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REPÚBLICA DE ANGOLA

NOTA DE FUNDAMENTAÇÃO

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO PONTUAL DA


ESTRUTURA ORGÂNCIA E FUNCIONAL DO
GOVERNO DE ANGOLA

Outubro de 2023

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I. NOTA INTRODUTÓRIA

1. A estrutura actual do governo da República de Angola, aprovado através do


Decreto Legislativo Presidencial n.º 9/22, de 16 de Setembro, é composto por
vinte e três (23) Departamentos Ministeriais Auxiliares do Titular do Poder
Executivo, o que equivale a vinte e três (23) titulares dos respectivos
departamentos (Ministros), coadjuvados por um total de quarenta e sete (47)
Secretários de Estado.

2. Ao longo deste período de vigência da actual estrutura orgânica do governo,


têm sido constatadas várias situações que suscitam maior eficiência no
funcionamento dos órgãos centrais da administração pública, com realce para a
sobreposição de tarefas entre distintos departamentos ministeriais, sobretudo
da área económica.

3. Nesta ordem de ideia, os objectivos preconizados com a presente proposta de


alteração da estrutura orgânica e funcional do governo, são essencialmente:

a) A redefinição das competências e atribuições de alguns departamentos


ministeriais, de modos a se evitar as sobreposições;
b) O reforço de algumas funções críticas do governo, que nos últimos anos
estiveram fragilizadas;
c) A optimização do uso dos recursos públicos, em função do contexto
económico e financeiro actual do País; e
d) O alinhamento, harmonização e uniformização da actuação dos órgãos
centrais do governo, com vista uma melhor eficiência dos serviços prestados
aos cidadãos.

4. Na sequência da presente proposta de reestruturação do governo, alguns


departamentos ministeriais serão redesenhados e outros poderão ser fundidos,
tendo sempre em atenção os objectivos supracitados. Deste modo, o número
de departamentos ministeriais terão uma ligeira redução, passando de vinte e
três (23) para vinte e dois (22), cuja relação nominal passamos a descrever:

a) Ministério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria (MINDENVP);


b) Ministério do Interior (MININT);
c) Ministério das Relações Exteriores (MIREX);
d) Ministério das Finanças (MINFIN);
e) Ministério de Planeamento e Desenvolvimento Territorial (MPDT);
f) Ministério da Economia (MINEC);
g) Ministério da Administração do Território (MAT);
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h) Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos (MINJUSDH);
i) Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social
(MAPTSS);
j) Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF);
k) Ministério das Pescas e Recursos Marinhos (MINPERMAR);
l) Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET);
m) Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação (MINOPUH);
n) Ministério da Energia e Águas (MINEA);
o) Ministério dos Transportes (MINTRANS);
p) Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e
Comunicação Social (MINTTICS);
q) Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI);
r) Ministério da Saúde (MINSA);
s) Ministério da Educação (MED)
t) Ministério da Cultura e Desporto (MINCULD);
u) Ministério do Ambiente (MINAMB);
v) Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU)

5. Como se pode observar, do ponto de vista orgânico, a presente proposta de


reestruturação afectou apenas quatro departamentos ministeriais da actual
estrutura do governo, (MEP, MINDCOM, MINCULTUR e MINJUD). Mas
do ponto de vista funcional, estamos diante de uma reformulação que trará
ganhos de eficiência e coordenação, no funcionamento dos departamentos
ministeriais supracitados em particular, e do governo em geral.

6. No capítulo a seguir, passaremos a analisar de forma particular, cada um dos


casos que originou a presente reestruturação orgânica e funcional do governo.

II. FUNDAMENTAÇÃO DAS ALTERAÇÕES PROPOSTAS

2.1. Reestruturação do Ministério da Indústria e Comércio

7. Actualmente, no exercício das suas funções, quer por parte do Ministério da


Indústria e Comércio (MINDCOM), como do Ministério da Economia e
Planeamento (MEP), tem havido várias situações de sobreposição de tarefas
entre ambos departamentos ministeriais. De modo que, urge a necessidade de
se harmonizar, uniformizar e coordenar as acções do governo no âmbito da
integração económica, melhoria de ambiente de negócio e fomento empresarial.
Para o efeito, as políticas económica-empresarial, comercial e industrial do
governo devem estar sincronizadas e alinhadas para um mesmo propósito.
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8. Sendo assim, propõe-se a fusão do actual Ministério da Indústria e Comércio
com o da Economia (sem a componente de Planeamento), permitindo assim
que o novo departamento ministerial a ser criado desta fusão, passe a formular,
conduzir, executar e controlar as políticas supracitadas de forma holística, sem
qualquer risco de colisão e interferência de um outro departamento ministerial.

9. Por outro lado, tendo em consideração a nova dinâmica económica e financeira


do País e as metas que o Executivo preconiza alcançar no curto, médio e longo
prazo, plasmados na sua Agenda Económica, Plano de Desenvolvimento
Nacional (PDN 2023-2027) e na Estratégia de Longo Prazo (Angola 2050), é
preciso redefinir o funcionamento de alguns sectores económicos, com realce
para o sector do turismo, cujas políticas são tendencialmente conduzidas mais
na perspectiva cultural e sociológica, mas que devem agora ser formuladas,
executadas e avaliadas numa perspectiva de negócio.

10. Por essa razão, no âmbito da presente proposta, o sector do turismo deverá ser
desintegrado da cultura, e em contrapartida, fundir-se com os outros sectores
acima referidos. O novo departamento ministerial que nasce desta proposta de
reestruturação passa a designar-me por “Ministério da Economia
(MINEC)”, que agrega as áreas de Economia, Comércio, Indústria e Turismo.

11. Este tipo de modelo existe em vários países, sobretudo aqueles em que o sector
do turismo é estratégico na perspectiva da dinâmica do crescimento e
desenvolvimento económico dos respectivos países. São os casos de Portugal,
Espanha, Japão, entre outros. No caso de Portugal, o referido ministério é
designado por Ministério da Economia e Mar, e no da Espanha, Ministério da
Indústria, Comércio e Turismo.

12. Tendo em consideração que o Ministério de Economia será o novo órgão do


governo responsável, dentre outras atribuições, pela política de fomento de
empresarial, competitividade, investimento e internacionalização de empresas,
no âmbito da presente proposta de reestruturação, a Agência de Investimento
Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX) passa a ser
superentendido pelo novo Ministério da Economia.

2.2. Reestruturação do Ministério da Economia e Planeamento

13. Parte da reestruturação do actual Ministério da Economia e Planeamento


(MEP) já foi fundamentado no ponto anterior, com a fusão da Economia,
Indústria, Comércio e Turismo num único departamento ministerial, o
Ministério da Economia.
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14. Desde que foi criado o Ministério da Economia e Planeamento, verificou-se
que a função Planeamento, sobretudo na perspectiva do desenvolvimento
económico, ficou enfraquecida ao longo deste período, em detrimento das
políticas microeconómicas ou empresárias. Por sua vez, o planeamento do
desenvolvimento territorial, passou à esfera do Ministério de Obras Públicas,
Habitação e Urbanismo, e do nosso ponto de vista este modelo não é o mais
adequado ao País.

15. Assim sendo, com vista o reforço das competências e atribuições do


departamento ministerial em referência, no domínio do planeamento do
desenvolvimento nacional e do desenvolvimento territorial, propõe-se uma
reestruturação do actual Ministério da Economia e Planeamento, e que passará
a designar-se por “Ministério do Planeamento (MINPLAN)”.

16. Uma das principais vantagens desta proposta de reestruturação, vai no sentido
do governo ter maior foco na definição, execução, monitoramento e controlo
do Sistema Nacional de Planeamento (SNP). Nesta ordem de ideia, a Direcção
Nacional do Investimento Público (actualmente alocado no Ministério das
Finanças), retoma ao Ministério do Planeamento, e a Unidade de
Monitorização e Acompanhamento dos Projectos do Executivo
(UMAPE), passa ser uma unidade de estrutura do Ministério de Planeamento.

17. Do estudo comparativo realizado relativamente a estrutura do governo de


outros países (benchmarking), constata-se que muitos países, dentre os quais o
Brasil, utiliza também este modelo, e o mesmo já vigorou no País durante
muitos anos.

2.3. Reestruturação do Ministério da Cultura e Turismo e da Juventude


e Desportos

18. Conforme já esclarecido anteriormente, uma das alterações da presente


proposta de reestruturação do governo, tem a ver a desintegração do sector do
turismo da cultura e sua incorporação ao sector económico. Na sequência,
propõe-se também a fusão do sector da cultura com o dos desportos, o que
resultará na criação do Ministério da Cultura e Desporto (MINCULD).

19. Independentemente das regras e padrões, de cumprimento obrigatório,


estabelecidos pelas instituições que regem os desportos a nível mundial, o
desporto representa também uma manifestação cultural de um determinado
povo. Pelo que, a fusão da cultura e desporto, num mesmo departamento
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ministerial, poderá propiciar muitas vantagens não apenas do ponto de vista de
optimização de recursos públicos, mas sobretudo no alinhamento,
harmonização e uniformização das políticas públicas nestas duas áreas
importantes do governo.

20. Quanto a questão da Juventude, esta área sai da esfera do Ministério do


Desporto e passa para a tutela do Ministério da Acção Social, Família e
Promoção da Mulher (MASFAMU), mantendo para o efeito a sua designação
actual.

21. Este modelo também já existiu na estrutura do governo angolano no passado


(antiga Secretaria de Cultura e Desporto), e muitos países também junta a
cultura e o desporto para formar um ministério, como é o caso de Espanha.

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

22. Ainda nos termos da presente proposta de reestruturação do governo, para


além Direcção Nacional do Investimento Público (DNIP) que sai do Ministério
das Finanças e volta para o Ministério do Planeamento, duas unidades do
Ministério das Finanças (a Direcção Nacional do Património do Estado
“DNPE” e a Unidade de Gestão da Dívida Pública “UGD”) passam a categoria
de instituto público, nomeadamente, o Instituto Nacional do Património do
Estado (INPE) e Instituto Nacional da Dívida Pública (INDIP), ambos sob
superintendência do Ministério das Finanças (MINFIN).

23. Havendo consciência de não existir modelos ou estruturas perfeitas para um


determinado governo, todavia temos a convicção de que, face aos desafios que
se apresentam ao governo em geral, e à Equipa Económica da Comissão
Económica do Conselho de Ministros em particular, a presente proposta de
alteração pontual da estrutura do governo da República de Angola é oportuna
e a que melhor se adapta ao contexto actual da economia nacional.

Luanda, aos 15 de Outubro de 2023.

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