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COLÉGIO ESTADUAL DR.

JOSÉ MARCELINO DE SOUZA


CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

LORENA DA SILVA OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Nazaré
2023
LORENA DA SILVA OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo apresentado como requisito parcial


para obtenção do título de Técnico, pelo
Curso de Técnico em Administração do
Colégio Estadual Dr. José Marcelino de
Souza.

Orientadora: Profa. Especialista Michelle


Caroline Santos Oliveira

Nazaré
2023
1

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Lorena da Silva Oliveira*


Michelle Caroline Santos Oliveira**

Resumo:

Os serviços públicos desempenham um papel crucial na organização da vida


moderna, englobando uma ampla variedade de atividades e recursos oferecidos
pelo Estado por meio da administração pública. Para aprimorar a eficiência na
prestação desses serviços, podem ser adotadas diversas estratégias, com destaque
para o marketing público, uma ferramenta que se revelou composta por um conjunto
de técnicas essenciais para apoiar os gestores públicos na condução de uma
administração eficaz. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo principal a
análise do marketing público como um recurso estratégico fundamental para uma
gestão pública eficaz. A metodologia empregada neste trabalho abrangeu uma
revisão bibliográfica, descritiva e exploratória com uma abordagem qualitativa.
Utilizaram-se fontes como livros e artigos, entre outras, para embasar a pesquisa e
fornecer informações relevantes.

Palavras-chave: Marketing, Serviço Público, Satisfação.

THE IMPORTANCE OF MARKETING IN PUBLIC ADMINISTRATION

1 INTRODUÇÃO

Os serviços públicos desempenham um papel crucial na direção da vida moderna,


abrangendo uma ampla gama de atividades e recursos desenvolvidos pelo Estado
por meio da administração pública. A Constituição Federal Brasileira de 1988, em
suas disposições do artigo 175, estabelece claramente que essa responsabilidade é
atribuída ao Estado, destacando que a prestação dos serviços públicos está sob sua
competência (BRASIL, 1988). É importante ressaltar que os serviços públicos
abrangem não apenas os direitos humanos fundamentais, como o acesso à saúde,
água, educação, segurança, moradia e alimentação, mas também questões
*
Lorena da Silva Oliveira,aluna do Curso de Técnico em Administração do Colégio Estadual Dr.
José Marcelino de Souza. E-mail: lorena.oliveira117@aluno.enova.educacao.ba.gov.br
* *
Michelle Caroline Santos Oliveira, Licenciada em História pela Universidade do Estado da Bahia e
Graduanda em Logística pela Universidade Estácio Sá. Orientadora do Curso de Administração do
Colégio Estadual Dr. José Marcelino de Souza. Tel.: (75)98882-8857. E-mail:
mscoliveira@hotmail.com.
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comerciais, relações internacionais e diplomacia (BRASIL, 1988). Portanto, o Estado


desempenha um papel significativo na vida dos cidadãos, e a prestação de serviços
públicos de alta qualidade é essencial para o desenvolvimento do país e a satisfação
da sociedade.

Muitas vezes, quando se menciona o termo "marketing público", há uma tendência a


confundi-lo com o marketing político, que é uma ferramenta usada pelos partidos
políticos com o objetivo de obter sucesso no processo eleitoral e alcançar o poder.
No entanto, o marketing público é distinto e está relacionado a metodologias que
podem ser empregadas para informar os cidadãos sobre as políticas
governamentais e melhorar a oferta de serviços nos setores públicos. Isso ocorre
porque o marketing público auxilia os servidores públicos na alocação eficiente de
recursos para atender às necessidades dos cidadãos.

O contexto atual exige mudanças e inovações na gestão pública, e o marketing pode


desempenhar um papel estratégico na comunicação entre o Estado e os cidadãos.
No entanto, é importante observar que o marketing público é um tópico ainda pouco
explorado, o que pode gerar confusões e divergências sobre sua aplicabilidade
efetiva no setor público (BOUZAS-LORENZO, 2010).

2 DESENVOLVIMENTO

Segundo Solomon (2016, p. 6), o campo do comportamento do consumidor é


definido como "o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos
selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou
experiências para satisfazerem necessidades e desejos".

A partir desses estudos, os profissionais de marketing desenvolvem estratégias para


atender às aspirações dos consumidores. No âmbito público, por sua vez, os
gestores utilizam essas informações para elaborar políticas públicas que possam
atender às expectativas dos cidadãos.

Entretanto, é amplamente reconhecida a necessidade de melhorias nos serviços


oferecidos pelas instituições de caráter público. Essa melhoria só será possível
quando os gestores investirem de maneira criteriosa e responsável os recursos
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públicos, priorizando o interesse comum e fornecendo serviços de qualidade que


atendam às necessidades da população.

A Administração pública tem passado por transformações ao longo do tempo, e a


percepção de uma gestão pública desorganizada e carente de planejamento está se
tornando obsoleta. Os cidadãos estão mais conscientes de seus direitos e exigem
dos gestores uma administração justa e transparente.

2.1 Utilizando o Marketing como uma Estratégia Fundamental

A palavra "marketing", de origem anglo-saxônica, tem sua raiz no latim "mercátus".


Sua tradução para o português sugere mercadologia, comercialização ou ação de
mercado. Em sua dissertação, Veloso (2000, p.14) relata que nos anos de 1960, a
Associação Americana de Marketing definia o Marketing como "o desempenho das
atividades comerciais que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao
consumidor ou usuário". No entanto, ele observa que essa definição se mostrou
limitada, pois não contemplava o objetivo de promover e satisfazer o consumidor em
sua totalidade.

Somente mais de duas décadas depois, a própria associação revisou sua definição
em 1985, redefinindo o Marketing como "o processo de planejamento e execução de
concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços, organizações
e eventos para criar trocas que venham a satisfazer objetivos individuais e
organizacionais" (LAS CASAS, 1997, p.96, citado por VELOSO, 2000, p. 24).

Recentemente, a American Marketing Association (2011) definiu o marketing como


uma atividade voltada para instituições, com o propósito de promover a criação,
comunicação e entrega de resultados de valor para consumidores, diversos públicos
e segmentos da sociedade. Palmer (2006, p.26) também traz a definição de
marketing, de acordo com o Chartered Institute of Marketing britânico, como "o
processo gerencial que identifica, antecipa e atende, de modo eficiente e rentável,
as exigências dos clientes".

Sobre o marketing, Smith (1776, citado por CARNEIRO, 2008, p.1) faz uma
observação relevante:
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2. O consumo é o único objetivo e propósito de toda a produção; ao passo que o interesse do


produtor deve ser atendido somente na medida em que possa ser necessário promover o
interesse do consumidor. O princípio é tão óbvio que seria absurdo tentar demonstrá-lo. Vê-se
que o (verdadeiro) marketing se preocupa em satisfazer necessidades e não em “criá-las”.
Portanto, o marketing não é um vilão, ele é uma ferramenta importante para o equilíbrio social.
Essas definições enfatizam a importância do cliente como o destinatário final de um
produto. Nesse contexto, para que o marketing seja eficaz, é necessário atender a
pelo menos quatro etapas essenciais que o caracterizam, de acordo com Kerin et al.
(2007). Esses requisitos incluem: i) a presença de duas ou mais partes, que podem
ser clientes ou organizações, cujas necessidades precisam ser atendidas de forma
satisfatória; ii) a existência do desejo e da capacidade de satisfazê-los; iii) a
disponibilidade de um meio de comunicação que permita a interação entre as partes
envolvidas; e iv) a existência de algo a ser trocado.

McCarthy (1960) apontou que o marketing é composto por quatro elementos


constituintes, conhecidos como os 4 Ps, derivados do inglês: produto (product),
preço (price), praça (place) e promoção (promotion). De acordo com Kotler e Keller
(2006), o produto é o primeiro componente do mix de marketing e pode incluir bens
físicos, eventos, serviços, pessoas, lugares, organizações e ideias. Ele desempenha
um papel fundamental ao estabelecer as bases para os demais elementos do mix,
uma vez que as decisões sobre os outros elementos dependem da análise e do
conhecimento do produto.

O próximo elemento do mix, o preço, segundo da Silva e Calic (2012), é crucial para
determinar se um determinado produto será adquirido e em que quantidade. Ele
determina a quantia de dinheiro, bens e serviços que devem ser trocados para
adquirir ou usar um produto. Além disso, a praça, também um elemento do mix,
desempenha um papel importante na estratégia de marketing. Conforme Kotler
(2008, p. 47), "a conveniência de acesso é geralmente uma das considerações mais
importantes para os clientes". Esse elemento está relacionado à distribuição e ao
local onde a venda ocorre.

Por fim, a promoção, que faz parte dos quatro elementos do mix, está
frequentemente ligada à comunicação. Ela é utilizada para alcançar um público-alvo
com o objetivo de informar, educar e persuadir. Essas ações garantem que o público
conheça o produto e a organização, motivando-o a agir. A promoção representa a
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voz da marca e, juntamente com os demais elementos, preço e praça, realça a


oferta do produto (KOTLER; LEE, 2007).

Este conjunto de princípios, quando aplicado a organizações públicas ou sem fins


lucrativos, não necessariamente implica na geração de lucro, mas busca promover
uma valorização da marca ou imagem da instituição, o que, por sua vez, pode
resultar na satisfação do cidadão. Além disso, os órgãos públicos devem ser
estrategicamente localizados para atender ao público de forma eficiente. Um
exemplo é a construção de hospitais e unidades de saúde em locais que
proporcionem acesso rápido, evitando atrasos que poderiam comprometer a saúde
da população (DA SILVA; CALIC, 2012).

Dentro das organizações públicas, a comunicação de marketing também


desempenha um papel importante ao fortalecer os laços com os cidadãos e
incentivar sua participação. Isso contribui para aumentar a confiança no governo,
melhorar a qualidade da democracia e fortalecer a capacidade cívica da população
(NOVELLI, 2006, citado por DA SILVA; CALIC, 2012, p. 241).

Uma vez estabelecidos esses elementos, o Marketing, segundo Kotler (2007), tem
como objetivo garantir que a organização alcance seus objetivos e lucratividade, ao
mesmo tempo em que atende e satisfaz sua clientela e assume responsabilidade
social. Isso ocorre porque esses são os indicadores externos do desempenho da
organização, que contribuem para sua adaptação e crescimento.

A prestação de serviços públicos é fundamental para o exercício da cidadania e


abrange diversas prerrogativas e serviços oferecidos pelo Estado por meio da
administração pública. A Constituição Federal de 1988 estabelece a
responsabilidade do Estado pela prestação desses serviços no país (BRASIL, 1988).

Nesse contexto de mudanças e propostas para a administração pública, o marketing


pode desempenhar um papel estratégico na interação entre o Estado e o cidadão.
No entanto, o marketing público é um tópico ainda pouco desenvolvido, o que gera
algumas confusões e divergências sobre sua aplicabilidade ao setor público
(BOUZAS-LORENZO, 2010).
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Afinal, as organizações públicas são consideradas "organizações sem fins


lucrativos", mas ainda assim podem se beneficiar do uso do marketing. De acordo
com Kotler (1978, citado por FROEMMING, 2009), uma análise mais aprofundada
dessas instituições revela uma relação de troca entre elas e seu público, mesmo que
de forma subliminar. Isso implica em oferecer valor em troca de valor, estabelecendo
o conceito fundamental do marketing: a troca entre pessoas.

Chias (1995) observa que, embora o marketing tradicional esteja voltado para o
"cliente", a administração pública considera o cidadão como seu "cliente", ao mesmo
tempo que representa toda a sociedade, que é contribuinte e beneficiária.

Diante desse cenário, o marketing tem ganhado destaque entre as organizações


públicas (FERREIRA et al., 2012), com o objetivo de contribuir de forma mais
significativa para os serviços públicos, conforme observado por Wright et al. (2012).

No Brasil, o marketing público tem sido incorporado e compreendido em um período


relativamente curto em comparação com organizações privadas e não
governamentais (CAMPOS, 2005). Essa prática tem evoluído devido ao interesse
das instituições públicas em alcançar novos patamares por meio do marketing,
competindo por recursos, influência e talento.

Kotler e Lee (2008) destacam que o marketing foi frequentemente utilizado para
resolver problemas de interesse público, como questões de saúde, trânsito,
educação, questões sociais e serviços postais. No entanto, eles ressaltam que
muitos gestores de políticas públicas podem não compreender totalmente o
potencial do marketing, faltando-lhes prática na área, além de lidar com processos
burocráticos característicos da administração.

Walsh (1994) explora a aplicação do marketing no serviço público e destaca três


elementos cruciais: a ênfase na proteção ao consumidor, que reconhece os usuários
do serviço como clientes com direitos garantidos; o uso de estratégias de marketing
e promoção; e a competição entre organizações públicas e privadas, incentivando a
melhoria dos serviços públicos.

Neste contexto, observa-se que, no setor público, ao contrário do setor privado, há


uma responsabilidade ampliada com questões sociais. O governo tem a obrigação
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de assegurar bens primários a todos os cidadãos e intervir na distribuição de renda


para promover a justiça social (LATINI, 2012).

No entanto, Walsh (1994, p. 67) argumenta que "a soberania do consumidor não
abrange completamente a cidadania, que é a base da comunidade, assim como dos
direitos individuais". Diferentemente do setor privado, o setor público prioriza a
coletividade, onde o acesso aos serviços públicos é igualitário para todos.

Quanto ao aspecto da cidadania, Tiganas et al. (2011) defendem que é necessário


descentralizar o Estado e adotar estratégias de governabilidade na gestão pública
para integrá-lo à cidadania. Isso envolve a redução da burocracia por meio de
mecanismos políticos que promovam a organização e autonomia da sociedade civil.

Nesse sentido, Medici e Silva (1993) destacam que a atual conjuntura social requer
que todo o aparato estatal se adapte às exigências das organizações de maneira
diferenciada. Portanto, o foco no cidadão-consumidor deve prevenir a inércia
organizacional, tornando as instituições receptivas às mudanças nas áreas
demográficas, econômicas, tecnológicas, sociológicas, culturais, políticas, legais e
naturais.

Assim, o aumento das demandas no setor público direciona o marketing para uma
nova abordagem, na qual o atendimento ao cidadão é considerado mais importante
do que a tentativa de limitar suas escolhas e ações. Reconhecer suas reais
necessidades e expectativas é essencial ao criar estratégias de atendimento. Focar
em um departamento específico de uma organização na perspectiva do consumidor-
cidadão implica mais do que a adoção de uma nova política; requer uma série de
ações e sistemas, conhecidos como a cultura organizacional (BUTLER, NEIL, 1995).

De acordo com Buil-Currasco et al. (2008), o marketing público possui uma


aplicação ampla e pode contribuir em diversas iniciativas que beneficiem a
sociedade, atuando estrategicamente para melhorar os serviços prestados. Quanto
à função do marketing, Cobra (1983) explica que seu papel é satisfazer as
necessidades do consumidor. No entanto, ele observa que, na realidade brasileira, o
marketing muitas vezes é utilizado para criar desejos de consumo de produtos ou
serviços supérfluos ou que não atendem a nenhuma necessidade (COBRA, 1983, p.
35).
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Independentemente disso, é importante esclarecer que a aplicação do marketing


público é fundamental e traz benefícios que atendem aos interesses da população.
De acordo com Kotler e Lee (2008), é essencial estabelecer metas e ações que
beneficiem o bem coletivo, considerando os aspectos sociais, econômicos e
ambientais.

Cobra (1983) ressalta que o papel do marketing não é criar um consumo


desenfreado, mas sim incentivar a aquisição de produtos ou serviços que atendam a
necessidades reais. Segundo Kotler e Lee (2008), o principal foco do marketing é
gerar resultados valorizados pelo mercado-alvo. Em comparação com o setor
privado, no setor público, o marketing tem como objetivo dar valor e satisfazer o
cidadão, que é beneficiário dos serviços oferecidos. Nesse contexto, o governo é
responsável por definir o consumidor, que é ao mesmo tempo contribuinte, como o
agente controlador das ações estratégicas (DEBARBA, 2008).

Um exemplo evidente dessa dinâmica e frequentemente questionado pela


população é o pagamento de impostos e taxas. Isso leva os cidadãos a exigirem que
o governo ofereça serviços de alta qualidade, garantindo a satisfação de seus
usuários. No entanto, questionar e cobrar impostos são direitos do povo, e o Estado
tem a obrigação de assegurar a qualidade e eficiência dos serviços.

Nesse contexto, Matei et al. (2009) destacam que a administração pública deve
buscar melhorias nos serviços prestados à população, reduzindo falhas e
melhorando sua imagem, muitas vezes vista como ineficiente e dispendiosa. A
aplicação do marketing é necessária tanto para a organização pública quanto para a
sociedade.

No entanto, é fundamental reconhecer que a implementação desta ferramenta


representa um desafio considerável para a administração pública. Segundo Kotler e
Lee (2008), existem pelo menos três desafios significativos que precisam ser
superados.

O primeiro desafio apontado pelos autores é o custo excessivo. Isso ocorre porque a
aplicação do marketing no setor público pode resultar em gastos substanciais
relacionados à pesquisa de mercado, planejamento e implementação de programas
de marketing.
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O segundo desafio está relacionado à intromissão. À medida que os princípios do


marketing são aplicados, ocorrem mais investimentos em pesquisas sobre as
necessidades, desejos e satisfação da população em relação aos serviços públicos.
No entanto, essa abordagem pode gerar insatisfação em uma parte da população,
que pode interpretar essas pesquisas como uma invasão de sua privacidade e
questionar o destino dos impostos pagos, suspeitando de possíveis interesses
políticos.

O último desafio mencionado pelos autores diz respeito à manipulação. O uso


excessivo da comunicação e das estratégias de marketing por parte das
organizações governamentais pode influenciar a opinião do cidadão de forma a
favorecer exclusivamente essas organizações, em detrimento de uma visão crítica
que é essencial para que os cidadãos exerçam seus direitos plenamente. Isso pode
comprometer a eficácia, eficiência e efetividade dos programas de comunicação de
marketing. Portanto, é crucial evitar o que no marketing é chamado de "ruídos", ou
seja, uma distorção seletiva da mensagem destinada ao público-alvo dos programas
de marketing.

Por outro lado, o marketing público, de acordo com os autores Kotler e Lee (2008),
Ticlau et al. (2010) e Tiganas et al. (2011), apresenta várias vantagens. Em primeiro
lugar, está relacionado aos serviços, onde os especialistas em marketing
desempenham um papel fundamental na construção de sistemas que podem avaliar,
atender e satisfazer diversos públicos. Esses profissionais compreendem todos os
fatores que afetam a satisfação dos cidadãos-consumidores e do público em geral, o
que se reflete em atitudes favoráveis em relação ao setor público.

A segunda vantagem está relacionada à eficiência e ao alcance de metas em


diversos setores. Os setores públicos podem projetar produtos e serviços de acordo
com as expectativas para alcançar benefícios para o público.

A terceira vantagem diz respeito à sociedade civil e à elaboração do marketing


público. Esse enfoque busca resolver problemas sociais e constitucionais,
fortalecendo as ações de marketing em ações públicas voltadas para o
desenvolvimento da economia e da sociedade. Isso desperta o interesse do cidadão
e contribui para uma participação mais espontânea e transparente.
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Por fim, os autores destacam a governança pública como a última vantagem. Uma
abordagem orientada para o marketing pode contribuir para o aprimoramento do
governo por meio da governança, que se baseia em cinco valores: prestação de
contas, senso de justiça, equidade no tratamento dos cidadãos, transparência de
informações e cumprimento das normas públicas. Esses valores estão em
conformidade com os princípios da administração pública, como legalidade,
imparcialidade, moralidade, publicidade e eficiência.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente estudo abordou a relevância do marketing na administração


pública, destacando como essa prática pode contribuir para uma gestão mais
eficiente e transparente. O marketing, tradicionalmente associado ao setor privado,
vem ganhando espaço no contexto público, onde a comunicação eficaz e a
construção de uma imagem positiva são fundamentais para o sucesso das políticas
governamentais.
A pesquisa revelou que a maioria dos gestores públicos compreende a
importância do marketing para fortalecer a relação entre governo e sociedade. Foi
identificado um aumento no reconhecimento da necessidade de utilizar estratégias
de marketing para comunicar efetivamente as ações governamentais.
Observou-se que as estratégias de marketing contribuem para aumentar a
participação cidadã, promovendo uma comunicação mais direta e envolvente entre o
governo e a população. Campanhas de conscientização e programas de
engajamento foram destacados como ferramentas eficazes para promover a
participação ativa dos cidadãos.
O estudo apontou que o marketing na administração pública desempenha um
papel crucial na promoção da transparência e na prestação de contas. A utilização
de canais de comunicação transparentes e acessíveis foi identificada como um fator-
chave para construir a confiança da comunidade nas instituições governamentais.
Verificou-se que o marketing contribui significativamente para a construção de
uma imagem positiva do governo, fortalecendo sua legitimidade. A gestão eficaz da
comunicação permite destacar realizações, esclarecer mal-entendidos e criar uma
percepção favorável sobre as ações governamentais.
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Destacou-se a importância de garantir que as estratégias de marketing na


administração pública sejam éticas e responsáveis, evitando manipulações e
promovendo uma comunicação honesta.
Foi discutido o equilíbrio entre a promoção das ações governamentais e a
responsabilidade de informar de maneira precisa e imparcial.
Os resultados indicam que o marketing desempenha um papel vital na
administração pública, contribuindo para uma gestão mais transparente, participativa
e eficaz. A implementação bem-sucedida de estratégias de marketing requer um
comprometimento institucional, a superação de desafios culturais e a promoção de
uma comunicação ética e responsável. O constante monitoramento e avaliação são
essenciais para garantir que as práticas de marketing estejam alinhadas com os
objetivos governamentais e proporcionem benefícios tangíveis à sociedade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Marketing público desempenha um papel crucial na construção de uma relação


benéfica entre o setor público, representado pelo governo, e a população, que é
vista como sua clientela. Esta clientela busca ter suas necessidades atendidas e sua
satisfação garantida por meio de serviços eficazes e satisfatórios.
No entanto, esta revisão de literatura revela que o conceito de marketing público
frequentemente não é devidamente compreendido, o que requer uma análise
detalhada de sua amplitude, bem como de suas vantagens e desvantagens, para
que possa ser plenamente aproveitado.
É evidente que o marketing público, como uma ferramenta à disposição da
administração pública, tem muito a contribuir para o desenvolvimento dos serviços
públicos e para o exercício da cidadania pela população.
Nesse contexto, o marketing público capacita o setor público a compreender de
forma clara e transparente as necessidades da população, permitindo que essas
necessidades sejam atendidas de maneira eficaz e cuidadosa, sem incorrer em
excessos que possam comprometer sua verdadeira essência. Os desafios
apontados pelos autores, como custos excessivos, intromissão e manipulação,
podem surgir na aplicação do marketing público, mas com um planejamento
adequado, esses desafios podem ser superados, resultando em benefícios reais
para a população e em uma relação eficiente e satisfatória entre ela e o governo.
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Portanto, conclui-se que o marketing público é uma ferramenta de grande


importância a ser utilizada pelo governo, trazendo avanços significativos que se
traduzem no atendimento das necessidades da população.
Sugerimos então que se realize um diagnóstico abrangente da presença atual de
estratégias de marketing nos órgãos públicos municipais, avaliando a compreensão
dos servidores sobre a importância do marketing e identificando eventuais
obstáculos à sua implementação.
Desenvolvendo assim, programas de capacitação e conscientização para os
servidores públicos, destacando a importância do marketing na administração
pública. Incluindo treinamentos sobre princípios éticos, responsabilidade na
comunicação e a integração de estratégias de marketing nas práticas cotidianas.
É necessário também, investir na criação e aprimoramento de canais de
comunicação eficientes, como sites institucionais, redes sociais e newsletters. Esses
canais devem ser acessíveis, transparentes e capazes de promover uma
comunicação direta entre o governo e a população.
Estabelecer parcerias estratégicas com a sociedade civil, empresas locais e meios
de comunicação para ampliar o alcance das mensagens e promover uma imagem
positiva da administração pública. A colaboração com instituições externas pode
enriquecer as estratégias de marketing.
Essa proposta de intervenção busca promover uma transformação cultural nos
órgãos públicos municipais, integrando práticas de marketing como ferramenta
essencial para uma administração pública mais eficiente, transparente e alinhada às
expectativas da sociedade.

REFERÊNCIAS

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public administration: the evolution of a transdisciplinary dialogue. International
Review Public Nonprofit Mark. v. 7. p.113-125, 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


COBRA, M.Marketing básico. São Paulo: Ed. Atlas, 1983.
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DEBARBA, R.O marketing público como fator de integração e gestão eficaz. 2008.

FROEMMING, L.M.S. Marketing público.Ijuí: ed. Unijuí, p.78, 2009.

KOTLER, P.; KELLER, K.L. Administração de Marketing.12 ed. São Paulo: Pearson
Pretince Hall.2006

KOTLER, P.; LEE, N; Marketing no setor público: um guia para um desempenho


mais eficaz. Traduação de Gabriela Perizzollo, Patricia Lessa Flores da Cunha.
Porto Alegre: Bookman, 2008.

LAS CASAS, A.L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 4º ed. São Paulo: Atlas,
1997.

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[Monografia]. Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro. 2012.

MEDICI, A. C.; SILVA, P. L. B. A Administração Flexível: Uma Introdução às Novas


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PALMER, A. Introdução ao marketing: teoria e prática. São Paulo: Ática, 2006

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VELOSO, M.A.A.; Adoção dos conceitos de marketing em um órgão público – um


estudo de caso na Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros – MG. Mestrado
– Dissertação. Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte. 2000, 142p.

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