Atualidade
Autor | André Pintor
II FÓRUM INTERNACIONAL
DA MULHER E DO SETOR DO
TRANSPORTE DA ANDAMUR
P
O evento realizou-se em ela segunda vez, a Anda-
Valência, e reuniu líderes e mur organizou um Fórum
especialistas do setor para Internacional no intuito de
debaterem o tema. chamar a atenção para as
mulheres no setor e os pro-
blemas que encontram, tal como algu-
mas soluções para problemas gerais do
setor que as vozes femininas, por vezes
pouco ouvidas, são capazes de resolver.
O evento dividiu-se em seis partes, ini-
ciando-se com duas vozes masculinas
no evento, Miguel Ángel López, Diretor
Geral - CEO da Andamur, que referiu a
importância das mulheres no setor e na
sua vida, destacando a sua mãe Maria
Dolores, co-fundadora da Andamur. De
seguida, Jesús Carbonell, Delegado da
Área de Segurança e Mobilidade da Câ-
30.
mara Municipal de Valência, destacou a
necessidade de progresso contínuo em
direção à igualdade, especialmente no
setor dos transportes, onde há ainda
um amplo espaço para melhorias. Fez-
-se referência a alguns números para se
colocar tudo em perspetiva, lembrando
que na União Europeia, 45% dos postos
de trabalho são ocupados por mulhe-
res. Entretanto, as mulheres represen-
tam apenas 22% dos empregos em lo-
gística e transporte.
De seguida, a socióloga Alejandra
Nuño, subiu ao palco para demonstrar
o papel das mulheres neste setor tão
importante para o dia-a-dia, destacan-
do o poder que todas as mulheres têm
para ser quem quiserem, tal como >
demonstrou algumas noções enraiza-
das na nossa sociedade, tomando por
exemplo a invisibilidade de algumas
vozes femininas e referindo as nossas
perspetivas que a pandemia trouxe
para a saúde e vida familiar através das
empresas. Concluiu a sua apresentação
destacando que a Andamur é um grupo
que reúne esforços, representa resiliên-
cia e busca o sucesso, com a educação
e a integração como principais impul-
sionadores.
O evento contou com três mesas re-
dondas, sendo a primeira intitulada “Na
Rota da Diversidade”, na qual especia-
listas se reuniram para discutir o papel
da mulher no transporte. O primeiro
painel, composto por Adela López da
Nisa López Transportes, Marivi Torral-
ba da Transportlive, Yolanda Águila da
Atralme e Bouchra Tanatu Charki da Sa-
trani, foi moderado por Ramón Valdivia
representante da ASTIC. As palestrantes
compartilharam as suas experiências e
perspetivas sobre a participação femi-
nina no setor, abordando os desafios
enfrentados e como a integração das
mulheres pode contribuir para superá-
-los. O debate ressaltou que o sucesso
requer trabalho árduo, estabilidade, es-
forço e perseverança. As especialistas
enfatizaram a importância de promover
a diversidade e a inclusão, reconhecen-
do que a participação das mulheres é
fundamental para o futuro do setor.
A segunda mesa redonda intitulada
“Destino Igualdade: Desafiando o Fu-
turo” contou com a presença de Ana
Monteiro Souta, Diretora Geral da AN-
TRAM - Associação Nacional dos Trans-
portadores Públicos de Portugal, que
trouxe luz sobre alguns dos problemas
persistentes no nosso país; participa-
ram ainda Carmen Sicilia, Diretora do
departamento jurídico, qualidade e
sustentabilidade do Grupo Corporativo
Caliche; Lorena Ballester, Diretora Geral
do Grupo Chema Ballester e Ilona Wys-
zyńska-Zajkowska, Membro do Con-
selho da PTM Transport representante
da Polónia; com moderação de Eva
Melenchón, Vice-Secretária da FROET -
Federação Regional de Organizações e
Empresas de Transporte de Murcia.
Nesta mesa, foram partilhadas perspe-
tivas futuras para o setor e foi proposta
uma visão estratégica com base em pro-
blemas específicos de mercados como
o português, o marroquino, o polaco e
o espanhol. Ana Monteiro Souta recor-
dou algumas aventuras dos 20 anos em
que trabalha no setor: “Em reuniões
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com camionistas, líderes de sindicatos
e políticos eu era sempre a única mu-
lher, e isso acabou por me dar alguma
vantagem, porque os homens falavam
entre si de igual para igual e para mim
com algum respeito por ser mulher, isso
permitiu-me baixar o nível de agressivi-
dade da conversa e de facto conseguir
melhores condições para os trabalha-
dores.” Afirmando ainda: “Às vezes ser
mulher neste setor é algo bom, nem
tudo é mau e não podemos deixar que
aquilo que é negativo nos desmotive
de procurar um futuro melhor”. A Dire-
tora Geral da ANTRAM relembrou que
foi a primeira mulher na direção de um
posto deste nível em Portugal.
O SETOR NUMA PERSPETIVA
FEMININA
Seguiu-se a última mesa-redonda do
dia, com o título “A vida sobre rodas”
moderada por Natalia Blanco, Gerente
da APETAMCOR Associação Empresa-
rial do Transporte Rodoviário de Merca-
dorias da Galiza, as motoristas Begoña
Urmeneta, Maria Dolores Jimenez, Este-
fânia Burgos e a portuguesa Alexandri-
na Santos juntaram-se para falar de >
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como a vida realmente é na estrada e o
que as empresas e as entidades públi-
cas podem fazer para verdadeiramente
melhorar as condições de trabalho para
as trabalhadoras. A crítica mais recor-
rente foi a falta ou a pouca qualidade
dos balneários femininos nas estações
de serviço, as motoristas menciona-
ram ainda que muitos nem têm porta
no chuveiro e outros nem existem dei-
xando as motoristas em situações mui-
to complicadas e desincentivando o
trabalho feminino no setor. Devido às
distâncias e às jornadas longe de casa,
as condutoras acabam por ter que ficar
bastante tempo longe dos filhos e fami-
liares e acabam por ter que pedir ajuda
aos avós para cuidar dos filhos.
Quando mencionada a falta de con-
dutores no setor Alexandrina Santos
propôs uma solução: “No momento
em que os jovens escolhem uma área
profissional, aos 15 e 16 anos, porque
não oferecemos um curso profissional
de condutor? Seria uma proposta que
adicionaria muito ao setor e não se tra-
taria de apenas tirar a carta de condu-
ção, seria ensinar a sua profissão na ín-
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tegra.” Relembrando que é importante
divulgar que no setor da logística exis-
tem muitos trabalhos que são melhor
desempenhados por mulheres e que
este setor deve sempre ser visto como
uma opção. Maria Dolores Jimenez re-
feriu que as legislações que proíbem
levar acompanhantes nas jornadas de
camião fazem com que se torne muito
mais difícil entrar em contacto com a
profissão, uma vez que, todas elas ti-
nham chegado à profissão através de
acompanharem os pais, entre outros.
Quando questionada sobre como é
ser camionista em Portugal Alexandri-
na Santos disse: “Tem sido uma jorna-
da fantástica, tive o privilégio de estar
umas horas com o Presidente Marcelo
Rebelo de Sousa no meu camião e con-
segui também concretizar o meu sonho,
através da minha empresa a Transwhite,
de ter o meu camião rosa que hoje é a
minha imagem de marca”. Sobre o mote
“a minha profissão, a minha vida” as res-
tantes oradoras ainda tiveram a opor-
tunidade de expressar o seu amor pela
profissão independentemente de todos
os defeitos que possam vir a encontrar
e também falar um pouco de como é
ser mulher, mãe e motorista. A alegria
e entusiasmo das condutoras deixou os
participantes muito animados e motiva-
dos sobre a vida na estrada, citando a
moderadora, entre risos e animação foi
possível dizer algumas verdades sobre
o setor e o que é possível melhorar.
De modo a concluir o evento, Ángeles
Ruiz, Diretora de Marketing, Atendi-
mento ao Cliente e RSC da Andamur,
surpreendeu os participantes com a
apresentação do WOW - Mulheres
no Caminho. A diretora de marketing
anunciou ainda que a próxima edição
deste fórum contará com a celebração
dos Prémios WOW. Estes prémios vi-
sam reconhecer a gestão inovadora no
setor, revelar carreiras de destaque e
uma dedicação excecional a uma vida
sobre rodas. O compromisso da Anda-
mur com a igualdade de género e com
a justiça no local de trabalho é marca-
do então por prémios e eventos como
este, sendo que a luta pela igualdade é
uma luta constante.