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Ano 5 | Edição 5 | Dezembro de 2011 | Versão TABLOIDE Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | http://universoipa.metodistadosul.edu.

br

Pescaria que ainda resiste


FOTO DE GUILHERME NETO

página 35

P
escaria artesanal é uma atividade ligada às comunidades do lito-
ral e àquelas localizadas à beira de rios e lagos. A pesca vem há
muito tempo passando por gerações. Com o passar das décadas,
foi se aperfeiçoando com o uso de grandes navios pesqueiros
que carregam toneladas de peixes. Porém, a pesca artesanal, realiza-
da pelas comunidades, onde a maioria dos habitantes ribeirinhos ain-
da vive do ofício, herança deixada por pais e avós pescadores, resiste,
sustentada por histórias de pescadores.

caderno E O que as
chinesas têm?
C
onsumidor brasileiro nunca
esteve acostumado a com-
prar um carro completo
com preço justo. Esse é o argu-
mento das montadoras chinesas
para conquistarem o mercado
nacional. Um segmento cale-
jado de carros populares, sem
itens de segurança e conforto.
“Tem que ter o Até 2008, boa parte da popu-

desejo de ser líder”


lação nunca tinha ouvido falar
nos nomes Chery, Lifan e Chana,
primeiras montadoras do país mais
página 16 populoso do mundo a aportarem por
aqui. página 6
2 Geral PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Um jornal plural Millôr Fernandes (ou quando


■■ Michele Limeira
gestos valem mais que palavras)
A
diversidade de temas marca mais uma edição do jornal Uni-
verso IPA, produzido pelos alunos do 2º semestre do curso de
Jornalismo, do Centro Universitário Metodista, do IPA. A sa-
la de redação é a disciplina de Projeto Experimental II. A definição
das pautas, a redação e a edição dos textos ocorrem no ambiente de
aprendizagem. O resultado está nas páginas a seguir, em reportagens
como a que abre a edição, produzida por Anselmo Cunha – “Do outro
lado da linha”, sobre a realidade dos trabalhadores de telesserviços
que, além de, muitas vezes ao dia, ouvirem respostas desagradáveis
dos clientes, ainda sofrem pressão das empresas contratantes para que
alcancem as metas esperadas. A reportagem de capa chama a atenção
para uma profissão antiga e cheia de histórias para contar, a de pes-
cador. “Pescaria que ainda resiste”, do aluno Guilherme Neto, funda-
menta-se em depoimentos de pescadores que sobrevivem há anos da
pesca e, hoje, sofrem com o poluição que afeta os rios e lagos gaúchos.
Na editoria de Geral, você pode conferir a reportagem de Rodrigo
Gil, sobre as marcas chinesas de automóveis e os impactos no merca-
do brasileira. Em Comportamento, a futura jornalista Andréia Lopes
escreve sobre as mulheres e ouve depoimentos sobre “as boazinhas e
as poderosas”. Ainda nesta linha, a estudante Letícia Pusti não poupa ■■ Jorge Sant’Ana lhados”. 1964, Ditadura recém sa e nunca nos tiraram, e com o

A
esforços para tentar traduzir um pouco sobre o que significa ser “fã”, instaurada. Millôr é proprietá- medo, que é humano”. A publi-
na reportagem “Elas são fãs”. Sugere-se ainda a leitura das reportagens s pessoas lembram rio de uma revista quinzenal cação é apreendida. Millôr pre-
“Benefícios que vão além do tatame”, da dedicada aluna Emili Pereira, muito das palavras chamada Pif-Paf, anos mais tende ser mais radical ainda na
e a matéria da estudante Jane Silveira, que também, com muito cui- de Millôr e com ra- tarde considerada pelo Serviço edição seguinte, mas é dissua-
dado, apresenta os principais atributos de um bom jogo de capoeira. zão. Este artigo é para de Informações do Exército o dido por seus colegas e por isso
A edição do jornal traz também um caderno especial sobre cultura lembrar seus gestos, tão grandes marco inicial da imprensa al- abandona o jornal.
e comunicação, o ‘Caderno E’, apresentando temas atuais e tendên- quanto seus pensamentos. ternativa no Brasil. No oitavo Antes disso, Millôr teve uma
cias, como o surgimento das rádios webs e o trabalho desenvolvido O ano é 1982. O cenário número, a última página con- crônica sua censurada pelo regi-
pelas rádios comunitárias. As reportagens apontam caminhos para são as primeiras eleições dire- tinha a seguinte frase: “Adver- me militar no Pasquim. Intitu-
a democratização da comunicação, assim como outras matérias do tas para Governador depois de tência: se o governo continuar lava-se “Legalizemos a Banana”
caderno indicam manifestações plurais de cultura que convivem em um longo período de Ditadura deixando que circule esta revis- e encerrava assim: “Em Jacare-
harmonia na sociedade. Cinema, música, cobertura jornalística e pu- Militar. Millôr Fernandes des- ta, com toda sua irreverência e paguá, existe um cemitério só
blicidade estão entre as pautas que podem ser conferidas. fruta de um dos espaços mais crítica, dentro em breve estare- de bananas. Foi fundado em
Leia, curta, comente! prestigiados da mídia nacional: mos caindo numa democracia”. 1833 pelo padre negro, do Zai-
duas páginas da revista Veja nas O número seguinte não foi às re, Regias Aminta, que trouxe
quais escreve e desenha o que bancas, o governo não permi- para o Brasil a manga-espada, a
quiser (ou quase, como se verá). tiu. Millôr - ou o regime mili- fruta-de-conde e o aipim-man-
IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista Não titubeia ao apoiar explici- tar - fecha a revista. teiga. A banana não foi ele quem
conselho superior de administração - consad
tamente em seu espaço o candi- Ano: 1975, AI-5, auge da trouxe. Aliás, a banana só foi
Presidente: Paulo Roberto Lima Bruhn
Vice-presidente: Carlos Alberto Ribeiro Simões Junior dato da esquerda ao governo do repressão política. Veículo: introduzida no país inteiro há
Secretário: Nelson Custódio Fer Rio de Janeiro, Leonel Brizola. jornal O Pasquim, publicação muito pouco tempo”.
Conselheiros: Henrique de Mesquita Barbosa Corrêa, Osvaldo Elias de
Almeida, Maria Flávia Kovalski, Augusto Campos de Rezende
Victor Civita, fundador da edito- que revolucionou a linguagem Com tantos exemplos de
e Eric de Oliveira Santos ra Abril e dono da Veja, o chama jornalística e fez críticas aos bravura em tempos difíceis e
Conselheiros suplentes: Jairo Werner Junior e Ronald da Silva Lima para conversar. Elogia Millôr, o costumes e ao governo na época prejuízos profissionais decor-
define como o maior jornalista de maior censura e arbítrio dos rentes dessa sua postura con-
brasileiro e pede (não ordena) “anos de chumbo”. Anunciado o testadora, Millôr poderia ter
reitor: Roberto Pontes da Fonseca
que cesse o apoio a Brizola até fim da censura prévia ao jornal, exigido do governo uma inde-
as eleições, alegando que a re- Millôr escreve o seguinte edito- nização financeira, como fize-
vista pretende ser isenta (anos rial: “Agora O Pasquim passa a ram alguns de seus colegas e
mais tarde, ao comentar o epi- circular sem censura. Mas sem muitos ex-guerrilheiros. Sobre
Jornal elaborado por estudantes do sódio, Millôr diria que a revista censura não quer dizer com li- isso, Millôr declarou: “A luta ar-
2º semestre do curso de Jornalismo IPA
fizera matérias de apoio a An- berdade... num país em que o mada não deu certo e eles ago-
coordenação do curso de jornalismo
Mariceia Benetti tônio Carlos Magalhães na épo- judiciário brinca de justiça sem ra pedem indenização? Então
professores(as) ca). O empresário insiste para o mínimo dos direitos que é o eles não estavam fazendo uma
Lisete Ghiggi, Michele Limeira e Renata Stoduto. que Millôr silencie em troca da habeas corpus... este jornal, só, rebelião, estavam fazendo um
projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico ii permanência na revista. Millôr pobre, sem qualquer cobertura investimento”.
editora-chefe: Michele Limeira
não cede e com isso abre mão – política, militar ou econômica Luis Fernando Verissimo o
ajor - agência experimental de jornalismo
• arte-final e diagramação: Carlos Tiburski de um dos maiores salários da – e que tem como único objeti- definiu como “um gênio com
• revisão: Lisete Ghiggi e Michele Limeira imprensa nacional em nome da vo a crítica aos poderosos, não princípios, meu ídolo, Millôr
endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS
independência editorial. pode se considerar livre. Mas Fernandes”. Meu também. Mil-
CEP: 90420-060 • contato: 51 3316.1269 e ajor@metodistadosul.edu.br
impressão: Zero Hora (1.000 exemplares) “Jornalismo é oposição, o res- continuaremos a trabalhar, com lôr morreu em 27 de março de
to é armazém de secos e mo- a liberdade interior, que é nos- 2012, aos 88 anos.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Geral 3
Do outro lado da linha
Abusos nas empresas e condições precárias de trabalho
fazem parte da realidade de profissionais de telesserviços
cem, o sindicato procura a di-

FOTO: ISTOCKPHOTO
reção ou a gerência da empresa,
a fim de verificar o ocorrido e
negociar com a empresa de for-
ma que os abusos não voltem a
acontecer. Mesmo assim, Trin-
dade afirma que muitas vezes é
preciso até recorrer ao Ministé-
rio do Trabalho, o que pode pio-
rar a situação do profissional de
telesserviço.
Procurada pela reportagem,
a empresa onde K.M. trabalha
não quis se manifestar sobre o
ocorrido.

O trabalho como
deve ser feito
Os problemas das empresas
que têm setor de telesserviços
podem ser superados com a
busca do bem-estar do funcio-
nário para fazê-lo alcançar su-
as metas. Para tanto, cobrança
e pressão devem ser substitu-
ídas por trabalhos motivacio-
nais e até mesmo premiações
➜➜ Lesões por esforço repetitivo e abusos profissionais estão entre os problemas enfrentados por profissionais de telesserviços aos profissionais que se desta-
cam no mês. Os funcionários
podem receber, além da pre-
■■ Anselmo Cunha mais procurados no país. O mer- clientes, porém ela sofre com dações Estaduais do Rio Grande miação em dinheiro por al-

N
cado amplo e uma oportunidade um problema muito comum na do Sul (SEMAPI-RS), empre- cançar a produção estabelecida,
ão é raro ver consu- de iniciar a carreira no merca- profissão: a tendinite, uma do- sa que atua como sindicato dos produtos como eletrodomésti-
midores insatisfeitos do de trabalho atraem milhares ença causada por esforços repe- profissionais de telesserviços, cos e até brindes, como do-
com serviços de tele- de pessoas às empresas que têm titivos. Em virtude das várias envia cerca de 700 recursos ces, para incentivar pequenas
marketing no país. A centrais de telesserviços. horas ininterruptas de digita- por mês ao Ministério do Tra- metas alcançadas. As dicas são
lentidão no atendimento e a bu- E foi justamente o mercado ção, o problema torna-se re- balho com reclamações dos pro- do supervisor de setor de tele-
rocracia desqualificam a função em desenvolvi- corrente entre fissionais cadastrados. Destes, a -atendimento, Filipe Chagas.
e estressam clientes que preci- mento que cha- profissionais maioria, 80%, é de profissionais As metas variam por empre-
sam das ligações para entrar em mou a atenção “Tenho tendinite, do ramo e al- de telemarketing. sa e período. Em tempos mais
contato com empresas e servi- da operadora de gumas empre- Segundo o diretor do setor rentáveis, elas seriam adaptadas
ços. Devido à tensão gerada pela telemarketing,
que começou sas negam-se a privado do SEMAPI-RS, Luiz à situação, e o mesmo aconte-
repetição de dados e as trocas K.M., que não devido à digitação. ajudar os fun- Trindade, os motivos que levam ceria em ocasiões onde há di-
de setores, o que leva um lon- será identifica- Eu nunca reclamei cionários que os profissionais de telesserviços minuições nas vendas. “Existe
go tempo de espera na linha, os da na matéria. desenvolvem a procurar o sindicato são re- uma meta geral estipulada que
clientes perdem a paciência e Ela sent iu-se disso para ninguém, a doença. “Te- clamações de não cumprimento é divida pelos operadores, de
brigam com os operadores, sem at ra ída pela porque quem nho tendinite, de direitos, condições precárias acordo com a sua carteira. Além
saber que estes, muitas vezes, pr of i ssão en- que começou de trabalho e abuso de poder. dela, há metas paras as rotinas
são tão vítimas quanto o cliente. quanto estava à
reclama é mandado devido à digi- Trindade relata que há casos de trabalho, pois o controle fica
De acordo com a Associa- procura de seu para rua” tação. Eu nunca em que o empregado não tem mais fácil e a possibilidade de
ção Brasileira de Telemarketing, pr i mei r o em- reclamei disso direito nem de ir ao banheiro atingi-la é mais tangível”, ex-
entre 2007 e 2010, o setor cres- prego. Ao analisar as propos- para ninguém, porque quem sem ser pressionado a voltar ao plica o supervisor.
ceu 350% e a estimativa é que tas de trabalho e ver que estava reclama é mandado para rua”, trabalho. “Há empresas onde o Além disso, o funcionário
continue a crescer 10% ao ano. apta começou a procurar traba- relata K.M. trabalhador só pode ir ao ba- que não alcançar as metas não
Por ser uma alternativa cada vez lho no telemarketing. A situação de K.M. não é um nheiro acompanhado até a por- pode ser punido. A única puni-
mais explorada pelas empresas Atualmente K.M. já atua há caso isolado. O Sindicato dos ta pelo seu supervisor que fica ção cabível é o não recebimen-
para manter o relacionamento dois anos como profissional de Empregados em Empresas de marcando o tempo no relógio”, to da premiação pelo alcance do
com o cliente, os profissionais telesserviços e afirma jamais ter Assessoramento, Perícias, In- relata Luiz. número de vendas previamente
de telesserviços são cada vez tido dificuldades em relação aos formações e Pesquisas e de Fun- Toda vez que abusos aconte- estabelecido.
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Jornal do curso de Jornalismo do
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Educação ou punição no trânsito?


Porto Alegre tem 46 pardais eletrônicos que ajudam na fiscalização do trânsito
FOTO: DIVULGAÇÃO

➜➜ Fiscais da EPTC (uniforme azul) devem atuar na orientação e fiscalização do trânsito

■■ Jessica Imhoff o dinheiro para quitá-la”. Rio Branco e Bela vista, é ta- Para ajudar na fiscalização, meter a mesma infração depois

O
O secretário municipal de refa complicada. Ele é respon- além dos agentes de trânsito a de ser multado. É uma questão
trânsito de veículos Trânsito, Vanderlei Luís Ca- sável pela parte da Área Azul capital gaúcha conta com equi- de lógica, ninguém quer pagar
em Porto Alegre, de ppellari, há 30 anos traba- e afirmou que aplica cerca de pamentos eletrônicos. Confor- pelos seus atos, e com isso vai
u n s tempos pra cá, lhando na área, explica que 70 multas por dia. “Os motoris- me o secretário de Trânsito, pensar antes de agir”.
vem aumentando cada “os agentes de trânsito ser- tas são imprudentes, muitos fa- Porto Alegre tem um total de
vez mais. E com ele crescem vem para orientar e fiscalizar lam no celular, não usam cinto 46 pardais eletrônicos e os cru- Multas
também as infrações e a dor de a circulação na cidade, para de segurança e não dão sinais zamentos mais movimentados
cabeça para muitos condutores, uma maior segurança de to- já contam com 41 câmeras de Segundo o secretário de
principalmente quando rece- dos”. Segundo ele, o agente so- monitoramento, controladas Trânsito Vanderlei Luís Cappel­
bem notificações de multas. mente aplica a multa quando “As autuações dos em tempo real pelos agentes lari, “o dinheiro arrecadado é
Há 20 anos como taxista no um motorista não cumpre as da Empresa Pública de Trans- projetado em ações de educa-
trânsito de Porto Alegre, Bruno leis de trânsito. Cappellari es- equipamentos porte e Circulação (EPTC). As ção para o trânsito, sinalização,
Goulart, não concorda com as clarece que os agentes devem eletrônicos são multas aos motoristas também câmeras de monitoramento, re-
multas e acredita que são desne- ficar sempre à vista dos mo- são aplicadas por meio dos par- ajustes no Detran, fornecimen-
cessárias. “Os agentes de trân- toristas. “Eles não são remu-
acompanhadas pela dais e registros das câmeras. O to de material para implantação
sito deveriam ajudar a melhorar nerados para ficar escondidos, foto da infração”. secretário garante precisão nas e manutenção de mobiliário
a situação e reeducar os moto- por isso estão sempre à vista multas: “As autuações dos equi- urbano”.
ristas, pois muitos não lembram dos que querem e dos que não de alerta. Aplicamos a multa pamentos eletrônicos são acom- O cidadão, ao receber a noti-
das leis, e acabam cometendo querem vê-los”. e, muitas vezes, eles revidam panhadas pela foto da infração. ficação de autuação de infração
infrações, pois não sabem que Fiscalizar o trânsito de Por- com xingamentos e agressões. Os equipamentos são aferidos de trânsito, poderá apresentar
as mesmas existem”, acredita. to Alegre, para o agente Robson Acham que estão com a razão. pelo Inmetro”. defesa na Central de Atendi-
E critica: “é muito fácil pegar Andrade, há dois anos na pro- Estamos ali para fazer nosso pa- O motorista Henrique Sar- mento ao Cidadão da EPTC
a caneta e aplicar a multa, pois fissão, atuando nos arredores pel e não para ouvir insultos de mento é a favor dos agentes de – Av. Érico Veríssimo, 100, Te-
não é do bolso deles que vai sair dos bairros Moinho de Vento, péssimos motoristas”, desabafa. trânsito. “O condutor não vai co- lefone: 118.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
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Por uma Porto Alegre mais verde
Vereador de Porto Alegre e movimento ambientalista caminham juntos pela preservação do meio ambiente
FOTO: RICARDO STRICHER/ PMPA (DIVULGAÇÃO)

■■ Guilherme Sampaio O blogueiro, representante

P
do Movimento Amigos da Rua
orto Alegre tem mais Gonçalo de Carvalho e sócio
de 1,3 milhões de ár- benemérito da Associação dos
vores, segunda dados Moradores e Amigos do Bair-
da prefeitura. Desta- ro Independência, Cesar Cárdia,
cam-se na arborização da capi- acredita que as pessoas pouco
tal gaúcha os chamados túneis fazem para defender seu patri-
verdes. São áreas urbanas em mônio. “Infelizmente vivemos
que as árvores formam natu- uma era da omissão em muitas
ralmente túneis vegetais por questões que envolvem a cida-
meio da união das copas. Atu- dania. A grande maioria da po-
almente, foram declarados 18 pulação pouco faz para defender
logradouros como Área de Uso seus direitos e para defender o
Especial. Um projeto de lei tra- meio ambiente”.
mita na Câmara de Porto Alegre, Segu ndo a publ ic it á r ia
desde 2006, e pretende declarar Maiara Nascimento, as pes-
mais de 70 vias como Área de soas deveriam ser por si pró-
Uso Especial. A proposição do prias mais solidárias com o
vereador Beto Moesch (PP) es- meio ambiente para depois se
tabelece que no lugar de toda tornarem participativas e acei-
árvore removida do local seja tarem melhores as campanhas
plantada outra. publicitárias. “Imagino que as
Dentre essas 70 vias públi- pessoas deveriam ser mais soli-
cas, que poderão ser declaradas dárias, por si próprias, fazendo
patrimônio ambiental, estão as cada uma a sua parte, pois as-
ruas Mariante, Casemiro de sim seria maior a aceitação das
Abreu, Dona Laura e Gonçalo campanhas publicitárias de pre-
de Carvalho. E entre as mesmas, servação. Acredito também que
18 já foram declaradas Área de o governo deveria aumentar os
Uso Especial, como é o caso da projetos de educação ambiental
rua Gonçalo de Carvalho. nas escolas da capital.”
Segundo o vereador Moes-
ch, Porto Alegre ganha mais
visibilidade, em relação ao tu- Você sabia?
rismo, com a preservação dos
túneis verdes. “A Capital já ga-  Uma árvore absorve 60%
nhou notoriedade em função da da água que nela cai.
rua Gonçalo de Carvalho, pri-
 Porto Alegre é pioneira
meira via da cidade declarada em tutelar e proteger
Área de Uso Especial, por meio túneis verdes, processo
de decreto publicado em 2006, que se iniciou em 2006.
em meu mandato como secre- Atualmente, existem
15 vias declaradas, por
tário municipal do Meio Am-
decreto, como Áreas de
biente. Hoje, ela é considerada Uso Especial em função
a rua “mais bonita do mundo” ➜➜ Foto da vista superior da Rua Gonçalo de Carvalho, da riqueza de vegetação.
por diversos blogs nacionais e a primeira via pública considerada Patrimônio Ambiental na América Latina Uma delas é a rua
internacionais, justamente pe- Gonçalo de Carvalho.
la riqueza de sua arborização.  Um projeto de lei que
Além disso, muitos taxistas Conscientização trônico aparece uma frase abaixo alimentar espécies da fauna, con- tramita na Câmara
relatam que visitantes de fora do e-mail que diz: “Antes de im- ter os ventos, combater alagamen- de Vereadores de
do município pedem para se- Baseando-se em números, a primir pense em seu compromisso tos, embelezar as vias e regular o Porto Alegre pretende
declarar Área de Uso
rem levados a conhecer nos- quantidade de árvores na capital com o Meio Ambiente”. O verea- microclima. Nas cidades, as áreas
Especial cerca de 70
sos túneis verdes. Prova disso equivale a aproximadamente ao dor Moesch explica que “o plantio sem vegetação chegam a ter, no ruas e avenidas que
é que esses logradouros foram número de habitantes, tendo em e a preservação das árvores são mínimo, 10ºC a mais do que as possuem túneis verdes.
incluídos no roteiro da Linha média uma árvore por pessoa. As a melhor forma de amenizar as re­giões vegetadas. A esse fenôme- A proposta autoriza
Turismo da Prefeitura Muni- pessoas são “conscientizadas” to- mudanças climáticas nos centros no dá-se o nome de Ilhas de Calor. eventuais remoções,
desde que ocorra
cipal”, observa o vereador, pa- dos os dias em relação à impor- urbanos. Além disso, a arboriza- Porém, mesmo sendo conscienti- plantio compensatório
ra justificar a importância da tância das árvores. Até mesmo ao ção contribui para evitar a polui- zadas e informadas, ainda faltam na região de origem.
proposição. trocar mensagens pelo correio ele- ção atmosférica e sonora, abrigar e ações de preservação.
6 Economia PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

O que as chinesas têm?


Montadoras investem pesado no Brasil e FOTO: RODRIGO GIL

mudam o mercado automobilístico nacional


■■ Rodrigo Gil

O
consumidor brasilei-
ro nunca esteve acos-
tumado a comprar um
carro completo com
preço justo. Esse é o argumen-
to das montadoras chinesas para
conquistarem o mercado nacio-
nal. Um segmento calejado de
carros populares, sem itens de
segurança e conforto.
Até 2008, boa parte da po-
pulação nunca tinha ouvido
falar nos nomes Chery, Lifan
e Chana, primeiras montado-
ras do país mais populoso do
mundo a aportarem por aqui.
Porém, o baixo preço, somado
aos belos pacotes de opcionais,
fizeram com que o consumidor
não só ouvisse, mas se interes-
sasse por elas. O “grand finale”
veio em 18 de março de 2011,
quando a JAC Motors iniciou
oficialmente as atividades no
Brasil. Representada no país
pelo grupo SHC, do empresá-
rio Sérgio Habib, a marca che-
gou revolucionando o mercado
automobilístico nacional. Seis
➜➜ J3 da JAC
anos de garantia, 50 conces- completo sai da
sionárias em todo o país, um concessionária
centro de distribuição de pe- custando R$ 39.900
ças, carros completos e preço
competitivo. Esse é o conjunto se acostumou a fazer? A gente Motors, Effa, Lifan, Chana, primeiro carro importado, um “Por um preço interessante eu
que fez da JAC Motors uma das reduz a margem de lucro para o Chery e outras marcas impor- J3 da JAC. Os dois são unâni- optei por apostar em um veícu-
principais montadoras chine- consumidor ter a sua vantagem. tadas da China mudaram o mer- mes ao afirmar que o motivo na lo completo com vários acessó-
sas em solo tupiniquim. Nós viemos para o Brasil para cado de automotores no Brasil. escolha por um chinês foi o pre- rios. Sei que têm defeitos, mas
Os números podem não im- provar que nós podemos ven- As montadoras tradicionais, co- ço. A garantia também atratiu, os nossos carros nacionais tam-
pressionar. Cerca de 2% dos der um carro bom, com preço mo Fiat, GM, Renault e Ford, mas foi no test-drive que o casal bém são cheios de defeitos, e
carros vendidos hoje, no Brasil, bom, sem repassar para o consu- tiveram que se adaptar às mu- decidiu. “O que a gente consta- as pessoas mantêm ainda aque-
são chineses. Em Porto Alegre, midor essa quantidade absurda danças. Houve um reajuste nos tou do carro é o oposto do que la fidelidade que nem sempre é
a JAC conta de impostos preços praticados pelas monta- todo mundo
com duas con- que pagamos”, doras nacionais. Quem sai ga- falava. Todos
cessionárias, “O consumidor nada afirma Gauto. nhando? O consumidor! Sobre falavam mal, “Por um preço interessante
uma na ave- É apostan- essa adaptação, Gauto destaca: e o que se vê
mais quer que uma eu optei por apostar em
nida Sertório do nessa van- “teoricamente, a gente manteve é que a China
e outra na ave- concorrência justa” tagem para o um preço nosso, e baixamos os dominando o um veículo completo com
nida Ipiranga. consumidor preços da concorrência, para o mercado” . vários acessórios”
O diretor da marca na capital que o diretor vê chances para consumidor ter opções também. O casal,
gaúcha, Lourenço Gauto, justi- a JAC e todas as chinesas cres- Teve muita gente que comprou que não usa o carro para fazer correspondida”, avalia Ricardo.
fica que os preços não são bai- cerem. “Eu sou diretor da JAC, outras marcas, com um pro- viagens longas, também men- Marketing! Essa é a palavra-
xos, são justos. As tarifas são mas eu sou consumidor também. duto muito melhor do que nos ciona outras prioridades na -chave para a indústria chinesa.
as mesmas praticadas em qual- O consumidor nada mais quer últimos seis meses, pode ter compra: serviço de manuten- A JAC Motors é um exemplo
quer outro importado, a diferen- que uma concorrência justa. Ele certeza”. ção, conforto e qualidade. Para disso. Foram investidos, apenas
ça está na margem de lucro. “O quer preço pra produto que va- Ricardo e Juliana Campbell Ricardo, não existem mais car- em mídia, R$ 400 milhões. A
que a gente faz de melhor que le”, completa. moram em Gramado e vieram ros ruins e o marketing em tor- marca escolheu um garoto-pro-
o mercado brasileiro ainda não Assim, de mancinho, JAC a Porto Alegre para comprar o no desses veículos é grandioso. paganda de peso, em todos os
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Economia 7
sentidos. O apresentador Fausto outro aspecto. “Não existe uma Com isso, o governo espera- “Quando se anunciou a medi-
Silva é a cara da JAC no Brasil. barreira chamada impostos. O “Não são da mesma va um aumento nas vendas de da federal, eu fiz uma avalia-
Os seis anos de garantia é ou- que existe é a mão de ferro do carros nacionais e que as fábri- ção de custo-benefício. Então,
tra ação de marketing exclusiva governo totalitário que anda por
qualidade do que cas brasileiras não tivessem de fazendo esse cálculo entendi
que deu certo no país. “Quan- um viés mais político do que aquelas marcas recorrer a demissões. Porém, que valeria muito a pena. O
do a importadora traz o carro econômico”, afirma. O proces- consagradas” o aumento foi amplamente aumento é compreensível. Eu
pra cá, ele vem com três anos so de produção no país oriental debatido por parte dos impor- acho que o governo tem que
de garantia. Nós exigimos, pra começa quando uma empresa tadores e, até mesmo, consumi- se preocupar, realmente incen-
vender o carro no Brasil, mais estrangeira resolve iniciar as mente, é o Fiat Mille. Porém, ele dores. Assim, através de uma tivar as fábricas a virem para
três. Eles concordaram. Então, atividades no país. Para isso, não entrega nem a metade dos liminar, os ministros do Supre- cá. Mas o aumento do IPI vai
a gente iniciou anunciando esse ela precisa nacionalizar a pro- itens que os chineses trazem de mo Tribunal Federal suspende- dar mais conforto às empresas
carro com três anos de garantia, dução, e por parte do governo fábrica. Nem com opcionais é ram, no dia 20 de outubro, o nacionais, e elas vão continuar
antes de abrir as lojas. Quando são exigidos a abertura de en- possível deixar o brasileiro pa- aumento do IPI para carros que vendendo carros de média qua-
abrimos, para concorrência não sino e know-how para a popu- recido com o importado. Mas, não fossem fabricados no Bra- lidade”, afirma Ricardo.
ficar sabendo, anunciamos, no lação chinesa. Assim, algum colocando ar-condicionado e sil, Mercosul e México. Contu- Com ou sem aumento de IPI,
mesmo dia, os seis anos de ga- tempo depois, a China começa um pacote de opcionais o Mil- do, durante o período em que a participação das montadoras
rantia”, conta Gauto. a produzir e exportar os seus le passa dos R$ 30 mil, enquan- o aumento do IPI vigorou, o chinesas no mercado brasilei-
próprios produtos, e que, para to o QQ, com tudo e mais um efeito foi o oposto ao espera- ro ainda é pequena, mas elas
Dura realidade o administrador, “não são de pouco, parte de R$ 23.990. do. Montadoras como JAC Mo- estão investindo pesado para
mesmo nível de qualidade do Essa é a receita. Carros tors anunciaram que não iriam mudarem esse cenário. A JAC
Contudo, a propaganda das que aquelas marcas consagra- completos, preços baixos, ga- alterar os preços de seus veí- anunciou que vai construir sua
marcas chinesas obscurece a das”, afirma Rafael. rantia longa, peças baratas. Os culos. Lourenço Gauto revelou fábrica no Brasil, gerando em-
verdade que existe nos preços. A Assim a China aterrissa no chineses chegaram e estão que as vendas da JAC em Por- pregos e diminuindo, ainda
China está conquistando o mer- Brasil, com carros que geram incomodando. to Alegre não diminuíram, pe- mais, os custos. Lourenço Gau-
cado mundial ao oferecer pro- comentários, dúvidas, mas dis- lo contrário, aumentaram. “Na to diz que “a JAC está disposta a
dutos que custam menos que as põem de longa garantia, que sa- Aumento de IPI minha opinião, atualmente, o gastar U$ 600 milhões, já pala-
marcas tradicionais. E muitos se em de fábrica com freios ABS, IPI está ajudando. A gente du- vreado com os chineses”, e que
perguntam: como? A resposta air-bags, ar-condicionado, di- Para aquecer as vendas de plicou as vendas desde que o a fábrica deve ser inaugurada
é simples: mão de obra barata. reção hidráulica, vidros e tra- carros nacionais e garantir governo anunciou o aumento. em 2014. O aumento do IPI foi
A realidade na China é bem vas elétricos, tudo por um preço os milhares de empregos de Vendíamos cinco carros por contestado no STF pelo Demo-
diferente da existente em outros muito atraente. A Chery trouxe brasileiros, o governo federal dia. Hoje, estamos vendendo cratas e, de acordo com o Supre-
países. Existe muito dinheiro o QQ para ser o carro mais ba- anunciou, no dia 16 de setem- na faixa de 10”, afirma o dire- mo Tribunal Federal, só poderá
no país, diversos cidadãos dei- rato do país. E foi, durante doisbro de 2011, uma medida que tor da JAC Porto Alegre. Co- vigorar após encerrar o prazo
xaram a zona da miséria, mas, meses, antes de sofrer um rea- eleva as taxas do Imposto so- mo exemplo do aumento nas de 90 dias, a partir do dia 15
mesmo assim, o trabalhador juste de R$ 1 mil. Mesmo as- bre Produto Industrializado vendas estão Ricardo e Juliana, de dezembro de 2011.
chinês é mal remunerado. Lá, sim, o carro que ostenta o título(IPI) em 30 pontos percentu- que foram garantir o seu carro
recebe-se em torno de U$ 1 por de mais barato do Brasil, atual- ais para veículos importados. antes de um possível aumento.
hora trabalhada. Na vida urbana,
os salários ficam próximos de FOTO: RODRIGO GIL

U$ 80 mensais. Enquanto que


no meio rural, a situação é ain-
da pior.
O administrador e professor
universitário, Rafael Barbosa,
explica que o maior custo de
qualquer organização refere-se
à mão de obra. Portanto, para
ele, “países em que há oferta
abundante de pessoas dispos-
tas e precisando de trabalho a
um custo menor, relativamen-
te aos demais países, tornam-se
naturalmente atrativos para as
organizações. Com isso, conse-
gue-se diminuir o valor dos car-
ros desde o momento em que
eles são produzidos”, destaca
Rafael.
Outro aspecto importante
refere-se ao nível educacional
dos chineses, que é muito bai-
xo. Eles não estão acostumados
com direitos humanos e traba-
lhistas. Devido ao seu sistema
político comunista totalitário, o
professor explica que a China
se torna atrativa, também, por ➜➜ Juliana e Ricardo aproveitaram a redução do IPI para garantir a compra do primeiro carro importado do casal
8 Geral PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Um grande desafio: como tornar


o exército atrativo para os jovens?
Com o desinteresse dos jovens em se alistar, a instituição tenta retomar o seu destaque no contexto político do país
DIVULGAÇÃO: HTTP://SAOCARLOSAGORA.COM.BR

➜➜ Novas estratégias federais incluem a possível profissionalização do exército brasileiro

■■ Pedro Guterres trabalhar muito. Martin. “O Exército vem tra- fazer uma prova caso o candida- o Brasil não tem tradição em

A
Um bom exemplo que mos- tando isso com cuidado. É fato to queira entrar. “Sem falar na guerras, o que coloca em xeque
s grandes mudanças tra o contrário é o de Paulo Ca- que nos últimos anos cada vez Escola Superior de Guerra para os equipamentos utilizados nos
políticas e econômi- já Santos, 18: “Eu sempre tive menos jovens querem ingressar quem quer ser oficial de carrei- dias atuais. Segundo o tenente
cas das últimas déca- o sonho de entrar no Exérci- na instituição, só que há outra ra”, observa o tenente. Silvio Martin, as Forças Arma-
das fizeram com que o to. Têm muitas coisas que eu coisa óbvia, o Exército não po- das estão sempre em renovação,
país passasse de terceiro mundo admiro nesta instituição, a de ficar sem gente, então esta- Novidades e por isso estão bem apare-
a uma força emergente no ce- hierarquia, a organização e a mos fazendo um trabalho para lhadas. “Um exemplo é que o
nário global. Porém, como fi- importância para com o país”. que isso possa mudar. Para se O tenente Silvio Jorge Mar- Brasil comprou, em 2011, 250
cou a instituição que mandou Ainda nesta linha de pensamen- ter uma idéia, por ano, entram tin explica que haverá uma mu- tanques de guerra da Alema-
no estado brasileiro em tempos to, André Pedroso Dalpiaz, 18, no Exército cerca de 80 mil jo- dança importante no Exército, nha”. Porém, ele deixa claro:
obscuros, como os de ditadura irmão gêmeo de Lucas, mostra vens, o que corresponde a ape- que beneficiará os jovens. Em “Nosso objetivo agora é prote-
militar? estar muito empolgado com a nas 1,2% dos que se alistam em 2010, o governo federal apro- ger nossas riquezas naturais co-
O Exército continua sendo possibilidade de seguir carreira todo país”. vou “A Nova Estratégia de De- mo o pré-sal e a Amazônia, que
parte importante do governo fe- militar. “Acho uma ótima op- Hoje, se um jovem tem um fesa”. O novo plano prevê que são de importância vital para o
deral e tem a função de defender ção de vida, seguindo a carrei- determinado porte físico ou ca- as forças armadas incorporem país, e não sermos a maior po-
a nação de possíveis inimigos ra militar sei que posso ter um racterística intelectual, pode in- cerca de 30 mil homens até o tência militar do mundo, porém
externos. Contudo, pontos liga- futuro próspero, poderei fazer gressar no Centro de Preparação final do ano de 2012. A grande temos que ter um equipamen-
dos às Forças Armadas ainda o que gosto e ganhar um salá- de Oficiais da Reserva (CPOR). notícia em relação a este pon- to adequado à tecnologia dos
geram certa polêmica. Um deles rio que considero legal para ho- Lá vai ter um preparo técnico to é que poderá haver a profis- tempos de hoje”. Além dos tan-
é o alistamento obrigatório aos je em dia”. e profissional. Isso quer dizer sionalização do Exército, assim ques alemães, o Brasil está in-
18 anos, que é tema de divergên- O Exército trabalha com es- que esse jovem ganhará muito como fazem as grandes potên- vestindo na Aeronáutica, com
cia entre os jovens. Um exemplo tratégias para continuar sendo em seu currículo, usando a ex- cias militares. o primeiro avião não tripulado
disso é o estudante Lucas Pedro- forte e atrativo para os jovens, periência para o resto da vida. A Outro ponto que muitos jo- da América Latina, e na Mari-
so Dalpiaz,18 anos. Para ele, o é o que afirma o oficial do Co- Escola de Sargento das Armas vens têm interesse em saber é nha, com os novos equipamen-
Exército é um ano perdido, no mando Militar do Sul, em Por- (ESA) também é uma ótima op- como anda a estrutura do Exér- tos para proteger o vasto litoral
qual o jovem ganha pouco para to Alegre, tenente Silvio Jorge ção, mas a partir daí é necessário cito, porque, historicamente, brasileiro.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento 9
Na hora do
FOTO: ARQUIVO PESSOAL

embarque
O Universo IPA dá dicas e conselhos sobre
o processo de preparação para o intercâmbio

■■ Vinícius de Lima Moresco balha na Irlanda.

Q
Porém, não é somente de
uem nunca pensou em alegrias a preparação que cer-
morar fora do Brasil, ca uma viagem de intercâmbio.
conhecer a Europa, os Checar documentos necessários,
Estados Unidos, o Ca- estudar os costumes e a história
nadá ou a Austrália? Pois bem, do país de destino, preparar ro-
o intercâmbio é o desejo de jo- teiros e traçar planos são passos
vens que cursam o Ensino Su- fundamentais para quem deseja
perior ou até mesmo que já se se dar bem nesta aventura
formaram. Aprimorar o domí- Existem inúmeros progra- ➜➜ O Intercambista Igor Mello Silveira em Dublin, Irlanda, cidade onde mora e estuda desde fevereiro
nio de uma segunda língua, seja mas de intercâmbios ofereci-
ela o inglês ou o espanhol, no dos por agências de viagens, e
exterior, é o objetivo principal. entre os mais procurados estão será fundamental na hora de fa- é ter disponibilidade, flexibilida- mais recomendado é a bicicle-
Países como Inglaterra, Cana- cursos de idiomas e combinados, zer viagens pelo país escolhido. de, maturidade, tolerância com ta. Além de ser uma forma de
dá, EUA e República Domi- trabalho remunerado e estágios, É preciso também checar com as diferenças, motivação e von- locomoção saudável também é
nicana estão entre os roteiros além de cursos de férias para a companhia aérea qual é o pe- tade de aprender” , relata Carla muito bem aceito pelas culturas
mais desejados de quem quer alunos de menor idade. so máximo de bagagens, como Mussoi, diretora da agência de européias.
vivenciar a experiência, como Depois de tudo garantido e a quantidade de volumes líqui- intercâmbio World Study.
relata o chefe de gabinete, Gui- checado, é hora de providenciar dos permitidos (saiba mais em Contrapeso
lherme Metodisch, que passou o visto, um processo que pode www.infraero.gov.br). Outra Onde morar
dois anos e meio na Califórnia demorar. Dependendo do pa- dica é incluir na bagagem de Um tempo fora do país, vi-
– EUA: “Além da fluência no ís de destino, o trâmite é mais mão uma muda de roupa, para A moradia também é um fa- vendo sob sua própria respon-
inglês, o intercâmbio me pro- complicado ou até mesmo mais ser usado em caso de extravio tor muito importante a ser de- sabilidade, além do domínio de
porcionou experiência de vida, difícil. Alguns consulados en- das malas. Uma boa pedida é cidido ainda no Brasil. Mais um segundo idioma, é conside-
responsabilidade e muitas ami- contram-se somente em outros levar uma lembrança e cartões aconchegante, as casas de fa- rado como diferencial por mui-
zades novas”. estados, como, por exemplo, o postais do Brasil para a famí- mílias normalmente são indi- tos empreendedores na hora de
Os destinos mais procura- consulado do Canadá (Brasília lia anfitriã. cadas para quem procura uma contratar um candidato.
dos pelos brasileiros são Canadá, e São Paulo) ou dos EUA (Rio Um conselho muito eficaz total imersão na cultura local. “Eu avalio o intercâmbio co-
Inglaterra (cuja nova regula- de Janeiro, Brasília, Recife e é não levar todas suas econo- Além de que o jovem pode, em mo um investimento de longo
mentação dificulta o trabalho São Paulo). mias em dinheiro “vivo”. Utili- alguns casos, cuidar das crian- prazo. Quem normalmente se
para estrangeiros), ou Irlanda. Após estar com o visto em ze recursos como o Visa Travel ças da casa e descolar uma frusta são os jovens que vêem
“Quando fui escolher o local do mãos, é preciso começar a Money e cartões de crédito in- grana para se manter. Hostel o intercâmbio como um inves-
meu intercâmbio, estava em dú- pensar o que levar na viagem. ternacionais. Veja outras dicas ou albergues são opções para timento de curtíssimo prazo, do
vida entre Austrália, Dublin ou É nesta hora que o estudo so- no quadro abaixo. quem não tem problema com tipo, “vou, volto e um monte de
Canadá. Fui a uma palestra so- bre o local de destino entra em “O real objetivo do programa privacidade e deseja adquirir empresas estará me aguardan-
bre a Austrália, mas só falavam ação.O aconselhado é que os de intercâmbio deve ser o de vi- novas amizades de todos os do de portas abertas”. Isso não
em festa e sabia que ia me per- jovens levem todos os tipos de venciar uma experiência inter- cantos do mundo, uma mescla vai acontecer”, afirma o consul-
der. Então, entre Dublin e Ca- roupa, mas respeitando as tradi- cultural, conviver com outras de culturas. Casa de estudan- tor de carreiras Max Gehringer,
nadá, escolhi Dublin somente ções e os costumes locais. Inter- culturas, entender suas diferen- tes é a opção mais desejada, po- em entrevista à revista Planeta
por ser na Europa”, conta Igor cambistas já rodados dão a dica ças e especificidades. Os requisi- rém mais cara. Apartamentos Intercâmbio.
Mello Silveira, que estuda e tra- de levar uma mala pequena, que tos para se fazer um intercâmbio onde moram jovens de diver- Da mesma maneira, é preci-
sos países é o meio mais con- so avaliar o que será mais pro-

Dicas para melhorar seu intercâmbio fortável e privativo de se alojar, dutivo no seu futuro. Começar
mas o aconselhado é que não a trabalhar ou fazer intercâmbio
Respeite as pessoas e as
 Ingerir bebidas alcoólicas isso não é tolerado e pode se juntem pessoas da mesma é a frequente dúvida dos jovens
regras do local onde ficará. em demasia ou usar lhe trazer sérios problemas. nacionalidade, para evitar a recém formados. Nessa hora, é
Não gaste tempo
 drogas, além de crime, É importante saber
 comunicação na língua natal. necessário colocar na balança
conversando com pode gerar deportação. controlar as festas.
brasileiros, até mesmo  Fast food é prático, barato Não se deve esquecer Escolher uma moradia perto suas pretensões futuras e pen-
pelas redes sociais. e rápido, mas pode causar que o motivo principal da escola é essencial para quem sar que um intercâmbio pode ga-
O propósito é aprimorar danos à sua saúde. que leva o jovem a deseja economizar dinheiro du- rantir garante fluência em uma
seu conhecimento em  Não tente usar o “jeitinho fazer o intercâmbio: é rante o intercâmbio. Países eu- segunda língua, fator cada vez
outra língua. brasileiro” para obter aprender ou aprimorar
ropeus contam com um ótimo mais exigido por quem contra-
Cuidado com os excessos.
 vantagens. No exterior outra língua.
serviço de metrô, todavia o ta jovens.
10 Comportamento PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Quando a responsabilidade
chega mais cedo
O índice de adolescentes grávidas diminuiu em Porto Alevgre, mas a gravidez na adolescência ainda é um desafio a ser superado

ARQUIVO PESSOAL
■■ Ana Paula Scheffer em um beco sem saída e sem-

E
pre pensei: na minha primeira
m Porto Alegre, dimi- transa, não vai acontecer nada.
nuiu o índice de mães Fizemos sem camisinha, achei
jovens com menos de que não teria nenhum problema,
17 anos, conforme os mas agi errado. Se não estiver
dados da Equipe de Vigilância usando camisinha e outras pre-
de Eventos Vitais, Doenças e cauções o risco de engravidar é
Agravos não Transmissíveis, da muito grande”, afirma Kianne.
Secretaria Municipal de Saúde, A primeira reação que teve
que pesquisou entre os anos de foi pensar: “como permitiu que
2000 a 2010. Os dados apontam acontecesse e como seria uma
que em 2000 engravidavam por criança cuidando de outra?”.
ano 2.285 e em 2010 o número Mas a calma para Kianne foi o
diminuiu para 1.299, em casos essencial para pensar que não
de mães entre 10 e 17 anos, con- seria tão complicado assim.
sideradas adolescentes. Abandonar a vida de antes,
A gravidez na adolescência, de balada, sem compromissos,
apesar de ter diminuído, conti- foi o que mais fez diferença na
nua sendo um desafio a ser su- vida dela, porque em um dia ti-
perado. A surpresa do exame nha liberdade para fazer o que
positivo numa fase da vida em queria e no outro, o dever era
que a menina não está madura cuidar de uma criança, princi-
o suficiente para ser mãe é im- palmente, sem experiência. Era
pactante. As mães das adoles- tudo novo e “assustador”.
centes são as que mais procuram “No início foram mil maravi-
atendimento de psicólogos nos lhas, era tudo novidade, depois
Postos de Saúde e Hospitais. A que a ficha foi caindo não era tão
psicóloga Regiane Larréa Pe- bom assim, pensava: ‘cadê mi-
reira aponta que no início do nha liberdade? Me via presa tão
tratamento psicológico a ado- ➜➜ Karina Monteiro, mãe de Luiz Henrique, supera os desafios da maternidade na adolescência nova com uma criança que não
lescente pode ter várias reações era um boneco, mas sim uma
de acordo com o grau de ma- pessoa”, relata Kianne.
turidade e consciência da situ- pai iria assumir. Com o passar sidera-se uma mãe dedicada e que se tem que cuidar e amar. Hoje Ryan, seu filho, tem
ação atual, podendo variar de do tempo “as preocupações fo- atenciosa que jamais deixou O primeiro sorriso, os primeiros três anos e, ela, aos 19 anos, es-
uma rejeição e negação da gra- ram diminuindo” e Karina não de lutar pelos seus objetivos e passos, a primeira palavra, o pri- tá esperando outro filho. Nova-
videz, negligenciando os cuida- deixou de ter o apoio da família. por isso não abandonou os es- meiro “mamãe”. Não tem como mente terá que se dedicar, mas
dos pré-natais, até sentimentos “Foi um grande choque, princi- tudos. Hoje, no quarto semes- dizer que eu não amo ser mãe”, agora em dobro, e garante que
de maior aceitação da gestação. palmente para a minha mãe. Nos tre de Direito, Karina consegue diz Karina. não se arrepende. A vida con-
“De qualquer forma, a gravidez primeiros dias foi complicado, conciliar filho, estudo e traba- Já Kianne Teixeira, tam- tinua e para tudo há solução.
na adolescência sempre será um depois a minha família come- lho. Mesmo não sendo uma ta- bém mãe aos 16 anos, não te- Casada, conta com o apoio do
sofrimento e precisará de uma çou a aceitar o fato, e hoje Luiz refa fácil, ela garante que todo ve a mesma sorte que Karina, marido que trabalha e é um óti-
boa rede de apoio para que a Henrique é o xodó de todos”, o esforço é válido para o futu- precisou abandonar seus estu- mo pai. “Cresci bastante. Penso
adolescente possa ter condições afirma Karina. ro de Luiz Henrique, a fim de dos, após sete meses de gesta- que na vida nem tudo são flores,
de vivenciar a maternidade e di- A estudante em nenhum mo- que ele tenha uma vida boa e ção, para dedicar-se à gravidez. mas também não são espinhos.
minuir os riscos ao bebê”, diz mento sentiu-se incapaz de cui- estável. Ela conta que receber a notícia e “Hoje dou graças a Deus por ter
Regiane. dar da criança, mas afirma que “Me sinto muito abençoada repassá-la aos seus pais não foi meu filho. Ele veio cedo, mas
A estudante de Direito, Kari- teve muito medo de criá-lo so- pelo filho que tenho, saudável e uma tarefa fácil. O seu pai ficou é meu maior tesouro”, finaliza
na Monteiro, mãe de Luiz Hen- zinha, principalmente por não esperto. Quando o vi, depois do muito chateado e não manteve a adolescente.
rique, conta que ao receber a estar junto com o pai do bebê. parto, foi como se a minha vida o contato por muito tempo, mas Duas histórias com destinos
notícia, aos 16 anos, foi com- No início da gravidez, ela não mudasse da água para o vinho, com o apoio da mãe, conseguiu diferentes, mas com resultados
plicado. Surgiram várias per- teve o apoio do pai e o maior como se fosse só ele que exis- superar o “baque”. positivos: as mães assumiram
guntas principalmente da mãe medo era que Luiz Henrique não tisse para mim. E saber que eu “Quando descobri que estava seus filhos. Karine não precisou
da adolescente. Ela queria saber tivesse o afeto e o acompanha- dei a luz de parto normal, toda grávida, foi um choque, estava abandonar suas tarefas. Já Kian-
sobre tudo, como tinha ocorrido, mento paterno. uma força para nascer uma pes- com três meses de gestação e ne abriu mão de seus estudos
porque ela não se cuidou e se o Karina, mesmo jovem, con- soa de dentro de mim, alguém três meses de namoro. Me via para poder se dedicar ao filho.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento 11
FOTO

Boazinhas
: AND
RÉIA
LOPE
S
sempre fez com que fosse res-
peita ela em seus relacionamen-
tos, “tanto em amizades como
em namoros”, acrescenta. Na-

e poderosas
thy, como é conhecida, afirma
estar sempre disposta a ouvir,
é flexível, o que em sua opi-
nião conta bastante. E finaliza
dizendo: “Penso que, hoje em
O papel de cada uma nos relacionamentos modernos dia, é tão mais fácil ser sozinho,
não dar satisfação a ninguém.
por As pessoas estão cada vez mais
■■ Andréia Lopes “Nenhum homem quer ter ao seu seu independentes. Quando se sen-

E
lado alguém totalmente depen- par- tem sozinhos ficam com alguém
m tempos de baladas re- dente, que não tenha um posicio- cei- sem compromisso e parece es-
pletas de rostos bonitos namento a respeito das coisas”. ro que, tar tudo resolvido. Então, é di-
o que se vê são pessoas Aos 58 anos, ele acredita além de fícil achar alguém que queira se
que entram e saem so- que o segredo dos relacio- cozinhar, juntar com outra pessoa se sozi-
zinhas. O problema não é en- namentos de sucesso está também nho é tudo tão simples”.
contrar companhia para “ficar”, em fazer concessões sem lhe escre-
com corpo definido e ótimo de- violentar suas próprias ve poesias. Opinião de
sempenho sexual. A grande mis- vontades, colocar-se no Atitudes especialista
são está em encontrar alguém lugar do outro, viver provam que o
disposto a passear de mãos da- em harmonia e verda- amor prevale- Os relatos não traçam um
das, freqüentar almoços de fa- de. E completa dizendo ce, mesmo com mapa de sucesso sentimen-
mília, ir ao cinema, tomar um que “ser casado com uma duros golpes do tal, mas servem de norte pa-
sorvete, sem que isto acabe ne- mulher poderosa possui al- tempo, e como ra obter uma visão geral sobre
cessariamente em transa. go que as boazinhas não têm: uma velha máqui- relacionamentos. Na avalia-
No meio de tanta evolução, sabedoria”. na, necessita de óleo ção da psicóloga Eliane Mello
a humanidade deixou de lado Quem também compartilha nas engrenagens para Silveira, é importante deixar
coisas simples como “encantar a opinião é o professor José Al- E as funcionar sem ruídos. “Acho claro que homens e mulheres
o outro”. Almeja-se ter um bom tair Lopes da Silva, 41. Questio- mulheres? que deveria me mostrar mais não escolhem viver juntos pa-
trabalho, conquistar um diplo- nado sobre qual tipo de mulher dependente emocionalmente, ra disputar alguma coisa, mas
ma, comprar automóvel, aparta- os homens gostam, ele respon- As mulheres casadas con- pois como sou o lado mais forte, para construir e vencer juntos
mento, fazer pós no exterior. E de sem dúvidas: “Para casar, as quistaram seus pares com ma- acabo assumindo alguns papéis e, para que isso aconteça, em
por conta disso os sentimentos poderosas”. E revela: “Com as lícia ou doçura? Qual o segredo que considero ser do parceiro. algum momento, alguém tem
tornaram-se superficiais, fica- boazinhas o homem se sente do- para manter a chama do amor Mulher independente em tu- que ceder. Analisando o tema,
ram para segundo plano. Ana- minante e superior, mas é can- acesa em seus parceiros? Viver do assusta”, conclui a relações de acordo com a psicologia,
lisando os papéis de mulheres sativo, já com as poderosas ele junto requer mesmo uma recon- públicas. Eliane explica: “Cabe a am-
boazinhas e poderosas nas re- se sente muito bem protegido quista diária? A autônoma He- bos o papel de conhecer e de-
lações amorosas e como os ho- e pode ter uma relação mais de liege Silveira responde que sim. Solteiras senvolver-se, desempenhando
mens encaram e valorizam as igual para igual, uma compa- Aos 25 anos de casada ela fala parcerias, demonstrando um
duas personalidades, é possível nheira para todas as horas”. sobre os elogios que recebe do As solteiras trazem um quar- ao outro o que realmente de-
entender o quanto o comporta- Aos 37 anos, o Analista de marido, da forma como a res- to ângulo de visão sobre o as- sejam no relacionamento, não
mento das mulheres contribui Sistemas, André Palacios, co- peita, das coisas que faz para sunto. A primeira a falar é uma sendo nem tão poderosos nem
para o sucesso ou fracasso dos nhece os encantos de mulheres agradar e, principalmente, da advogada de 28 anos, que se bonzinhos, adequando-se aos
relacionamentos. boazinhas e poderosas. Para ele, maneira como a ajuda a encarar considera boazinha, mas nem papéis necessários dentro da
a melhor companhia depende a vida de forma segura, preocu- por isto sente-se prejudicada relação conjugal, sabendo onde,
O que dizem do momento e dos objetivos do pado com tudo que diz respeito nos relacionamento: “Os ho- como e quando sobressair ou
os homens homem. Contrapondo a deter- a ela. Qual será o seu segredo? A mens me vêem como uma mu- desenvolver-se, zelando pela
minação, objetividade e audácia característica que mantém este lher interessante e me tratam união conforme hábitos e cul-
Para o consultor de empre- das poderosas e o fascínio da homem fascinado por todos es- com respeito e admiração”. Pa- tura familiar.”
sas, Jorge Aiub Maluf, casado conquista que elas despertam, ses anos? Será Eliege boazinha ra ela, o motivo pelo qual os Ao final, descobrimos que
há 32 anos, a questão é: “Se as André fala sobre a companhia ou poderosa? Ela revela: “Te- relacionamentos não seguem não existem mulheres boazi-
mulheres desejam construir um carinhosa, o amor e compreen- nho um pouco de boazinha, mas adiante nos dias atuais está na nhas e poderosas. O que há são
relacionamento estável e dura- são que se tem ao lado da mulher prevalece a poderosa”. falta de companheirismo, nos pessoas com personalidades
douro, é preciso entender que boazinha, que por muitas vezes Aos 40 anos, uma Relações compromissos da vida moder- diferentes, dispostas a viver
os homens valorizam mais as apresenta-se como um porto se- Públicas, que prefere não se na e na ausência de sentimentos relacionamentos com intensi-
mulheres que representam um guro. “As boazinhas, eventual- identificar, afirma que apesar da verdadeiros. dade e velocidade distintas. O
verdadeiro desafio e não as que mente, no afã de agradar, não aparência de boazinha sente-se Nathália Arriera Corrêa é essencial é encontrar o equilí-
simplesmente concordam com manifestam tudo que pensam e poderosa: “Me sinto referência Agente de Vendas, tem 20 anos, brio. Por mais modernos que
tudo o que eles pensam, o que nos levam a deduzir o que estão em vários aspectos para muitas e ainda não fez a radical defini- sejam os tempos, algumas si-
define mulheres boazinhas”. Se- pensando, o que geralmente os pessoas. E os homens tendem a ção entre ser boazinha e pode- tuações simplesmente não mu-
gundo Maluf, o que atrai os ho- homens não fazem bem, poden- se sentir intimidados comigo”. rosa. Por ser brincalhona, acaba dam. O importante é não se
mens é o mistério, pois faz com do prejudicar a relação”, avalia Mesmo enfrentando o desgaste levando a vida de uma forma deixar levar pelos falsos valo-
que sejam mais criativos na ar- considerando o lado negativo de de 13 anos de relacionamento, a mais tranquila e acredita que res que a sociedade quer que
te da conquista. E acrescenta: relacionar-se com elas. profissional sente-se valorizada este seu jeito “leve” de ser é que você acredite.
caderno E
A internet democratiza a arena da crítica de cinema, antes restrita
às publicações impressas e a poucos jornalistas especializados
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Acesso Cinema
ilimitado ao alcance
Projeto da Prefeitura
de Porto Alegre ajuda
comunidades carentes a

à crítica de todos! manifestarem a paixão


pelo audiovisual
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A manipulação da imagem sob


a perspectiva da publicidade página 14
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 13
Uma nova tendência na área da
comunicação Ao contrário das rádios difusoras, as rádios web buscam um público
qualificado e atuam numa área que sofre constantes evoluções tecnológicas
FOTO: BRUNO MOURA

■■ Bruno Moura

N
a evolução tecnológi-
ca, o meio radiofônico
busca seu espaço. As
rádios web conquis-
tam lugar no competitivo mun-
do da comunicação. As rádios
web são transmissões de áudio
via internet, através do uso da
tecnologia de streaming. Qual-
quer pessoa pode montar a sua
própria rádio web, caracterizada
como uma ferramenta democrá-
tica e nova tendência na área da
comunicação. Inúmeras rádios
web acolhem públicos segmen-
tados, como é o caso da Rádio
Putzgrila. De acordo com o mú-
sico e apresentador do programa
Digestivo, Rafael Cony “a Rá-
dio Putzgrila é focada em rock
e suas vertentes”. Esta segmen- ➜➜ Pedro Fonseca entrevistando Nenung, ex-integrante da banda Barata Oriental, durante o programa Rocker, pela Rádio Web Putzgrila
tação com as rádios web, “cujo
objetivo é cativar um público
que tem uma relação ou afini- encontramos é a falta de equi- público segmentado. “A rádio das rádios web. Uma vez que que agente vai receber esse áu-
dade com a proposta da rádio”. pamento, que é muito caro“, re- web se apresenta como novida- estão ali por simpatia à progra- dio é que está mudando”, opina
Pedro Fonseca, radialista e vela Pedro. de no sentido da distribuição, mação, também podem opinar o professor.
fundador da Rádio Putzgrila Muitas das iniciativas de rá- pois barateia os custos para a e reclamar através de canais
conta que a ideia de criar a rá- dios webs surgem nos cursos realização de uma transmissão disponíveis na internet como Como ter a minha
dio surgiu du- universitários. de áudio, embora não tenha o o Facebook e o Twitter. Rafael rádio web?
rante o curso N o C e n t r o mesmo potencial de audiência Cony comenta que “a segmen-
de tecnólogo “A rádio web é uma Universitário massiva que uma emissora de tação faz com que se tenha um Se qualquer um pode montar
em Rádio, da nova tendência e Metodista do rádio tem”, explica Militão. contato direto com a rapaziada sua própria rádio web, como fa-
Ulbra. Era um Ipa, os alunos Apesar dos elevados custos, pelas redes sociais”. Para ele, zer? Pedro Fonseca alerta: “Pra
t rabalho de
mesmo as difusoras cont a m com a rádio web pode ser encara- a rádio não é feita só de mú- montar uma rádio é caro. Equi-
conclusão que disponibilizam um a Rádio IPA, da como uma forma de negó- sica, mas também de informa- pamento de rádio é muito caro”,
resultou numa canal para audição c uja m e t a é cio rentável. O maior exemplo ção. Muitas vezes os próprios mas esclarece que basta acessar
das ma is co- propiciar um disso é a Agência Rádioweb, ouvintes atuam como colabora- o site Google e pesquisar “co-
n he c id a s rá - de seus programas ambiente ide- com 10 anos de história, que dores, ao alertar os apresentado- mo fazer uma rádio web”. Na
d ios web de por streaming” al para os es- trabalha com venda de matérias res sobre notícias que merecem pesquisa é possível ter os pri-
Porto Alegre. tudantes das produzidas para outras emisso- divulgação. meiros passos e através de um
Pedro conta que o projeto ha- áreas de Comunicação e Mú- ras de rádio. Criada em 23 de O professor Militão acredita teste é possível saber se a rádio
via surgido em 2007, mas que sica aprimor conhecimentos, e agosto de 2001, em Porto Ale- que “estamos em um novo perí- terá futuro ou não. Se sim, aí ca-
só em 2008 a ideia foi levada a praticar a produção de progra- gre, numa época em que a in- odo onde há uma grande ofer- be ao criador decidir se vai in-
sério. Inicialmente a programa- mas e comerciais. Os trabalhos ternet ainda era muito lenta, a ta de conteúdo”. A informação vestir em servidores, estrutura
ção era feita entre amigos, de dos alunos são disponibiliza- agência surgiu com o propósito através do áudio tem a tendência e equipamento.
forma a preencher a grade que dos na Rádio Web do Centro de funcionar como rádio web e de permanecer, pois as pessoas A rádio web é uma nova ten-
era ao vivo. Pedro esclarece que Universitário, sob a supervi- disponibilizar conteúdo. Neste tendem a fazer muitas coisas e dência e mesmo as difusoras
até então a programação não era são do professor Militão Ri- aspecto, pode-se considerar a só conseguem assimilar a infor- disponibilizam um canal para
24 horas e que o objetivo era cardo. Para ele as rádios web rádio web como um novo ni- mação dessa forma. Uma pessoa audição de seus programas por
investir no público que ouvia o possuem uma audiência baixa, cho de mercado. que dirige não vai conseguir ler streaming. Enquanto o mundo
gênero rock’n roll. Atualmente, porém qualificada, se compa- o noticiário ao mesmo tempo, muda e as mídias fazem o pos-
a rádio conta com uma progra- rada com as rádios difusoras A segmentação mas conseguirá ficar informa- sível para se adaptar, a rádio
mação variada e colaboradores que são poucas e com grande do público da através do rádio sem se atra- web se mostra como uma nova
que se juntaram para manter a audiência. Portanto, possuem palhar na direção. “Sempre vai tendência que vem para ficar e
rádio e quitar as despesas bási- um tipo de programação es- O público segmentado par- haver espaço para a transmissão talvez, quem sabe, substituir as
cas. “A maior dificuldade que pecializada para determinado ticipa também da programação da informação por áudio. Como rádios frequência.
14 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

A manipulação da imagem sob


a perspectiva da publicidade
Cada vez mais comuns no meio publicitário, os programas de edição e manipulação de imagem causam polêmica e dividem opiniões
FOTO DIOGO BAIGORRA

■■ Diogo Baigorra tou. De acordo com ela, quem

A
visse a propaganda nunca iria
mpla mente ut i l i- identificar que ela se referia ao
zados em diversas mesmo perfume, mas o cliente
áreas profissionais, havia exigido isso e eles tinham
sobretudo na publi- que obedecer. “É o cliente que
cidade, os softwares de edi- manda no trabalho. Nós não te-
ção e manipulação de imagem mos muita liberdade para dizer
vieram para ficar. Suas van- o que achamos que seja certo
tagens são muitas: poupam fazer. Tu tens que fazer, e fazer
tempo do fotógrafo, permitem bem feito”, alega.
correções de erros que pas- Um bom diálogo entre as
saram despercebidos na hora parte é sempre o melhor cami-
em que a foto foi tirada, recu- nho, acredita Garin. “Os contra-
peram imagens envelhecidas, tantes têm que ser convencidos
entre outras. Em contraparti- de que alterar demasiadamente
da, o uso de tais programas a imagem de uma pessoa vai, ao
levanta uma série de questões invés de melhorar a sua publici-
éticas e a indagação: até que dade, causar críticas por parte
ponto pode-se manipular uma da população”. Para ele, fabrica-
imagem? ➜➜ Para Aline, o trabalho do photodesigner é uma forma de arte que possibilita maior criatividade à publicidade ções feitas em cima de modelos
A resposta para essa per- ferem a ética profissional.
gunta depende do contexto. No Nos dias atuais, é possível
jornalismo, por exemplo, o có- para não se exagerar. “Eu acho A insistência por parte do perfume e teve que transformar identificar manipulações mal
digo de ética da Federação Na- que é possível utilizar os pro- cliente para que sua campanha todo o design da embalagem, feitas com muita facilidade.
cional dos Jornalistas (Fenaj) gramas para corrigir pequenos apresente uma estética perfeita pois o cliente exigia uma em- Isso se deve, em grande par-
não permite que a imagem seja defeitos próprios da captura da conforme os padrões ociden- balagem elegante. “E então nós te, aos avanços tecnológicos e
manipulada, pois a fotografia imagem, mas sem que isso al- tais é outro problema. Aline mudamos todo o desenho da digitais de hoje. “A Internet é
jornalística deve passar a maior tere ou violente o modelo em conta que certa vez pegou a embalagem para que ela ficas- uma boa ferramenta para alertar
veracidade possível. Na publici- si“, afirma ele. campanha publicitária de um se linda e maravilhosa”, con- as pessoas contra propagandas
dade, contudo, o uso desses sof- enganosas”, argumenta o coor-
twares de edição e manipulação denador do curso de Produção
de imagem é comum. “Eu acho Gráfica e Multimídia do Senac-
que hoje precisa haver manipu-
lação, porque cada vez mais a
Os softwares mais usados -RS, Franz Figueroa. Formado
em análise de sistemas e mes-
imagem é valorizada. Ela conta Os softwares mais utilizados para se tratar ou criar imagens e fotografias dividem-se tre em computação gráfica, ele
muito para todo mundo. Então em quatro categorias: softwares de edição, softwares de manipulação, softwares bitmaps acredita que hoje as pessoas não
esse desejo de tentar atingir a e softwares vetoriais. aceitam a artificialidade desca-
perfeição na foto é válido”, ar- rada das propagandas e anún-
  Os programas de edição são utilizados para se editar a imagem. Entende-se por
gumenta a photodesigner Aline edição a correção de pequenos defeitos, como brilho, contraste, luminosidade e cios publicitários. Franz cita
Silva de Freitas. ajuste de cor. A edição só pode ser feita através dos programas bitmaps. um exemplo com a atriz Julia
Um ponto de controvérsia Roberts. Depois de fotografada
relacionado ao assunto refere-   Com programas de manipulação é possível movimentar elementos e reconstruir toda na rua, suas fotos foram compa-
uma realidade, inserindo novos elementos ou excluindo elementos existentes na
-se às questões éticas da ma- imagem original. A manipulação pode ser feita tanto com programas vetoriais quanto radas com as da campanha da
nipulação. Há campanhas que com bitmaps. Lancôme proibida de ser veicu-
manipulam a fotografia exces- lada devido ao excesso de trata-
sivamente e acabam descaracte-   Os softwares vetoriais são voltados para o desenho. Neles é possível trabalhar mento fotográfico. No anúncio,
com centenas de elementos separadas em camadas que podem ser manipulados
rizando o modelo ou o produto. a atriz norte americana apare-
livremente. Os mais usados são o Ilustrator e o Corel Drawn (que é mais utilizado
Segundo o professor de ética do no Brasil). Também existe um que é voltado especificadamente para a geração de cia com uma pele extremamen-
curso de Publicidade e Propa- imagem para a web, o Fireworks. te alisada e sem textura alguma,
ganda do IPA, doutor Norberto características que só são alcan-
Garin, a manipulação e edição   Os softwares bitmaps, por sua vez, são mais adequados para o tratamento de çadas através da manipulação
imagens. Os mais utilizados são o Photoshop e o Corel Photo Paint. Com esses
da imagem são importantes pa- programas se trabalha em cima de uma imagem (fotografia), para corrigir defeitos que digital.
ra o processo criativo publici- ela possa apresentar. De acordo com dados do
FONTE: COORDENADOR DO CURSO DE PRODUÇÃO GRÁFICA E MULTIMÍDIA DO SENAC-RS, FRANZ FIGUEROA
tário, mas deve haver cuidado Conselho de Autorregulamen-
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 15
FOTOS MANIPULADAS: CEDIDA PELA M1 ENGENHARIA DE IMAGEM

Acesse http://www.youtube.com/watch?v=hibyAJOSW8U e veja como os


programas de manipulação e edição de imagem são capazes de transformar as pessoas.

tação Publicitária (Conar), na tado Carlos Humberto Manato sofreu manipulação deverá vir De qualquer modo, desde a lei 8078 não aborda especifi-
França e na Inglaterra tornou- (PDT-ES), está sendo analisado acompanhada do seguinte tex- 1990 existe a lei federal que cadamente a questão da mani-
-se obrigatório informar o uso pela Câmara. A proposta obriga to em tamanho visível: “Foto- condena a publicidade enga- pulação da imagem, visto que
da manipulação em campanhas que anunciantes e publicações grafia retocada para modificar nosa. Em tese, ela proíbe toda na época em que foi elaborada
publicitárias. Na maioria dos informem quando a fotografia a aparência física de uma pes- propaganda abusiva ou engano- os avanços digitais e tecnológi-
outros países a advertência fi- tiver sido editada, retocada ou soa”. O não cumprimento da re- sa, afirmando que a publicida- cos não eram tão sofisticados, o
ca a cargo dos anunciantes e das passado por qualquer processo gra, segundo o projeto, resultará de deve ser feita de forma que o que impossibilitava que se ma-
agências. No Brasil, o Projeto de de manipulação estética. Con- em uma multa de até 50% o cus- consumidor rapidamente a iden- nipulasse a imagem da maneira
Lei 704/11, proposto pelo depu- forme o projeto, a imagem que to do anún cio. tifique como tal. Mesmo assim, como hoje.

O antes e o depois da manipulação


Campanha publicitária do Sebrae/RS, baseada em histórias verdadeiras
de micro e pequenas empresas que tiveram sucesso a partir de
consultorias, cursos e seminários do Sebrae. Criada pela agência
Matriz, fotografada por Molinos e Lima Studio e manipulada pela M1.

Campanha publicitária da “A mais Bela Gaúcha 2011”. O conceito da campanha


é: “Para nós é natural ser bonito”. As imagens associam a beleza da mulher
gaúcha com a beleza natural das paisagens do Rio Grande do Sul.
A peça publicitária contou com um cuidado artesanal, onde trabalhou-se
volume, textura, forma e detalhe. O objetivo era manter a naturalidade,
mas trazer um visual mais artístico, o que inclui o tom dourado das imagens.
16 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

“Tem que ter o desejo de ser líder”


Pensar na profissão de jornalista para além da bancada do telejornal, fora da sala de redação de um grande
veículo, transpôr o alcance da rádio comercial e transformar a realidade através dos microfones de uma rádio
comunitária é um cenário possível para jornalistas que se identificam com a causa do local onde vivem
FOTOS: ACERVO RÁDIO IPANEMA COMUNITÁRIA

➜➜ Através da Rádio Ipanema Comunitária os moradores se organizam e lutam por melhores condições de vida

■■ Jucinara Schena área de atuação do jornalis- entender um pouco mais sobre plica que qualquer pessoa, gru-

M
mo, diferente da praticada co- “Ele tem que ter uma jornalismo comunitário, a rádio po ou entidade que resida ou
uita gente amanhe- mercialmente. “O jornalismo desenvolve uma programação atue na área de cobertura da
ce e anoitece sob os comunitário é uma ação comu- característica de voltada para a conscientização emissora pode propor progra-
embalos das rádios nicativa da comunidade visan- liderança, ele vai e mobilização, informa, oferece mas. As propostas são avaliadas
comercias e desco- do tornar público as ações feitas entretenimento e presta serviço pelo Conselho de Associados da
nhece o esforço de anônimos que ali”, destaca.
falar em nome da de utilidade pública. emissora com base nas dispo-
trabalham em comunidades es- Esta é a veia jornalística à comunidade. O motivo social pelo qual sições legais do serviço de ra-
palhadas pelo Brasil para fazer qual pertence o responsável pe- É sondado, é ela foi fundada embasa os ob- diodifusão comunitária e nas
um jornalismo diferente, sem lu- la Rádio Ipanema Comunitária, jetivos da rádio até hoje. “Fo- diretrizes de programação.
cro, em um cenário onde o jor- Doraci Engel. Formado em Jor- procurado para mos o único veículo a cobrir as O ator Alexsandro Fraga é
nalista é visto como líder que nalismo pela PUCRS e especia- ajudar” atividades e envolver os mora- um dos comunicadores da Rá-
atua através dos microfones de lista em Teoria da Comunicação, dores no movimento de Defe- dio Ipanema Comunitária des-
uma rádio comunitária. “Ele tem fundou a rádio em 2002, jun- rio das Comunicações (MC), a sa da Orla do Guaíba, contra o de 2009. Após participar de
que ter uma característica de li- tamente com outros moradores legalizar a, já batizada, Rádio megaempreendimento imobili- oficinas oferecidas pela rádio
derança. Tem que ter o desejo de do bairro Ipanema, Zona Sul de Ipanema Comunitária 87,9 FM. ário que se pretendia no Pontal na Escola Estadual Odila Gay
ser líder”, é o que acredita a pro- Porto Alegre, para chamar aten- A outorga da rádio pelo MC do Estaleiro, em 2009”, lem- da Fonseca, Alexsandro e seu
fessora universitária do curso de ção da comunidade em prol da se deu em 2005 e desde 2007 a bra Doraci, ilustrando o poder colega de oficina, Bruno Grassi,
Comunicação Social da PUCRS, preservação do patrimônio his- rádio está no ar com uma pro- da Rádio. propuseram um programa vol-
Beatriz Dornelles, ao defender tórico, ambiental e cultural do gramação 24 horas por dia, feita “A rádio é uma entidade co- tado para a cultura pop japone-
as características que diferen- bairro, um movimento chama- pelos próprios moradores e al- munitária que conta atualmen- sa chamado Otaku Desu, que
ciam um jornalista de veículo do SOS Ipanema. cançada com o sinal de 25 watts te com cerca de 50 associados vai ao ar todas as sextas-feiras,
comunitário. A instantaneidade da rádio de potência (máximo permitido ativos, com um Conselho Co- das 18h às 19h. Ida Feijó é ou-
Ela, que tem doutorado em serviu como forma de mobilizar por lei para rádios comunitárias) munitário formado por 10 enti- tra moradora que tem seu espaço
Jornalismo do Interior pela Uni- a população para as atividades em todos os lares do bairro Ipa- dades representativas da região na rádio. Ela, que é economista
versidade de São Paulo (USP) que aconteciam. Como o ideal nema e até redondezas. e mais duas dezenas de volun- por profissão, começou seu tra-
e pós-doutorado em Comunica- era que o veículo se firmasse, o Desde então, com a colabo- tários – moradores que produ- balho no controle financeiro do
ção, há 20 anos trabalha com grupo conseguiu, após seguir os ração ativa de pessoas do bairro zem e apresentam programas na veículo e desde 2009 apresenta
jornalismo comunitário, uma rigorosos requisitos do Ministé- que se dispõem a participar e a emissora”, conta Doraci. Ele ex- o programa Alô Vizinho. “É um
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 17
programa que busca apresentar comunidade. “Ele é sondado e
ao bairro quem somos e todas as procurado para ajudar”. Um de-
histórias interessantes e curio- talhe importante para a profes-
sas que mostram a vida de cada sora é que o jornalista deve ser
um de nós”, comenta Ida, que isento de partidos.
atualmente dedica-se também à Ser participativo, estar en-
graduação em Museologia. gajado, ser orientador e ter li-
Para todos os que produzem derança. São as características
programas na Rádio Ipanema listadas para o jornalista que
Comunitária, Doraci cumpre pretende trabalhar em um ve-
um papel de orientador. “De- ículo comunitário. Soma-se à
senvolver um serviço de infor- missão de “zelar pelos direitos
mação jornalística local, que da população e fazer crescer o
vincule as pessoas com o que ambiente de cidadania da região
acontece a sua volta é um tra- em que ele mora”, conclui Bea-
balho que só o jornalista pro- triz. “É onde o trabalho do jor-
fissional pode fazer”, afirma o nalista se torna mais palpável,
Doraci, ao relatar como a comu- mais visível”, arremata.
nidade é beneficiada com a pre-
sença de um especialista na área E como uma rádio
de comunicação. “Se todas as se mantém?
emissoras comunitárias pudes-
sem dispor do trabalho de um A principal questão quando
profissional especializado em se fala neste tipo de jornalis- ➜➜ Todas as atividades são desenvolvidas colaborativamente, inclusive as manutenções
comunicação comunitária se mo comunitário é relativa ao
transformaria a conjuntura da dinheiro para manutenção da
comunicação no Brasil, com be- rádio e para a remuneração dos mo luz, aluguel. “Até o pessoal Universidade de uma rádio comercial”, conta
nefícios para o desenvolvimen- profissionais. “A rádio se man- que participou da construção e comunidade Luiz Alberto Rodrigues, aluno
to geral da sociedade”, analisa. tém com doações, veiculações reconhece hoje que a lei foi mal do 7º semestre de Jornalismo no
Para trabalhar na área do de apoios culturais locais e re- feita e é utópica porque não é A disciplina Comunicação Centro Universitário Metodista
jornalismo comunitário é pre- centemente com publicidade possível fazer jornalismo co- Comunitária aparece na grade - IPA, que cursou esta discipli-
ciso alguns requisitos que a institucional de alguns órgãos munitário sem ter dinheiro”, curricular de muitas universi- na no semestre passado. “Uma
professora Beatriz destaca: “o públicos”, explica o jornalista. afirma a professora, e justifi- dades que oferecem curso su- rádio comunitária tem questões
jornalista deve pertencer à co- Neste ponto a professora decla- ca que a limitação financeira perior em Jornalismo. Ela se bem específicas”, ressalta Luiz
munidade, porque ele está di- ra que a construção da lei de impossibilita as rádios de te- propõe a debater a democrati- Alberto. Para a professora Be-
retamente envolvido com as outorga das rádios comunitá- rem um jornalista profissional zação da informação nos veí- atriz, a relação entre academia
questões do seu bairro, ou re- rias foi extremista, ao limitar trabalhando no veículo. “Não culos de comunicação, como e comunidade não é tão sim-
gião onde mora. Depois, o jorna- a forma de conseguir a verba se consegue fazer jornalismo alternativa para promover e ples e pode mascarar um “falso”
lista tem que ter características que o veículo necessita para sem um jornalista. Serão pro- ampliar o debate sobre as rela- jornalismo comunitário. “Por
diferenciadas de quem vai para compra e manutenção de equi- duzidos materiais de péssima ções entre comunicação, edu- exemplo, uma universidade
o mercado de trabalho em jor- pamentos, contratação de pro- qualidade, que não terão o su- cação e comunidade, fazendo colocar os estudantes da disci-
nais comerciais. Tem que ser lí- fissionais, compra de móveis, porte da comunidade”, comple- com que os alunos reflitam so- plina de Comunicação Comu-
der, pois vai falar em nome da pagamento de contas fixas co- menta Beatriz. bre esta outra forma de se fa- nitária fazendo um jornal para
zer jornalismo. “Talvez pelos uma comunidade não é comu-
meus compromissos eu nunca nicação comunitária, seria um
tenha pensado realmente em jornal acadêmico, pois foge
trabalhar em um veículo co- de todas as características. As
munitário. Mas eu acho que é pessoas não se envolvem e is-
uma atividade que todo jorna- to não é comunitário do ponto
lista deveria passar, vivenciar de vista conceitual”, explica a
essa relação, por ser diferente professora.

Rádio Ipanema Comunitária


Frequência 87.9 Mhz FM
Potência 25 watts
Fundada em 2002
Está no ar desde 2005
20 programas
24h no ar
Site: http://ipanemacomunitaria.com
Twitter: @ipanemacom
➜➜ Doraci (à direita) entre os jovens na Oficina de Rádio propovida pela Ipanema Comunitária
18 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Acesso ilimitado à crítica


A internet democratiza a arena da crítica de cinema, antes restrita
às publicações impressas e a poucos jornalistas especializados
FOTO: BERNARDO GOMES

■■ Jorge Sant´Ana

O
círculo da crítica de
cinema sempre foi
muito restrito. Até há
bem pouco tempo, ra-
ros eram os veículos de comu-
nicação que exibiam em seus
próprios expedientes um críti-
co de cinema.
Eis que veio a Internet e ga-
rotos que praticamente nasce-
ram em frente a uma tela de
TV e, se pode dizer, foram ali-
mentados por ela (de informa-
ções), tomaram para si a tarefa
de traduzir o que viam nas te-
las de cinema. Nada mais lógico,
pois dominavam essa lingua-
gem desde que se entendem por
gente. Resultado: bem ao esti-
lo norte-americano propagado ➜➜ Pedro Henrique acredita que as redes sociais são ferramentas democráticas
por Hollywood (não por acaso)
do “faça você mesmo”, toma- Blogueiros palha. Independentemente da fícil que muita gente gosta de be agora nas redes sociais, nos
ram de assalto a Internet com associados e qualidade, muitos textos de ci- dar para tornar o texto comple- blogs e nos sites. Quando pro-
suas ideias e impressões sobre concorrência nema acabam sendo publicados, xo não é do meu agrado. En- curo um comentário sobre um
a sétima arte beneficiados pela criando uma grande ‘concorrên- fim, acho que, se você procurar filme, vou direto para a Internet.
disseminação da produção au- E os “críticos de carteirinha”, cia’. Qualquer um que tentar en- bem, vai encontrar pessoas cer- Nem me passa pela cabeça bus-
diovisual mundial que a própria aqueles que integram a Associa- trar agora terá que penar para tas que você sempre vai ler”. car uma análise alentada de um
web lhes provia. ção dos Críticos de Cinema do conseguir ter seu texto lido”. filme num jornal impresso. Isso
Duplamente democrática, Rio Grande do Sul (ACCIRS), Liberdade de tem o seu lado positivo: espaço
a Internet age de forma a fa- como veem a “concorrência” Guia prático Expressão ou voz infinito, liberdade, cada um é
cilitar o acesso às produções que nasce com a Internet e é ali- de sobrevivência (vez) a quem não dono do seu meio de comunica-
nacionais e internacionais ao mentada pelos blogueiros? Da- na rede tem (tinha) ção e seu próprio editor”.
mesmo tempo em que viabiliza niel Feix, crítico de cinema de O que parece ser uma una-
o exercício e a veiculação da Zero Hora e diretor da ACCIRS, E como o leitor de crítica “No geral, considero mui- nimidade (a democracia da In-
produção crítica dos bloguei- espanta a polêmica: “Acho que de cinema na Internet deve se to positiva essa democratiza- ternet) pode ser sintetizado na
ros. Rafael Botelho, legítimo hoje tudo é muito subjetivo. Um orientar diante de tanta diver- ção da crítica de cinema na fala de Pedro Henrique Gomes,
representante dessa geração, 17 blog pode não ser lido por nin- sidade? Matheus Pannebecker, web, que dá a oportunidade de 21 anos, igualmente estudante
anos, estudante de jornalismo e guém num momento, mas de 20 anos, estudante de jornalis- muitas pessoas trilharem um de jornalismo, há quatro anos
crítico de cinema no site www. repente se tornar mania e ter mo (praticamente um requisi- caminho neste meio que, infe- crítico de cinema do site www.
filak.com.br, reconhece na re- muito mais influência do que to para ser crítico de cinema lizmente, é complicado em ter- tudoecritica.com.br. Alinhado
de mundial de computadores uma coluna na chamada grande na web) e blogueiro, responde: mos de oportunidades nos meios com Juremir, Pedro também
uma ferramenta de veiculação mídia. As coisas mudam muito “Como leitor de críticas de ci- de comunicação mais tradicio- festeja a liberdade assegurada
de suas críticas que, de outra rapidamente, é difícil definir o nema na Internet, costumo me nais, como rádio e jornal”, ava- pela Internet e ressalta sua fun-
forma, seriam difíceis de di- que é o quê”. Inclusive, segun- focar mais naqueles endereços lia Matheus. damental importância. Ao falar
vulgar. Porém, critica os efei- do Feix, já há vários blogueiros que falam sobre cinema con- Juremir Machado da Silva, das redes sociais, analisa o pa-
tos negativos da democracia democraticamente integrando a temporâneo. Desaprovo a ideia jornalista, faz, em seus espaços pel da própria Internet para o
propiciada pela ferramenta: Associação. de que cinema bom é cinema na mídia, críticas social, polí- que faz: “As redes sociais são
“A Internet possibilitou um po- Ainda no terreno da dispu- antigo e que filme comercial tica e cultural. Doutor em Co- potenciais ferramentas demo-
der de expressão maior, todos ta de espaço entre os próprios não tem conteúdo. Não tenho municação, escritor, intelectual cráticas. Nunca foi tão fácil se
falam querendo ser ouvidos e, críticos, Rafael, entusiasta, mas paciência para ficar lendo so- renomado e polemista, Juremir expressar, o que constitui, ao
assim como em tudo, opiniões ao mesmo tempo crítico (seria bre movimentos de câmeras ou vê no assunto – comunicação e menos virtualmente, um estado
contrárias surgem. O problema um vício do ofício?), do papel termos técnicos, gosto daque- democracia - um prato cheio: “A de democracia social onde to-
nasce quando não há respeito da rede mundial de computa- les textos que me convencem, Internet, do meu ponto de vis- dos têm voz, opinião. Acredito
pela opinião contrária. A Inter- dores, realça sua importância de forma simples e objetiva, a ta, é a salvação da lavoura para que a função da Internet, poli-
net não criou, mas potenciali- como veículo de publicação assistir a um filme. Também a expressão livre. Tudo aquilo ticamente falando, é essa mes-
zou a falta de respeito com a das críticas, mas pondera que procuro ler textos de lingua- que não tinha - e não tem – mais ma: dar voz aos que não falam
opinião alheia”. “apesar de ajudar, também atra- gem fácil. O tom erudito e di- lugar na mídia tradicional ca- – ou não falavam”.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 19
O incentivo à poesia nas escolas
Projeto A Hora da Poesia e o livro Mario visam promover a leitura de poetas brasileiros

Livro Mário

FOTO: JANAÍNA EICKHOF


■■ Janaína Eickhoff

“O
s poemas são pássa- Juntamente com o projeto “A de Armindo Trevisan e Taba-
ros que chegam não Hora da Poesia” será lançado o li- jara Ruas. Também terá tex-
se sabe de onde e vro Mario, volume II. A primeira tos de Erico Verissimo, Moacir
pousam no livro que edição foi organizada pela CE- Scliar, Antônio Holfeldt, Viní-
lês”. Assim dizia Mario Quin- EE e os poucos exemplares foram cius de Moraes, Carlos Drum-
tana sobre a poesia. E pensando distribuídos a um número restrito mond, Rui Carlos Ostermann,
em voos mais altos em relação de pessoas. A segunda edição do Rubem Braga, Lya Luft, Alcy
à poesia, o poeta tinha um so- livro será entregue para a Biblio- Cheuiche, Paulo Sant’Ana, Yve-
nho: levá-la às crianças nas es- teca Nacional de Brasília, que fará te Brandalise e da idealizadora
colas. Ideia que foi comentada a distribuição para as bibliotecas do projeto, Dulce Helfer. A obra
inúmeras vezes para uma gran- públicas do país. No Rio Gran- contém todas as informações so-
de amiga, a fotógrafa Dulce Hel- de do sul, a Secretaria da Educa- bre o poeta Mario Quintana, co-
fer, criadora do projeto “A Hora ção vai beneficiar três mil escolas mo: biografia, bibliografia, fotos
da Poesia”, também responsá- com os livros. dos últimos 10 anos de vida do
vel pela edição do livro Mario. O livro conta com a parti- poeta retratas por Dulce, fotos
O projeto pretende criar uma cipação de grandes escritores da infância de Mario, de encon-
hora da poesia nas escolas pa- gaúchos, amigos e admiradores tros dele com Manuel Bandei-
ra que os professores estudem do poeta. Os textos principais ra, Vinicius de Moraes e Carlos
poesias com as crianças, não ➜➜ Dulce Helfer com fotos que retratou em livro o poeta Mario Quintana e a coordenação da obra serão Drummond.
só as do Mario Quintana, mas FOTO DE SANDRA RITZEL

de escritores do mundo intei-


ro. “Acho muito importante tu- possibilitar à criança o acesso De acordo com a fotógrafa
do que incentiva a literatura. A direto ao poeta. “Através dos Dulce Helfer, a realização do
poesia vem para resgatar um exemplos da poesia a criança, projeto é a concretização de um
pouco do descaso com a lín- ao ler, vai formando ideais so- sonho, não só de Mario Quinta-
gua portuguesa, ensinando as bre determinado assunto.” Tre- na, mas de muitas outras pesso-
crianças por meio da poesia”, visan acrescenta que o maior as que esperam que esse modelo
diz Dulce. valor que as crianças podem ad- gaúcho seja copiado em todo o
Para o escritor e grande ami- quirir com a poesia será o hu- país, pois na área da cultura e
go de Mario, Armindo Trevisan, mano, o valor dos sentimentos da educação tudo que é bom de-
o projeto “A Hora da Poesia” vai e das emoções. ve ser levado adiante. ➜➜ Dulce e o poeta num momento de descontração no centro da Capital

Elas comandam as pistas de dança


As mulheres já dominam o mercado de trabalho. Agora dominar as baladas e club’s é o novo desafio
terias deixaram o preconceito de para mulheres que desejam ser to no chamado feeling”. Você dançando ao som de uma mu-
lado e estão apoiando as “DJa- DJ’s. Já foi professor das duas pode aprender a usar o equipa- lher. Ela conta que já passou
nes” ou “DJs” como muitas pre- DJs destaque 2009 e 2010, Ca- mento ou até mesmo mixar, mas por situações constrangedoras,
ferem ser denominadas. mila Vargas e Nicole Baldwin. ser DJ é uma arte que exige não como, por exemplo, deixar um
O sucesso é garantido quan- “Amo a música, uma vez que só contato e energia com as pes- menino “tocar” em uma festa
do a profissional preocupa-se me envolvi”. Foi essa forma que soas, mas sentir a pista, tocar porque dizia que se ela conse-
em mostrar conhecimento mu- a DJ Sill Guerreiro, descreveu a música certa na hora certa, e guia, ele também conseguiria.
sical, explica o DJ Lê Araujo. “O a sua motivação para atuar na manter uma técnica apurada”. A DJ defende a regulamenta-
preconceito existe sim, mas só área. Ela é residente da casa no- As mulheres buscam a qua- ção. “Deve se tentar regulamen-
➜➜ Dj Sill Guerreiro abrindo depende delas para conquista- turna Cine Theatro, em Porto lificação e as novas tecnolo- tar um valor mínimo a ser pago
os trabalhos no Cine Theatro rem o respeito dos profissionais. Alegre, e afirma que a profis- gias permitem a produção de ao profissional, para evitar que
Elas precisam se preocupar são é sua única fonte de renda: playlists e tracks sem a necessi- alguns sejam prejudicados por
■■ Gidiane Oliveira mais com o talento do que com “A profissão gera muita publi- dade de um estúdio de gravação, uma galera que desmoraliza o
a beleza pessoal”, afirma. cidade, participações em even- mas mesmo com a especializa- DJ, tocando até de graça ou se

S
er DJ tornou-se hoje uma O vice-presidente do Sindi- tos, palestras e cursos na área”. ção, as mulheres sofrem precon- oferecendo para tocar por um
profissão inovadora que cato de DJs do Rio Grande do A DJ acredita que é preciso ter ceito por parte de alguns DJs. valor absurdo”.
tem atraído mulheres de Sul, Lê Araujo, atua há 24 anos um “algo a mais” para obter o Para DJ Sill, anos atrás as
todas as idades. Muitas dance- na profissão e ministra cursos sucesso na profissão. “Acredi- pessoas não se imaginavam
20 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Sucesso o RS fabrica em casa


Um mercado que é construído por gaúchos para gaúchos que consomem música revela bandas locais
FOTO DE RICARDO DUARTE Música obrigatória
■■ Nícolas Andrade No Rio de Janeiro, por exemplo, nas escolas

C
tem uma cena bacana na capital, MARCELO BERTANI

om princípios no grande mas são poucas cidades do in-


sucesso de Teixeirinha, terior que tem poder aquisitivo
passando pelo estou- de ir a um show, então, é sem-
ro do rock e chegando pre o mesmo circuito. Essa é a
aos dias de hoje, a engrenagem grande diferença”, disse o tam-
do mercado musical gaúcho não bém deputado estadual, Mano
para de funcionar. Governo e Changes.
mídia investem nos artistas da Os caminhos do mercado
casa com a certeza de um retor- gaúcho têm todos os aspectos
no a curto prazo. de um futuro próspero. Com a
Quando um trovador da pe- ascensão da internet e das ban-
Em janeiro de 2011,
quena cidade de Rolante, inte- das independentes, a cena fica foi sancionada a Lei
rior gaúcho, atinge a marca dos muito mais em evidência. Casos nº 13.669 do deputado
120 milhões de cópias vendidas, de sucesso via internet, como a Mano Changes (PP),
pode ser chamado de fenômeno banda Fresno, que no momento que obriga as escolas
a fornecer atividades
ou simplesmente de Teixeirinha. ➜➜ A interação entre as bandas é outra característica do mercado gaúcho é a banda gaúcha mais reconhe- relacionadas à música.
Pois este campeão de vendas é cida e mais vendida Rio Gran- A medida visa a interação
considerado como principal de do Sul a fora, são cada vez da nova geração com
ponto de partida para o suces- tentam resgatar um pouco do cesso? Não. Mas tem todas as mais comuns. A quantidade de a cultura musical do
estado e país. Em seu
so do mercado musical do Rio que se fazia nos anos 80 para rádios regionais de cada micror- shows no interior do estado só
texto original, a lei diz
Grande do Sul. dar suporte ao mercado naquele região que potencializam as rá- aumenta e impulsiona o nasci- que “as escolas deverão
Nos anos 80, o mercado, até momento. Alguns anos depois dios jovens”. mento de novas bandas. oferecer as atividades de
então tradicionalista, ganha um surge a Comunidade Nin-Jitsu, As rádios assumem esse pa- É o caso da banda Vert 360º. forma gratuita e aberta,
som mais pesado. Quando o ro- com um rock mixado com ou- pel de protagonista no merca- Segundo o vocalista, Lucas incluindo equipamento
e material didático, bem
ck nacional começa a se des- tros ritmos que conquistam o do. “Tocar artistas daqui deixa Benz, é importante entrar no como uma refeição
tacar no Brasil, com Legião público. Mas foi o ano de 1996 a rádio com uma identidade mercado local. “Ser reconheci- para os alunos que
Urbana, RPM, entre outras ban- que apresentou um marco no mais local. Colocar o som da do aqui será muito gratificante. permanecerem durante os
das, o Rio Grande do Sul segue mercado gaúcho. Era um baile nossa terra gera empatia com A galera curtindo é um termô- dois turnos na escola”. Os
estudantes que desejarem
o mesmo caminho e revela ban- que ocuparia duas noites no ve- as pessoas, abrindo um merca- metro pra saber se estaremos
participar desse projeto
das tão importantes quanto as rão levando o nome de Planeta do de shows para estas bandas bem pra expor isso lá em cima” . deverão comprovar seus
do centro do país. Surgem aí Atlântida. com trabalhos relevantes”, diz Hoje em dia, com a globa- índices de frequência. O
nomes como TNT, Engenhei- O festival de Rock promo- o apresentador da Rede Atlân- lização, os estilos do mercado projeto será coordenado
ros do Hawaii, Os Replicantes vido pela rádio Atlântida vem tida, Porã. Para ele, a rádio já não se restringem apenas ao ro- e supervisionado pelo
Comitê de Educação
e Garotos da Rua. Um pouco justamente para comemorar o toma isso como um diferencial ck. Bandas de pagode, canto- Integral, formado
mais tarde começam a se desta- sucesso da emissora no Estado. diante às concorrentes. res de funk e duplas sertanejas por profissionais
car os Cascavelletes e Nenhum Para o vocalista da Comunidade O mercado segue forte até também têm sua fatia nesse bo- com notoriedade e
de Nós. O público recebe muito Nin-Jitsu, Mano Changes, está os dias atuais, as rádios jovens lo. De qualquer forma, o can- comprovada participação
no segmento da arte-
bem essa transição e começa a aí uma das explicações de mer- continuam surgindo e ganhan- tor Mano Changes define como
educação, a ser criado
idolatrar, além do “Canto Ale- cado para o sucesso da música do força, porém, fatores econô- é a cabeça dos músicos locais. pelo Chefe do Poder
gretense” músicas como “Ami- local. “A Atlântida dá resultado micos possibilitam, hoje, uma “Por mais que toquemos na Eu- Executivo. Para o
go Punk” e “Era um Garoto”. pelo alcance na mídia, a ponto maior facilidade para o estado ropa e em festivais do Brasil, deputado é a chance
Após alguns anos, em 1991 de te procurarem e gostarem de manter os artistas aqui. “O po- onde a gente se sustenta e se ali- de manter a música
viva dentro do convívio
entram em cena Acústicos e ti querendo ver o teu show. É der aquisitivo dos municípios menta é sim aqui no Rio Gran- escolar.
Valvulados e Ultramen. Estes só com ela que tu vais ter su- gaúchos é outro ponto crucial. de do Sul”.

A evolução dos discos que fizeram sucesso em diferentes épocas

➜➜ Menina da Gaita - ➜➜ Noves Fora - ➜➜ O Papa é Pop - ➜➜ Pré-Rock’a’Aula - ➜➜ Aproveite Agora - ➜➜ Nada Opera - ➜➜ Fresno -
Teixeirinha (1979) Nei Lisboa (1984) Engenheiros do Cascavelletes (1989) Comunidade Reação em Revanche (2010)
Hawaii (1986) Nin -Jitsu (2003) Cadeia (2009)
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 21
É um longo caminho até o
topo se você quer Rock’n’Roll
O aumento do número de artistas independentes traz novos desafios para aqueles que sonham em viver da música
FOTO: DIVULGAÇÃO

■■ Guilherme Not

J
ogador de futebol. As-
tronauta. Ator. Essas são
respostas comuns à per-
gunta “o que você quer
ser quando crescer?”. Mas a no-
va geração está adicionando ou-
tra classe a essa lista: músico.
É cada vez maior o número de
bandas e artistas independentes
que lutam por um espaço no co-
ração do público (e na mídia), e
têm o sonho de se tornar rocks-
tars. O fenômeno é ainda mais
forte em Porto Alegre, um ce-
nário muito fértil no rock’n’roll.
No entanto, quem deseja ser ar-
tista profissional deve assumir
o desafio de viver da música e
enfrentar as dificuldades que ➜➜ Acústicos & Valvulados é uma das bandas mais bem sucedidas do Estado
acompanham a carreira. É co-
mo canta o AC/DC, uma das
maiores bandas de rock do mun- que se gosta. James cita a sua trutura, e a batalha para chamar ço no mercado fonográfico. “A que tem um público muito mais
do: “Eu digo a vocês amigos / banda como exemplo. Segundo a atenção de um público bom- gente tende a se adaptar a situ- exigente e que sabe o que quer
é mais difícil do que parece”. ele, “as influências são muitas, a bardeado com diversos tipos de ações diferentes, porque pode ouvir. Então procuramos sem-
Seja por diversão ou com maioria é do rock clássico. Tudo música e, é claro, conseguir re- rolar uma feira gigante, ou um pre bandas que sejam autenticas,
alguma pretensão profissional, o que a gente curte ouvir entra torno financeiro com isso. Essa, pub bacana... O importante é o com boas letras, atitude, perso-
a maioria das bandas começa no som, de um jeito ou de ou- sem dúvida, é a maior dificulda- show! Claro que o cachê melho- nalidade e que tenham os pés no
da mesma forma – amigos que tro”. O processo de criação po- de para uma banda iniciante. No rou desde o começo, mas é o tipo chão”, ressalta.
gostam de música, tocam ins- de ter a participação de todos entanto, para Cezimbra, tudo va- de lance que estabiliza, não mu- O baterista Paulo James tam-
trumentos e se reúnem para pra- os membros do grupo ou a ação le a pena para estar no palco, fa- da muito depois que atinge um bém considera que a autentici-
ticar. Foi mais ou menos assim principal de um deles, como é zendo o que se gosta. Ele afirma certo valor”, afirma Paulo James. dade é um fator decisivo. “Se
com a banda Acústicos & Val- o caso da banda Abeck 7, for- que, apesar da má remuneração a banda faz um som de verda-
vulados, uma das mais conhe- mada por cinco amigos de Por- e da “correria”, todas as dificul- Originalidade de, acredita naquilo, já é meio
cidas do Rio Grande do Sul; a to Alegre: “Geralmente alguém dades são superadas pela satisfa- é fator decisivo caminho andado. Não dá pra
diferença é que os Valvulados da banda tem uma ideia de ba- ção de compor e tocar músicas para o sucesso aguentar banda que fica seguin-
tinham motivos a mais. “A gen- se musical e traz para o ensaio. próprias. O baixista da Abeck do moda, correndo atrás de fór-
te começou porque todo mundo Então, improvisamos algo com 7 também explica que todos os O cenário de grande cres- mula de sucesso, e esse tipo de
tava a fim de tocar, ou já toca- a banda inteira até achar uma membros da banda possuem ou- cimento musical e fácil acesso coisa”. Além disso, James fala
va com alguém, mas queríamos melhor maneira de executar a tras atividades profissionais, já ao conteúdo produzido pelos sobre a importância da banda ter
uma banda com o nosso esti- música”, explica o baixista da que ainda não é possível viver grupos, especialmente através uma boa química, e não só ha-
lo, com a nossa cara. Na época, banda, Roberto Cezimbra. Com somente da música, e que o di- da internet, também apresenta bilidade musical. Para ele, “uma
curtíamos basicamente o rocka- a banda Acústicos & Valvula- nheiro ganho com os shows é um desafio para as bandas in- banda funciona quando ‘bate’,
billy, Stray Cats, anos 50, esse dos o processo é parecido. De investido no próprio grupo. Ele dependentes. Como se destacar quando tu ouves e o som im-
clima. E todo mundo estava a acordo com James, ele compõe é usado na compra de equipa- em meio a uma multidão de ar- pressiona. Não adianta só com-
fim de festa, das gurias, dos tra- a maioria das músicas e arranjos mentos e no aluguel de estúdios tistas buscando a atenção de gra- petência, fazer bem feito, o lado
gos, chalaças e afins!”, recorda o na voz e violão, “depois a banda de gravação e ensaio – tudo pa- vadoras e do público e que, por técnico da história. E muito me-
baterista da banda, Paulo James. toda trabalha em cima disso”. ra alcançar o objetivo maior da vezes, usam os mesmos meios de nos só a imagem, ou número de
Após os primeiros ensaios, banda: a gravação do primeiro mídia, e da mesma forma? Para views [acessos no Youtube], etc.
começa uma das partes mais di- Pouca grana, CD. Mas, se a banda alcança o o diretor artístico da gravadora Isso é o legal da coisa toda: o
fíceis e importantes da vida de muito trabalho sucesso, tanto musical quanto e produtora Marquise 51, Lucas desafio de fazer uma música so-
uma banda: a criação do mate- mercadológico, a situação muda. Hanke, o diferencial está justa- ar bem, de fazer tudo casar, de
rial próprio, que é influenciado Em seguida, começam os É o caso de bandas mais an- mente na originalidade. “Nós fazer um show funcionar, de en-
fortemente pelo tipo de música shows, por vezes sem muita es- tigas e que já possuem seu espa- trabalhamos com rock, gênero treter o público”.
22 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Cinema ao alcance de todos!


Projeto da Prefeitura de Porto Alegre ajuda comunidades carentes a manifestarem a paixão pelo audiovisual
FOTO: DIVULGAÇÃO

■■ Paloma Rodrigues do aluno colocar em pratica o

U
que é aprendido em sala de au-
ma mulher perde tu- la”, diz Jackeline. Além de in-
do quando o marido a comuns, também são caros. A
troca por outra mais produtora Cena UM, que ofe-
jovem e precisa lutar rece cursos na área, tem pre-
para conseguir reestabelecer ços que variam entre R$60 e
sua vida. Enquanto isso, um di- R$300. O crítico de cinema Pa-
retor azarado cria o plano per- blo Villaça oferece em todo o
feito para finalmente derrotar Brasil o curso Teoria, Lingua-
seu rival e ganhar o reconheci- gem e Crítica Cinematográfi-
mento que sempre sonhou. Um cas. O curso dura uma semana e
rapaz apaixonado pede dicas de custa R$ 407,00. O curso de ex-
sedução a personagens de fil- tensão: Análises Críticas no Ci-
mes. Uma mulher descobre o nema, oferecido pela UniRitter,
amor enquanto foge de um pe- sai pelo valor de R$ 500,00. Na
rigoso assassino. PUCRS, o curso superior Tec-
Todas estas histórias e mui- nológico em Produção Audiovi-
tas outras são o resultado da sual, com duração de dois anos
Oficina de Realização em Cine e meio, tem uma mensalidade
Vídeo Digital, promovida pela de R$ 2.114,08.
Prefeitura de Porto Alegre, em O projeto de Descentraliza-
parceria com o CineBancários. ção Cultural oferece uma opor-
Voltado para o público carente, tunidade única e, segundo Silvio
o projeto de Descentralização Leal, está apenas começando e
Cultural, realizado pela prefei- as dificuldades serão vencidas.
tura, oferece cursos gratuitos ➜➜ O resultado da oficina foi exibido na sala P.F. Gastal, na Usina do Gasômetro “Pretendemos ampliar o numero
dos mais diversos estilos, sem de oficinas oferecidas, com pos-
nenhum custo: de artes circen- sibilidade de ter alguma direto
ses até fotografia; de dança a tudante de publicidade, concor- muito profundo de cinema, nem recebe da Prefeitura. Em 2011, lá na comunidade. Também que-
teatro. da com Alexandre dizendo que muita didática, pois com frequ- o projeto contou com R$ 6 mil, remos dar, além ao aprendizado,
A oficina de cinema teve iní- apesar do bom manual didáti- ência as aulas eram desviadas destinados ao professor. O ma- a formação e encaminhamento
cio em 2005, sempre entre os co feito pelo professor, existem para assuntos paralelos”, disse terial utilizado em aula, como do pessoal na área. Talvez re-
meses de abril e novembro. “A poucos recursos para as aulas ela. O professor não quis dar projetor e computadores, é li- alizar um Circuito, festival ou
oficina foi pensada com o ob- práticas. entrevista sobre o assunto. mitado e fica a cargo do Ci- mostra dos materiais produzi-
jetivo de dar acesso a qualquer “O maior ponto fraco é o cur- Nem todos os alunos concor- neBancários. Porém não são dos na Cidade, para a cidade”,
pessoa, mesmo os que não ti- so não oferecer absolutamente dam com Liana. Alguns citam fornecidos materiais de grava- diz o coordenador.
vessem noção nenhuma de ví- nenhum material. Outro proble- como ponto positivo os conhe- ção ou edição. Para o professor, No dia 12 de novembro, os
deo. Mas para nossa surpresa a ma, mas que não é exatamente cimentos do professor, forma- a falta de materiais não é um alunos, amigos, familiares e
procura foi grande também por um empecilho, é um claro des- do em jornalismo pela PUCRS problema, pois o que importa é adoradores de cinema se reu-
pessoas que tinham conheci- nivelamento da turma em rela- e mestre em Comunicação, In- o talento e a dedicação do aluno. niram na Usina do Gasômetro
mento e até trabalham na área”, ção à intimidade/expectativas dústria e Criatividade no Au- Já Ricardo Hubba, bancário para prestigiar os resultados
diz Silvio Leal, um dos orga- sobre o conteúdo”, diz o escri- diovisual Iberoamericano, pela da Caixa Econômica Federal, se da oficina. Ao todo, foram seis
nizadores da Descentralização. tor e músico Juliano Moreira. Universidad Internacional de indigna com a falta de recursos curtas-metragens, entre eles um
Apesar da pouca divulgação, “O ponto forte é a atmosfera de Andalucia, Espanha. Ronaldo da oficina, mas também acredi- documentário. Após a exibição
o curso atraiu um público gran- aprendizado que, por ter prazos Ruduit, que já deu aulas Uni- ta que a carga horária poderia dos filmes, os organizadores da
de, cerca de 90 alunos. Mas, e cronogramas, acaba criando versidade de Santa Cruz do Sul, sofrer algumas alterações. “A oficina se reuniram ao público
devido às dificuldades apre- um comprometimento nosso em no Centro Universitário do Vale Prefeitura não forneceu sequer para um debate sobre a impor-
sentadas durante o curso, ape- concluir o filme para o curso”, do Taquari e no Senac-RS, tra- uma caneta ou lápis para os alu- tância do cinema e de projetos
nas 30% chegaram até o final. completa. balhou na área de publicidade, nos. A apostila também não foi como este.
Para o estudante e crítico de ci- Liana Vargas Fernandes diz como produtor de comerciais fornecida. E a carga horária de Os filmes produzidos esta-
nema, Alexandre Morosso Gui- que gostou muito da oportuni- para rádio e TV. “O professor cada sábado é muito extensa, os rão disponíveis, em breve, no
lhão, um dos pontos fracos da dade que a Prefeitura está ofere- é um excelente conhecedor do alunos quase dormem em sala site http://descentralpoa.blogs-
Oficina “é que a Secretaria de cendo, mas que ficou frustrada ramo audiovisual, um profissio- de aula”, completa. pot.com. As inscrições para a
Cultura deveria investir mais com a organização. “Não tínha- nal com muita experiência, es- Como ponto forte, os alunos Oficina de Realização em Ci-
no projeto, pois praticamen- mos nenhuma disponibilidade tá nos passando aulas que estão entrevistados citam a oportu- ne Vídeo Digital 2012 começam
te não contamos com equipa- de equipamentos e esperava sendo um grande aprendizado nidade que normalmente não em março e estarão abertas para
mentos nas aulas e a estrutura mais do ministrante, que ape- para nós”, diz Alexandre. teriam. “Em Porto Alegre são todos os interessados a deixar
que nos disponibilizam é muito sar de entender de técnica, não O motivo de tanta escassez poucos, quase raros, os cursos que a magia do cinema entre
limitada”. Jackeline Cruz, es- parecia ter um conhecimento é a falta de verba que a Oficina que oferecem a oportunidade na sua vida.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 23
O trajeto
FOTO: JEFERSON FERREIRA

de jornais para 5h15. A distribuição é efetuada


impressão; brin- por bairros a partir das 5h30,
co com o pesso- desta forma, os entregadores fa-

da notícia
al que é preciso zem que com que o jornal che-
t rês ol hos, u m gue às mãos do leitor.
para cuidar das Os exemplares não vendi-
máquinas, outro dos também são aproveitados.

no jornal
dos caminhões, O secretário de Logística ex-
e, principalmen- plica que a cada dois dias são
te, outro do reló- recolhidos nos pontos de ven-
gio”, afirma. da e distribuição. Chamam-se

impresso
Para Linhares, encalhos e são reutilizados em
a atenção dos tra- novas impressões.
balhadores é indis-
pensável no parque O papel do
gráfico, local on- jornaleiro
de são efetuadas as
O comércio do jornal impresso impressões e mon- Paulo Roberto Ramos, ven-
segue elevado. Os leitores tagens dos jornais. dedor há 6 anos, trata seus jor-
pouco conhecem sobre “A tecnologia auxi- nais como produtos e conta:
lia na impressão e na “Chego às 5 horas, bato meu
a logística e venda montagem dos jor- cartão, pego meu jornal e me
dos periódicos nais, mas precisamos desloco até meu ponto de venda,
da capacidade huma- a Kombi sai com a rota pronta,
■■ Jeferson Ferreira na para o transporte e as 6 horas já estou começando

O
distribuição corretos a fazer minhas vendas”.
caminho de um jor- d o j o r n a l ”, Paulo trabalha na região cen-
nal até a mão do leitor explica. tral de Porto Alegre, próximo ao
é uma obra de arte. A Traba- viaduto Loureiro da Silva. Com
produção do jornal em lham no uma comissão de 15% sobre ca-
si passa pela impressão, o encar- Parque Grá- da venda e com uma média de
te, a distribuição e a venda ao f ico Jay me 280 jornais vendidos por dia, se
leitor. O jornal impresso segue Sirotsky, loca- diz realizado com a função e
na luta diária contra os demais lizado na zona com o trabalho prestado a uma
meios de comunicação de massa norte da capital, empresa conhecida.
com o empenho de muitos traba- 115 trabalhado-
lhadores responsáveis pela logís- res. As impres- Jornal nas bancas
tica e as vendas dos exemplares. soras são capazes
O que a maioria dos leitores de imprimir 75 Outro meio de levar o jornal
não conhece é o árduo trajeto mil exemplares ao leitor é a venda em bancas de
percorrido pela notícia até che- por hora, ou 21 revistas e jornais. As bancas são
gar à mão do leitor, o que exige jornais completos regulamentadas pela Prefeitura.
uma boa estrutura de logística. por segundo. O proprietário Sergio Deli, 56
E que muitas pessoas ganham O jor na l sa i anos, inclui-se nas bancas ca-
a vida com o jornal, sem serem do Parque Gráfico dastradas e agora com controle
jornalistas, editores ou chefes pronto, montado e da prefeitura. Ele vende jornais
de redações. O jornal que che- encartado. Come- há mais de duas décadas. Dia-
ga diariamente ao leitor depen- ça neste momento riamente, abre a banca às 5 ho-
de de uma complexa estrutura o trajeto da notícia. ras e os jornais chegam às 5h30.
de distribuição e venda. Colocados em ca- Para Deli, acordar cedo to-
A definição do que será pu- minhões, os jornais dos os dias é motivo de alegria.
blicado no jornal do dia seguinte transitam até os Cen- “É uma honra, uma alegria enor-
é feita no dia anterior, em uma tros de Distribuições me, a leitura é algo que deve ser
reunião de pauta das editorias. (CD´s), ou, Offices. cultivada por todas as pessoas,
Geralmente, por volta das 23h, o ções suficien- Nestes locais, que em e o jornal é conhecimento. Só
jornal está praticamente pronto, tes para finalizar a matéria, so para impressão e Porto Alegre são mais pelo fato de estarmos lendo, já
faltando somente a impressão e dirige-se à redação e finaliza montagem do jornal. de trinta, é efetuada a entrega adquirimos algum tipo de co-
a montagem. A partir desta de- a pauta. O editor, por sua vez, De acordo com o secretário aos assinantes, aos vendedores, nhecimento”, relata.
cisão inicia-se o processo para está sempre em comunicação de Logística da maior empresa e aos proprietários de bancas Atualmente, são vendidos,
finalizá-lo e deixá-lo pronto pa- com o repórter, a fim de estar a de jornal impresso da região de revistas. Para fora da região em Porto Alegre, jornais de
ra ser entregue no dia seguinte. par da reportagem, pois a res- sul do Brasil, a RBS, Renan Sul, o jornal chega via trans- mais de 30 empresas diferen-
O repórter tem a função de sair a ponsabilidade da publicação da Linhares, o segredo para tudo porte aéreo. tes. O número de vendas cres-
campo, atrás das fontes e buscar notícia é do editor. Assim que ocorrer conforme o planejado Segundo Linhares, todo o ce anualmente. Somente assim
suas informações para montar todas as matérias forem finali- é manter o controle sobre má- processo é elaborado antes das o jornal impresso irá manter-se
sua pauta. Assim que ele tiver zadas, editadas, diagramadas, quinas e funcionários. “Traba- 5 horas, os caminhões começam vivo, sem o tormento das edi-
a certeza de estar com apura- creditadas, inicia-se o proces- lhamos com uma alta demanda a deixar os CD´s exatamente às ções online.
24 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

O futebol vai além das quatro linhas


Programas de televisão e rádio disponibilizam boa parte do tempo para informações sobre o futebol. Internet e jornais também não
ficam atrás. Mesmo sendo uma prática jornalística ativa em todo o território brasileiro, existem diferenças maiores do que se imagina
FOTO: MARIANA DE FONTOURA

➜➜ Christiane Matos e Vagner Martins (esquerda) conversam durante a palestra do jornalista Jader Rocha para o curso “Futebol e Jornalismo”, na PUCRS em 2010

■■ Gabriel Telles Ferreira me a importância do clube. No no RS. Em São Paulo, existem os jornalistas é lidar com o sen- chances de visibilidade nos ve-

O
Rio Grande do Sul, a dupla Grê- muitos clubes em evidência no timentalismo e a paixão exage- ículos. “Minha principal dica é
futebol está consolida- mio e Inter tem setor dentro das cenário do futebol, como Co- rada, presentes constantemente gostar de esporte. Não adianta
do como o esporte que empresas para fornecer infor- rinthians, Santos e São Paulo. no meio. Christiane Matos, se- trabalhar na área se não gostar
mais move paixões no mações e coberturas completas Como a demanda é grande, os torista do Internacional no jor- do que faz. É importante tam-
Brasil. Por causa disso, do dia-a-dia e das partidas. Se- jornalistas fazem a cobertura de nal Diário Gaúcho, conta que bém estudar o assunto (jogos,
a imprensa brasileira disponibi- gundo Vagner Martins, repórter todos os clubes, sem “setoriza- nunca recebeu ofensas ou al- adversários, tabelas, classifica-
liza um espaço considerável nos da Rádio e TV Bandeirantes de ção”, como no Sul. gum tipo de agressão verbal por ção) e estar sempre muito bem
veículos para noticiar informa- Porto Alegre, o interesse públi- Mas a forma de exposição parte de torcedores, mas as re- informado”, analisa. Já Vagner
ções das rodadas, dos clubes e do co gerou a necessidade de co- de todos os conteúdos também clamações são corriqueiras: “É Martins explica que é necessá-
dia-a-dia de treinamentos, pois locar jornalistas trabalhando varia. Para Vagner Martins, comum recebermos telefone- rio aliar competência, determi-
aqui temos um ponto de vis-
ta mais técnico e profissional
“Entendo que aqui no RS se faz um do futebol e menos “humorís- “Minha principal dica é gostar de
jornalismo mais sério. Talvez por uma tico”, como podemos observar esporte e estar sempre muito bem
nos programas nacionais, como
questão cultural” - Vagner Martins Globo Esporte (Rede Globo) e
informado” - Christiane Mattos
existe interesse público. Ainda ativamente no Estádio Beira- o Jogo Aberto (TV Bandeiran- mas de torcedores reclamando nação e vontade para conseguir
assim, é diferente de região para -Rio e no Estádio Olímpico. “O tes). “Entendo que aqui no RS de pouco espaço no jornal para chegar ao destino desejado.
região, por motivos, como a cul- jornalismo esportivo aqui no se faz um jornalismo mais sério. o clube, ou até mesmo discor- “Antes de tudo é preciso querer!
tura de cada estado e o número Rio Grande do Sul tem o seu Talvez por uma questão cultu- dando de uma matéria”. Depois você tem que provar que
de clubes que mais atraem tor- principal foco no futebol. Pelo ral. Vou citar um exemplo: atrás Muitos estudantes, ao in- quer. Este é o começo. É preci-
cedores. Corinthians e Flamen- fato de a dupla Gre-Nal ser mui- das goleiras do Beira-Rio e do gressarem no curso de jorna- so trabalhar e mostrar qualidade
go, por exemplo, são os que têm to forte e despertar um interesse Olímpico você não vê um profis- lismo, já têm em mente seguir em tudo que você for fazer. Ou-
maior torcida do país, segundo o público, a cobertura é intensa. sional com o microfone na mão, o caminho na área de esportes. tra dica: Se você quer trabalhar
Instituto Ibope Media divulgou, Os principais espaços em TV, comemorando um gol. Algo que Christiane Matos e Vagner Mar- em jornal, leia muito a parte de
no dia 4 de outubro de 2011, o rádio, jornal e Internet são de- ocorre com freqüência no Rio tins dão dicas aos interessados e esportes. Se você quer o rádio,
que gera uma maior atenção nos dicados ao futebol”, explica ele. de Janeiro, Goiânia e Salvador”, avaliam que é necessário gostar ouça tudo. Se a opção for TV,
noticiários de todo o Brasil. Nos outros estados, o volume conta. previamente do assunto e de- veja tudo. Observe o trabalho
A abordagem varia confor- de trabalho é tão grande quanto Outro fator de cuidado para dicar tempo e atenção para ter dos bons profissionais”, conclui.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA 25
Assista online: é o fim das locadoras?
Os antes disputados espaços, hoje sofrem com a falta de público, o que pode ajudar a extinguir o mercado de homevídeo
REPRODUÇÃO: RAFAEL BOTELHO

■■ Rafael Botelho

C
hegando no Brasil no
início de setembro de
2011, a empresa ame-
ricana de locações on-
line Netflix acabou chamando
com rapidez a atenção de adep-
tos por evidenciar o crescimento
de um ramo até então desper-
cebido. A empresa americana
entra em um mercado que es-
tá praticamente consolidado no
Brasil com cada vez mais inte-
ressados em assistir filme onli-
ne, o que coloca em xeque todo
antigo mercado de homevídeo.
Os números comprovam o ris-
co que as locadoras enfretam: se
no início de 2003 haviam 12 mil
locadoras, hoje existem apenas
8 mil em todo país, segundo a
União Brasileira de Vídeo.
O serviço de locadora online,
que disponibiliza um variado
acervo para o usuário desde que
pague uma quantia fixa por mês,
impõe-se como um dos princi-
pais fatores para a gradual que- ➜➜ Página inicial do site Netflix, sistema americano de locações online que chegou no Brasil recentemente
da dos antigos estabelecimentos.
A disponibilidade de ter acesso
ao serviço sem deslocar-se à lo- com videocassete. A pirataria locadora de Porto Alegre que maior problema das locadoras do de locações, que sofre pela
cadora atraiu bastante a atenção já surgia como principal ini- tenta sobreviver ao inconstan- é a grande variedade de opções falta de abrangência.
de consumidores que utilizam a migo nesta época, tornando-se te mercado. “É bastante compli- de “lazer em casa” que as pesso- A internet, grande respon-
internet. “Tendo uma velocida- crucial no mercado a partir do cado. Eles foram responsáveis as têm acesso. O tempo que era sável pelo problema, pode ser
de de internet boa já basta para momento em que bastava ter um pela redução do número de lo- destinado a ver filmes hoje está a única solução para as lo-
alugar filmes online. Mais práti- computador e acesso à internet cadoras em, acredito que 50%. dividido em muitas outras ativi- cadoras. O uso de redes so-
co do que ir em uma locadora e com velocidade moderada pa- No caso da dades”, fala ciais tanto para divulgar os
ter que brigar por um lançamen- ra poder baixar qualquer filme E O Vídeo Maurício lançamentos como também
to de um filme. É tudo na hora”, tanto visando o comércio ilegal Levou, con- “Uma velocidade de Já tendo para vender DVDs e demais
afirma Lauro Antonio, adepto quanto para consumo próprio. A seguimos internet boa já basta demasiados produtos relacionados ao ci-
do novo sistema. concorrência aumenta quando a criar um ni- problemas, nema se tornou a chance de
Porém, ainda existem aque- TV por assinatura, que já con- cho no mer- para alugar filmes a s locado - sobrevida das locadoras. Fato
les consumidores que resistem corria com as locadoras, começa c a d o c o m online. É mais prático ras também confirmado por Marcelo, ao
às mudanças: “Se eu vou numa a disponibilizar e também locar um público enfrentam informar que 30% do total de
locadora, eu posso dizer que te- filmes sem que o consumidor específico
do que ir em uma os estúdios vendas e locações provêm da
nho um filme nas minhas mãos, precise sair de casa. cujos filmes locadora e ter que de produ- internet. O atendente acredi-
enquanto a internet não possi- As locadoras revidaram a dificilmente brigar por um ção de fi l- ta que “a distribuição online
bilita isso. O virtual é só uma este múltiplo ataque de várias são achados mes, que ao certamente será o futuro. No
representação, e isso me inco- formas, algumas se transfor- de outra for- lançamento de filme. sofrer com entanto, ressalta que esta dis-
moda. É por isso que eu con- maram em lan houses, outras ma se não na É tudo na hora” u ma c r i se tribuição será dos blockbus-
tinuo indo à locadora”, conta criaram promoções, serviços de locadora. Os interna de- ters. “A grande produção de
Giordano Gil, estudante de ci- atendimento a domicílio, tudo canais pagos, a pirataria e as lo- vido à pirataria acabaram pro- cinema no mundo inteiro e o
nema e consumidor ávido de lo- para trazer os clientes de volta. cadoras virtuais, trabalham ba- curando o mercado digital para crescimento na procura de fil-
cadoras “de tijolos”, como ele Mesmo assim, eles dificil- sicamente com “blockbusters”, tentar contornar o problema. mes que dificilmente conse-
mesmo gosta de se intitular. mente iriam retornar por já esta- explica Trilho. Quando os estúdios estão ela- guem exposição nos cinemas
O mercado de homevídeo te- rem adaptado às novas formas de A diversificação das opções borando um filme, o mercado serão um grande espaço a ser
ve uma história conturbada des- locação, aponta Maurício Trilho, de lazer dificultam ainda mais de locações online já está pla- explorado pelas tradicionais
de o início, nos anos 90, ainda funcionário da E o Vídeo Levou, a situação das locadoras. “O nejado, ao contrario do merca- locadoras”.
26 Comportamento PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Eles são fãs Admiradores de bandas, obras literárias, músicos e escritores


assumem, cada vez mais, a posição de porta-vozes de seus ídolos
FOTO: LAY VENANCIO

➜➜ Fãs se reúnem em diversos pontos do país para homenagear o trabalho de seus ídolos, como o grupo de jovens paulistas que se manifesta para pedir a presença da banda no país

■■ Letícia Pusti de milhares de pessoas, os en- ra Maria Fernanda Castro, 19. quelas páginas são transmitidas dia diga como seu corpo deve

R
volvidos tornam-se fãs. “Os livros falam muito sobre a infinitas mensagens aos leitores, ser. Vocês são lindos do jeito
eunidos em grupos ou “Agora me aceito do jeito amizade, nossas escolhas, inse- aprendemos com elas”, conta a que vocês são. Continuem lin-
mesmo solitários, fãs que sou”, é o que diz Ana Cris- guranças e mesmo preconceito. também fã da série, Camila de dos, mantenham isso feio”, pro-
incorporam as mensa- tina dos Santos, 15 anos, sobre Não há como não crescer como Cássia Araújo, 16. feriu Gerard Way, vocalista do
gens passadas por seus o papel que os ídolos exercem pessoa depois de conhecer es- grupo, ao receber um prêmio
ídolos em atividades que, além na sua vida e na formação da se mundo fantástico criado pe- Fãs conscientes promovido pela revista que ha-
de homenageá-los, disseminam sua personalidade. Os fãs da sa- la J.K. [Rowling, a autora dos via criticado um dos integrantes
os ideais inseridos em seus tra- ga de Harry Potter também são livros]”, completa. Já em um contexto social- da banda por sua aparência. Foi
balhos. Livros, desenhos, mú- exemplo disso. Encarada pelos De fato, na história uma das mente mais crítico, músicas e o suficiente para abrir os olhos
sicas... Muitos desses meios de não leitores como uma história personagens principais lida com bandas possuem maior fluência. de muitos que ainda não haviam
expressão são vistos pelas pes- de magia, as aventuras do bruxo aqueles que se acham superiores Entrevistas, letras, melodias percebido a mensagem por trás
soas como maneiras de contar transformaram vidas sem utili- por serem de famílias puramen- bem trabalhadas e até mesmo do mais recente álbum da banda,
histórias e, em diversos casos, zar feitiços. “É muito mais do te bruxas, o que serve como re- a vida pessoal dos músicos atin- Danger Days, The True Lives of
causam a sensação de confor- que uma aventura. Trata-se de flexo da sociedade. Ainda assim, gem e conquistam um maior e The Fabulous Killjoys, mensa-
to e compreensão. Porém, pa- vidas, experiências boas, expe- é possível extrair muito mais da mais receptivo público. gem que conquistou uma nova
ra muitas outras, isso vai além. riências ruins; nossa capacida- história que se desenvolveu em Os fãs antigos ou novos, por multidão de fãs e preencheu os
Quando as histórias por trás das de de lutar por nossos objetivos sete livros. “Harry Potter desen- sua vez, tornam-se porta-vozes fãs antigos de orgulho.
melodias, imagens e palavras mesmo quando tudo está con- volveu e expandiu minha cria- de suas idéias. Como é o caso “O último álbum da banda
ultrapassam a linha do simples tra nós, e sobre a nossa forçam tividade, quem gosta de ler não da banda norte-americana My [Danger Days] veio com men-
gostar, passam a fazer parte da que está em pequenas coisas, co- tem dificuldade em bolar his- Chemical Romance. sagens contestadoras contra o sis-
construção de caráter e opinião mo as lembranças”, diz a leito- tórias e escrever redações. Na- “Nunca permitam que a mí- tema alienado em que vivemos,
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento 27
FOTO: @DOITLOUDPE

mas ao longo da carreira deles fo- pessoas que gostam da mesma


ram incontáveis mensagens para coisa que você e poder conver-
as pessoas não desistirem facil- sar sobre isso. É confortável; é
mente diante das adversidades como encontrar um lugar para
que surgem em suas vidas, que você e sentir que você faz parte
não se sintam confortáveis na po- de algo realmente bom”.
sição de vítimas. Qualquer psi- E são o conforto e as inspira-
cólogo ou líder religioso poderia ções em comum que mobilizam
passar a mesma mensagem, mas os fãs a mostrarem aos ídolos
não com a mesma hostilidade e e ao mundo não apenas o amor
paixão que eles passam”, expli- pelos trabalhos e pelas perso-
ca a fã do grupo, Camila Souza. nalidades em si, mas também
Para a psicóloga Jéssica de a importância das composições
Araújo, o comportamento de (musicais, literárias, artísticas
considerar-se fã e conseguir em seus diversos modos) que
captar tantas mensagens se de- mudaram milhares de vidas.
ve à necessidade de comparti-
lhar valores. “As pessoas, em Trabalho coletivo
especial os jovens, buscam al-
go significante para sentirem-se É cada vez mais comum gru-
parte de algo. E quando o artista pos de fãs se reunirem para rea-
ou a história incorpora elemen- lizar atividades sociais. Para eles,
tos que tragam alguma forma é a melhor forma de prestigiar o
de identificação, seja em cren- trabalho realizado e disseminar
ças, valores, seja em sentimen- as ideias do ídolo. Principalmen- ➜➜ Fãs de My Chemical Romance utilizam do lema “Art is the weapon” (Arte é a arma) para
tos, faz com que a sensação de te quando estes carregam ta- disseminar pelo Brasil, através de trabalhos artísticos, as ideias compartilhadas pela banda
estar sozinho diminua”, diz. E manho significado a ponto de
completa: “Traz o conforto que modificar ações sociais. FOTO: YUU

todos precisam para não haver “É comum as pessoas terem ma a psicóloga.


a sensação de deslocamento na como ídolos aqueles que têm al- Tarefas como doar sangue ou
sociedade e, em muitos casos, go a acrescentar e os quais se promover festas a caráter e be-
na própria vida”. pode tomar como exemplo. So- neficentes ocorrem periodica-
Certamente, compartilhar mado a isso, há o fato de as pes- mente no país e no mundo. Sem
de gostos e opiniões é uma ne- soas sentirem a necessidade de nunca deixar de lado a confra-
cessidade natural que ganha for- estar próximas ao objeto ado- ternização e, é claro, a admi-
ça quando se trata de algo tão rado, em fazer parte do mundo ração, os fãs unem seus ideais
singular mesmo quando parti- deles. Planejar um encontro em e a espera do reconhecimen-
lhado entre milhares de pessoas. que se supõe que o ídolo senti- to não apenas do seu trabalho,
É o que reforça a fã da banda ria orgulho do fã, adicionado a mas do trabalho do ídolo, pa-
My Chemical Romance, Victó- todo aquele conjunto de ideais ra, quem sabe, assim conquis-
ria Agostinho, 17: “Não há nada comuns faz com que o fã sinta tar, aos poucos, uma sociedade
mais divertido do que encontrar mais próximo e completo”, afir- mais consciente. ➜➜ Fãs interpretam personagens de obras admiradas

FOTO: @DOITLOUDRJ

➜➜ Jovens admiradoras organizam movimento para chamar a atenção da banda e pedir shows no Brasil
28 Comportamento PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

FOTOS DE EMILI NITSKE PEREIRA

Benefícios que vão


além do tatame
Conhecido como uma arte marcial que não tem competição,
o Aikido traz benefícios tanto para o corpo quanto para a mente

■■ Emili Nitske Pereira

A
ntes da criação do Ai- mo frequência ideal, treinar cin- arte marcial, mas achava que Com pouca coordenação cor- em que, na prática, busca-se a
kido, o fundador Mo- co vezes por semana, segundo não tinha mais idade para is- poral e com medo de se machu- interação e a harmonia entre os
rihei Ueshiba insistia o presidente da Associação RS so. Depois de conhecer o Aiki- car, devido aos rolamentos e as que treinam. Mas isso não quer
em sempre vencer as Aikikai, Christian Sant’Anna, do através de amigos percebeu quedas que acontecem durante dizer que os treinos não possam
suas disputas. Após a morte do que já treina há vinte anos e que poderia praticar tranquila- o treino, a doutoranda em Direi- ser cheios de energia, pois “para
pai, em um momento de pro- afirma que “o Aikido torna o mente. Treinando desde julho de to do Trabalho, Valkiria Sarturi, encontrar a paz o homem tem de
funda tristeza, percebeu que era corpo mais saudável”. Trazendo 2009, já percebeu alguns bene- 33, aceitou o desafio de treinar estar preparado para a guerra”.
inútil insistir sempre na vitória, mudanças que também benefi- fícios que a prática trouxe para Aikido para conseguir vencer a
pois em algum momento da vi- ciam a vida do aikidoka (pra- o seu dia-a-dia, com relação ao própria limitação que, segundo Combate ao
da seria derrotado. Surge, então, ticante) fora do dojo (local de aspecto físico. “Treinando você ela, ficou visível desde o primei- estresse
na década de 1940, o Aikido, prática), Marcelo Vargas, que desenvolve a mobilidade, a fle- ro treino. “Acho que a vontade
arte marcial moderna repleta treina desde maio de 2002, ci- xibilidade e o equilíbrio, como de vencer os meus próprios li- Toda a prática de atividade
de preceitos como harmonia e ta alguns exemplos: melhora o também a resistência”. Cair e le- mites e provar para mim mesma física ajuda a pessoa a manter
cooperação e que não permite sistema respiratório e cardíaco, vantar muitas vezes exige bas- que conseguiria foi importante uma boa harmonia entre o cor-
competições, pois vão contra os ajuda no equilíbrio emocional, tante do condicionamento físico no início”, afirma Valkiria, que po e a mente. “É a velha má-
princípios de Morihei. Conhe- combate a monotonia, melhora do aikidoka. “No Aikido se fala em dezembro completa quatro xima: ‘mente sana in corpore
cedor de técnicas ancestrais da a concentração e promove a in- muito em ‘círculo’ e ‘centro’, isto anos de treinos. Os movimen- sano’, ou seja, mente sã em cor-
tradição dos Samurais, Morihei tegração entre as pessoas. “No é, sua energia está em seu centro tos, tanto de ataque quanto de po são”, explica Valkiria, para
agregou aos treinos a busca da início, buscava saber fazer as e o seu círculo é o seu espaço, e defesa, são determinados pela ela o Aikido a ajuda a extravasar
espiritualidade e do autoconhe- técnicas e graduar nas faixas, você define se este espaço poderá intensidade ou força de quem as energias acumuladas durante
cimento, bem como os valores mas com o passar do tempo fui ser invadido ou não. Na vida fora realiza o ataque (uke), ou seja, o dia, se o treino ocorrer à noi-
dos Samurais: humildade, hon- descobrindo que tudo aquilo que do dojo não deixa de ser diferen- se o uke for com muita força te, ou a começar o dia bem dis-
ra, honestidade, entre outros. eu aprendia no tatame também te, permitimos que pessoas que em direção ao nage (aquele que posta, caso o treino seja durante
Uma atividade física que traz servia para minha vida fora do gostamos entrem no nosso círcu- aplica a técnica) poderá receber a manhã. Entretanto, a oficial
benefícios tanto para o corpo Aikido”, conta. lo, assim como repelimos quem uma resposta ao seu ataque com de justiça, Luciane Canella, 35,
quanto para a mente, o Aikido não gostamos por alguma razão. a mesma intensidade. Os movi- tem a sensação de relaxamento
pode ser praticado por mulhe- Equilíbrio e Entretanto, devemos aprender a mentos tendem a se tornar mais após os treinos, como se fosse
res e homens de todas as idades harmonia administrar as situações evitan- vigorosos, conforme a gradua- após uma sessão de meditação.
que buscam melhorar o condi- do conflitos e buscando harmo- ção dos praticantes, pois como Treinando há apenas três me-
cionamento físico ou combater Já Wilson Rangel, 41 anos, nizar o convívio nos diversos explica Sant’Anna, o Aikido é ses, Luciane já conhecia as artes
o estresse. É recomendável, co- sempre quis praticar alguma ambientes”, explica Rongue. uma arte marcial de cooperação, marciais, como o Taekwondo
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento 29
desde pequena, por meio do ir-
mão que também a apresentou
ao Aikido.

Relacionamento
interpessoal
“Costumo dizer que o Aiki-
do não prepara lutadores, mas
líderes e pessoas de bem, es-
senciais para o desenvolvimen-
to da nossa sociedade”, afirma
Sant’Anna. Ele acredita que as
pessoas ficam mais seguras e
confiantes com a prática, con- O significado
vivendo melhor umas com as
➜➜ Sensei Christian
outras. O Aikido, para Valkiria, Sant’Anna (à esquerda)
ajuda na concentração e refor- avalia alunos durante exame
ça algo que preza muito: “ser de graduação de faixa
humilde e me relacionar com
respeito e alegria com o maior
A palavra Aikido, na sua Rongue explica que o Aikido mais profundo a respeito que devo superar é a mim
número de pessoas possível”. A tradução direta do japonês é um Budo, uma arte marcial daquilo que se pretende mesmo”, e afirma que para
prática também ajuda a encarar para o português, significa excelente para a defesa definir. Para Valkiria, Aikido ele, o Aikido é além de uma
momentos de pressão e angústia “O caminho da harmonia pessoal e uma filosofia de é uma arte marcial que arte marcial, é uma arte que
com mais naturalidade e com a com a energia vital”, mas vida, “que serve para, além conecta as pessoas e o que faz com que as pessoas se
como explica Sant’Anna de vencer oponentes, vencer lhe chama a atenção é a unam e troquem experiências
consciência de que tudo é uma é difícil aproximar para a a si mesmo, superar suas “mistura dos mundos”, em um sem a necessidade de haver
fase, e que na vida “podemos nossa língua uma perfeita dificuldades, seus medos e mesmo treino estão reunidos competição. Resumindo,
cair e levantar a qualquer mo- definição para o Aikido. anseios”. médicos, advogados, Sant’Anna define o Aikido
mento. Seja qual for o motivo Luciane define como um Ao concordar com taxistas, seguranças, todos como “uma ferramenta
exercício que visa além de Sant’Anna, Valkiria também em busca de uma integração, que pode ser utilizada pelo
que tenha causado isso, teremos
resultados físicos, uma arte acredita ser difícil definir de uma harmonia. Wilson praticante na sua vida,
que levantar e seguir em frente que ensina a perseverar algo, pois se pressupõe que concorda com Marcelo ao transpondo as paredes
quantas vezes for preciso”. diante das dificuldades. Já tenha um conhecimento afirmar que “a única pessoa do Dojo”.

Murihei Ueshiba, o fundador Associação RS Aikikai


M A
orihei Ueshiba nasceu um estilo próprio. Em 1935, aconteceu a cerimônia do iní- Associação RS Aikikai Em Porto Alegre a Associa-
em Tanabe, no Japão, se tornou famoso em todo o cio da construção do Hombu foi fundada em 1998 pelo ção tem sua sede e Dojo Central,
em 14 de dezembro de mundo das artes marciais, de- Dojo, em Tóquio. Em janei- Sensei (professor) Chris- na avenida Cristovão Colombo,
1883. Estudou diversos concei- vido à criação “da união do ro de 1968, uma comemora- tian Sant’Anna, com o objeti- mas pode-se treinar em outras
tos e técnicas de artes marciais espírito, da mente e do cor- ção foi realizada em razão vo de preservar e difundir os filiais, como na Academia Prá-
nas diferentes escolas de Jiu- po”, previamente chamada de da conclusão da obra, e Mo- princípios do Aikido. É filiada xis, e em outras cidades, como
-Jitsu existentes no Japão. aiki-budô. rihei falou sobre a importân- à Aikido Sansuikai Internatio- Pelotas, São Leopoldo e Vitória
Em 1922, a prática de Mo- Aos 70 anos, sua técnica cia da essência das técnicas nal, organização que permite à da Conquista (BA). Atualmente,
rihei começou a adquirir um fluia de sua imensidão espi- do aikido. Mesmo parecen- Associação RS Aikikai estar li- Sensei Christian possui quarto
caráter mais espiritual, levan- ritual, em contraste com a fe- do estar com saúde impecá- gada ao Hombu Dojo, organi- nível de faixa preta e conta com
do-o a se libertar das práticas rocidade e força física que vel, veio a falecer em 26 de zação sede mundial do Aikido, mais de 50 alunos sob a sua tute-
convencionais e a desenvolver o caracterizava. Em 1967, abril de 1969. localizada em Tóquio, no Japão. la e dos instrutores da associação.

➜➜ Alunos do Dojo Central


durante a abertura do
exame de graduação de faixa
30 Saúde PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Projeto Destinado à saúde, defesa e bem-estar dos animais, o projeto Bicho Amigo prevê ações de proteção
FOTO: LUCIANO LANES / PMPA

Amigo traz
melhorias
às ruas da
Capital ➜➜ Ônibus adaptado funciona como clínica veterinária ambulante

■■ Jéssica Vieira apanhar os animais nas vilas atendida pelo projeto), Santa A coordenadora Maria de Experiência

A
populares, e levá-los até a clí- Terezinha, Bernardino Silvei- Lourdes dos Santos Sprenger,
Prefeitura de Porto nica de esterilização, onde é ra Amorim e nos loteamentos da Coordenadoria Multidisci- A comerciária Romilda Ri-
Alegre pretende au- feita a castração, esterilização Arco Íris e Bela Vista. plinar de Políticas Públicas pa- chter d’a Silva Ami, de 34 anos,
menta r as esterili- e implantação de microchips. O Projeto Bicho Amigo ra Animais Domésticos, afirma tem uma cachorra chamada “Mel”,
zações de animais. Depois o animal é devolvido executa ações como o con- que “o projeto vai ajudar a po- com quem passeia todos os dias, dá
Pa ra isso, conta com duas à comunidade. trole reprodutivo de animais pulação reduzindo os nascimen- carinho, e leva para tomar banho.
unidades móveis que se des- O ônibus, doado pela Asso- domésticos e educação para tos de animais indesejados”. Ela Ela comenta que realmente
locam até as comunidades pa- ciação dos Transportadores de guarda responsável e em saú- acredita que ao reduzir a popu- vale a pena mandar castrar o seu
ra atuar direto na realidade e Passageiros de Porto Alegre de ambiental, é operacionali- lação reduzem-se os maus-tra- cão ou gato. “Sou totalmente a
prevenir problemas. A Unida- (ATP), é uma clínica itineran- zado por meio das unidades tos, devido a casos de ataques favor da castração, pois com ela
de Móvel I do Projeto Bicho te para esterilização de animais móveis I e II. e mordeduras.” os nossos pets não sofrem com
Amigo, inaugurada em agosto de rua. A coordenação das ati- Entre os meses de julho e ou- E ainda através do Proje- o cio, têm muito menos proba-
de 2011, funciona como clíni- vidades está a cargo de uma tubro, a equipe do projeto Bicho to Bicho Amigo estão progra- bilidades de obter algum tipo
ca itinerante para esterilizar equipe multidisciplinar, com Amigo Unidade Móvel II cas- madas três mil esterilizações de câncer, gravidez psicológica,
animais e educação em saúde, parceria da Faculdade de Vete- trou 1.098 animais domésticos em clínica licitada e no Ca- depressão etc”. Segundo ela, a
da Secretaria Especial dos Di- rinária, da Universidade Federal em bairros e vilas, em proces- nil Municipal. Com o projeto, castração é favorável tanto pa-
reitos Animais (SEDA). Já a do Rio Grande do Sul (UFRGS). so de remanejamento e trans- a Prefeitura irá gastar anual- ra o animal quanto para o seu
unidade móvel II, inaugurada Os atendimentos acontecem nas ferência, como as vilas Dique mente R$ 230 mil, diz Maria dono que não vê seu bichinho
em março de 2011, serve para vilas Chocolatão (primeira a ser e Nazaré. de Lourdes. sofrer com o cio.

A droga que desafia a medicina e a sociedade


O pouco tempo de internação e a falta de um acompanhamento psicológico acabam prejudicando a recuperação
■■ Emmanuel Garcia e após a evaporação, obtem-se o Segundo o médico Paulo problemas, desde má formação psicológico do dependente, que
produto final. Porém, é comum Paim que atende usuários no de órgãos até a falta deles. Mas é indispensável. Paim acredita

O
mundo está sempre em que traficantes adicionem outras Pronto Socorro Cruz Verme- os casos mais graves são os que que o dependente pode se livrar
evolução e os trafican- substâncias como cal, cimento, lha, com sede na avenida In- apresentam problemas cardía- do vício, mas, na sua opinião,
tes não ficaram para trás. querosene, ácido sulfúrico, com dependência, em Porto Alegre, cos ou cerebrais”, explica. “isto só ocorrerá caso ele não
Criaram uma droga poderosa, o intuito de aumentar o lucro são frequentes as queixas de fa- Paulo Paim também alerta venha utilizar quaisquer subs-
capaz de viciar na primeira do- visto que os produtos têm um miliares sobre a venda de todo que o tempo de internação em tância psicoativa novamente”.
se, formando um exército de vi- valor menor que a pasta de coca. o patrimônio da família pelos vagas contratadas pela prefei- Particularmente, ele inclui o
ciados, que vendem seu corpo, O problema enfrentado pe- usuários. De acordo com Paim, tura junto ao Sistema Único de álcool como a porta de entra-
roubam, matam tudo para sa- la medicina é que a droga tem outro caso que também desa- Saúde (SUS), é muito curto e da para todas as outras drogas,
tisfazer a abstinência. O crack um poder muito grande: ataca fia a medicina são os filhos de serve apenas para desintoxicar. e sempre aconselha que o de-
é feito com a mistura de uma o sistema nervoso de tal for- mães que usaram a droga na Para o médico, o tempo máxi- pendente sempre vá aos grupos
pasta à base da cocaína, adicio- ma que deixa o usuário fora da gestação. “Esses bebês sofrem mo de internação é de 27 dias de autoajuda”, pois o isolamen-
nado de bicarbonato de sódio e realidade, com alucinações e uma abstinência muito forte ao e neste período não se conse- to às vezes o empurra para a
água. A mistura é levada a 100ºc mania de perseguição. nascer e possuem incontáveis gue efetuar o acompanhamento drogadição.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Saúde 31
Os homens também
FOTO DE PUMAIRA CORONEL

podem ser vítimas


do câncer de mama
Os tumores nas mamas não são uma triste exclusividade feminina,
homens sofrem com isso e precisam fazer o autoexame
■■ Pumaira Coronel em relação à doença. se manifesta como nódulo. As-

O
Foi um desconforto atípico sim como as mulheres, os ho-
câncer mamário ocupa que levou o empresário Antô- mens devem fazer o exame de ➜➜ Médicos indicam autoexame como técnica de prevenção
a segunda posição das nio da Rosa, 71 anos, ao médico. toque. Dificilmente a doença
doenças mais comuns “Um dia passei mal do estômago é diagnosticada precocemente,
no mundo. No Brasil, e fui ao meu médico de confian- pois somente quando o paciente bão e perfume. Existem ainda mama), retirada dos gânglios da
o Rio Grande do Sul está em se- ça. Na consulta, ele me pergun- sente o nódulo, decide procurar evidencias em relação à expo- região axilar, além de sessões
gundo lugar no ranking de inci- tou se nada mais me incomodava. atendimento clínico. sição à gasolina e também em de quimioterapia e radioterapia.
dência da neoplasia, perdendo Eu disse que tinha um carocinho Em relação ao diagnósti- homens que trabalham em em- De acordo com especialistas,
apenas para o Rio de Janeiro. no meu mamilo havia um bom co, Cassio diz que “como no presas de fumo. a única forma de reverter esse
Porém, não é uma doença que tempo. Ele não doía, não inco- homem a glândula mamária é “Assim como as mulheres, quadro é a prevenção. E, para
atinge apenas mulheres. Apesar modava, não coçava. Só sentia apenas um resquício de tecido, muitos homens estão predispos- isso, a melhor ferramenta é o
de raros casos, o câncer de ma- quando eu apalpava”, lembra. não é indicado o exame de ma- tos a ter câncer de mama devido autoexame. Segundo dados do
ma masculino existe e aflige um Após a retirada do nódulo para mografia, apenas exames de aos fatores de risco normalmen- INCA, a identificação tardia do
homem para cada mil mulheres. a biópsia, ele recebeu o diagnós- imagem, como ecografia e ul- te associados ao excesso de es- tumor nas mamas chega a redu-
O relato da doença em ho- tico: Câncer de Mama. trassonografia e o autoexame”. trógenos (hormônio feminino) zir em 50% as chances de cura
mens é muito pouco conhecido, O mastologista Cassio Fer- Alguns estudos apontam que ou diminuição de andrógenos da doença. Diante de qualquer
e corresponde a cerca de 1% de nando Paganini, residente do a maior frequência de casos de (hormônio masculino)”, explica alteração na mama é importante
todos os casos de câncer de ma- Hospital Santa Rita, do Comple- câncer de mama masculino es- o mastologista Cassio Paganini. consultar o seu médico de con-
ma no país. Em razão da rari- xo Hospitalar Santa Casa, ex- tá associada à atividade ocupa- Os tratamentos oferecidos fiança ou um médico mastolo-
dade, existem poucos estudos plica que as manifestações dos cional como exposição a altas aos homens com câncer de ma- gista, já que em estágio precoce,
e publicações sobre o assunto, tumores são as mesmas, tanto temperaturas, como é o caso dos ma são os mesmos utilizados nas o câncer de mama, tanto em ho-
o que acaba causando um cer- na mulher quanto no homem, e trabalhadores na indústria quí- mulheres e incluem: mastec- mens quanto em mulheres, tem
to preconceito entre os homens na maioria das vezes o tumor mica voltada à produção de sa- tomia radical (retirada total da 90% de chances de cura.

Como encarar o câncer Em pleno século XXI, infelizmente,


a doença ainda gera grande impacto
FOTO DE VICTÓRIA DUARTE
■■ Victória Duarte desse momento, decidiu bus- me ver bem e fazem sempre
car mais informações, além de de tudo para isso ocorrer”.

O
câncer é uma doença recursos clínicos e espirituais. “Para o paciente é funda-
que choca e assusta os Para conseguir encarar mental a aceitação da doença,
pacientes. A professora as dificuldades da doença e pois só assim conseguirá de fato
aposentada, Marisete Prates, o longo e, na maioria das ve- digerir tudo o que está aconte-
53, está em tratamento contra zes, sofrido tratamento, o do- cendo em sua vida, proporcio-
um carcinoma da mama es- ente necessita do maior apoio nando a si a oportunidade de
querda, mais conhecido como possível de familiares, ami- encarar de cara limpa a doença
câncer de mama. Ela revela gos e fé nas crenças. Mariste e colocando para fora seu amor
que, no momento da descober- conta que desde o início quis próprio”, diz a psicóloga Lau-
ta, levou um susto e por isso se curar, pois acredita que, se ra Porto Alegre. A oncologista
não conseguiu aceitar, ficando estava passando por isso, era Helena Andrade explica que o
muito abalada. Quando assimi- capaz de suportar as dificul- acompanhamento psicológico
lou de fato a doença, pensou dades até a sua recuperação. é mais do que necessário, pois
que iria morrer, principalmente “Afinal de contas, eu precisa- muitos pacientes não aguentam
pela falta de conhecimento so- va viver, não só por mim, mas sozinhos, e isso acaba prejudi-
bre o câncer de mama. A partir por todos aqueles que querem cando o tratamento. ➜➜ Pacientes expõem sentimentos no “Mural dos Cataventos”
32 Esportes PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Respeito, gingado e ritmo são


atributos do bom jogo de capoeira
Para chegar à corda preta exige-se dedicação, tempo e vivência nas rodas de capoeira e projetos, o que pode levar, em média, 15 anos
FOTOS DE JANE SILVEIRA

■■ Jane Silveira

U
m jogo alegre e envol-
vente onde os partici-
pantes têm que saber
tocar os instrumentos,
acompanhar a música e jogar no
ritmo com agilidade, destreza e
respeito com seu adversário. É
assim que é jogada a capoeira,
uma arte que em 2008 foi reco-
nhecida como patrimônio cultu-
ral pelo Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artís-
tico Nacional (Iphan).
Para quem está em dúvida
entre qual modalidade vai esco-
lher entre: dançar, lutar ou tocar
um instrumento, a capoeira é
uma opção que reúne todas em ➜➜ Segundo praticantes, a capoeira proporciona disciplina e benefícios físicos
uma só atividade, e ainda é cul-
tura. Foi esse conjunto de bene-
fícios que ajudou a estudante de mina a sua inclusão no currículo e da mente. Lucio explica que cintura da roupa típica – o abadá. sica é apenas uma ponte para che-
Sistemas de Informação, Ingrid escolar, segundo a lei nº 10.639. “dentro da roda tem que haver No iníciom, o batizado - even- gar aos resultados, mas depende
Louise Panizze Rodrigues, 20 Silveira define a capoeira co- respeito. Se fala muito na capo- to em que os alunos trocam de do cuidado de cada um para per-
anos, que já pratica há dez me- mo luta, dança, esporte, cultu- eira o termo ‘marcar’, e para isso corda, acontece a cada ano de manecer com saúde”. Praticado
ses, na hora de optar entre uma ra e defesa. tem que ter limite, saber até aon- treinamento, em média, mas o crianças, jovens e adultos o pro-
atividade física. “Além dos be- Formado em Educação Físi- de tu podes avançar e ter o con- tempo tende a aumentar. Con- fessor ressalta que não há contra
nefícios físicos, a capoeira traz ca, professor de Capoeira e Jiu- trole do teu corpo”. E cita um forme a graduação maior será o indicações e “qualquer pessoa po-
disciplina e o conhecimento -jítsu, Roberto Ávila, 48 anos, ou exemplo: “se eu der uma pon- tempo de treinamento. O grau de fazer capoeira. Se aprendeu a
da história da modalidade, que Mestre Tucano, como é conheci- teira na boca do meu adversário de aprendizado, indicado pelas andar já pode praticar”.
considero fascinante”, conta. do, pratica capoeira há 31 anos. sem finalizar, eu sei que pode- cordas, deve-se ao interesse de Lucio aborda outro benefí-
Ela diz que já nota benefícios Ele compartilha da mesma ideia ria ter acertado e ele não teve cada aluno, mas Silveira ressal- cio da capoeira: “quem faz ca-
em seu corpo como a flexibili- de Silveira e acrescenta: “A defi- condições de defender-se, mas ta: “não é somente a corda, mas poeira está numa roda de alegria.
dade e a agilidade. nição padrão é tudo: dança, fol- eu tive domínio do meu pé que sim o conhecimento da cultura Enquanto as pessoas cantam e
O presidente da capoeira em clore, luta, música, esporte, mas chegou lá perto e voltou. Porém, da capoeira que eu considero o aprendem a tocar instrumentos,
Encruzilhada do Sul e funcio- para mim é principalmente um quando se sai do jogo e parte- mais importante”. praticam um esporte. É a única
nário público, Pedro Lucio Sil- jogo de ataque e defesa”. Mes- -se para uma agressão é porque Tucano afirma que a capoeira atividade que consegue unir tudo
veira, 46, começou a praticar a tre Tucano começou a praticar faltou argumento”. é uma arte de muita coordenação isso e proporcionar um exercício
modalidade há 7 anos. “A capo- a modalidade em busca da de- motora. “Já treinei várias lutas, físico”. Um elemento importante
eira auxilia os jovens que que- fesa pessoal e relata: “assisti to- A evolução do mas a capoeira é a mais difícil, que ajuda a conduzir o ritmo do
rem fazer algum esporte e não do o crescimento da capoeira no aluno e o jogo pois é a única que se ataca em mo- jogo de capoeira são as músicas
têm condições. É barato, pois é Rio Grande do Sul”. Já inserida vimento e ainda envolve música e tocadas e cantadas durante a roda.
preciso apenas o espaço”, afir- em academias até fora do Bra- Para chegar ao nível de acrobacia”. Segundo o professor, Atualmente a maioria é contem-
ma Silveira, para justificar por sil. Tucano conta que seu gru- mestre exigi-se tempo. Tuca- é esse conjunto que faz o capo- porânea, mas antes suas origens
que levou a capoeira ao muni- po tem integrantes trabalhando no lembra que o caminho é de eirista ter facilidade em qualquer eram da religião africana, samba
cípio, em 2004. Ele conta que a na Espanha, Irlanda, Uruguai e dedicação, persistência, além esporte. Como em qualquer ati- de roda e colheitas.
capoeira foi o meio encontrado Argentina. deidentificação e vivência nas vidade, o cuidado com a alimen-
para chegar às escolas e divul- Pedro Lucio relata que o en- rodas de capoeira e projetos, o tação é um fator que auxilia em Reconhecimento
gar o projeto de conscientização sino da capoeira inclui a apli- que pode levar em média 15 maiores resultados para quem e espaço
negra do qual. Além disso, ela cação de todos os golpes, jogo anos. A graduação da capoeira procura saúde e resultados esté-
também faz parte da educação, da capoeira dentro da roda, sem se dá através das cordas que o ticos. “Não basta apenas praticar No Brasil a capoeira já foi
como está previsto no Estatuto nunca a acertar o adversário, aluno adquire durante o treina- uma atividade se não tiver uma considerada crime, e foi vista na
da Igualdade Racial que deter- mantendo domínio do corpo mento e que são amarradas na dieta balanceada. A atividade fí- época da escravidão como uma
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Esportes 33
arma, pois era uma forma dos criou a capoeira regional, que é
escravos se organizarem para uma mistura de outras lutas que
fugas. Com o tempo a manei- foram aperfeiçoadas dentro da As cores e seus significados
ra agressiva como era vista a capoeira. Já o mestre Pastinha
capoeira foi sendo modificada. se dedicou à capoeira de angola As cores das cordas usadas junto ao abadá
“A capoeira já foi muito margi- que tem um jogo baixo e mais indicam qual o nivel de graduação de cada aluno:
nalizada e temos que reverter lento, porém mais perigoso por
Crua (branco): corda do primeiro batizado
isso. Mostrar o que é a capoei- ser esquivado e disfarçado. Esta
Amarelo: aluno iniciante
ra: cultura, dança, esporte e, por modalidade era praticada pelos
Laranja: aluno intermediário
último uma luta, só quando tu povos africanos.
Azul: monitor
tens que usá-la para se defen- Roberto observa que a pro-
Verde: graduado
der”, explica Silveira. cura pela capoeira nas acade-
Roxo: instrutor
Os dois nomes históricos que mias diminuiu, mas os projetos
Vinho: professor
contribuíram para a evolução e e escolinhas estão em alta. Nos
Marrom: mestrando
reconhecimento da capoeira fo- anos 80, a capoeira era dada em
Preto: mestre
ram os mestres Bimba e Pas- academias, mas a academia está
tinha. A capoeira só passou a limitada ao público adulto. Para
Quando são usadas duas cordas, significam
ser reconhecida quando o mes- ele, atualmente, a prática é in- os niveis intermediários entre as cordas.
tre Bimba começou a dar au- centivada nas escolas e em pro-
la em academias. Foi ele quem jetos sociais.

Skate: esporte,
FOTO DE ARQUIVO PESSOAL

radicalismo
e saúde
Com origem nos EUA, o esporte é praticado
por jovens que buscam a adrenalina do
esporte radical e saúde
■■ Gabrielle Marques em Curitiba em 1999. A entidade

“O
regulamenta as normas e políti-
Skate é uma aven- cas voltadas ao desenvolvimento
tura. E a cada dia do skate no território Brasileiro.
aprendo uma ma- Em 2000, é fundada em São
nobra diferente”, Paulo a Associação Brasileira
diz Gilson Gomes, 15 anos, que de Skate Feminino, por mulhe-
pratica o esporte há dois. A defi- res skatistas, e seu primeiro cir- ➜➜ A modalidade mais conhecida é o skate de rua
nição de Gilson resume o que é cuito ocorreu em 2005. Hoje a
o skate para muitos: um espor- associação é filiada a CBSK.
te radical. A prática do esporte “Eu acredito que haja ainda um slip tape. A modalidade mais Saúde Sem contar que fiz muitos ami-
surgiu na década de 60, na Ca- certo preconceito contra as mu- conhecida é o Street ou Skate gos através do esporte”, afirma
lifórnia, com surfistas que que- lheres que praticam o esporte. de rua, em que os praticantes O sk ate é u m e xc e le n - Luciano.
riam um divertimento nas ruas, Mas elas são realmente boas, usam a arquitetura da cidade, te exercício aeróbico e ajuda A proteção para quem anda
nas épocas de secas ou de maré mais focadas que nós homens. por exemplo, bancos, escadas, a tonificar alguns músculos, de skate é fundamental. Prote-
baixa. Em 1965, começaram os Acho muito atraente uma mu- corrimãos e calçamento. O principalmente a panturrilha. tor para os joelhos, cotovelos e
primeiros campeonatos, mas o lher skatista”, diz Luciano Gam- freestyle é uma modalidade on- Mas a maioria do pessoal que capacete são muito importan-
esporte só foi reconhecido uma bieri, 27, skatista há 7 anos. de o skatista apresenta várias anda de skate gosta do espor- tes. “Já caí muito, quebrei o bra-
década depois. Em 2008 e 2009, a Me- manobras em sequência, geral- te simplesmente pelo prazer. ço esquerdo ano passado. Mas
O Circuito Brasileiro de ga Rampa chega ao Brasil, mente no chão. No Downhill Essa é uma grande vantagem, não deixo de tentar manobras
Skate profissional foi inaugura- no Sambódromo do Anhembi. Slide, o skatista desce uma la- pois a pessoa vai praticar um diferentes e arriscadas. Estando
do em 1989, na categoria street deira fazendo manobras em al- esporte e cuidar da saúde, sem com o equipamento de proteção
style. Hoje, a disputa conta com Modalidades ta velocidade. As mini-rampas esperar um resultado em tro- o risco é quase nulo”, conta Ju-
provas passando por estados também são muito utilizadas ca. “Não gosto de academias, liano Ramos, 23, que pratica o
como São Paulo, Rio de Janei- O skate é formado por oi- por adeptos do esporte, são po- natação, essas coisas conven- esporte há 13 anos.
ro, Paraná, Rio Grande do Sul, to partes que são: shape, mesa, pulares em todo o mundo, pois cionais que as pessoas usam Em Porto Alegre as pistas
Minas Gerais e Brasília, reali- amortecedores, rodas, rola- devido a pouca altura as mano- pra fazer exercícios. O skate é mais frequentadas são do Par-
zadas pela Confederação Brasi- mentos, parafusos, lixas e a bras são executadas com maior a atividade que encontrei para que Marinha do Brasil e do bair-
leira de Skate (CBSK), fundada parte opcional, elevador ou facilidade. acabar com meu sedentarismo. ro IAPI.
34 Rural PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Emater apoia comunidades rurais


As atividades da Emater estão focadas na extensão rural e em assistência técnica e social
FOTO: DIVULGAÇÃO - EMATER/RS

■■ Bruno Marona

O
futuro da agricultura
familiar no Rio Gran-
de do Sul está em bo-
as mãos. Ao reafirmar
seu comprometimento como
executora dos programas do go-
verno do Estado, a Associação
Rio-Grandense de Empreendi-
mentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Emater), apoia
o produtor, salientando a impor-
tância da extensão rural como
alicerce no desenvolvimento
das comunidades do campo.
Para executar suas ativida-
des, a Emater desenvolve par-
cerias com outras instituições
e prefeituras definindo as ca-
rências e necessidades em 492
municípios do RS. “Nossa prio-
ridade é com os mais pobres:
negros, índios, pescadores,
quilombolas e etc. Participan-
do do desenvolvimento social
e econômico das comunidades,
conquistamos credibilidade e
ampliamos a demanda de tra-
balho, o que é satisfatório”, ex-
plica o médico veterinário da
Emater, Fábio Martins Costa.
Desde 2010, o serviço de As-
sistência Técnica e Extensão
Rural – ATER, no Rio Grande
do Sul, segue aumentando seu ➜➜ Com auxílio da Emater, produtores colocam os produtos à venda em feiras
raio de ação. As Frentes Pro-
gramáticas, criadas em 2008,
ganharam solidez e deram um social, evolui participar de território nacional”. A agricul-
novo norte às atividades da ex- d e s d e 1 9 5 5 , “Quando ingressei na empresa em 1981, feiras e expan- tora avalia o auxilio da Emater
tensão rural e de assistência com est udos dir minha pro- como essencial, nas explicações
técnica e social. “O reconheci- s o b r e t é c n i - utilizávamos um Fusca e uma Moto TT dução”, explica sobre melhor ensolação, junção
mento e a valorização ao traba- cas de plantio, 125cc, para atender a 180 famílias rurais de a agricultora. de plantas companheiras e me-
lho realizado, em muitos casos, m a n ejo a d e - Já Rosa- lhor aproveitamento do sistema
proporciona melhorias na edu- quado com a
oito comunidades, promovendo reuniões ne de Marco, ecológico de sua propriedade.
cação e na saúde das famílias h o r t a , c o m - técnicas e dias de campo. Os agricultores também com O fato de o agricultor saber
rurais, oferecendo momentos pra e ve nd a desconheciam o que era análise de solo” propriedade que tem um apoio de técnicos
culturais, ampliando as redes de alimentos, e m V i a m ã o, especializados acaba criando
de energia elétrica e, até mes- participação das agroindús- Antônio da Patrulha, Flademir se inclui no programa “Rio confiança e credita a Emater
mo, acelerando a abertura de es- trias, legislação, tributos e etc. Heleno Schimidt. Grande Para Todos”. “Estou há como a única parceira presen-
tradas. As pessoas se dedicaram “Quando ingressei na empresa, Desde 2010, a produtora Nel- cinco anos trabalhando com te no dia a dia do homem do
e se empenharam em fazer com em 1981, utilizávamos um Fus- ci Grando, 51 anos, moradora hortifrutigranjeiros e faço par- campo. “Mesmo com crises fi-
que a agricultura familiar e o ca e uma Moto TT 125cc, para de Viamão, recebe auxílio da te do Organismo Participativo nanceiras que já aconteceram,
Estado se desenvolvessem, ex- atender a 180 famílias rurais de Emater, através do programa de Avaliação (Opac), que con- a Emater foi vista como uma
plica Lino De David, presidente oito comunidades, promoven- Rio Grande Mulher. “Ainda grega agricultores beneficiários instituição confiável, firman-
da Emater/RS. do reuniões técnicas e dias de estou no início, trabalho com do selo de produção orgânica, do parcerias e criando uma
A dedicação ao trabalho de campo. Os agricultores desco- ovos orgânicos, fruticultura e expedido pelo Ministério da imagem de seriedade em suas
engenheiros agrônomos, en- nheciam o que era análise de tenho um pomar doméstico. Es- Agricultura, Pecuária e Abas- ações de apoio ao agricultor fa-
genheiros agrícolas, veteriná- solo”, avalia o extensionista da tou certificando meus produtos tecimento (Mapa), o qual per- miliar gaúcho”, avalia o vete-
rios e assistentes de bem-estar Emater/RS, morador de Santo a pedido da Emater para poder mite a comercialização em todo rinário, Fábio Martins Costa.
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA Rural 35
Pescaria que ainda resiste
O desafio da pescaria artesanal para sobreviver diante da veloz industrialização reduz o interesse das novas gerações pela pesca
FOTO DE GUILHERME NETO

■■ Guilherme Neto

A
pescaria artesanal é
uma atividade dire-
tamente ligada às co-
munidades do litoral
e também àquelas localizadas
à beira de rios e lagos. A pes-
ca vem há muito tempo passan-
do por gerações. Com o passar
das décadas, foi se aperfeiçoan-
do com o uso de grandes navios
pesqueiros que carregam tone-
ladas de peixes. Porém, a pesca
artesanal, promovida nas comu-
nidades onde a maioria dos habi-
tantes ribeirinhos ainda vive do
ofício, herança deixada por pais e ➜➜ É possível ver a situação da pesca pelo baixo movimento no transporte de peixes pelas embarcações
avós pescadores, resiste, susten-
tada por histórias de pescadores.
para largar as redes eu fica- se acampava em uma ilha que pescadores artesanais o benefí- biental dos últimos 40 anos no
Bons tempos va tecendo e reparando outras, dava uma hora e meia de onde cio-desemprego, no valor de um Rio Grande do Sul, provocou a
além de me dedicar ao Marcelo. era entregue o peixe. Por isso, ti- salário mínimo mensal, durante indignação e uma forte mobili-
Luis Rosa, 73, pescador des- Quando via o dia já tinha passa- nhamos que sair cedo. Às vezes, o período de defeso de atividade zação dos municípios da Bacia,
de guri, sempre morou em Itapuã do e já estava esperando o Luis nem almoçava”, diz Nei. pesqueira para a preservação da o que resultou na iniciativa de
e dedicou toda a vida à pesca ar- chegar para jantar”, conta Bia. espécie. No Rio Grande do Sul, o criação do Consórcio Pró-Sinos
tesanal. “O que temos hoje são Nei, de toda forma, gostava O declínio período de defeso chega até cin- voltado à recuperação ambien-
as boas lembranças da época de da vida na Praia do Sítio. “Pes- co meses para algumas espécies. tal da Bacia do Rio dos Sinos.
fartura”, comenta Luis. O que lhe car para mim era bom, porque Luis, no entanto, reconhece “Parece que os peixes resol- A Fepam (Fundação de Prote-
deixa feliz é recordar os bons me criei nisso daí (na pescaria). que nas últimas décadas a pesca veram ir embora, não querem ção Ambiental do RS) divulgou
momentos que passou junto à Pra gente é normal. É o mesmo artesanal vem sofrendo grande mais ser pegos por nós”, brin- nota contabilizando a morte de
mulher Maria Beatriz no início que trabalhar com terra ou numa declínio. Ele relata que vários ca Luis, que conta ter desistido 85 toneladas de peixes causada
da duradoura relação de mais de fazenda, qualquer coisa. É que companheiros de profissão, as- de desenvolver a atividade que pelo despejo excessivo de esgo-
50 anos. Luis perdeu o pai muito você nasceu naquele ramo. Tan- sim como ele, decidiram por se mais gostou na vida por falta to doméstico e industrial sem o
cedo e, com a ajuda dos tios, foi to faz você almoçar como não, aposentar ao invés de rumar pa- de peixes. Nei diz que não sa- tratamento adequado. A análi-
pegando os macetes da pescaria. dormir como não, dá no mesmo”. ra o rio todos os dias de manhã be como os poucos pescadores se da água do rio identificou a
Com 12 anos já trabalhava prati- Com o passar dos anos, e atrás dos peixes. Luis acrescen- que restaram no vilarejo conse- presença de mercúrio e cromo.
camente sozinho e aos 17 tinha com a morte do pai, Nei tomou ta: “Está muito difícil hoje em guiram manter suas “chalupas” Seis empresas da região foram
sua própria embarcação. frente nas redes e tocou a vi- dia. Você sai com a expectativa na água. “Vejo que a chegada multadas num total de R$ 1 mi-
Filho de pescador e borda- da como pescador. Foram anos de conseguir uma boa pescaria da tecnologia e a grande devas- lhão. Na ocasião foi decretada
deira, Nei também lembra que de muito trabalho, dedicação e e acaba se frustrando. Decidi tação ambiental contribuíram situação de emergência em 24
a vida não era fácil naquele tem- rotina dura. Nei conta que nor- me aposentar, pois não estava muito para a redução da ativi- municípios que compõem as ba-
po. Não se tinha água nem luz. malmente acordavam às 4h, e mais conseguindo colocar co- dade, pelos menos aqui no Rio cias hidrográficas dos rios dos
O pai, como patrono da família, saíam por volta das 6h. “Não mida na mesa somente com a Grande do Sul”. Sinos e Gravataí.
determinava as tarefas de cada tinha gelo, tinha que ir cedo”, pesca. Teve épocas que a gen- Fundado em 16 de agosto de
um de forma a não perderem relembra, explicando (o traba- te passava muito trabalho”. Se- Crimes ambientais 2006, o Consórico Pró-Sinos de-
tempo nas atividades. E se so- lho era feito pela manhã devido gundo o Ministérios da Pesca, senvolve projetos, capta recursos
brasse um tempinho, seu Iná- à temperatura). As redes eram a pescaria industrial já ocupa Em outubro de 2006, por e pode executar obras, serviços
cio dava um jeito de ocupar-lhe. largadas, recolhidas para que 40% do mercado nacional. exemplo, no Rio dos Sinos em e estudos relacionados ao sane-
Maria Beatriz e Luis ca- o peixe fosse retirado e, depois Nei acredita que a pesca ar- Estância Velha, ocorreu um dos amento básico e ambiental na
saram-se cedo. Luis tinha a largadas novamente, sendo que tesanal está acabando devido à mais graves desastres ambien- região de sua abrangência. Um
responsabilidade de manter a a partir daí era preciso voltar, falta de experiência desta ge- tais da história do Estado. Este exemplo disso é o Programa de
família desde os 18 anos, dois descarregar e pesar a primeira ração. “Muitos dos que estão acidente resultou em um crime Educação Ambiental do Pró-Si-
antes de ter o primeiro filho, o pesca para depois voltar nova- pescando atualmente, pescam ambiental que provocou a morte nos, que existe desde a criação
menino Marcelo. “A vida era mente e recolher o restante das por necessidade e pelo seguro- de mais de um milhão de pei- do Consórcio. Outro exemplo é
dura. Não tinha muito tempo redes. “Às vezes tinha que levar -desemprego. Não tem mais co- xes ao longo do arroio e do rio a Usina de Reciclagem de Resí-
para me preocupar com o Luis. (o peixe) longe, não tinha pei- mo viver só da pesca”. atingindo também pescadores duos da Construção Civil, que
Acordávamos juntos por volta xaria pertinho. Quando se pes- A Lei nº10.779 de 2003 de outras regiões. Considera- está sendo implantada em São
das 4h30. E enquanto ele saía cava em Palmares, por exemplo, institui que seja destinado a do como a maior tragédia am- Leopoldo para atender a região.
36 Tempo PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011
Jornal do curso de Jornalismo do
Centro Universitário Metodista do IPA

Melhores previsões para o tempo


Avanços na meteorologia ampliam a confiança da população nas informações divulgadas na imprensa
FOTOS DE MARIA MERCEDES BENDATI

■■ Maria Mercedes Bendati teorologista. Elton Werb, jorna-

S
lista do jornal Zero Hora, cita as
e prever o futuro é um diversas matérias sobre o tem-
exercício de adivinha- po já produzidas, sejam even-
ção, não se pode dizer o tos climáticos fora do normal,
mesmo da previsão do sejam as previsões diárias do
tempo. Os meteorologistas são tempo. “No site estamos sem-
profissionais que garantem, nos pre atualizando e vendo o que o
dias de hoje, que as previsões de pessoal pergunta. No jornal on-
sol ou de chuva tenham cada vez -line tem um link, em que você
mais um grau elevado de acerto. vê o tempo em treze cidades do
Saber se vai ter chuva ou sol, estado, vê a previsão para cinco
se haverá seca ou inundação, ne- dias, enfim se vai ter chuva, se
cessita de uma base de dados co- vai fazer sol”, explica.
letados ao longo de muitos anos. Para atender a essa deman-
A estação meteorológica man- da crescente, o jornal Zero Hora
tida pelo Instituto Nacional de lançou uma nova editoria, res-
Meteorologia (INMET) em Por- ponsável por acompanhar a pre-
to Alegre, por exemplo, iniciou visão do tempo e a repercussão
o registro de dados em 1909. de eventos extremos, como tem-
Solismar Prestes, coordena- porais ou uma queda de granizo.
dor do 8º Distrito do INMET ➜➜ Na Estação Meteorológica do 8º Distrito de Meteorologia do INMET, em Porto Alegre, Solismar Prestes Como destaca Elton Werb, editor
(que engloba os estados do Para- destaca a importância dos equipamentos utilizados para manter o registro dos dados desde 1909 responsável: “o fato de estarmos
ná, Santa Catarina e Rio Grande criando essa editoria em Zero Ho-
do Sul), explica que o trabalho ra e ter alguém para tratar do as-
da instituição “envolve tudo que “Quando comecei a trabalhar, em gação dos dados meteorológicos Hoje, no Brasil, o INMET opera sunto reflete a importância que o
é relacionado à meteorologia, 1986, o meteorologista tinha que na imprensa cresceu junto com cerca de 500 estações, muitas de- tema tem para nós”. Em um es-
desde a instalação de estações ler a carta sinótica (um mapa o desenvolvimento tecnológico las totalmente automáticas, onde tado como o Rio Grande do Sul,
meteorológicas, a sua manuten- com os dados meteorológicos), da área. A previsão do tempo, cinco minutos depois da leitura que está sujeito a chuva, vendaval
ção, a coleta e a formação de interpretar e fazer os cálculos graças aos satélites e aos com- a informação já está disponível, granizo, temporal, geada e nebli-
banco de dados, e a previsão de manualmente para a previsão putadores mais potentes, pode para o mundo todo, na página na, acompanhar os boletins mete-
tempo e de clima.” das próximas 24 horas. Depois, ser ampliada para até cinco dias, da Internet (www.inmet.gov.br). orológicos torna-se fundamental.
enviava os dados por telex pa- com um nível de confiabilida- Na televisão, no rádio, jor-
Avanços ra Brasília. O boletim da previ- de de 80%, o que é considerado nais ou nos sites, a busca pela Sol ou chuva?
tecnológicos são do tempo era datilografado, bom. A disseminação de esta- informação do tempo aumentou
e vinham os carros do Correio ções de coleta de dados – como com a confiança da população As previsões do tempo fazem
A confiabilidade da previ- do Povo, Zero Hora, buscar no temperatura do ar, velocidade nos prognósticos. Para traduzir parte do cotidiano das pessoas.
são do tempo aumentou nas final da tarde o texto para os ve- e direção de ventos, umidade e as informações técnicas, o jor- Não por acaso, em um programa
últimas décadas, em função ículos de comunicação.” precipitação – foi ampliada em nalista precisa estar preparado e da TVCOM, com o meteorolo-
de melhorias tecnológicas nos O espaço destinado à divul- termos de cobertura geográfica. contar com a assessoria do me- gista Cléo Kuhn, chegam dia-
instrumentos e também graças riamente cerca de 50 perguntas
à informática. A doutora em dos leitores de Zero Hora, pa-
Meteorologia, Nísia Krusche, ra pouco mais de dez minutos
da Fundação Universidade de de duração. E o que surgem são
Rio Grande, ressalta que “a me- perguntas assim: “tenho o casa-
teorologia atual começa com os mento de minha filha no sábado
satélites e os computadores de e vou fazer ao ar livre, será que
grande capacidade, nos anos 70.” vai chover?”. Ou ainda, “Vai ter
O desenvolvimento de modelos granizo na região sul do estado?”
matemáticos atmosféricos per- Pois saber se vale a pena
mitiu a avaliação temporal de ir a Torres ou Santa Catarina,
um grande números de dados, o ou mesmo ficar em Porto Ale-
que só foi possível com a evolu- gre porque vai chover o fim de
ção paralela dos computadores semana inteiro, são exemplos
e da sua capacidade de proces- práticos da inserção da meteo-
samento desses dados. rologia e da previsão do tempo
Há 20 anos, a previsão do na vida de muitas pessoas. Ali-
tempo tinha muitas limitações. ➜➜ Equipamentos para medições da intensidade luminosa e evaporação complementam as ás, já viu a previsão do tempo
Como lembra Solismar Prestes: medidas de temperatura, ventos e precipitação pluviométrica nas estações meteorológicas para amanhã?

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