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4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

O Minhocário

"O progresso é a concretização de Utopias." – Oscar Wilde

Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos


Problemas
Publicado em 20/11/2016 por O Minhocário
Crise financeira, desastre ambiental e mesmo a ascensão de Donald Trump – o Neoliberalismo, a ideologia
dominante no ‘Ocidente’ desde os anos 80, desempenhou seu papel em todos eles. Como surgiu e foi adotado pelas
elites a ponto de tornar-se invisível e difuso? Por que a Esquerda fracassou até agora em enfrentá-lo?

por George Monbiot, no jornal The Guardian, abril de 2016


(https://www.theguardian.com/books/2016/apr/15/neoliberalism-ideology-problem-george-monbiot) (acesso em
17/11/2016)

Tradução: Inês Castilho, para o blog Outras Palavras (http://outraspalavras.net/posts/para-compreender-o-


neoliberalismo-alem-dos-cliches/) (acesso em 17/11/2016)

https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 1/12
4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

Hayek e Mises

Imagine se a população da União Soviética nunca tivesse ouvido falar de comunismo. A ideologia que domina
nossas vidas não tem nome, para a maioria das pessoas. Mencione-o numa conversa e você verá que seu
interlocutor dar de ombros. Mesmo que tenha ouvido o termo antes, encontrará dificuldade para defini-lo.
Neoliberalismo: você sabe o que é isso?

O anonimato é tanto sintoma quanto causa de seu poder. Desempenhou um papel importante numa notável
sequência de crises: o derretimento financeiro de 2007-8 [1]; o ocultamento de riqueza e poder de que os Panama
Papers nos oferecem apenas um vislumbre [2]; a lenta derrocada da saúde e da educação públicas; o ressurgimento
da pobreza infantil; a epidemia de solidão [3]; o colapso dos ecossistemas; a ascensão de Donald Trump. Mas
respondemos a essas crises como se elas emergissem isoladas, aparentemente inconscientes de que foram todas ou
catalisadas ou exacerbadas pela mesma filosofia coerente; uma filosofia que tem – ou tinha – um nome. Pode haver
maior poder do que operar anonimamente?

O neoliberalismo tornou-se tão penetrante que raramente o reconhecemos sequer como ideologia. Parecemos
aceitar a proposição de que essa fé utópica e milenar descreve uma força neutra; uma espécie de lei biológica, como
a teoria da evolução de Darwin. Mas essa filosofia surgiu como a tentativa consciente de remodelar a vida humana
e mudar o locus do poder.

O neoliberalismo vê a competição como característica definidora das relações humanas. Ela redefine os
cidadãos como consumidores, cujas escolhas democráticas são melhor exercidas ao comprar e vender – um
processo que supostamente recompensa o mérito e pune a ineficiência. Sustenta que o “mercado” assegura
benefícios que jamais poderiam ser conseguidos pelo planejamento.

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Tentativas de limitar a competição são tratadas como hostis à liberdade. A ideologia afirma que impostos e
regulação deveriam ser reduzidos; serviços públicos, privatizados. A organização do trabalho e a negociação
coletiva pelos sindicatos são retratadas como distorções do mercado, que impedem a formação de uma
hierarquia natural entre vencedores e perdedores. A desigualdade é requalificada como virtuosa: um prêmio
para a utilidade, ela é geradora de uma riqueza que se espalha de cima para baixo, enriquecendo todo
mundo [4]. Os esforços para criar uma sociedade mais igualitária seriam ao mesmo tempo
contraproducentes e moralmente corrosivos. O mercado asseguraria que todo mundo recebe o que merece.

Internalizamos e reproduzimos estas crenças. Os ricos se convencem [5] de que adquiriram sua riqueza por
mérito, ignorando as vantagens – tais como educação, herança e classe social – que podem ter ajudado a lhes
garantir isso. Os pobres começam a se culpar por seus fracassos, mesmo quando pouco podem fazer para
mudar as circunstâncias de suas vidas.

Esqueça o desemprego estrutural: se você não tem trabalho é porque não é empreendedor. Esqueça os custos
impossíveis da moradia: se seu cartão de crédito está no limite, você é imprudente e imprevidente. Esqueça que
seus filhos não têm mais uma quadra de esportes na escola: se ficam gordos, é falha sua. Num mundo
governado pela competição, aqueles que ficam para trás passam a ser definidos e a se auto-definir como
fracassados. [6]

Entre os resultados, como documenta Paul Verhaeghe no livro What About Me? [7], estão epidemia de
automutilação, distúrbios alimentares, depressão, solidão, ansiedade por desempenho e fobia social. Não
surpreende que o Reino Unido, onde a ideologia neoliberal vem sendo aplicada com maior rigor, seja a capital da
solidão na Europa. [8]

Agora somos todos neoliberais

O termo neoliberalismo foi cunhado numa reunião de 1938, em Paris. Entre os participantes, havia dois homens
que definiriam a ideologia, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek. Ambos exilados da Áustria, eles consideraram a
social democracia, caracterizada pelo New Deal de Franklin Roosevelt e o desenvolvimento gradual do Estado de
bem-estar social da Grã Bretanha, como manifestações de um coletivismo que ocupava o mesmo espectro do
nazismo e do comunismo.

Em The Road to Serfdom (O Caminho da Servidão), publicado em 1944, Hayek argumentava que o planejamento
governamental, ao esmagar o individualismo, levaria inexoravelmente ao controle totalitário. Como o livro
Bureaucracy, de Mises, The Road to Serfdom foi amplamente lido. Chamou a atenção de algumas pessoas muito
ricas, que viram na filosofia a oportunidade para libertar-se de impostos e regulação. Quando, em 1947, Hayek
fundou a primeira organização que iria espalhar a doutrina do neoliberalismo – a Sociedade Monte Pelèrin [9] –,
ela foi sustentada financeiramente por milionários e suas fundações.

Com tal apoio, ele começou a criar o que Daniel Stedman Jones descreve, em Masters of the Universe [10], como
“uma espécie de Internacional Neoliberal”: uma rede global de acadêmicos, homens de negócios, jornalistas e
ativistas. Apoiadores ricos do movimento fundaram uma série de think tanks [11] que iriam refinar e promover a
ideologia. Entre elas estão o American Enterprise Institute, a Heritage Foundation, o Cato Institute, o Institute of
Economic Affairs, o Centre for Policy Studies e o Adam Smith Institute. Também financiaram departamentos
acadêmicos, particularmente nas universidades de Chicago e Virginia.

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Conforme evoluiu, o neoliberalismo tornou-se mais estridente. A visão de Hayek de que os governos deveriam
regular a competição para prevenir a formação de monopólios deu lugar – entre apóstolos norte-americanos tais
como Milton Friedman – à crença de que o poder monopolista poderia ser visto como uma recompensa à eficiência.

Uma outra coisa aconteceu durante essa transição: o movimento perdeu o seu nome. Em 1951, Friedman se
satisfazia com a descrição de si mesmo como neoliberal [12]. Mas, logo depois disso, o termo começou a
desaparecer. Ainda desconhecido, mesmo à medida em que a ideologia tornava-se mais nítida e o movimento mais
coerente, o nome perdido não foi substituído por nenhuma alternativa.

No início, apesar de seu generoso financiamento, o neoliberalismo manteve-se nas margens. O consenso pós-guerra
era quase universal: as prescrições econômicas de John Maynard Keynes [13] foram amplamente aplicadas. Pleno
emprego e combate à fome eram metas comuns nos EUA e na maior parte da Europa Ocidental. As alíquotas
máximas do imposto eram altas e os governos buscavam resultados sociais elevados sem constrangimento,
desenvolvendo novos serviços públicos e redes de segurança.

Nos anos 1970, contudo, quando as políticas keynesianas começaram a desmoronar e as crises econômicas
atingiram EUA e Europa, as ideias neoliberais começaram a entrar no mainstream. Como Friedman ressaltou,
“quando chega a hora, é preciso mudar … havia ali uma alternativa pronta para ser agarrada”. Com a ajuda de
jornalistas simpáticos à ideia e conselheiros políticos, alguns elementos do neoliberalismo, principalmente suas
prescrições de política monetária, foram adotadas pelos governos de Jimmy Carter, nos EUA, e Jim Callaghan, na
Grã Bretanha.

Depois que Margaret Thatcher e Ronald Reagan assumiram o poder, o resto do pacote veio a galope: cortes
maciços nos impostos dos ricos, esmagamento dos sindicatos, desregulação, privatização, terceirização e
competição nos serviços públicos. Por meio do FMI, do Banco Mundial, do Tratado de Maastricht [14] e da
Organização Mundial de Comércio, as políticas neoliberais foram impostas – frequentemente sem consenso
democrático – em grande parte do mundo. O mais notável é que foram adotadas por partidos que no passado
pertenceram à esquerda: Trabalhista, na Inglaterra, e Democrata, nos Estados Unidos, por exemplo. Como observa
Stedman Jones, “é difícil pensar em outra utopia que tenha sido realizada tão completamente.”

Pode parecer estranho que uma doutrina que promete escolhas e liberdade possa ter sido promovida sob o slogan
“não há alternativa”. Mas, como observou Hayek [15] em uma visita ao Chile de Pinochet – uma das primeiras
nações em que o programa foi exaustivamente aplicado – “minha preferência pessoal inclina-se na direção de
uma ditadura liberal, ao invés de um governo democrático que não pratique o liberalismo”. A liberdade que o
neoliberalismo oferece, que soa tão fascinante quando expressa em termos gerais, acaba por significar a
liberdade para a elite, não para os peixes pequenos.

Liberdade em relação aos sindicatos e à negociação coletiva significa liberdade para reprimir salários. Liberdade
em relação da regulamentação significa liberdade de envenenar rios [16], colocar em risco os trabalhadores, cobrar
taxas iníquas de juros e criar instrumentos financeiros exóticos. Ficar livre de impostos significa ficar livre da
distribuição de riqueza que tira as pessoas da pobreza.

Como Naomi Klein documenta em The Shock Doctrine (A Doutrina do Choque) [17], teóricos neoliberais
advogam o uso de crises para impor políticas impopulares enquanto as pessoas estavam distraídas: por exemplo, a
consequência do golpe de Pinochet, da guerra do Iraque e do Furacão Katrina, que Friedman descreveu como “uma
oportunidade para reformar radicalmente o sistema educacional” em New Orleans [18].

Onde as políticas neoliberais não podem ser impostas domesticamente, elas são impostas internacionalmente,
através de tratados comerciais que incorporam os “painéis de disputa estado-investidor” [19]: tribunais globais em
que as corporações podem pressionar pela revogação de leis e normas que protegem direitos sociais e ambientais.

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Quando parlamentares votaram para restringir as vendas de cigarro, proteger reservatórios de água das companhias
de mineração, congelar contas de energia ou prevenir empresas farmacêuticas de esfolar o Estado, as empresas
entraram com processos, muitas vezes bem sucedidos. A democracia reduz-se a um teatro.

Outro paradoxo do neoliberalismo é que a competição universal apoia-se em comparação e quantificação universal.
O resultado é que trabalhadores, desempregados e serviços públicos em geral ficam sujeitos a um sistema de
avaliação e monitoramento sufocante e enganador, desenhado para identificar vencedores e punir perdedores. Ao
invés de nos libertar do pesadelo burocrático do planejamento central, como propôs Von Mises, ele criou um.

O neoliberalismo não foi concebido como um projeto egoísta, mas rapidamente transformou-se nisso. O
crescimento econômico tornou-se visivelmente mais lento na era neoliberal (desde 1980 na Grã Bretanha e nos
EUA) do que era nas décadas precedentes; mas não para os ultra-ricos. A desigualdade na distribuição de renda e
riqueza, depois de 60 anos de queda, aumentou rapidamente na nova era [20], devido à destruição dos sindicatos, à
redução dos impostos, ao aumento dos aluguéis, à privatização e à desregulação.

A privatização ou mercantilização de serviços públicos tais como energia, água, ferrovias, saúde, educação,
estradas e prisões habilitou as grandes empresas a colocar uma cabine de pedágio diante de bens essenciais e cobrar
rendas, seja dos cidadãos ou do governo, para seu próprio benefício. Renda é um eufemismo para dinheiro ganho
sem esforço. Quando você paga um preço inflacionado pelo bilhete de metrô, somente parte da tarifa compensa os
operadores por seus custos de combustível, salários e outros gastos. O resto reflete o fato de que você está nas mãos
deles [21].

As pessoas que possuem e administram os serviços privatizados ou semi-privatizados do Reino Unido fazem
fortunas tremendas investindo pouco e cobrando muito. Na Rússia e na Índia, os oligarcas adquiriram bens estatais
através de leilões. No México, Carlos Slim teve garantido o controle de quase todos os serviços de telefonia fixa e
móvel e logo tornou-se o homem mais rico do mundo.

A financeirização, como nota Andrew Sayer em Why We Can’t Afford the Rich [22], teve impacto semelhante.
“Como a renda”, diz ele, “os juros são receita acumulada sem qualquer esforço”. À medida em que os pobres
tornam-se mais pobres e os ricos mais ricos, o rico adquire controle crescente sobre outro bem crucial: dinheiro.
Pagamentos de juros são, de modo devastador, transferência de dinheiro do pobre para o rico. Os preços dos
imóveis e a redução de investimentos estatais sobrecarregam as pessoas com dívidas; mas os bancos e os
executivos nadam de braçadas.

Sayer argumenta que as últimas quatro décadas caracterizaram-se por uma transferência de riqueza não apenas do
pobre para o rico, mas no interior das categorias de riqueza: daqueles que ganham dinheiro produzindo novos bens
ou serviços para aqueles que ganham dinheiro assumindo o controle de ativos já existentes e recolhendo rendas,
juros ou ganhos de capital. O ganho produtivo foi superado pelo ganho improdutivo.

As políticas neoliberais estão assoladas por falhas do mercado em todos os lugares. Não apenas os bancos, mas
também as corporações encarregadas de entregar os serviços públicos são grandes demais para falir. Como Tony
Judt apontou em Ill Fares the Land [23], Hayek esqueceu-se de que os serviços públicos vitais não podem entrar
em colapso, o que significa que a competição não pode determinar seu curso. As empresas levam os lucros, o
Estado fica com o risco.

Quanto maior seu fracasso, mais extremada se torna a ideologia. Os governos usam as crises neoliberais
tanto como desculpa quanto como oportunidade para baixar impostos, privatizar os serviços públicos
restantes, abrir brechas na rede de proteção social, desregular as corporações e re-regular os cidadãos. O
Estado que se odeia afunda os dentes em cada órgão do setor público. [24]

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Talvez o impacto mais perigoso do neoliberalismo não seja a crise econômica, mas a crise política que causou.
Conforme se reduz o domínio do Estado, reduz-se também a possibilidade de mudar o curso de nossas vidas por
meio do voto. Ao contrário, assegura a teoria neoliberal, as pessoas podem exercer a escolha pelo consumo. Mas
alguns têm mais do que outros para gastar: na grande democracia do consumidor ou do acionista, os votos não são
igualmente distribuídos. O resultado é um desempoderamento dos pobres e das classes médias. Conforme os
partidos de direita e a ex-esquerda [25] adotam políticas neoliberais semelhantes, o desempoderamento transforma-
se em privação dos direitos civis. Um grande número de pessoas foi varrido da política.

Chris Hedges observa [26] que “movimentos fascistas constroem suas bases não entre as pessoas politicamente
ativas, mas entre as politicamente inativas, os ‘perdedores’ que sentem, frequentemente de modo correto, que não
têm voz ou papel a desempenhar no establishment político”. Quando o debate político não faz mais sentido para
nós, as pessoas tornam-se suscetíveis a slogans, símbolos e sensações [27]. Para os admiradores de Trump, por
exemplo [28], fatos e argumentos parecem irrelevantes.

Tony Judt explicou que quando a espessa rede de interações entre as pessoas e o Estado é reduzida a nada, a não ser
autoridade e obediência, a única força remanescente a nos unir é o poder estatal. O totalitarismo temido por Hayek
tem mais probabilidade de emergir quando os governos, tendo perdido a autoridade moral que emana da garantia de
serviços públicos, são reduzidos a “persuadir, ameaçar e em última análise coagir as pessoas a obedecê-los.”

Como o comunismo [29], o neoliberalismo é o Deus que falhou. Mas esta doutrina zumbi continua sua escalada, e
uma das razões para isso é o anonimato. Ou antes, um conjunto de anonimatos.

A doutrina invisível da mão invisível é promovida por investidores invisíveis. Devagar, muito devagar, começamos
a descobrir o nome de alguns deles. Descobrimos que o Institute of Economic Affairs [30] , que argumentou
fortemente na mídia contra a regulação da indústria do tabaco, foi secretamente fundado [31], em 1963, pela British
American Tobacco. Descobrimos que Charles e David Koch, dois dos homens mais ricos do mundo, fundaram o
instituto [32] que criou o movimento Tea Party [33]. Descobrimos que Charles Koch, ao instalar um de seus
thinktanks, observou [34] que “para evitar críticas indesejáveis, o modo como a organização é controlada e dirigida
não deveria ser amplamente divulgada”.

As palavras usadas pelo neoliberalismo com frequência mais ocultam do que elucidam. “O mercado” soa como um
sistema natural que pode nos pressionar por igual, como fazem a pressão atmosférica ou da gravidade. Mas está
carregado de relações de poder. O que “o mercado quer” tende a significar o que as corporações e seus patrões
querem. “Investimento”, como nota Sayer, significa duas coisas bem diferentes. Uma é o financiamento de
atividades produtivas e socialmente úteis; a outra é a compra de bens existentes para deles extrair rendas, juros,
dividendos e ganhos de capital. Ao usar a mesma palavra para atividades diferentes, “camuflam-se as fontes de
riqueza”, levando-nos a confundir extração de riqueza com criação de riqueza.

Há um século, os novos ricos eram desprezados por aqueles que tinham herdado seu dinheiro. Empreendedores
buscavam aceitação social transformando-se em rentistas. Hoje, a relação foi invertida: os rentistas e herdeiros
definem-se como empresários. Eles afirmam ter construído a riqueza pela qual não trabalharam.

Esse anonimato e essas confusões se misturam com o fato de o capitalismo moderno não ter nem nome nem lugar.
O modelo de terceirizações assegura que os trabalhadores não saibam para quem trabalham [35]. As companhias
são registradas através de um sistema secreto de rede de offshores, tão complexo que nem mesmo a polícia pode
descobrir seus proprietários e beneficiados [36]. Os arranjos fiscais logram os governos. Ninguém entende os
“produtos financeiros”.

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O anonimato do neoliberalismo é ferozmente salvaguardado. Aqueles que são influenciados por Hayek, Mises e
Friedman tendem a rejeitar o termo, sustentando – com alguma justiça – que ele é hoje usado apenas
pejorativamente [37]. Mas não nos oferecem substitutos. Alguns descrevem-se como “liberais” ou “ulta-liberais”
(“libertarianos”) clássicos, mas essas descrições são ambas enganosas e curiosamente autodissipadoras, uma vez
que sugerem não haver nada de novo em O Caminho da Servidão (The Road to Serfdom), Bureocracy ou o clássico
trabalho de Friedman, Capitalismo e Liberdade (Capitalism and Freedom).

Por tudo isso, há algo admirável sobre o projeto neoliberal, ao menos em seus estágios iniciais. Era uma filosofia
distinta e inovadora, promovida por uma rede coerente de pensadores e ativistas com um claro plano de ação. Era
paciente e persistente. O Caminho da Servidão (The Road to Serfdom) tornou-se o caminho para o poder.

O triunfo do neoliberalismo reflete também o fracasso da esquerda. Quando a teoria do laissez-faire econômico
levou à catástrofe em 1929, Keynes inventou uma extensa teoria econômica para substituí-la [38]. Quando o
gerenciamento da demanda keynesiana bateu no teto, nos anos 70, havia, pronta, uma alternativa conservadora.
Mas quando o neoliberalismo desmoronou, em 2008, não havia nada. É por isso que o zumbi anda. Em 80 anos, a
esquerda e o centro não produziram um novo sistema geral de pensamento econômico.

Toda invocação de Lord Keynes é uma admissão de fracasso. Propor soluções keynesianas às crises do século 21 é
ignorar três problemas óbvios. É difícil mobilizar as pessoas em torno de velhas ideias; as falhas expostas nos anos
1970 não desapareceram; e, mais importante, o projeto não tem nada a dizer sobre nosso problema mais grave: a
crise ambiental. O keynesianismo funciona pelo estímulo da demanda de consumo para promover crescimento
econômico. Demanda de consumo e crescimento econômico são os motores da destruição ambiental.

Leituras Relacionadas

Existe Mesmo Algo Como Um “Livre-Mercado”? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/07/existe-


mesmo-algo-como-um-livre-mercado/) – “Todo mercado tem algumas regras e limites que restringem a
liberdade de escolha. O mercado só parece livre porque estamos tão condicionados a aceitar as suas restrições
subjacentes que deixamos de percebê-las.”
Uma Filosofia para o Proprietariado (https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/21/uma-filosofia-para-o-
proprietariado/) – “O ‘Libertarianismo’ não oferece solução alguma para a política plutocrática de hoje em dia
– não passa de uma rejeição reacionária à luta política.”
O Mercado é Mesmo Bom? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/30/o-mercado-e-mesmo-bom/) – “Há
um elemento comum, nas manifestações recentes da direita: o discurso de que o Estado deve recuar e o
mercado deve regular uma porção maior das interações humanas. Se a lógica do mercado opera, dizem eles,
no final das contas todos ganham. Será que é mesmo assim?”
Estranho, com Orgulho (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/21/estranho-com-orgulho/) – “Você se
sente perdido? Talvez isso seja por que você se recusa a sucumbir à competição, inveja e medo que o
neoliberalismo desperta.“
O Livre-Mercado Faz Países Pobres Ficarem Ricos? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/26/o-livre-
mercado-faz-paises-pobres-ficarem-ricos/) – “Os supostos lares do livre comércio e do livre mercado ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles aconselham os
países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram poucos países ricos até agora
e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.”

https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 7/12
4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

Uma Criança que Morre de Fome Hoje é Assassinada (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/22/uma-


crianca-que-morre-de-fome-hoje-e-assassinada/) – “Relator da ONU para o direito à alimentação entre 2000 e
2008, Jean Ziegler procura explicar por que ainda existe fome se a produção agrícola mundial é suficiente
para alimentar toda a população e faz contundentes críticas à especulação nas bolsas de commodities e às
multinacionais”

Socialismo, Transformando “Miséria Histérica” em “Tristeza Qualquer”


(https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/26/socialismo-transformando-miseria-histerica-em-tristeza-
qualquer/) – “A Esquerda quer dar às pessoas a chance de fazer algo mais com suas vidas, lhes dando tempo e
espaço longe do mercado.”

O País Já Não é Meio Socialista? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/07/04/mas-o-pais-ja-nao-e-meio-


socialista/) – “Não, Socialismo não é só sobre mais governo – é sobre propriedade e controle democráticos.“
Pelo Menos o Capitalismo é Livre e Democrático, né? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/07/12/pelo-
menos-o-capitalismo-e-livre-e-democratico-ne/) – “Pode parecer que é assim, mas Liberdade e Democracia
genuínas não são compatíveis com o Capitalismo.“
Inovação Vermelha (https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/27/inovacao-vermelha/) – “Longe de sufocar
a inovação, uma sociedade Socialista colocaria o progresso tecnológico a serviço das pessoas comuns.”
Bill Gates, Socialista? (https://ominhocario.wordpress.com/2015/12/24/bill-gates-socialista-1/) – “Bill Gates
está certo: o setor privado está sufocando a inovação em energias limpas. Mas esse não é o único lugar em que
o Capitalismo está nos limitando.“
Obsolescência Planejada: Armadilha Silenciosa na Sociedade de Consumo
(https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/31/obsolescencia-planejada-armadilha-silenciosa-na-sociedade-
de-consumo/) – “O crescimento pelo crescimento é irracional. Precisamos descolonizar nossos pensamentos
construídos com base nessa irracionalidade para abrirmos a mente e sairmos do torpor que nos impede de
agir“
O Mito do Antropoceno (https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/23/o-mito-do-antropoceno/) – “Culpar
toda a Humanidade pela mudança climática deixa o Capitalismo sair ileso.“
Um Mundo Socialista Não Significaria Só Uma Crise Ambiental Maior Ainda?
(https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/16/um-mundo-socialista-nao-significaria-so-uma-crise-ambiental-
maior-ainda/) – “Sob o Socialismo, nós tomaríamos decisões sobre o uso de recursos democraticamente,
levando em consideração necessidades e valores humanos, ao invés da maximização dos lucros.“
Rumo a um Socialismo Ciborgue (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/15/rumo-a-um-socialismo-
ciborgue/)–“A Esquerda precisa de mais vozes e de críticas mais afiadas que coloquem nossa análise do poder
e de justiça no centro das discussões ambientais, onde elas devem estar.”
Vivo Sob o Sol (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/27/vivo-sob-o-sol/) – “Não há caminho rumo a
um futuro sustentável sem lidar com as velhas pedras no caminho do ambientalismo: consumo e empregos. E a
maneira de fazer isso é através de uma Renda Básica Universal. “
A Gente Trabalha Demais, Mas Não Precisa Ser Assim (https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/27/a-
gente-trabalha-demais-mas-nao-precisa-ser-assim/) – “Entre os séculos XIX e XX os trabalhadores
conquistaram o dia de trabalho de 10 horas e então o de 8 horas, mas depois da Grande Depressão a
tendência parou. Do que precisaríamos para recuperar nosso tempo livre?”
Políticas Para Se ‘Arranjar Uma Vida’ (https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/01/politicas-para-se-
arranjar-uma-vida/) – “O trabalho em uma sociedade capitalista é um fenômeno conflituoso e contraditório.
Uma política para a classe trabalhadora tem de ser contra o trabalho, apelando para o prazer e o desejo, ao
invés de sacrifício e auto-negação.“
O Socialismo Vai Ser Chato? (https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/14/o-socialismo-vai-ser-chato/) –
“O Socialismo não é sobre induzir uma branda mediocridade. É sobre libertar o potencial criativo de todos.“

https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 8/12
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Quatro Futuros (https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/13/quatro-futuros/) – “Uma coisa de que podemos


ter certeza é que o Capitalismo vai acabar; a questão, então, é o que virá depois.“
Robôs e Inteligência Artificial: Utopia ou Distopia? (https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/05/robos-e-
inteligencia-artificial-utopia-or-distopia/) – “Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um
futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda
opção não seja nem mencionada.”
Precisamos Dominá-la (https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/23/precisamos-domina-la/) – “Nosso
desafio é ver na tecnologia tanto os atuais instrumentos de controle dos empregadores quanto as precondições
para uma sociedade pós-escassez.“
Tecnologia e Estratégia Socialista (https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/13/tecnologia-e-estrategia-
socialista/) – “Com poderosos movimentos de classe em sua retaguarda, a tecnologia pode prometer a
emancipação do trabalho, ao invés de mais miséria.“
Todo Poder aos “Espaços de Fazedores” (https://ominhocario.wordpress.com/2016/06/23/todo-poder-para-os-
espacos-de-fazedores-1/) – “A impressão 3-D em sua forma atual pode ser um retorno às obrigações
enfadonhas do movimento “pequeno é belo”, mas tem o potencial para fazer muito mais.“

Notas:

[1] http://dowbor.org/2009/07/a-crise-financeira-sem-misterios-fev-2009-atualizacao-jul-2009-pdf-2.html/
(http://dowbor.org/2009/07/a-crise-financeira-sem-misterios-fev-2009-atualizacao-jul-2009-pdf-2.html/) [N.M.]

[2] http://www.oxfam.org.br/noticias/carta_aberta_economistas
(http://www.oxfam.org.br/noticias/carta_aberta_economistas) ; http://dowbor.org/2012/11/os-descaminhos-do-
dinheiro-os-paraisos-fiscais-parte-v-novembro-2012-7p.html/ (http://dowbor.org/2012/11/os-descaminhos-do-
dinheiro-os-paraisos-fiscais-parte-v-novembro-2012-7p.html/) ; http://www.cartacapital.com.br/politica/panama-
papers-expoe-chefes-de-estado-e-57-citados-na-lava-jato (http://www.cartacapital.com.br/politica/panama-papers-
expoe-chefes-de-estado-e-57-citados-na-lava-jato) ; http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Pequeno-
dicionario-dos-Panama-Papers-/4/36050 (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Pequeno-dicionario-dos-
Panama-Papers-/4/36050) ; [N.M.]

[3] https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/oct/14/age-of-loneliness-killing-us
(https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/oct/14/age-of-loneliness-killing-us)

[4] http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/A-teoria-do-gotejamento-que-nao-agrada-ao-papa-
Francisco/7/34039 (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/A-teoria-do-gotejamento-que-nao-agrada-ao-
papa-Francisco/7/34039) e http://dowbor.org/2014/07/josefh-e-stiglitz-inequality-is-not-inevitable-julho-2014-
4p.html/ (http://dowbor.org/2014/07/josefh-e-stiglitz-inequality-is-not-inevitable-julho-2014-4p.html/) [N.M.]

[5] https://www.theguardian.com/commentisfree/2011/nov/07/one-per-cent-wealth-destroyers
(https://www.theguardian.com/commentisfree/2011/nov/07/one-per-cent-wealth-destroyers)

[6] Ou “perdedores”, o famoso “loser” da cultura estadunidense [N.M.]

[7] Em português, algo como “Mas e Eu?” [N.M.] – http://newbooksnetwork.com/paul-verhaeghe-what-about-me-


the-struggle-for-identity-in-a-market-based-society-scribe-2014/ (http://newbooksnetwork.com/paul-verhaeghe-
what-about-me-the-struggle-for-identity-in-a-market-based-society-scribe-2014/)
https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 9/12
4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

[8] http://www.telegraph.co.uk/news/politics/10909524/Britain-the-loneliness-capital-of-Europe.html
(http://www.telegraph.co.uk/news/politics/10909524/Britain-the-loneliness-capital-of-Europe.html)

[9] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Mont_P%C3%A8lerin
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Mont_P%C3%A8lerin)

[10] Em português, “Mestres do Universo” [N.M.] – http://blogs.lse.ac.uk/politicsandpolicy/book-review-masters-


of-the-universe-hayek-friedman-and-the-birth-of-neoliberal-politics/ (http://blogs.lse.ac.uk/politicsandpolicy/book-
review-masters-of-the-universe-hayek-friedman-and-the-birth-of-neoliberal-politics/)

[11] https://www.theguardian.com/politics/2013/sep/30/list-thinktanks-uk
(https://www.theguardian.com/politics/2013/sep/30/list-thinktanks-uk)

[12] http://0055d26.netsolhost.com/friedman/pdfs/other_commentary/Farmand.02.17.1951.pdf
(http://0055d26.netsolhost.com/friedman/pdfs/other_commentary/Farmand.02.17.1951.pdf)

[13] https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Maynard_Keynes (https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Maynard_Keynes)

[14] https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Maastricht (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Maastricht)

[15] www.counterpunch.org/2006/11/17/the-road-from-serfdom/ (http://www.counterpunch.org/2006/11/17/the-


road-from-serfdom/)

[16] https://www.theguardian.com/environment/georgemonbiot/2015/nov/12/toothless-environment-agency-is-
allowing-the-living-world-to-be-wrecked-with-impunity
(https://www.theguardian.com/environment/georgemonbiot/2015/nov/12/toothless-environment-agency-is-
allowing-the-living-world-to-be-wrecked-with-impunity)

[17] https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Shock_Doctrine (https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Shock_Doctrine)

[18] https://www.theguardian.com/us-news/series/hurricane-katrina-10-years-on (https://www.theguardian.com/us-


news/series/hurricane-katrina-10-years-on)

[19] http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1522 (http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1522)


[N.M.] e https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/nov/04/us-trade-deal-full-frontal-assault-on-
democracy (https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/nov/04/us-trade-deal-full-frontal-assault-on-
democracy)

[20] http://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Informe%20Oxfam%20210%20-
%20A%20Economia%20para%20o%20um%20por%20cento%20-%20Janeiro%202016%20-
%20Relato%CC%81rio%20Completo.pdf
(http://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Informe%20Oxfam%20210%20-
%20A%20Economia%20para%20o%20um%20por%20cento%20-%20Janeiro%202016%20-
%20Relato%CC%81rio%20Completo.pdf) [N.M.]

[21] https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/nov/04/rail-privatisation-train-operators-profit
(https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/nov/04/rail-privatisation-train-operators-profit)

[22] algo como “Por Que Nós Não Temos Como Bancar os Ricos” [N.M.] –
https://bookshop.theguardian.com/catalog/product/view/id/347173/
(https://bookshop.theguardian.com/catalog/product/view/id/347173/)

https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 10/12
4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

[23] algo como “A Doença Devora a Terra” [N.M.] –


https://bookshop.theguardian.com/catalog/product/view/id/347173/
(https://bookshop.theguardian.com/catalog/product/view/id/347173/)

[24] Como bem sabe o brasileiro sob Temer e a famigerada PEC 241/55 –
http://plataformapoliticasocial.com.br/austeridade-e-retrocesso/ (http://plataformapoliticasocial.com.br/austeridade-
e-retrocesso/) [N.M.]

[25] https://www.theguardian.com/politics/series/looking-back-on-new-labour
(https://www.theguardian.com/politics/series/looking-back-on-new-labour)

[26] http://outraspalavras.net/posts/donald-trump-e-o-fascismo-a-americana/
(http://outraspalavras.net/posts/donald-trump-e-o-fascismo-a-americana/)

[27] https://www.theguardian.com/books/2016/mar/04/genius-donald-trumpspeak-steven-poole-words
(https://www.theguardian.com/books/2016/mar/04/genius-donald-trumpspeak-steven-poole-words)

[28] ou do Bolsonaro [N.M.]

[29] É importante notar que aqui ele está chamando de ‘comunismo’ as experiências socialistas do século XX. O
debate sobre as conquistas, as contradições, os erros e as lições dessas experiências segue em aberto –
https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/25/o-marxismo-e-uma-ideologia-assassina-que-so-pode-gerar-miseria/
(https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/25/o-marxismo-e-uma-ideologia-assassina-que-so-pode-gerar-
miseria/) [N.M.]

[30] https://iea.org.uk/ (https://iea.org.uk/)

[31] https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/mar/17/media-big-tobacco-lobbyists-bbc-cigarette-packs
(https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/mar/17/media-big-tobacco-lobbyists-bbc-cigarette-packs)

[32] http://outraspalavras.net/brasil/quem-esta-por-tras-do-protesto-no-dia-15/
(http://outraspalavras.net/brasil/quem-esta-por-tras-do-protesto-no-dia-15/) e http://apublica.org/2015/06/a-nova-
roupa-da-direita/ (http://apublica.org/2015/06/a-nova-roupa-da-direita/)

[33] https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Tea_Party (https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Tea_Party) ,


http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Zizek-Quem-sao-os-responsaveis-pela-paralisia-do-governo-
nos-EUA-Os-mesmos-idiotas-responsaveis-pela-crise-de-2008-/7/29212
(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Zizek-Quem-sao-os-responsaveis-pela-paralisia-do-governo-
nos-EUA-Os-mesmos-idiotas-responsaveis-pela-crise-de-2008-/7/29212) e
https://www.theguardian.com/commentisfree/cifamerica/2010/oct/25/tea-party-koch-brothers
(https://www.theguardian.com/commentisfree/cifamerica/2010/oct/25/tea-party-koch-brothers)

[34] http://www.nybooks.com/articles/2016/03/10/koch-brothers-new-brand/
(http://www.nybooks.com/articles/2016/03/10/koch-brothers-new-brand/)

[35] http://maidinlondonnow.blogspot.com.br/2015_08_01_archive.html
(http://maidinlondonnow.blogspot.com.br/2015_08_01_archive.html)

[36] http://www.andywightman.com/archives/4377 (http://www.andywightman.com/archives/4377)

https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ 11/12
4/5/2024 Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – O Minhocário

[37] https://twitter.com/georgemonbiot/status/530351056530980864
(https://twitter.com/georgemonbiot/status/530351056530980864)

[38] Mas a força da Escola Neoclássica, o pensamento hegemônico dentro do ensino de Economia, era tamanha
que Keynes e seus seguidores não conseguiram eliminar por completo essa linha de interpretação da realidade, e ela
seguiu relativamente em baixa durante as décadas de ouro do capitalismo no pós-guerra (conhecido como Estado
de Bem-Estar Social), para se tornar parte importantíssima da base do neoliberalismo no próximo período, e até
hoje. Na verdade, muitos dos que não aceitam o uso do termo ‘Neoliberalismo’ dizem que “não existem autores
neoliberais” (negando o uso do termo que autores adotavam, no início, como indicado no texto) e preferem ser
chamados de “liberais”, “libertários” [ver ‘Uma Filosofia Para o Proprietariado
(https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/21/uma-filosofia-para-o-proprietariado/)‘] ou falar da escola
econômica de sua preferência (principalmente os que abraçam a “Escola Austríaca”, uma variação mais
radicalizada do pensamento “marginalista” da Escola Neoclássica). [N.M.]

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Um pensamento sobre “Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz


de Nossos Problemas”

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