em


figuras de frequência acum ulada. A frequência acum ulada de respostas tem sido um a
das m edidas mais usadas em análise do com portam ento porque p erm ite um a boa
visualização do processo de aquisição de repertórios ou de processos de interação.
Os gráficos de fluxo com portam ental (Pessoa & Serio, 2009) ilustram , de form a
sem elhante, os p eríodos da sessão em que ocorreram as categorias de interesse, sendo
úteis especialm ente quando há poucas categorias em análise. Nas figuras 4, 7 e 10
do capítulo 4 deste livro (pp. 91, 96 e 102), a frequência acum u lad a foi utilizada por
Z am ignani e M eyer em com binação com os gráficos de fluxo com portam ental, a
fim de ilustrar a interação entre as principais categorias do terapeuta e do cliente em
um a sessão de psicoterapia. N esta figura é possível visualizar em que p o n to da sessão
ocorrem as interações que podem ser de interesse do pesquisador para a inferência de
processos relevantes.
N ota-se, nesta figura, que a sistem atização dos dados em gráfico de frequência
acum ulada e fluxo com portam ental perm ite um a boa visualização do andam ento
do processo, indicando com portam entos do terapeuta e do cliente que p o d em estar
relacionados. Esse tipo de dado, entretanto, é bastante im preciso, sendo necessária
posterior análise m ais detalhada do processo, esta últim a realizada p o r m eio de
análises sequenciais.

ANÁLISE DE SEQUÊNCIAS

A lguns dos trabalhos que estudaram a interação terapêutica avançaram sua


investigação além da análise de frequências de categorias e identificaram aspectos
mais com plexos da interação terapeuta-cliente. Um a das form as pelas quais os
eventos categorizados podem ser sistem atizados é p o r m eio da análise de sequências
específicas de interações, nas quais cada resposta é exam inada com relação a ações
contíguas do in terlocutor - estím ulos a ela precedentes ou subsequentes (com o
realizado po r Z am ignani & Andery, 2005). À m edida que se observam padrões
recorrentes de interações entre categorias, possíveis funções de d eterm inadas classes
de com portam ento podem ser inferidas.

seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIG U RA 9
PRO BABILIDAD E DE TRANSIÇÃO DE O CLIENTE ESTABELECER RELAÇÕES APÓ S
SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO PELO TERAPEUTA NAS SESSÕ ES 2,11 E 17
(ZAMIGNANI, 2007).

A Figura 9 ilustra um a das m aneiras de se analisarem sequências de com portam ento,


especialm ente entre com portam entos de terapeuta e cliente. No estudo de Z am ignani
(2007), a cliente foi aum entando a probabilidade de estabelecer relação entre eventos
após solicitações de reflexão do terapeuta, sugerindo ter havido aprendizagem durante
o processo terapêutico.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


capítulo 119
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 10
PORCENTAGEM DE COMPORTAMENTOS DE OPOSIÇÃO E NÃO OPOSIÇÃO DE UMA
CRIANÇA OPOSITORA APÓ S CADA CATEGORIA DE COMPORTAMENTO DO TERAPEUTA
DO SIMCCIT NO ESTUDO DE DEL PRETTE (2006)

A Figura 10 é outra m aneira de m ostrar sequências de com p o rtam en to s de


terapeutas e clientes. O posição tem probabilidades diferentes de ocorrência em razão
do com portam ento prévio do terapeuta conform e foi dem o n strad o no estudo de
Del Prette (2006). Por exemplo, após solicitação de avaliação, oposição é m uito mais
provável que após solicitação de inform ação.

120 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 11
PORCENTAGEM DE OCORRÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE TERAPEUTA E DE
CLIENTES ANTES DA EM ISSÀO DE UM A ORIENTAÇÃO PELO TERAPEUTA NO ESTUDO
DE DO NADONE (2009)

Na Figura 11, pode-se verificar que orientações do terapeuta são m ais prováveis
depois de ele ter feito solicitações de reflexão e interpretação e depois de o cliente ter
estabelecido relação entre eventos. A orientação é nula após solicitações do cliente, ou
seja, não é dada diretam ente depois de pedidos de orientação (D onadone, 2009).
A análise sequencial não perm ite, entretanto, a identificação de padrões mais
com plexos de interação, que não podem ser identificados ou investigados m ediante a
contagem de sequências particulares de ação. O com portam en to verbal, especialm ente,
é um fenôm eno que ocorre sob controle de variáveis m últiplas, que p o dem estar em
eventos distantes no tem po ou em variáveis extrassessão e que, portanto, não p o dem
ser acessadas apenas pela observação da interação entre eventos im ediatam ente
contíguos. A análise de padrões mais com plexos pode envolver a identificação de
relações entre eventos distantes tem poralm ente ou de classes de resposta de ordem
superior (Catania, 1999).

5 ) capítulo 121
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ETAPAS DE ANÁLISE DOS DADOS

Possivelm ente todas as pesquisas de processo, especialm ente as descritivas,


requerem vários m om entos de análise. Após a organização dos dados coletados
na prim eira etapa, o pesquisador deve realizar algum tipo de análise qualitativa
p ro cu ran d o identificar as regularidades que em ergem . Mais de um m om ento de
análise foi necessário em estudos com o os de Barbosa (2001), Ireno (2007), N ovaki
(2003), Taccola (2007), Yano (2003) e Z am ignani e A ndery (2005). U m a form a de
sistem atização dessa análise qualitativa que tem sido bastante estudada é d en om inada
G r o u n d e d T h e o r y (Glaser & Strauss 1967), que operacionaliza etapas envolvidas na
análise dos dados.
O utra form a de sistem atização dos dados que p erm ite identificar relações
mais com plexas em dois m om entos distintos (p. ex., Maciel, 2004; M artins, 1999;
Z am ignani & A ndery, 2005) é a organização em torno de categorias de registro e
análise. N um prim eiro m om ento, cada interação observada é classificada de acordo
com categoria de registro e, em um segundo m om ento, aspectos m ais com plexos
cia interação - sequências de verbalizações ou interações m ais com plexas - são
categorizados com base em categorias de análise. No trabalho de Z am ignani e A n d ery
(2005), prim eiram ente foram categorizadas as verbalizações do terapeuta e do cliente
p o r m eio de categorias de registro, do tipo “pergunta”, “explicação”, “aconselham ento”.
Após a análise da frequência de categorias e análise de sequências de categorias, os
autores selecionaram trechos mais am plos da sessão d en tro dos quais ocorreram
tem as que foram foco das verbalizações do tipo “explicação” e “aconselham ento” e
categorizaram esses trechos em categorias de análise. A lgum as das categorias de
análise propostas pelos autores foram “Explicações com ênfase em relações resposta-
consequência”, “Explicações baseadas em dados dem ográficos ou probabilísticos”
(referentes à categoria Explicação) ou “Terapeuta propõe atividade incom patível com
a resposta-queixa”, “Solução de Problem as” (referentes à categoria “A conselham ento”).

O AGRUPAMENTO DE CATEGORIAS DO SiMCCIT

De acordo com Elliot (2010), é im portante que o cientista utilize u m a variedade


de m étodos de m edida para aplicar a um a situação de m edição particular, pois cada
m étodo apresenta pontos fracos e fortes. O m esm o pode ser aplicado com relação
à sistem atização dos dados: cada m étodo de sistem atização oferece vantagens e

122 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

lim itações, sendo necessária a com binação de diferentes m étodos de m odo a responder
à necessidade do pesquisador.
A sistem atização em to rn o das categorias do SiMCCIT, p o r sua vez, pode ocorrer
m ediante a seleção de categorias específicas de interesse do pesquisador ou m esm o
o agrupam ento de categorias, de m odo a com por o fenôm eno de interesse. Nos
estudos de Pinto (2007) e A m aral (2010), categorias do SiM CCIT foram com binadas
para o desenvolvim ento de um a pesquisa com m anipulação experim ental na sessão
terapêutica p ara investigar a correspondência fazer-dizer no co m p o rtam en to do
terapeuta.
P artindo da literatura de form ação em terapia analítico-com portam ental (H ackney
e Nye, 1973/1977; K ohlenberg e Tsai, 1991; Zaro, Barach, N edelm an e D reiblatt,
1977/1980), as pesquisadoras selecionaram três com portam entos-alvo dos terapeutas,
dois dos quais tidos com o necessários para um b om atendim ento, e o terceiro com o um
co m p o rtam ento indesejável. Para a definição dos com portam entos-alvo, as categorias
do SIM CCIT foram com binadas em torno de novas categorias, sendo acrescentadas
algum as especificações das pesquisadoras. C ada com portam ento-alvo foi descrito da
seguinte m aneira:

1. O terapeuta reafirm a ou esclarece a com unicação an terio r do cliente, e/ou


sugere com o este pode sentir-se em relação a um tópico particular. Categoria
do SIMCCIT: T e r a p e u t a d e m o n s t r a e m p a t ia (EM P).
2. O terapeuta analisa algum com portam ento do cliente e/ou ensina-o a
fazer um a análise. Categorias do SIMCCIT: T e r a p e u t a s o l ic it a r e l a t o

(SRK), [que apontam o antecedente, a resposta ou a consequência do


com portam ento] + T e r a p e u t a S o l i c i t a R e f l e x ã o (SRP): verbalizações nas
quais o terapeuta solicita ao cliente qualificações, explicações, interpretações,
reflexões ou previsões a respeito de qualquer tipo de evento + T e r a p e u t a
In t er p r et a (INT).
3. O terapeuta sobrepõe sua fala à fala da cliente: quando o terapeuta fala ao
m esm o tem po que a cliente.

As pesquisadoras avaliaram as m udanças produzidas p o r um a entrevista de coleta


de dados nos com portam entos-alvo de terapeutas recém -form ados, em procedim ento
de lin h a de base m últipla. Em cada um dos estudos, quinze sessões terapêuticas foram

123
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

registradas em áudio e transcritas, a p artir das quais foram selecionados doze episódios
representativos de cada um dos com portam entos-alvo, utilizados posterio rm en te
com o foco de quatro entrevistas. D urante as entrevistas, as pesquisadoras relatavam o
trecho da sessão que precedia o com portam ento-alvo em questão e perguntavam ao
terapeuta o que ele havia feito naquela situação. Em seguida à resposta do terapeuta
(correspondente ou não ao o corrido na sessão), a pesquisadora Ha para o terapeuta
o episódio registrado sem apresentar um fe e d b a c k direto sobre se houve ou não
correspondência. A correspondência entre as respostas relatadas e aquelas respostas
observadas nas sessões terapêuticas foi avaliada antes e depois do p rocedim ento de
entrevista, bem com o a frequência de ocorrência dos com portam entos-alvo ao longo
das sessões. C om o efeito do procedim ento, observou-se que não apenas houve o
aprim oram ento da correspondência dizer-fazer, m as tam b ém houve m elhora no
desem penho do terapeuta nas classes observadas, conform e m o stra a Figura 12, do
estudo de Pinto (2007):

FIGURA 12
NÚM ERO DE OCORRÊNCIAS DE CADA UMA DAS TRÊS CATEGORIAS O BSERVADAS NAS
Q UIN ZE SESSÕ ES TERAPÊUTICAS. AS LINHAS VERTICAIS REPRESENTAM O M OM ENTO
EM Q UE FOI REALIZADA A INTERVENÇÃO

124 seção 1

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! I


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A Figura 12 apresenta o desem penho do participante ao longo das quinze


sessões terapêuticas e a m udança desse desem penho qu ando ocorreu a intervenção
(entrevista). Na prim eira e segunda intervenções (prim eira e segunda linhas
verticais), a pesquisadora apresentou o procedim ento de descrição apenas sobre o
com portam ento-alvo 1, p roduzindo um aum ento na ocorrência dessa categoria já na
sessão cinco. A terceira intervenção abordou o com portam ento-alvo 2 (terceira linha
vertical), havendo tam bém aum ento de ocorrência dessa classe de co m portam ento
a p artir da intervenção. Em seguida à últim a intervenção, que ocorreu sobre o
com portam ento-alvo 3 (4.a linha vertical), observou-se um m aior declínio referente
a essa categoria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O SIM C ITT tem -se m ostrado um a potente ferram enta para a produção de dados
que perm item análises tradicional m ente utilizadas na literatura clínica. C om o visto,
essa apresentação de dados pode ser feita com base em frequência de ocorrência ou
duração, aquela que representar m elhor as m udanças no tem po ou a com paração entre
estudos. A apresentação desses dados de form a percentual perm ite com parações entre
categorias, entre sessões e entre casos. Mas esses dados isolados não os inform am
m uito sobre processos com portam entais. A análise de sequências de com portam entos
perm ite m aior com preensão dos processos com portam entais que estejam sendo
responsáveis p o r m udanças ocorridas na psicoterapia.
A dicionalm ente, a utilização das categorias do SIM CITT para a observação de
classes com plexas de análises m ostrou-se um potente instru m en to para evidenciar os
resultados de intervenções sobre categorias do “bom atendim ento clínico”, revelando
os resultados de processos de intervenção mais explícita e controlada com o o ocorrido
no estudo de Pinto (2007).
Essas dem onstrações atestam que o SIM CITT tem um valor heurístico que
perm ite a descrição e a análise de processos clinicos mais naturalísticos, com o
tam bém apresenta base para o ensino de habilidades terapêuticas em processos com
características de pesquisa aplicada com ou sem m anipulação experim ental no interior
da sessão terapêutica.

capítuio 125
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SEÇÃO II

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 6
AJUSTES NO SiMCCIT COM CRIAÇÃO DE BANCO DE
DADOS DE COMPORTAMENTOS DE TERAPEUTAS
COMPORTAMENTAIS1

Sonia Beatriz Meyer

O estudo dos processos de m udança em psicoterapia é um im portante investim ento


para o aprim oram ento da prática clínica e a m axim ização de seus resultados. U m a
das form as de estudo desses processos é a sistem atização de dados de observação
em categorias de com portam ento do terapeuta, de m odo a identificar padrões nas
intervenções.
C ategorizações de com portam entos de terapeutas foram feitas por pesquisadores
em diferentes partes do m undo, em épocas variadas e de diferentes abordagens
teóricas. Um a revisão de literatura sobre com portam en to s do terapeuta foi feita p o r
Z am ignani em 2007, que resultou na elaboração do Sistema M ultidim ensional para a
Categorização de C o m portam entos na Interação Terapêutica (SiM CCIT), conform e
descrito no capítulo 2 deste livro.
Este capítulo apresenta, em seu prim eiro estudo, um a extensão da revisão dos
sistemas encontrados po r Z am ignani (2007); no segundo, foram com pilados os
resultados da categorização de sessões em diferentes pesquisas sobre o processo
terapêutico para identificar regularidades nos processos terapêuticos estudados.

-gradeço aos colaboradores que muito contribuíram para a criação e análise do banco de dados: Renata
: e"eira dos Santos Coelho, Daniela Tsubota, Victor Mangabeira Cardoso dos Santos, Victor Nicolino e Luiz
i a dos Santos (estatístico).

6 : capítulo 129
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ESTUDO 1
COMPARAÇÃO ENTRE DEZ SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO

Para a revisão dos sistem as de categorização, foram analisados aqueles encontrados


p o r Z am ignani (2007) e acrescentado o SiMCCIT, elaborado pelo próprio Z am ignani
em 2007, resultando em dez sistem as estrangeiros e brasileiros: C ham berlain e Ray
(1988), F iorini (1995), Hill (2004), M argotto (1998), M eyer e Vermes (2001), Schindler,
H ohenberger-Sieber & Hahlweg (1989), Stiles (1992), T ourinho, N eno, Batista, Garcia,
Brandão, Souza, Lima, Barbosa, E nderm ann, Oliveira-Silva (2007), Z am ignani (2001)
e Z am ignani (2007. A revisão com pleta encontra-se em M eyer (2009).

MÉTODO

O prim eiro passo para a com paração entre os sistem as de categorias foi o de reduzir
as treze categorias para verbalizações do terapeuta propostas p o r Z am ignani (2007)
a dez. As dez categorias re v isa d a s são S o l i c i t a ç ã o d e in f o r m a ç ã o , Fa c il it a ç ã o ,

E m p a t ia , In fo r m a ç ã o , In terpreta çã o , R ec o m en d a ç ã o , A pro vação ,

D is c o r d â n c ia , Sil ê n c io , O u t r a s . O segundo passo foi o de m apear essas categorias


nos dez sistem as estrangeiros e brasileiros acim a relacionados.

RESULTADOS

A Figura 1 apresenta para cada um a das dez categorias revisadas o n úm ero de


categorias p re s e n te s e a u se n te s em cada sistem a de categorização. Q u an d o havia
nos sistem as analisados um a ou m ais categoria(s) cuja(s) descrição(ões) era(m )
com patível (is) com um a das dez ca teg o ria s re v isa d a s, foi registrado o n úm ero de
categorias correspondentes em ca teg o ria s p re se n te s. Q u an d o não havia no sistem a
estudado um a categoria correspondente a um a d eterm in ad a categoria revisada, foi
registrada categoria a u se n te .

130 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

FIGURA 1
TOTAL DE CATEGORIAS CO RRESPO NDENTES ÀS CATEGORIAS REVISADAS,
APRESENTADAS EM DEZ SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DE COMPORTAMENTOS
DO TERAPEUTA, E TOTAL DE AUSÊNCIAS D ESSAS CATEGORIAS. AS CATEGORIAS
PROPOSTAS ESTÃO EM ORDEM DECRESCENTE DE NÚM ERO DE CATEGORIAS NELAS
INCLUÍDAS

In terp retação está presente em todos os sistem as analisados, e há um m aior


n ú m ero de categorias e subcategorias dedicadas a essa fo rm a de in terv en ção
p sicoterapêutica, o que indica a im p o rtân cia d ad a p o r to d o s os p esquisadores
à interpretação. É im p o rta n te n o ta r que os autores são de abordagens diferentes,
co m p o rtam en tais ou não.
As categorias R ecom endação, fornecim ento de Inform ação e Solicitação de
inform ação tam bém são categorias consagradas. C ham berlain e Ray (1998) não
têm um a categoria separada para fornecim ento de Inform ação, m as essa form a de
intervenção terapêutica aparece com o subcategoria de outras categorias.

)
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
6 capítulo 131
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Solicitação de inform ação é possivelm ente a categoria que apresenta m enos


diferenças entre os diversos sistem as. Ela é com posta de um a única categoria em oito
dos dez sistem as tornando mais provável que dados obtidos pelos diferentes sistemas
sejam com paráveis. O sistem a de Hill (2004) subdividiu a Solicitação de inform ação
em duas categorias - Q uestões fechadas e Q uestões abertas o que dificultaria um a
com paração direta entre dados dos diferentes sistemas. Para torná-los com paráveis,
seria necessário som ar os dados dessas duas categorias. A im portante separação
proposta po r Z am ignani (2007) entre so licita çã o de relato e so lic ita ç ã o d e reflexã o
não foi encontrada dessa form a nos outros sistemas, o que m otivou sua junção na
categoria Solicitação de inform ações. Todavia, sua m anutenção com o subcategoria
deve o correr e p erm itir assim, na form a de subcategorias, a análise entre as duas
form as de intervenção.
Os dez sistem as de categorização apresentam pelo m enos u m a categoria
equivalente - a Recom endação - , o que indica a concordância de terapeutas de
diversas abordagens em diferentes épocas e países a respeito de ser esta um a form a de
intervenção terapêutica, controversa ou não. E ntretanto, três sistem as pro p õ em mais
de um a categoria para Recom endação. C ham berlain e Ray (1988) têm as categorias
e n sin a e e stru tu r a , enfatizando a m esm a diferença que M eyer e D onadone (2002)
defendem : diferenciar as indicações do que fazer fora da sessão (e n s in a ) e dentro da
sessão (e s tru tu ra ). Fiorini (1995) diferencia entre su g e r ir e indicar: a segunda mais forte,
com caráter de prescrição. M argotto (1998) diferencia entre a c o n se llu u n e n to e regras,
enfatizando a com pletude ou não do enunciado da regra, ou seja, com explicitação das
contingências em vigor (regra) ou não. As diferentes categorias que são englobadas
na categoria Recom endação são diferentes nos quatro sistem as que propuseram
m ais de um a categoria. Os sistem as de categorização que p ro p u seram subcategorias
(C ham berlain e Ray, 1988; M eyer e D onadone, 2002; Schindler et al., 1989; Z am ignani,
2007) tam bém ressaltam diferentes propriedades dessa form a de intervenção. Mas, de
m aneira geral, a definição do que cabe na categoria R ecom endação não se confunde
com a de outras categorias. A única exceção é a subcategoria en sin a : provê a lógica de
C ham berlain e Ray (1988), a qual, entre as categorias revisadas, é mais com patível com
Inform ação.
A categoria rem anescente O utras aparece em oito dos dez sistem as analisados, dois
dos quais com duas categorias. Parece ser com um ter falas do terapeuta que não se
encaixam em nen h u m a categoria de intervenção (ou que não são audíveis), e é útil ter
um a categoria para essas falas.

132 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Em patia, A provação e D iscordância não são categorias u nânim es e p o r vezes se


sobrepõem . Q uatro dos dez sistem as não têm categorias separadas para Em patia,
tam b ém quatro não têm para D iscordância. A provação apareceu mais vezes, em
oito dos dez sistem as. Em sistem as com o o de T ourinho et al. (2007), A provação e
D iscordância fazem parte da m esm a categoria, fe e d b a c k . Em patia, apesar de não
aparecer em quatro sistem as, é considerada m erecedora de mais do que u m a categoria
no sistem a de Hill (2004). Pode ser necessário, quando as categorias se m istu ram muito,
agrupá-las n u m a supracategoria nom eada “prover consequências”. Esse agrupam ento
não é considerado desejável, mas pode ser necessário por questões operacionais, com o
na construção do banco de dados apresentado adiante.
Eacilitação é apresentada po r m etade dos sistemas analisados. Já Silêncio apareceu
apenas em três deles, o que m otivou a sua retirada do sistem a aqui proposto.
Em todas as categorias, com exceção de O utras e Silêncio, existe um a categoria
ou subcategoria que está contem plada em outra categoria. Esse dado indica que os
sistemas não são com paráveis totalm ente; categorias podem estar com postas por
diferentes elem entos. Portanto, sem pre que são feitas com parações entre categorias de
diferentes sistemas, é necessária certa cautela nas conclusões.
A lém disso, não é possível julgar o conteúdo de um a d eterm inada categoria com
base apenas no seu nom e. Há presença de nom es am bíguos em várias categorias.
Por exemplo, o term o “clarificação” foi usado por C ham berlain e Ray (1988) com o
Solicitação de Inform ação; por Hill (2004) na explicação de Solicitação de Inform ação;
por Fiorini (1995) com o um a form a de interpretação; por Stiles (1992) com o explicação
de E spelham ento (Em patia).
É interessante n o ta r que o nom e de algum as categorias é topográfico enquanto
o de outras é mais funcional. Por exemplo, “verbalizações m ínim as” é topográfico,
já Facilitação é funcional, na m edida em que expressa a função típica, que é a de
facilitar que a pessoa continue relatando. O term o “pergunta” ou “questão” aparece
em quatro dos sistemas, sugerindo um a topografia de resposta: a form a gram atical de
interrogação. E ntretanto, a Solicitação de inform ação nem sem pre ocorre na form a de
um a pergunta, nem toda p ergunta é um a Solicitação de inform ação. O nom e proposto
por M argotto (1998) e po r T ourinho et al. (2007), Investigação, e o nom e proposto
por Schindler et al. (1989), Exploração, descrevem a função das falas pertencentes a
essa categoria. O utros nom es propostos sugerem um m isto de topografia e de função:
so licita çã o e b u sca , sugerem um a ação e seu com plem ento; in fo rm a ç ã o , relato e reflexã o
sugerem o conteúdo a ser obtido m ediante a ação.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


6 ; capítulo 133
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Possivelm ente outras revisões do sistem a apresentado p o r Z am ignani em 2007


venham a ser necessárias no futuro, em razão de avaliações de seu uso em diferentes
estudos e contextos. O sistem a usado neste estudo teve por objetivo co n to rn ar pequenos
problem as encontrados. As principais m udanças foram as seguintes: a transform ação
das categorias Solicitação de relato e Solicitação de reflexão em subcategorias da
categoria Solicitar inform ações; a transform ação das categorias O utras e Insuficiente
em subcategorias da categoria O utras; a retirada da categoria Silêncio; por fim, a
substituição do nom e da categoria Reprovação po r D iscordância, que parece refletir
m elhor o conteúdo descrito nessa categoria, retiran d o a im plicação de ser indesejável
que o term o rep ro va çã o tem.

ESTUDO 2
BANCO DE DADOS DE COMPORTAMENTOS DE TERAPEUTAS EM SESSÕES DE
TERAPIA COMPORTAMENTAL

A observação direta de sessões gravadas e sua categorização são bastante trabalhosas.


O grupo de pesquisa de análise de sessões liderado p o r M eyer na U niversidade de São
Paulo tem despendido aproxim adam ente nove horas para categorizar u m a sessão, quer
usando transcrição, quer categorizando diretam ente de vídeo (Dicezare, 2011). Assim,
m onografias, dissertações e teses que usam dados de análise de sessões têm tido baixo
n úm ero de participantes ou têm pequena am ostra de sessões de m ais participantes,
to rn an d o difícil a generalização dos dados obtidos p ara outros clientes que pro cu ram
ajuda psicoterapêutica.
Para contornar a dificuldade de obter núm ero representativo de sessões de
psicoterapia, um a possibilidade é o uso de resultados de análises de sessões que já
foram publicados ou que estejam à disposição po r m eio de contatos pessoais. Essa
foi a proposta deste estudo que contou com a produção de pelo m enos quatro grupos
de pesquisa, além de pesquisadores independentes, que estudaram sessões de terapia
com portam ental no Brasil: pesquisadores orientados pelo Dr. T ourinho do Program a
de Pós-G raduação cm Teoria e Pesquisa do C o m po rtam en to da U niversidade Federal
do Pará; pesquisadores orientados pela Dr.a Rachel K erbauy do D ep artam en to de

134 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Psicologia E xperim ental da U niversidade de São Paulo; pesquisadores orientados


pelo Dr. R oberto Banaco do Program a de Estudos P ós-G raduados em Psicologia
Experim ental: Análise do C om portam ento, da Pontifícia U niversidade C atólica de São
Paulo; pesquisadores orientados pela Dr.a Sonia M eyer do D epartam ento de Psicologia
Clínica da U niversidade de São Paulo.
Tendo em vista a im portância da cum ulatividade de dados na produção de
conhecim ento científico e a pertin ên cia em conhecer o que terapeutas com portam entais
brasileiros fazem em seus atendim entos, o objetivo deste estudo foi verificar se existem
regularidades, ao com binar os resultados encontrados em diferentes estudos sobre o
processo terapêutico.

MÉTODO

O Banco de D ados de Sessões de Terapia C om portam en tal consistiu na reunião


dos dados provenientes de trabalhos de conclusão de curso, dissertações de m estrado,
teses de doutorado e outros trabalhos produzidos no Brasil. O critério de seleção
utilizado foi o estudo possuir um a categorização das verbalizações de terapeutas feita
com base em transcrições ou observações de sessões de terapia.
As categorias e subcategorias que com põem o banco de dados, acom panhadas das
respectivas definições, são as seguintes:

1. Solicitação de inform ação, com duas subcategorias:


a. Solicitação de relato: verbalizações do terapeuta nas quais ele solicita
ao cliente descrições a respeito de ações, eventos, sentim entos ou
pensam entos. O corre tipicam ente em situações relacionadas à coleta de
dados e ao levantam ento de inform ações ao longo de qualquer etapa do
processo terapêutico.
b. Solicitação de reflexão: o terapeuta solicita que o cliente analise ou
estabeleça relações entre os eventos em discussão, incluindo qualificações,
explicações, interpretações, análises ou previsões a respeito de qualquer
tipo de evento.
2. Facilitação: verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas. Tipicam ente,
essas verbalizações indicam atenção ao relato do cliente e sugerem a sua
continuidade.

capítulo 135
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

3. Inform ação: o terapeuta relata eventos ou inform a o cliente sobre eventos.


T ipicam ente associada a intervenções “psicoeducacionais” e ao “enquadre” ou
contrato terapêutico.
4. Recom endação: o terapeuta sugere alternativas de ação ao cliente ou solicita
o seu engajam ento em ações ou tarefas. A literatura refere-se a essa categoria
tam bém com o aconselham ento, orientação, com ando, ordem .
5. Interpretação: o terapeuta descreve, supõe ou infere relações causais e/ou
explicativas (funcionais, correlacionais ou de contiguidade) a respeito do
com portam ento do cliente ou de terceiros, ou identifica padrões de interação
do cliente e/ou de terceiros.
6. Prover consequências é um agrupam ento de três categorias, p o r insuficiência
de dados para apresentá-las separadam ente, visto que, em diversos estudos
incluídos no banco de dados, as categorias não eram separadas:
a. Empatia: ações ou verbalizações do terapeuta que sugerem acolhim ento,
aceitação, cuidado, entendim ento, validação da experiência ou sentim ento
do cliente. A ssociada tipicam ente à criação de um am biente terapêutico
am istoso, seguro e não punitivo, para que o cliente se sinta à vontade para
verbalizar eventos que, em outros contextos, poderiam ser alvo de punição.
b. C oncordância: verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou
julgam ento favorável a respeito de ações, pensam entos, características ou
avaliações do cliente.
c. D iscordância: verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou
julgam ento desfavorável a respeito de ações, pensam entos, características
ou avaliações do cliente.
7. O utros: verbalizações do terapeuta não classificáveis nas categorias anteriores.
Inclui verbalizações do terapeuta relacionadas a acertos ocasionais de
horários ou outras características do atendim ento e tam bém verbalizações do
terapeuta, ao cum p rim en tar o cliente em sua chegada ou partida, anúncios de
interrupções ou com entários ocasionais alheios ao tem a em discussão. Inclui
trechos inaudíveis de áudio ou trechos em que não foi possível identificar a
categoria correspondente por insuficiência de inform ações.

136 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

O banco de dados foi criado no program a SPSS 13.0 com a seguinte estrutura: a
prim eira coluna do banco de dados contém o núm ero de identificação da pesquisa; a
segunda refere-se à experiência do terapeuta de acordo com a seguinte classificação:
(1) pouco experiente (terapeutas em form ação ou terapeutas já form ados com até
cinco anos de experiência) e (2) experiente (com mais de oito anos de experiência);
a terceira especifica o núm ero do cliente dentro do estudo. Se o estudo apresentou
dados de cinco clientes, as inform ações das duas prim eiras colunas perm aneciam , e,
nas colunas seguintes, os dados de cada um dos clientes eram apresentados; a q u arta
indica o gênero do cliente: sendo 1 o m asculino e 2 o fem inino; a quinta contém a
idade do cliente; a sexta indica a sessão cujos dados percentuais são apresentados nas
colunas seguintes (único dado com parável por m eio dos estudos).

TABELA 1
EXEM PLO DE ENTRADA DE INFORM AÇÕES E PREENCHIM ENTO DO BANCO DE DADOS

6 J capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
137
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Foram analisados os dados das sessões de 1 a 30. Para um a cada delas houve um
m ínim o de cinco ocorrências no total do banco de dados. Na Tabela 2 é apresentado
o núm ero de observações p o r sessão do banco de dados, da sessão 1 à sessão 30, além
do núm ero total de sessões e o nível de experiência.
A seleção do m aterial resultou em 16 estudos que, juntos, analisam 494 sessões
de psicoterapia realizadas po r 42 terapeutas com 64 clientes. Na Tabela 2, abaixo, são
apresentadas as inform ações das pesquisas que fazem p arte do banco de dados. As
inform ações para recuperação de cada estudo enco n tram -se nas referências.

TABELA 2
INFORM AÇÕES SOBRE 16 PESQ UISA S BRASILEIRAS DE INTERAÇÃO TERAPÊUTICA

138 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

.egenda: N=número; Ad=Adulto; M=masculino; F=feminino; Est=Estudante; pe=pouco

experiente; exp=experiente.

capítulo 139
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

C om base no arquivo do banco de dados em SPSS 13.0, foram feitas análises


estatísticas com o teste não param étrico M ann-W hitney. A escolha de um teste não
param étrico se deve ao fato de a variável analisada ser ordinal, e a escolha do M ann-
W hitney ao fato de esse teste com parar dois grupos de am ostras independentes.
Os gráficos apresentam a m édia po r sessão e dois erros pad rão a m ais e a m enos,
indicando a variação dos dados de cada sessão.

RESULTADOS

SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO

]----------
| FIGURA 2
PORCENTAGEM M ÉDIA DE SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO PARA O CONJUNTO DAS
TERAPIAS AO LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO
(EP) A MAIS E A M EN O S

140 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 2, observa-se que a porcentagem m édia de S o lic ita ç ã o de in fo rm a ç ã o


apresenta valores elevados nas prim eiras sessões, atingindo seu m aior índice na
segunda sessão. A porcentagem m édia cai até a sétim a sessão. C o rro b o ran d o a
inspeção visual, a utilização do teste M ann-W hitney entre as sessões um e sete indica
que a diferença observada é significativa.
O bserva-se que, após a sétim a sessão, a porcentagem m édia de S o licita çã o de
in fo r m a ç ã o perm anece razoavelm ente estável entre 20% e 30% da sessão terapêutica.
Ao m esm o tem po, o erro padrão observado após a sessão 15 se torna maior, apesar
de a porcentagem m édia não apresentar grande variação, indicando m aior dispersão
dos dados.

FACIL1TAÇÃO

FIG U RA 3
PORCENTAGEM M ÉDIA DE FACILITAÇÃO PARA O CONJUNTO DAS TERAPIAS AO
LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO (EP) A MAIS E

AM ENO S

141
6 ) capítulo
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 3, observa-se que a porcentagem m édia de F acilitação d im in u i nas três


prim eiras sessões. Pode-se constatar um a variação entre 4% e 20% na porcentagem
total ao longo das trin ta sessões iniciais. Além disso, observa-se um a variação nos
valores para o erro padrão ao longo das sessões, porém aquelas com preendidas entre
as sessões 10 e 20 parecem apresentar m aiores valores. A análise do banco de dados
perm ite afirm ar que alguns poucos estudos apresentam características específicas do
cliente ou do terapeuta, que contribuem para os valores elevados na facilitação.
Por m eio das análises estatísticas entre sessões, feitas m ediante o teste M ann-
W hitney, verificou-se que não há diferenças significativas na porcentagem de
F a cilita çã o ao longo das trin ta sessões.

INFORMAÇÃO

FIG U RA 4
PORCENTAGEM M ÉDIA DE INFORMAÇÃO PARA O CONJUNTO DAS TERAPIAS AO
LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO (EP) A MAIS
E AM ENO S

142 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 4, pode-se observar que a porcentagem m édia de In fo rm a ç ã o


apresenta seu m aior valor na p rim eira sessão. Em seguida, a porcentagem m édia cai,
p erm anecendo em torno de um décim o da sessão terapêutica. Os valores do erro
padrão parecem aum entar nas sessões finais, indicando m aior variação das médias.
Entre as sessões verificou-se, po r m eio do teste M ann-W hitney, que não há
diferenças significativas na porcentagem de In fo r m a ç ã o entre as sessões 1 e 7, e entre
as sessões 7 e 30, corroborando o dado de que não há tendência de crescim ento ou de
dim inuição da porcentagem ao longo das trin ta sessões.

RECOMENDAÇÃO

FIG U RA 5
PORCENTAGEM MÉDIA DE RECOM ENDAÇÃO PARA O CONJUNTO DAS TERAPIAS AO
LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO (EP) A MAIS
E A M ENO S

capítulo 143
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 5, observa-se que a porcentagem m édia de R e c o m e n d a ç ã o apresenta


valores baixos nas prim eiras sessões, aum entando no decurso da terapia. Esse aum ento
tam bém é constatado m ediante o teste M ann-W hitney, que indica ser significativa a
variação entre as sessões 1 e 7.
A m aior porcentagem m édia de R e c o m e n d a ç ã o ocorre na 15.a sessão (20%), porém ,
na m aior p arte das sessões, a porcentagem oscila entre 10% e 18%. Os valores do erro
p adrão ainda inform am que a variação das m édias aum enta ao longo das sessões.

INTERPRETAÇÃO

| FIGURA 6
PORCENTAGEM M ÉDIA DE INTERPRETAÇÃO PARA O CONJUNTO DAS TERAPIAS AO
LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO (EP) A MAIS
E AM ENO S

144 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 6, observa-se que a porcentagem m édia de In te rp re ta ç ã o apresenta valores


baixos nas prim eiras sessões, aum entando no decorrer da terapia. C o rro b o ran d o essa
afirmação, a análise da diferença da porcentagem entre as sessões 1 e 7, feita por meio
do teste M ann-W hitney, constatou um a diferença significativa. A porcentagem de
interpretações apresenta tendência crescenLe ao longo das sessões, estando presente,
nas últim as sessões, em 1/3 de todas as respostas verbais vocais do terapeuta.
O m aior índice ocorre na 24.a sessão (40%), apresentando um declínio nas sessões
seguintes. C ontudo, a porcentagem m édia de interpretações entre a 24.a e 30.a sessões
é m aior que a observada nas sessões anteriores à sessão 24. Os valores do erro padrão
tam bém parecem aum en tar no decurso do processo, indicando grande variabilidade
nas m édias que com põem os dados de sessão.

PROVER CONSEQUÊNCIAS

FIGURA 7
PORCENTAGEM M ÉDIA DE PROVER CONSEQUÊNCIAS PARA O CONJUNTO DAS
TERAPIAS AO LONGO DAS SESSÕES. AS BARRAS REPRESENTAM DOIS ERROS PADRÃO
(EP) A MAIS E A MENOS

6 caoítulo 145
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na Figura 7, constata-se que a porcentagem m édia de P ro v e r c o n se q u ê n c ia s


apresenta valores entre 12% e 30% ao longo das sessões. Há um a tendência de aum ento
da porcentagem ao longo das sessões até a 23.a sessão, em que se observa um a queda
nos valores percentuais. Os valores percentuais iniciais parecem sem elhantes aos
observados nas m édias de Prover consequências ao final das trin ta sessões. Os valores
do erro padrão p erm item afirm ar que existe grande variação nas m édias das sessões,
principalm ente nas sessões posteriores à de n úm ero 15.
Seria necessária a separação dessa categoria nas subcategorias Em patia,
C oncordância e D iscordância para m elhor análise; no entanto, a q u an tidade de dados
ainda não foi suficiente para tal separação.

DISCUSSÃO

Esta pesquisa perm itiu verificar que a com binação de dados de categorização da
interação terapêutica proveniente de diferentes estudos brasileiros apresenta algum as
regularidades. Q uando analisados individualm ente, tais estudos p erm item pouca ou
n en h u m a generalização dos dados na análise de outros processos terapêuticos, o que
em parte é explicado pelo grande núm ero de variáveis não controladas e/ou específicas
de cada pesquisa. Por outro lado, a com binação proposta d im in u i o efeito de variáveis
espúrias e pocie gerar regularidades dos com portam entos verbais vocais do terapeuta
durante o processo terapêutico.
A análise das categorias com dados agrupados perm ite algum as conclusões
sobre os com portam entos do terapeuta em trinta sessões. As categorias S o licita çã o
d e in fo rm a ç ã o , In fo r m a ç ã o e F acilitação foram m ais frequentes nas prim eiras sessões

em com paração com as sessões posteriores. Tais resultados são coerentes com
a ideia de que, no início do processo terapêutico, deva haver um a coleta de dados
e o estabelecim ento de um a relação na qual o terapeuta seja um a audiência não
punitiva (Zam ignani, 2007). Passadas as sessões iniciais, observou-se um a dim inuição
porcentual em tais categorias.
Já as categorias R e c o m e n d a ç ã o , In te rp re ta ç ã o e P ro ver c o n se q u ê n c ia s, que podem
ser consideradas m ais interventivas, foram m ais frequentes em sessões posteriores.
Esse resultado tam bém é coerente com o esperado no processo terapêutico, visto que.
após o período inicial de estabelecim ento da relação, o terap eu ta detém inform ações
que aum entam a probabilidade de as intervenções serem efetivas.

146 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A lgum as ressalvas devem ser feitas no estudo em pauta: prim eiram ente, as
categorias utilizadas para análise nos diferentes estudos aqui reunidos não coincidem
totalm ente com as categorias utilizadas no banco de dados. A lgum as aproxim ações
foram realizadas para p erm itir a análise aqui apresentada; segundo, os dados estão
representados percentualm ente, logo a m udança nos valores de u m a categoria im plica
a m udança em um a ou m ais categorias. Terceiro, e m uito im portante, é considerar
esses dados com o auxiliadores para a com preensão de processos terapêuticos
com portam entais.
Os resultados obtidos devem auxiliar supervisores a ensinar novos terapeutas
com portam entais, m as não devem ser tom ados prescritivam ente, visto que não
p artiram de am ostras aleatórias e totalm ente representativas. Para au m en tar o alcance
dos resultados, novos dados precisam ser inseridos no banco de dados. Esses dados
podem ser provenientes de outras form as de terapias e de publicações em diversos
locais do m undo. De qualquer form a, diversas questões de pesquisa podem ser
retiradas dos resultados aqui apresentados, o que auxiliará a m anutenção do próprio
banco de dados.

6 ) capítulo 147
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

SESSÃO N SOL_INFO FACILITAÇÃO INFORMAÇÃO RECOMENDAÇÃO INTERPRETAÇÃO

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP


1 36 42,27 17,10 6,46 9,22 19,24 17,23 5,57 6,71 7,95 3.6

2 39 ■ 44,37 23,13 4,95 10,19 14,78 10,90 10,28 12,85 10,70 10,60

3 33 ■ 40,83 22,90 2,20 4,60 10,91 9,91 11,19 13,03 14,63 12,79

4 33 42,19 24,87 2,90 4,79 9,33 9,13 11,12 12,91 16,72 13,97

5 30 35,50 19,04 2,93 4,43 10,16 7,67 14,65 13,73 18,71 11,92

6 28 35,83 16,4 7 3,81 5,27 9,28 6,80 14,39 11,36 19,98 12,65

7 20 25,67 13,89 3,60 6,84 11,61 8,10 14,59 12,01 22,47 11,83

8 22 26,74 17,58 5,39 7,46 15,96 14,35 15,08 13,80 16,03 11,81

9 19 26,41 16,03 4,27 6,87 12,28 8,49 17,33 13,86 17,54 13,05

10 13 24,51 12,50 3,54 11,65 8,56 7,70 16,37 11,36 24,36 15,67

11 15 23,94 12,51 5,37 13,39 8,62 9,81 17,06 10,74 22,52 14,20

12 15 22,31 10,78 2,62 6,22 13,29 15,77 16,57 14,35 19,80 15,35

13 9 26,80 11,69 2,11 4,55 9,00 7,73 17,60 14,40 20,29 11,15

14 15 25,98 12,59 5,24 8,08 9,43 9,51 18,26 15,03 24,93 16,49

15 9 27,35 14,20 5,37 9,01 11,42 9,85 20,32 15,04 20,90 11,81

16 10 26,04 9,29 4,25 6,22 11,98 7,48 9,57 15,37 25,72 19,00

17 10 15,19 12,58 7,03 13,00 8,46 11,94 15,59 15,98 30,01 21,26

18 10 : 21,89 5,93 5,06 8,01 10,65 8,86 16,59 18,52 22,75 16,99

19 7 18,30 6,61 0,99 2,61 7,73 11,11 17,91 12,27 29,45 15,46

20 9 22,54 14,35 4,84 7,55 7,46 6,57 18,68 21,38 21,89 14,31

21 7 17,61 13,41 3,60 5 07 5,73 6,30 19,75 24,15 25,75 16,12

22 11 21,93 14,37 4,31 5,24 9,61 S,98 11,40 16,07 20,84 16,22

23 10 18,42 14,80 4,85 6,27 9,18 9,91 16,75 22,06 19,15 12,48

24 5 24,44 9,16 0,71 1,58 2,01 2,82 16,37 8,67 39,75 4,12

25 6 27,34 12,78 1,33 2 07 6,45 7,31 13,73 7,61 33,99 15,84

26 5 25,84 9,88 1,24 2,28 10,21 15,34 15,06 12,58 28,42 15,6

27 5 24,66 5,87 3,64 5,88 11,12 12,03 14,30 14,42 31,10 15,56

28 6 30,36 14,52 3,00 3,89 7,98 7,81 13,08 10,08 31,12 15,43

29 5 23,33 11,49 4,35 6,76 9,62 10,76 11,44 14,32 28,92 15,17

30 5 20,25 7,97 1,28 1,88 11,26 13,51 9,70 4,51 37,21 14,34

TOTAL 447 31,33 18,97 4,00 7,32 11,32 10,89 13,65 13,60 19,46 14,62

148 seção

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

PROVER
A.EMPATIA B.CONCORDÂNCIA CDISCORDÂNCIA OUTROS
CONSEQUÊNCIAS
édia DP Média DP Média DP Média DP M édia DP

'6,23 12,05 4,12 7,37 2,52 4,79 1,25 2,70 4.S ’

' 2,54 10,51 2,60 4,88 2,57 5,89 0,50 1,22 2,5/

'8,56 15,27 2,63 : ,09 1,95 4,56 1,16 3,24 781

14,50 12,33 2,12 4,01 2,59 4,28 0,81 2,32 3,45

2,14 C>- -
'6,05 10,66 1,78 4,10 1,70 3,82 0,66 2,00

14,10 10,05 2,62 6,03 1,60 2,85 0,57 1,21 2,70 3,48

20,03 12,11 2,29 4,41 2,98 6,13 0,35 0,74 2,03 3,00

18,74 10,73 3,81 5,37 3,64 7,06 0,81 1,52 2,44 4,28

20,29 10,90 3,61 6,48 4,12 10,86 0,45 0,80 2,20 5,30

21,97 10,31 0,86 2,98 0,00 0,00 0,20 0,69 1,04 2,43

18,69 10,02 2,30 5,22 1,02 2,70 0,36 0,79 4,45 13,25

24,57 16,8/ 2,46 4,95 0,35 0,93 0,10 0,39 1,08 796

22,95 11,37 2,58 7,75 0,21 0,62 0,00 0,00 1,25 2,25

14,02 8,87 2,86 4,7 3 1,03 1,84 1,16 3,26 2,67 4,16

13,95 11,61 3,19 7,39 0,42 1,19 0,14 0,40 1,46 2,45

21,61 16,95 4,50 8,34 0,08 0,26 0,92 2,40 0,82 1,78

21,10 15,12 2,52 5,38 1,68 3,52 1,1 I 2,41 2,62 3,82

21,50 10,39 3,78 1,37 2,30 0,93 1,65 1,56 3,97

24,41 9,01 1,35 3,58 0,37 0,98 0,74 1,95 722 2,87

19,36 9,89 4,51 8,53 1,17 2,41 0,48 718 5,22 12,89

25,61 13,16 4,72 8,77 0,99 1,74 0,32 0,84 1,95 3,44

29,55 21,66 6,61 11,76 2,06 3,43 1,04 2,55 2,36 8,63

28,51 21,16 6,74 11,22 1,45 3,07 2,98 8,12 j 3,14 7,07

15,69 13,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,04 1,55

12,88 12,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,28 9,08

16,35 11,65 0,00 0,00 1,05 2,3 1,05 2,35 ! 2,87 4,59

14,26 8,27 1,62 3,63 1,08 2,42 0,00 0,00 0,91 1,29
i
12,88 8,53 3,11 7,62 0,22 0,54 0,00 0,00 758 2,50

21,08 17,03 0,92 2,í )6 1,23 2,75 0,31 0,69 i 725 1,72

18,92 10,67 0,91 2,03 0,45 1,02 0,45 1,02 1,38 3,08

18,07 12,86 2,86 5,94 1,80 4,50 0,72 2,26 2,34 4,87

6 ) capítulo 149
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

capítulo 7
REFLEXÕES SOBRE ALGUMAS CATEGORIAS DO SiMCCIT NA
PERSPECTIVA DE UMA PESQUISADORA TERAPEUTA

Patrícia Rivoli Rossi


Sonia Beatriz Meyer

Este texto tem com o objetivo discutir alguns aspectos sobre as categorias do
SiM CCIT com base em um estudo em que foram analisadas, por m eio do Eixo I
do SiM CCIT (Rossi, 2012), sessões de psicoterapias bem -sucedidas e m alsucedidas.
Consiste em reflexões sob a ótica de um a pesquisadora-terapeuta, m otivo pelo qual
será desenvolvido em prim eira pessoa. As funções de pesquisadora e terapeuta no
m esm o estudo perm itiram a análise do processo terapêutico a p artir de um a posição
privilegiada, u m a vez que, em cada um a das funções, há acesso a u m conjunto diferente
de inform ações e experiências.
A análise dos resultados do estudo não indicou diferença significativa entre as
sessões bem -sucedidas e m alsucedidas; entretanto, com o terapeuta da m aior parte dos
casos analisados, eu podia perceber diferenças im portantes entre essas sessões e passei
a levantar hipóteses sobre o resultado.
A p rim eira hipótese considerada foi que o Eixo I do SiM CCIT não seria
suficientem ente sensível para detectar as diferenças entre os processos terapêuticos
estudados. Dessa form a, voltei m in h a atenção para os episódios das interações nos
quais eu percebia diferenças não detectadas na categorização pelo SiMCCIT. Nesses
episódios, foi possível detectar que as categorias Relato , R elações e C oncordância
apresentavam lim itações relevantes, que serão discutidas a seguir.

REFLEXÕES SOBRE A CATEGORIA R E L A T O

De acordo com o SiMCCIT, estão incluídos na categoria R elato : (1) Relato de


inform ações sobre eventos; (2) Relato de eventos anteriorm ente registrados; (3) Relato
de sentim entos e em oções; (4) Relato de estados m otivacionais ou tendências a ação

7 ) capítulo 151
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

e (5) Julgam ento ou avaliação. Essas subdivisões da categoria R elato englobam


conteúdos de relatos que, em u m a análise clínica, p o dem ser de m aior ou m enor
relevância para o terapeuta. Percebi essa diferença quando fui categorizar as falas
dos m eus clientes. Por exemplo, relatos sobre sentim entos e em oções, sobre tem as
considerados difíceis pelo cliente ou sobre eventos que elid em respondentes tendem
a ser m ais produtivos para o contexto terapêutico do que relatos sobre situações
cotidianas, sobre teorias elaboradas pelo cliente ou sobre quaisquer outros temas. E
foi aí que encontrei algum as diferenças entre as sessões das terapias bem -sucedidas e
m alsucedidas que o SiM CCIT não destacou.
Os relatos dos clientes nas sessões das terapias b em -sucedidas m e pareceram ser
relacionados a tem as m ais im portantes para o tratam en to clínico ou foram expressos
de form a m ais objetiva e clara. Isso m e facilitava verificar se o relato se encaixava
naquela narrativa ou não e qual seria a sua função. C om o é o caso do relato a seguir,
descrito p o r um a cliente em um a terapia que foi considerada bem -sucedida:

“d e repente, eu vi ele e n a ho ra eu fiq u e i m u ito n e rv o sa e m in h a s p e r n a s


fic a r a m b a m b a s a ss im ! A í ele veio vin d o , a í ele m e c u m p r im e n to u c o m u m
beijo n a b o ch ech a e c u m p r im e n to u to d o m u n d o (...) A í ele m e p a r o u na

m e ta d e do c a m in h o e c o m e ç o u a fa la r q u e tin h a fic a d o c h a te a d o d e m e

e n c o n tr a r co m Ioda a ga lera na r u a ”.

Essa cliente apresentava dificuldades de interação interpessoal e queixava-se de


dificuldades para term in ar um nam oro que ela considerava problem ático. Relatou
um a ocasião em que estava na rua com seus am igos e en co n tro u seu n am orado por
acaso. Ela contou com o se sentiu, ao vê-lo, e com o ele se sentiu, ao vê-la. Tal relato,
referente a respostas encobertas da cliente, foi relevante para que eu com preendesse
quais contextos evocariam nela sentim entos negativos. A análise desse episódio indica
que interagir com am igos em u m a situação social na presença do nam o rad o era
aversivo tanto para ele quanto para ela (que previa a punição do nam orado e sentia-se
“m uito nervosa”).
Em outra ocasião, um cliente me contava que particip o u de u m concurso de
talentos no qual seu grupo não foi bem avaliado, o que o fez ficar insatisfeito com a
avaliação dos jurad o s do concurso (tem a relevante para um processo terapêutico). Esse
tem a era im portante porque o cliente procurou terapia devido à ansiedade. Notei que

152 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ele tin h a dificuldades em adm in istrar sentim entos negativos - p ro d u to s de contextos


aversivos para ele. Mas o problem a encontrava-se no fato de que ele, na m aioria das
vezes, tolerava mal quando as consequências de suas ações não eram reforçadoras
e tin h a baixa tolerância quando elas não eram . Em outras palavras, o cliente queria
que os eventos ocorressem de acordo com a sua vontade. Portanto, em resposta
à m á avaliação de seu grupo, o cliente passou a criticar a avaliação dos julgadores,
em vez de p ro cu rar ap rim orar os critérios apontados nas críticas. Ao falar sobre o
desem penho dos seus colegas de grupo, ele iniciou um relato sobre um de seus atores
preferidos, sugerindo que os colegas deveriam se esforçar para ser tão bons quanto
esse ator, ou seja, ele não tinha nada a ser m elhorado, em bora os am igos tivessem e
os julgadores tam bém . No entanto, no m eio do diálogo, ele interro m p eu o assunto
para relatar suas peripécias a fim de conseguir um a ficha de inscrição para um retiro
espiritual (o cliente era ateu). Em um prim eiro m om ento, considerei que ele fosse
relatar algum descontentam ento com sua mãe, que insistia para que ele procurasse
um a religião; contudo, várias interações se passaram , e pude constatar que seu objetivo
era apenas relatar com o foi difícil retirar a senha e com o tal retiro funcionava - um
relato aparentem ente supérfluo, em bora a resposta de fuga/esquiva ten h a cham ado a
m in h a atenção. O cliente chegou a afirm ar que estava só “fazendo um parêntese” e que,
depois de contar sobre o retiro, voltaria a falar sobre o concurso, o que não ocorreu.
Segue um trecho da interação que ocorreu após um longo período em que ele havia
relatado o assunto da ficha do retiro (aparentem ente, esquivando-se de expressar sua
frustração p o r conta do concurso):

CL: Q ue nem eu gosto m uito é do Jack N icholson. Assim, é o ator que você
vê e “pu tz”! Ele é a profissão dele. Nossa! C ada personagem diferente.
Nossa! É m uito legal. Ele é m eu ícone, entendeu? Ele é m uito bom . Ele
é m uito bom .
T: É, porque você falou “O ” ator e na verdade não existe “O ” ator, existem
vários, né?
CL: Existem vários, mas assim, sabe? Tem que... Na verdade, que nem ... Eu
fui fazer um... M inha m ãe fica no m eu pé: “Ai, vai p ro cu rar Deus, vai
p ro cu rar D eus” e lá lá lá...
T: Sua m ãe o quê?
CL: P rocurar Deus. Ela sabe que eu sou ateu.

capítulo 153
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

T: H unrum . O que você falou?


CL: M inha m ãe sem pre fala que ela e o m eu irm ão têm um a religião,
porque todo m undo tem e que só eu não tenho.
T: Tá. Aí ela te trata com o ateu? É isso?
CL: É. Ela fala que eu não acredito em D eus e tal. Daí esses dias... Só vou
abrir um parêntese e já volto pro concurso.
T: H unrum .
CL: D aí tem aquele retiro, né? A Igreja Católica fala que é tipo u m retiro.
As pessoas vão e ficam três dias no curso.
T: Tipo um Shalom ,
CL: Tipo um Shalom , isso! E assim, daí um a am iga, u m a m en in a do m eu
trabalho falou assim: “Ai vai ter o retiro e é legal” e tal tal tal. Eu falei “ai
gente, eu não tenho paciência pra essas coisas. Ficar lá no m eio do m ato
com Ave M aria cheia de graça? Ai, não sei se eu vou”. Ela falou assim:
“não, é super legal”. Aí, um super am igo m eu, que já fez, sem pre me
falou m uito bem . Q ue é m uito bom e que te dá u m a lavada na alm a, na
m ente. É um a outra visão. Aí, na sexta-feira eu fui lá. Parecia a inscrição
do Big Brother. G ente, o que é isso? Era m uita gente, mas m uita gente...
T: Você foi na sem ana passada?
CL: É. “Gente! Eu não vou ficar aqui. Vamos em bora. Eu não quero isso.
N ossa senhora!”
T: N ão quer isso o quê? A fila?
CL: A fila! Eu não queria a fila. Nossa! Se fosse rapidinho. Eu tin h a dez
m inutos pra ir pro trabalho. Eu fui um as seis horas e cheguei no trabalho
quase nove. Falei: “Não, vam os, vam os, vamos. Tá m uita fila”. Aí eu fui
o quinto sorteado.
T: O lha só!
CL: Falei: “gente do céu! D eus quer que e u .”
T: D eus quer que eu vá.
CL: D eus quer que eu vá m esm o. Entendeu? Daí...
T: E você com ódio da fila querendo ir em bora.
CL: Super. Nossa, daí “vam os”. Aí, tem um a entrevista. N o sábado teve
um a entrevista. E a m en in a perguntou: “o que você espera”? Eu falei: “de
verdade? Nada. Eu não sei o que acontece aqui. A única coisa que eu sei

154 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

é que se você m a n d ar eu rezar Salve a Rainha aqui, eu já vou tá fazendo


u m pecado porque a única coisa que eu sei é Ave M aria e Pai N osso”.

O trecho em destaque sugere fortem ente que o cliente tenha se esquivado de falar
sobre um tem a difícil: ser mal avaliado. Essa análise é im portante em term o s clínicos,
pois deveria levar o terapeuta a atentar para os eventos que o cliente considera aversivo.
E ntretanto, ao que pude constatar, essas diferenças sutis na qualidade dos relatos dos
clientes não podem ser detectadas por m eio da categoria R e l a t o do SiMCCIT. Na
descrição dessa categoria, os relatos são apresentados de form a indiscrim inada, não
havendo diferenciação entre relatos de m aior ou m enor qualidade, ou de m aior ou
m enor relevância, para a terapia. Em um contexto de análise clínica, a qualidade dos
relatos influencia a interação terapêutica, e, da form a com o a categoria é apresentada,
os relatos da prim eira e do segundo cliente, descritos anteriorm ente, bastante diversos
enquanto m aterial de análise terapêutica, seriam agrupados da m esm a forma.

REFLEXÕES SOBRE A CATEGORIA R E L A Ç Õ E S

Pude observar problem a sem elhante na definição da categoria R e l a ç õ e s . Estão


incluídos nessa categoria, segundo o SiMCCIT, (1) E stabelecim ento de relações
explicativas: cliente fornece razões para seu com portam en to ou de terceiros ou
estabelece relações explicativas ou causais - relações do tipo “se... então”; (2)
Identificação de regularidades, relações de contiguidade ou de correlação entre eventos:
cliente descreve sua observação sobre padrões recorrentes de com p o rtam en to s seus ou
de terceiros ou identifica eventos correlacionados ou tem poralm ente próxim os sem
explicitar caráter causal; (3) A tribuição de diagnóstico: cliente atribui diagnóstico
ou rótulo relativo a algum padrão de interação ou conjunto de sintom as de terceiros,
dele m esm o ou do terapeuta; (4) Estabelecim ento de síntese: sínteses ou conclusões
form uladas sobre seu com portam ento ou sobre outros eventos, independentem ente da
concordância do terapeuta (desde que tal síntese sugira um a razão ou explicação para
algum com portam ento do cliente ou de terceiros); (5) Inferências: suposições sobre a
ocorrência de sentim entos de terceiros que não tenham sido relatados ou descritos p o r
qualquer pessoa; (6) Previsão sobre eventos futuros: cliente supõe a ocorrência futura
de eventos ou com portam entos seus ou de terceiros; (7) Reflexões que conduzem a
razões, a explicações ou a análises de consequências: cliente discorre a respeito de seus

capítulo 155
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

pensam entos ou reflexões sobre determ inado tem a elaborando algum tipo de relação
explicativa, causal ou de regularidade entre eventos, ou levantando alternativas de
ação e suas possíveis consequências (análise de consequências).
Em linhas gerais, os critérios estabelecidos para a categoria R e l a ç õ e s englobam
o com portam ento do cliente de se analisar funcionalm ente. Tal co m p o rtam en to é
extrem am ente relevante para a terapia analítico-com portam ental. Esse fator poderia
dar um destaque especial à categoria R e l a ç õ e s . N o entanto, essa categoria tam bém
abrange inferências sobre com portam entos de terceiros e atribuições diagnósticas ou
rótulo para seus com portam entos ou de terceiros. Logo, isso sugere que, dentro da
categoria R e l a ç õ e s , alguns estabelecim entos de relações entre eventos realizados
pelos clientes tam bém podem ser de m aior ou m en o r relevância p ara um contexto
terapêutico.
Para exemplificar, apresento o relato de um cliente que estabeleceu um a relação
entre expressar seus pensam entos e sentim entos e calar-se e “se rem oer por den tro ”:

“e u ach o q u e é b o m . P o rq u e eu n ã o fic o g u a r d a n d o essas coisas p r a m im .


E ssas coisas m e f a z i a m m a l e e n tã o eu tô fa la n d o ”.

Esse exemplo explicitou um estabelecim ento de relações entre eventos de


qualidade. E nsinar os clientes a realizar esse tipo de análise é u m dos objetivos da
terapia. }á os estabelecim entos de relação entre eventos que se referem à inferência
de com portam entos de terceiros ou o estabelecim ento de u m a relação explicativa
ou atribuição de diagnósticos podem , em alguns casos, ser considerados de m enor
qualidade. Tais relações entre eventos podem ainda sugerir equívocos: u m cliente
pode considerar que seu problem a é um a resultante de experiências de vidas passadas
ou que tem um tran sto rn o m ental que, na verdade, não tem.
No exem plo a seguir, a cliente estabeleceu um a relação explicativa para o
com portam ento de seu ex-nam orado não lhe ter telefonado:

T: Mas você queria que ele tivesse te ligado?


CL: O lha, eu não sei. Acho que o norm al seria ele ligar. Eu fiquei im aginando
que ele estava se esforçando m uito para não m e ligar.

156 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

A relação estabelecida pelo cliente anterior pode ser considerada de m aior


relevância do que a relação estabelecida por essa cliente (até po rq u e não se teve acesso
ao que de fato fez com que o n am orado não ligasse). Em contexto clínico, m uitos
estabelecim entos de relações podem não ser tão valiosos com o a análise funcional, e
am bos se encontram ju n tam en te descritos dentro da definição da categoria R e l a ç õ e s .

R E F L E X Õ E S S O B R E A C A T E G O R IA CON C O RD ÂN C IA

A categoria C o n c o r d â n c i a tam bém m erece algum as considerações. Estão


incluídos nessa categoria, segundo o SiMCCIT, (1) Avaliações favoráveis sobre
o terapeuta: cliente expressa julgam ento ou avaliação favorável a respeito de
sugestões, análises ou afirm ações em itidas pelo terapeuta, sejam estas im ediatam ente
antecedentes ou não; (2) Relatos de esperança: cliente relata que está esperançoso de
que o trabalho terapêutico p o d erá ajudá-lo; (3) Relatos de satisfação: cliente relata
satisfação ou contentam ento com os resultados alcançados com a ajuda do terapeuta;
(4) Relatos de seguim ento de solicitação de reflexão: cliente relata ter refletido a
respeito de interpretações ou recom endações dadas pelo terapeuta; (5) Indicações
de atenção: com entários breves ou expressões vocais cu rtas em itidas pelo cliente,
que sugerem que ele está prestando atenção e que o terapeuta deveria con tin u ar
falando. C om entários apresentados após um a descrição do terapeuta, que inferem
a co n tin uidade da descrição, sugerindo interesse no assunto e d em o n stran d o que
está atento ao relato; (6) Indicações de entendim ento: verbalizações que sugerem
com preensão ou entendim ento de um a inform ação, interpretação ou recom endação
apresentada pelo terapeuta, seguidas ou não da descrição de eventos que corroboram
a análise ou descrição apresentada; (7) Exclamações de concordância: com entários em
form a de exclamação, apresentados após a descrição de eventos por p arte do terapeuta,
que são consistentes com o assunto relatado e indicam interesse nele.
D entro da categoria C o n c o r d â n c i a , alguns com portam entos do cliente p o dem
ser considerados reforçadores para algum as intervenções do terapeuta, conferindo
um a im portância especial a essa categoria. O SiM CCIT inclui indicações de
enten d im ento (p. ex., “certo”, “claro”) e exclamações de concordância (p. ex., “nossa!”
“não acredito”) inseridos na definição da categoria com o m esm o s ta tu s que afirm ações
do tipo “você tem razão, eu posso experim entar fazer isso”. Novam ente, a questão que
se levanta é que, em um contexto clínico, a categoria C o n c o r d â n c i a não diferencie

capítulo 157
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

concordâncias m ais bem elaboradas do cliente de concordâncias m ais sim ples com o
“nossa!”. O utro problem a estaria no fato de que, se olhássem os um a sessão em que
ocorreram m uitas concordâncias, tenderíam os a concluir que a sessão tivesse sido
p rodutiva (não considerando os casos em que concordar seria um com p o rtam en to -
problem a). Todavia, não saberíam os definir se tais concordâncias seriam , na m aioria,
apenas “certo”, “claro”, “nossa”. Em um trecho extraído de um a sessão em que a cliente
relatou que seu nam orado a viu na rua com os am igos, houve duas concordâncias: a
prim eira foi apenas um “é” e a segunda envolveu um a concordância mais elaborada:

CL: Aí eu disse que não tin h a com o e que eles são m eus am igos e que não
podia fazer nada. Aí ele p erguntou pra m im se eu largaria tudo isso pra
ficar com ele. Aí eu falei que não dava.
T: Q ue era proposta m esm o que você sentiu, p orque quan d o você ficou
com ele...
CL: É...
T: N ão dava pra ficar com todo m undo...
CL: Não dava... N ão era nem ficar. É não ter vínculo algum . Não era nem
ficar. Eu não to falando assim: Ah! Ele não gosta que eu fique 24 horas
com m eus am igos. Eu NÃO posso ter amigos.

Na segunda ocorrência de concordância, à m edida que a cliente verbalizava que


ficar com seu n am orado im plicaria evitar o contato com os am igos, ela foi se dan d o
conta de que não se travava apenas de encontros eventuais, m as que não pod eria ter
am igos, já que isso o incom odava. Desse m odo, para evitar ser punida, ela precisaria
se afastar de seus am igos. Tal concordância é bastante diferente do “é” verbalizado
anteriorm ente.
Verbalizações do cliente que indicam atenção e entendim ento, p o r m eio de
com entários breves ou exclam ações (p. ex., “entendi”, “verdade”, “nossa”) não deveriam
ter o m esm o s ta tu s de verbalizações nas quais o cliente concorda com a verbalização
an terior do terapeuta, apresenta avaliações favoráveis sobre o terapeuta ou relata
esperança, satisfação e seguim ento de solicitação de reflexão. Nos exem plos a seguir,
as concordâncias verbalizadas parecem ter m aior relevância terapêutica:

158 seção 2

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

- “a q u ilo q u e você (terapeuta) su g e riu d e n ã o c o m p r a r o b r in q u e d o q u a n d o


ele fiz e s s e birra, a c a b o u m e a ju d a n d o , p o r q u e f u i c o m ele ao sh o p p in g e
dessa v e z c o n se g u i s a ir de lá s e m c o m p ra r n a d a
- “esto u c o n te n te d e fa z e r tera p ia , p o r q u e sin to q u e co m essa a ju d a , v o u
c o n se g u ir m e lh o ra r este m e u p r o b le m a

- “q u e ria te c o n ta r q u e fiq u e i sa tisfe ito de p e n s a r q u e m e u p r o b le m a


n ã o é u m ‘ta b u e q u e m u ita s o u tra s p e sso a s j á p a s s a r a m p e lo m e s m o e
c o n se g u ira m d a r vo lta p o r c im a ”

- “p e n s e i a respeito d a q u ilo q u e você f a l o u e c o n se g u i e n x e rg a r q u e se m p re


aca b o d e ix a n d o as coisas p r a ú ltim a h o ra e m e a tr a p a lh o to d o ”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo em que fui pesquisadora e terapeuta (Rossi, 2012) tive a o p o rtu n id ad e


de verificar possíveis lim itações do SiMCCIT, no que tange às categorias R e l a t o ,
R ela çõ es e C o n c o r d â n c i a . A credito que os apontam entos destacados neste texto
possam ter influenciado os resultados do m eu estudo, não p erm itin d o a detecção de
diferenças estatisticam ente significativas entre os processos estudados.
As categorias R e l a t o , R e l a ç õ e s e C o n c o r d â n c i a não diferenciam verbalizações
de m aior ou m en o r relevância para o processo terapêutico. Essa característica pode
dificultar a análise realizada pela categorização por m eio do SiMCCIT, pois as
sutilezas captadas p o r essas categorias são possíveis em um a análise clínica, m as ficam
obscurecidas pelo fato de, no sistem a, serem descritas de form a indiscrim inada.
Tais especificações da definição, eventualm ente, poderiam ser contem pladas pelo
desenvolvim ento de qualificadores ou subcategorias a serem adotados de acordo com
a necessidade de aprofundam ento da análise.

capítulo 159
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

apêndice I
Manual revisado para categorização do Sistem a
M u ltid im e n sio n a l de C a te g o riza çã o de C o m p o rta m e n to s da
In tera çã o Tera p êu tica - SiMCCIT1

Denis Roberto Zomignani


Sonia Beatriz Meyer
SUMÁRIO

EIXO I. Categorias referentes ao com portam ento verbal vocal e não vocal do
terapeuta e do cliente

EIXO M . Categorização do com portam ento verbal vocal do terapeuta 166

Terapeuta solicita relato (Solicitação de relato - SRE) 167

Terapeuta facilita o relato do cliente (Facilitação - FAC) 168

Terapeuta demonstra empatia (Empatia - EMP) 170

Terapeuta fornece informações (Informação - INF) 174

Terapeuta solicita reflexão (Solicitação de Reflexão - SRF) 177

Terapeuta recomenda ou solicita a execução de ações, tarefas ou técnicas 180


(Recomendação - REC)

Terapeuta interpreta (Interpretação - INT) 184

Terapeuta aprova ou concorda com ações ou avaliações do cliente (Aprovação APR) 190

Terapeuta reprova ou critica ações ou verbalizações do cliente (Reprovação REP) 195

Outras verbalizações do terapeuta (Outras vocal terapeuta -TOU) 201

Terapeuta permanece em silêncio (T Silêncio -TSL) 204

EIXO I-2. Categorização do com portam ento verbal não vocal do terapeuta 205

Respostas não vocais de concordância (Concordância terapeuta - GCT) 206

Respostas não vocais de discordância (Discordância terapeuta - CDT) 207

1 O presente manual apresenta algumas mudanças com relação àquele apresentado na tese de Zamignani
2007). Apresenta algumas correções na redação e modificações nas categorias do Eixo I do terapeuta
"lnterpretação"e "Reprovação" e nos Critérios de inclusão da categoria do Eixo I do cliente "Cliente
estabelece relações entre eventos’'.

1 ) apêndice 163
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Respostas não vocais de pedido/ordem/comando/incentivo (Comando terapeuta 208


-GMT)

Outras Respostas não vocais (Gesto outros terapeuta - GOT) 209

Registro Insuficiente (Insuficiente terapeuta -TIN) 210

Eixo I-3. - Categorização do comportamento verbai vocal do cliente 211

Cliente solicita informações, opiniões, asseguramento, recomendações ou 212


procedimentos (Solicitação - SOL)

Cliente relata eventos (Relato - REL) 214

Cliente relata melhora ou progresso terapêutico (Melhora - MEL) 218

Cliente formula metas (Metas - MET) 220

Cliente estabelece relações entre eventos (Relações CER) 222

Cliente relata concordância ou confiança (Concordância - CON) 226

Cliente se opõe, recusa ou reprova (Oposição - OPO) 229

Outras verbalizações do cliente (Outras vocal cliente - COU) 234

Ciente permanece em silêncio (C Silêncio - CSL) 236

EIXO I-4. - Categorização do com portam ento verbal não vocal do cliente 237

Respostas não vocais de facilitação/concordância (Concordância cliente - CCN) 238

Respostas não vocais de discordância (Discordância cliente - DC) 239

Respostas não vocais de pedido/ordem/comando/incentivo (Comando 240


cliente - COM)

Outras Respostas não vocais (Gestos outros cliente - GCO) 241

Registro Insuficiente (Insuficiente cliente - CIN) 242

EIXO 1-5. Categorização do Qualificador 1: Tom emocional 243

EIXO I-6. Categorização do Qualificador 2: Gestos ilustrativos 251

EIXO II. Categorias referentes ao Tema da sessão 254

EIXO 11-1. Categorização do Tema da sessão 254

EIXO II-2. Categorização do Qualificador 1: tem po em que o assunto é tratado 272

EIXO 11-3. Categorização do Qualificador 2: condução do tema da sessão 278

EIXO III. Categorias de registro de respostas motoras do terapeuta e do cliente 284

164 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

O S is te m a M u ltid im e n s io n a l d e C a te g o riza ç ã o d e C o m p o r ta m e n to s d a In te ra ç ã o
te ra p ê u tic a (SiM CCIT) tem com o elem ento central para categorização os
c o m p o r ta m e n to s verb a is de terapeuta e cliente, que contem plam R esp o sta s verbais
vocais e G estos c o m u n ic a tiv o s (respostas m otoras cuja função é análoga a respostas
verbais vocais), m ediante os quais outras dim ensões do co m p o rtam en to são
tam bém categorizadas. É com posto por três Eixos de categorização', cada um dos
quais representa um a dim ensão ou aspecto do com po rtam en to dos participantes:
Comportamento verbal, Temas e Respostas motoras. Além dos Eixos principais, os
dois prim eiros são com postos tam bém po r Qualificadores, que especificam algum as
propriedades do com portam ento categorizado. O Eixo de categorização referente ao
Comportamento verbal tem com o qualificadores o Tom emocional e a presença ou
ausência de Gestos ilustrativos. O eixo Tema tem com o qualificadores o Enfoque
no tempo e a Condução do tema pelos participantes. Os Eixos e Qualificadores
desenvolvidos foram organizados da seguinte forma:

Eixo I: Categorias referentes ao comportamento verbal do terapeuta e do cliente.


• Qualificador 1: tom emocional da interação (envolve variáveis
paralinguísticas e expressão facial)
• Qualificador 2: gestos ilustrativos (indica a presença ou ausência de gestos
ilustrativos que acom panham um a Resposta verbal vocal)

Eixo II: Tema. A categorização deste eixo não é realizada individualm ente para
cada participante; ele indica o tem a corrente na interação, in d ependentem ente do
falante.

2 Vale lembrar que as categorias referentes aos Eixos II e III não foram submetidas a avaliação de
concordância entre observadores e foram testadas apenas nas etapas iniciais do desenvolvimento do
projeto, não tendo sido testada a categorização de sua versão final. Sua apresentação neste trabalho é
inserida a cargo de sugestão para futuras pesquisas.

1 / apêndice 165
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

• Qualificador 1: Enfoque no tempo (tem po em que o tem a é tratad o na


interação terapêutica)
• Qualificador 2: Condução do tema (especifica o falante que deu início ao
tem a em questão)

Eixo III: Comportamentos motores (postura corporal e m ovim entos m otores) do


terapeuta e do cliente.

Todos os Eixos e Qualificadores do Sistema são com postos p o r categorias


m utuam ente exclusivas. C ada categoria está organizada em to rn o dos seguintes
elem entos:
a. nom e da categoria - um rótulo que descreve em poucas palavras o essencial da
categoria;
b. sigla - duas ou três letras p o r m eio das quais a categoria é identificada pelo
so ftw a re utilizado para categorização;
c. nom e resum ido da categoria;
d. especificação do tipo de categoria com o evento ou estado;
e. definição - descrição detalhada das variáveis que devem controlar o
pesquisador para a identificação do segm ento da interação na referida
categoria, com sugestões de subcategorias e exem plos de trechos de interações
terapêuticas relacionadas;
f. caracterização geral da categoria - síntese dos elem entos que a constituem
com com entários ao observador sobre o contexto típico em que a classe de
verbalizações ocorre;
g. critérios de inclusão ou exclusão - critérios p o r m eio dos quais a categoria é
diferenciada de outras categorias que descrevem fenôm enos sem elhantes (os
critérios de inclusão/exclusão são apresentados gradualm ente à m edida que
as categorias vão sendo apresentadas. C ada categoria só é com parada com
relação a categorias previam ente apresentadas no decorrer do m anual). Para
o Eixo Verbal, o Anexo 3 apresenta sugestões sobre form a (form a verbal ou
gram atical da verbalização) e contexto típico em que cada categoria pode
ocorrer (verbalizações tipicam ente precedentes e subsequentes).

166 secão 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

MÉTODO DE CATEGORIZAÇÃO ADOTADO

A categorização de eventos do SiM CCIT no presente trabalho, ocorre m ediante


a fu n ç ã o im e d ia ta que cada verbalização exerce na interação terapêutica. Essa função
é presum ida com base na form a gram atical (im perativa, interrogativa) e nos eventos
im ediatam ente precedentes e subsequentes com os quais cada categoria tipicam ente
se relaciona. Esse m étodo de categorização pode ser relacionado ao que B ardin (1977)
denom ina categorização s e m â n tic a .
A categorização s e m â n tic a é um a estratégia situada entre a clássica e a p r a g m á tic a ,
de acordo com a classificação de Russel e Stiles (1979). Consiste em dois m om entos
de condução da pesquisa: em um prim eiro m om ento, são registradas as categorias
por m eio da observação direta em vídeo para que, em um m om en to posterior, seja
conduzida a análise de padrões de interação e relações funcionais entre eventos. Um
exem plo de condução dessas etapas pode ser visto no capítulo 4 deste livro.
A u n id a d e de registro do sistem a é um a açã o (segm ento de verbalização ou
resposta verbal não vocal) do terapeuta ou do cliente, classificável em um a das
categorias definidas ao longo deste m anual. O segm ento de verbalização é delim itado
p o r qualquer m udança em características específicas (classe, pausa, tem a) da fala,
apontadas na definição de cada categoria, ainda que dentro da m esm a verbalização
desse participante.
O SiM CCIT é com posto de dois tipos de categorias. C a teg o ria s do tip o e v e n to e
C a teg o ria s do tip o esta d o . As prim eiras contem plam respostas que são tipicam ente
constituídas p o r m ovim entos ou verbalizações pontuais e rápidos. Sua ocorrência é
considerada unicam ente em term os de frequência e, no ato de sua categorização, não
é necessária a inserção de u m a categoria indicativa de térm in o do evento. C a teg o ria s
do tipo e sta d o contem plam respostas que tipicam ente apresentam m aior duração. Sua
ocorrência é considerada com relação à ocorrência e perm an ên cia no tem po, sendo
necessário, portanto, sinalizar o instante de início e fim da ocorrência da referida
categoria. No Eixo I (com portam ento verbal), o fim de um a categoria do tipo esta d o
deve ser delim itado pela categoria Silêncio ou pela inserção de u m a nova categoria
do falante, o m esm o ocorrendo no Eixo II (tem a). Já no Eixo III (com portam entos
m otores), o fim de um a categoria do tipo e sta d o deve ser delim itado pela inserção de
um a nova categoria ou pela categoria P ostura repouso . U m a vez que o sistem a é
com posto p o r categorias m u tuam ente exclusivas, a inserção de um a nova categoria do
tipo e sta d o autom aticam ente anula a categoria anterior. E ntretanto, a inserção de um a
categoria do tipo e v e n to não anula a categoria e sta d o em curso.

1 ) apêndice 167
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO I - 1
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO TERAPEUTA

As categorias a seguir referem -se a verbalizações do te ra p eu ta d irig id as ao cliente.

T ipos d e e v e n to a q u e as in tera çõ es p o d e m referir-se


As verbalizações do terapeuta podem referir-se a (a) ações do cliente e/ou de
terceiros; (b) sentim entos, pensam entos ou tendências à ação do cliente ou do
terapeuta; (c) aspectos da história de vida do cliente ou do terapeuta; (d) eventos
am bientais relacionados ou não ao com portam ento do cliente.

O rig e m na sessão d o s e v e n to s referidos


Os eventos referidos em sessão podem ser relatados pelo cliente ou observados
pelo terapeuta.

T em p o e m q u e os e v e n to s referid o s p o d e m te r o co rrid o
C om relação ao tem po em que os eventos ocorreram ou foram relatados, podem
existir (a) eventos ocorridos/relatados im ediatam ente antes, (b) eventos oco rrid o s/
relatados em outros m om entos da m esm a sessão ou (c) eventos ocorridos/relatados
em um passado recente ou rem oto ou em sessões anteriores.

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA SOLICITA RELATO


Sigla: SRE
Nome resumido: SOLICITAÇÃO DE RELATO
Categoria tipo: estado

E stão in clusos nessa categoria


1. Solicitação de in form ações sobre fatos: terapeuta solicita que o cliente
descreva fatos ocorridos, inform ações específicas, detalhes ou esclarecim entos
a respeito de eventos e ações do cliente.
Exemplos:
» T 4: M e c o n ta ... P o r q u e é q u e você está p r o c u r a n d o te r a p ia ? SRE'
» T: E q u a n d o é q u e isso c o m eço u ? [SRE]
» T: Você co n se g u e le m b ra r-se d e u m e x e m p lo específico no q u a l isso
a co n tec eu ? [SRE]

2. Solicitação de relato de respostas en co b ertas do cliente: terapeuta solicita que


o cliente relate seus sentim entos, pensam entos, fantasias ou tendências à ação
im ediata.
Exemplos:
» T: C o m o você se s e n tiu q u a n d o ele te fa lo u isso? [SRE]
» T: E m q u e m o m e n to s você te m se s e n tid o a ssim ? [SRE]
» T: O q u e você teve v o n ta d e d e fa z e r nessa hora? [SRE]
» T : E o q u e você p e n s o u a n te s d e f a z e r o ritu a l? [SRE]

C a ra cteriza çã o geral d a categ o ria


Solicitação de relato contem pla verbalizações do terapeuta nas quais ele
solicita ao cliente descrições de ações, eventos, sentim entos ou pensam entos. O corre
tipicam ente em situações relacionadas à coleta de dados e ao levantam ento de
inform ações ao longo de qualquer etapa do processo terapêutico.

: Confira o tópico "Tipos de evento a que as interações podem referir-se".

- C indica uma fala de cliente,T uma fala do terapeuta. Um novo diálogo é iniciado em cada marcador».

1) 169
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA FACILITA O RELATO DO CLIENTE


Sigla: FAC
Nome resumido: FACILITAÇÃO
Categoria tipo: evento

Estão inclusos nessa categoria


1. Verbalizações mínimas: Verbalizações curtas que ocorrem durante a fala do
cliente.
Exemplos:
» T: certo
» T: sei...
2. E xpressões paraiinguísticas: Vocalizações curtas que ocorrem duran te a fala
do cliente.
Exemplo:
» T: H um hum

Caracterização geral da categoria


F a c i l i t a ç ã o é caracterizada por verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas
que ocorrem durante a fala do cliente. Tipicam ente, essas verbalizações indicam
atenção ao relato do cliente e sugerem a sua continuidade.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Facilitação só é categorizada se ocorre enquanto o cliente tem a palavra.
Não é categorizada quando ocorre ao longo de pausas de três segundos ou
m ais na conversação.

b. N unca devem o correr duas falas seguidas, categorizadas com o Facilitação .


Facilitação nunca é categorizada em dobro.
Exemplo:
» C: E u acho q u e ta lv e z seja u m a coisa n o v a ta m b é m , sa b e essa coisa d e a u to -
dialogo, e n tã o n ã o é a ssim ...

T: H u m h u m ... Sei... [codificar apenas uma ocorrência de Facilitação ]

170 seção 3
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

c. U m a verbalização curta que sugira um pedido de esclarecim ento ou


com plem entação sobre algum relato do cliente deve ser categorizada com o
Solicitação de relato , e não Facilitação .
Exemplo:
» C: A h , as coisas a té q u e tão in d o b em ...
T: ...m a s... [SOL]
C: M a s a q u eles p e n s a m e n to s c o n tin u a m m e in c o m o d a n d o do m e s m o je ito ...
às vezes acho q u e isso n u n c a v a i te r fim ...

d. Na dúvida entre Solicitação de relato e Facilitação , categorize


Facilitação .

1 ) apêndice 171
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA DEMONSTRA EMPATIA


Sigla: EMP
Nome resumido: EMPATIA
Categoria tipo: estado

E stão in clusos nessa ca teg o ria


1. N om eação e inferência de sentim entos: terap eu ta nom eia ou infere
sentim entos, valores e/ou a im portância de eventos ex perim entados pelo
cliente.
Exemplos:
» T: Im a g in o o q u a n to isso te d e ix a ansioso. [EMP]
» T: E n te n d o q u e você fi q u e m u ito irrita d o c o m isso. [EMP]
» T: E ssa te m sid o u m a p a r te c ru c ia l d a su a v id a , né... [EMP]

2. N orm alizações e validação de sentim entos: terapeuta afirm a que as ações ou


sentim entos do cliente são esperados ou apropriados à situação p o r ele vivida
(apenas quando sugerirem validação, com preensão ou cuidado).
Exemplo:
» T: C o m tu d o isso q u e está a co n te c e n d o , seria e stra n h o q u e você fic a s s e
tra n q u ilo , n ã o é m e sm o ? A c h o n a tu r a l q u e vo cê te n h a se s e n tid o a n sio so .

[EMP]

3. E xclam ações e expressões de interesse: com entários em form a de exclamação,


ou interrogação, apresentados após a descrição de eventos, que não ações do
cliente, consistentes com o assunto relatado que indicam interesse nele.
Exemplos:
» C: E sto u c o n v e rsa n d o c o m o P. to d o d ia p o r telefone. C o n h e c i p e ss o a lm e n te ...
T: sério? [EMP]
» C: N a q u a r ta fe ir a ele m e ligou e n ã o m e e n c o n tr o u ... u m m o n te de vezes... o
L u c ia n o q u a n d o a te n d e fa l a “m in h a m ã e , c o m o sem p re, b a te n d o p e r n a ! ”

(riso s)

T: O lh a só! O L u c ia n o j á estabeleceu u m c o n ta to b o m c o m ele! [EMP]

172 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4. V erbalizações de cuidado: terapeuta d em onstra preocupação pessoal com o


cliente quando tal preocupação não acom panha crítica ou explicação.
Exemplo:
» T: C o m o é q u e você está? N a s e m a n a p a ss a d a você e sta v a su p e r-re sfria d a .
[EMP]

5. A utorrevelações sobre experiências sim ilares: terapeuta relata sua experiência


em situações sem elhantes àquela relatada pelo cliente q u an d o tal relato sugere
validação ou com preensão da condição do cliente.
Exemplo:
» T: Você sabe... eu ta m b é m já p a ss e i p o r isso... ê m u ito ch a to q u a n d o a g e n te
in v e ste to d a a en e rg ia e m u m negócio e ele n ã o dá certo... p o sso im a g in a r
o q u a n to você está fr u s tr a d a ... [EMP]

6. V alidação de disco rd ân cias ou críticas do cliente: terap eu ta revê as próprias


ações durante o processo terapêutico, corrigindo suas intervenções, ad m itin d o
seus erros ou p edindo desculpas.
Exemplo:
» C: E sto u fru str a d o . E u fi z tu d o o q u e você m e p e d iu e você n ã o f o i c a p a z d e
m e a ju d a r p ra q u e m e u f i lh o largasse as drogas.
T: E u g o sta ria m u ito de tê -lo a ju d a d o p a ra m u d a r essa situ a çã o . E u m e
p e r g u n to o q u e p o d e r ia te r sid o d iferen te, m a s o fa to é q u e n ã o fo i p o ssív e l
e eu ta m b é m m e s in to fr u s tr a d o p o r isso. [EMP]

7. H um or: verbalizações acom panhadas po r risadas que ten h am sido


hum orísticas, m esm o que rem otam ente (desde que não representem deboche
ou ironia com relação ao cliente ou a qualquer com p o rtam en to dele).
Exemplo:
» C: É, m a s eu n ã o d e i o beijo q u e ele p e d iu , fa l e i “m a g in a , tô d irig in d o , o lha
o tr â n s ito !”, nessas a ltu ra s o trâ n sito rid ícu lo , n a C astelo, né? M a s eu n e m
s e n ti passar...

T: Q u a n to m a is trâ n sito m elhor, q u e cê fica m a is te m p o c o m ele. (risos)


[EMP]

apêndice 173
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

8. Apoio: terapeuta afirma sua disponibilidade para ajudar o cliente a superar


determ inada situação.
Exemplos:
» T: E u n ã o sei q u a l será a su a decisã o nesse caso, m a s q u a lq u e r q u e ela seja,
eu tô d o se u lado. [EMP]
» T: C o n te com igo. [EMP]

9. Paráfrases: terapeuta apresenta de forma resumida o que foi dito em algum


ponto anterior pelo cliente na mesma sessão, por meio de repetição literal ou
reorganização das verbalizações do cliente (desde que essa reorganização não
mude o sentido do relato do cliente ou não acrescente informações ou opiniões
do terapeuta que não estavam na fala do cliente).
Exemplo:
» T: E você p e r d e se u e m p reg o e está m u ito d ifíc il e n c o n tr a r u m outro,
(r e s u m in d o d escrição d o cliente). [EMP]

10. Comentários de entendimento: comentários breves apresentados após um


relato do cliente, constituídos de pequenos fragmentos do próprio relato ou de
palavras que complementam o relato.
Exemplos:
» C: ...d e ix e i b e m a gradável, a c o z in h a co m to a lh a b o n ita , e a sala, tal, e no
sá b a d o fa l e i p r a caseira: “cê lava a v a ra n d a , coloca essa to a lh a n a m e sa
d a v a ra n d a , nesse trip é d e fe r r o fu n d id o coloca u m v a s in h o ”. Ela a té n e m
co lo co u o m e u , ela fo i p e g a r u m dela, d e o n z e h o ra s a m a re la s, assim .
T: T odo m u n d o a ju d a n d o . [EMP]
» C: D a í, fic a m o s a té de n oite, fiq u e i lá, fa le i, v o u d a r u m a ligada.
T: E ele no p la n o d e sed u çã o ... [EMP]

Caracterização geral da categoria


Empatia contempla ações ou verbalizações do terapeuta que sugerem acolhimento,
aceitação, cuidado, entendimento, validação da experiência ou sentimento do cliente.
Diferentemente da categoria A provação , que se refere a uma avaliação sobre
ações ou características específicas do cliente, a Empatia tem um caráter inespecífico,
inform ando essencialmente que o cliente é aceito, “bem vindo”, sem implicar em
avaliação ou julgamento (“eu entendo você e aceito como você é”).

174 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Essa classe de verbalizações tem sido associada tipicam ente à criação de um


am biente terapêutico am istoso, seguro e não punitivo, para que o cliente se sinta à
vontade para verbalizar eventos que, em outros contextos, p o d eriam ser alvo de
punição.

1 ) apêndice 175
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA FORNECE INFORMAÇÕES


Sigla: INF
Nome resumido: INFORMAÇÃO
Categoria tipo: estado

E stão in clu so s nessa ca teg o ria


1. Inform ações factuais: dados ou fatos relacionados a d eterm in ad o assunto em
discussão.
Exemplos:
» C: E u p e n s o e m f a z e r u m a e sp ecia liza çã o e m biologia.
T: B io lo g ia re q u e r v á rio s cursos a d ic io n a is d e la b o ra tó rio . [INF]
» C: M in h a p r i m a está tr a ta n d o d a d ep ressão co m o p s iq u ia tr a X . Você
conhece?

T: Não. N ã o co n h e ç o u m m é d ic o c o m esse n o m e . [INF]


» C: Você j á a te n d e u casos c o m o esse?
T: S im , m u ito s . [INF]

2. E xplicações de eventos: descrição de relações explicativas ou causais entre


eventos - relações do tipo “se... então”, apenas quan d o não se referem a um a
análise, descrição ou síntese do com portam en to do cliente ou de terceiros.
Exemplo:
» T: U m a ta q u e d e p â n ic o p o d e o co rrer in d e p e n d e n te m e n te d e a p esso a
te r s ín d r o m e d o p â n ic o . P o r e x e m p lo , q u a n d o a g e n te e n tra e m c o n ta to

co m a lg u m a coisa d a q u a l a g e n te te m m u ito m e d o , isso p o d e p ro v o c a r

u m a ta q u e d e p â n ic o . [INF] (*) A explicação dada pelo terapeuta

não se refere a um com portam ento em p articu lar ou a algum p adrão


com portam ental do cliente identificado, e sim a inform ações sobre fatos
advindos da literatura da área.

3. D escrição de reg u la rid ad e s ou p ad rõ e s reco rren tes a resp eito de eventos:


inform ações sobre padrões recorrentes de contiguidade tem poral entre eventos
(relações do tipo “o evento X ocorre quando Y ocorre...”) ou correlação (os
eventos X e Y costum am ocorrer conjuntam ente), apenas quan d o não dizem
respeito ao com portam ento do cliente ou de terceiros.

176 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplos:
» T: P essoas q u e tê m p r o b le m a s c o m álcool, g e r a lm e n te tê m u m a m á
q u a lid a d e d e sono. [INF]
» T: É m u ito c o m u m q u e a g e n te te n h a u m p o u c o d e d o r de cabeça ou en jo o
logo q u e c o m eça a to m a r o a n tid ep ressivo . M a s d e p o is d e u n s q u in z e d ia s
tu d o vo lta a o n o rm a l. [INF]

4. Explicações teóricas e ex p erim en tais sobre eventos: descrição de proposições


teóricas ou achados experim entais, relativos ao assunto em discussão.
Exemplos:
» T: N ã o h á a n ecessid a d e biológica d e se d o r m ir p o r o ito horas. A q u a n tid a d e
d e s o n o necessária p a r a ca d a p e sso a é ta m b é m a p re n d id a . [INF]
» T: O d e s e m p e n h o e m testes te n d e a se r m e lh o r d e p o is d e u m a n o ite b e m
d o r m id a . [INF]

5. Info rm ações sobre o c o n tra to terapêutico: descrições do terapeuta sobre o


funcionam ento da terapia (contrato, regras, objetivos), acertos de horário
e local para a realização da sessão e para o estabelecim ento do contrato
terapêutico (enquadre).
Exemplos:
» T: N ó s n o s e n c o n tr a re m o s d u a s vezes p o r s e m a n a . [INF]
» T: V a m o s fa la r so b re a ú ltim a s e m a n a p rim e iro , e n tã o n ó s v a m o s f a l a r
u m p o u c o m a is so b re su a situ a ç ã o e m casa e v a m o s te r m in a r co m u m
exercício d e re la x a m e n to . [INF]
» T: O v a lo r d a sessão é $$. [INF]
» T: N ã o te m n a d a s is te m a tiz a d o , d o tipo “eu vo u te r q u e ir p o r a q u i, d e p o is
p o r a q u i, d e p o is ali, tá?" E n tã o , fi c a à v o n ta d e . A g e n te v a i indo. [INF]6

6. D escrição de estratégias, de p ro ced im en to s ou do p ro g ra m a terapêutico:


descrições ou regras sobre o funcionam ento de determ inadas técnicas,
estratégias, jogos, exercícios ou program as terapêuticos ou sobre o andam ento
da própria sessão.
Exemplos:
» T: D u r a n te a e x p o siç ã o n ó s v a m o s tr a z e r p a ra a sessão algo q u e você le m e
e você d e v e rá p e r m a n e c e r e m c o n ta to co m ele s e m fa z e r o ritu a l. [IN F ]

apêndice 177
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

» T: O exercício de r e la x a m e n to q u e eu v o u te e n s in a r agora se rv e p a r a você


c o n tro la r a su a a n sie d a d e n a s situ a ç õ e s m a is difíceis... você d e v e respirar
e m q u a tr o tem p o s, c o n ta n d o a té q u a tr o b e m d e v a g a r e m ca d a u m deles...
in sp ira e m qu a tro ... segura q u a tro ... so lta e m q u a tro ... e segura qu a tro ...
m a s p re c isa se r tr e in a d o com fr e q u ê n c ia p a r a q u e você p o ss a te r u m
m e lh o r d o m ín io sobre su a a n sie d a d e . Se você d e ix a r p ra tr e in a r n a hora
d a crise de a n sie d a d e n ã o vai fu n c io n a r . [INF]

7. Justificativas de intervenções: terapeuta explica ou justifica suas intervenções.


Exemplo:
» T: Fm n ã o g o sto desse tip o d e p ro c e d im e n to , m a s é o ú n ic o q u e v a i te a ju d a r
nesse m o m e n to . [INF]

Caracterização geral da categoria


Informação contempla verbalizações em que o terapeuta relata eventos ou
informa o cliente sobre eventos (que não o com portamento do cliente ou de terceiros),
estabelecendo ou não relações causais ou explicativas entre eles.
Essa classe de verbalizações é tipicamente associada a intervenções
“psicoeducacionais” e ao “enquadre” ou contrato terapêutico.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Se um a pergunta é feita como parte de uma verbalização de Informação ,
ou como pedido de confirmação de Informação dada pelo terapeuta, não é
considerada Solicitação de relato , e registra-se unicamente a ocorrência
de Informação .
Exemplo:
» T: E ssa U n iv e rsid a d e ta m b é m é excelen te. E la só n ã o é tã o fa m o s a q u a n to
a USP, sabe? [INF]

b. Verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas, quando emitidas pelo


terapeuta após um pedido de confirmação do cliente sobre seu entendimento
do que ele está dizendo, são categorizadas como I nformação .
c. Facilitação precede Informação , quando em dúvida entre I nformação e
Facilitação , categorize Facilitação .

178 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA SOLICITA REFLEXÃO


Sigla: SRF
Nome resumido: SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria


1. Solicitação de análise: terapeuta solicita ao cliente que ele pense ou reflita a
respeito de determ inados eventos, estabeleça ou relate relações entre eventos -
im ediatam ente na sessão ou após seu térm ino.
Exemplos:
» T: G o sta ria q u e você p e n sa s se nessa s e m a n a so b re o q u e c o n v e rs a m o s hoje...
sobre os b e n e fíc io s q u e você o b té m q u a n d o se q u e ix a dessa m a n e ira com
su a fa m ília . [SRF]

» T: E você te m a lg u m a h ip ó te se d e p o r q u e isso a co n tec eu ? [SRF]


» T: Você está m e d iz e n d o q u e lo d o s os se u s n a m o r a d o s a g e m co m você de
f o r m a m u ito s e m e lh a n te ao seu p a i. Você ach a q u e isso é a p e n a s u m a
c o in c id ê n c ia ? [SRF]

2. Solicitação dc avaliação: terapeuta solicita que o cliente relate sua opinião,


julgam ento ou avaliação a respeito de eventos.
Exemplos:
» T: O q u e você a c h o u d a reação dele? [SRF]
» T: Você a c h a co rreta a f o r m a c o m q u e ele agiu? [SRF]

3. Solicitação de previsão: terapeuta solicita que o cliente estabeleça suposições


sobre a ocorrência futura de com portam entos seus ou de outros.
Exemplos:
» T: T en d o e m v ista os ú ltim o s a c o n te c im e n to s, você p o d e im a g in a r c o m o
será a p r ó x im a te n ta tiv a dele? [SRF]
» T: E agora, o q u e você a ch a q u e v a i a contecer? [SRF]

4. Solicitação de observação: terapeuta solicita que o cliente observe e/ou


registre a ocorrência de eventos. Tais solicitações po d em ocorrer com o parte
de um a técnica terapêutica ou com o estratégia para coleta de dados.

179
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplos:
» T: E u g o sta ria q u e você registrasse as situ a ç õ e s q u e te p r o v o c a m a n sie d a d e ,
p a r a q u e p o s s a m o s d is c u tir na s e m a n a q u e v e m . [SRF]

» T: V a m o s f a z e r u m a coisa... eu q u e ro q u e você a n o te e m u m c a d e r n in h o o
q u e você c o m e u e m ca d a refeição, a q u e h o ra s você c o m e u , e se a c o n te c e u

algo re le v a n te n a q u e le d ia ou logo a n te s d e você com er. [SRF]


» T: E n tã o ... E u q u e ro q u e você a n o te p ra m im as situ a ç õ e s d e n tr o d a su a
casa, n a s q u a is você f a z o ritu a l. E n tã o , escreve a ssim “q u a n d o eu en tro

n o q u a rto ... eu p e n s o e m ta l coisa e p re c iso fa z e r tal coisa...”. E n tã o você


p o d e a té a n o ta r só as situ a ç õ e s q u e te d e ix a m a n sio sa , tipo, no q u a rto , a
to r n e ir in h a d o g á s q u e está lá fo r a ... a lg u m a s d a s coisas f i x a s d a su a casa,

q u e a o ver, o u s im p le s m e n te sa b e r q u e estão lá, você in ic ia o ritu a l. [SRF]

C a ra cteriza çã o geral d a ca teg o ria


Solicitação de reflexão contem pla verbalizações em que o terapeuta solicita
ao cliente qualificações, explicações, interpretações, análises ou previsões a respeito
de qualquer tipo de evento. D iferentem ente de Solicitação de relato , na qual o
terapeuta pede que o cliente apenas relate a ocorrência de eventos, sentim entos ou
pensam entos, nesse caso o terapeuta solicita que o cliente analise ou estabeleça relações
entre os eventos em discussão.
Em sessões de terapia analítico-com portam ental, essa classe de verbalizações
ocorre tipicam ente quando o terapeuta busca facilitar o estabelecim ento de relações
funcionais e a form ação de autorregras.

C rité rio s de in clusão ou exclusão


a. Q uando um a pergunta do terapeuta do tipo “por que” solicita apenas
esclarecim ento sobre um evento em discussão na sessão, não envolvendo um
pedido de interpretação sobre hipóteses ou relações causais por p arte do cliente,
não categorize Solicitação de reflexão , e sim Solicitação de relato .

b. Solicitação de R elato precede Solicitação de R eflexão . Q u an d o em


dúvida entre Solicitação de relato e Solicitação de reflexão , prefira
Solicitação de relato .

180 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

. Q uando um a S o l i c i t a ç ã o de reflexã o do tipo S o l i c i t a ç ã o de

o bservaçã o é acom panhada de inform ação sobre razões pelas quais o cliente
deve fazer aquela observação, registre a ocorrência de am bas as categorias
- S o l ic it a ç ã o d e reflexã o e I n f o r m a ç ã o - cada u m a no segm ento
apropriado da interação.
Exemplo:
» T: E u v o u su g e rir u m a coisa... q u ero q u e você fa ça u m tip o d e a n o ta ç ã o
p r a m im , d u r a n te essa s e m a n a . E u vou te d a r c e rtin h o o q u e vo cê p recisa
a n o ta r e você v a i fa z e r to d a v ez q u e a p a recer esse tip o d e p e n s a m e n to
[SRF]. P o rq u e se você m e descrever n a ho ra o q u e a co n tec eu , eu v o u ter

id eia d o te m p o q u e você d e m o r o u p ra fa z e r ca d a ritu a l, v o u ter id eia

do q u e está a co n tec en d o . C o m isso, a g e n te te m u m a b ase boa p ra e sta r

tr a b a lh a n d o . D u r a n te u m a s e m a n a a g e n te te m u m a m e d id a legal de
c o m o é q u e isso ocorre ao longo do dia. [INF]

apêndice 1
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA RECOMENDA OU SOLICITA A EXECUÇÃO DE AÇÕES,


TAREFAS OU TÉCNICAS
Sigla: REC
N om e resum ido: RECOMENDAÇÃO
C ategoria tipo: e s ta d o

Estão inclusos nessa categoria


1. Conselhos: terapeuta especifica ações ou sequências de ações a serem
executadas ou evitadas pelo cliente dentro ou fora da sessão. As ações podem
ser abertas (respostas passíveis de ser observadas por outros, que não o
próprio cliente) ou encobertas (respostas passíveis de ser observadas apenas
pelo próprio cliente, tais com o pensam entos ou sentim entos).
Exemplos:
» T: T en te c o n v e rs a r c o m se u p a i d u r a n te a s e m a n a e lhe fa l a r so b re o q u e
você se n te nessas situ a çõ es. [REC]
» T: Faça a p r o v a a m a n h ã , a n te s q u e você esq u eça a m a té ria . [REC]
» T: Você d e v e ria c u id a r d e su a v id a e d e ix a r q u e seu ir m ã o a d m in is tr e as
s u a s p r ó p r ia s coisas. [REC]
» T: A g o ra m e diga o m e s m o q u e você a c a b o u d e dizer, só q u e s e m m e x e r as
p e rn a s . [REC]
» T: Você n ã o d e v e se s e n tir c u lp a d o p o r u m a coisa q u e n ã o f o i su a
re sp o n sa b ilid a d e . L e m b re -se q u e n e m tu d o está sob se u controle. [REC]
» T: Q u a n d o você f o r e n fr e n ta r a situ a çã o , le m b re -se d e to d a s a s ve ze s q u e
você teve sucesso. [REC]
» T: E n tã o fi c a c o m b in a d o p a r a essa s e m a n a , d e você p r o c u r a r e n fr e n ta r
a lg u m a s d a q u e la s situ a ç õ e s q u e você classificou c o m o d e m e n o r a n sie d a d e .
N ã o im p o r ta q u a l delas, n e m se você v a i te r sucesso o u não. O m a is
im p o r ta n te é q u e você te n te e n fr e n ta r e fiq u e a te n to ao q u e você se n te e
p e n s a q u a n d o você está e n fr e n ta n d o . [REC]

2. Modelo: terapeuta declaradam ente oferece seu com p o rtam en to com o exemplo
de com o o cliente deve se com portar.
Exemplos:
» T: A g o ra le n te f a z e r u m p e d id o p a r a m im d a m e s m a f o r m a co m q u e aca b ei
d e fa la r . [REC]

182 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

» T: T ente re p e tir a se q u ê n c ia do jo g o a ssim c o m o eu f i z . [REC]


» T: E u v o u fa l a r c o m o eu a cre d ito q u e você d e v e ria c o n v e rsa r co m o se u
chefe. [REC]
» T: O b se rv e agora c o m o eu e sto u fa z e n d o , p a ra d e p o is você fa z e r o m e sm o .
[REC]

3. Incentivo: terapeuta sugere que o cliente pode ser ou é capaz de agir de


d eterm in ad a m aneira ou m u d ar determ inado com portam ento.
Exemplos:
» T: T e n h o c e rte za q u e você é c a p a z de f a z e r isso. [RECj
» T: Faça dessa fo r m a e m u ito e m breve vo cê estará livre disso. [REC]
4. E stru tu raç ão de atividade: terapeuta solicita que o cliente se engaje em
atividades, técnicas ou exercícios a serem executados d u ran te a interação
terapêutica no consultório ou extraconsultório.
Exemplos:
» T: V a m o s e x p e r im e n ta r p r a tic a r isso e m u m a re p re se n ta ç ã o ? D essa vez,
te n te d iz e r d ir e ta m e n te o q u e você sen te. [REC]
» T: A g o ra v a m o s fa z e r u m exercício d e exposição: e x p e r im e n te p e g a r n a
m a ç a n e ta dessa p o r ta e fi c a r p o r q u in z e m in u to s s e m la v a r as m ã o s.
[REC]
» T: E sse a ss u n to é b a s ta n te im p o r ta n te . V a m o s v o lta r a fa la r sobre ele n a
p r ó x im a sessão. [REC]5

5. Perm issão, p roibição ou solicitação de p arada: ordens, autorizações ou


pedidos de parada ou m udança de com portam ento do cliente den tro da sessão.
Exemplos:
» C: E u p o sso a n o ta r tu d o à n oite, a n te s de d o r m ir o u te n h o q u e f a z e r n a ho ra
e m q u e a c o n te c e ?
T: Faça c o m o você a c h a r m elhor. O im p o r ta n te é q u e você registre o m á x im o
de situ a ç õ e s q u e oco rrerem ao longo do dia. [REC]
» T: P or fa v o r , p re s te a te n ç ã o e n q u a n to eu esto u fa la n d o . [REC]
» T: E u g o sta ria q u e você n ã o colocasse os p é s no sofá. [REC]
» T: S e n te -se e m s u a cad eira e n q u a n to c o n v e rsa m o s. E u n ã o consigo co n v e rsa r
co m você a n d a n d o p e la sala. [REC]

1 , apêndice 183
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

C a ra cteriza çã o geral d a categoria


R ecomendação contem pla verbalizações em que o terap eu ta sugere alternativas
de ação ao cliente ou solicita o seu engajam ento em ações ou tarefas. Deve ser utilizada
q u ando o terapeuta especifica a resposta a ser (ou não) em itida pelo cliente. A literatura
refere-se a essa categoria tam bém com o aconselham ento, orientação, com ando, ordem .

C rité rio s de inclu são ou exclusão


a. C onfirm ações em resposta a perguntas do cliente sobre com o proceder são
consideradas R ecomendação .
b. Q ualquer perm issão ou proibição do terapeuta a respeito de ações a serem
executadas dentro ou fora da sessão é categorizada com o R ecomendação .
c. Verbalizações do terapeuta que ocorrerem duran te um a atividade ou técnica
desenvolvidas dentro da sessão terapêutica são categorizadas de acordo com sua
form a e função características, devendo ser categorizada com o R ecomendação
apenas a solicitação para que o cliente se engaje na técnica/exercício.
d. Solicitações que requererem um a ação dentro da sessão são consideradas
R ecomendação , com exceção de perguntas que solicitam explicitam ente
a descrição ou confirm ação de eventos (que são categorizadas com o
Solicitação de relato ).
e. Perguntas do terapeuta ou falas em form a im perativa que solicitam que o
cliente descreva eventos, m esm o que sobre tem as diferentes daquele em curso
na sessão, ou que m udam a direção da conversação, não são consideradas
R ecomendação , e sim Solicitação de relato .
f. Solicitação de Relato precede R ecomendação . Quando em dúvida entre
R ecomendação e Solicitação de relato , prefira Solicitação de relato .
g. Verbalizações em que o terapeuta revela a p ró p ria experiência com relação
a um evento sendo discutido, qu an d o tal relato sugere a solução de algum
problem a em discussão ou da queixa sendo analisada, supõem a proposição
do terap eu ta com o u m m odelo e, po rtan to , são categorizadas com o
R ecomendação . Q uando o terapeuta revela inform ações pessoais de form a a
sugerir com preensão ou en ten d im en to da experiência do cliente, categoriza-
se E mpatia .
h. Empatia precede Recomendação . Q uando em dúvida entre RecoxMendação
e Empatia , categorize Empatia .

184 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

i. Q u ando um a R ecomendação é acom panhada de justificativas para o cliente


segui-la ou indica que o cliente pode m elhorar caso realize as ações ou tarefas
propostas, devem ser inseridas as categorias R ecomendação e Informação ,
cada um a no respectivo segm ento da verbalização.
j. Verbalizações do terapeuta durante um exercício ou atividade, tal com o role-
p la y in g ou viagem de fantasia, são categorizadas de acordo com suas categorias
correspondentes, sendo categorizada Informação para as instruções do
terapeuta e R ecomendação para a solicitação para o cliente se engajar no
exercício.
K. Informação precede R ecomendação . Quando em dúvida entre
R ecomendação e I nformação , categorize Informação .
l. O rientações para a em issão de respostas de caráter encoberto (tais com o
pedidos do terapeuta para que o cliente pense ou reflita sobre um determ in ad o
tem a ou questão) são consideradas R ecomendação quando a verbalização
do terapeuta especifica a topografia da resposta a ser em itida pelo cliente,
de m odo a m odificar o seu desem penho final em um a situação, atividade ou
tarefa. Tais orientações são consideradas Solicitação de reflexão quando
não é especificada a topografia da resposta encoberta a ser em itida, tendo
com o foco m elhorar ou aprofundar a análise do tem a em discussão p o r m eio
de respostas de observação e de descrição de eventos.
Exemplos:
» T: Q u e ro q u e você reflita sobre o q u e esta va o c o rre n d o Io d a s a s vezes q u e
você o b te v e sucesso no e n fr e n ta m e n to . [SRF] (*) Trata-se de Solicitação
de reflexão porque o que é solicitado pelo terapeuta é a obtenção de
inform ações m ais aprofundadas sobre o tem a, e não o engajam ento do
cliente em um a resposta encoberta de topografia especificada.
» T: Q u a n d o v o cê e stiv e r e m u m a situ a ç ã o s e m e lh a n te , a n te s d e reagir
a ta c a n d o , p e n s e n a s p o ssív e is razões p e la s q u a is a p e sso a p o d e te r feilo
a q u ilo q u e te d esa g ra d o u . [REC] (*) Nesse caso, trata-se de um pedido
do terapeuta que especifica a topografia da resposta e visa m odificar o
desem penho final do cliente em d eterm inada condição, caracterizando-
se, portanto, com o um a R ecomendação .
m. Solicitação de reflexão precede Recomendação . Q u an d o em dúvida
entre R ecomendação e Solicitação de reflexão , categorize Solicitação
de reflexão .

I ) apêndice 185
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA INTERPRETA
Sigla: INT
Nome resumido: INTERPRETAÇÃO
Categoria tipo: estado
(*) Esta categoria apresenta m odificações com relação à versão original apresentada
na tese de Z am ignani (2007). As subcategorias D isc o rd â n c ia e In d ic a ç ã o de
c o n tra d iç ã o foram acrescentadas, enquanto a subcategoria C o n fro n ta ç ã o foi
elim inada, sendo corrigidos os respectivos critérios de inclusão/exclusão.

Estão inclusos nessa categoria


1. Descrições de relações explicativas entre ações (do cliente e/ou de terceiros)
e outros eventos: relações explicativas ou causais entre eventos - relações do
tipo “se... então”, apenas quando dizem respeito ao co m p o rtam en to do cliente
ou de terceiros.
Exemplos:
» T: P o rq u e q u a n d o você f a z isso, vo cê fi c a m a is e m c o n ta to co m você. P o rq u e
se você c o m eça a negar. ...... Você c o m e ç a a p e r d e r c o n ta to c o m a q u ilo q u e
você sen le. A s s im : “c o m o é q u e a s coisas q u e a c o n te c e m n o m u n d o m e

a fe ta m ? ” E n te n d e u ? [INT]
» C: ...n ã o esto u c o n se g u in d o ... tu d o a q u ilo q u e eu m e p ro p u s a f a z e r eu fic o
en ro la n d o ... a ch o q u e eu to m u ito d e sm o tiv a d o ...

T: T a lv e z o se u p r o b le m a n ã o seja d e m o tiv a ç ã o , m a s q u e a té agora as


coisas a in d a n ã o d e ra m certo. M u ito do q u e a g e n te fa z , p r a q u e a g e n te

se m a n te n h a f a z e n d o d e p e n d e d a c o n se q u ê n c ia d a q u ilo q u e a g e n te

f a z . Q u a n d o a g e n te f a z u m a coisa q u e te m u m a c o n se q u ê n c ia boa
im e d ia ta , legal, a te n d ê n c ia é q u e a g e n te c o n tin u e fa z e n d o . Q u a n d o
a c o n se q u ê n c ia n ã o é m u ito legal, a g e n te te n d e n ã o f a z e r m a is. [INT]
» T: Você se cobra ern m e lh o r a r o d e s e m p e n h o s e x u a l c o m se u m a rid o , m a s da
m a n e ir a c o m o você d escreve a relação se x u a l, ela n ã o é s a tisfa tó r ia p a r a

você. P o rta n to , n ã o e x is te n a d a q u e te m o tiv e a c o n tin u a r p r o c u r a n d o .

[INT]

2. Descrição de regularidades ou padrões recorrentes entre ações (do cliente


e/ou de terceiros) e outros eventos ou ações: terapeuta explica a ocorrência

186 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

do com portam ento do cliente ou de terceiros quanto a padrões recorrentes,


relações tem porais ou de contiguidade ou aponta a existência de tem as
recorrentes nos eventos relatados pelo cliente.
Exemplos:
» T: A im p re ssã o q u e eu te n h o é q u e se m p re q u e ele te f a z u m elogio, ele é
seg u id o p o r u m a crítica, do tipo... “você foi ó tim o n a ap resen ta çã o , m a s...”
[INT]
» T: Você j á n o to u q ue, se m p re q u e h á a lg u m a situ a ç ã o m u ito d ifíc il p e la
fre n te , você fic a d o e n te ? [INT]
» T: E ssa é u m a d ú v id a q u e te perseg u e, né? Se é p o r você o u p e la g r a v id e z q u e
ele está m u d a n d o ... [INT]
» T: Você se d á c o n ta d e q u e s u a s obsessões s e m p re são re la c io n a d a s a situ a ç õ e s
n a s q u a is você age p o r im p u ls o c o m o u tr a s p e sso a s e d e p o is se a r r e p e n d e ?
A í você fic a r u m in a n d o so b re o q u e p o d e r ia te r sid o d ife re n te ... [INT]

3. D iagnóstico: apresentação de diagnóstico ou rótulo relativo a algum padrão de


interação ou conjunto de sintom as descritos pelo cliente ou observados pelo
terapeuta.
Exemplos:
» C: Você a c h a q u e eu esto u d e p rim id o ?
T: Você p a rece m a is a n sio so q u e d e p rim id o . [INT]
» T: Isso q u e você a c a b o u d e descrever é c o n h e c id o p e la p s iq u ia tr ia c o m o
T ra n s to rn o O b se ssiv o -C o m p u lsiv o , (após a descrição do cliente de sua
queixa) [INT]

4. D evolutiva de avaliação p ad ro n iz ad a : apresentação de conclusão relativa a


algum teste, escala ou in strum ento de avaliação psicológica.
Exemplo:
» T: O teste in d ic a q u e você te m m a io r interesse p o r pro fissõ e s re la c io n a d a s
ao c u id a d o e a te n d im e n to de pessoas. [INT]

5. E stabelecim ento de sínteses: verbalizações em que o terap eu ta apresenta


sínteses, conclusões ou reorganização do que foi dito em algum p o n to anterior
pelo cliente a respeito de seu com portam ento ou de terceiros. A síntese deve
apresentar um a In terp reta çã o diferente daquela descrita no relato do cliente

187
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

ou acrescentar inform ações ou opiniões do terapeuta que não estavam na fala


do cliente.
Exemplo:
» T: E n tã o , você está d e p e n d e n te de álcool... j á d e v e esta r c o m e ç a n d o a beber
de m a n h ã , eu su p o n h o . [INT]

6. M etáforas ou analogias explicativas: descrições sobre padrões de interação


do cliente ou de terceiros por meio de apresentação de situações sem elhantes,
análogas ou sim bólicas.
Exemplos:
» T: Q u a n d o você fa l o u q u e tin h a d o r d e cabeça, eu m e le m b re i d a q u e la s
m u lh e re s q u e n a h o ra d e tr a n sa r d iz e m “a h , eu n ã o posso, esto u c o m d o r
de cabeça”. [INT]

» C: D e ja to , ele é m u ito b a ix in h o ... e u ach o q u e n ã o ia d a r certo m e sm o ...


T: É... as u v a s estão verdes... [INT]

7. Inferências: suposições sobre a ocorrência de relações ou eventos até então


não relatados pelo cliente ou não descritos pelo terapeuta, apenas q u ando essa
inferência não diz respeito a sentim entos e em oções do cliente. (Esse critério
diferencia essa subcategoria de interpretação da categoria E m patia.)
Exemplo:
» T: Im a g in o q u e ele te n h a sid o e x tr e m a m e n te g e n til n a s p r im e ir a s se m a n a s
e depois... [INT]

8. N orm alizações: terapeuta sugere que algo que o cliente ou terceiros sentem ou
fazem é norm al, ou esperado.
Exemplo:
» '1: Isso é n o rm a l... a d o le sc e n te s te n d e m a a g ir dessa fo r m a . D a q u i a p o u c o
ele v a i v o lta r a se a p ro x im a r... [INT]

9. D escrição de processo: terapeuta descreve ao cliente sua análise a respeito


de um processo que vem ocorrendo ou de transform ações que ele percebe ao
longo desse processo.

188 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplo:
» C: P or q u e às v e ze s as coisas e m p a c a m e n te n d e u ?
T: É eu sei, e n ã o é d e hoje, ué? N ã o é d e h o je a coisa v e m e v a i p io ra n d o ,
p io r a n d o , n ã o sei, ach o a té q u e hoje você c o n v iv e m elhor. [INT]

10. Previsões: suposições sobre a ocorrência futura de comportamentos do cliente


ou de terceiros.
Exemplo:
» T: A c re d ito q u e a p r ó x im a coisa q u e ele v a i fa z e r é te c o n v id a r p a r a sair...
[INT]
11. Discordâncias: terapeuta aponta julgamento diverso daquele apresentado pelo
cliente, a respeito de ações ou verbalizações do cliente (sejam relatadas pelo
cliente, sejam observadas pelo terapeuta).
Exemplos:
» T: E u n ã o vejo dessa fo r m a . E n te n d o q u e h á o u tra s exp lica çõ es p a r a o q u e
a co n te c e u . [REP]

» T: A c re d ito q u e a ssim você p o d e r ia c ria r u m a sit u a ç ã o m u ito difícil. N ã o sei


se eu faria desse jeito. [REP]

12. Indicação de contradição: terapeuta aponta discrepâncias ou contradições no


discurso do cliente.
Exemplo:
» T: Você esta va d iz e n d o há p o u c o q u e seu m a r id o n ã o lhe d á a m e n o r
a ten çã o , m a s agora você está m e d iz e n d o u m a sé rie de c u id a d o s q u e ele

te m co m você. [INT]

Caracterização geral da categoria


Interpretação contempla verbalizações em que o terapeuta descreve, supõe
ou infere relações causais e/ou explicativas (funcionais, correlacionais, ou de
contiguidade) a respeito do comportamento do cliente ou de terceiros, ou identifica
padrões de interação do c lien te e /o u de terceiros. (*) Esse critério diferencia a categoria
de Informação que, por sua vez, contém explicações a respeito de outros eventos, que
não o com portam ento do cliente e/ou de terceiros.

1 apêndice 189
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Na literatura clínica analítico-com portam ental, a análise de contingências ou


a análise funcional apresentadas pelo terapeuta envolvem, em parte, essa classe de
verbalizações.

C rité rio s de inclu são o u exclusão

a. A categorização de u m trecho com o I n t e r p r e t a ç ã o ind ep end e da precisão


ou co rreção da análise feita pelo terapeuta, ou de sua co n co rd ân cia p o r parte

do cliente.

b. Se um a pergunta é feita com o parte de um a verbalização de I n t e r p r e t a ç ã o


ou com o pedido de confirm ação de I n t e r p r e t a ç ã o d ada pelo terapeuta, não
é considerada S o l i c i t a ç ã o de rela to ,e registra-se unicam ente a ocorrência
da categoria em questão.
c. Verbalizações do terapeuta que repetem ou confirm am para o cliente o
conteúdo de u m a I n t e r p r e t a ç ã o que o terapeuta acabou de apresentar (por
m eio de repetição, verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas) são
categorizadas com o I n t e r p r e t a ç ã o .
d. U m segm ento de verbalização do terapeuta é categorizado com o
In t er pr et a ç ã o apenas se a relação apresentada, de algum a form a, acrescenta
inform ações novas ou m uda o significado do relato apresentado pelo cliente.
Q u ando um resum o ou síntese não m uda o sentido do que foi dito pelo cliente,
classifique com o E m p a t i a .
e. Q uando um a inferência por parte do terapeuta se refere à ocorrência de
sentim entos ou em oções do cliente, sua fala é categorizada com o E m p a t i a .
f. Verbalizações em que o terapeuta afirm a que algum evento é norm al, ou
esperado, quando têm com o ênfase a validação de um sentim ento relatado
pelo cliente, categorize E m p a t i a ; quando ocorrem de form a a explicar algum
com portam ento do cliente ou de terceiros, categorize I n t e r p r e t a ç ã o ; quando
se referem a outros eventos, que não o com portam ento do cliente ou de
terceiros, categorize I n f o r m a ç ã o .
g. Verbalizações em que o terapeuta dem onstra preocupação pessoal com
o cliente são tipicam ente categorizadas com o E m p a t i a , m as, quan d o são
acom panhadas de explicação, codifique apenas a categoria I n t e r p r e t a ç ã o .

190 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplo:
» T: O q u e m e p re o c u p a é a fu n ç ã o q u e o álcool está e x e rc e n d o e m su a v id a . O
uso d o álcool e m situ a ç õ e s so cia is é tra n q u ilo , m a s você o está u sa n d o p a ra
a lív io d a a n sie d a d e , c o m o se fo s s e u m rem éd io . E essa f u n ç ã o d o álcool é

p erig o sa p o r q u e fa v o r e c e a d e p e n d ê n c ia . [INT]
h . E m p a t ia precede I n t e r p r e t a ç ã o . Q uando em dúvida entre E m p a t i a e
In terpreta ç ã o , categorize E m p a t i a .
i. Q u a n d o o terapeuta fornece descrições de relações explicativas ou causais

- relações do tip o “ se... então”, entre eventos que não o co m p o rtam en to do

cliente ou de terceiros, categoriza-se I n f o r m a ç ã o .

j. Q uando o terapeuta retom a assuntos ou diálogos discutidos anteriorm ente,


estabelecendo algum a relação explicativa sobre o com portam ento do cliente ou
de terceiros, não é registrada a categoria I n f o r m a ç ã o , e sim I n t e r p r e t a ç ã o .
k. Q u a n d o em d ú vid a entre I n f o r m a ç ã o e I n t e r p r e t a ç ã o , categorize

In fo rm aç ão .

l. Q uando um a verbalização do tipo “se... então” sugere que o cliente pode


m elhorar caso realize determ inadas ações ou tarefas propostas pelo terapeuta,
são categorizadas am bas as categorias - I n t e r p r e t a ç ã o e R e c o m e n d a ç ã o -,
cada um a no respectivo segm ento da verbalização, a dep en d er dos critérios
estabelecidos para cada categoria.
m. Q uando um a R e c o m e n d a ç ã o é acom panhada de justificativas, é registrada
a ocorrência de am bas as categorias - R e c o m e n d a ç ã o e I n f o r m a ç ã o ou
R eco m en d a ç ã o e I n t e r p r e t a ç ã o - , cada um a no segm ento apropriado da
interação, a depender dos critérios estabelecidos para cada categoria.
n. Q u ando em dúvida entre R e c o m e n d a ç ã o e I n t e r p r e t a ç ã o , categorize
In t er pr et a ç ã o . In t er pr et a ç ã o precede R e c o m e n d a ç ã o .
o. Q u ando um a discordância ou indicação de contradição forem em itidos de
form a crítica ou sarcástica, categorize R e p r o v a ç ã o .
p. Q u ando em dúvida entre R e p r o v a ç ã o e I n t e r p r e t a ç ã o , categorize
R epro vaçã o . Reprovação precede I n t e r p r e t a ç ã o .

1 apêndice 191
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA APROVA OU CONCORDA COM AÇÕES OU


AVALIAÇÕES DO CLIENTE
Sigla: A P R

N o m e re s u m id o : A P R O V A Ç Ã O

C a te g o ria tip o : e sta d o

Estão inclusos nessa categoria


1. Elogios ou avaliações positivas sobre o cliente: terapeuta expressa julgam ento
favorável a ações, características ou aparência do cliente (sejam estas relatadas
pelo cliente ou observadas pelo terapeuta).
Exemplos:
» T: Você to m o u a d ecisã o certa. E stá lid a n d o co m isso m u ito b e m ! [APR]
» T: Você está d e p a ra b é n s ! S u a c o n d u ç ã o fo i p e r fe ita ! [APR]
» T: Q u e lin d o esse te u c o la r zin h o ! [APR]

2. Descrição de ganhos terapêuticos: terapeuta descreve os progressos ou


sucessos do cliente.
Exemplo:
» T: P u x a , G , eu esta va m e le m b r a n d o d a época e m q u e a g e n te co m e ç o u
a tr a b a lh a r ju n to s . C o m o as coisas estão m u d a d a s ! Você le m b ra q u e era

d ifíc il p ra você a té m e s m o v ir s o z in h a p a r a cá? E agora você está se v ir a n d o


s o z in h a , c o m o m a io r d e sp r e n d im e n to ... ach o m u ito legal isso! [APR]

3. Verbalizações de concordância: terapeuta confirm a ou relata estar de acordo


com afirm ações verbalizadas pelo cliente.
Exemplo:
» T: C o m c e rte za ! Você te m to d a a ra zão. [APR]

4. Pseudodiscordância: terapeuta discorda do cliente, mas o faz de form a a


ressaltar características ou ações do cliente que ele considera positivas.
Exemplo:
» C: Eu só m e lh o re i p o r ca u sa da m e d ic a ç ã o .
T: D e fa to , a m e d ic a ç ã o p o d e te aju d a r, m a s se você n ã o tivesse agido, tu d o
e sta ria ig u a l. [APR]

192 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

5. Relato de se n tim en to s positivos: terapeuta relata gostar do cliente ou sentir-se


bem em sua presença, ou relata estar satisfeito com algum a ação realizada pelo
cliente ou com o andam ento da sessão.
Exemplos:
» T: G o ste i m u ito d a nossa sessão d e hoje. A c h o q u e fa la m o s d e a ssu n to s
b a s ta n te im p o r ta n te s . [APR]
» T: Você co n versa s u p e r b e m ! É m u ito a g ra d á v e l c o n v e rsa r co m você. [APR]

6. E xclam ações e expressões de aprovação: verbalizações exclam ativas ou


com entários em form a de exclamação ou interrogação, apresentados após
a descrição de ações do cliente, sugerindo que tal ação foi aprovada pelo
terapeuta.
Exemplos:
» C: C o n se g u i re c u p e ra r a m in h a n o ta d e m a te m á tic a .
T: Q u e m á x im o !!! [APR]
» C: C o n se g u i c a m in h a r to d o s os d ia s essa se m a n a .
T: É m e s m o ? [APR]
» C: D a í, fo m o s p a r a a capela e m e c h a m o u a a te n ç ã o o Bill, o ca ch o rro do
caseiro, p o r q u e d e sd e p e q u e n o ele m e a c o m p a n h a na capela... só q u e ele
n ã o e n tra . E n tã o ele... p õ e o p e z in h o , ele só o lh a p a r a m im , ele tira o p é do
p is o e f i c a no c im e n to d o la d o d e fo r a p a r a d o o lh a n d o , ele n ã o e n tra ... é
u m a coisa b á rb a ra você ver!

T: N o ssa , e você e n s in o u ele... [APR]

7. A gradecim entos: terapeuta agradece o cliente po r algum a ação deste ou após


um elogio.
Exemplo:
» C: N ão, você é u m a d a s resp o n sá veis, eu tin h a q u e dizer, não, e u fa ç o
qu estã o , eu so u m u ito fra n c a , sabe, d e e x tr e m a tra n sp a rê n c ia , é, você,
de u m a f o r m a assim , m u ito in telig en te, tá s a b e n d o m e c o n d u z ir assim ,

e n tre aspas, p o r q u e eu tô te n d o m a is d is c e rn im e n to , sa b e n d o o q u e é m a is
c o n v e n ie n te e o q u e n ã o é e tô te n ta n d o e n c o n tr a r o c a m in h o , n ã o é ?, S e m
ta n to m e d o d e se r feliz.

T: Q u e b o m , o b rig a d a , fi c o m u ito co n te n te . [APR]

1 ; apêndice 193
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

C a ra cteriza çã o geral da categoria


A provação contem pla verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou
julgam ento favoráveis a respeito de ações, pensam entos, características ou avaliações do
cliente. Verbalizações de A provação dirigem -se a ações ou características específicas
do cliente e pressupõem o terapeuta com o alguém que p o d e selecionar e fortalecer
aspectos de seu com portam ento que seriam m ais ou m enos apropriados. Isso difere
da categoria E mpatia , que tem um caráter inespecífico e não envolve avaliação ou
julgam ento.

C rité rio s de in clu são ou exclusão


a. Q u an d o aprovação é aco m p an h ad a de descrição do co m p o rtam e n to do
cliente que foi alvo da aprovação, registre unicam en te a o co rrên cia da
categoria A provação .
Exemplo:
» C: E le q u is m u d a r e eu f i q u e i co m m e d o de to m a r, n ã o co m p rei...
T: P o rq u e você está ó tim a , n é G , in d e p e n d e n te m e n te d e e sta r to m a n d o três
o u q u a tr o c o m p rim id o s , você está c o n se g u in d o f a z e r m u ito m a is coisas,
to m a r decisões... [APR]

C: É... e eu a c h e i m e lh o r fi c a r só co m três.
b. Se um a pergunta é feita com o p arte de um a verbalização de A provação
ou com o pedido de confirm ação de A provação dada pelo terapeuta, não é
considerada Solicitação de relato , e registra-se unicam en te a ocorrência
da categoria A provação .
c. Verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas de concordância em itidas
pelo terapeuta após solicitação do cliente, ou im ediatam ente depois de o
cliente ter term inado um a fala, são categorizadas com o A provação (quando
após o relato de ações do cliente) ou Empatia (quando após a descrição
de outros eventos). Facilitação só é categorizada se acontece enquanto o
cliente tem a palavra. Não é codificada quando ocorre du ran te pausas de três
segundos ou m ais na conversação.
d. Facilitação precede A provação . Q uando em dúvida entre A provação e
Facilitação , categorize Facilitação .
e. C om entários em forma de exclamação, quando apresentados após a descrição
de outros eventos, que não ações do cliente, são categorizados como Empatia .

194 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Q u ando tais com entários são apresentados após a descrição de ações do


cliente, são categorizados com o A provação .
f. Autorrevelaçã O: verbalizações em que o terapeuta revela a própria
experiência com relação a u m evento sendo discutido, q u ando lai relato sugere
a solução de algum problem a em discussão ou da queixa sendo analisada,
supõem a proposição do terapeuta com o um m odelo e, portanto, são
categorizadas com o R ecomendação . Q uando o terapeuta revela inform ações
pessoais de form a a sugerir com preensão ou entend im en to da experiência
do cliente, é categorizada E m p a t i a ; quando o terapeuta revela informações
pessoais de forma a sugerir concordância, é categorizada A provação .
g. Empatia precede A provação . Quando em dúvida entre A provação e
Empatia , categorize Empatia .
h. O rientações para a em issão de respostas de caráter encoberto (tais com o
pedidos do terapeuta para que o cliente pense ou reflita sobre um d eterm in ad o
tem a ou questão) são consideradas A provação quando a verbalização do
terapeuta recom enda explicitam ente que o cliente observe, entre em contato
ou tom e consciência de um ganho terapêutico, conquista ou progresso que
ele (o cliente) tenha alcançado. São consideradas Solicitação de reflexão
quando não for especificada a resposta encoberta a ser em itida, tendo com o
foco m elhorar ou aprofundar a análise do tem a em discussão por m eio de
respostas de observação e de descrição de eventos. Tais orientações são
consideradas R ecomendação quando especificam a resposta a ser em itida
pelo cliente, de m odo a alterar o seu desem penho final em um a situação,
atividade ou tarefa.
Exemplo:
» T: Q u e ro q u e vo cê re flita so b re o q u e esta va o c o rre n d o to d a s as vezes q u e
você o b te v e sucesso no e n fr e n ta m e n to . [SRF] (*) Trata-se de Solicitação
de R eflexão porque o que é solicitado pelo terapeuta é a obtenção de
inform ações m ais aprofundadas sobre o tem a, e não o engajam ento do
cliente em um a resposta encoberta de topografia especificada.
» T: Q u a n d o você e stiv e r e m u m a situ a ç ã o se m e lh a n te , a n te s d e reagir
a ta c a n d o , p e n s e n a s p o ssív e is ra zõ es p e la s q u a is a p esso a p o d e te r fe ito
a q u ilo q u e te d e sa g ra d o u . [REC] (*) Nesse caso, trata-se de um pedido
do terapeuta que especifica a topografia da resposta e visa m odificar o

apêndice 195
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

desempenho final do cliente em determ inada condição, caracterizando-


se, portanto, como uma R ecomendação .
» T: P resta a te n ç ã o e m c o m o as coisas tê m sid o d iferen tes... olha q u a n ta s
vezes você te m c o n se g u id o fa z e r as coisas s e m a a ju d a d o seu m a rid o ...
acho q u e isso é su p e r im p o r ta n te ... [APR] (*) Trata-se de A provação
porque a verbalização do terapeuta recomenda explicitamente que o
cliente tome consciência de um ganho terapêutico que ele (o cliente)
alcançou.
i. Solicitação de reflexão precede A provação . Na dúvida entre A provação
e Solicitação de Reflexão , categorize Solicitação de R eflexão .
j. A provação precede R ecomendação . Quando em dúvida entre
R ecomendação e A provação, categorize A provação .
k. Q uando uma aprovação é acompanhada de justificativas, registre a ocorrência
de ambas as categorias - A provação E Interpretação , cada uma no
segmento apropriado da interação.
Exemplo:
» C: Ela: “e n tã o você n ã o fi c a p re o c u p a d a . E u v o u s a ir co m o A .”. E u digo: “a h !
Q u e b o m ! Vai, s im ! F oi legal a se n h o r a le r lig a d o !”

T: Q lim o ... [APR] Você n o to u q ue, d a s ú ltim a s c o n v e rsa s q u e você te v e com


ela, essa é a p r im e ir a e m q u e você fic a d o la d o d e la ? Você d e u u m apoio, e

o en g ra ça d o é q u e a reação dela fo i assim : “é... ach o q u e é isso m e sm o ...”.

O c o n trá rio d o q u e s e m p re fe z . [INT]


C: O c o n trá rio d o q u e s e m p re fe z .
l. Quando a descrição pelo terapeuta de algum ganho, progresso ou conquista do
cliente é analisada como relacionada a algum outro evento, tal como a análise
de consequências que poderiam ser obtidas por meio daquele com portamento
ou análise de variáveis que propiciaram aquela mudança do cliente, categorize
apenas Interpretação . Em casos em que o terapeuta parabeniza ou elogia
o cliente antes ou depois de apresentar a análise do evento, categorize
A provação e Interpretação , cada qual no respectivo segmento, conforme
descrito no critério anterior (k).
m . Interpretação precede A provação . Na dúvida entre A provação e
Interpretação , categorize a segunda.

196 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA REPROVA OU CRITICA AÇÕES OU


VERBALIZAÇÕES DO CLIENTE
Sigla: REP
Nome resumido: REPROVAÇÃO
Categoria tipo: estado
(*) Esta categoria apresenta m odificações com relação à versão original apresentada
na tese de Z am ignani (2007). A subcategoria c o n fro n to foi acrescentada, enquanto
a subcategoria d isc o rd â n c ia foi elim inada, sendo corrigidos os respectivos critérios
de inclusão/exclusão. O nom e da categoria foi alterado para contem plar essa nova
configuração.

E stão inclu so s nessa categoria


1. C o n fronto: terapeuta apresenta, de form a crítica ou sarcástica, julgam ento
desfavorável a respeito de ações, avaliações, afirm ações ou características do
cliente (sejam relatadas pelo cliente, sejam observadas pelo terapeuta).
Exemplos:
» T: A s coisas sã o m u ito m a is sim p le s d o q u e você p in ta . [REP]

2. C rítica: terapeuta descreve falhas do cliente ou critica suas ações,


características ou aparência.
Exemplo:
» T: E u p e n s o q u e você fa z b e m a lg u m a s coisas tais c o m o su p e rv isio n a r,
m o n ito r a r [APR], e n tr e ta n to às ve ze s você e n tra e m u m a esca la d a de
castigo, castigo, castigo. [REP]

3. Ironia: com entários de qualquer natureza feitos em tom sarcástico ou hostil


com relação ao cliente. C om entários do terapeuta que sugerem incredulidade a
respeito de relatos do cliente sobre o que disse ou fez. (*) Nesse caso, categorize
tam bém o respectivo qualificador Tom Emocional (- 2 ).
Exemplos:
» T: Você d e fa t o p e n s a q u e su a m ã e d e v e ria d e ix á -lo v ir p a r a casa q u a n d o
você q uer? [REP]
» T: E u v o u p e g a r u m a x íc a r a d e café. E u esto u p e rd id o . [REP]
» T: Você tá f u m a n d o co m essa tosse? (so rrin d o ). [REP]

1 ) apêndice 197
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4. A m eaça: terapeuta prevê consequências negativas ou aversivas para um a ação


(ou pela não ação) do cliente em form a de am eaça.
Exemplos:
» T: Você p o d e escolher fa z e r isto desse m o d o o u ser m ise r á v e l o resto d e su a
v id a . [REP]

» T: E u ach o q u e a g e n te f a z escolhas... você p o d e c o n tin u a r fu g i n d o de


e sco lh er u m a profissão... h á ta n ta s p esso a s q u e p re fe re m s e r d o n a s d e casa
e la v a r as ro u p a s d o m a r id o o resto d a v id a ... [REP]

5. P aráfrase crítica: terapeuta apresenta de form a resum ida o que foi dito em
algum ponto anterior pelo cliente na m esm a sessão, p o r m eio de repetição
literal ou reorganização das verbalizações do cliente, explicitando um a crítica
ou apontando um a falta ou erro do cliente.
Exemplos:
» T: E les p e g a ra m a re c o m p e n sa m e s m o q u a n d o eles n ã o a tin h a m m erecid o ?
(pergunta apresentada em tom hostil depois de a cliente ter dito que
havia prom etido recom pensa aos filhos após um a tarefa e que os filhos
não cum priram a tarefa, m as ela os recom pensou). [REP]
» T: Você q u e r d iz e r q u e você o d e ix a d o r m ir e m su a c a m a e ele a m o lh a to d a
n o ite? (r is a d a ) [REP]

» T: Você o d e ix o u esco lh er seu p ró p r io castigo? [REP]

6. A utorrevelações desafiadoras: terapeuta relata sua experiência a respeito de


um evento de que o cliente se queixa, sugerindo que sua atuação foi m elhor
que a do cliente ou que, se ele conseguiu solucionar o problem a, o cliente
tam bém deveria conseguir.
Exemplo:
» T: Q u a n d o eu resolvi s a ir d a casa d e m e u s p a is eu tin h a p le n a co n sc iê n c ia
d e q u e eu d e v e ria m e s u s te n ta r ; e n ã o fi c a r e sp e ra n d o q u e m e u s p a is m e
a ju d a s se m . [REP]

7. R elato de se n tim e n to s negativos: terapeuta relata n ão gostar do cliente ou


de algo que ele faça ou estar insatisfeito com algum aspecto relativo ao seu
com portam ento.

198 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplos:
» T: E u v o u c o n tin u a r a a te n d ê -lo p o r q u e p a r a m im é u m d esa fio , m a s eu
n ã o g o ste i d e você. [REP]

» T: E u fic o m u ito ir rita d o q u a n d o você fa l a co m ig o dessa fo r m a , e q u a n d o


isso acontece, a v o n ta d e q u e eu te n h o é d e te tr a ta r d a m e s m a fo r m a . [REP]

8. A dvertência: terapeuta diz ao cliente que ele está im pedindo o progresso


terapêutico ou o andam ento da sessão.
Exemplo:
» T: E u q u ero a ju d á -la , m a s é im p o ssív e l fa z e r m o s a lg u m a coisa c o m ta n to s
a tra so s... h o je você chegou 4 0 m in u to s a tra sa d a ... o q u e nós p o d e m o s fa z e r

e m d e z m in u to s ? [REP]

C a ra cteriza çã o g era l d a categ o ria


R eprovação contem pla verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação
ou julgam ento desfavoráveis a respeito de ações, pensam entos, características ou
avaliações do cliente. Assim com o A provação , verbalizações de Reprovação
dirigem -se a ações ou características específicas do cliente e pressupõem o terapeuta
com o alguém que pode selecionar aspectos de seu com po rtam en to que seriam mais
ou m enos apropriados. R eprovação tem sido frequentem ente associada, na literatura
clínica, a interações aversivas em psicoterapia, que podem am eaçar a m anutenção da
relação terapêutica.

C rité rio s de inclu são ou exclusão


a. Se um a p ergunta é feita com o parte de um a verbalização de R eprovação ou
com o pedido de confirm ação de reprovação apresentada pelo terapeuta, não é
considerada a ocorrência de Solicitação de relato , e registra-se unicam ente
a categoria R eprovação .
b. Q u ando um a pergunta do terapeuta é apresentada em tom irônico ou
desafiador, sugerindo crítica, descrença ou discordância do terapeuta com
relação ao cliente, categorize R eprovação , e não Solicitação de relato . (*)
Nesse caso, registre tam bém o respectivo qualiíicador Tom emocional (- 2 ).
c. Solicitação de relato precede Reprovação . Q uan d o em dúvida entre
Solicitação de R elato e R eprovação , prefira Solicitação de relato .

) 199
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
1 apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

d. A verbalização “certo”, quando dita sarcasticam ente sugerindo discordância,


deve ser categorizada com o R eprovação . (*) Nesse caso, registre tam bém o
respectivo qualificador Tom emocional (- 2 ).
e. Facilitação precede R eprovação . Q uando em dúvida entre R eprovação e
Facilitaç Ão, categorize Facilitação .
f. Verbalizações tais com o “é m esm o?” ou “não acredito”, quando sugerem
descrença no relato do cliente ou crítica ao seu com portam ento, são
categorizadas com o R eprovação , e não Empatia .
g. Q u ando o terapeuta ri do relato de ações do cliente, não sugerindo ironia, e
sim interesse em seu relato (ele ri com o cliente, e não do cliente), categorize
Empatia .
h. Verbalizações exclamativas após o relato de algum a ação p o r parte do cliente,
quando apresentadas em tom sarcástico ou hostil, são categorizadas com o
Reprovação , e não Empatia ou A provação . (*) Nesse caso, categorize
tam bém o respectivo qualificador Tom emocional (- 2 ).
i. Em caso de síntese ou paráfrase que consiste em crítica ou explícita falta ou
erro do cliente, registre R eprovação .
j. Q u ando um a verbalização em que o terapeuta dem o n stra reocupação
pessoal com o cliente é acom panhada de crítica, codifique apenas a categoria
R eprovação .
Exemplo:
» T: F iq u e i p r e o c u p a d o co m você a s e m a n a p a ssa d a ... [EMP] c o m o é q u e
fic a r a m a s coisas c o m se u s p a is? [SRE]
» T: N ã o é p o ssív e l q u e você c o n tin u e b e b e n d o essa q u a n tid a d e . Fico
p r e o c u p a d o c o m as c o n se q u ê n c ia s disso. [REP]

k. Verbalizações em que o terapeuta relata sua experiência com relação a um


evento, sugerindo que sua atuação foi m elhor que a do cliente ou que, se ele
conseguiu solucionar o problem a, o cliente tam bém deveria conseguir, são
categorizadas com o R eprovação . Verbalizações em que o terap eu ta revela
a própria experiência com relação a um evento sendo discutido, quando
tal relato sugere a solução de algum problem a em discussão ou da queixa
sendo analisada, supõem a proposição do terapeuta com o um m odelo e,
portanto, são categorizadas com o R ecomendação . Q uando o terapeuta revela
inform ações pessoais de form a a sugerir com preensão ou en tendim ento da

200 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

experiência do cliente, é categorizado Empatia . Q uando ele revela inform ações


pessoais de form a a sugerir concordância, é categorizada A provação . Em
qualquer outro caso, registre a categoria O utras vocal terapeuta .
l. Q u ando em dúvida entre R eprovação e E mpatia , categorize O utras vocal
TERAPEU TA .

m. Q u ando um a R eprovação é acom panhada de descrição do evento que


foi alvo da reprovação, é registrada unicam ente a ocorrência da categoria
R eprovação .
n. A correção de um engano do cliente, quando não realizada em tom hostil, não
é categorizada como R eprovação, mas, sim, como Informação .
o. Informação precede R eprovação . Quando em dúvida entre Informação e
R eprovação , categorize Informação .
p. Q u an d o sugestões são apresentadas de m odo sarcástico, categorize
R eprovação . (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador
Tom Em ocional (- 2 ).
q. R ecomendação precede R eprovação . Q uando em dúvida entre
R ecomendação e R eprovação , categorize R ecomendação .
r. Q u ando um a R eprovação é acom panhada de justificativas, registre a
ocorrência de am bas as categorias, R eprovação e Interpretação , cada um a
no segm ento apropriado da interação.
s. Q u ando um a verbalização do tipo “se... então” é em itida em tom de am eaça,
sugerindo que o cliente pode sofrer consequências negativas ou aversivas
caso realize (ou não) determ inadas ações ou tarefas, é categorizada com o
R eprovação . (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador Tom
emocional .

t. Q uando o terapeuta descreve algum tipo de retrocesso, recaída ou insucesso


do cliente, a verbalização é categorizada com o R eprovação apenas q u ando é
apresentada em tom de crítica, am eaça ou ironia. Caso contrário, categorize
Interpretação ou Empatia , dependendo do conteúdo e do teor da descrição
apresentada pelo terapeuta. (*) Nesse caso, categorize tam bém 0 respectivo
qualificador Tom em ocional .
u. A previsão de consequências negativas ou aversivas para uma ação (ou não
ação) do cliente ou a apresentação de julgamento ou avaliação contrários à
ação do cliente, quando apresentados em tom gentil ou neutro é categorizada
como Interpretação .

apêndice 201
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

v. Em caso de síntese que muda o sentido da descrição do cliente, mas explicita


um a crítica ou aponta uma falta ou erro deste, codifique como R eprovação .
w. R eprovação precede Interpretação . Na dúvida entre Reprovação e
Interpretação categorize a prim eira.
x. Verbalizações em que o terapeuta discorda do cliente, m as o faz de form a a
ressaltar características do cliente que ele considera positivas, caracterizam
pseudodiscordância e são categorizadas com o A provação .
y. D iferentem ente de A provação , que deve ser codificada apenas quando o
relato do cliente não está em curso, u m sim ples “não” proferido pelo terapeuta,
enquanto o cliente está falando, pode ser codificado com o R eprovação se
im plica em discordância do cliente.
z. Na dúvida entre A provação e R eprovação , categorize O utras vocal
TERAPEUTA.

aa.O piniões, avaliações ou julgam entos em itidos pelo terapeuta p o d em exercer


diferentes funções na interação. Q uando um a opinião, avaliação ou julgam ento
são em itidos a respeito de um a ação, verbalização do cliente, do próprio cliente
ou da sessão em curso, deve ser selecionada um a das seguintes categorias:
Interpretação , A provação , R eprovação ou Empatia , de acordo com o
teor e o alvo da avaliação. Q uando diz respeito a outros tipos de eventos que
não se encaixam em nenh u m a dessas três categorias, a verbalização deve ser
categorizada com o O utras vocal terapeuta .

202 seçáo 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

OUTRAS VERBALIZAÇÕES DO TERAPEUTA


SiglaiTOU
Nome resumido: OUTRAS VO CALTERAPEUTA
Categoria tipo: estado

E stão in clu so s nessa ca teg o ria


1. V erbalizações do te ra p eu ta n ão classificáveis nas categorias anteriores:
com entários ocasionais alheios ao tem a em discussão, verbalizações do
terapeuta ao cum prim entar o cliente em sua chegada ou p artid a, anúncios de
in terrupções por m otivos não relacionados ao tem a em discussão.
Exemplos:
» T: A c e ita u m a b a lin h a ? [TOU]
» T: Só u m m in u tin h o , q u e eu v o u p e d ir urna á g u a p a r a a secretá ria . [TOU]
» T: D escu lp e, eu m e e sq u eci d e d eslig a r o celular. [TOU]

2. A certos ocasionais: acertos ocasionais de horário e/ou local da sessão.


Exemplo:
» T: E ntão, a g e n te , n a s e m a n a q u e v e m , f a z a sessão n a terça-feira, d a s três
às q u a tro . [TOU]

3. R ecuperação de assunto: descrição de diálogos ou assuntos an teriorm ente


discutidos som ente em casos em que essa descrição foi solicitada pelo cliente
em razão cie este ter perdido ou esquecido o rum o da discussão ou após
algum a interrupção para retom ada do assunto.
Exemplos:
» C: O n d e é q u e eu esta va m e s m o ?
T: Você esta va fa l a n d o sobre su a v ia g e m d e fé r ia s . [TOU]
» T (a p ó s in te rru p ç ã o d a sessão): E ntão, você e sta v a m e fa l a n d o so b re o se u
receio d e p r e s ta r o vestibular. [TOU]

4. O p in iõ es pessoais sobre eventos externos: opiniões, avaliações ou


julgam entos sobre eventos apenas quando não dizem respeito a u m a ação
em itida pelo do cliente, ao cliente propriam ente ou à sessão em curso.

apêndice 203
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplo:
» C: E u fi q u e i re a lm e n te ch o c a d o c o m a q u e la cena. [TOU]
» T: E u acho q u e a televisã o n ã o d e v e ria m o s tr a r esse tip o d e coisa. N ã o
acrescen ta e m n a d a a v id a d a s pessoas. [TOU1
Não exemplo:
» T: E u p e n s o q u e você p o d e ria , sim , te r c o m p ra d o o livro. A fin a l, o d in h e iro é
seu, n ã o é? [REC] (*) N ão é um a verbalização do tipo O piniões pessoais
sobre eventos externos porque se refere ao co m p o rtam en to do cliente.

C rité rio s de inclu são ou exclusão


a. Em estudos de terapia individual, quando há um a terceira pessoa envolvida na
sessão, tal com o em situações de orientação de pais, sessões incluindo cônjuge
ou familiar, as falas do terapeuta dirigidas exclusivam ente a essa terceira
pessoa, ou nas quais não se sabe a quem a verbalização se dirige (se apenas
a cliente, se apenas a terceiro ou a am bos) são categorizadas com o O utras
vocal terapeuta . Já as falas do terapeuta claram ente dirigidas a am bos os

participantes (cliente e terceiro) são categorizadas na categoria correspondente.


b. A firm ações ou com entários são considerados Solicitação de relato apenas
se não podem ser classificados em n en h u m a outra categoria, com exceção de
O utras vocal terapeuta . Solicitação de relato tem precedência sobre
O utras vocal terapeuta .
c. O piniões, avaliações ou julgam entos em itidos pelo terap eu ta p o dem exercer
diferentes funções na interação. Q uando um a opinião, avaliação ou julgam ento
são em itidos a respeito de um a ação, verbalização ou avaliação do cliente
ou da sessão em curso, deve ser selecionada u m a das seguintes categorias:
A provação , R eprovação ou Empatia , de acordo com o teor e o alvo da
avaliação. Q uando diz respeito a outros tipos de eventos que não se encaixam
em n en h u m a dessas três categorias, a verbalização deve ser categorizada com o
O utras vocal terapeuta .
d. Verbalizações em que o terapeuta revela a própria experiência com
relação a um evento sendo discutido, quando tal relato sugere a solução
de algum problem a em discussão ou da queixa sendo analisada, supõem a
proposição do terapeuta com o um m odelo e, p o rtanto, são categorizadas
com o R ecomendação . Q uando o terapeuta revela inform ações pessoais de

204 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

form a a sugerir com preensão ou entendim ento da experiência do cliente, é


categorizada Empatia ; quando o terapeuta revela inform ações pessoais de
form a a sugerir concordância, é categorizada A provação . Verbalizações em
que o terapeuta relata sua experiência com relação a um evento, sugerindo que
sua atuação foi m elhor que a do cliente ou que, se ele conseguiu solucionar
o problem a, o cliente tam bém deveria conseguir, são categorizadas com o
R eprovação . Relatos do terapeuta de algum evento da p ró p ria experiência,
quando não sugerem a solução de problem a ou queixa, a com preensão ou
entendim ento da experiência do cliente, ou desafios, são categorizados com o
O utras vocal terapeuta .
e. Q u an d o em dúvida entre R eprovação e E mpatia , categorize O utras vocal
terapeuta .

f. Na dúvida entre A provação e R eprovação , categorize O utras vocal


terapeuta .

apêndice 205
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

TERAPEUTA PERMANECE EM SILÊNCIO


Sigla: TSL
Nome resumido:T SILÊNCIO
Categoria tipo: estado

Tal categoria deve ser selecionada quando um a resposta verbal do tipo e sta d o do
terapeuta é encerrada sem que um a nova resposta verbal do tipo e sta d o do m esm o
falante seja iniciada.
Q uando não há outra resposta verbal do terapeuta do tip o esta d o , a categoria T
s il ê n c io deve ser m antida ativada, m esm o se outra categoria verbal do tipo e v e n to do
terapeuta ocorrer.

206 seção 3
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO 1-2
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL NÃO VOCAL DO TERAPEUTA

As categorias a seguir referem -se à com unicação não vocal (gestos com unicativos).
E ntende-se po r com unicação não vocal as respostas m otoras, gestos ou expressões
faciais que são substitutas com uns de verbalizações, isto é, ações cujos significados são
com partilhados entre em issor e receptor.
Gestos com unicativos e expressões faciais são considerados com o com unicação
não vocal apenas quando ocorrem na ausência de qualquer verbalização, nitidam ente
com o signos da interação terapeuta-cliente. São categorizados p o r m eio das categorias
a seguir, com função análoga à de seus correspondentes verbais.

apêndice 207
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE FACILITAÇÃO/CONCORDÂNCIA


Sigla: GCT
Nome resumido: CONCORDÂNCIATERAPEUTA
Categoria tipo: evento

E stão inclusos nessa ca teg o ria


1. M eneios com a cabeça: fazer que “sim” com a cabeça, sugerindo concordância,
interesse no assunto ou ação cio interlocutor e/ou solicitando a continuidade
da fala do interlocutor.
2. G estos de aprovação: consistem , por exemplo, em levantar o polegar enquanto
os outros dedos perm anecem fechados (“joia”, “ok”).
3. G estos ou expressões faciais de aprovação concordantes: gestos ou expressões
que concordam com o relato do outro falante ou que sugerem cuid ad o /
acolhim ento.
4. G estos ou expressões faciais de negação ou preocupação: gestos ou
expressões de negação ou preocupação, m as que sugerem concordância com
relação a um a verbalização do interlocutor ou cuidado/acolhim ento.

C a ra cteriza çã o geral da categ o ria


C oncordância T erapeuta contem pla respostas m otoras, gestos ou expressões
faciais do terapeuta que ocorrerem na ausência de qualquer verbalização deste, cujo
significado é com partilhado pela cultura com o concordância, aprovação, com preensão
com relação à fala do interlocutor, e que ocorrerem nitid am en te com o signos da
interação terapeuta-cliente.

C rité rio s de inclusão o u exclusão


Q uando ocorrem gestos ou expressões faciais de negação ou preocupação e há
dúvida de seu significado ser relacionado a cuidad o /aco lh im en to ou a discordância,
categorize G esto outros .

208 secão 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE DISCORDÂNCIA


Sigla: GDT
Nome resumido: DISCORDÂNCIA TERAPEUTA
Categoria tipo: evento

E stão inclu so s nessa categoria


1. B alançar a cabeça lateralm ente: fazer “não” com a cabeça, sugerindo
discordância, descrença, reprovação com relação à fala ou ação do interlocutor.
2. G estos com as m ãos: gestos que indicam reprovação, discordância ou
descrença com relação à fala ou ação do cliente.
3. G estos ou expressões faciais de reprovação, negação ou p reocupação: gestos
ou expressões que sugerem discordância, descrença, reprovação com relação a
um a fala ou ação do interlocutor.

C a ra cteriza çã o geral d a categ o ria


D iscordância terapeuta contem pla respostas m otoras, gestos ou expressões
faciais do terapeuta que ocorrem na ausência de q ualquer verbalização e que, na cultura
do indivíduo que a em ite, têm o significado de oposição, discordância, descrença ou
reprovação. D iscordância terapeuta deve ser direcionada a um a verbalização ou
ação do cliente e ocorrer nitidam ente com o signo da interação terapeuta-cliente.

C rité rio s d e in clu são o u exclusão


a. Q u ando ocorrem gestos ou expressões faciais de negação ou preocupação
e há dúvida sobre seu significado ser relacionado a reprovação, negação ou
discordância, categorize G esto outros .
b. C omando precede D iscordância . Q uando em dúvida entre gestos de
C omando ou D iscordância , categorize C omando .

apêndice 209
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE PEDIDO/ORDEM/COMANDO/INCENTIVO


Sig la:-G M T
Nome resumido: COM AND O TERAPEUTA
Categoria tipo: evento

Estão inclusos nessa categoria


1. Qualquer gesto com as mãos ou a cabeça: gestos ap ontando ou indicando
algum objeto ou evento e sugerindo que o cliente olhe em direção, pegue o
objeto ou se dirija ao ponto indicado.
2. Gestos com as mãos espalmadas: gestos com a palm a da m ão dirigida ao
interlocutor, sugerindo ordem de parada ou in terru p ção da verbalização ou
ação em curso.
3. Gestos ou expressões de pedido, ordem, comando ou incentivo: gestos ou
expressões faciais que sugerem pedido, ordem , com ando ou incentivo com
relação a um a ação ou verbalização do cliente.

Caracterização geral da categoria


C omando terapeuta com preende respostas m otoras, gestos ou expressões faciais
do terapeuta que ocorrem na ausência de qualquer verbalização, cujo significado é
com partilhado pela cultura com o relacionado a pedido, ordem ou incentivo, ou que
sugerem algum tipo de contenção do cliente, ordenação ou organização do am biente
da sessão. D evem ocorrer nitidam ente com o signos da interação terapeuta-cliente.

Critérios de inclusão ou exclusão


C omando precede D iscordância . Q uando em dúvida entre gestos de C omando
ou D iscordância , categorize C om ando .

210 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

OUTRAS RESPOSTAS NÃO VOCAIS


Sigla: GOT
Nome resumido: GESTO OUTROS TERAPEUTA
Categoria tipo: evento

E stão inclu so s nessa ca teg o ria


Respostas m otoras, gestos ou expressões faciais do terapeuta que ocorrem na
ausência de qualquer verbalização, cujo significado n ão é contem plado nas categorias
anteriores. D evem ocorrer nitidam ente com o signos da interação terapeuta-cliente.

C ritérios de inclusão ou exclusão


a. G esto outros só deve ser categorizado quando ocorrem gestos claram ente
com unicativos e relevantes. M udanças sutis na expressão facial do terap eu ta
não devem ser consideradas nessa categoria.
b. Q u ando ocorrem gestos ou expressões faciais de negação ou preocupação
e há dúvida de seu significado ser relacionado a reprovação, negação ou
discordância ou a cuidado/acolhim ento, categorize G esto outros .

)
1 apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 211
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

REGISTRO INSUFICIENTE
Sigla: TIN
Nome resumido: INSUFICIENTE TERAPEUTA
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria


Q ualquer ação do terapeuta cuja identificação está im possibilitada devido a
qualquer problem a no áudio do filme.

C ritérios de inclusão ou exclusão


a. Verbalizações são categorizadas com o I nsuficiente terapeuta apenas
quando não podem ser identificadas m esm o depois de observadas p o r três
vezes.
b. Falas interrom pidas do terapeuta, cujo conteúdo identificável não é suficiente
para a categorização em um a das categorias anteriores, são classificadas com o
Insuficiente terapeuta .

212 seção 3
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO I - 3
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO CLIENTE

As categorias a seguir referem-se a verbalizações do cliente dirigidas ao terapeuta.

T ipo de e v e n to aos q u a is as ações do clien te p o d e m se referir

Os eventos podem incluir ações do cliente e ou de terceiros, sentim entos, em oções,


pensam entos, ações públicas, interações com terceiros e fatos diversos, com portam ento
do cliente, do terapeuta ou de terceiros.

O rig e m do e v e n to n a sessão

Os eventos a que as ações do cliente se referem podem ter sido relatados ou


observados pelo terapeuta ou pelo cliente.

T e m p o e m q u e o e v e n to e m q u e stã o f o i o b se r v a d o /re la ta d o p e lo clien te

A ação ou verbalização do cliente pode se referir a (a) eventos ocorridos/relatados


im ediatam ente antes na sessão; (b) eventos ocorridos/relatados em outros m om entos
da m esm a sessão; (c) eventos ocorridos/relatados em sessões anteriores; (d) eventos
ocorridos no passado ou (e) especulações sobre eventos futuros.

1 ) apêndice 213
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE SOLICITA INFORMAÇÕES, OPINIÕES, ASSEGURAMENTO,


RECOMENDAÇÕES OU PROCEDIMENTOS
Sigla: SOL
Nome resumido: SOLICITAÇÃO
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria


1. Solicitação de informações ou esclarecimentos: cliente solicita ao terapeuta
inform ações, confirm ações ou esclarecim entos a respeito de eventos, da
racional da terapia ou do andam ento da sessão.
Exemplos:
» C: Q u a n to te m p o você a ch a q u e a te ra p ia v a i d u r a r ? [SOLl
» C: Só q u e eu n ã o e n te n d i m u ito b e m , c o m o é q u e é? [SOL]
» C: E com ecei. F u i e s tu d a r à n oite, e... c o m ecei a fu m a r m a c o n h a , f o i indo,
f o i indo, f o i in d o e, d e u no q u e d eu . [REL]. M a s p o r q u e q u e a g e n te fa l o u
dessa h istó ria to d a ? [SOL]

2. Solicitação de avaliação: cliente solicita ao terapeuta que avalie seu


com portam ento ou o com portam ento de terceiros, em ita um diagnóstico sobre
o seu problem a ou o problem a de terceiros; ou, ainda, solicita que o terapeuta
analise seu problem a ou de terceiros.
Exemplos:
» C: A í tin h a u n s v e rsin h o s q u e e u escrevi p a ra ele q u e eu tr o u x e p r a v o c ê p r a
v e r se eu n ã o e sto u e x a g e ra n d o na p e d id a ... [SOL]
» C: Você a ch a q u e isso é p o ssível p a r a m im ? [SOL]

3. Solicitação de recom endações: cliente solicita ao terap eu ta que este sugira


alternativas de resposta ou cursos de ação possíveis.
Exemplo:
» C: O q u e eu p o d e r ia f a z e r se ela c o m e ç a r co m isso n o v a m e n te ? [SOL]

4. Solicitação de procedimentos: cliente solicita que o terapeuta utilize


determ inados procedim entos ou técnicas, m aneje d eterm in ad a questão
ou tem a ou sugere ao terapeuta o que este deve fazer com relação ao seu
tratam ento.

214 seção 3
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplos:
» C: O Z . f a l o u q u e te m q u e se r tr a b a lh a d o isso, viu?... [SOL]
» C: E u q u e ro q u e você m e e n sin e a a p lic a r a exp o siçã o p a r a p â n ic o . [SOL]
» C: E u v im a q u i p o r q u e m e u p s iq u ia tr a m e disse q u e eu p reciso d e u m a
te ra p ia d e e x p o siç ã o p a r a o T O C . [SOL]

5. Solicitação de asseguramento: cliente solicita ao terapeuta asseguramento


sobre a ocorrência (ou não ocorrência) de determinados eventos, sobre fatos
ou sobre a correção de sua (do cliente) avaliação ou opinião a respeito de
eventos.
Exemplos:
» C: A í e u fa le i p ra ele q u e isso é p o r c a u sa de a lg u m tr a u m a d e in fâ n c ia .
[REL] Você n ã o a c h a q u e p o d e se r isso? [SOL]
» C: E u n ã o e sto u fi c a n d o louco, estou? [SOL]
6. Apresentação da demanda: cliente descreve com portamentos, estados ou
situações que ele gostaria de atingir com a ajuda do terapeuta.
Exemplo:
» C: E u q u e ro a p re n d e r c o m o eu p o sso m e lh o r a r a m in h a relação co m m e u
filh o . [SOL]

Caracterização geral da categoria


Solicitação é caracterizada por verbalizações em que o cliente apresenta pedidos
ou questões ao terapeuta.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Perguntas do cliente sobre a experiência ou vida pessoal do terapeuta são
categorizadas como Solicitação .

1 ) apêndice 215
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE RELATA EVENTOS


Sigla: REL
Nome resumido: RELATO
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria


1. Relato de informações sobre eventos: cliente descreve fatos ocorridos,
inform ações específicas, detalhes ou esclarecim entos a respeito de eventos.
Exemplos:
» C: E le fa l o u “é, m a s p r a sa ir co m a R você sai, n é ? ”. B o m , d a í no sá b a d o eu
fu i lá, c o n versei p o r q u e eu esta va b e m e tal, sá b a d o e d o m in g o eu n ã o f u i

p a r a a ch á ca ra p o r q u e na q u in ta era s e m a n a s a n ta ta l e u j á ia, né, ele m e

ligou sá b a d o e d o m in g o , ligou s e g u n d a tal, ligou to d a s as vezes q u e eu te


fa le i. [REL]

» T: E corno f o i q u e você d e sc o b riu q u e esta va c o n ta m in a d o ?


C: N a v e rd a d e assim : E u fa z ia u m ... Faço a in d a u m a c o m p a n h a m e n to de
h e p a tite . Q u e eu te n h o h e p a tite crônica, sei lá... d e sd e 80. E... a í nesse

a c o m p a n h a m e n to eu p e d i p a r a o m é d ic o f a z e r u m teste de H IV , p o rq u ê ...

m e u p a rceiro n ã o era lá m u ito confiável. C o m issá rio , cê sabe c o m o q u e

é. A í, n ã o sei, b a teu . Falei, “N ã o ”. Q u e ro fa z e r , q u ero v e r o q u e q u e tá

p e g a n d o a q u i. N ã o q u e tivesse a lg u m p ro b le m a . Pelo co n trá rio . N ã o


tin h a n a d a , m e se n tia m u ito b e m . [REL]
» C: F icou 8 x 3,5... o ito p o r três e m eio ... d a í eu su a v a f r i o tá... d a í eu f u i ao
c a rd io lo g ista d e m a n h ã . F iz e le tro c a rd io g ra m a , f i z eletro. E le f e z eu fica r

d e s o u tie n e ca lcin h a , ele m e d iu lo d o o p u ls o d e sd e a ve ia te r m in a l, desd e

o p é n a v irilh a a té a q u i n a ca ró tid a , f o i m e d in d o tu d o o n d e tin h a p u lso ,


ele fa lo u ; o lh a o coração está b o m ... [REL]

2. Relato de eventos anteriormente registrados: cliente relata seus registros


efetuados sobre a ocorrência de eventos, com o parte de u m a técnica
terapêutica ou coleta de dados solicitados pelo terapeuta.
Exemplo:
» C: Eu m arquei aquelas coisas que você m e pediu, m as não deu pra fazer
em todas as vezes... olha... na segunda-feira, eu tive um a crise pequena,

216 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

e o grau de ansiedade foi sete... foi no dia que eu tin h a que fazer aquela
entrevista. [REL]

3. Relato de sentimentos e em oções: cliente relata ao terapeuta ter vivenciado,


estar vivenciando ou prevê que poderá vivenciar um a resposta em ocional.
Exemplos:
» C: E ele c a iu fo r a ... então, assim : a cabeça v a i a m ilh ã o . E u p a s s e i o sá b a d o
assim , q u e n e m u m leão fe ro z n a ja u la . A í, q u a n d o , fo i à n o ite eu fa lei
“não, p a r a co m isso. N ã o va i se d e p r im ir agora p o r u m a p e sso a q u e você

m a l conhece, n e m sa b e d a o n d e v e io ”. N ã o é a p r im e ir a vez, aliás, Iodas

as vezes m e a co n tec e isso. Fico m a l p r a cacete. A í, d e p o is eu vo u m e


re a b ilita n d o . [REL]
» C: E n tã o ... eu n ã o sei e x a ta m e n te o p o r q u e eu e sto u a q u i... eu sei q u e eu
a n d o s e m m u ito â n im o p r a f a z e r as coisas... e p a re c e q u e está tu d o b e m ...
n ã o sei. [REL]
» T: Você co n seg u iria m e d iz e r e m q u e m o m e n to s essa a n g ú stia aparece? [SRF]
C: É s e m p re q u e eu m e d o u co n ta d a q u a n tid a d e d e coisas q u e eu p o d e r ia te r
fe i to e q u e fic a r a m p ra trás... [CER] d ó i m u ito sa b e r q u e eu p e r d i ta n ta
coisa p o r ca u sa d e u m a d o e n ç a id io ta c o m o essa. [REL]
» C: N o ssa ... eu j á tô im a g in a n d o a m in h a alegria na ho ra e m q u e ele chegar!
[REL]
» C: E sto u triste, T. To m a l... To p e r d id in h a de n ovo... N a s e m a n a p a s s a d a
a ch ei q u e esta va u m p o u q u in h o m a is fir m e assim , e m relação às m á g o a s,

às coisas p a ss a d a s, m a s n ã o e sto u não. [REL]


» C: E n tã o , assim : eu j á v i q u e e u n ã o g o sto d e f a z e r o q u e e u fa ç o . E u n ã o
g o sto d e e sta r a li p a r tic ip a n d o d a q u ilo (...) F a ze r o quê? ... E u n ã o te n h o
estu d o . N ã o g o sto de estudar. (...) E u sei q u e está errado. E stá super, super,

s u p e r errado. E u sei q u e eu te n h o ca p a cid a d e . E u sei q u e eu ten h o . A la s eu

n ã o consigo ir p a r a u m a escola, eu n ã o consigo estu d a r, a li se n ta d o . [REL]


» C: A í a g e n te a c a b o u d is c u tin d o feio... a í q u a n d o a co n tec e isso eu fic o
p e n s a n d o ... d e q u e a d ia n to u ta n to in v e s tim e n to nessa h istó ria ? E u m e
dedico, m e dedico, p r a isso? M e d á u m a tr iste za ... [REL]

217
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
apêndice

'
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4. Relato de estados motivacionais ou tendências a ação: verbalizações que


sugerem a “força” ou a probabilidade da ocorrência de alguma resposta
possivelmente relacionada com uma emoção.
Exemplos:
» C: N a q u e la h o ra eu só q u e ria g r ita r e sa ir co rre n d o dali... [REL]
» C: E u te n h o u m a v o n ta d e de p e g a r ele no colo e e n c h e r d e p a lm a d a s ...
[REE]
» C: É in ú til. E u m e p e r g u n to p o r q u e eu v im a q u i hoje. S e ria m e lh o r eu p a r a r
a tera p ia . [REL]

» C: C h eg o u ao p o n to n o q u a l eu n ã o p e n s e i q u e e u pudesse v iv e r c o m ele
m a is p o r q u e ele era tã o d ifíc il (se re fe rin d o a se u filh o ) . E u a té tiv e v o n ta d e
d e m a tá -lo . E le é tã o ru im ... [REL]

» C: A q u e la va ca d a m in h a ir m ã c o n tin u a f a z e n d o as m e s m a s coisas. E sto u


tão c a n sa d a de fi c a r te n d o q u e p r o v a r o te m p o to d o p r a s p e sso a s q u e as

coisas q u e ela d iz sã o tu d o m e n tir a . À s v e ze s te n h o v o n ta d e d e su m ir, p ra


eles s e n tir e m u m p o u c o a m in h a fa lta . [REL]

e. Julgamento ou avaliação: cliente relata sua opinião, julgamento ou avaliação a


respeito de eventos.
Exemplos:
» C: É... f o i a té e n g ra ç a d o . C h eg a c o m u m c a lh a m a ç o d e flo r e s (risos).
N u n c a recebi flo r e s n a m in h a v id a . (riso s) A c h e i a q u ilo o a b su r d o d o
a b su rd o . [REL]

» C: O M . é m e s m o u m a p e sso a risível... fica o te m p o to d o p o s a n d o de


b o n z in h o e n ã o p a ssa d e u m in c o m p e te n te m e tid o a besta. É in c rív e l c o m o

ele c o n seg u e e n g a n a r to d o m u n d o co m a q u e la cara d e bo i so n so ... [REL]

Caracterização geral da categoria


R elato contempla verbalizações em que o cliente descreve ou informa o terapeuta
sobre a ocorrência de eventos, ou aspectos relativos a eventos, respostas emocionais
suas ou de terceiros, seus estados m otivacionais e/ou tendências a ações, sem
estabelecer relações causais ou funcionais entre eles.

218 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Critérios de inclusão ou exclusão


a. R elato inclui respostas para perguntas do terapeuta ou informações factuais
sobre eventos passados ou presentes.
b. R elato pode ser categorizado tanto em situações em que o terapeuta solicita
maiores detalhes ou esclarecimentos sobre a queixa do cliente ou eventos
relatados pelo cliente como em situações de conversa ou “bate-papo” sobre
assuntos diversos.
c. Caso o pesquisador tenha como objetivo analisar as emoções no processo
terapêutico, deve considerar tanto as ocorrências das subcategorias de R elato
de R elato de estados m otivacionais ou tendências a ação quanto as classes
relativas ao qualificador Tom emocional.

apêndice 219
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

¥
CLIENTE RELATA MELHORA OU PROGRESSO TERAPÊUTICO
Sigla: MEL
Nome resumido: M ELHORA
Categoria tipo: estado

E stão inclusos n essa categ o ria

1. R elatos de g an h o s terapêuticos: cliente relata ganhos em m etas im portantes


ou positivas, ou dim inuição de problem as com relação a queixas m édicas ou as
suas queixas terapêuticas.
Exemplos:
» C: E u f i q u e i m u ito o rg u lh o so q u a n d o eu v i q u e eu d e i c o n ta d e f a z e r
a q u ilo . [MEL]
» C: E sto u m e s e n tin d o m u ito b e m . D e p o is da in te rn a ç ã o assim : to d o s os
m e u s p r o b le m a s a c a b a ra m , sa b e - fis ic a m e n te fa la n d o . [MEL]

2. R elatos de m u d a n ça s positivas no co m p o rtam e n to de terceiros: cliente relata


m elhoras com relação ao com portam ento de terceiros que têm relação com a
queixa apresentada pelo cliente.
Exemplo:
> C: A s coisas e stã o b e m m a is tr a n q u ila s... O P. está m a is a ten cio so ... ele
está e n te n d e n d o q u e e u p re c iso d e a lg u n s m o m e n to s n o s q u a is e u p reciso
c u id a r d a s m in h a s coisas, fi c a r u m p o u c o c o m ig o m e s m a ... [MEL]

3. Relatos de autocontrole: relato de m edidas de autocontrole ou m edidas que


o cliente tom ou por conta própria para m udar certos com p o rtam en to s ou
situações.
Exemplos:
» C: e n tã o eu c o m ecei a c a m in h a r to d a n o ite, a n te s d e ir d o r m ir . [MEL]
» C: Você vê q u e eu e sto u b e m m a is c o n tro la d a . [MEL]
» C: A o c o n trá rio d o q u e eu v in h a fa z e n d o , o n te m eu im a g in e i cen a s ca lm a s,
e isso m e a ju d o u a re la x a r e p e g a r n o so n o m a is r a p id a m e n te . [MELJ
» C: É c o m o eu te disse, n a s e m a n a p a ss a d a . E u tô c o m e ç a n d o a f a z e r isso,
sabe. E u tô m e im p o n d o m a is p ra sair, p ra c o n h e c e r g e n te , e n te n d e u ? Tô

c o n h e c e n d o m a is g e n te . [MEL]

220 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4. Relatos de autoconsciência: cliente relata ter descoberto, tomado consciência


ou passado a aceitar ou compreender eventos dos quais ele até então não
havia se dado conta ou não havia compreendido, sugerindo explicitamente
um ganho do ponto de vista terapêutico (com verbalizações do tipo “agora eu
entendo”, ou “agora faz sentido”, “é isso!” “é claro!”). Esse tipo de verbalização é
conhecido na literatura clínica sob o termo insight.
Exemplo:
» C: D ep o is d a sessão p a s s a d a eu fi q u e i p e n s a n d o e m tu d o o q u e a g e n te
c o n v e rso u e v i que, de fato, o c a s a m e n to a c a b o u h á m u ito te m p o ... ach o

q u e eu esto u co m m e d o d e a s s u m ir isso e co rrer to d o o risco. [MEL]

Caracterização geral da categoria


M elhora é caracterizada por verbalizações em que o cliente relata mudanças
satisfatórias com relação a sua queixa clínica, problemas médicos, comportamentos
relacionados a sua queixa ou com portam entos considerados pelo cliente ou pelo
terapeuta como indesejáveis ou inadequados (independentemente da concordância
de ambos quanto à melhora).

Critérios de inclusão ou exclusão


Q u an do o cliente descreve fatos ocorridos que exem plificam a situação descrita
por ele com o M elhora , categorize M elhora .

apêndice 221
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE FORMULA METAS


Sigla: MET
Nome resumido: METAS
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria

1. Planejamento de estratégia: cliente contribui com planos para m u d ar sua


estratégia de ação por conta própria.
Exemplo:
» C: E u ach o q u e u m p r im e ir o p a sso d e v e se r eu ir c o m u m a a m ig a a u m
re sta u ra n te . [MET]

2. Proposta de ações futuras: cliente propõe ações futuras (solicitadas ou não


pelo terapeuta) para a solução de problem as específicos.
Exemplos:
» T: E o q u e você p r e te n d e f a z e r a respeito disso? [SRE]
C: V ou ligar p a r a ela e c o n v e rsa r sobre o q u e a co n te c e u . [MET]
» C: T o m e i u m a decisão... e u vo u p e d ir a d isso lu çã o d a so c ie d a d e c o m m e u s
ir m ã o s [MET]

Caracterização geral da categoria


M etas contempla verbalizações do cliente nas quais ele descreve seus projetos,
planos ou estratégias para a solução de problemas trazidos como queixas para a terapia.
Critérios de inclusão ou exclusão
a. Verbalizações que começam com “eu acho que...”, “penso que o melhor a
fazer é...”, quando se referem a projetos e ações futuras do cliente, devem ser
classificadas como M etas, e não R elato .
b. Relatos de desejos ou vontades são considerados como descrição de estados
motivacionais e/ou tendências a ação e, portanto, categorizados como R elato
apenas quando se referem a tendências imediatas à ação. Quando se referem
a projetos futuros ou propostas de ações a serem executadas fora da terapia,
devem ser categorizada como M etas.

222 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplo:
» C: T en h o u m a v o n ta d e d e f a l a r u m a s p o u c a s e bo a s p a r a a q u e la f u l a n i n h a
[REL],
C: U m d ia a in d a v o u co n se g u ir fa z e r isso [MET].
c. Na dúvida entre Relato e M etas, categorize R elato.
d. M etas diferencia-se de M elhora porque esta é apenas um relato de eventos
e medidas já ocorridos, enquanto aquela inclui descrição de planos e ações a
serem executados.

apêndice 223
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE ESTABELECE RELAÇÕES ENTRE EVENTOS


Sigla: CER
Nome resumido: RELAÇÕES
Categoria tipo: estado

E stão in clusos nessa categ o ria


1. E stabelecim ento de relações explicativas: cliente fornece razões para seu
com portam ento ou de terceiros ou estabelece relações explicativas ou causais -
relações do tipo “se... então”.
Exemplos:
» C: E u acho q u e eu tra b a lh o ta n to p o r q u e a ssim e u e v ito d iscu ssõ es e m casa.
[CER]
» C: É u m b loqueio, esto u lu ta n d o c o n tra isso. [CER]

2. Identificação de regularidades, relações de co n tig u id ad e ou de correlação


en tre eventos: cliente descreve sua observação sobre padrões recorrentes de
com portam entos seus ou de terceiros ou identifica eventos correlacionados ou
tem poralm ente próxim os sem explicitar caráter causal.
Exemplos:
» C: É en g raçado... to d a s as v e ze s q u e eu q u e ro as coisas d e v e rd a d e , elas
a c a b a m n ã o d a n d o certo. [CER]
» C: É s e m p re assim ... to d a s a s v ezes q u e ele chega e m casa tarde, ele a r r u m a
a lg u m m o tiv o p r a brigar, e a í eu n ã o consigo d iz e r p ra ele o q u a n to m e

d e ix a n e rv o s a a h o ra q u e ele chega... [CER]

3. A tribuição de diagnóstico: cliente atribui diagnóstico ou rótulo relativo a


algum padrão de interação ou conjunto de sintom as seus, de terceiros ou do
terapeuta.
Exemplos:
» C: E u ach o q u e estou d e p rim in d o ... [CER]
» C: E ssa h istó ria d e fic a r d e sv ia n d o a a ten çã o o te m p o inteiro m e p a rece m u ito
c o m o D éficit d e A ten çã o . E u acho q u e m e u p a i tin h a isso ta m b é m ... [CER]
» C: H o je eu ach o a té q u e ela tá com S ín d r o m e do P ânico, p o r q u e ela tá co m
u m a s coisas... [CER]

224 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

4. E stabelecim ento de síntese: sínteses ou conclusões form uladas sobre seu


com portam ento ou sobre outros eventos, independentem ente da concordância
do terapeuta (desde que tal síntese sugira um a razão ou explicação para algum
com portam ento do cliente ou de terceiros).
Exemplo:
» C: A í eu fic o p e n s a n d o ... Q u e m m a is m e d e ix a tão ir rita d a dessa fo r m a ? Só
p o d e se r a m in h a m ã e ... eu esto u a g in d o c o m ele d a m e s m a fo r m a c o m o
e u ajo c o m a m in h a m ã e. [CER]

5. Inferências: suposições sobre a ocorrência de sentim entos de terceiros que não


ten ham sido relatadas ou descritas por qualquer pessoa.
Exemplos:
» C: E u fi q u e i com dó... fi q u e i p r e o c u p a d a c o m ele... u m s e n tim e n to q u e eu
a ch o q u e ele n ã o te m p o r m im ... [CER]
» C: E le tá f a z e n d o a q u ilo obrigado, p ra n ã o m e chatear, p o r q u e n a tu r a lm e n te
ele n ã o fa r ia isso... [CER]
6. P revisão sobre eventos futuros: cliente supõe a ocorrência fu tu ra de eventos
ou com portam entos seus ou de terceiros.
Exemplo:
» C: M e u ú n ic o receio é q u e r isso m a sc a re u m a situ a ç ã o e n te n d e ? Q u e a g e n te
p o ssa s e n tir d ep o is d e u m a n o o u d o is q u e a g e n te tiv e r nosso filh o ... [CER]

7. Reflexões que co n d u zem a razões, a explicações ou a análises de


consequências: cliente discorre a respeito de seus pensam entos ou reflexões
sobre determ in ad o tem a, elaborando algum tipo de relação explicativa, causal
ou de regularidade entre eventos, ou levantando alternativas de ação e suas
possíveis consequências (análise de consequências).
Exemplos:
» C: E u fic o p e n s a n d o ... p ra q u e se rv e tu d o isso? A g e n te tra b a lh a , tra b a lh a ,
a í p o r q u e a g e n te tra b a lh a ta n to , acha q u e te m o d ire ito de c o m p ra r tu d o o
q u e é b o b a g e m ... e a í se e n d iv id a a té n ã o p o d e r m a is... e p r e c is a tr a b a lh a r
m a is e m a is... q u e s e n tid o te m ? [CER]
» C: E u a té ta v a le n d o u m a rep o rta g e m lá n a sala de espera d iz e n d o o p o rq u ê
q u e m u lh e r chora ta n to ... eu p e n se i... será q u e é u m a coisa d e m u lh e r

en tã o ? [CER]

1 / apêndice 225

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

» C: A í a g e n te a c a b o u d is c u tin d o feio... [REL] a í q u a n d o a co n tec e isso eu


fico p e n s a n d o ... d e q u e a d ia n to u ta n to in v e s tim e n to nessa h istó ria ? E u m e
dedico, m e dedico, p r a isso? M e d á u m a tr iste za isso... [CER]

Caracterização geral da categoria


Relações é caracterizada por verbalizações em que o cliente estabelece relações
causais e/ou explicativas (funcionais, correlacionais ou de contiguidade) entre eventos,
descrevendo-as de forma explícita ou sugerindo-as por meio de metáforas ou analogias.

Critérios de inclusão e exclusão


a. Quando uma verbalização do tipo R elações inclui a descrição de eventos
que dão elementos para a relação estabelecida, registre a ocorrência de ambas
as categorias - Relações e Relato - cada uma no segmento apropriado da
interação.
b. Relações inclui o raciocínio (premissas, hipóteses, argumentos) apresentado
imediatamente antes da formulação de uma conclusão ou de uma explicação,
desde que ocorra dentro de uma mesma verbalização do cliente.
c. O início de ocorrência de um a verbalização do tipo Relações é m arcado
tipicam ente p or palavras do tipo “porque”, “então”, “assim...” “é que...”, “eu
acho que...” “eu fico pensando...” E ntretanto, o sim ples uso de tais term os
(ou a descrição de eventos em sequência, ou ainda eventos tem poralm ente
próxim os), não caracteriza necessariam ente a ocorrência de um
estabelecim ento de Relações. Um a verbalização desse tipo só é categorizada
com o Relações quando faz referência a padrões recorrentes, relações de
contiguidade ou explicações.
d. Verbalizações do cliente que ocorrem im ediatam ente após um a solicitação
de reflexão po r p arte do terapeuta são tipicam ente caracterizadas com o
Relações, a não ser que o cliente desvie o assunto ou solicite mais
inform ações.
c. Q uando o cliente afirm a que não consegue ou que tem dificuldade em
entender o porquê de algum evento ocorrer, em bora não contenha n en h u m a
relação estabelecida, indica um a tentativa de estabelecim ento de relações ou
sugere que esse é um evento irregular e que, portanto, não haveria explicação
para sua ocorrência. Em qualquer dos casos, a verbalização do cliente deve ser
categorizada com o Relações.

226 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

f. Q u ando um a pergunta é feita com o p arte de um a relação estabelecida pelo


cliente, ou com o pedido de confirm ação de relação estabelecida pelo cliente,
não é registrada a categoria Solicitação; apenas registre a ocorrência da
categoria Relações.
g. N a dúvida entre R elações e Solicitação, categoriza Solicitação.
h. Reflexões do cliente que apenas discorrem sobre pensam entos ou sentim entos
do cliente com relação a eventos, m as sem estabelecer n en h u m tipo de relação
causal, explicativa, correlativa ou de contiguidade entre eventos, não são
categorizadas com o R elações, e sim Relato.
i. Em um a verbalização que estabelece relações de contiguidade entre eventos,
deve estar explícito no relato do cliente que ele estabelece relação entre os
eventos. Caso contrário, categorize Relato. A m era descrição de eventos
em sequência tem poral não caracteriza o estabelecim ento de Relações. Na
dúvida entre Relações e Relato, categorize Relato.
j. Na dúvida entre Relações e Relato, categorize Relato.

apêndice 227

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE RELATA CONCORDÂNCIA OU CONFIANÇA


Sigla: CON
Nome resumido: CONCORDÂNCIA
Categoria tipo: estado

Estão inclusos nessa categoria

1. Avaliações favoráveis sobre o terapeuta: cliente expressa julgam ento ou


avaliação favorável a respeito de sugestões, análises ou afirm ações em itidas
pelo terapeuta, sejam estas im ediatam ente antecedentes ou não.
Exemplos:
» C: Ê. Você te m razão. E u a n d o e v ita n d o m u ito c e rta s coisas. [CON]
C: L egal... boa ideia... [CON] A in d a h o je v o u ligar p ro m e u o rie n ta d o r... a i
v o u co n v e rsa r sobre a d a ta d a defesa co m ele. [REL]

2. Relatos de esperança: cliente relata estar esperançoso de que o trabalho


terapêutico poderá ajudá-lo.
Exemplo:
» C: sabe... eu n ã o so u m u ito d e a c re d ita r e m tera p ia ... m a s dessa v e z estou
a c h a n d o q u e eu v o u co n se g u ir resolver m e u s m e d o s [CON]

3. Relatos de satisfação: cliente relata satisfação ou co ntentam ento com os


resultados alcançados com a ajuda do terapeuta.
Exemplo:
» C: Você é u m a d a s responsáveis, é, você, d e u m a f o r m a a ssim , m u ito
in telig en te, tá sa b e n d o m e c o n d u z ir assim , e n tr e a sp a s [C O N }, p o r q u e eu
to te n d o m a is d is c e rn im e n to , sa b e n d o o q u e é m a is c o n v e n ie n te e o q u e
n ã o é e to te n ta n d o e n c o n tr a r o c a m in h o , n ã o é? S e m ta n to m e d o d e ser
fe liz . [REL]

4. Relatos de seguimento de solicitação de reflexão: cliente relata ter refletido a


respeito de interpretações ou recom endações dadas pelo terapeuta.
Exemplo:
» C: E ssa s e m a n a eu p e n s e i b a sta n te n a q u ilo q u e a g e n te c o n v e rso u na ú ltim a
sessão [CON]... d e fa to , a m e lh o r coisa a f a z e r é e u fi c a r e m casa p o r m a is

228 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

u m te m p o , e d e p o is eu p e n s o se q u e ro m e sep a ra r ou n ã o [MET]... você


tin h a m e s m o razão. [CON]

5. Indicações de atenção: com entários breves ou expressões vocais curtas


em itidas pelo cliente, os quais sugerem que ele está prestando atenção e
que o terapeuta deveria continuar falando. C om entários apresentados após
um a descrição do terapeuta inferem a continuidade da descrição, sugerindo
interesse no assunto e d em onstrando que está atento ao relato.
Exemplos:
» C: claro... [CON]
» C: certo ... [CON]
» T: é im p o r ta n te q u e você p ro c u r e se c o n c e n tra r n a s d a ta s dos...
C : n o s p r a z o s de in scriçã o ... [CON]

6. Indicações de enten d im en to : verbalizações que sugerem com preensão


ou entendim ento de um a inform ação, interpretação ou recom endação
apresentada pelo terapeuta, seguidas ou não da descrição de eventos que
co rroboram a análise ou descrição apresentada.
Exemplo:
» C: é... f a z se n tid o ... so u eu q u e m d evo esco lh er as m in h a s coisas... d e ix a r
os o u tro s d e c id ire m p o r m im é fá c il, m a s eu só a d io o p r o b le m a [CON]

7. Exclam ações de concordância: com entários em form a de exclamação,


apresentados após a descrição de eventos p o r parte do terapeuta, consistentes
com o assunto relatado que indicam interesse nele.
Exemplos:
» C: É m e sm o ? [CON]
» C: N ã o a cre d ito ! [CON]
» C: N o ssa ! [CON]

C a ra cteriza çã o geral da categ o ria


C oncordância é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente expressa
julgamento ou avaliação favoráveis a respeito de afirmações, sugestões, análises ou
outros comportamentos emitidos pelo terapeuta ou relata satisfação, esperança ou

1 ; apêndice 229
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

confiança no terapeuta e/ou no processo terapêutico. Inclui tam bém verbalizações em


que o cliente com plem enta ou resum e a fala do terapeuta ou episódios nos quais o
cliente sorri em concordância com o terapeuta.

Critérios de inclusão/exclusão
a. Q uando, im ediatam ente após um a análise ou recom endação do terapeuta,
o cliente apresenta um a descrição de eventos que co rroboram a análise ou
concordam com a recom endação do terapeuta, categorize C oncordância , e
não Relato.
b. Q uando a concordância é acom panhada de descrição do evento que foi
alvo da concordância, é registrada unicam ente a ocorrência da categoria
C oncordância .
c. Na dúvida entre C oncordância e Relato, categorize Relato.
d. Q uando o cliente relata um a M elhora e, na m esm a sentença, atribui ao
terapeuta a responsabilidade ou o m érito po r essa m elhora, cada trecho da
sentença deve ser categorizado de acordo com a categoria apropriada.
e. Na dúvida entre M elhora E C oncordância , categorize M elhora .
f. Q uando o cliente relata concordância com um a verbalização do terapeuta e,
em seguida, relata algum projeto de m udança ou de ação (M eta), cada trecho
da sentença deverá ser categorizado de acordo com a categoria apropriada.
g. Na dúvida entre M eta E C oncordância , categorize M eta.

230 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE SE OPÕE, RECUSA OU REPROVA


Sigla: OPO
Nome resumido: OPOSIÇÃO
Categoria tipo: estado

E stão in c lu íd o s n essa categoria


1. Q ueixas ou reclam ações sobre a terapia: cliente queixa-se do terapeuta ou
do tratam ento, descreve falhas deste ou critica suas ações, características ou
aparência.
Exemplo:
» C: E sta técnica d e tim e - o u t n ã o está fu n c io n a n d o c o m m e u filh o . [OPOJ
2. Relatos de desco n ten tam en to : cliente relata seu descontentam ento com o
terapeuta, a terapia e/ou certos pontos da terapia ou diz ao terapeuta que ele
não o está ajudando em sua queixa.
Exemplo:
» C: E u a ch o q u e você e seu p ro g r a m a d e tr a ta m e n to n ã o a tin g e m os m e u s
p a d rõ e s p a r a a terapia. [OPO]

3. Indicações de contradição: cliente aponta discrepâncias ou contradições


no discurso do terapeuta (qualquer que seja o tom com que a verbalização é
pronunciada). (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador
Tom emocional .
Exemplo:
» C: A té a s e m a n a p a ss a d a , você disse q u e eu d e v e ria re sp e ita r o m e u r itm o
e agora você v e m m e c o b ra r q u e eu esto u in d o d e v a g a r d e m a is... [OPO]

4. Relatos de se n tim e n to s negativos: relato do cliente de que não gosta do


terapeuta ou de algo que ele faça ou que não está se sentindo bem com algum
aspecto relativo ao com portam ento do terapeuta.
Exemplo:
» C: E u n ã o g o sto do je i to q u e você m e olha... p a re c e q u e te m d o is faróis na
m in h a cara... [OPO]

5. Iro n ia d irig id a ao terapeuta: com entários de qualquer natureza feitos em tom


sarcástico ou hostil com relação ao terapeuta. Cliente ri de algo que o terapeuta

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


apêndice 231
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

disse ou fez. (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador Tom
EM O CIO N A L.

Exemplo:
» C: Se você p e n s a q u e isto v a i fu n c io n a r , você está louco. [OPO]

6. R elatos de in credulidade: com entários do cliente que sugerem incredulidade a


respeito de qualquer verbalização ou ação do terapeuta ou que sugerem que o
terapeuta não tem conhecim ento ou experiência suficiente para ajudá-lo.
Exemplos:
» C: Q u e id a d e você te m 7. [SOE] Você pa re c e tã o n o v in h a ... [OPO]
» C: E u vi no se u c u rr íc u lo L a tte s q u e você te m b a sta n te s p u b lica çõ es. [REL]
Você te m e x p e riê n c ia m e s m o o u é d a q u e le s a c a d ê m ic o s q u e fic a a trá s da

e s c r iv a n in h a ? [OPO]

7. P edidos de in terru p ção : ordens ou pedidos de parada ou m udança do


com portam ento do terapeuta dentro da sessão ou da pró p ria sessão.
Exemplo:
» C: P are d e p e r g u n ta r so b re isso. E u n ã o q u e ro m a is f a l a r so b re esse a ssu n to . [OPO]

8. A m eaças: cliente apresente qualquer tipo de am eaça ao terapeuta.


Exemplo:
» C: A c h o q u e você n ã o tá e n te n d e n d o ... sabe p o r q u e eu p a r e i a m in h a ú ltim a
tera p ia ? P o rq u e eu a rr e b e n te i to d o o c o n su ltó rio dele... [OPO]

9. Recusas: cliente se nega a falar a respeito de u m tem a solicitado pelo terapeuta


ou se recusa a se engajar em algum exercício.
Exemplo:
» E u n ã o estou in teressa d o e m e n sa io c o m p o r ta m e n ta l. E u n ã o so u u m ator. [OPO]

10. D esvios do assunto: verbalizações do ciente que o correm im ediatam ente após
um a solicitação de relato po r parte do terapeuta e que fogem com pletam ente
do assunto solicitado, quer o cliente explicite seu interesse em m u d ar de
assunto, quer não.

232 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Exemplo:
» T: Você j á se d e u c o n ta q u e o se u ú n ic o crité rio p a r a a escolha d e u m curso
é o q u e ele te m d e chato? [INT] (situação em que terapeuta e cliente
discutem a escolha de um curso universitário)
C: M in h a cabeça está d o e n d o ... [OPO]

11. Recusas de elogios: cliente discorda ou se opõe a um elogio feito pelo


terapeuta.
Exemplo:
» T: Você está m u ito b o n ita hoje. [APR]
C: N ã o to b o n ita . Tô c o m u m a r o u p in h a velh a q u e eu achei. [OPO]
12. Relatos de não seguimento: cliente relata o não seguim ento de algum a
recom endação do terapeuta ou que fez algo que o terapeuta havia
desaconselhado, em tom hostil ou de desafio ou acom panhado de crítica à
tarefa proposta. (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador
Tom emocional .
Exemplos:
» C: E u fa l e i p ra você q u e eu n ã o ia f a z e r o q u e você m e p e d iu . [OPO]
» C: N ã o co n se g u i f a z e r a q u e le exercício. A liá s, eu o ach ei m u ito id io ta . [OPO]

Caracterização geral da categoria


O posição é caracterizada por verbalizações em que o cliente expressa discordância,
julgamento ou avaliação desfavoráveis a respeito de afirmações, sugestões, análises ou
outros comportamentos emitidos pelo terapeuta.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Simples correção de fatos não é codificada com o O posição .
Exemplo:
» T: Você m o ra n a R u a C a rd o so de A lm e id a , né? [SRE]
C: N ão, é n a R u a T upi. [REL]
b. A categoria O posição deve referir-se apenas a afirm ações, sugestões, análises
ou outros com portam entos em itidos pelo terapeuta. Não inclui reclam ações
e observações negativas sobre outros assuntos, pessoas, den tro ou fora da
sessão de terapia. Essas declarações entram em outras categorias, conform e sua
adequação.

1 ) apêndice 233

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

c. O posição tam bém é codificada para com portam en to s não verbais de não
seguim ento. Esses com portam entos devem acontecer em seguida a um a
recom endação ou a u m com ando de parada do terapeuta d entro da sessão.
Exemplo:
» T: V a m o s v e r se a g e n te se co n c e n tra n o e xercício ? fREC]
C: L e v a n ta p a r a p e g a r u m a bala. [OPO]
d. Se um pedido é apresentado ao terapeuta em tom claram ente hostil,
sarcástico, de desafio ou com o um a ordem , não categorize Solicitação, e sim
O posição, ainda que a resposta ten h a sido solicitada pelo terapeuta. Nesse
caso, categorize tam bém o respectivo qualificador Tom emocional .
e. Na dúvida entre O posição e Solicitação, categorize Solicitação.
f. Q uando o cliente culpa o terapeuta po r qualquer tipo de problem a que ele está
descrevendo, não é categorizado Relato, e sim O posição .
g. Quando O posição é acompanhada de descrição do evento que foi alvo da
O posição, é registrada unicamente a ocorrência da categoria O posição.
O posição inclui todas as declarações que explicam o porquê de o cliente
discordar do terapeuta.
h. O relato do cliente de que não fez algum a tarefa, ou de que fez algo que
o terapeuta desaconselha, é considerado O posição apenas quando em
tom hostil ou desafiador, ou quando acom panhado de crítica à tarefa ou
recom endação proposta. Q uando não há essas características, utilize a
categoria Relato. Nesse caso, categorize tam b ém o respectivo qualificador
Tom emocional .
i. Na dúvida entre O posição e Relato, categorize O posição .
j. Q uando, im ediatam ente após um a análise ou recom endação do terapeuta, o
cliente verbaliza concordância, m as sugere que, apesar disso, não consegue
m u d ar ou fazer o que foi proposto ou que é culpa sua (do cliente) de as coisas
estarem assim, categorize O posição . O posição inclui verbalizações do tipo
“Sim, mas...”.
Exemplo:
» T: Você p o d e im a g in a r c o m o ela d e v e te r se se n tid o ? [SRE]
C: S im , m a s eu a con h eço m e lh o r q u e q u a lq u e r u m e ach o q u e n ã o f o i n a d a
d e m a is. [OPO]
k. Um a resposta do cliente que preencha os critérios an terio rm en te descritos é
considerada O posição, m esm o que tenha sido solicitada pelo terapeuta.

234 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

l. Verbalizações com o “certo”, “h u m hum ”, “ok”, quando ditas sarcasticam ente, em


tom hostil, desafiador sugerindo que o terapeuta seja m ais rápido ou conclua
logo seu raciocínio, não devem ser categorizadas com o C oncordância , e sim
com o O posição . (*) Nesse caso, categorize tam bém o respectivo qualificador
Tom emocionai..
m. Q u an do o cliente retom a um a análise apresentada anterio rm en te pelo
terap euta (ou m esm o quando ele afirm a que concordou com a análise) com o
justificativa para o seu fracasso em efetuar um a m udança desejada, ou para o
não engajam ento em algo que havia sido planejado, classifique O posição .
n. Na dúvida entre O posição e C oncordância , categorize O utras .

apêndice 235
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

OUTRAS VERBALIZAÇÕES DO CLIENTE


Sigla: COU
Nome resumido: OUTRAS VOCAL CLIENTE
Categoria tipo: estado

Estão incluídos nessa categoria

1. A certos ocasionais: Acertos ocasionais de horário e/ou local da sessão.


Exemplo:
» C: E n tã o fi c a as q u a tr o n a s e m a n a q u e v e m ? [COU]

2. Recuperações de assunto: descrição de diálogos ou assuntos anteriorm ente


discutidos, som ente em casos em que essa descrição foi solicitada pelo
terapeuta devido a este ter perdido ou esquecido o ru m o da discussão ou após
algum a interrupção, para retom ada do assunto.
Exemplos:
» T: D o q u e m e s m o q u e a g e n te ta v a fa la n d o ? [TOU]
C: S o b re a m in h a m ã e. [COU].
» C: (após interrupção da sessão): E n tã o , você esta va m e fa l a n d o so b re a
m ed ica çã o ... [TOU].

3. Outras respostas verbais do cliente: verbalizações ocasionais alheias ao tem a


em discussão que não cabem em nenh u m a categoria anterior.
Exemplos:
» C: Posso fu m a r ? [COU]
» C: N ossa, q u e calor. [COU]
» C: A c h o m e lh o r m a rc a r o e n d ereço a q u i. [COU]

Caracterização geral da categoria


Tal categoria contem pla verbalizações do cliente não classificáveis nas categorias
anteriores. Inclui verbalizações do cliente, ao cu m p rim en tar o terapeuta em sua
chegada ou partida, anúncios de interrupções ou com entários ocasionais alheios ao
tem a em discussão.

236 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Critérios de inclusão ou exclusão


a. São considerados O utras vocal cliente com entários ocasionais, ou seja,
verbalizações do cliente que não acarretam continuidade do assunto (seja
p o r p arte do terapeuta, seja por p arte do cliente). Um com entário desse
tipo deve ser seguido por continuidade do assunto que estava em discussão
anteriorm ente.
Exemplo:
» C: E sse q u a d r o é novo? E u n u n c a h a v ia n o ta d o ele aq u i.

1 ; apêndice 237
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

CLIENTE PERMANECE EM SILÊNCIO


Sigla: CSL
Nome resumido: C SILÊNCIO
Categoria tipo: estado

Essa categoria deve ser selecionada quando um a resposta verbal do tipo estado do
cliente é encerrada sem que um a nova resposta verbal do tipo estado do m esm o falante
seja iniciada.
Q uando não há outra resposta verbal do cliente do tipo estado, a categoria C
silêncio deve ser m antida ativada, m esm o se outra categoria verbal do tipo evento
do terapeuta ocorrer.

238 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO 1-4
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL NÃO VOCAL DO CLIENTE

As categorias a seguir referem -se à com unicação não vocal (gestos com unicativos).
C om unicação não vocal do cliente im plica respostas m otoras, gestos ou expressões
faciais que tipicam ente substituem verbalizações, prescindindo da em issão destas, isto é,
ações cujo significado é com partilhado entre em issor e receptor. G estos com unicativos
e expressões faciais são considerados apenas quando ocorrem na ausência de qualquer
verbalização e ocorrerem nitidam ente com o signos da interação terapeuta-cliente; por
exemplo, balançar a cabeça com o sim ou não; apontar.
São categorizados por m eio das categorias abaixo, sem elhantes às de seus
correspondentes verbais.

1 apêndice 239
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE FACILITAÇÃO/CONCORDÂNCIA


Sigla: CCN
Nome resumido: CONCORDÂNCIA CLIENTE
Categoria tipo: evento

Estão inclusos nesta categoria


1. A ceno com a cabeça: fazer que “sim” com a cabeça, sugerindo concordância,
interesse no assunto ou ação do interlocutor e/ou solicitando a continuidade
da fala do interlocutor.
2. G esto de aprovação: consiste em levantar o polegar enquanto os outros dedos
perm anecem fechados (“joia”, “ok”).
3. G estos ou expressões faciais de aprovação: gestos ou expressões que
concordam com o relato do outro falante ou que sugerem cuid ad o /
acolhim ento.
4. G estos ou expressões faciais de negação ou p reocupação: gestos ou
expressões que sugerem concordância ou com preensão com relação a um a
verbalização do interlocutor ou cuidado/acolhim ento.

C a ra cteriza çã o geral da ca teg o ria


Respostas m otoras, gestos ou expressões faciais do cliente que ocorrem na ausência
de qualquer verbalização do emissor, cujos significados são com partilhados pela
cultura com o relacionados a concordância, aprovação, com preensão com relação à
fala do interlocutor, e que ocorrem nitidam ente com o signos da interação terapeuta-
cliente.

240 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE DISCORDÂNCIA


Sigla: DC
Nome resumido: DISCORDÂNCIA CLIENTE
Categoria tipo: evento

Estão inclusos nessa categoria


1. B alançar a cabeça lateralm ente: fazer que “não” com a cabeça, sugerindo
discordância, descrença, reprovação com relação à fala ou ação do interlocutor.
2. Gesto de reprovação: consiste em abaixar o polegar enquanto os outros dedos
perm anecem fechados.
3. Gestos ou expressões faciais de reprovação, negação ou preocupação:
sugerem discordância, descrença, reprovação com relação um a verbalização do
interlocutor.

Caracterização geral da categoria


Respostas m otoras, gestos ou expressões faciais do cliente que ocorrem na ausência
de qualquer verbalização, cujos significados são com partilhados pela cultura com o
relacionados a oposição, discordância, descrença ou reprovação com relação a um a
verbalização ou ação do interlocutor, e que ocorrem nitidam ente com o signos da
interação terapeuta-cliente.

apêndice 241
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RESPOSTAS NÃO VOCAIS DE PEDIDO/ORDEM/COMANDO/INCENTIVO


Sigla: COM
Nome resumido: COM ANDO CLIENTE
Categoria tipo: evento

Estão inclusos nessa categoria


1. Movimentos da cabeça: em sentido ascendente em direção a algum objeto ou
evento (com o se apontando o objeto com a cabeça), sugerindo que o terapeuta
olhe em direção ou pegue o objeto.
2. Gestos com o indicador: apontando algum objeto ou evento.
3. Gestos com as mãos espalmadas: m ãos espalm adas em direção a algum objeto
ou evento, sugerindo que o terapeuta olhe ou se dirija ao p o n to indicado.
4. Gestos com as mãos espalmadas, com a palma da mão dirigida ao
interlocutor: m ãos espalm adas, com a palm a dirigida ao interlocutor,
sugerindo ordem de p arada ou interrupção da verbalização ou ação em curso.
5. Gestos ou expressões de pedido, ordem, comando ou incentivo: gestos ou
expressões faciais que sugerem pedido, ordem , com ando ou incentivo com
relação a um a verbalização ou a um a solicitação de confirm ação p o r parte do
terapeuta.

Caracterização geral da categoria


Respostas m otoras, gestos ou expressões faciais do cliente que ocorrem na ausência
de qualquer verbalização, cujos significados são co m partilhados pela cultura como
relacionado a pedidos ou ordens ou que sugerem algum tipo de contenção ou pedido
de parada de verbalização ou ação do terapeuta. D evem o co rrer n itid am en te com o
signos da interação terapeuta-cliente.

Critérios de inclusão ou exclusão


Comando c l ie n t e precede D i s c o r d â n c i a c l ie n t e . Q uando em dúvida entre
gestos de C o m a n d o c l ie n t e ou D i s c o r d â n c i a c l ie n t e , categorize C o m a n d o
c l ie n t e .

242 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

OUTRAS RESPOSTAS NÃO VOCAIS


Sigla: GCO
Nome resumido: GESTOS OUTROS CLIENTE
Categoria tipo: evento

Caracterização geral da categoria


Respostas m otoras, gestos ou expressões faciais do cliente que ocorrem na ausência
de qualquer verbalização, cujo significado não é contem plado nas categorias anteriores.
Devem oco rrer nitidam ente com o signos da interação terapeuta-cliente.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. G e s t o o u t r o s c l i e n t e só deve ser categorizado quand o ocorrerem gestos
claram ente com unicativos e relevantes. M udanças sutis na expressão facial do
terapeuta não devem ser consideradas nessa categoria.
b. Q u an d o ocorrem gestos ou expressões faciais de negação ou preocupação
e há dúvida de seu significado ser relacionado a reprovação, negação ou
discordância ou a cuidado/acolhim ento, categorize G e s t o o utro s.

1 ) apêndice 243
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

REGISTRO INSUFICIENTE
Sigla: CIN
Nome resumido: INSUFICIENTE CLIENTE
Categoria tipo: estado

Caracterização geral da categoria


Verbalizações do cliente cujo conteúdo está ininteligível devido a problem as
no áudio do filme ou a qualquer outro problem a que im peça sua identificação e
categorização.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Verbalizações são categorizadas com o I n s u f i c i e n t e c l ie n t e apenas q u ando
são ininteligíveis, ou seja, não puderem ser identificadas m esm o depois de
terem sido observadas po r pelo m enos três vezes.
b. Falas interrom pidas do cliente cujo conteúdo identificável não é suficiente
para a categorização em um a das categorias anteriores são classificadas com o
I n s u f ic ie n t e c l ie n t e .

244 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO 1-5
CATEGORIZAÇÃO DO QUALIFICADOR 1:TOM EM OCIONAL

As categorias a seguir referem -se ao tom em ocional do co m p o rtam en to verbal do


terapeuta e do cliente (Q ualiíicador 1).

Este qualiíicador descreve variações na topografia da resposta verbal do terapeuta


ou do cliente, codificadas com base no afeto sugerido pelas propriedades dinâm icas
do co m p o rtam ento verbal vocal (tom e inflexão da voz, alterações em sua velocidade
ou força) e pelas expressões faciais que acom panham a fala ou os gestos com unicativos
(em especial m ovim entos dos lábios e sobrancelhas). A figura que acom panha cada
qualificador tem com o objetivo ilustrar o tom em ocional descrito.
A categorização desse qualificador deve ser feita especificam ente com base
nas propriedades dinâm icas da fala e das expressões faciais, m esm o que elas sejam
discordantes do conteúdo expresso na verbalização. U m a fala que relate tristeza, por
exemplo, caso seja apresentada acom panhada de sorrisos, será categorizada em seu
T o m E m o c io n a l com o E m o ç ã o p o s it iv a .

Não há especificação, nesse Qualificador, sobre a categoria ser do tipo Evento ou


Estado, um a vez que ela é indexada a um a categoria de resposta verbal.

Para a m elhor com preensão da categorização do tom em ocional, segue-se um


glossário de term os (adaptado de Vieira, 1975, e Crystal, 1980):

A proxim ação palpebral: operação que consiste no deslocam ento da pálpebra


superior em direção à pálpebra inferior e no deslocam ento da pálpebra inferior em
direção à pálpebra superior, no sentido do eixo transversal m ediano da superfície visível
do globo ocular, de tal form a que resulta na dim inuição da distância in tern a entre as
pálpebras e na dim inuição da superfície visível (para o observador) do globo ocular.
C a n to da b oca p a ra baixo: os cantos da boca são deslocados para baixo no sentido
do eixo transversal m ediano da abertura bucal. G eralm ente observado no chorar.
C en h o triste: as pontas internas das sobrancelhas são torcidas e ligeiram ente
levantadas, e as extrem idades externas são abaixadas.
In ten sid ad e da voz: quantidade de energia acústica de um som. A intensidade
depende das variações na pressão do ar. A sua unidade de m ed id a corrente é o decibel.

245
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
1 .) apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

Lábios ap ertados: os lábios su perior e inferior ficam em contato ao longo do eixo


longitudinal da abertura bucal, pressionados, juntos e voltados para d entro cia boca.
Lábios trêm ulos: o lábio inferior é deslocado para cim a e para baixo, no sentido
do eixo transversal m ediano da abertura bucal, seguidam ente (geralm ente a boca está
entreaberta). O bservado no chorar ou no que antecede as vocalizações de choro.
P álpebras com prim idas: consiste no fecham ento do olho e concom itante
deslocam ento dos cantos interno e externo do olho em direção ao centro da área
visível do globo ocular, resultando num enrugam ento das pálpebras.
S obrancelhas abaixadas: as extrem idades internas das sobrancelhas são
aproxim adas e abaixadas em direção à base do nariz, o correndo u m deslocam ento
para baixo, em direção à pálpebra, da sobrancelha em toda a sua extensão.
S obrancelhas erguidas: consiste no deslocam ento das sobrancelhas para cim a em
direção à testa. O deslocam ento pode ser da sobrancelha em to d a a sua extensão ou
mais frequentem ente das extrem idades internas.
S orrisos largos: sorrisos nos quais os lábios se encontram afastados, sendo
tipicam ente acom panhados de vocalizações de risadas.
S orrisos fechados: sorrisos nos quais os lábios são m antidos em contato ao longo
do eixo longitudinal da abertura bucal.
Testa franzida: a testa apresenta rugas no sentido horizontal, form ando linhas
transversais ao eixo longitudinal da face (observada concom itantem ente com
“sobrancelhas erguidas”).
Tom da voz: term o usado em fonética perceptiva para designar um a sensação
auditiva ligada à ordenação dos sons num a escala de “baixo” a “alto” (conhecido
tam bém com o grave e agudo) em correspondência com a ordenação das respectivas
frequências.

246 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

+2 EMOÇÃO POSITIVA INTENSA


Sigla: P02
Nome resumido: P0SITIV02

C a ra cteriza çã o d a categ o ria


C aracteriza-se por fala em tom e intensidade elevados, eventualm ente acelerada,
acom p an h ada de risadas ou gargalhadas, sugerindo anim ação, alegria, diversão,
exclamação, grata surpresa, encantam ento, excitação ou euforia. A expressão facial
tipicam ente é caracterizada por sorrisos largos e sobrancelhas erguidas.

747
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
1 apêndice
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

+1 EMOÇÃO POSITIVA LEVE


Sigla: P01
Nome resumido: P0SITIV01

Caracterização da categoria
C aracteriza-se po r falas em tom e intensidade regulares ou levem ente elevados
e/ou expressão facial com sorrisos fechados, sugerindo afeto, afabilidade, sim patia,
solicitude, interesse, em patia, preocupação. A expressão facial pode tam bém exibir
testa franzida, sobrancelhas erguidas ou sobrancelhas abaixadas ou cenho triste,
desde que tal expressão seja consistente com o conteúdo da m ensagem relatada pelo
interlocutor, sugerindo interesse, cuidado, em patia, preocupação. Na dúvida entre
P o s it iv o i e N e u t r o , categorize N e u t r o .

248 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

+0 EMOÇÃO NEUTRA
Sigla: NTR
Nome resumido: NEUTRO

Caracterização da categoria
C aracteriza-se por falas em volum e e intensidade regulares e/ou expressão facial
com sobrancelhas em repouso ou levem ente abaixadas e boca fechada. Sugere afeto
neutro, direto, calmo. N a dúvida entre P o s m v o i , N e g a t i v o i e N e u t r o , categorize
N eutro .

1 .) apêndice 249
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

-1 EMOÇÃO NEGATIVA LEVE


Sigla: NE1
Nome resumido: NEGATIVO!

Caracterização da categoria
C aracteriza-se p o r padrão de fala entrecortada, trêm ula, apresentando variações
leves de tom e intensidade. Podem ocorrer interrupções entre palavras, sugerindo que
a pessoa está fazendo um a pausa para controlar os efeitos da em oção sobre o padrão
da fala. A expressão facial pode ser caracterizada por olhos lacrim ejados, cenho triste,
cenho franzido, sobrancelhas abaixadas, pálpebras com prim idas, lábios apertados ou
trêm ulos, os cantos da boca para baixo, ou os olhos levem ente arregalados. Sugere leve
tristeza ou com oção, m edo, ansiedade, irritação, aflição, desconforto, aborrecim ento,
vergonha ou constrangim ento. Q uando há ocorrência cie choro, acom p an h ad a de
ruídos característicos e/ou verbalizações ou expressões faciais que sugerem intensa
reprovação, acusação, raiva, ira ou desprezo, categorize N e g a t i v o z . Na dúvida entre
NEGATivoie N eutro, categorize N e u t r o .

250 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

-2 EMOÇÃO NEGATIVA INTENSA


Sigla: NE2
Nome resumido: NEGATIV02

C a ra cteriza çã o d a categ o ria


C aracteriza-se p o r falas em tom e intensidade elevados, p o d en d o ocorrer gritos
e/ou voz trêm ula ou acelerada, apresentando variações bruscas de tom e intensidade.
A expressão facial é caracterizada tipicam ente por lábios apertad o s ou trêm ulos,
aproxim ação palpébral ou sobrancelhas abaixadas. Pode ser acom panhado de choro
m oderado ou intenso. Sugere intensa hostilidade, raiva, ira, desprezo, reprovação,
tristeza ou desespero. Pode ser acom panhada de choro intenso. Q ualq u er verbalização
apresentada em tom de ironia dirigida ao outro participante deve ser categorizada
nesse qualificador.

O apêndice 251
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EMOÇÃO OUTROS
Sigla: UTT
Nome resumido: OUTROS

Caracterização da categoria
Essa categoria é utilizada quando não é possível identificar qual das categorias
anteriores corresponderia ao tom , à voz ou à expressão facial do participante.

252 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO I - 6
CATEGORIZAÇÃO DO QUALIFICADOR 2: GESTOS ILUSTRATIVOS

As categorias a seguir referem -se aos gestos ilustrativos que acom panham o
co m p o rtam ento verbal do terapeuta e do cliente (Q ualiíicador 2).

Assim com o o Q ualificador Tom Em ocional da Interação, não há especificação


nesse Q ualificador sobre a categoria ser do tipo Evento ou Estado.

1 apêndice 253
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

GESTOS ILUSTRATIVOS
Sigla: GIL
Nome resumido: ILUSTRATIVOS

Caracterização da categoria
Q ualquer m ovim ento das m ãos, dos braços ou da cabeça que acom panha a fala
e que a esta está diretam ente relacionado à fala, mas que, isoladam ente, não é um
substituto de um a verbalização. C aracterizado por m ovim entos m otores: m ovim entos
simples, repetitivos, rítm icos, que não apresentam u m a relação óbvia com o conteúdo
sem ântico da fala que ele acom panha.

254 seçao 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

DESCANSO DE GESTOS
Sigla: DSC
Nome resumido: DESCANSO GESTOS

Caracterização da categoria
Essa categoria é utilizada quando não há a ocorrência de gestos ilustrativos.

1 apêndice 255
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

EIXO II
CATEGORIAS REFERENTES AO TEMA DA SESSÃO

EIXO 11-1
CATEGORIZAÇÃO DO TEMA DA SESSÃO

Esse eixo de categorização deve ser categorizado indep en d en tem en te do falante.


No caso do so ftw a re T he O b se rv e r , isso é obtido configurando-se no item su je ito s um
terceiro sujeito, den om inado Sessão.
O Eixo II prevê adaptações de m odo a responder às especificidades do caso clínico
estudado. Q uando há algum tem a central tratado pelo cliente nos dados da sessão que
não consta no presente conjunto de categorias, o tem a deve ser acrescentado ao rol e
considerado na análise. As categorias referentes ao tem a são descritas a seguir:

256 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RELAÇÃO TERAPÊUTICA
Sigla: RTR
Nome resumido: RELTER
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a eventos que ocorreram dentro da sessão, na
interação do cliente com o terapeuta, ou diz respeito a sentim entos ou im pressões do
cliente ou do terapeuta, um com relação ao outro.

apêndice 257
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RELAÇÕES COM CÔNJUGE/PARCEIRO


Sigla: RCP
Nome resumido: REL C Ô N JU GE
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito ao relacionam ento do cliente fora da sessão que
se refira a envolvim ento afetivo am oroso com um parceiro/parceira, ou à busca de
um parceiro/parceira, independentem ente de haver correspondência p o r parte da
outra pessoa. Pode envolver questões de relacionam ento, tais com o dificuldades de
convivência, queixas, reclam ações ou acusações, bem com o q u alquer tipo de interação
- amigável ou não - com pessoas com as quais haja interesse am oroso p o r parte do
cliente, ou com o(a) nam orado(a), cônjuge ou com panheiro(a).

Critério de inclusão ou exclusão


Caso o interesse am oroso se refira ao terapeuta, deve ser categorizado o tem a
relação terapêutica (Rel ter).

258 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RELAÇÕES COM FILHOS OU ENTEADOS


Sigla: RFI
Nome resumido: REL FILHOS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito ao relacionam ento do cliente, fora da sessão, com
um filho ou enteado. Pode envolver questões de relacionam ento, tais com o dificuldades
de convivência, queixas, reclam ações ou acusações, orientação de pais, bem com o o
relato de qualquer tipo de interação - amigável ou não.

Critério de inclusão ou exclusão


Caso assunto trate de dificuldades com o cônjuge/com panheiro em razão de
qualquer tipo de questão relacionada aos filhos ou enteados, dê preferência ao tem a
Relação com cônjuge/parceiro (R el c ô n j u g e ).

259
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RELAÇÕES COM PAIS OU PADRASTOS


Sigla: RPA
Nome resumido: REL PAIS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito ao relacionam ento do cliente, fora da sessão, com
pais ou padrastos. Pode envolver questões de relacionam ento, tais com o dificuldades
de convivência, queixas, reclam ações ou acusações, bem com o qualquer tipo de
interação - amigável ou não.

Critério de inclusão ou exclusão


Caso assunto trate de dificuldades com o cônjuge/com panheiro em razão de
qualquer tipo de questão relacionada aos pais/padrastos, dê preferência ao tem a
Relação com cônjuge/parceiro ( R e l c ô n j u g e ).

260 seção 3

INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!


INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!

RELAÇÕES COM OUTROS FAMILIARES


Sigla: RFA
Nome resumido: REL FAM
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito ao relacionam ento do cliente com familiares. Pode
envolver dificuldades de convivência, queixas, reclam ações ou acusações, bem com o
qualquer tipo de interação - amigável ou não - com fam iliares, que não o cônjuge/
com panheiro.

Critério de inclusão ou exclusão


Caso o assunto trate de dificuldades com o cônjuge/com panheiro em razão de
qualquer tipo de questão relacionada aos familiares, dê preferência ao tem a Relação
com cônjuge/parceiro ( R e l c ô n j u g e ).

1 j apêndice 261
TRABALHO, ESTUDO E/OU CARREIRA
Sigla: TRB
Nome resumido:TRAB EST
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a questões do cliente relacionadas a trabalho,
estudo ou carreira, tanto no que se refere a projetos, decisões, dúvidas, planejam ento,
problem as de trabalho ou estudo, dificuldades de relacionam ento interpessoal que
interferem no trabalho ou estudo ou relacionam entos com colegas de trabalho que
têm im plicações diretas (im plicações sugeridas no relato presente do cliente) no
trabalho ou estudo.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Q uando o assunto se refere a envolvim ento afetivo am oroso com qualquer
pessoa do trabalho, independentem ente de haver correspondência p o r parte
desta, deve ser categorizado o tem a Relações com cônjuge/parceiro ( R e l
c ô n j u g e ).

b. Q u ando o tem a se refere a algum fam iliar ou cônjuge/com panheiro(a) com


o qual o cliente vivência relações de trabalho ou estudo, é categorizado o
tem a Trabalho, estudo e/ou carreira ( T r a b E s t ) apenas q u ando o assunto
em questão disser respeito exclusivam ente ao desenvolvim ento do trabalho
ou estudo; caso contrário, é categorizado o tem a correspondente - Relações
familiares ( R e l fam ) ou Relações com cônjuge/parceiro ( R e l c ô n ju g e ). Na
dúvida, dê prioridade a essas categorias.

262 seção 3
RELIGIÃO
Sigla: RLG
Nome resumido: RELIGIÃO
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a questões do cliente relacionadas ao seu
engajam ento em um a determ inada crença ou grupo religioso, no que se refere
tanto a atividades, cultos, crenças, dúvidas, problem as, quanto a dificuldades de
relacionam ento interpessoal relacionadas às atividades religiosas (relação sugerida no
relato presente do cliente).

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Q uando o assunto se refere a envolvim ento afetivo am oroso com qualquer
pessoa do grupo religioso, independentem ente de haver correspondência por
parte da outra pessoa, deve ser categorizado o tem a Relações com cônjuge/
parceiro ( R e l c ô n j u g e ).

b. Q u an d o o tem a se refere a algum fam iliar ou cônjuge/com panheiro(a)


com o qual o cliente vivência atividades religiosas, é categorizado o tem a
R e l ig iã o apenas quando o assunto em questão diz respeito exclusivam ente ao
desenvolvim ento da atividade religiosa; caso contrário, é categorizado o tem a
correspondente - Relações familiares ( R e l fam ) ou Relações com cônjuge/
parceiro ( R e l c ô n ju g e ). Na dúvida, dê prioridade a essas categorias.

O apêndice 263
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Sigla: RIT
Nome resumido: REL INTERP
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito ao relacionam ento do cliente com pessoas com
as quais ele convive fora da sessão, à exceção da fam ília, relações am orosas e relações
profissionais. Pode envolver dificuldades de convivência, queixas, reclam ações ou
acusações, bem com o qualquer tipo de interação - amigável ou não - com outras
pessoas, que não o terapeuta, família ou cônjuge/com panheiro ou relações de trabalho.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. São categorizadas aqui apenas relações interpessoais que não se encaixam em
nenh u m a das categorias interpessoais anteriores.
b. Q u ando o assunto se refere a qualquer tipo de envolvim ento afetivo que
sugira interesse am oroso ou relações sexuais consentidas, m esm o que não haja
efetivam ente um relacionam ento, deve ser categorizado o tem a Relações com
cônjuge/parceiro ( R e l fam ).

c. Q u ando o assunto se refere a questões de relacionam ento com pessoas


de trabalho ou estudo, mas sem relação direta com o trabalho ou estudo,
categoriza-se o tem a Relações Interpessoais ( R e l I n t e r p ).
d. Q uando o assunto se refere a questões de relacionam ento com pessoas de
grupo religioso, m as sem relação direta com a atividade religiosa, categoriza-se
o tem a Relações Interpessoais ( R e i . I n t e r p ).

264 seção 3
SENTIMENTOS EM GERAL, JULGAMENTOS OU TENDÊNCIAS A AÇÃO
Sigla: STM
Nome resumido: SENTIMENTOS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a sentim entos experim entados pelo cliente e
eventos a eles relacionados.

Critérios de inclusão ou exclusão


a. Deve ser classificado esse tem a apenas quando o foco principal da interação
é o sentim ento propriam ente dito, e não quando um sentim ento é citado ou
relatado com o parte de um a descrição relacionada ao terapeuta, outras pessoas
ou queixas psiquiátricas.
b. A sim ples m enção de um sentim ento do cliente ou o relato de um sentim ento
relacionado a algum evento não são suficientes para sua categorização nesse
tem a, devendo ser utilizada a categoria correspondente ao evento em questão.
N a dúvida, dê prioridade a outras categorias.
c. O tem a Sentim entos em geral, julgam entos ou tendências a ação
(S e n t im en to s) geralm ente apresenta algum term o que se refira direta ou
indiretam ente a um estado em ocional ou m otivacional e/ou um julgam ento
ou avaliação. O Esquem a básico de palavras em ocionais, adaptado de Shaver
et al. (1987) e readaptado por Brandão (2003), apresentado na Tabela 8, sugere
alguns term os que podem referir-se a estados em ocionais.

apêndice 265
TABELA 1
ESQUEMA BÁSICO DE PALAVRAS EMOCIONAIS ADAPTADO DE SHAVER ET AL. (1987)
POR BRANDÃO (2003)

AMOR RAIVA ALEGRIA

adoração; afeição; amar; abominação; agitação; alegria; alívio; ânsia;


apreciação; atração; amargura; aversão; bem-estar; contenta­
carinho; compaixão; de­ ciúmes; desdenho; mento; deleite; distração
sejo; estimular; gamado, desgostar (não gostar); (prazer); ditoso; diversão;
louco de paixão; gostar; desprezo; exaltação; exas­ elação; emoção; encanto;
luxúria, desejo ardente; peração; feroz; frustração; enfeitiçada; enlevo; en­
paixão; prazeroso; pro­ fúria; hostilidade; incomo­ tusiasmo; entusiasmo;
teção; sentimentalidade; dado; inveja; ira; irritação; esperança; euforia;
ser cuidado por; ternura; ódio; raiva; rancor; repug- excitação; êxito; êxtase;
vontade naçâo; resmungar; ressen­ exultar; felicidade; gozo;
timento; ser rabugento; jovialidade; júbilo; or­
ser zangado; tormento; gulho; otimismo; prazer;
ultrajar; vingança relaxado; satisfação;
sentir-se melhor; sortudo
(feliz); ventura; zelo

TRISTEZA MEDO CULPA/VERGONHA

agonia; abatido; alien­ alarmado; ansiedade; embaraçado; arrependi­


ação; angústia; arrasado; apreensão; assus­ mento; culpado; humil­
chateado; chocado; tado; choque; confuso; hado; inseguro; insultado;
compaixão; depressão; desgosto; histeria; horror; remorso; vergonha; con­
derrota; desagrado; des­ intranquilidade; medo; strangido; deslocado.
animado; desapontado; nervosismo; pânico;
desesperança; desespero; pavor; pesaroso; preocu­
desgostoso; desgraçado; pado; tensão; terror
doloroso; estar na escu-
ridão/tristeza profunda;
fracassado; infelicidade;
isolado; machucado;
melancolia; miséria; neg­
ligenciado; pena; pesar;
rejeição; ruim (estar ruim/
estar mal); saudade; sofri­
mento; solidão; tristeza

266 seção
QUESTÕES EXISTENCIAIS
Sigla: EXT
Nome resumido: EXISTENCIAL
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em pauta diz respeito a questões do cliente sobre a existência, sobre
o sentido de determ inadas experiências ou da própria vida. A ssuntos de natureza
filosófica ou existencial, em geral, devem ser categorizados nessa tem ática.

Critério de inclusão ou exclusão


Essa categoria deve ser utilizada apenas quando o assunto se refere explicitam ente
a tem as de natureza existencial. Na dúvida, dê prioridade a outras categorias tem áticas.

1) apêndice 267
EVENTOS TRAUMÁTICOS
Sigla: TRA
Nome resumido:TRAUMA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a eventos experim entados pelo cliente com o
traum áticos, em especial a situações de violência, eventos que im plicaram risco sério
de m orte ou lesão, perda de entes queridos, am eaça séria à sua integridade física ou
em ocional ou eventos a eles relacionados.

Critério de inclusão ou exclusão


Deve ser classificado esse tem a apenas quando o foco principal da conversação é
o evento propriam ente dito ou suas decorrências, e não quando o evento é citado ou
relatado com o parte de um a descrição de outros eventos. Na dúvida, dê prio rid ad e a
outras categorias.

268 seção 3
ATIVIDADE DE FANTASIA OU JOGO
Sigla: FTS
Nome resumido: FANT JO G O
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso trata de eventos que ocorrem durante um a atividade lúdica,
de viagem de fantasia, ro le -p la y in g , desenho ou qualquer atividade que envolva arte ou
fantasia com o recursos terapêuticos.

Critério de inclusão ou exclusão


A tividades de fantasia ou jogo (F a n t jo g o ) deve ser categorizado du ran te a
atividade p ropriam ente dita e/ou a qualquer m om ento em que o assunto tratad o na
interação terapêutica se refira diretam ente a um a atividade ou jogo realizado ou a ser
realizado.

1 apêndice 269
DESENVOLVIMENTO DETÉCNICAS/PROCEDIMENTOS OU ENTREVISTAS
PADRONIZADOS
Sigla: TEC
Nome resumido:TÉCNICA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso trata de eventos que ocorrem du ran te a aplicação de um a
técnica ou procedim ento padronizado (com exceção de viagens de fantasia, role-
p la y in g , desenho ou qualquer atividade que envolva arte ou fantasia com o recursos
terapêuticos) ou ainda durante a aplicação de entrevistas ou de escalas de avaliação
padronizadas.

Critério de inclusão ou exclusão


A categorização nesse tem a deve ser feita apenas d u ran te a aplicação ou
desenvolvim ento da técnica ou entrevista, ou quando da apresentação do resultado de
algum a avaliação por parte do terapeuta decorrente desses procedim entos ou escalas/
entrevistas. Q ualquer outro m om ento em que o terapeuta ou o cliente se refiram a
essas técnicas ou procedim entos deve ser categorizado no tem a correspondente da
conversação. Na dúvida, dê prioridade a outras categorias.

270 seçao 3
QUEIXAS PSIQUIÁTRICAS E SINTOMAS MÉDICOS
Sigla: QXS
Nome resumido: QUEIXAS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto corrente diz respeito a (a) desconforto físico, descontentam ento,
desprazer ou dor relacionados a problem as de saúde - doenças ou sintom as físicos,
estím ulos interoceptivos ou proprioceptivos - incluindo a descrição de procedim entos
m édicos relacionados; (b) sintom as relacionados a quadros psiquiátricos, bem
com o tratam entos e procedim entos m édicos e psicológicos, m edicação, além de
procedim entos tom ados pelo paciente, fam iliares ou outros em situações de crise.

Critério de inclusão ou exclusão


A categorização nesse tem a deve ser feita apenas quando esse é o foco principal da
conversação. Q ualquer outro m om ento em que o terapeuta ou o cliente se refiram a
essas queixas, sintom as ou diagnóstico, deve ser categorizado o tem a correspondente
da conversação. Na dúvida, dê prioridade a outras categorias.

apêndice 271
SILÊNCIO
Sigla: SLC
Nome resumido: SILÊNCIO
Categoria tipo: Estado

Caracterização d a categoria
Essa categoria é utilizada quando am bos os participantes se encontram em silêncio.

272 seção 3
OUTROS TEMAS
Sigla: OTM
Nome resumido: OUTROS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
Essa categoria é utilizada quando não é possível identificar o tem a principal
da conversação ou quando o tem a em curso não se refere a n en h u m dos previstos
anteriorm ente.

| 1 j apêndice 273
EIXO I I -2
CATEGORIZAÇÃO DO QUAL1FICADOR 1:TEM PO EM QUE O
ASSUNTO ÉTRATADO

Esse eixo contém categorias que m odificam o tem a da verbalização em razão do


tem po em que o assunto é tratado.

274 seçao 3
AQUI E AGORA NA SESSÃO
Sigla: AGR
Nome resumido: AQUI AGORA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso trata de eventos que estão ocorrendo no m om ento da sessão,
na interação terapêutica ou em qualquer evento presente no m om ento da sessão.

1 apêndice 275
TEMPO ATUAL FORA DA SESSÃO
Sigla: PRE
Nome resumido: PRESENTE
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso é tratado em tem po presente e se refere a eventos ocorridos
na sem ana do cliente ou eventos recentes tratados pelo cliente e/ou pelo terapeuta
no tem po presente. A ssuntos tratados com o “sem ana passada” ou “esses dias” são
considerados com o Tem po atual fora da sessão ( P r e s e n t e ).

276 seção 3
TEMPO PASSADO
Sigla: PAS
Nome resumido: PASSADO
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso se refere a eventos tratados pelo terapeuta e/ou pelo cliente no
tem po passado, com exceção de relatos de eventos recentes (ocorridos nas sem anas
anteriores do relato). Na dúvida entre P r e s e n t e ou P a s s a d o , categorize P r e s e n t e .

apêndice 277
TEMPO FUTURO
Sigla: FUT
Nome resumido: FUTURO
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso refere-se a eventos tratados pelo terapeuta e/ou pelo cliente
no tem po futuro. Podem referir-se a projetos, planejam ento, fantasias, questões
existenciais, desde que sejam eventos que ainda não ocorreram .

278
OUTROS
Sigla: OTT
Nome resumido: OUTROS
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O assunto em curso se refere a um tem po não previsto nas categorias anteriores.

1 ) apêndice 279
EIXO 11-3
CATEGORIZAÇÃO DO QUALIFICADOR 2: CONDUÇÃO DO TEMA DA SESSÃO

Este m odificador tem com o objetivo identificar qual dos m em bros da díade
in troduz tem as novos e em que m om ento isso ocorre ou, ainda, verificar se o terapeuta
ou o cliente m udam de tem a ou derivam a p artir do assunto corrente.
Para sua categorização, deve ser verificado se a verbalização em questão consiste
em tem a novo introduzido pelo participante ou se é a continuidade de um assunto em
pauta. No caso de tem a novo, deve ser verificado se a in trodução do tem a consiste em
novo assunto após esgotam ento ou encerram ento do assunto anterior, derivação de
tem a anterior ou m udança de tema.
Em caso de períodos de silêncio de am bos os participantes, deve ser categorizado
A usente (no Tfie O b se rv e r , usa-se a categoria M issin g ).

280 seção 3
TERAPEUTA INICIA/MUDA
Sigla: TIN
Nome resumido:T INICIA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O terapeuta intro d u z um assunto novo. Inclui episódios em que o terapeuta inicia
assunto após finalização do assunto anterior, com ou sem um período de silêncio
interm ediário, ou episódios em que ele m uda de assunto, quando o tem a em discussão
anterior ainda não havia sido encerrado, seja por m eio de verbalizações explícitas
solicitando a m udança de assunto, seja pela introdução de outro tem a não derivado
do anterior.

1 aoêndice 281
CLIENTE INICIA/MUDA
Sigla: CIN
Nome resumido: C INICIA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O cliente in troduz um assunto novo. Inclui episódios em que o cliente inicia
assunto após finalização do assunto anterior, com ou sem um p eríodo de silêncio
interm ediário, ou episódios em que ele m uda de assunto, q u ando o tem a em discussão
anterior ainda não havia sido encerrado, seja por m eio de verbalizações explícitas
solicitando a m udança de assunto, seja pela introdu ção de outro tem a não derivado
do anterior.

282 seção 3
TERAPEUTA DERIVA
Sigla: TDR
Nome resumido:T DERIVA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
Terapeuta m uda o assunto por derivação do tem a que estava em curso anteriorm ente.
O novo tem a inserido pelo participante deve ter um a relação explícita com o tem a
tratado anteriorm ente. C om um ente, a derivação pode se iniciar com expressões com o
“isso me lem bra aquele episódio...”, “falando nisso...”

1 ) apêndice 283
CLIENTE DERIVA
Sigla: CDR
Nome resumido: C DERIVA
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
O cliente m uda o assunto por derivação do tem a que estava em curso anteriorm ente.
Inclui episódios em que é explícita a relação entre o tem a tratad o anteriorm ente e o
tem a novo inserido.

284 seção 3
CONTINUIDADE DO TEMA
Sigla: CTN
Nome resumido: CONTINUIDADE
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
Este qualificador é categorizado em casos em que a inserção de um a nova
categoria de tem a ocorreu p o r m udança de enfoque no tem po, m as n ão há m u d an ça
de tem a da sessão.

1 apêndice 285
EIXO III
CATEGORIAS DE REGISTRO RESPOSTAS MOTORAS DO TERAPEUTA
E DO CLIENTE

O Eixo III contém categorias referentes a respostas m otoras ou a outros


co m portam entos não vocais do terapeuta e do cliente. No presente eixo, são incluídas
apenas respostas m otoras que não têm nenh u m a relação direta com a com unicação
vocal. E nquanto os Gestos ilustrativos e os G estos com unicativos são respostas
m otoras que, respectivam ente, com plem entam ou substituem a resposta verbal vocal,
as respostas m otoras do presente eixo ocorrem de form a in dependente da resposta
vocal em curso.
Sua categorização deve ser realizada para cada um dos participantes,
individualm ente. A seguir, são descritas as categorias com ponentes do Eixo III.

286 seção 3
AUTOESTIMULAÇÃO
Nome resumido: AST
Nome resumido: AUTOESTIM
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
C o m p ortam entos com o m order ou lam ber os lábios, b rin car com os cabelos,
beliscar ou m anipular a pele com os dedos, coçar, segurar a si m esm o, m ovim ento de
bater com as m ãos, fricção ou massagem.

1 ) apêndice 287
MOVIMENTOS REPETITIVOS OU DE EXTREMIDADES
Sigla: MRP
Nome resumido: MOVIM REPET
Categoria tipo: estado

Caracterização da categoria
1. Movimentos repetitivos ou estereotipados: m ovim entos com o tronco e/ou a
cabeça (típicos m ovim entos autísticos).
2. Movimentos de extremidades: m ovim entos de extrem idades geralm ente
são repetitivos, rápidos e não têm n enhum a relação com a fala. Podem ser
(a) m ovim entos de m ãos e braços - m ovim entos randôm icos de m ãos e
braços, não relacionados à com unicação, po r exemplo, não usados para
enfatizar, aco m panhar ou ilustrar o conteúdo da fala. Por exemplo, tam b o rilar
com os dedos, bater com as m ãos nas pernas ou nos braços da cadeira; (b)
m ovim entos de pés ou pernas - m ovim entos randôm icos de pés e pernas,
não relacionados à com unicação, por exemplo, não usados para enfatizar,
acom panhar ou ilustrar o conteúdo da fala. Por exemplo, balançar os pés com
as pernas cruzadas; bater repetitivam ente com os pés no chão.

288 seção 3
ESPREGUIÇAR/ALONGAR/BOCEJAR
Sigla: BCJ
Nome resumido: BO CEJAR
Categoria tipo: evento

Caracterização da categoria
M ovim ento que consiste em um alongam ento dos m em bros superiores,
acom panhados ou não po r alongam ento dos m em bros inferiores. Pode tam bém ser
acom panhado de bocejo.

1 apêndice 289
OUTROS MOVIMENTOS OU MUDANÇAS GERAIS DE POSTURA
Sigla: OPT
Nome resumido: POSTURA OUTROS
Categoria tipo: evento

Caracterização da categoria
Essa categoria é utilizada quando o participante realiza qualquer m ovim ento do
tronco, da cabeça ou dos m em bros, não identificado nas categorias anteriores.
Inclui tam bém qualquer troca de posição do tronco, incluindo inclinação do
tronco para frente ou para trás ou (re)cruzam ento de pernas.
É tam bém categorizada aqui qualquer tipo de ação do participante (terapeuta ou
cliente) que implica saída de sua poltrona para acender as luzes, abrir janelas, ligar
algum aparelho.

290 seção 3
POSTURA EM REPOUSO
Sigla: EST
Nome resumido: POSTURA REPOUSO
Categoria tipo: estado

Esta categoria é utilizada quando o participante se encontra, qualquer que seja


a posição do tronco ou da cabeça, sem n en h u m a m udança de p ostura, m ovim ento
repetitivo ou de autoestim ulação.
A ocorrência de com portam entos m otores contem plados nos outros eixos
(por exemplo, gestos) não cancela a ocorrência de postura em repouso, devendo
perm anecer, nesse caso, o registro de am bas as categorias.

1 apêndice 291
apêndice II
APRESENTAÇÃO DO TREINO SISTEMÁTICO
PARA OBSERVADORES

Para a padronização do treinam ento de observadores para o uso do SiMCCIT,


foi desenvolvido um treino sistemático. O ptou-se p o r um a m etodologia com patível
com as propostas analítico-com portam entais de ensino individualizado (H olland &
Skinner, 1975; Skinner, 1972).
T inha-se em vista um a condição de treino na qual o observador pudesse em itir
respostas de escolha, sim ultaneam ente à apresentação das categorias. Essa condição
de treino condiz com a noção de aprendizagem ativa, na qual respostas do indivíduo,
p o r m eio de um a instrução, são seguidas de consequências im ediatas (Skinner, 1972)
e o conteúdo é apresentado de form a que o nível de dificuldade é im plem entado
gradualm ente.
O treino foi elaborado de form a que contivesse dois pacotes de atividades
sequenciais (433 atividades divididas em quinze séries para treino das categorias
referentes ao terapeuta e 265 atividades divididas em nove séries para as categorias
referentes ao cliente)1. As atividades foram desenvolvidas utilizando-se o so ftw a re
Clic*.
As definições e especificações de cada categoria são subdivididas em segm entos ao
longo do treino. Cada tela do treino é com posta de u m segm ento da definição de um a
categoria, conform e m ostra a Figura 1.

1 O software de treinamento de observadores desenvolvido para este trabalho encontra-se em um


miniCD anexo à tese de Zamignani (2007). Pesquisadores interessados podem escrever para denis@
nucleoparadigma.com.br

2 j apêndice 293
FIGURA 1
Exemplo de tela de treino no qual é apresentado um segmento de definição da
categoria SOLICITAÇÃO DE RELATO do terapeuta

Após a leitura de um segm ento de definição, o observador deve selecionar com o


m o u s e sobre a tela de instrução, tendo acesso a u m exercício correspondente ao trecho

da categoria instruído. No exercício, ele é apresentado a um a situação de escolha entre


dois trechos de transcrição de sessão, na qual deve selecionar aquela que corresponde
à definição apresentada, conform e a Figura 2. O trecho de transcrição utilizado para
com paração com o trecho correto é claram ente diferente da categoria em questão ou
refere-se a ou tra categoria previam ente apresentada na sequência do treino.

294 seção 3
FIGURA 2
Exemplo de tela de treino na qual é apresentada uma atividade de identificação da
categoria SOLICITAÇÃO DE RELATO do terapeuta.

N o exercício em questão, em caso de erro, a caseia de escolha to rn a-se


verm elha, e a tela de exercício perm anece aberta; em caso de acerto, a tela m uda
au to m aticam ente para o próxim o segm ento de instrução. Ao final de cada série
(um a série com preende a apresentação integral de um a categoria), alguns exercícios
adicionais são apresentados, aum en tan d o a dificuldade da resposta de escolha, p o r
m eio da apresentação de trechos de interação que envolvem m aior sim ilaridade
entre categorias. Ao final da série são tam bém apresentados alguns exercícios de
com paração com base em trechos de sessão gravados em vídeo (os trechos em
questão representam episódios fictícios de sessão, que foram gravados p o r atores
especialm ente para esse fim), conform e m ostra a F igura 3.

2 j apêndice 295
FIGURA 3
Exemplo de tela de treino no qual é apresentada uma atividade de identificação da
categoria SOLICITAÇÃO DE RELATO do terapeuta com base em trechos fictícios de
sessão terapêutica, gravados em vídeo

Ao final da apresentação de todas as categorias verbais e qualiíicadores, um a série


de exercícios é apresentada, na qual o observador deve selecionar, entre todas as
categorias disponíveis, aquela que m elhor representa o trecho de transcrição ou vídeo
apresentado, conform e ilustram as Figuras 4 e 5.

296 seção 3
FIGURA 4
EX EM PLO D E T E L A REFERENTE AOS EXERC ÍC IO S FIN AIS DO TREINO DO TERAPEUTA

apêndice 297
FIGURA 5
EX EM PLO D E T E L A REFERENTE AOS EXERC ÍC IO S FIN AIS DO TREINO DO TERA PEUTA

A série final do treino apresenta instruções e critérios para a inserção das categorias
no so ftw a re T h e Observer'®, incluindo o m om en to em que deve oco rrer o início de
categorização dos eventos, especificações de categorias do tipo evento ou estado,
quando inserir a categoria Silêncio.

298 seção 3
REFERÊNCIAS

Ablon, J. S. & Jones, E. E. (1999). Psychotherapy process in th e N ational Institute of


M ental H ealth T reatm ent o f D epression C ollaborative Research Program . J o u rn a l
o f C o n s u ltin g a n d C lin ica l P sychology, 67, 64-75.
A bram ow itz, C. V., A bram ow itz, S. I., Roback, H. B. & Jackson, C. (1974).
D ifferential effectiveness o f directive an d nond irectiv e gro u p th erap ies as a
fu n ctio n o f client in te rn al-ex tern al control. J o u r n a l o f C o n s u ltin g a n d C lin ic a l
P sych o lo g y , 4 2 , 849-853.

Almásy, C. (2004). E feito s da c o n se q u ê n c ia n a sessão te r a p ê u tic a (D issertação de


m estrado). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.
A m aral, S. S. (2010). E fe ito s da so lic ita ç ã o e s u b s e q u e n te d escriçã o d o s relatos verb a is
d e u m te r a p e u ta so b re se u d e s e m p e n h o e m sessões p o ste rio re s (D issertação de
m estrado). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.
Banaco, R. A. (1993). O im pacto do atendim ento sobre a pessoa do terapeuta. T em a s
e m P sicologia, 2, 71-79.

Banaco, R. A. (1997). Tendências neobehavioristas na terapia com portam ental: Um a


análise sobre a relação terapêutica. A n a is do I E n c o n tro sobre P sicologia C lín ica da
U n iv e rsid a d e M a c k e n z ie , 1, 36-43.
B ánninger-Huber, E .& W idm er,C .( 1997). P atternsofinteractio n an d p sy ch o th erap eu tic
change. 2 0 th U lm W o rk sh o p o f E m p iric a l R esearch in P sy ch o a n a ly sis. R ecuperado
de http://w w w .uni-saarland.de/philfak/fb6/krause/ulm 97/
Baptistussi, M. C. (2001). C o m p o r ta m e n to s do te r a p e u ta n a sessão q u e fa v o r e c e m a
red u çã o de efeito s s u p ressivo s sobre c o m p o r ta m e n to s p u n id o s do c lien te (D issertação
de m estrado). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.
Barbosa, D. R. (2001). R ela çã o e n tre m u d a n ç a s d e p eso e c o m p e tê n c ia so c ia l e m d o is
a d o lescen tes obesos d u r a n te in te rv e n ç ã o clínica c o m p o r ta m e n ta l (D issertação de

m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.


Barbosa, J. I. C. (2006). A n á lis e d a s fu n ç õ e s d e ve rb a liza ç õ e s de te r a p e u ta e clie n te sobre
s e n tim e n to s , e m o çõ es e esta d o s m o tiv a c io n a is n a te ra p ia a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta l
(Tese de doutorado). U niversidade Federal do Pará, Belém, PA.
Bardin, L. (1977). A n á lis e de co n te ú d o . Lisboa, Portugal: Edições 70.
Barker, C , Pistrang, N. & Elliott, R. (1994). R esearch m e th o d s in c lin ica l a n d c o u n se lin g
p sychology. New York: John W iley & Sons.

referências 301
Beutler, L. E., M oleiro, C. & Talebi, H. (2002). Resistance in psychotherapy: W hat
conclusions are supported by research. J C L P /In Session: P sy c h o th e ra p y in P ractice,
5 8 , 207-217.

Bischoff, M. M. 8c Tracey, T. J. G. (1995). Client resistance as predicted by therapist


behavior: A study o f sequential dependence. J o u rn a l o f C o u n se lin g Psychology, 42,
487-495.
Borges, N. B. 8c Cassas, F. A. (Orgs.). (2012). C lín ica a n a litic o -c o m p o r ta m e n ta l:
A sp e c to s teóricos e p rá tic o s. Porto Alegre, RS: A rtm ed.

Brandão, R S. (2003). O m a n e jo d a s e m o ç õ e s p o r te r a p e u ta s c o m p o r ta m e n ta is
(D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
B runnik, S. S. 8c Schroeder, H. E. (1979). Verbal therapeutic behavior of expert
psychoanalytically oriented, gestalt and behavior therapy. J o u rn a l o f C o n s u ltin g
a n d C lin ic a l P sychology, 47(3), 567-574.

Caballo, V. E. (1993). M a n u a l de e v a lu a c ió n y e n tr e n a m ie n to d e las h a b ilid a d e s sociales.


M adrid, Espanha: Siglo V eintiuno de Espana Editores S.A.
Carr, E. G., Langdon, N. A. 8c Yarbrough, S. (1999). H ypothesis based intervention
for severe problem behavior. Em A. C. Repp 8c R. H. H om er (Eds.), F u n c tio n a l
a n a ly sis o f p r o b le m b eh a vio r: F ro m e ffective a ss e ssm e n t to e ffective s u p p o r t (pp.

9-31), Belm ont, Estados Unidos: W adsw orth.


Castonguay, L. G. & Beutler, L. E. (2006). P rin c ip le s o f th e r a p e u tic ch a n g e th a t w ork.
O xford 8c New York: O xford University.
Castonguay, L. G. 8c Beutler, L. E. (2006). P rinciples o f therapeutic change: W hat do
we know and w hat do we need to know? Em L. E. Beutler 8c L. G. C astonguay
(Eds.), P rin c ip le s o f e ffe c tiv e th e r a p e u tic c h a n g e th a t w o r k (pp. 353-369). New York:
O xford U niversity Press.
Catania, C. (1999). A p r e n d iz a g e m : C o m p o r ta m e n to , lin g u a g e m e cognição. (4;l ed., D. G.
de Sousa et al., Trads.). Porto Alegre, RS: A rtes M édicas.
C ham berlain, P. 8c Ray, J. (1988). The therapy process code: A m ultidim ensional
system for observing therapist interactions in family treatm ent. Em R. J. Prinz
(Ed.), A d v a n c e s in b e h a v io r a l a ss e ssm e n t o f c h ild re n a n d fa m ilie s (pp. 189-217).
Greenw ich, E stados U nidos: JAI.
Crystal, D. (1980). A f i r s t d ic tio n a r y o f lin g u istic s a n d p h o n e tic s. Boulder, Estados
U nidos: Westview.

302 referências
de Rose, J. C. C. (1997). O relato verbal segundo a perspectiva da análise do
com portam ento: C ontribuições conceituais e experim entais. Em R. Banaco (Org.),
S o b re c o m p o r ta m e n to e co gnição (Vol. 1, pp. 148-163). Santo A ndré, SP: ESETec.
Del Prette, G. (2006). T erapia a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta l in fa n til: R elações e n tre o
b rin c a r e c o m p o r ta m e n to s d a te r a p e u ta e d a cria n ç a (D issertação de m estrado).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Del Prette, G. (2011). O b je tiv o s a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta is e estra tég ia s d e in te rv e n ç ã o
n a s in tera çõ es co m a cria n ça e m sessões d e d u a s r e n o m a d a s te r a p e u ta s in fa n tis (Tese
de doutorado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Delitti, M. & Meyer, S. B. (1995). O uso de encobertos na prática da terapia
com portam ental. Em B. Rangé (Org.), P sico tera p ia c o r n p o r la m e n ta l e c o g n itiv a de
tr a n sto r n o s p s iq u iá tr ic o s (pp. 269-274). C am pinas, SP: E ditorial Psy.
Dicezare, R. H. F. (2011 ). A n á lise m e to d o ló g ic a c o m p a r a tiv a d a s v a n ta g e n s e d ific u ld a d e s
d a tra n sc riç ã o e do uso do p r o g r a m a l h e O b se rv e r (Relatório parcial de pesquisa
PIBIC). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
D onadone, J. C. (2004). O uso da o rie n ta ç ã o e m in te rv e n ç õ e s clínicas p o r te r a p e u ta s
c o m p o r ta m e n ta is e x p e rie n te s e p o u c o e x p e rie n te s (D issertação de m estrado).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
D onadone, J. C. (2009). A n á lis e d e c o n tin g ê n c ia s de o rie n ta ç õ e s e a u to -o rie n ta ç õ e s e m
in te rv e n ç õ e s clínicas c o m p o r ta m e n ta is (Tese de doutorado). U niversidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
D ougher, M. J. (1999). C lin ica l b e h a v io r an a ly sis. Reno, Estados Unidos: C ontext Press.
Eells, T. D., Kendjelic, E. M. & Lucas, C. P. (1998). W h at’s in a case form ulation?
D evelopm ent and use of a content coding m anual. J o u rn a l o f P sy c h o th e ra p y a n d
P ra ctice a n d R esearch , 7, 144-153.
Elliott, R. (2010). Psychotherapy change process research: Realizing the prom ise.
P sy c h o th e ra p y R esearch, 20, 123-135.

Eysenck, H. J. (1952). The effects o f psychotherapy: An evaluation. J o u rn a l o f C o n s u ltin g


P sychology, 16, 319-324.
F io rin i, H . J. (1995). T e o r ia s e té c n ic a s d e p s ic o te r a p ia . Rio de Jan eiro , RJ:
F ran cisco Alves.
Follette, W. C , Naugle, A. E. & C allaghan, G. M. (1996). A radical behavioral
u n d erstanding o f the therapeutic relationship in effecting change. B e h a v io r
V w r a p y , 2 7 , 623-641.

referências 303
Follette, W. V., Naugle, A. E. & L innerooth, P. }. (1999). F unctional alternatives to
tradicional assessm ent and diagnosis. Em M. J. D ougher (Ed.), C lin ica l b e h a v io r
a n a ly sis (pp. 99-125). Reno, Estados U nidos: C ontext Press.

Ford, J. D. (1978). T herapeutic relationship in behavior therapy: A n em pirical analysis.


J o u rn a l o f C o n s u ltin g a n d C lin ica l P sych o lo g y ; 46, 1302-1314.

Garfield, S. L. (1995). P sych o th e ra p y: A n ecle c tic -in te g ra tiv e a p p ro a ch . N ew York: John


W iley & Sons.
Gerem ias, M. (2013). M a n e jo d e e sq u iv a s e m o c io n a is n a p sic o te ra p ia a n a lític a fu n c io n a l:
D e lin e a m e n to e x p e r im e n ta l d e caso ú n ic o (Projeto de qualificação de m estrado).

U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.


Glaser, B. & Strauss, A. (1967). The d is c o v e ry o f g r o u n d e d th e o ry : S tra teg ies f o r
q u a lita tiv e research. Chicago, Estados U nidos: Aldine.

G oldberg, D. P., H obson, R. E, M aguire, G. R, M argison, F. R., O sborn, M. & Moss,


S. (1984). The clarification and assessm ent of a m eth o d of psychotherapy. B ritish
J o u rn a l o f P sych ia try, 144, 567-580.

G oldiam ond, E (1975). A lternate sets as a fram ew ork for behavioral form ulation and
research. B e h a v io rism , 3, 49-86.
G reenberg, L. S. & Pinsof, W. M. (Eds.). (1986). ’T he p s y c h o th e r a p e u tic process: A
research h a n d b o o k . New York: The G uilford Press.

G uedes, M. L. (1993). Equívocos da terapia com portam ental. T e m a s e m psico lo g ia , 2,


81-85.
H ackney, H. & Nye, S. (1977) A c o n s e lh a m e n to : E str a té g ia s e o b je tiv o s . São Paulo,
SP: EPU.
Hayes, S. C. (1987). A contextual approach to therapeutic change. Em N. S. Jacobson
(Ed.), P syc h o te ra p ists in clin ica l practice: C o g n itiv e a n d b e h a v io r a l p e rsp e c tiv e s (pp.
327-387). N ew York: G uilford Press.
Hill, C. E. (1978). The developm ent of a system for classifying counselor responses.
J o u rn a l o f C o u n se lin g P sych o lo g y , 2 5 , 461-468.

Hill, C. E. (1986). An overview of the hill counselor and client verbal response m ode
category systems. Em L. S. G reenberg & W. M. Pinsof (Eds.), T he p s y c h o th e r a p e u tic
process: A research h a n d b o o k (pp. 131-159). New York: The G uilford Press.

Hill, C. E. (2001). H e lp in g skills: The e m p iric a l fo u n d a tio n . W ashington, Estados


Unidos: A m erican Psychological Association.

304 referências
Hill, C. E., C orbett, M. M., Kanitz, B., Rios, R, Lightsey, R. & Gom ez, M. (1992). Client
behavior in counseling and therapy sessions: D evelopm ent of a pantheoretical
m easure. J o u rn a l o f C o u n se lin g P sychology, 3 9 , 539-549.
Hill, C. E. 8c O ’Grady, K. E. (1985). List of therapist intentions illustrated in a case
study and w ith therapists of varying theoretical orientations. J o u rn a l o f C o u n se lin g
P sychology, 3 2 , 3-22.
Hill, C. E., Siegelman, L., Gronsky, B. R., Sturniolo, F. S. 8c Fretz, B. R. (1981). N onverbal
com m unication and counseling outcom e. J o u rn a l o f C o u n se lin g P sychology, 2 8 ,
203-212.
Hill, C. E. 8c Stephany, A. (1990). Relation o f nonverbal behavior to client reactions.
J o u rn a l o f C o u n se lin g P sychology, 37, 22-26.
H olland, J. G. 8c Skinner, B. F. (1975). A a n á lise do c o m p o r ta m e n to : U m p r o g r a m a de
a u to in s tr u ç ã o . São Paulo, SP: EPU. (Trabalho original publicado em 1969.)
Ireno, E. M. (2007). F o rm a ç ã o d e te r a p e u ta s a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta is : L ista p a ra
verifica çã o d e d e s e m p e n h o (D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo,
São Paulo, SP.
K am eyam a, M. (2012). In te rv e n ç õ e s so b re c o m p o r ta m e títo s de clientes q u e p r o d u z e m
s e n tim e n to s n eg a tiv o s n o te r a p e u ta (D issertação de m estrado). U niversidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
Kanfer, F. H. 8c G rim m , L. G. (1977). Behavior analysis: Select target behaviors in the
interview. B e h a v io r M o d ific a tio n , 1, 7-28.
Keeley, M. P. (2005). The nonverbal perception scale. Em V. M anusov (Ed.), I h e
so u rc e b o o k o f n o n v e r b a l m easures: G o in g b e y o n d w o rd s. New Jersey, Estados
U nidos: Lawrence Erlbaum Associates.
Kim, B. S. K., Liang, C. T. H. 8c Li, L. C. (2003). C ounselor ethnicity, counselor
nonverbal behavior, and session outcom e with Asian A m erican clients: Initial
findings. J o u rn a l o f C o u n se lin g a n d D e v e lo p m e n t, 81, 202-207.
Kohlenberg, R. J. 8c Tsai, M. (1991). F u n c tio n a l a n a ly tic p sy c h o th e ra p y : C re a tin g in te n se
a n d c u ra tiv e th e r a p e u tic re la tio n sh ip s. New York: Plenum .
Kovac, R. (1995). A a tu a ç ã o d o te r a p e u ta c o m p o r ta m e n ta l: U m e s tu d o sobre as v a riá v e is
d e c o n tro le q u e p o d e m o p e ra r d u r a n te u m a sessão te ra p ê u tic a (Trabalho de conclusão
de curso). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.
Maciel, J. M. (2004). T erapia a n a lític o -c o m p o r ta m e n la l e a n sie d a d e : A n á lis e da
in te ra ç ã o ve rb a l te r a p e u ta -c lie n te (D issertação de m estrado). U niversidade Federal

do Pará, Belém, PA.

referências 305
M ahl, G. F. (1968). G estures and body m ovem ents in interview s. Em J. M. Shlien
(Ed.), R esearch in p sy c h o th e r a p y (Vol. 3). W ashington, Estados U nidos: A m erican
Psychological Association.
M ahl, G. F. (1987). E x p lo ra tio n in n o n v e r b a l a n d vo ca l behavior. New Jersey, Estados
Unidos: Laurence Erlbaum Associates.
M angabeira, V. C. S. (2013). E feito s da sin a liza ç ã o d e in te rv e n ç õ e s n a p sic o te ra p ia
a n a lític a fu n c io n a l (Projeto de qualificação de doutorado). U niversidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
M argotto, A. (1998). Id e n tific a n d o m u d a n ç a s n a in te ra ç ã o v e rb a l e m situ a ç ã o clínica
(D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
M artins, P. (1999). A tu a ç ã o d e te r a p e u ta s esta g iá rio s c o m relação a fa l a s so b re e v e n to s
p r iv a d o s e m sessões d e p sic o te ra p ia c o m p o r ta m e n ta l (D issertação de m estrado).
U niversidade Federal do Pará, Belém, PA.
M atthews, B. A., Catania, A. C. 8c ShimofF, E. (1985). Effects o f u n in stru c ted verbal
behavior on nonverbal responding: C ontingence descriptions versus perform ance
descriptions. J o u rn a l o f th e E x p e r im e n ta l A n a ly s is o f B eh a vio r, 4 3 , 155-164.
Meyer, S. B. (1995). Q uais os requisitos para que um a terapia seja considerada
com portam ental? (Trabalho originalm ente apresentado em 1990.) R ecuperado de
http://w w w .inpaonline.com .br/artigos
Meyer, S. B. (2004a). Processos com portam entais em psicoterapia. Em A. C. Cruvinel,
A. L. F. Dias 8c E. N. Cillo (Orgs.), C iê n c ia d o c o m p o r ta m e n to : C o n h e c e r e A v a n ç a r
(Vol. 4, pp. 151-157). Santo A ndré, SP: ESETec.
Meyer, S. B. (2004b). Regras e autorregras no laboratório e na clínica. Em J. A breu-
R odrigues 8c M. R. Ribeiro (Orgs.), A n á lis e d o c o m p o r ta m e n to : P esquisa, teo ria e
aplica çã o (pp. 212-226). Porto Alegre, RS: A rtm ed.

Meyer, S. B. (2009). A n á lise d e ‘so licita çã o d e in fo r m a ç ã o ’ e r e c o m e n d a ç ã o ’ e m b a n c o de


d a d o s de tera p ia s c o m p o r ta m e n ta is (Tese de livre-docência). U niversidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
Meyer, S. B. 8c D onadone, J. (2002). O em prego da orientação p o r terapeutas
com portam entais. R e v is ta B ra sileira d e T erapia C o m p o r ta m e n ta l e C o g n itiv a , 4,
79-90.
Meyer, S. B. 8c Vermes, J. S. (2001). Relação terapêutica. Em Rangé. B. (Org.),
P sico tera p ia s c o g n itiv o -c o m p o r ta m e n ta is : U m diá lo g o co m a p s iq u ia tr ia (pp. 101-
110). Porto Alegre, RS: A rtm ed.

306 referências
M onti, P. M., Kolko, D. }., Fingeret, A. L. & Zwick, W. R. (1984). Three levels of
m easurem ent of social skill and social anxiety. J o u rn a l o f n o n v e r b a l behavior, 8,
187-194.
N ardi, R. (2004). P ro p o sta d e m é to d o de in te rp re ta ç ã o d a in te ra ç ã o te r a p e u ta -c lie n te :
A n á lis e c o m p o r ta m e n ta l d a e sq u iv a a tra v é s d o c o m p o r ta m e n to v e rb a l d e te r a p e u ta e

c lien te e m u m caso d e d o r crônica (D issertação de m estrado). U niversidade de São

Paulo, São Paulo, SP.


Novaki, P. (2003). In flu ê n c ia da e x p e riê n c ia e d e m o d e lo n a d escriçã o d e in te rv e n ç õ e s
te ra p ê u tic a s (D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.

O shiro, C. K. B. (2011). D e lin e a m e n to e x p e r im e n ta l d e caso ú nico: A p sic o le ra p ia


a n a lític a fu n c i o n a l co m d o is clientes d ifíceis (Tese de doutorado). U niversidade de

São Paulo, São Paulo, SP.


Patterson, G. R. & Forgatch, M. S. (1985). Therapist behavior as a d eterm in an t for
client noncom pliance: A paradox for the behavior modifier. J o u rn a l o f C o n s u ltin g
a n d C lin ica l P sych o lo g y , 6, 846-851.

Pérez-Álvarez, M. P. (1996). La p sic o le ra p ia d esd e e lp u n t o de v is ta c o n d u c tista . M adrid,


Espanha: Editorial Biblioteca Nueva.
Pessoa, C. V. B. B. & Sério, T. M. P. A. (2009). R epresenting behavioral stream s.
E x p e r im e n ta l A n a ly s is o f H u m a n B e h a v io r B u lle tin , 2 7, 18-21.

Pinto, M. G. A. (2007). U m e stu d o sobre relações e n tre o d iz e r e o fa z e r : A lg u m a s v a riá v e is


q u e o p e ra m n o co n tro le d o p la n e ja m e n to d e sessões te ra p ê u tic a s (D issertação de

m estrado). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.


R egra-N alin, J. R. (1993). O uso da fantasia com o in strum en to na psicoterapia infantil.
T e m a s e m psico lo g ia , 2, 47-56.

Repp, A. C. & H orner, R. H. (1999). F u n c tio n a l a n a ly sis o f p ro b le m b eh a vio r: F ro m


e ffective a ss e ssm e n t to effec tiv e s u p p o r t. Belm ont, Estados Unidos: W adsw orth

Publishing Com pany.


Rice, L. N. & Kerr, G. P. (1986). M easures of client and therapist vocal quality. Em
L. S. G reenbert & W. M. P insof (Eds.), T he p s y c h o th e r a p e u tic process: A research
h a n d b o o k (pp. 73-105). New York: G uilford Press.

Rocha, G. V. M. (2008). P sicoterapia a n a litic o -c o m p o r ta m e n ta l co m adolescentes


in fra to res d e alto risco: M o d ific a ç ã o de p a d rõ e s a n tisso cia is e d im in u iç ã o da

re in c id ê n c ia c r im in a l (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

referências 307
Rodrigues, M. E. (1997). Estudo exploratório: Sim ilaridades e diferenças na situação
psicoterapêutica: C o m portam ento não verbal do psicoterapeuta em diferentes
abordagens teóricas. In tera çã o , 1, 95-122.
Rossi, P. R. (2012). C a te g o riza ç ã o d a q u a r ta sessão d e p sic o te ra p ia s b e m e m a l su c e d id a s
(D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Russel, R. L. & Trull, T. (1986). Sequential analyses of language variables in
psychotherapy process research. J o u rn a l o f C o n s u ltin g a n d C lin ic a l P sychology, 54,
16-21.
Sadi, H. M. (2011). A n á lis e dos c o m p o r ta m e n to s de te r a p e u ta e c lien te e m u m caso de
tr a n sto r n o d e p e r s o n a lid a d e b o rd e rlin e (Tese de doutorado). U niversidade de São

Paulo, São Paulo, SP.


Schindler, L , H ohenberger-Sieber, E. & Hahlweg, K. (1989). O bserving client-
therapist interaction in behavior therapy: D evelopm ent and first application o f an
observational system. B ritish J o u rn a l o f C lin ic a l Psychology, 2 8 , 213-226.
Shaver, P, Schwartz, J. Kirson, D. & O 'C onnor, C. (1987). E m otion knowledge: F urther
exploration o f a protype approach. J o u rn a l o f P e rso n a lity a n d S o cia l P sychology, 52,
1061-1086.
Sidm an, M. (1989). C o ercion a n d its fa llo u t. Boston, Estados Unidos: A uthors
C ooperative, Inc.
Silva, A. S. (2001). In ve stig a ç ã o d o s efeito s d o re fo rç a m e n to n a sessão te r a p ê u tic a sobre
os relatos d e e v e n to s p riv a d o s, relatos de relações e n tre e v e n to s p r iv a d o s e v a riá v e is

e x te r n a s e relatos d e relações en tr e ev e n to s a m b ie n ta is e respostas a b e rta s (D issertação

de m estrado). Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.


Silveira, F. F. (2009). A n á lis e d a in te ra ç ã o te ra p ê u tic a e m u m a in te rv e n ç ã o de g ru p o
co m c u id a d o r a s (D issertação de m estrado). U niversidade Estadual Paulista Júlio

de M esquita Filho, Bauru, SP.


Simão, L. M. (1982). Estudo descritivo de relações professor-aluno I: A questão do
procedim ento de coleta de dados. P sicologia, 8, 19-38.
Skinner, B. F. (1953). S cien c e a n d h u m a n b e h a v io r. New York: Free Press.
S k in n er, B. F. (1957). V erb a l b e h a v io r . A cto n , E sta d o s U n id o s: C o p ley
P u b lish in g G ro u p .
Skinner, B. F. (1972). T ecnologia d o e n sin o (Rodolfo Azzi, Trad.). São Paulo, SP: Herder.
(Trabalho original publicado em 1968.)

308 referências
Starling, R. (2010). P rática co n tro la d a : M e d id a s c o n tin u a d a s e p r o d u ç ã o d e e v id ê n c ia s
e m p íric a s e m te ra p ia s a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta is (Tese de doutorado). U niversidade
de São Paulo, São Paulo, SP.
Stiles, W. B. (1992). D e sc rib in g talk: A ta x o n o m y o f ve rb a l response m o d es. N ew bury
Pak, Estados Unidos: Sage.
Stiles, W. B. (1999). Signs and voices in psychotherapy. P sy c h o th e ra p y R esearch, 9,1-21.
Sturmey, P. (1996). F u n c tio n a l a n a ly sis in clin ica l p sy c h o lo g y . Chichester, Estados
Unidos: John W iley & Sons.
Taccola, P. A. (2007). A p sic o te ra p ia a n a lític o -fu n c io n a l e relato d e se n tim e n to s : U m
e stu d o d e caso q u a se e x p e r im e n ta l (D issertação de m estrado). U niversidade de São

Paulo, São Paulo, SP.


Tepper, D. T. Jr. & Haase, R. E (1978). Verbal and nonverbal com m unication o f
facilitative conditions. J o u rn a l o f C o u n se lin g P sychology, 25, 35-44.
Tourinho, E. Z, Garcia, iVl. G. & Souza, L. M. (2003). A v a lia ç ã o a m p lia d a d e categorias
p a r a a n á lise de v e rb a liza ç õ e s d e te r a p e u ta s (Projeto de pesquisa). U niversidade

Federal do Pará, Belém, PA.


T ourinho, E. Z., Neno, S., Batista, J. R„ Garcia, M. G., Brandão, G. G., Souza, L. M.,
Oliveira-Silva, M. (2007). C ondições de treino e sistem as de categorização de
verbalizações de terapeutas. R e v ista B rasileira d e T erapia C o m p o r ta m e n ta l e
C o g n itiv a , 9, 317-336.
Vermes, J. S., Z am ignani, D. R. & Kovac, R. (2007). A relação terapêutica no
aten d im ento clínico em am biente extraconsultório. Em D. R. Z am ignani, R. Kovac
& J. S. Vermes (O rgs.), A c lín ica d e p o r ta s a b erta s: E x p e r iê n c ia s e f u n d a m e n ta ç ã o
do a c o m p a n h a m e n to te r a p ê u tic o e d a p rá tic a clín ica e m a m b ie n te e x tr a c o n s u ltó r io
(pp. 201-228). São Paulo: Paradigm a/ESETec.
Vernucio, R. R. (2012). A n á lis e d e sessões d e te ra p ia a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta l
co m parando s iste m a s de c a te g o riza ç ã o (Relatório de iniciação científica).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Vieira, T. A. M. (1975). E la b o ra çã o d e u m catálogo d e c a teg o ria s d e c o m p o r ta m e n to :
U m a c o n tr ib u iç ã o p a r a o e stu d o etológico do h o m e m (D issertação de m estrado).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Villas-Bôas, A. A. (2011). E feito s d ife re n c ia is d e a n á lise d a s c o n tin g ê n c ia s in tra
e e x tra ssessã o em p sic o te ra p ia a n a lític a f u n c i o n a l (Projeto de doutorado).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.

referências 309
W ielenska, R. C. (1989). A in vestig a çã o de a lg u n s a sp ecto s d a relação te r a p e u ta -c lie n te
em sessões de su p e r v isã o (D issertação de m estrado). U niversidade de São Paulo,
São Paulo, SP.
Xavier, R. N. (2011). P ro b a b ilid a d e d e tra n siç ã o p a r a o e stu d o d a m o d e la g e m e m
d o is e stu d o s d e caso de te ra p ia a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta l in fa n til (D issertação de

m estrado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.


Yano, Y. (2003). T r a ta m e n to p a d r o n iz a d o e in d iv id u a liz a d o n o tr a n s to r n o d o p â n ic o
(Tese de doutorado). U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Z am ignani, D. R. (1995). C o m p o r ta m e n to s e n c o b e rto s do te r a p e u ta d u r a n te a
sessão: U m a a n á lise de relato v e rb a l (Relatório de iniciação científica). Pontifícia
U niversidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.
Z am ignani, D. R. (2001). U m a te n ta tiv a de c a ra c te riza ç ã o d a p rá tic a clínica do a n a lista
d o c o m p o r ta m e n to no a te n d im e n to d e clientes co m e se m o d ia g n ó stic o d e tr a n sto r n o

o b se ssiv o -c o m p u lsiv o (D issertação de m estrado). Pontifícia U niversidade Católica


de São Paulo, São Paulo, SP.
Z am ignani, D. R. (2007). O d e s e n v o lv im e n to d e u m sis te m a m u ltid im e n s io n a l p a r a a
c a te g o riza ç ã o d e c o m p o r ta m e n to s n a in tera çã o te r a p ê u tic a (Tese de doutorado).
U niversidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Z am ignani, D. R. & A ndery, M. A. P. A. (2005). Interação entre terapeutas
com portam entais e clientes diagnosticados com tran sto rn o obsessivo-com pulsivo.
P sicologia T eoria e P esquisa, 2 1 , 109-119.

Z am ignani, D. R. & Jonas, A. L. (2007). V ariando para aprender e aprendendo a variar:


Variabilidade com portam ental e m odelagem na clínica. Em D. R. Zam ignani,
R. Kovac & J. S. Vermes (Orgs.), A clínica d e p o r ta s a b erta s: E x p e riê n c ia s e
fu n d a m e n ta ç ã o d o a c o m p a n h a m e n to te ra p ê u tic o e d a p rá tic a clínica e m a m b ie n te

e x tr a -c o n su ltó rio (pp. 135-165). São Paulo: Paradigma/ESETec.


Zaro, J. S., Barach, R., N edelm an, D. J. & D reiblatt (1980). In tr o d u ç ã o à p rá tic a
p sic o te ra p ê u tic a . São Paulo, SP: Editora Pedagógica e Universitária.

310 referências
A PESQ U ISA DE PRO CESSO EM PSICOTERAPIA
O desenvolvimento do SiMCCIT
Sistema Multidimensional para a Categorização de
Comportamentos na Interação Terapêutica
CATEGORIAS RESUMIDAS Outras Respostas não vocais - GESTOS OUTROS
TERAPEUTA/ GOT
Gestos não contemplados nas categorias anteriores.
Registro Insuficiente-INSUFICIENTETERAPEUTA/T1N
CATEGORIAS DO EIXO I______________________________
I Respostas Verbais para o TERAPEUTA CATEGORIAS DO EIXO I______________________________
I Respostas Verbais para o CLIENTE
Terapeuta Solicita Relato - SOLICITAÇÃO DE
RELATO/SRE Cliente solicita informações, opiniões, asseguramento,
Solicita ao cliente descrições de ações, eventos, recomendações ou procedimentos - SOLICITA/ SOL
sentimentos ou pensamentos. Pedidos ou questões ao terapeuta.

Terapeuta facilita o relato do cliente - FACILITAÇÃO/ FAC Cliente relata eventos - RELATA/ REL
Verbalizações curtas ou expressões paralinguísticas. Descreve ou informa a ocorrência de eventos.

Terapeuta demonstra empatia - EMPATIA/ EMP Cliente relata melhora ou progresso terapêutico -
Acolhimento, aceitação, cuidado, entendimento, validação MELHORA/ MEL
da experiência ou sentimento do cliente. Relata mudanças satisfatórias.

Terapeuta Fornece Informações - INFORMAÇÃO/ INF Cliente formula metas - METAS/ MET
Relata eventos ou informa o cliente sobre eventos, que Descreve projetos, planos ou estratégias para a solução de
não o comportamento do cliente ou de terceiros. problemas.

Terapeuta Solicita Reflexão - SOLICITAÇÃO DE Cliente estabelece relações entre eventos - RELAÇÕES/
REFLEXÃO/SRF CER Estabelece relações causais e/ou explicativas entre
Solicitação para que o cliente pense, reflita, estabeleça ou eventos.
relate relações a respeito de eventos. Cliente relata concordância ou confiança -
Terapeuta Recomenda ou solicita a execução de ações, CONCORDÂNCIA/ CON
tarefas ou técnicas - RECOMENDAÇÃO/ REC Julgamento ou avaliação favorável, relato de satisfação,
Sugestão de alternativas de ação ou solicitação para que esperança ou confiança.
cliente se engaje em ações ou tarefas. Cliente se opõe, recusa ou reprova - OPOSIÇÃO/ OPO
Terapeuta interpreta - INTERPRETAÇÃO/ INT Discordância, julgamento ou avaliação desfavorável.
Relações causais e/ou explicativas ou padrões a respeito Outras verbalizações do cliente - OUTRAS VOCAL
do comportamento do cliente ou de terceiros. CLIENTE/COU
Terapeuta aprova ou concorda com ações ou avaliações Não classificáveis nas categorias anteriores.
do ciiente - APROVAÇÃO/ APR Cliente permanece em silêncio - C SILÊNCIO/ CSL
Avaliação ou julgamento favorável. IdemT Silêncio.
Terapeuta reprova ou critica ações ou verbalizações do
Respostas não vocais de concordância do cliente -
cliente - REPROVAÇÃO/ REP
CONCORDÂNCIA CLIENTE/ CCN
Avaliação ou julgamento desfavorável. Concordância, aprovação, compreensão.
Outras verbalizações do terapeuta - OUTRAS
Respostas não vocais de discordância - DISCORDÂNCIA
VOCAL TERAPEUTA/TOU CLIENTE/ DC
Verbalizações do terapeuta não classificáveis nas
Oposição, discordância, descrença ou reprovação.
categorias anteriores.
Respostas não vocais de pedido/ordem/comando/
Terapeuta permanece em silêncio - T SILÊNCIO/TSL
incentivo - COMANDO CLIENTE/ COM
Resposta verbal do tipo estado é encerrada sem que uma
Pedidos ou ordens, contenção ou pedido de
nova resposta verbal do tipo estado do mesmo falante
parada.
seja iniciada.
Outras Respostas não vocais - GESTOS OUTROS
Respostas não vocais de facilitação/ concordância - CLIENTE/ GCO
CONCORDÂNCIA TERAPEUTA/GCT
Gestos não contemplados nas categorias anteriores.
Concordância, aprovação, compreensão.
Registro Insuficiente - INSUFICIENTE CLIENTE/ CIN
Respostas não vocais de discordância - DISCORDÂNCIA
TERAPEUTA/GDT
Oposição, discordância, descrença ou reprovação.
Respostas não vocais de pedido/ordem/comando/
incentivo - COMANDO TERAPEUTA/ GMT
Pedido, ordem ou incentivo, contenção do cliente,
ordenação ou organização do ambiente da sessão.
Q U A U FIC A D O R 1 DO EIXO I
I Tom Emocional

+2 Emoção positiva intensa - P0SITIV02/ P02

+1 Emoção positiva leve - POSITIVOI/ P01

0 Emoção neutra - NEUTRO/ NTR

-1 Emoção negativa leve -


NEGATIV01/NE1

-2 Emoção negativa intensa -


NEGATIV02/NE2

Emoção Outros - OUTROS/ UTT

QUAUFICADOR 2 DO EIXO I
I Gestos ilustrativos

Gestos ilustrativos - ILUSTRATIVOS/ GIL


Movimento das mãos, dos braços ou da cabeça que
acompanha a fala.
Descanso de gestos - DESCANSO GESTOS/ DSC
Não há gestos ilustrativos.

CATEGORIAS DO EIXO III_____________________________


I Comportamentos Não Vocais do Terapeuta e
do Cliente

Autoestimulação - AUTOESTIM/ AST


Morder ou lamber os lábios, brincar com os cabelos,
beliscar ou manipular a pele com os dedos, coçar, segurar
a si mesmo, movimento de bater com as mãos, fricção ou
massagem.
Movimentos repetitivos ou de extremidades - MOVIM
REPET/ MRP
(1) Movimentos repetitivos ou estereotipados com o
tronco e/ou a cabeça (típicos movimentos autísticos). (2)
Movimentos de extremidades
Espreguiçar/alongar/bocejar- BOCEJAR/ BCJ
Alongamento dos membros superiores e/ou inferiores
ou bocejo.
Outros movimentos ou mudanças gerais de postura -
POSTURA OUTROS/OPT
Qualquer movimento do tronco, da cabeça ou dos
membros, não identificado nas categorias anteriores.
Postura em repouso - POSTURA REPOUSO/ EST
Participante se encontra, qualquer que seja a posição
do tronco ou da cabeça, sem nenhuma mudança de
postura, movimento repetitivo ou de autoestimulação.
CATEGORIAS RESUMIDAS O u tr a s R e s p o s ta s n ã o v o c a is - G ESTOS O U T R O S Q U A L IF IC A D O R 1 D O E IX O I
T E R A P E U T A /G O T I T o m E m o c io n a l
G e s to s n ã o c o n t e m p la d o s nas c a te g o ria s a n te rio re s .

R e g is tr o I n s u fic ie n te - IN S U F IC IE N T E T E R A P E U T A /T IN
C A T E G O R IA S D O E IX O I______________

I R e s p o s ta s V e rb a is p a ra o T E R A P E U TA C A T E G O R IA S D O E IX O I

I R e s p o s ta s V e rb a is p a ra o C LIENTE
te r a p e u ta S o lic ita R e la to - S O L IC IT A Ç Ã O DE
R E LA T O /S R E C lie n t e s o lic ita in f o r m a ç õ e s , o p in iõ e s , a s s e g u r a m e n to ,

S o lic ita a o c lie n te d e s c riç õ e s d e ações, e v e n to s , r e c o m e n d a ç õ e s o u p r o c e d im e n t o s - S O L IC IT A / S O L

s e n tim e n to s o u p e n s a m e n to s . P e d id o s o u q u e s tõ e s a o te ra p e u ta .

T e ra p e u ta fa c ilita o r e la to d o c lie n te - F A C IL IT A Ç Ã O / FAC C lie n t e r e la ta e v e n t o s - R E LA T A / REL


D e s c re v e o u in fo r m a a o c o rrê n c ia d e e v e n to s .
V e rb a liz a ç õ e s c u rta s o u e x p re s s õ e s p a ra lin g u ís tic a s .

T e ra p e u ta d e m o n s tr a e m p a t ia - E M P A T IA / EM P C lie n t e re la ta m e lh o r a o u p r o g r e s s o t e r a p ê u t ic o -
M E L H O R A /M E L
Ac o lh im e n to , a c e ita ç ã o , c u id a d o , e n t e n d im e n to , v a lid a ç ã o
(Ja e x p e riê n c ia o u s e n t im e n to d o c lie n te . R elata m u d a n ç a s s a tis fa tó ria s .

T e ra p e u ta F o rn e c e In fo r m a ç õ e s - IN F O R M A Ç Ã O / IN F C lie n t e f o r m u la m e ta s - M E T A S / M E T

R elata e v e n to s o u in f o r m a o c lie n te s o b re e v e n to s , q u e D e s c re v e p ro je to s , p la n o s o u e s tra té g ia s p a ra a s o lu ç ã o d e

n ã o o c o m p o r t a m e n t o d o c lie n te o u d e te rc e iro s . p ro b le m a s .

T e ra p e u ta S o lic ita R e fle x ã o - S O L IC IT A Ç Ã O DE C lie n t e e s ta b e le c e re la ç õ e s e n t r e e v e n t o s - R E LA Ç Õ E S /

R E F L E X Ã O /S R F CER E s ta b e le c e re la ç õ e s c a us a is e /o u e x p lic a tiv a s e n tr e


Q U A L IF IC A D O R 2 D O E IX O I
S o lic ita ç ã o p ara q u e o c lie n te p e n s e , re flita , e s ta b e le ç a o u e v e n to s .
I G e s to s ilu s tr a tiv o s
re la te re la çõ e s a r e s p e ito d e e v e n to s . C lie n t e r e la ta c o n c o r d â n c ia o u c o n f ia n ç a -

T e ra p e u ta R e c o m e n d a o u s o lic ita a e x e c u ç ã o d e a ç õ e s , C O N C O R D Â N C IA / C O N G e s to s ilu s tr a tiv o s - IL U S T R A T IV O S / G IL


ta re fa s o u té c n ic a s - R E C O M E N D A Ç Ã O / REC J u lg a m e n t o o u a v a lia ç ã o fa v o rá v e l, re la to d e sa tis fa ç ã o , M o v im e n to d a s m ã o s , d o s b ra ç o s o u d a c a b e ç a q u e
S u g e s tã o d e a lte rn a tiv a s d e a ç ã o o u s o lic ita ç ã o p a ra q u e e s p e ra n ç a o u c o n fia n ç a . a c o m p a n h a a fala.
< lie n te se e n g a je e m a ç õ e s o u tarefas. C lie n t e se o p õ e , re c u s a o u r e p r o v a - O P O S IÇ Ã O / O P O D e s c a n s o d e g e s to s - D E S C A N S O G E S T O S / DSC
T e ra p e u ta in t e r p r e t a - IN T E R P R E T A Ç Ã O / IN T D is c o rd â n c ia , ju lg a m e n t o o u a v a lia ç ã o d e s fa v o rá v e l.
N ã o há g e s to s ilu s tra tiv o s .
R elações ca usa is e / o u e x p lic a tiv a s o u p a d rõ e s a r e s p e ito O u tr a s v e r b a liz a ç õ e s d o c lie n t e - O U T R A S V O C A L
d o c o m p o r ta m e n to d o c lie n te o u d e te rc e iro s , C L IE N T E / C O U
N ã o c la s s ific á v e is nas c a te g o ria s a n te rio re s . C A T E G O R IA S D O E IX O III_________________________________
te r a p e u ta a p r o v a o u c o n c o r d a c o m a ç õ e s o u a v a lia ç õ e s
I C o m p o r t a m e n t o s N ã o V o c a is d o T e r a p e u ta e
d o c lie n te - A P R O V A Ç Ã O / APR C lie n t e p e r m a n e c e e m s ilê n c io - C S IL Ê N C IO / CSL
A v a lia ç ã o o u ju lg a m e n t o fa v o rá v e l. Id e m T S ilê n c io . d o C lie n t e

T e ra p e u ta r e p r o v a o u c r itic a a ç õ e s o u v e r b a liz a ç õ e s d o
R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e c o n c o r d â n c ia d o c lie n t e - A u t o e s t im u la ç ã o - A U T O E S T IM / AST
c lie n te - R E P R O V A Ç Ã O /R E P C O N C O R D Â N C IA C L IE N T E / C CN M o r d e r o u la m b e r o s lá b io s , b rin c a r c o m o s c a b e lo s ,
A v a lia ç ã o o u ju lg a m e n t o d e s fa v o rá v e l. b e lis c a r o u m a n ip u la r a p e le c o m os d e d o s , co ç a r, s e g u ra r
C o n c o rd â n c ia , a p ro v a ç ã o , c o m p re e n s ã o .
O u tr a s v e r b a liz a ç õ e s d o t e r a p e u ta - O U T R A S a si m e s m o , m o v im e n t o d e b a te r c o m as m ã o s , fric ç ã o o u
R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e d is c o r d â n c ia - D IS C O R D Â N C IA
V O C A L T E R A P E U T A /T O U m assagem .
C L IE N T E / D C
V e rb a liz a ç õ e s d o te r a p e u ta n ã o c la s s ific á v e is nas M o v im e n t o s r e p e t it iv o s o u d e e x tr e m id a d e s - M O V IM
O p o s iç ã o , d is c o rd â n c ia , d e s c re n ç a o u re p ro v a ç ã o .
c a te g o ria s a n te rio re s . R E P E T /M R P
R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e p e d i d o / o r d e m / c o m a n d o /
T e ra p e u ta p e r m a n e c e e m s ilê n c io - T S IL Ê N C IO /T S L (1) M o v im e n to s r e p e titiv o s o u e s te r e o tip a d o s c o m o
in c e n t iv o - C O M A N D O C L IE N T E / C O M
R esposta v e rb a l d o t ip o e s ta d o é e n c e rra d a s e m q u e u m a t r o n c o e /o u a c a b e ç a (típ ic o s m o v im e n to s a u tís tic o s ). (2)
P e d id o s o u o rd e n s , c o n te n ç ã o o u p e d id o d e
n o v a re s p o s ta v e rb a l d o t ip o e s ta d o d o m e s m o fa la n te M o v im e n to s d e e x tr e m id a d e s
p a ra d a .
seja in ic ia d a . E s p r e g u iç a r / a lo n g a r /b o c e ja r - B O C E JA R / BCJ
O u tr a s R e s p o s ta s n ã o v o c a is - GESTOS O U T R O S
R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e f a c ilit a ç ã o / c o n c o r d â n c ia - A lo n g a m e n to d o s m e m b r o s s u p e rio re s e /o u in fe rio re s
C L IE N T E /G C O
C O N C O R D Â N C IA T E R A P E U T A / G C T o u b o c e jo .
G e s to s n ã o c o n t e m p la d o s n as c a te g o ria s a n te rio re s .
C o n c o rd â n c ia , a p ro v a ç ã o , c o m p re e n s ã o . O u tr o s m o v im e n t o s o u m u d a n ç a s g e ra is d e p o s t u r a -
R e g is tr o I n s u fic ie n te - IN S U F IC IE N T E C L IE N T E / C IN
R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e d is c o r d â n c ia - D IS C O R D Â N C IA P O S T U R A O U T R O S /O P T
T E R A P E U T A /G D T Q u a lq u e r m o v im e n t o d o tr o n c o , d a c a b e ç a o u d o s
O p o s iç ã o , d is c o rd â n c ia , d e s c re n ç a o u re p ro v a ç ã o . m e m b ro s , n ã o id e n tific a d o nas c a te g o ria s a n te rio re s .

R e s p o s ta s n ã o v o c a is d e p e d id o / o r d e m / c o m a n d o / P o s tu ra e m r e p o u s o - P O S T U R A R E P O U S O / EST
in c e n t iv o - C O M A N D O T E R A P E U T A / G M T P a rtic ip a n te se e n c o n tr a , q u a lq u e r q u e seja a p o s iç ã o
P e d id o , o r d e m o u in c e n tiv o , c o n te n ç ã o d o c lie n te , d o tr o n c o o u da c a b e ç a , s e m n e n h u m a m u d a n ç a d e
O rd e n a ç ã o o u o rg a n iz a ç ã o d o a m b ie n te d a sessão. p o s tu ra , m o v im e n t o r e p e titiv o o u d e a u to e s tim u la ç ã o .

Você também pode gostar