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CÁLCULO FINANCEIRO

ANO LECTIVO 2021/2022


2º ANO - 2ºSEMESTRE

Regime Semestral

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 2 horas Teóricas + 2 horas


Práticas

Caderno de Apresentação

Sumário:

1. Programa

2. Avaliação de conhecimentos

3. Bibliografia

4. Equipa docente

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reproduzidos sem a prévia autorização. 1
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso: ECONOMIA

CÁLCULO FINANCEIRO
Ano Lectivo: 2021/2022 Semestre: 1ºe 2º

Objecto de estudo da disciplina:


Dotar os alunos de conhecimentos teóricos e de aplicação prática sobre os regimes de
Capitalização: simples e composto; Rendas Financeiras; Financiamentos a médio e
longo prazo – Sistemas de amortizações e Instrumentos de Análise de Projectos de
Investimento.

Objectivos:
O objectivo global da disciplina de Cálculo Financeiro é transmitir aos alunos a base
teórica indispensável à resolução de problemas, que simulem situações reais, idênticos
aos que possam surgir na sua futura vida profissional e de forma geral na vida quotidiana.

Com a aprovação a esta disciplina espera-se e/ou pretende-se que o aluno tenha aprendido
a conhecer, dominar e aplicar os conceitos, técnicas e ferramentais fundamentais
inerentes a Cálculo Financeiro - valor temporal do dinheiro, regimes de equivalência,
equivalência de capitais em cada um deles, as rendas em regime de juro composto,
amortização de empréstimos clássicos e as diferentes modalidades.

Pretende-se também que o aluno desenvolva competências e capacidades transversais e


multifocais, nomeadamente as seguintes: iniciativa, resolução de problemas, trabalho em
equipa e comunicação em público, clareza e linearidade do raciocínio, poder de síntese e
correcta expressão do aluno na língua portuguesa, quer ao nível oral, quer escrito. O
funcionamento da disciplina é orientado em função destes objectivos. Como se
compreende, a atitude do aluno ao longo do semestre é fundamental e, por isso, terá um
forte peso na avaliação final individual.

Conteúdo Programático:
Conceitos básicos fundamentais. Regime de capitalização simples e composto: juros
simples; taxas equivalentes, nominais, efectivas médias; operações financeiras; valor
actual e descontos. Rendas certas: inteiras, fraccionadas, de termos variáveis e perpétuas;
capitalização em subperíodos de cada período inteiro. Empréstimos: modalidades de
reembolso; fundos de amortização (Sinking Fund).

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1 Conceitos Básicos Introdutórios
1.1 O valor temporal do dinheiro: tempo, o capital e o juro
1.2 Operações financeiras: conceitos e intervenientes
1.3 Regra de Ouro
1.4 Valor actual e valor acumulado
Leituras: Rogério Matias: Introdução: Capítulo 1
2 Regimes de Equivalência: A Capitalização, a Actualização e a Taxa de Juro
2.1 Regime Geral
2.2 Taxas de Juro (taxas equivalentes, taxas nominais, taxas efectivas)
2.3 Regime de Juros Simples
2.4 Regime de Juros Compostos
Leituras: Rogério Matias: Capítulo 1 e Regimes de Equivalência: Capítulo 2
3 Equivalência de Capitais
3.1 Equação de valor
3.2 Incógnitas possíveis na equação de valor
3.3 Descontos e taxa de desconto em Regime de Juro Simples.
3.4 Descontos e taxa de desconto em Regime de Juro Composto.
3.5 Capital único e vários capitais
3.6 Vencimento único e vencimento médio
Leituras: Rogério Matias: Equivalência de Capitais: Capítulo 3
4 Rendas Financeiras em Regime de Juro Composto
4.1 Definição e Classificação
4.2 Rendas de Termos Constantes
4.3 Rendas de Termos Variáveis
4.4 Leasing Financeiro
4.5 Factoring
Leituras: Rogério Matias: Rendas Financeiras: Capítulo 4
5 Amortização de Empréstimos
5.1 Empréstimos Clássicos
5.2 Modalidades de Amortização de Empréstimos
Leituras: Rogério Matias: Amortização de Empréstimos Clássicos: Capítulo 5
6 Empréstimos por obrigações (este capítulo nunca leccionado)
6.1 Noções gerais.
6.2 Modalidades de amortização de empréstimos obrigacionistas.
6.3 Aspectos específicos dos empréstimos obrigacionistas.

Avaliação:
Sem avaliação contínua:
Por semestre serão realizadas, tradicionalmente 3 provas de avaliação, a saber:
▪ Uma prova parcelar (prova de frequência);
▪ Uma prova de exame sobre a matéria global do programa e
▪ Uma prova de recurso cujo acesso é regulamentado.
O peso da prova parcelar para avaliação na nota final é de 30%, sendo atribuídos os
restantes 70% à prova de exame.
Com avaliação contínua:
O peso da prova parcelar para avaliação na nota final é de 30%, sendo atribuídos 20% a
avaliação contínua e os restantes 50% à prova de exame.
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Método do Curso:
▪ Aulas presenciais e/ou semi-presenciais
▪ Exposição teórica com recurso a projecções ou representações gráficas da matéria
apresentada.
▪ Acompanhamento pelos alunos das aulas teóricas através elementos compilados em
fascículos escritos pelo professor sobre a matéria a explanar, ou com recurso a
bibliografia referenciada.
▪ Exemplos práticos para esclarecimento de aspectos teóricos.
▪ Aulas práticas: Exercícios.
o É dada especial atenção à resolução de casos práticos, muitos deles
retratando situações concretas do nosso quotidiano, tanto do domínio
particular, como do domínio empresarial (aplicação de poupanças,
empréstimos clássicos e Crédito à Habitação, etc.).
Material produzido pelo Docente da cadeira
▪ Guia de estudos com apontamentos como suporte teóricos de cada capítulo da
cadeira e exemplos práticos.
▪ Caderno de exercícios com mais de 450 exercícios de consolidação. Alguns
exercícios com os resultados.

Bibliografia:

 MATIAS, Rogério (2019) "Cálculo Financeiro - Teoria e Prática", Escolar


Editora, 6.ª Edição, Lisboa (*)

 MATIAS, Rogério, SILVA, Ilídio (2008) "Cálculo Financeiro - Exercícios


Resolvidos e Explicados", Escolar Editora, (*)
Base:

 MATEUS, José Maria Alves (1998), Cálculo Financeiro, 5ª ed. Editorial


Presença.(*)

 MATEUS, José Maria Alves (1998), Exercícios Práticos de Cálculo


Financeiro. 5ª Edições Sílabo. (*)
 Cadilhe, M.; Soares, C., “Lições de Matemática Financeira”, Livroluz
 Silva, A.N., “Matemática das Finanças”, McGraw – Hill.

Complementar:
Barreto, I.; “Obrigações – Análise e Gestão”, Texto Editora.
Bastardo, C.; Gomes, A.R.; “O Financiamento e as aplicações Financeiras das
Empresas”, Texto Editora.
Cadilhe, M.; Matemática Financeira Aplicada”, Edições Asa.
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Chabrol, F., Mathématiques Commerciales et Financière” Falguières, P.,
“Mathématiques Financières”. Gomes, A.R.; Bastardo, C.; “Instrumentos Financeiros –
Exercícios Resolvidos”, Texto Editora.
Pereira, A.¸” Matemática Financeira”, Lisboa Morais Editora.
Rodrigues, A., Nicolau, I., “Elementos de Cálculo Financeiro”, Rei dos Livros.
Valente, J., Locação Financeira (Leasing), Aluguer de Longa Duração (ALD)”, Edições
Minerva.
Equipa Docente:
Malungo Matesso, MSc, MCIPs, malungo.matesso@ucan.edu
Eric Costa, Lic – eric.costa@ucan.edu

Carga horária:
Mínima: Teoria: _50_ Prática: _20_Total: 70
Máxima: Teoria: _60_ prática: 30_total: 90

Luanda

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Sejam Bem-vindos!
Este material foi concebido e/ou escrito com o objectivo de proporcionar ao aluno o
entendimento dos princípios e dos fundamentos básicos de Cálculo Financeiro ou de
Matematica Financeira, e a utilização deles nas variadas operações financeiras de
investimento ou financiamento, como por exemplo, um investimento de poupanças em
depósitos à prazo ou empréstimos à habitação. Outrossim, os fundamentos básicos
ajudam a resolver questões da vida prática como operações de descontos, amortizações
de empréstimos, dentre outros. Queremos propor uma abordagem e uma organização que
possibilitam que o assunto seja interessante, facilitar a aprendizagem, e incentivar a
curiosidade.

Com ênfase em aplicações e na solução de resolução de problemas, e direccionado para


alunos dos cursos de economia e gestão, contabilidade e administração, etc. Este material
contribuirá para o desenvolvimento do pensamento estratégico com vista a tomada de
decisão.
Ao longo do texto iremos utilizar os termos cálculo financeiro ou matemática financeira
para significcar a mesma coisa.
No entanto, ressaltamos alguns cuidados que vocês deverão ter para obter SUCESSO
NESTA DISCIPLINA:

1. Não transfira para a equipa de professores a responsabilidade de fazer com que


você aprenda os conteúdos programáticos. Matemática se aprende lendo, relendo,
reflectindo e treinando MUITO;
2. Aprenda fazendo, ou seja, refaça os exercícios resolvidos e resolva os
complementares e propostos;
3. Aplique o conteúdo ou tema a ser abordado à sua vida diária-teste, utilize os
conhecimentos em exercícios que o estimulam a escrever a respeito da matemática
usando não apenas símbolos, mas também palavras;
4. Revise os conceitos matemáticos básicos, pois embora as planilhas ou folhas de
cálculos e calculadoras financeiras facilitem os cálculos associados à Cálculo
Financeiro ou Matemática Financeira, para a estruturação do raciocínio lógico –
matemáticos, a compreensão da matemática Elementar é fundamental;
5. Utilize uma calculadora científica ou Financeira.

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Os objectivos que se pretende alcançar dentre muitos são:
 Abordar o conceito e o papel do valor temporal em finanças;
 Compreemder os conceitos de valor acumulado e valor presente de uma
aplicação financeira;
 Compreender e efectuar operações de descontos em aplicações financeiras;
 Obter o valor acumulado e o valor presente de uma renda anual normal e uma
renda anual antecipada e obter o valor presente de uma perpetuidade.

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1. INTRODUÇÃO A CÁLCULO FINANCEIRO

VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

A
Disciplina de Cálculo Financeiro é bastante fascinante, na medida em que
se começa a ter uma noção e responsabilidade do valor temporal ou do preço
de um activo importante o “dinheiro”. O valor temporal do dinheiro (VTD)
representa o fundamento de análise das finanças. Significa dizer que o
dinheiro (um kwanza, um dólar, um euro ou outra moeda qualquer) possue valor diferente
hoje e no futuro. São apontadas no mínimo três razões. A primeira, dinheiro disponivél
hoje pode ser investido, no final de certo periodo rende juros e o capital acumulado será
seguramente maior. A segunda, está ligado com o valor real ou poder de compra do
dinheiro que pode mudar em conseguência da inflação. Finalmente, a incerteza do valor
esperado.

O Cálculo Financeiro (ou Matemática Financeira) desenvolve e aplica ferramentas


matemáticas para modelizar o comportamento das variáveis financeiras onde se inclui o
comportamento do preço dos instrumentos financeiros transaccionados em mercados sem
se preocupar com os fundamentais económicos desses activos.

O Cálculo Financeiro tem como axiomas fundamentais que são: i) não é possível obter
ganhos por arbitragem (i.e., não é possível realizar um ganho sem investimento inicial e
sem risco de perda) e que ii) os mercados são completos (i.e., um indivíduo que tenha um
dado activo no instante de tempo n, pode transferi-lo para qualquer outro instante de
tempo t mediante uma taxa de juro i de transformação.

O estudo de Cálculo Financeiro possui uma importância ímpar para os Agentes


Económicos, Administradores, Contabilistas, Economistas e Gestores das mais diferentes
áreas empresariais, assim como também para as pessoas físicas comuns, já que permite
aos mesmos fazerem cálculos mais apurados e realísticos nas suas realizações comerciais
e de trabalho onde o conhecimento de Matemática Financeira se faz presente.
O Cálculo Financeiro não é uma propriedade de uma categoria de profissionais ou de um
ramo do conhecimento, como a Economia, a Administração, a Contabilidade ou o Direito.
O Cálculo Financeiro possui uma linguagem própria, o que a caracteriza como um ramo
do conhecimento. O Cálculo Financeiro não deve estar restrito aos Agentes que operam
o sistema de trocas e que a utilizam como ferramenta para medir suas diversas variáveis,

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o seu conhecimento é útil e necessário para todas as pessoas, independente da profissão
que exerçam. As pessoas que desconhecem os princípios de Cálculo Financeiro são, às
vezes, levadas a acreditarem em informações que não estão de acordo com a realidade.
Ou seja, são “enganadas” e têm prejuízos em investimentos financeiros.
O conhecimento de Cálculo Financeiro possui uma significativa importância em nossa
vida; proporciona o fim de uma escuridão e nos lança com maior clareza para o mundo
em que vivemos diariamente, onde somos activos e passivos a todo o momento, em
termos de agente económico. Esse conhecimento nos faz deixar de ser “vítimas” dos
Agentes conhecedores e formadores de preço, de juros, e de taxas, para sermos pessoas
activas e questionar em relação à utilização do nosso dinheiro.

No mundo actual, os termos: juros, desconto, paridade de taxa, amortização de dívidas e


engenharia económica, entre tantos outros, fazem parte do nosso linguajar quotidiano e o
conhecimento correcto dos mesmos nos proporciona, sem nenhuma dúvida, um ganho
significativo e qualitativo nas nossas transações económico-financeiras.
Nos estudos de economia, aprende-se que os recursos (fontes) são limitados, e as
necessidades infinitas. Entre essas necessidades, encontram-se os recursos financeiros,
cada vez mais valorizados e disputados entre as empresas e pessoas.
Logo, quem tem dinheiro disponível nem pensa em guardá-lo consigo. Procura alguma
maneira de empregá-lo de forma a obter mais dinheiro, seja na aquisição de bens, seja no
mercado financeiro e/ou no mercado de capitais, ou, simplesmente, emprestando-o à
terceiros por via de intermediarios financeiros-bancos comerciais ou outras instituições
de crédito. Tudo isso é feito a partir de um princípio básico: quem empresta dinheiro a
alguém espera recebê-lo, depois de certo tempo, acrescido de uma quantia adicional
cobrada a título de aluguer do dinheiro. Em sociedades avançadas, esta prática é normal.
Entretanto, o mesmo não se pode dizer das sociedades menos desenvolvidas, aonde esses
conceitos ainda não são amplamente de domínio de todos. Essa quantia adicional cobrada
a título de aluguer do dinheiro emprestado é o que chamamos de juro.

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2. Rendimento. Aplicações Possíveis.

O estudo da evolução do capital no tempo utiliza raciocínios, métodos e conceitos


matemáticos ou cálculos, dali os termos matemática financeira ou cálculo financeiro.
Podemos definir rendimento como sendo o resultado da produção de bens e serviços num
determinado período de tempo. No caso mais geral, o rendimento apresenta-se sobre a
forma de moeda. O rendimento dos agentes económicos possui variadas origens e, de
uma forma genérica, pode ser classificado em dois tipos: o rendimento do sector privado
e o rendimento do sector público. No sector privado, o rendimento tem normalmente
origem em quatro fontes: os salários (rendimento do trabalho), as rendas (rendimento da
terra), o juro (rendimento do capital) e o lucro (rendimento resultante da actividade
económica das empresas). O rendimento no sector público, denominado rendimento
nacional, pode ser considerado como uma medida do fluxo de bens e serviços numa dada
economia.
O rendimento dos agentes económicos pode ser aplicado de duas formas diferentes: em
consumo ou em poupança. As chamadas “operações financeiras” estão intimamente
ligadas à aplicação do rendimento em poupança, sendo a base do chamado “investimento
financeira” da poupança.
A génese do investimento financeiro reside no valor temporal do dinheiro (VTD) – o juro.
Assim para analisar um investimento financeiro (quer seja na perspectiva de cedência de
moeda ou na óptica de financiamento) é necessário compreender a ligação que existe
entre três elementos fundamentais e indissociáveis capital, tempo e juro.
Estando o tempo presente em qualquer operação financeira e, variando o valor de um
capital com este factor, existe a necessidade de efectuar a equivalência entre capitais
reportados a instante de tempos diferentes. A equivalência entre capitais pode ser
efectuada recorrendo a uma equação matemática, denominada equação de equivalência
(ou de valor), que pode ser escrita através do conhecimento de dois processos (inversos
um do outro): o processo de capitalização e de actualização. Ao longo dos capítulos
seguintes serão abordados estes conceitos e será também introduzida a representação
esquemática dos problemas de Cálculo Financeiro, muito útil na sua compreensão e
resolução.
Denomina-se por operação financeira qualquer operação que envolva a aplicação de
poupança destinada a investimento onde estejam envolvidos simultaneamente os factores

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capital, tempo e taxa de juro. As operações financeiras são assim resultantes da aplicação
da poupança em investimento financeiro.

As operações financeiras podem dividir-se em operações de curto, médio ou longo prazo,


consoante o seu horizonte temporal seja até um ano, de um a cinco anos ou a mais de
cinco anos, respectivamente. Numa operação financeira intervêm, pelo menos, duas
partes: o mutuário (o que pede emprestado - devedor) e o mutuante (aquele que empresta
- credor).
As instituições financeiras intervêm com frequência nas operações financeiras e importa
distinguir a situação em que estas têm subjacente o recebimento de juros – operações
activas, e a situação em que estas têm implícito o pagamento de juros – operações
passivas. Dali podemos referir a existencia de taxas de juro activas e passivas. A
diferença entre elas (as taxas) designar-se por spread.
O spread tem recebido outro significado como sendo o acréscimo aplicado pelas
instituições bancárias a uma determinada taxa de referência para obter a taxa de juro que
será aplicado na operação financeira.

Poupança individual e o ciclo de vida humana.


A principal motivação para haver poupança é o ciclo de vida humana: o indivíduo tem
necessidade de consumir durante todos os, aproximadamente, 80 ou mais anos da sua
vida, mas apenas é produtivo entre os 25 anos e os 65 anos de idade. Então, o individuo
vai precisar de ter uma estratégia de gestão dos seus recursos para fazer face as incertezas,
ou seja, quando for incapaz de trabalhar. Pode parecer estranho, mas o individuo também
tem que ser capaz de enviar recursos para o passado para pagar as despesas que teve
enquanto era criança.

Mandar dinheiro para o passado traduz que na infância e juventude o indivíduo se


endividou para poder consumir e estudar (o trabalho da criança não tem valor, i.e., não
produz bens ou serviços). Na meia-idade, o indivíduo é produtivo pelo que amortiza a
dívida contraída na infância e juventude (envia recursos para o passado pagando às
pessoas que lhe emprestaram o dinheiro quando era criança), consome e constitui uma
poupança (i.e., empresta a outras crianças e jovens) para a reforma em que vai consumir
a poupança constituída durante a meia-idade (i.e., gasta o que poupou mediante o
pagamento das crianças a quem emprestou no passado, ver, Fig.).

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Fig.1 – Rendimento, consumo, endividamento e poupança ao longo da vida

Outra motivação importante para haver poupança é o indivíduo precaver-se face ao risco
quer da diminuição do rendimento (e.g., por ficar desempregado) quer do aumento da
despesa (e.g., por ter um acidente automóvel). O indivíduo pode poupar 15% do seu
rendimento que empresta a alguém de confiança de forma que, em caso de ter um azar,
possa recuperar essas poupanças para poder continuar a consumir normalmente.
Outra razão para haver poupança é a existência de empreendedores. Assim, os individuos
além de emprestarem a outros individuos (para consumo ou compra de bens duradouros)
também podem emprestar a empreendedores para investirem em nova capacidade
produtivas. Como o aumento do stock de capital (máquinas, estradas, escolaridade, etc.)
aumenta a produtividade do trabalho (e de outros factores de produção), os
empreendedores apropriando-se de parte desse ganho conseguem pagar os juros e o
capital inicial ainda tendo um lucro. Então, os empreendedores competem pela poupança
das pessoas pagando-lhe um juro que é determinado no mercado.

3. Capital, Tempo, e a Taxa de Juro

A essência do Cálculo Financeiro reside num único conceito – o valor temporal do


dinheiro. É intuitivo que qualquer quantia não tem o mesmo valor consoante fique
disponível imediatamente ou apenas daqui a algum tempo. Este facto é justificado pela
chamada “preferência pela liquidez”, descrita pelo economista John Maynard Keynes.
Segundo aquele economista a preferência pela liquidez rigide no facto de desejar-se estar
na posse de activos líquidos, e facilmente podermos escolher a forma de aplicá-los (seja
em consumo ou em poupança). Logo, está ali mais uma vez o conceito do tempo, como

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sendo de extrema importância em qualquer análise que envolva capitais e, portanto, é
necessário atribuir-lhe um valor. Esse valor denomina-se juro.

Definição do juro: é o dinheiro pago ou o valor gerado pelo uso do dinheiro emprestado
ou como sendo a remuneração recebida (ou paga) em troca do empréstimo de algum
recurso financeiro ou de um factor produtivo empregue em actividades produtivas
durante um certo período de tempo de capitalização, mas que só está disponível no
momento do seu vencimento (habitualmente o fim do período de capitalização) –
geralmente de um ano.
Quando você possui um recurso financeiro que excede as suas necessidades rotineiras,
você pode, em geral, adquirir alguns bens anormais ao seu dia a dia (tais como bens
imóveis, veículos, viagens etc.), pode também aplicá-los (ou mesmo emprestá-los). Se
você empresta seus recursos financeiros, então, você abriu mão, temporariamente, da
disponibilidade deles e em troca desta disponibilidade você receberá uma recompensa -
o juro.
Portanto, o juro será função do prazo da utilização, do valor do recurso utlizado e do risco
envolvido na transação.
J = f (c,n,i)
Podemos assim identificar alguns factores que determinam a existência do juro.

▪ Inflação – diminuição poder de compra da moeda. Com o tempo, como o


custo de bens e serviços a aumentar, o valor de uma unidade monetária vai
cair porque uma pessoa não será capaz de comprar tanto com essa unidade
monetária como ele / ela já fazia.

▪ Risco - incerteza do investimento – a possibilidade de não


corresponder às expectativas.

▪ Utilidade – custo de oportunidade (tradeoff) de consumo.

▪ Oportunidade – os recursos são limitados. Ao aceitar o investimento perde-


se oportunidade de ganhos em outras alternativas, logo é preciso que o
primeiro ofereça retorno satisfatório.

Definição de Capital ou principal: o valor monetário que originou o investimento.


Ainda se entende por capital, qualquer valor expresso em moeda e disponível em
determinada época, que um indivíduo tem disponível e concorda em ceder a outrem,
temporariamente. Aquele que cede é chamado de investidor e aquele que recebe é
chamado de tomador.

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Para o investidor o juro é a remuneração do investimento; enquanto para o tomador o
juro é o custo do capital obtido por empréstimo.

Tempo: toda transação financeira deve necessariamente prever quando (datas de início e
do termino da operação) e por quanto tempo (duração da operação) se dará a cessação (do
empréstimo) do capital.

Em termos conceptuais, para compararmos activos temos que referir todos os valores ao
mesmo instante (ou momento) de tempo (descontando ou capitalizando), por exemplo, às
00h do dia 1 de janeiro de 2018. Depois, entre o instante de tempo onde o recurso está
disponível e o instante de tempo para o qual o queremos “levar” existe um período de
tempo. Assim, a escala do tempo é uma linha contínua em que cada ponto é um instante
ou momento de tempo, e.g., às 12h00 do dia 15 de janeiro de 2018, e em que um intervalo
de tempo é o segmento que medeia dois instantes de tempo, e.g., o semestre que medeia
entre as 12h00 do dia 15 de janeiro de 2018 e as 12h00 do dia 15 de Julho de 2018. O
instante final de um período é sempre o instante inicial do período seguinte (pagar no fim
de 2018 é igual a pagar no início de 2019).
O primeiro passo na resolução de um problema de Cálculo Financeiro deve ser a sua
representação esquemática. A representação mais divulgada é a chamada representação
do problema num diagrama temporal (também chamado “recta do tempo”). A
configuração de um diagrama temporal é a seguinte:

Figura 2: Diagrama Temporal

Em problemas de Cálculo Financeiro, um momento é um ponto no tempo onde ocorre o


vencimento de um capital. A representação acima significa que o capital C0 ocorre no (ou,
como habitualmente se diz, está reportado ao ou tem vencimento no) momento 0; O
capital C1 está reportado ao momento 1, etc. O intervalo de tempo entre dois momentos
consecutivos denomina-se por período. Assim, no diagrama temporal existem sempre n
períodos e n+1 momentos. Os sinais ± são utilizados consoante os capitais representem

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uma entrada de capitais (inflows) ou saídas de capital (outflows) na perspectiva de uma
das partes (do mutuário ou mutuante).
Como exemplo considere-se a situação de representação, na óptica do depositante, de
um depósito de 1.000 unidades monetárias que, três anos depois, dá lugar ao levantamento
de 1.331 unidades monetárias.

Figura 3: Operação Financeira na óptica do mutuante

Na óptica do depositante (mutuante), no momento 0 há um outflow de 1.000 u.m., e no


momento 3 um inflow de 1.331 u.m. Na óptica do mutuário, a situação é precisamente ao
contrário, i.e., no momento 0 há um inflow de capital e no momento três existe um outflow
de capital.

A representação de capitais desta forma (com os sinais + e -) apresenta-se com duas


vantagens, a primeira permitir “visualizar” melhor o problema, sendo em muitos casos
um auxiliar precioso na elaboração da equação de equivalência; e finalmente a
representação é também fundamental para a resolução deste tipo de problemas atravês de
calculadoras financeiras.

Este prazo deve estar expresso em determinada unidade de tempo (que pode ser: dia, mês,
bimestre, trimestre, semestre, ano, etc.).

O prazo é o tempo que decorre desde o início até o final de uma dada operação financeira.
Considera-se que na prática, o prazo pode ser a partir de duas convenções:
• Prazo exacto: é aquele que leva em conta o chamado ano civil, no qual os dias
são contados pelo calendário, isto é, o mês pode ter 28 dias (fev.), 29 dias (fev.,
em anos bissextos, como em 2008, 2012, 2016, 2020, e etc.), 30 dias (abr., jun., e
etc.) ou 31 dias (jan., mar., e etc.); assim o ano pode ter 365 dias ou 366 dias.
• Prazo comercial (ou aproximado): é o que leva em conta o chamado ano
comercial, isto é, aquele em que o mês (qualquer que seja ele), é considerado como
tendo 30 dias e o ano (qualquer que seja ele), tem 360 dias.

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Taxa de Juro
A taxa de juro será a razão entre os juros que serão cobrados no fim do periodo e o capital
inicialmente empreque.
Já que a taxa de juro em uma unidade de tempo, é o juro expresso como percentagem do
capital, então se pode dizer que a taxa de juro é igual ao juro dividido pelo capital:
𝐽
𝑖=
𝐶
As taxas de juros referem-se sempre à um dado período financeiro, elas podem ser
diarias, mensais, trimestrais, semestrais, anuais etc. Existem duas maneiras de
apresentação das taxas de juros: a taxa na forma percentual e a taxa na forma unitária.
• Forma percentual
Uma razão centesimal pode ser indicada na forma percentual, anotando-se o
antecedente (numerador) da razão centesimal seguido do símbolo % (lê-se por
cento). Ou seja, 100 unidades do capital, no período referido como unidade de
tempo.
São exemplos:
i = 30% a.m (lê-se: 30 por cento ao mês)
i = 0.5% a.d (lê-se: meio por cento ao dia)

• Forma unitária
Uma razão (ou centesimal) representa o juro de uma (1) unidade do capital, no
período tomado como unidade de tempo.
São exemplos:
i = 0.3 a.m
i = 0.005 a.d
Nas fórmulas a serem utilizadas no presente curso, a taxa a ser adoptada será a unitária.

Taxa de referência EURIBOR.


Como as condições de mercado podem obrigar a alterações na taxa de juro real, outra
modalidade é usar uma taxa de juro variável em função de um índice que traduz a taxa de
juro de mercado, índice esse que, no caso português, é a EURIBOR média do mês anterior
mais um Spread que traduz a taxa de risco do cliente (normalmente indicada em pontos
percentuais acima da EURIBOR).

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EURIBOR é uma sigla (Euro Interbank Offered Rate) que representa a taxa de juro a que
os bancos sem risco (first class credit standing) emprestam euros entre si (operações
também denominadas por “cedência de liquidez”).

Taxa de referência LIBOR.


ICE LIBOR é uma sigla (Intercontinental Exchange London Interbank Offered Rate)
que representa uma taxa de juro de referência em 5 moedas (USD - U.S. dollar; EUR –
Euro; GBP - pound sterling, JPY - Japanese yen e CHF - Swiss franc) para 7 prazos
(overnight, uma semana e 1, 2, 3, 6 e 12 meses).

Taxa de referência LUIBOR


A LUIBOR overnight (1 dia) apurada no último dia da semana, com base nas cedências
de liquidez acima referidas, foi de 4,88% a.a., superior em 0,09pp à taxa apurada na
semana anterior, de 4,79% a.a.
A LUIBOR para as maturidades de 30, 90, 180, 270 e 360 dias situou-se em 7,24%,
7,77%, 8,18%, 8,70% e 9,49%, ao ano, registando igualmente variações, entre -0,02pp e
0,07pp, excepto na maturidade de 360 dias face à semana anterior.

Em termos económicos, do lado de quem empresta, o juro é a recompensa que a pessoa


recebe por adiar o consumo. Do lado de quem pede emprestado, o juro é o preço que a
pessoa paga por poder antecipar o consumo. Assim, o juro é o preço do dinheiro. Em
termos relativos, obtemos a taxa de juro dividindo os juros pelo montante emprestado,
(e.g., se pedi 2.000 emrepstados e devolvi, decorrido um determinado intervalo de tempo,
2.100, então, a taxa de juro foi de 5%). Normalmente, a taxa de juro refere-se a um período
de tempo, e.g., 5% por ano.
O juro também pode ser entendido como a “taxa de câmbio” entre recursos disponíveis
em 2 instantes de tempo diferentes (considerando que o tempo em que o recurso escasso
está disponível é uma característica do recurso, a taxa de juro será o termo de troca entre
dinheiro disponível no presente e dinheiro disponível no futuro).

Juro Comercial e Juro Exacto


Nas operações financeiras em que o prazo é contabilizado em dias, o juro obtido recebe
uma denominação especial, dependendo do tipo de prazo que se considera.
Juro exacto: é aquele que se obtém contando-se o número de dias pelo critério exacto,
isto é, aquele que considera os dias do mês conforme foram concebidos no calendário.

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Juro comercial: é aquele que se obtém contando-se o número de dias pelo critério do
prazo comercial, isto é, considera-se em todos os meses 30 dias e os anos 360 dias.
Este último é utilizado nas instituições financeiras.

Simbologia a utilizar.
Para este curso a simbologia a utilisar será a seguinte para cada um dos elementos ou
variável de cálculo:
C = capital;
J = juro;
n = o tempo;
i = taxa de juro;

Fórmulas derivadas
Como ja referido a acima na definição sobre o juro, apresentamos aqui formulas
algumas que são derivadas para o cálculo de juros em função dos prazos apresentados
serem dias e meses. As variáveis, n e i são grandezas referidas à mesma unidade de
tempo – homegeneização.
Geralmente, a taxa de juro é referida ao ano. Entretanto nas operações de juro simples o
período é o dia ou mês.
Então teremos o seguinte na fórmula fundamental do juro simples.

Prazo expresso em dias e ano comercial ou ano cívil


a) 𝐽 = 𝐶. 𝑛. 𝑖
Se a taxa de juro i é referida ao ano, e n é referida a dias, para converter esta fracção
𝑛
teremos .
360
𝑛 𝐶𝑛𝑖
A fórmula do juro será 𝑗 = 𝐶. 360 . 𝑖 ⇒ 𝑗 = 360

Prazo expresso em meses


b) 𝐽 = 𝐶. 𝑛. 𝑖

Método dos divisores fixos


As fórmulas indicadas em a, b, e c podem transformar-se, respectivamente, em:
𝐶𝑛 𝐶𝑛
𝐽= 365 =
𝐷
𝑖

𝐶𝑛 𝐶𝑛
𝐽= 360 =𝐷
1
𝑖

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𝐶𝑛 𝐶𝑛
𝐽= 12 =𝐷
2
𝑖

Regra de Ouro e Princípios fundamentais


Do exposto acima resulta a regra de ouro do cálculo financeiro:
“Para comparar ou operar com capitais é necessário que estes estejam reportados ao
mesmo período de tempo”.
Isto é: dados os capitais C e C’, pode fazer-se C + C’, ou C – C’, ou C > C’, ou C = C’,
etc., se é só se eles estiverem referidos ao mesmo momento.
É, pois, incorrecto afirmar que 100 unidades monetárias recebidos hoje mais 100 unidades
monetárias recebidos daqui a um mês são 200 unidades monetárias.
Apresentamos em seguida três princípios, que gerem as relações entre as variáveis
Capital, Tempo e (taxas de) juro e que são os seguintes:

1ª Princípio:
A presença de capital e a presença de tempo e a ausência de juro é uma impossibilidade
em Cálculo Financeiro.
A ausência de capital ou ausência de tempo e presença de juro é outra impossibilidade.
Isto é: o juro zero pode ocorrer se e só se o capital for zero e/ou o prazo for zero. Para c
=0, n=0, i=0, temos j=0, então, não estamos diante de uma operação financeira.

2ª Princípio:
Qualquer operação matemática sobre dois ou mais capitais requer a sua
homogeneização no tempo. Isto quer dizer que as variáveis devem estar reportadas ao
mesmo tempo ou prazo. Por exemplo. Uma operação em que o periodo está em meses e
taxa de juro referida em anos, deve se converter ou transformar a taxa em meses ou os
meses no prazo equivalente a anos 1. 0F

3ª Princípio:
O juro em cada período de capitalização é igual ao capital do início do período
multiplicado pela taxa de juro.
Isto é: sendo Jk o juro do período k, Ck-1 o stock de capital no início do mesmo período,
ou seja, no momento k-1, ik a taxa de juro em vigor no mesmo período teremos:
Jk = ik x Ck-1 (com k = 1, 2, 3, …)

1
Entretanto, deve-se prestar atenção enunciado e principalmente sobre o periodo de capitalização.
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Temos, pois, que, qualquer capital aplicado durante um determinado período de tempo
(período de capitalização), a uma dada taxa de juro, gera uma remuneração (juro), que é
o produto desse capital pela taxa de juro em vigor nesse período.
Todas as operações envolvendo capitais devem observar estes princípios.
As práticas correntes como o empréstimo de dinheiro sem juros, comum entre amigos ou
familiares, são considerados um erro e uma impossibilidade em termos de Cálculo
Financeiro.

4. VALOR ACUMULADO E ACTUAL DE UM


CAPITAL.

Vimos que o valor de um capital varia ao longo do tempo em que é cedido. Então para
definirmos os seus valores precisamos de referenciar-nos a um instante de tempo. Por
convenção utiliza-se normalmente o momento actual como o momento de referência.
Ao valor desse capital nesse momento de referência dá-se o nome de valor actual. No
entanto, o momento de referência pode não ser o momento do vencimento desse capital
e, portanto, haverá um momento posterior ao momento de referência. Ao valor desse
capital nesse momento posterior dá-se o nome de valor acumulado. Tendo em conta que
o desconto é o processo inverso da capitalização, podemos afirmar que o valor
descontado de um capital acumulado é o seu valor actual. Como exemplo, considere-se
um capital, C0 (aplicado no momento de referência 0), que produz juro, j, quando aplicado
durante um período de tempo, n. No final desse período, n, teremos:

𝑆 = 𝐶𝑜 + 𝑗
em que S é o valor acumulado de C0 durante o período n. Inversamente, teremos que C0
é o valor actual (ou descontado) do capital S, ou seja:

𝐶𝑜 = 𝑆 − 𝑗
Pode então afirmar-se que o valor actual de um capital será sempre o seu valor no
momento de referência e que, para momentos posteriores ao de referência teremos valores
acumulados e, para momentos anteriores ao de referência, teremos valores descontados.
Estes conceitos podem ser resumidos na tabela seguinte:

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5. Regimes de Capitalização

Comecemos esta abordagem de forma simples e directa.


Existem fundamentalmente, dois regimes de capitalização: o regime de juro simples e o
regime de juro composto. Podemos desde logo preceber a palavra comum que nos
interessa a “juro.”
O processo de acréscimo que o capital disponivél sofre ao longo dos períodos de tempo
dá-se o nome de capitalização, i.e., a capitalização é o processo que leva à formação de
juros. O juro é a mãe de todos os problemas.
A formação de juros verifica-se pela frequência com que em cada operação financeira se
processa o juro designa-se por “período de capitalização”. Importa referir que existem
diferentes regimes de capitalização, cujo processo de geração de juro é diferente. Os dois
regimes de capitalização diferem essencialmente pelo que acontece no final de um
período de capitalização. Nesse instante podem ocorrer duas coisas e outra híbrida:
a) O juro sai do processo de capitalização, isto é, não vai gerar juro no(s)
período(s) seguinte(s). Esta situação é denominada de Regime de Juro
Simples. Neste regime, encontramos dois sub-regimes – o Regime de Juro
Simples “Puro” e o Regime de Juro “Dito” Simples. Este último na verdade
deixa algumas dúvidas a sua real aplicabilidade.
b) O juro é incorporado no capital com que se vai iniciar o período de tempo
seguindo, vindo ele próprio a gerar juro no período seguinte, ou seja,
capitaliza. A este fenómeno, juro de juro, dá-se o nome de anoticismo. Nestas
condições, estamos na presença do chamado Regime de Juro Composto.
c) Os regimes mistos: entre o regime de juro simples e o regime de juro composto
a vida prática consagrou outros regimes.
i. reintegração parcial dos juros e ou
ii. novas entradas de capitais e redução de capital.
Convenções:
▪ Na ausência de outra informação, assume-se que as capitalizações são efectuadas
de acordo com o periodo a que está referida a taxa de juro.
▪ Na ausência de outra informação, sempre que relevante assume-se a utilização da
base de cálculo o ano comercial (360).

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Juro

Capitaliza Não Capitaliza

Regime de Juro Regime de Juro


Composto Simples

Fonte: Rogério Matias,

6.1. Taxas de Juros: Breve Referencia

No mercado financeiro e nas operações bancárias e comerciais, a palavra taxa é


empregada de várias formas, ou seja, vários conceitos são abordados em várias situações.
Mostraremos as aplicabilidades das taxas de juros do ponto de vista da matemática
financeira os principais conceitos teóricos relativos às taxas, equivalência de taxas em
juros simples e compostos, e as taxas nominais – taxas onde o período de capitalização
difere do período do tempo, visando compreendê-las, identificá-las e diferenciá-las.

6.1.1. Taxas nominais e Taxas efectivas

Na abordagem das taxas importa referir a diferença existente entre taxas nominais e
efectivas nos dois tipos regime de capitalização.
É de fundamental importância o conhecimento e a compreensão da existência das taxas
nominal e efectiva.
Taxa nominal
Sempre que nos deparamos com uma taxa nominal, faz-se necessário se calcular a taxa
efectiva, ou seja, devemos determinar qual a verdadeira taxa que está por trás da taxa
nominal.
Denomina-se taxa nominal quando o prazo de formação, ou incorporação, de juros ao
capital (capitalizações), não coincide com o prazo a que se refere a taxa.
Neste caso, é comum adoptar-se a convenção de que a taxa, por período de capitalização,
seja proporcional à taxa nominal.
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Em outras palavras, a taxa nominal, não pode ser tomada como referência para decisões
na contratação de um empréstimo, ou aplicação de recursos.
Exemplos:
1. 1200% ao ano com capitalização mensal.
2. 450% ao semestre com capitalização mensal.
3. 300% ao ano com capitalização trimestral.

Taxa de juro nominal.


Quando o empréstimo é em numerário (em moeda ou denominado em unidades
monetárias), a taxa de juro escrita no contrato como percentagem do valor emrpestado é
denominada por taxa de juro nominal. Por exemplo, emprestando 250.000 u.m., durante
um ano com uma taxa de juro nominal de 4,0% ao ano, no fim do prazo contratado
receberei 260.000 u.m.
Em termos económicos, a taxa nominal engloba três componentes.
i) Taxa de inflação. Os preços dos bens e serviços variam ao longo do
tempo, uns aumentando e outros diminuindo. O aumento do preço médio
(que se traduz num aumento do Nível Geral de Preços) denomina-se por
inflação e quantifica-se como uma taxa anual.

ii) Remuneração real. Se o contrato é em kwanzas ou dolares, a taxa de juro


real quantifica a variação no poder aquisitivo dos dolares ou Kwanzas que
se emprestam. Assim, traduz, em percentagem, quanto vai aumentar (no
futuro e relativamente ao que poderia comprar no presente) o recheio do
cabaz do credor. Denomina-se por taxa de juro real porque quantifica a
variação de quantidades reais (i.e., com importância económica real).

iii) Compensação por potenciais perdas (risco). A taxa de juro também


compensa não existir conhecimento perfeito sobre o que vai acontecer no
futuro. Então, o agente económico tem que acautelar as contingências
futuras adversas.

Taxa efectiva: A taxa efectiva é quando o período de formação e incorporação dos juros
ao Capital coincide com aquele a que a taxa está referida.

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Exemplos:
1. 120% ao mês com capitalização mensal.
2. 450% ao semestre com capitalização semestral.
3. 1300% ao ano com capitalização anual.
● Para o tomador de empréstimos, a melhor opção é o menor n.°de capitalizações.
● Para o investidor, a melhor opção é o maior n.°de capitalizações.

6.1.2. Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes

Duas taxas, referidas a períodos de tempo diferentes, dizem-se proprocionais se a razão


(quociente) entre elas for a mesma que existe entre os períodos de tempo a que se referem.
Em termos de equivalência, diz-se que duas ou mais taxas, referidas a períodos diferentes,
são equivalentes quando aplicadas a capitais iguais durante períodos de tempo também
iguais, produzem o mesmo juro ou montante e/ou valor acumulado.

Taxa Equivalente para juros simples (mesmo que proporcional).


Fórmulas:
Onde:
ik = Taxa do menor periodo
i = Taxa do maior periodo
k = Maior / menor periodo

𝒊
𝟏) 𝒊𝒌 =
𝒌

𝟐) 𝒊 = 𝒊𝒌 . 𝒌
𝑖𝑎 = 360. 𝑖𝑑 = 12𝑖𝑚 = 6. 𝑖𝑏 = 4. 𝑖𝑡 = 3. 𝑖𝑞 = 2. 𝑖𝑠

Equivalência de Taxas em Juros Compostos


Fórmulas:
𝟏) 𝒊 = (𝟏 + 𝒊𝒌 )𝒌 − 𝟏
𝟏
𝟐) 𝒊𝒌 = (𝟏 + 𝒊𝒌 )𝒌 − 𝟏
𝒌
𝟑) 𝒊𝒌 = √𝟏 + 𝒊 − 𝟏

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6.2. Capitalização em Regime de Juro Simples

Breve descrição:
É aquele regime em que a taxa de juro incide somente sobre o capital inicial e que,
portanto, não incide sobre os juros acumulados. Neste regime de capitalização a taxa varia
linearmente em função do tempo.
No caso diz-se que vigora o Regime de Juro Simples, podendo ainda distinguir-se dentro
dele dois sub-regimes – o Regime de Juro Simples “Puro” e Regime de Juro “Dito”
Simples. No primeiro sub-regime, o juro produzido em cada período de tempo é
efectivamente pago, enquanto no segundo o juro produzido é simplesmente retido (i.e.
ainda que não sendo pago, ele não vai gerar juro nos períodos seguintes). De forma
resumida importa reter que em ambos os casos, o juro produzido num determinado
período de capitalização não irá gerar juro nos períodos subsequentes.

Simbologia e Regras Básicas;


C = Capital Inicial (principal): representativo de uma aplicação financeira ou da
obtenção de um crédito.
i = Taxa Nominal: taxa de juros de uma aplicação, ou seja, a taxa
contratada na operação.
j = Valor dos Juros: resultado em dinheiro de uma operação, a pagar ou
receber.
n = Período: a quntidade de tempo considerada numa operação.
S = Montante: é o valor total da operação, isto é, representa a
soma do principal mais os juros obtidos em uma
operação.

Neste regime de capitalização o juro produzido é constante em cada período; assim um


capital C sob regime de juro simples à taxa i produzirá:
Esquematicamente (capitalizaçao em regime de juro Simples)

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Fórmulas fundamental do juro e do capital:
(i) Aplicação por um Período
No fim de 1 período 𝑗1 = 𝐶. 𝑖 𝑆1 = 𝐶 + 𝐶𝑖 = 𝐶(1 + 𝑖)
- Qual o rendimento produzido por uma aplicação financeira com o valor 2.000 u.m., por
1 ano, à taxa de juro anual de 15%?

(ii) Aplicação por dois Períodos


No fim de 2 período 𝑗2 = 𝐶. 2. 𝑖 𝑆2 = 𝐶 + 𝐶. 2. 𝑖 = 𝐶(1 + 2𝑖)

- Qual o rendimento produzido pelo investimento de um capital de 2.000 u.m., por 2 anos,
à taxa de juro anual de 15%?

(iii) Aplicação por n Períodos


No fim de n período 𝑗𝑛 = 𝐶. 𝑛. 𝑖 𝑆𝑛 = 𝐶 + 𝐶. 𝑛. 𝑖 = 𝐶(1 + 𝑛. 𝑖)
Utilizando um quadro resumo teremos:
Periodo Capital Juro total Juro periodico Capital Acumulado
1 C J1 = c.1.i J1 = c.1.i = c.i S1 = c + j1 = c+c.i = c(1+i)
2 C J2 = c.2.i J2 = c.1.i = c.i S2 = c+j2 = c+c.2.i = c(1+2.i)
3 C J3 = c.3.i J3 = c.1.i = c.i S3 = c + j3 = c+ c.3.i = c(1+3.i)
.... .... ... ....
n C Jn = c.n.i Jn = c.1.i = c.i Sn = c + Jn = c + c.n.i = c(1+n.i)

A fórmula canónica do juro total é: 𝐽 = 𝐶. 𝑛. 𝑖

A equação de capitalização ou fórmula geral de capitalização no regime de


juro simples é: 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛).

Da equação de capitalização 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛) vem, a EQUAÇÃO DE


𝑆
ACTUALIZAÇÃO no regime de juros simples: 𝐶 = (1+𝑖.𝑛)

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É importante ter em atenção na resolução dos problemas que as variáveis sejam
expressas ne mesma unidade tempo, como asseguir iremos verificar.
Exemplo 2.1
Qual o juro produzido por um capital de 8.000,00 u.m aplicado em
regime de juro simples, à taxa anual de 24% durante
a) 7 meses
b) 1 ano e 4 meses
c) 180 dias
Resolução:
Como a unidade de tempo do periodo e da taxa não coincidem, ou seja,
temos meses e dias e a taxa anual, logo teremos que homogeneiza-los.
Geralmente, expressa-se o periodo na mesma unidade da taxa.
7
a) j = c.n.i = 8.000 x 𝑥0,24 = 1.120
12
16
b) j = c.n.i = 8.000 x 𝑥0,24 = 2.560
12
180
c) j = c.n.i = 8.000 x 𝑥0,24 = 960
360

Exemplo 2.2
Qual o valor acumulado (total a ser recebido) da aplicação em regime
de juro simples no valor de 280,00 u.m durante 15 meses, à taxa anual
de 3%.
Resolução:
Temos duas formas para resolver o problema. Calcular o valor total a
receber de uma só vez ou obter o valor do juro e adicionar ao capital
inicial.
i- Cálculo pela fórmula do valor acumulado
𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛)
15
𝑆 = 280(1 + 0,03𝑥 ) = 290,5
12
ii- Calcular obtendo primeiro o juro total:
𝐽 = 𝐶. 𝑛. 𝑖
15
𝐽 = 280𝑥0,03𝑥 = 10,5
12
𝑆 = 𝐶 + 𝑗 ⇒ 𝑆 = 280 + 10,5 ⇒ 𝑆 = 290,5

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6.2.1. Taxas em Regime de Juro Simples

Lembrar o que ja foi abordado sobre taxa nominal e taxa efectiva ou entre taxa
proporcional e taxa equivalente. No regime de juro simples, o cálculo do juro incide
sempre sobre o capital inicial, c, ou seja, como já referido não há o efeito de juro sobre
juros. Podemos fácilmente perceber que uma taxa será simultaneamente taxa nominal e
taxa efectiva ou entre taxa proporcional e taxa equivalente, desde que observada a regra
da homegeneização.

Exemplo 2.3
Qual o valor acumulado (total a receber) de uma aplicação de 10.000
u.m., durante o periodo de um ano em regime de juro simples, à taxa anual
de de 20% ou à taxa semestral de 10%?
Solução:
1. Taxa anual de 20% a capitalização será anual.
Como o periodo de capitalização(anual) coincide com o horizonte
temporal da taxa de juro (anual), então teremos:
𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛)
𝑆 = 10.000(1 + 0,2 ∗ 1)
𝑆 = 10.200
2. Taxa semestral de 10% a capitalização será semestral
Neste caso, notamos que o periodo de investimento não coincide com o
horizonte temporal da taxa de juro (semestral). Logo, teremos que
conformar o periodo do investimento, no caso serão 2 semestres que temos no
ano. Então, o nosso n =2.
𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛)
𝑆 = 10.000(1 + 0,1 ∗ 2)
𝑆 = 10.200
Nos dois casos o resultado não sofreu alterações, quer em capitalização anual ou
semestral. A taxa de juro utilizada foi a proporcional ao periodo de capitalização.

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6.2.2. O Método Hamburguês

Introduz simplificação nos cálculos de juros simples quando há diversos prazos, à uma
mesma taxa de juro.
Supanhamos que k capitais C1, C2, C3, ..., Ck sejam aplicados ao regime de juro simples
durante os periodos n1, n2, n3, ..., nk a taxa i de juro simples.
Então o juro total obtido será:
𝐽 = 𝐶1 . 𝑖. 𝑛1 + 𝐶2 . 𝑖. 𝑛2 + 𝐶3 . 𝑖. 𝑛3 +. . . +𝐶𝑛 . 𝑖. 𝑛𝑛
𝐽 = 𝑖[𝐶1 . 𝑛1 + 𝐶2 . 𝑛2 + 𝐶3 . 𝑛3 +. . . +𝐶𝑛 . 𝑛𝑛 ]
𝑛

𝐽 = 𝑖 ∑ 𝐶𝑗 . 𝑛𝑗
𝑗=𝑖

Exemplo 2.4
Calcular o valor dos juros referente às aplicações de 400.000 u.m.,
200.000 u.m., e 800.000 u.m., pelos prazos de 5 dias, 10 dias e 15 dias,
respectivamente, sabendo-se que a taxa de juro anual simples considerada
é de 180%.
Solução
Vamos utilizar os conceitos já introduzidos anteriormente sobre
homegeneização.
𝐽 = 𝐶1 . 𝑖. 𝑛1 + 𝐶2 . 𝑖. 𝑛2 + 𝐶3 . 𝑖. 𝑛3 +. . . +𝐶𝑛 . 𝑖. 𝑛𝑛
1,8
𝐽= [400.000 ∗ 5 + 200.000 ∗ 10 + 800.000 ∗ 15]
360
𝐽 = 80.000

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6.3. Capitalização em Regime de Juro Composto

No regime de juro composto os juros de cada período são somados ao capital para o
cálculo de novo(s) juro(s) no(s) período(s) seguinte(s). Os juros são capitalizados, ou seja,
reintroduzidos no processo de formação de novo capital e, consequentemente, rende juro,
originando “juros de juros” – anatocismo.
O conceito de montante é o mesmo definido para capitalização simples, ou seja, é a soma
do capital aplicado ou devido mais o valor dos juros correspondentes ao prazo da
aplicação ou da dívida.
A simbologia é a mesma já conhecida, ou seja, S indica o montante ou valor acumulado,
c o capital inicial, n o prazo e i a taxa de juro.
Diagrama temporal:
Co C1 C2 C3 C4

Juro do período Valor acumulado


No fim do 1 período 𝐶. 𝑖 𝐶 + 𝐶. 𝑖 = 𝐶(1 + 𝑖)
No fim do 2 período 𝐶(1 + 𝑖). 𝑖 𝐶(1 + 𝑖) + 𝐶(1 + 𝑖). 𝑖 = 𝐶(1 + 𝑖)2
......... ............... .........................................................
n período 𝐶(1 + 𝑖)𝑛−1 . 𝑖 𝐶(1 + 𝑖)𝑛−1 + 𝐶(1 + 𝑖)𝑛−1 . 𝑖 =
𝐶(1 + 𝑖)𝑛

Periodo Capital Juro total (ano) Capital Acumulado


1 C J1 = c.1.i S1 = c + j1 = c+c.i = c(1+i)
2 C(1+i) J2 = c(1+i)x1xi=c.i(1+i) = S1i S2 = S1+j2 = c(1+i)+ c(1+i).i =
c(1+i) (1+i) = c(1+i)2
3 C(1+i)2 J3 = c(1+i)2x1xi=c.i(1+i)2 = S2i S3 = S2+j3 = c(1+i)2+ c(1+i)2.i =
c(1+i)2 (1+i) = c(1+i)3
.... .... ....
(n-1) (n-1)
N C(1+i) Jn = c.i(1+i) = Sn-1i Sn = Sn-1+jn = c(1+i)(n-1)+ c(1+i)(n-
1)
.i = c(1+i)n

Fórmulas de capitalização em regime de juro composto:


(1) 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑛

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É a equação de capitalização ou fórmula geral de capitalização no regime de juro
composto
(2) 𝐽𝑛 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑛 − 𝐶
= 𝐶[(1 + 𝑖)𝑛 − 1]
É a equação do juro acumulado pelo capital C ao fim de n períodos de capitalização à
taxa i.
1
𝑆 𝑛
(3) 𝑖 = ( ) − 1
𝐶
(4) 𝑆 = 𝐶 + 𝐽
Da equação de capitalização 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑛 temos,
𝑆
𝐶= = 𝑆(1 + 𝑖)−𝑛
(1 + 𝑖)𝑛
Que é A EQUAÇÃO DE ACTUALIZAÇÃO no regime de juros compostos.
Exemplo 2.5
Determine o juro composto produzido por um capital inicial de 10.000,00
u.m., à taxa trimestral de 4%, durante 2 anos?

Exemplo 2.6
Um Capital de 7.500 u.m., foi investido em regime de juro composto,
durante 1 ano, à taxa anual de 6%. Qual era o valor acumulado ao fim
desse prazo?
Mostrar a importância da periodicidade das capitalizações.

Exemplo 2.7
Caso você aplique 7.000,00 u.m., em regime de juro composto em uma
instituição, ao final de 4 trimestres receba a importância de 1.640,12 u.m,
de juros. Qual terá sido a taxa de juros dessa operação?

Exemplo 2.8
Qual o tempo necessário para que um capital de 10.000,00 u.m., dobre de
valor, se aplicado a taxa de 20% a.a.?

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6.3.1. Imagens geometricas dos valores acumulados nos dois tipos de
regimes de capitalização

(1) 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑛 , é uma exponencial e:


Para 𝑛=0⇒𝑆=𝐶
𝑛 = 1 ⇒ 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖)
(2) 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖. 𝑛), é uma função linear e tem uma recta
𝑛=0⇒𝑆=𝐶
𝑛 = 1 ⇒ 𝑆 = 𝐶(1 + 𝑖)

Verificamos, assim o seguinte:


- no interior do primeiro período o valor acumulado no regime de juro simples é
superior ao valor acumulado no regime de juros composto.
- a partir do primeiro período o valor acumulado no regime de juro composto
distancia-se cada vez mais do valor acumulado no regime de juro simples.

S = c(1+i)n
Regime de juro Composto
S

S = c(1+in)
Regime de juro Simples

1 n

Exemplo 2.9
Determine, para ambos os regimes de capitalização (juro simples e juro
composto), o capital ou valor acumulado produzido por um capital de
1.250 u.m., à taxa de juro anual de 8%, durante:
a) 6 meses
b) 1 ano
c) 2 anos

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6.3.2. Cálculo do valor de n e i no factor(1 + 𝑖)𝑛

Na resolução de determinado exercício em regime de juro composto com as incognitas


citadas, podemos seguir as seguintes vias para a resolução do problema
a. Aplicação de logaritmos ou potências a fórmula geral de capitalização
b. Existindo tabelas financeiras completas, isto é, que permitam calcular o
valor acumulado a juro composto. Através de interpolação linear
c. Directamente com utilização de calculadoras electrónicas/financeiras.

Exemplo 2.10
Foi efectuado um depósito de 7.000 u.m., que após 8 trimestres de
capitalização em regime de juro composto, produziu o valor acumulado
de 7.715,20 u.m. A que taxa foi remunerado este deposito?
a) Através de logaritmos ou potências
A equação matemática que traduz o problema é a seguinte:
S = c(1+i)n
b) Através de interpolação linear
1,102171 = (1+i)8
Exemplo 2.11
Foi efectuado um depósito de 40.000 u.m., em regime de juro composto à
taxa anual de 5%. Após algum tempo, o capital acumulado era de
48.620,25 u.m. Qual a duração deste depósito?

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6.4. Estudo de Taxas de Juro

Vamos fazer uma abordagem sobre o funcionamento e aplicação das taxas de juro
principalmente no regime de juro composto diferente ao regime de juro simples.
Geralmente, a taxa de juro está expressa em termos anuais.
Importa realçar alguns conceitos na nossa abordagem e sabemos que capitalização
significa vecimento do juro. Periodicidade da capitalização é a frequência com que se
processa (vence) o juro.
Taxas anuais e taxas periódicas
Mostrar a diferença entre estes dois conceitos
Taxas equivalentes e taxas proporcionais.
Só existe distinção em regime de juro composto. Neste regime a compreensão do conceito
de taxas equivalentes e de capital importância.
Por definição dizemos que duas ou mais taxas são ditas equivalentes quando referidas a
periódos diferentes, mas aplicadas ao mesmo capital, durante o mesmo lapso de tempo
produzem o mesmo juro ou capital acumulado. A taxa de 21% ao ano e 10% ao semestre
são pois, taxas equivalentes, uma vez que
Relação de
equivalência
entre taxas (1+0,21)1 = (1+0,10)2
Taxas proporcionais

Duas taxas, referidas a peridos diferentes, dizem-se proporcionais entre si a razão


(quociente) entre elas coincide com razão (quociente) entre os respectivos períodos a que
estão reportadas.
Taxas efectivas e taxas nominais
A distinção entre elas reside no facto de reflectirem ou não o efeito de suceesivas
capitalizações.
A taxa efectiva, siginifica que ela já tem conta o efeito de sucessivas capitalizaões, ou
seja, são a taxa que deve ser utilizada para a resolução de um determinado problema, pelo
que a taxa periódica deve ser calculada usando o princípio da equivalência. Sendo ela
nominal a taxa periódica deve ser obtida pelo princípio da proporcionalidade.

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Vejamos agora como calcular cada um dos tipos de taxas atrás referidas. Simbologia a
utilizar:
i taxa anual efectiva
i(k) taxa anual nominal, composta (ou capitalizada) k vezes por ano
ik taxa periódica efectiva (semestral, mensal, etc.).
Partindo de uma taxa efectiva, a taxa periódica é calculada através de
uma relação de equivalência; partindo de uma taxa nominal, a taxa
periódica é calculada através de uma relação de proporcionalidade.

Aplicações e conversão das taxas de juro


▪ Cálculo da taxa periódica efectiva, ik, a partir da taxa anual efectiva, i:

(𝟏 + 𝒊)𝟏 = (𝟏 + 𝒊𝒌 )𝒌 A compreensão desta relação é


eterna;
A memorização da fórmula é
efémera.
horizonte Taxa periódica
temporal: ik (horizonte
um ano temporal: um
ano)

O essencial aqui é perceber que procuramos uma taxa, ik, tal que seja indiferente efectuar
uma capitalização anual à taxa anual efectiva i, ou k capitalizações durante um ano à taxa
ik.

O horizonte temporal comum (dorante designado por HTC), esta relação pode tomar uma
forma mais geral:
(𝟏 + 𝒊𝒉 )𝒉 = (𝟏 + 𝒊𝒌 )𝒌 Caso geral

h capitalizações durante um k capitalizações


ano à taxa periódica ih durante um ano à taxa
(horizonte temporal: um periódica ik (horizonte
ano) temporal: um ano)

▪ Cálculo da taxa anual efectiva i, a partir da taxa anual nominal, com k


capitalizações durante o ano i(k):
𝒊(𝒌)
𝒊𝒌 = Regra de proporcionalidade entre
𝒌
taxas

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▪ Cálculo da taxa anual nominal capitalizada k vezes por ano i(k) ou da taxa
anual efectiva, i, a partir de uma taxa periódica efectiva, ik:

Exemplo 2.12
Dada a taxa trimestral efectiva d 3% qual é:
a) A taxa anual nominal subjacente?
b) A taxa anual efectiva subjacente?
▪ Cálculo da taxa periódica, ik, a partir da taxa anual nominal capitalizada k
vezes por ano, i(k):

Exemplo 2.13
Considere a taxa anual nominal de 9% composta trimestralmente e
calcule as seguintes taxas efectivas:
a) Bimensal
b) Quadrimestral
c) Semestral
d) Anual

Taxa anual efectiva (TAE) e taxa anual efectiva líquida (TAEL)


As taxas activas são comparadas através da TAE e as taxas líquidas são comparadas
através da TAEL.
Exemplo 2.14
Determinada empresa solicitou propostas a três instituições financeiras
com vista à contratação de um empréstimo.
A instituição financeira A propôs a taxa anual efectiva de 8,15%; a
instituição financeira B propôs a taxa anual nominal de 8%, composta
semestralmente; por fim, a instituição financeira C propôs a taxa anual
nominal de 7,9% composta mensalmente.
Qual das propostas apresenta a taxa mais atractiva para o investidor?

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▪ Capitalização Contínua e Taxa Instantânea

Quando há mudança na periodicidade a que são efectuadas as capitalizações os


1 𝒊(𝒌)
sub-periódos passam de 𝑘 do ano, à taxa proporcional, 𝒊𝒌 = .
𝒌

Assim, haverá k capitalizações num ano, após as quais o capital acumulado será
𝑖(𝑘) 𝑘
𝑆 = 𝐶 (1 + )
𝑘
Assumamos que a periodicidade aumenta para sub-periodos ainda menores,
tendo para 0 (zero), e número de capitalizações, k, vai tender para ∞. Do ponto
1
de vista matemático, uma vez que 𝑘 → ∞,então 𝑘 → 0.
1 𝑛
Como se sabe 𝑙𝑖𝑚 = (1 + 𝑛) = 𝑒
𝑛→∞

Por outro temos


𝑘⁄ 𝑖(𝑘)
𝑘 𝑖(𝑘)
𝑖(𝑘) 𝑘 1 1
(1 + ) = (1 + ) = (1 + )
𝑘 𝑘 𝑘
𝑖(𝑘) [ 𝑖(𝑘) ]
𝑘⁄
𝑖(∞)
Assim, podemos dizer que, quando k → , (1 +
1
𝑘 ) =𝑒
𝑖(∞)

𝑖(∞) 𝑘
Pelo que (1 + ) = 𝑒 𝑖(∞)
𝑘

Donde, em capitalização contínua, após um ano, o capital acumulado será:


𝑆 = 𝐶𝑒 𝑖(∞)
Dito de outro modo, a taxa anual efectiva que está subjacente à taxa nominal 𝑖(∞)
(isto é, composta continuamente ou instantaneamente é i, tal que
(𝟏 + 𝒊) = 𝒆𝒊(∞)
Ou seja
𝒊 = 𝒆𝒊(∞) − 𝟏

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7. Equivalencia de Capitais
A abordagem sobre a equivalência de capitais traz consigo interessantes noções e
ferramentas úteis para a análise financeira.
O valor temporal do dinheiro está aqui mais uma vez a ser testado. Como temos vindo a
enfatizar a importância deste conceito, uma vez que um capital tem um determinado valor
num certo momento; reportado a outro momento, o seu valor será outro.
Quando este valor esta reportado a um momento anterior dizemos que está a se efectuar
uma actualização ou descontar aquele valor; e a capitalização será reportar esse capital
a um momento posterior.

Objectivos

 Compreender a necessidade de tornar dosi ou mais capitais equivalentes (VTD);


 Compreender que a equivalência é feita para um determinado momento (data
focal);
 Compreender como se actualiza ou capitaliza quer segundo a solução comercial,
quer segundo a solução racional.

Existem dois tipos de descontos: Racional e Comercial. Ambos podem ser utilizados tanto
em juro simples quanto em juro composto.
O Desconto Racional corresponde à verdadeira operação de Desconto. O Desconto
Comercial nada mais é do que uma variação do Desconto Racional adoptada pelo
mercado.

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7.1. Equivalencia de Capitais em Regime de Juro
Simples

7.1.1. Desconto ou actualizaçao em Regime de Juro


Simples

O desconto ou actualização é assim designado por ser o abatimento obtido sobre o valor
nominal de um título ou uma divida ou uma aplicação financeira quando resgatado antes
da data do vencimento.
Conhecido também por actualização ou desconto é o processo de cálculo inverso, pelo
qual podemos calcular, em função da taxa de juro, quanto vale num momento anterior
um capital vencível num momento posterior.

Actualização é uma operação inversa à Capitalização, ou seja, corresponde à trazermos


um valor futuro para a data presente, descontando os juros que estão imbutidos no valor
futuro.
Acontece que é possivel conceber duas formas de calcular o valor D. Em regime de juro
simples, podemos considerar.

1. Solução Comercial – a taxa de actualização i incide sobre o valor nominal


2. Solução Racional – a taxa de actualização i incide sobre o valor actual.

Actualização ou desconto

períodos

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Simbologia utilizada nas operações de desconto:

N - Valor Nominal Drc - Valor do Desconto Racional


Drs - Valor do desconto Racional Simples Composto
Vrs – Valor Actual Racional Simples Vrc – Valor Actual Racional Composto
Dcs - Valor do Desconto Comercial i - Taxa de Juro
Simples d - Taxa de Desconto
Vcs - Valor Actual Comercial Simples n - Número de períodos que faltam para o
vencimento

7.1.1.1. – Desconto Racional Simples

Chamamos de desconto racional simples, ou tambem desconto real, ou ainda desconto


por dentro, à diferença entre o valor nominal e o valor actual (ou presente) do título.
Neste tipo de Desconto, a taxa é aplicada sobre o Valor Actual, sobre o número de
períodos que faltam para o vencimento da dívida.
Realmente, parece teoricamente mais correcta, ao fazer incidir a taxa de desconto não
sobre o valor nominal (valor a ser reportado à data de vencimento) mas sim sobre o
próprio valor actual (valor reportado à data focal). Contudo, é menos utilizado na prática.
Começamos pela expressão da actualização:
𝑆
𝐶=
1 + 𝑛𝑖
Representa o valor descontado de S unidades de capital à taxa i, quando faltam n periodos
para o seu vencimento.
𝑆 𝑆𝑛𝑖
𝑆− = = 𝐷𝑑
1 + 𝑛𝑖 1 + 𝑛𝑖

Dividimos por S para encontrar o desconto de uma unidade de capital quando faltam n
periodos para o seu vencimento;
𝑛𝑖
1+𝑛𝑖

Dividimos por n para encontrar o desconto de uma unidade de capital quando faltam um
periodo para o seu vencimento; taxa de desconto: é a redução, calculada à taxa d.

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Assim para actualizar um capital em regime de juro simples, segundo solução racional,
1
basta divi-lo por 1 + 𝑛𝑖ou, o que é o mesmo, multiplicá-lo pelo factor 1+𝑛𝑖.

Fórmulas de Desconto Racional Simples

1) 𝑁 = 𝑉𝑟𝑠 (1 + 𝑖.∗ 𝑛)
2) 𝑁 = 𝑉𝑟𝑠 + 𝐷𝑟𝑠
𝑁∗𝑖∗𝑛
3) 𝐷𝑟𝑠 =
1+𝑖∗𝑛
Ou ainda pelas
𝐷𝑟𝑠 = 𝑁 − 𝑉𝑟𝑠
Por outro lado, podemos achar outra fórmula

𝐷𝑟𝑠 = 𝑉𝑟𝑠 . 𝑖. 𝑛

Exemplo: 7.1
Uma pessoa possui 3 títulos aplicados no mercado financeiro, sendo seus valores de
resgate: 110.000 u.m., 150.000 u.m., e 200.000 u.m. As datas de resgates são daqui a 28
dias, 47 dias e 72 dias, respectivamente. Qual o valor presente total destes títulos,
considerando-se uma taxa de juros simples de 30% a.a. e o regime de desconto racional?

Resolução:
𝑁
𝑉𝑟𝑠 =
(1 + 𝑖𝑛)
110.000
𝑉𝑟𝑠1 = = 107.500,00
0,30
(1 + 360 • 28)
200.000
𝑉𝑟𝑠2 = = 188.679,67
0,30
(1 + 360 • 72)
150.000
𝑉𝑟𝑠3 = = 144.364,64
0,30
(1 + 360 • 47)

𝑉𝑟𝑠𝑇 = 𝑉𝑟𝑠1 + 𝑉𝑟𝑠2 + 𝑉𝑟𝑠3 = 107.500,00 + 188.679,67 + 188.679,67


= 440.517,53

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Exemplo 7.2
N = 10.000,00
i = 10% ao mês
n = 3 meses
Drs =?
Vrs =?

Taxa “real” em desconto racional simples


Vejamos qual é taxa “real” associada ao desconto racional simples.
𝑉𝑟𝑠 (1 + 𝑛 ∗ 𝑑𝑟𝑠 ) = 𝑁
𝑁
(1 + 𝑛 ∗ 𝑑𝑟𝑠 ) = 𝑁
1 + ni
(1 + 𝑛 ∗ 𝑑𝑟𝑠 ) = (1 + 𝑛 ∗ 𝑖)
𝑑𝑟𝑠 = 𝑖

A taxa real subjacente ao desconto racional simples. O que significa que a equivalência
segundo o desconto racional simples é perfeita.

Exemplo 7.3
N = 10.000
N = 3 anos
i = 6%
Pretende-se calcular a quantia que o mutuário deve pagar hoje, se vigorar o desconto
racional simples e também a taxa de “real” subjacente.

7.1.1.2. - Desconto Comercial Simples

Chamamos de desconto comercial simples ou desconto por fora, ao juro simples aplicado
sobre o valor nominal de um título, durante o número de periodos de antecipação.
Podemos ainda ser mais especificos e dizer que o desconto comercial será a operação pela
qual o titular dum efeito comercial recebe antecipadamente duma terceira entidade
(nomeadamente uma entidade bancária como veremos mais adiante) a importância nele
inscrita deduzida do prémio ou remuneração devida por essa antecipação.

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Neste tipo de Desconto, a taxa de juros é aplicada sobre o Valor Nominal, vezes o número
de períodos que falta para o vencimento da dívida.
O desconto comercial simples é o mais frequentemente utilizado na prática.

Seja:
N – Valor Nominal de um título
dcs - Taxa de desconto comercial (ou por fora) simples
n = Número de períodos de antecipação da dívida

Então teremos:
𝐷𝑐𝑠 = 𝑁. 𝑖. 𝑛
Prémio de desconto = ni

Fórmulas de Desconto Comercial Simples


1) 𝐷𝑐𝑠 = 𝑁. 𝑖. 𝑛
2) 𝑁 = 𝑉𝑐𝑠 + 𝐷𝑐𝑠
3) 𝑉𝑐𝑠 = 𝑁(1 − 𝑖. 𝑛)

Exemplo 7.5
N = 10.000,00
i = 10% a.m.
n = 3 meses
Dc =? e Vc =?

Assim para actualizar um capital em regime de juro simples, segundo a solução comercial,
basta multiplicá-lo pelo factor (1 − 𝑖. 𝑛), que é chamado factor de actualização de um
capital único em regime de juro simples.

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Taxa “real” em desconto comercial simples
Numa operação de desconto comercial simples a taxa efectivamente suportada pelo
mutuário é superior à taxa anunciada.

Taxa real de juro é a taxa de juro verdadeiramente suportada pelo sujeito passivo e cuja
incidência tem por base o valor actual do capital; em termos práticos significa que é a
taxa que se obtém ou aplica usando a metodologia do desconto racional como vimos atrás.
Esta taxa assume particular importância nas operações com pagamento antecipado de
juros quando estes são calculados pela modalidade do desconto comercial simples ou,
sendo juros pagos postecipadamente, são calculados sobre o valor acumulado.

a) Os juros são pagos postecipadamente, mas calculados sobre o valor


acumulado ou nominal (N).
Assim:
𝐶
𝑁 = 𝐶 + 𝑁𝑛𝑖 ⇒ 𝑁(1 − 𝑛𝑖) = 𝐶 ⇒ 𝑁 =
1 − 𝑛𝑖
Capitalizando C à taxa i´ de forma a obter-se o valor acumulado N, isto é,
𝐶 + 𝐶𝑛𝑖 ′ = 𝑁
= 𝐶 + 𝑁𝑛𝑖
e, 𝐶𝑛𝑖 ′ = 𝑁𝑛𝑖

𝐶 𝑖
donde, 𝐶𝑛𝑖 ′ = 1−𝑛𝑖 𝑛𝑖 ⇒ 𝑖 ′ = 1−𝑛𝑖

Exemplo 7.6
Considere uma divida de 150.000 u.m., com vencimento daqui a 4 anos. Se o mutuário
pretender antecipar o pagamento desta dívida, quanto deve pagar hoje, assumindo que foi
acordado a taxa anual de 8% e a utilização do desconto comercial simples?

Resolução:
Apresentemos o esquema:

Vcs 150.000

0 1 2 3 4 (anos) períodos

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b) Os juros são antecipadamente, mas calculados sobre o valor a pagar no fim do
prazo.
Capitalizando o valor líquido (C-Cni) à taxa real i´ obtemos o valor C:
(𝐶 − 𝐶𝑛𝑖) + (𝐶 − 𝐶𝑛𝑖) ∗ 𝑛𝑖 ′ = 𝐶
entao:
(C-Cni)(1 + ni′ ) = 𝐶
𝑑𝑜𝑛𝑑𝑒,
𝐶(1 − 𝑛𝑖)(1 + 𝑛𝑖 ′ ) = 𝐶 ⇒ (1 − 𝑛𝑖)(1 + 𝑛𝑖 ′ ) = 1
𝑖
Dividindo por n vem 𝑖 ′ − 𝑖 − 𝑛𝑖𝑖 ′ = 0 ⇒ 𝑖 ′ (1 − 𝑛𝑖) = 𝑖 ⇒ 𝑖 ′ = 1−𝑛𝑖

Conclui-se que a taxa real é variável com o prazo n não havendo alteração na taxa de juro
contratada. Sendo que quando maior for n, maior a diferença entre taxa de desconto e à
taxa contratada.
𝑖
𝑑𝑐𝑠 =
1 − 𝑛𝑖
Exemplo 7.7:
Foi contratada um emprestimo de 1.000, por um ano, com juros antecipados calculados à
taxa anual de 20%. Calcule:

a) O montante de juros suportados pelo mutuário.


b) O montante recebido pelo mutuário no momento do empréstimo.
c) O montante que o mutuário deve entregar ao mutuante no final do prazo do
empréstimo.
d) A taxa de juro realmente suportada pelo mutuário.

7.1.1.3. - Relaçao entre os descontos comercial simples e


racional

Do exposto nas secções anteriores ficou claro que, do ponto de vista “teorico”, o desconto
racional simples é o “mais correcto” que o desconto comercial simples. Isto é evidente
pois a sua taxa coincide com a taxa de juros simples.

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Dc = N .i.n
Dc
= 1 + i.n
ou Dr

N .i.n
Dr =
(1 + i.n)

Exemplo 7.9
Considere o capital de 1.000 u.m., com vencimento daqui a um ano.
a. Assumindo a taxa anual de 20%, pretende-se que determine o capital que lhe é
equivalente, hoje,
1. Em regime de juro simples, solução comercial
2. Em regime de juro simples, solução racional
b. Verifique o que acontece se capitalizar, em regime de juro simples, os valores
obtidos em a1) e a2) à mesma taxa anual de 20%, durante o mesmo prazo de um
ano. Que conclusão pode tirar?

Limite de aplicabilidade Teorico do Desconto Comercial simples


Como se compreende, na prática não é possivel a utilização do desconto comercial
simples em situações como estas. De facto, ele só é aplicável em operações de prazo curo
e/ou taxa baixa. Em operações de prazo dilatados e/ou taxa elevada conduz a valores
“impossiveis”, sem qualquer possibilidade de aplicabilidade prática.
Na verdade o desconto comercial simples apresenta um limite de aplicabilidade teórica,
que é dado por 1 ou mesmo que 1
n= i=
i n

Exemplo 7.10
O Sr. João tem uma divida de 1.000 u.m., para com o Sr. António. Foi acordada a taxa de
juro anual de 25%. Determine o valor que o Sr. João deveria pagar hoje ao Sr. António,
admitindo os seguintes cenários:
a) Faltam 4 anos para o vencimento
b) Faltam 5 anos para o vencimento

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7.1.2. – Desconto Racional Composto

O princípio do Desconto Racional Composto é o mesmo do Desconto Racional Simples,


sendo que agora a modalidade utilizada é a do juro composto.
Na prática, em que se tratando de operações com juro composto, utiliza-se apenas o
Desconto Racional.
Assim para actualizar um capital c, basta dividi-lo por (1 + 𝑖)𝑛 ou, o que é o mesmo,
multiplica-lo por (1 + 𝑖)−𝑛 , que é precisamente o factor de actualização de um capital
único em regime de juro composto, segundo a solução racional.

N N [(1 + i ) n − 1]
Drc = N − Vrc = N − =
(1 + i) n (1 + i ) n
Fórmulas de Desconto Racional Composto
A única diferença do Desconto Racional Composto em relação ao Desconto Racional
Simples diz respeito apenas ao regime de juros, o princípio é o mesmo.
1) 𝑁 = 𝑉𝑟𝑐(1+. 𝑖)𝑛
2) 𝑁 = 𝑉𝑟𝑐 + 𝐷𝑟𝑐
1
3) Drc = 𝑁 [1 − ] 𝑜𝑢 𝐷𝑟𝑐 = 𝑁[1 − (1 + 𝑖)−𝑛 ]
(1 + 𝑖)𝑛
Taxa “real” em desconto racional composto
A taxa “real” associada ao desconto racional composto, será 𝑑𝑟𝑐 , necessariamente igual
a i. De facto, 𝑑𝑟𝑐 será a taxa tal que, aplicada ao capital 𝑉𝑟𝑐 , resulte no capital c, após n
periódos de capitalização em regime de juro composto, ou seja:

𝑉𝑟𝑐 (1 + 𝑑𝑟𝑐 )𝑛 = 𝐶
𝐶(1 + 𝑖)−𝑛 (1 + 𝑑𝑟𝑐 )𝑛 = 𝐶
(1 + 𝑖)−𝑛 (1 + 𝑑𝑟𝑐 )𝑛 = 1
1
(1 + 𝑑𝑟𝑐 )𝑛 =
(1 + 𝑖)−𝑛
(1 + 𝑑𝑟𝑐 )𝑛 = (1 + 𝑖)𝑛
𝑑𝑟𝑐 = 𝑖
Pelo que a equivalência segundo o desconto racional composto é perfeita.

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7.1.3. Equações de Equivalência

A abordagem sobre o quadro geral da equivalência de capitais e deduzidas as formas


necessarias, estamos em condições para poder avançar e estabelecer equivalência entre
dois ou mais capitais. Reforça-se que os factores de equivalência permitem capitalizar ou
actualizar um capital único nos regimes ja estudados (juro simples e juro composto) e no
caso de actualização, segundo cada uma das abordagens (comercial ou racional). Esta
necessidade como é sabido resulta do “valor temporal o dinheiro” que obriga a que para
operar e/ou comparar capitais, eles estejam reportados a um mesmo momento.

Na matemática financeira, qualquer diferimento nos pagamentos contempla a contagem


de juros a favor do credor e qualquer antecipação de pagamento contempla a contagem
de juros a favor do devedor. Deriva do princípio da variabilidade dos valores dos capitais
em função do tempo; significa isto que as situações de juro nulo não podem ser tratadas
na base dos princípios da matemática financeira.

Este princípio origina, como consequência, que qualquer operação sobre dois ou mais
capitais obriga a referi-los ao mesmo momento.
Assim, dois (ou mais) capitais, com datas de vencimento diferentes são ditos capitais
equivalentes quando, transportados para uma mesma data, à mesma taxa, produzirem,
nessa data, valores iguais.

 Data focal: data base de comparação dos valores diferidos.


 Idênticas condições: mesmo critério de desconto e mesma taxa de juro.

A data para a qual os capitais serão transportados é chamada data focal. No regime de
juros simples, a escolha da data focal influencia a resposta do problema. Isto significa que
definida uma taxa de juro, e a forma de cálculo (se racional ou comercial), dois capitais
diferentes, em datas diferentes, podem ser equivalentes, se transportados para uma certa
data, e podem não ser equivalentes, se transportados para uma outra data, mesmo
mantendo-se todas as outras condições do problema.

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A fim de fazer o transporte de um capital para a data focal, destaca-se dois casos:

• 1º Caso: o capital está localizado em data posterior à data focal.

Data focal

Capital

Nesse caso, deve-se encontrar o valor actual do capital na data focal, fazendo uso da
fórmula do valor actual (racional ou comercial, conforme o caso).

• 2º Caso: o capital está localizado em data anterior à data focal.

3 meses

Data focal
50.000

Nesse caso, deve-se encontrar o valor futuro do capital, fazendo uso da fórmula do valor
nominal (racional ou comercial, conforme o caso).

A expressão da equivalência depende do regime de capitalização considerado, e designa-


se por EQUAÇÃO DO VALOR ou EQUAÇÃO DE EQUIVALÊNCIA. Desde logo, a equação de
valor assume uma importância fundamental em Cálculo Financeiro.

A Equação de valor ou equação de equivalência: matematicamente representa a equação


do problema dos capitais envolvidos, devidamente reportados a esse momento comum (a

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data focal), de acordo com o regime (juro simples ou juro composto) e, no caso de ser
necessário actualizar capitais, a abordagem (comercial ou racional) adoptados.

Assim, em função da data comum (focal) estabelecida e dos vencimentos iniciais dos
capitais envolvidos podemos ter uma operação de equivalência em que seja necessario:

• Actualizar todos os capitais


• Capitalizar todos os capitais
• Actualizar alguns capitais e capitalizar outros

São igualmente possivel que um ou mais capitais não necessitem de ser capitalizados ou
actualizados – desde que o seu vencimento coincida com a data focal estabelecida ou
escolhida.
Então podemos ter três tipos:
1. Equivalência entre dois capitais
2. Equivalência entre um capital e um conjunto de capitais
3. Equivalência entre dois conjuntos de capitais

Este último acaba também abrangendo os dois anteriores.


O valor de cada conjunto de capitais, num dado momento, corresponde à soma dos valores
de cada um desses capitais nesse mesmo momento e pode constituir:
• a soma dos valores actuais ou descontados de todos os capitais desse conjunto se
os vencimentos de todos eles forem posteriores ao momento de referência;
• a soma dos valores capitalizados de todos os capitais se os vencimentos de todos
eles forem anteriores ao momento de referência;
• a soma dos valores capitalizados dos capitais com vencimentos anteriores ao
momento de referência, acrescida da soma dos valores actuais dos capitais com
vencimento posteriores ao momento de referência.
De salientar que numa equação de valor estão sempre presentes as três variáveis
fundamentais do Cálculo Financeiro: capital, tempo e taxa. Estas variáveis podem
representar uma das incógnitas da equação de valor para serem calculadas – um capital,
um prazo ou uma taxa.

A formulação e interpretação correcta do problema e fazendo recurso de algumas


ferramentas ja estudadas facilita a visualização para uma melhor solução. No fundo,
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qualquer equação de valor deve ser elaborada respondendo a três questões de formal
sequencial: o que, quando, como.

O que? Entre que capital ou capitais, por um lado (1º membro da equação) e que capital
ou capitais, por outro (2º membro da equação), se pretende estabelecer a equivalência?

Quando? Para que data se pretende estabelecer a equivalência (isto é, qual é a data focal
da operação de equivalência)?

Como? De que forma se pretende operar ou realizar a equivalência?

7.1.4. Taxa Média, capital comum, vencimento


comum e vencimento médio

Suponha que existam varios capitais aplicados por diferentes lapsos de tempo a taxas de
juro diferenciados, designa-se por taxa média a taxa única ou taxa comum que
substituindo todas as outras produz igual quantitativo de juros.

Capitais aplicados: 𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 , . . . 𝐶𝑘
Prazos de aplicação (períodos): 𝑛1 , 𝑛2 , 𝑛3 , . . . 𝑛𝑘
Taxas de Juros: 𝑖1 , 𝑖2 , 𝑖3 , . . . 𝑖𝑘

Então teremos:

O juro da aplicação será:

𝐶1 . 𝑖1 . 𝑛1 + 𝐶2 𝑖2 . 𝑛2 + 𝐶3 𝑖3 . 𝑛3 +. . . +𝐶𝑘 𝑖𝑘 . 𝑛𝑘

Por outro lado, o juro a uma taxa única i dos capitais


𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 , . . . 𝐶𝑘 , será:

(𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 +. . . +𝐶𝑘 )𝑖. 𝑛

É tal que os juros têm de ser iguais, isto é,


𝐶1 . 𝑖1 . 𝑛1 + 𝐶2 𝑖2 . 𝑛2 + 𝐶3 𝑖3 . 𝑛3 +. . . +𝐶𝑘 𝑖𝑘 . 𝑛𝑘 = (𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 +. . . +𝐶𝑘 )𝑖. 𝑛

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Donde,
𝐶1 . 𝑖1 + 𝐶2 𝑖2 + 𝐶3 . 𝑖3 +. . . +𝐶𝑘 𝑖𝑘
𝑖=
𝐶1 + 𝐶2 , 𝐶3 +. . . +𝐶𝑘

A taxa i é única e substitui as taxas anteriores, e, portanto, chamamos de taxa média a


juros simples.

Caso o regime de juro seja composto teremos:


𝐶1 (1 + 𝑖1 )𝑛1 + 𝐶2 (1 + 𝑖2 )𝑛2 + 𝐶3 (1 + 𝑖3 )𝑛3 +. . . +𝐶𝑘 (1 + 𝑖𝑘 )𝑛𝑘 =
= 𝐶1 (1 + 𝑖)𝑛1 + 𝐶2 (1 + 𝑖)𝑛2 + 𝐶3 (1 + 𝑖)𝑛3 +. . . +𝐶𝑘 (1 + 𝑖)𝑛𝑘

Ou

𝑘 𝑘
𝑛𝑝
∑ 𝐶𝑝 . (1 + 𝑖𝑝 ) = ∑ 𝐶𝑝 . (1 + 𝑖)𝑛𝑝
𝑝=1 𝑝=1

O primeiro membro tem um valor perfeitamente determinado e designemo-lo por X;


portanto.
𝑘

𝑋 = ∑ 𝐶𝑝 . (1 + 𝑖𝑝 )𝑛𝑝
𝑝=1

O segundo membro transforma-se na segujnte expressão:


𝐶1 𝐶2 𝐶𝑘−1
(1 + 𝑖)𝑛𝑘 [ 𝑛 −𝑛
+ 𝑛 −𝑛
+. . . + + 𝐶𝑘 ]
(1 + 𝑖) 𝑘 1 (1 + 𝑖) 𝑘 2 (1 + 𝑖)
Assim, vem

𝑋 𝐶𝑘−1 𝐶𝑘−2 𝐶1
𝑛
= 𝐶𝑘 + + 2
+. . . +
(1 + 𝑖) 𝑘 (1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖)𝑛𝑘−𝑛1

Finalmente
𝐶𝑘−1 𝐶𝑘−2 𝐶1 𝑋
0 = 𝐶𝑘 + + 2
+. . . + −
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖) 𝑘 1 (1 + 𝑖)𝑛𝑘
𝑛 −𝑛

Que é a expressão apropriada para aplicação em programas informáticos.

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Capital Comum
Para um conjunto de capitais, com um vencimento de referência t e a taxa de juro i, o
valor do Capital Comum (Cc) é dado pela expressão:

𝐶𝑐 (𝑛) = ∑ 𝐶𝑘 (1 + 𝑖)𝑛−𝑛𝑘
𝑘=1

Capital único que substitui um conjunto de capitais.


São conhecidos:
• Os valores e as datas de vencimento dos capitais a substituir
• A data de vencimento do capital comum
• A taxa a que será efectuada a equivlência
• A data focal da operação de equivalência
Pretende saber-se:
• O valor do capital comum para que haja equivalência entre ele e o conjunto de
capitais a substituir.

Vencimento Comum
Para um conjunto de capitais Ck, com um Capital Comum (Cc) e taxa de juro i, o valor do
Vencimento Comum (n) é:

▪ O momento de tempo no qual o capital comum (Cc) é equivalente


àquele conjunto de capitais, sendo determinado da seguinte forma:

𝑚 𝑚
𝑛−𝑛𝑘
𝐶𝑐 (𝑛) = ∑ 𝐶𝑘 (1 + 𝑖) ⇔ 𝐶𝑐 (𝑛) = (1 + 𝑖) ∗ ∑ 𝐶𝑘 (1 + 𝑖)−𝑛𝑘
𝑛

𝑘=1 𝑘=1

São conhecidos:
• Os valores e as datas de vencimento dos capitais a substituir
• O valor do capital comum
• A taxa a que será efectuada a equivlência
• A data focal da operação de equivalência
Pretende saber-se:
• A data de vencimento do capital comum para que haja equivalência entre ele e o
conjunto de capitais a substituir.

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Exemplo 7.11:
Considere-se um conjunto de 3 capitais com valor nominal de 500 u.m., 1.000 u.m e 1.500
u.m., com vencimento daqui a 1, 2 e 3 anos, respectivamente. A taxa de juro anual efectiva
de 5%, pretende-se substituir estes 3 capitais por um único de 2.750 u.m. que lhes seja
equivalente. Determine a data de vencimento deste capital.

Vencimento Médio
Caso particular em que:
O valor do Capital Comum no momento tm é o somatório do valor nominal dos
capitais Ck.

Deste modo para um conjunto de capitais Ck, e os respectivos vencimentos tke taxa de
juro i,
O valor do Capital Comum no Vencimento Médio Cc(tm) é:

𝐶𝑐 (𝑡𝑚 ) = ∑ 𝐶𝑘
𝑘=1

O valor do Vencimento Médio (tm) é:


O momento de tempo no qual o capital comum é equivalente àquele conjunto de capitais,
sendo determinado da mesma forma que o vencimento comum.

Saldo Médio
O conceito de saldo médio é bastante usual na maioria das instituições financeiras,
principalmente no fornecimento de crédito aos clientes através de empréstimos de curto
ou médio prazo, cartões de crédito, etc. Para definir o valor dessas linhas de crédito
geralmente utiliza-se o saldo médio da conta corrente.
Suponhamos que temos os saldos 𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 , . . . , 𝐶𝑘 , duranteos prazos 𝑛1 , 𝑛2 , 𝑛3 , . . . , 𝑛𝑘 .

A fórmula do saldo médio é definida por:


𝐶1 . 𝑛1 + 𝐶2 𝑛2 + 𝐶3 𝑛3 +. . . +𝐶𝑘 . 𝑛𝑘
𝑆𝑚 =
𝑛1 + 𝑛2 + 𝑛3 +. . . +𝑛𝑘
ou

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∑𝐾
𝑗=𝑖 𝐶𝑗 . 𝑛𝑗
𝑆𝑀 =
∑𝐾
𝑗=1 𝑛𝑗

7.1.5. Análise Crítica das diferentes abordagens de


equivalência de capitais.
A importância da data focal do desconto simples

No final desta secção com suporte de exemplos pretende-se mostrar as fraquezas do


regime de juro simples (em especial, do desconto comercial simples) e a robustez do
regime de juro composto (em especial, do desconto racional composto), que fazem com
que, na prática:
1. O campo de aplicação do regime de juro simples seja sobretudo o curto prazo
2. O regime de juro composto seja o mais aplicado.

Em juros compostos, a determinação da data focal deixa de ter importância, pois qualquer
data focal que venha a ser utilizada leva o resultado da operação ao mesmo valor. Diz-se
que o regime de Juro Composto goza do Princípio de Cindibilidade.

No regime de juro simples, cada data de equivalência é única, dada determinada taxa.
Dito de outro modo, a equivalência só “vale” para uma data focal “de cada vez”, isto é
uma vez estabelecida a data focal da operação, a substituição dos capitais pode ser
efectuada em qualquer momento, desde que aquela data focal não se altere.
Uma referência apenas: como praticamente não se utiliza o desconto comercial composto,
muitas vezes diz-se apenas desconto por fora para significar desconto comercial simples,
desconto por dentro para significar desconto racional simples e desconto composto para
significar desconto racional composto.

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7.1.6. FACTORING

Factoring é uma actividade comercial mista atípica que corresponde à prestação de


serviços mais a compra de créditos (direitos creditórios) resultantes de vendas mercantis.
É fomento mercantil porque expande os activos de suas empresas-clientes, aumenta as
vendas das mesmas, elimina seu endividamento e transforma as vendas a prazo das
empresas em vendas à vista.

É a prestação contínua de serviços de alavancagem mercadológica, de avaliação de


fornecedores, clientes e sacados, de acompanhamento de contas a receber e de outros
serviços, conjugada com a aquisição de créditos de empresas resultantes de suas vendas
mercantis ou de prestação de serviços, realizadas a prazo.

FACTOR toma os créditos de curto prazo que um ADERENTE (fornecedor de bens e


serviços) tem sobre os DEVEDORES (os clientes do aderente).
A empresa de factoring (a Factor) paga os valores dos créditos nas datas de vencimento,
ou antecipadamente mediante a prestação de contragarantia se em certos casos aceita
negociar a assunção do risco de não pagamento.
Este sistema aperfeiçoado de cobranças permite receber muito mais rapidamente o valor
das vendas efectuadas, diminuindo as necessidades de financiamento e a carga
administrativa.
É necessário ponderar os custos e a exequibilidade deste instrumento de
financiamento a curto prazo.

Segundo o Instituto International Pour l’Unification du Droit Privé, só se concretiza


o factoring se ocorrer a combinação que inclua pelo menos dois dos seguintes
serviços:

- Prestação de serviços e apoio a pequenas e médias empresas do sector produtivo,


excluídas as actividades de consumo;
- Acompanhamento comercial e das contas a receber e a pagar;
- Exame da situação creditícia do comprador dos produtos;
- Cobrança;
- Selecção e avaliação de fornecedores;
-Outros serviços que venham a ser solicitados pela empresa-cliente; e
- Fornecimentos de recursos.

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Banco versus factoring
Factoring não é banco nem instituição financeira. Banco capta dinheiro, empresta
dinheiro e necessita da autorização do Banco Central para funcionar. Factoring presta
serviços e compra créditos. É uma sociedade mercantil.

Banco Factoring

É intermediário de crédito. De um Não faz operação de crédito. Trata-se


lado, ele é devedor pela aplicação da venda, à vista, de um bem móvel
feita pelos investidores (papel de crédito comercial) e de uma
(depositantes). É uma compra, à vista, em dinheiro, desse
exigibilidade. Uma operação bem móvel (recebível mercantil). Não é
passiva. É tomador de recursos mútuo.

Capta recursos de terceiros no Não capta recursos. Presta serviços e


mercado e empresta. Faz compra créditos (direitos). Opera com
intermediação de recursos de recursos não captados do público. Não
terceiros, da poupança popular. coloca em risco a poupança popular.

Em suas operações, remunera-se Sua remuneração não tem a natureza


com a cobrança de juros nem de juros, nem de desconto. É uma
(remuneração pelo uso do dinheiro venda e uma compra de bens móveis
durante determinado tempo). (papéis de crédito comerciais) que se
opera por intermédio de um preço.

Spread - Diferença entre o custo Factor – Precificação da compra de


de captação e o de aplicação dos créditos. Compõe-se de:
recursos coletados no mercado. - Custo de oportunidade dos recursos;
- Custos operacionais;
- Tributos;
- Expectativa de lucro e de risco.

Imposto sobre Operações ISS – Municipal – Sobre a comissão


Financeiras cobrada pela prestação dos serviços.
Imposto de Renda Imposto de Renda
Demais contribuições. Demais contribuições
Imposto sobre Operações Financeiras.

Fonte: LEMOS LEITE, Luiz. - Factoring no Brasil. São Paulo: Atlas, 2001.

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Devido ao seu carácter mercantil e não financeiro, as factorings só podem operar com
pessoas jurídicas, nunca com pessoas físicas. Isso porque não são instituições habilitadas
junto ao Banco Central para fazer empréstimos e sim prestar serviços comerciais.

Para se estabelecer o FACTOR, ou seja, o preço de compra em uma empresa de factoring,


leva-se em conta itens como:
- Custo-oportunidade de capital próprio;
- Custo do financiamento;
- Custos fixos;
- Custos variáveis;
- Impostos;
- Despesas de cobrança; e
- Expectativas de lucro e de risco.

O prazo para sinalizar ao cliente o cálculo do FACTOR é baseado no CDB (Certificados


de Depósitos Bancários), título emitido por instituições financeiras com taxas de juros
pré-fixadas por 30 dias e pós-fixadas para prazos superiores a 90 dias. O contrato de
fomento comercial define os direitos e deveres de ambas as partes e é elaborado logo que
aprovado o cadastro ou registo do cliente.

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8. Rendas Financeiras

8.1. Introduça o

O conceito de renda é utilizado no nosso quotidiano, muito mais do que nós imaginamos.
A abordagem do conceito de rendas financeiras é feita no regime de juro composto e,
quando relevante, a solução racional.
Uma renda, em cálculo financeiro ou matemática financeira é um conjunto finito ou
infinito de valores com vencimento (equidistantes) de periodicidade certa, ou seja, valores
que são pagos ou recebidos com intervalos de tempo constantes.
Por exemplo, o pagamento de um empréstimo para habitação faz-se habitualmente através
de pagamentos com periodicidade constante, em geral num determinado dia de cada mês.
Pode, pois, ser considerado uma renda em termos de matemática financeira - os
recebimentos dos juros de um depósito em regime de juros simples, se o intervalo do seu
vencimento for constante, é também considerado uma renda.
Muitas das operações financeiras envolvem a utilização de rendas, nomeadamente para o
pagamento ou amortização de empréstimos ou investimentos. Os cálculos do valor de
cada prestação (que em matemática financeira se designa por termo), da taxa de juro
associada ou do número de prestações necessárias, são baseados nos princípios
apresentados nos pontos sobre capitalização e actualização em regime de juro composto.

O pagamento parcelado possui uma grande variedade de tipos, podendo ser efectuado em
várias prestações sequencialmente, ou existindo um período de carência para o início dos
pagamentos, ou ser paga em períodos não sequênciais, etc., dependendo do acordo
ajustado entre as partes: o devedor e o credor. O que não diferencia em todos os tipos de
Rendas e que sempre haverá a incidência de juros, proporcional ao tempo e/ou ao número
de prestações.

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Objectivos do capítulo
No final deste capítulo deverá ser capaz de:
- compreender quando é que um conjunto de capítais pode ser considerado uma renda;
- descrever o comportamento das diversas séries de pagamento;
- compreender porque é que em termos práticos, a importância reside nas rendas inteiras
(as rendas fraccionadas são transformadas em inteiras, através da previa conversão da
taxa);
- Reportar o valor de uma renda a qualquer momento;
- compreender os conceitos de valor acumulado e do valor actual de uma renda;
- calcular qualquer variável envolvida nas rendas, conhecidas as restantes.

8.2. Conceitos Fundamentais

RENDA = Sucessão de capitais que se vencem periódicamente sendo o intervalo de


tempo entre períodos constante;
TERMO da renda, T = é cada um dos capitais da sucessão. T1, T2, T3 …Tn;
PERÍODO da renda, n = intervalo de tempo constante que separa ou medeia os
vencimentos consecutivos.

Momentos relevantes da vida de uma renda:

Momento zero – em que se convenciona a constituição da renda, podendo


esta começara a produzir-se imediatamente ou não (renda
imediata ou renda diferida).

Momento w - de início do primeiro período da renda.


Prazo de diferimento (o;w) decorre desde a constituição
da renda até que começa a produzir-se.

Momento w + n fim do último período da renda quando esta tem n termos e


é diferida de w períodos.

Renda de termos constantes = T1=T2=T3=T4……=Tn

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Renda de termos variáveis· = T1; T2; T3; T4…… Tn, os termos variam de acordo com
uma lei conhecida (progressão aritmética, progressão
geométrica etc) ou não

Renda anual - chama-se aos termos anuidades


Renda semestral - chama-se aos termos semestralidades
Renda mensal - chama-se os termos mensalidade, etc.

Simbologia
Nas operações com Rendas financeiras será utilizada a seguinte simbologia:
T ou t – Termos da Renda
A – Valor Actual.
S – Montante.
i – Taxa de Juros.
n – Número de Termos.

Informações importantes:
• As operações com Rendas utilizam juros compostos.
• O Valor acumulado de uma Renda (S) fica na “altura” do último termo.
• O Valor Actual (A) de uma Renda corresponde à soma dos Valores Actuais de
seus Termos.
• Numa renda é importante conhecer o momento em que ocorre o primeiro termo,
tendo em vista situar o momento que passamos a designar por origem ou
referência da renda.

8.3. Classificaça o das rendas

As rendas podem classificar-se segundo diferentes ópticas:


a) quanto ao número de termos: temporárias (n finito) ou perpétuas ( n infinito)

b) quanto à sua dependência de factores aleatórios: certas (se a disponibilidade de


todos os termos é absoluta) ou incertas ( se o vencimento dos termos está condicionado
por qualquer factor aleatório).

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c) Quanto ao momento a que são referidos os seus valores actuais: imediatas (se o seu
valor actual é referido a um momento que coincide com o inicio do seu primeiro periodo)
ou diferidas ( se o valor actual se refere a um momento anterior ao inicio do seu primeiro
periodo)

d) Quanto à relação entre o periodo da renda e o da taxa: rendas inteiras (quando o


periodo da renda e o da taxa coincidem) ou rendas fraccionadas (quando o periodo da
renda e o da taxa não coincidem)

e, os termos da renda também se poderão classificar:

1) quanto ao momento de vencimento: termos normais ou postecipados (quando se


vencerem no final do periodo a que dizem respeito) ou termos antecipados (quando se
vencerem no início do periodo a que correspondem)

2) quanto ao seu valor: termos constantes (se todos tiverem o mesmo valor) ou termos
variáveis (se o valor dos termos for desigual- a variação poderá obedecer a uma certa lei
matemática: progressão aritmética ou geométrica- ou não).

Esquema das Rendas


Postecipas

Imediatas
Antecipadas
Constantes Postecipas
Temporárias Diferidas
Variáveis
Períodicas Antecipadas
Certas Perpétuas

Não-períodicas
Rendas
Aleatórias

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Quadro resumo da Classificação

Critério Classificação da Renda Definição


Constante Os termos são iguais
1 Variabilidade dos termos
Variável (PA ou PG) Dois ou mais termos são diferentes
Temporária Existe um número definido de termos
2 Nº de termos
Perpétua Existe um número indefinido de termos
Inteira Os períodos são iguais
3 Período da renda e da i (taxa)
Fraccionada Os períodos são diferentes
Localização do vencimento em cada Postecipada (normal) O termos vencem no fim de cada período
4
período Antecipada Os termos vencem no início de cada período
Diferimentos (Nota: Importa saber 1º Imediata No período de referência há vencimento
5
localização do vencimento) Diferida No período de referência não há vencimento
Incerta Depende de factores aleatórios
6 Contingência
Certa Não depende de factores aleatórios
Remuneração Pagamento/recebimento de uma quantia
7 Objectivo de constituição Amortização Eliminar uma dívida contraída
Acumulação Acumular uma quantia
A classificação em negrito é a mais simples de ser analisada.

Exemplo:

• Salário auferido por um trabalhador durante um determinado tempo;


• Propina paga na Universidade.

Período Vs Momento
Período Momentos Acontecimento
Zero Período de referência Momento de referência Contrato
Primeiro Período do 1º vencimento Momento do 1º vencimento 1º Pagamento
Último Período do último vencimento Momento do último vencimento Último pagamento

Fazer pequenos momentos grandes instantes

Modo de resolução dos problemas apresentados


Passos para resolução de um problema básico:
Retirar os seguintes dados dos exercícios
- Termo (s)

- Nº de termos
- Taxa de juro
Saber o que se pretende determinar
2º - Valor actual
- Valor acumulado
3º Analisar a fórmula a aplicar (classificação)
4º Aplicação da fórmula

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8.4. Estudo das rendas

Por via de regra, e salvo excepções, no estudo das rendas interessa-nos conhecer o seu
valor num de dois momentos de referência:

a) - valor actual, ou seja, o valor da renda reportado ao momento zero, que coincide com
o início do primeiro periodo da renda se esta é imediata ou a um momento anterior se a
renda é diferida. An

b) - valor acumulado, ou seja, o montante capitalizado por uma renda no fim do seu
último periodo como a determinação daqueles valores vai depender da classificação da
renda e da natureza dos seus termos, torna-se necessário desenvolver e determinar os
respectivos algoritmos caso a caso Sn

8.5. Rendas temporárias, certas, imediatas e inteiras


8.5.1. - de termos normais (ou postcipados) e constantes

Modelo Básico da uma Renda Financeira ou Série Uniforme de Pagamento


Trata-se da renda mais simples e que, como tal, irá servir de referência para todas as
restantes.
Por modelo básico de uma renda financeira de pagamentos entendemos as séries que são
simultaneamente: temporárias, periódicas, certas, imediatas e postecipadas e que a taxa
seja referida ao mesmo período dos pagamentos. As séries uniformes postecipadas são
aquelas em que o primeiro pagamento ocorre no momento 1 da série (0+n).

8.5.1.1. Cálculo do valor actual

O valor actual desta renda, que vamos simbolizar por:


𝑨𝒏 ¬ expresssão que simboliza o valor actual de uma renda, temporária, certa, imediata e inteira, de n termos
normais e constantes (podem ser unitários).

Para quaisquer outros termos constantes que não são unitários, terá de ser multiplicada por essa constante.

Para calcular o valor actual da renda basta somar o valor de todos os termos, depois de
actualizados para o momento zero (zero = actual, por convenção), à taxa de juro i
𝑇
estipulada, ou seja: 𝐴𝑛 ¬= 𝑖 [1 − (1 + 𝑖)−𝑛 ].
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Observe-se o seguinte quadro:
Termo nº Data de vencimento Nº de periodos de Valor acual de cada termo
do termo actualização (anos) (reportados à origem)
1 1 1 t(1+i) -1
2 2 2 t(1+i) -2
3 3 3 t(1+i) -3
.... ... ... ....
n-1 n-1 n-1 t(1+i) -(n-1)
N n n t(1+i) -n
Soma = An¬

Considera-se uma renda composta por n termos anuais de t unidades cada (constantes,
portanto), aos quais estão associados juros compostos à taxa anual efectiva i. Admitamos
também por generalidades que o primeiro termo ocorre no final do primeiro periodo
(ano). Assim estamos perante uma renda temporária, inteira, imediata, de termos normais
e constantes.

1 1 1 1 1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝐴𝑛 ¬= 1 [ + +. . . + + ]=[ ]
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖)2 (1 + 𝑖)𝑛−1 (1 + 𝑖)𝑛 𝑖
Ou
𝐴𝑛 ¬= 𝑇(1 + 𝑖)−1 + 𝑇(1 + 𝑖)−2 + 𝑇(1 + 𝑖)−3 +. . . +𝑇(1 + 𝑖)−(𝑛−1) + 𝑇(1 + 𝑖)−𝑛

Na realidade estamos diante uma equação de equivalência.


Existem neste caso três perguntas para serem feitas para obter as respectivas
respostas:
1. O quê?
A equivalência por um lado entre o capital An¬, com vencimento no momento
0; por outro lado, os n capitais de t u.m., cada, com vencimento nos momentos
1, 2, ..., n.

2. Quando? Para o momento 0.


3. Como? É regime de juro composto
Analisando a equação, verificamos que a soma que constitui o seu 2º membro é a soma
dos termos de uma progressão geométrica assim definida.

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• 1º termo = 𝑡(1 + 𝑖)−𝑛
• Número de termos = n
• Razão = (1+i)
Como sabemos, a soma dos n termos de uma progressão geometrica de razão r e cujo
primeiro termo é t1 é genericamente dada por
𝑟𝑛 − 1
𝑆𝑃𝐺 = 𝑇1
𝑟−1
Assim, neste caso, temos
(1+𝑖)𝑛 −1
𝐴𝑛 ¬= 𝑇(1 + 𝑖)−𝑛 . (1+𝑖)−1

Ou seja,
[(1 + 𝑖)𝑛 − 1]
𝐴𝑛 ¬= 𝑇(1 + 𝑖)−𝑛 .
𝑖
Donde,
[(1 + 𝑖)𝑛 − 1]
0
𝐴𝑛 ¬= 𝑇(1 + 𝑖) .
𝑖
E finalmente
1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝐴𝑛 ¬= 𝑇
𝑖

A epressão do valor actual de uma renda de termos


Valor actual de uma renda temporária,
constantes: inteira, imediata, de n termos normais e
constantes no valor de T, à taxa i.

(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝐴𝑛 ¬= 𝑇 [ ]
(1 + 𝑖)𝑛 . 𝑖

1−(1+𝑖)−𝑛
O valor de é reportado em tabelas financeiras para diferentes valores de n e i e
𝑖

representa-se por pelo simbolo 𝑎𝑛 ¬𝑖.


Factor de actualização de uma renda composta por n
termos (capitais) de valor unitário à taxa i (reporta o
1−(1+𝑖)−𝑛 valor de todos esses n termos à origem, ou seja, ao
𝑎𝑛 ¬𝑖 = 𝑖 momento que fica situado 1 período antes do
vencimento do primeiro desses termos).

O valor actual de uma renda constituida por n termos constantes no valor de T unidades
monetárias cada pode, então, ser simbolicamente representada por 𝐴𝑛 ¬= 𝑇𝑎𝑛 ¬𝑖.

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𝟏−(𝟏+𝒊)−𝒏
• Estudo da função 𝒂𝒏 ¬𝒊 =
𝒊
1−(1+𝑖)−𝑛
A função 𝑎𝑛 ¬𝑖 = depende somente de duas variáveis: i e n. Logo, o
𝑖

comportamento destas variáveis é importante.

o Em relação a variável i (assumindo n constante)


É simples perceber que é uma função que se comporta de forma decrescente em relação
a variável i.
o Em relação a variável n (assumindo i constante)
Da mesma forma podemos rapidamente perceber que a função é crescente em relação a
variável n. Na verdade, quanto mais termos houver, a uma dada taxa (i constante), maior
será a soma dos seus valores actuais.
Contudo, deve perceber-se que o valor actual de cada termo vai diminuindo à medida que
n aumenta. A função 𝑎𝑛 ¬𝑖 (com i constante) apresentará, pois, uma assimptota (valor
limite que nunca é ultrapassado). De facto, quando 𝑛 → ∞, temos.

1 − (1 + 𝑖)−∞
𝑎∞ ¬𝑖 =
𝑖
1
Donde, 𝑎∞ ¬𝑖 = 𝑖

Calculos relacionados com o valor actual


1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝐴𝑛 ¬= 𝑇
𝑖
Dado que são quatro variáveis envolvidas, podemos deparar-nos com a necessidade de
obter qualquer uma delas:

1. Qual o valor actual, 𝐴𝑛 ¬, de um certo número de termos, n¸de T unidades cada,


a uma dada taxa, i.
2. Qual o valor de cada termo, T, sabendo que n termos de T unidades cada
conduzem ao valor actual 𝐴𝑛 ¬, à taxa i.
3. Qual o número de termos, n, de T unidades monetárias cada que, a taxa i,
conduzem ao valor actual 𝐴𝑛 ¬, a uma dada taxa, i.
4. Qual a taxa, i, que aplicada a um certo número de termos, n, de T unidades
monetárias cada que, à taxa i, conduzem ao valor actual 𝐴𝑛 ¬.

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8.5.1.2. Cálculo do valor acumulado

Para calcular o valor acumulado da renda, teremos de somar os valores capitalizados ou


acumulados de todos os termos para o momento n, ou seja, o fim do periodo do último
termo da renda, à taxa de juro convencionada, i, pelo que teremos:
𝑆𝑛 ¬: expresssão que simboliza o valor acumulado de uma renda, temporária, certa, imediata e inteira, de n
termos normais e constantes (podem ser unitários).
Para quaisquer outros termos constantes que não sejam unitários, terá de ser multiplicada por essa constante.

Observa-se a tabela seguinte:


Termo nº Data de vencimento Nº de periodos de Valor acual de cada termo
do termo actualização (anos) (reportados à origem)
1 1 n-1 T(1+i) n-1
2 2 n-2 T(1+i) n-2
3 3 n-3 T(1+i) n-3
.... ... ... ....
n-2 n-2 2 T(1+i)2
n-1 n-1 1 T(1+i)1
n N 0 T(1+i) t = T
Soma = Sn¬

(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑆𝑛 ¬= 1[(1 + 𝑖)𝑛−1 + (1 + 𝑖)𝑛−2 +. . . +(1 + 𝑖) + 1] = [ ]
𝑖
Ou seja
𝑆𝑛 ¬= 𝑇(1 + 𝑖)𝑛−1 + 𝑇(1 + 𝑖)𝑛−2 + 𝑇(1 + 𝑖)𝑛−3 +. . . +𝑇(1 + 𝑖)2 + 𝑇(1 + 𝑖)1 + 𝑇
Na realidade estamos diante de uma equação de equivalência.
Analisando a equação, verificamos que a soma que constitui o seu 2º membro é a soma
dos termos de uma progressõ geometrica assim definida.
• 1º termo = 𝑇
• Número de termos = n
• Razão = (1+i)
Como sabemos, a soma dos n termos de uma progressão geometrica de razão r e cujo
primeiro termo é T1 é genericamente dada por
𝑟𝑛 − 1
𝑆𝑃𝐺 = 𝑇1
𝑟−1

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Assim, neste caso, temos
(1+𝑖)𝑛 −1
𝑆𝑛 ¬= 𝑇 (1+𝑖)−1

Ou seja,
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑆𝑛 ¬= 𝑇 Valor acumulado de uma renda temporária,
𝑖 inteira, imediata, de n termos normais e
constantes no valor de T, à taxa i.
(1+𝑖)𝑛 −1
O valor de é reportado em tabelas financeiras
𝑖

para diferentes valores de n e i e representa-se por pelo simbolo 𝑆𝑛 ¬𝑖.


Então,
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑆𝑛 ¬𝑖 =
𝑖 Factor de capitalização de uma renda composta por n termos
(capitais) de valor unitário à taxa i (reporta o valor de todos esses n
termos ao momento de vencimento do último).
O valor acumulado de uma renda
constituida por n termos constantes no
valor de T unidades monetárias cada pode, então, ser simbolicamente representada por
𝑆𝑛 ¬= 𝑇𝑆𝑛 ¬𝑖.

(𝟏+𝒊)𝒏 −𝟏
• Estudo da função 𝑺𝒏 ¬𝒊 =
𝒊
(1+𝑖)𝑛 −1
A função 𝑆𝑛 ¬𝑖 = depende somente de duas variáveis: i e n. Logo, o
𝑖

comportamento destas variáveis é importante.


o Em relação a variável i (assumindo n constante)
É simples perceber que é uma função que se comport de forma crescente em relação a
variável i. Na realidade não há dúvida que quanto mais elevada for a taxa, para um dado
número de termos, n, maior será o valor acumulado por todos esses termos.

o Em relação a variável n (assumindo i constante)


Da mesma forma podemos rapidamente perceber que a função é crescente em relação a
variável n. Na verdade, quanto mais n termos houver, a uma dada taxa (i constante), maior
será a soma dos seus valores acumulados por todos esses termos.
Deve referir-se que, apesar de n ser uma variável discreta (uma vez que n representa o
número de termos, só pode tomar um valor inteiro positivo), nas análises que se segue
será tratada como variável contínua, o que não prejudica em nada essas análises.

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Calculos relacionados com o valor acumulado
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑆𝑛 ¬= 𝑇
𝑖
Dado que são quatro variáveis envolvidas, podemos deparar-nos com a necessidade de
obter qualquer uma delas:
1) Qual o valor acumulado, 𝑆𝑛 ¬, de um certo número de termos, n¸de
T unidades cada, a uma dada taxa, i.
2) Qual o valor de cada termo, T, sabendo que n termos de T
unidades monetárias cada conduzem ao valor acumulado𝑆𝑛 ¬, à
taxa i.
3) Qual o número de termos, n, de T unidades monetárias cada que,
a taxa i, conduzem ao valor acumulado 𝑆𝑛 ¬, a uma dada taxa, i .
4) Qual a taxa, i, que aplicada a um certo número de termos, n, de T
unidades monetárias cada que, à taxa i, conduzem ao valor
acumulado 𝑆𝑛 ¬.
Valor acumulado de uma renda de termos
Comparando as duas expressões, fácilmente se conclui constantes é igual à capitalização do valor actual
da renda, à mesma taxa, durante n períodos.
que existe uma relação directa entre as mesmas, que se
traduz:

𝑆𝑛 ¬= 𝐴𝑛 ¬𝑖(1 + 𝑖)𝑛

Valor actual de uma renda de termos


Ou seja, o valor actual capitalizado para o fim do último constantes é igual à actualização do
valor acumulado da renda, à mesma
periodo é igual ao valor acumulado pelos termos da renda. taxa, para a origem.

E, a inversa também é verdadeira.


𝐴𝑛 ¬= 𝑆𝑛 ¬𝑖(1 + 𝑖)−𝑛

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Exemplos de Rendas do Modelo Básico
(1) Um determinado bem está sendo vendido por nove prestações de 500,00 u.m.,
vencendo a primeira um mês após a compra. Considerando uma taxa de 2,5% ao mês,
determine o valor à vista desse bem.

(2) Caso você efectue 24 depósitos mensais e iguais de 300,00 u.m., em uma instituição
que pague juros de 1,5% ao mês, quanto disporá por ocasião do último deposito?

(3) Um determinado bem custa 10.000,00 u.m., à vista. Caso você queira adquirir esse
bem a prazo, para pagamento em 24 prestações mensais e iguais, vencendo a primeira um
mês após a compra, qual será o valor do pagamento com taxa de 3% ao mês.

(4) Caso você queira dispor de 10.000,00 u.m., daqui a seis meses, quanto deverá
depositar mensalmente em uma instituição financeira que pague juros de 2% ao mês para
que no último deposito obtenha a quantia desejada?

8.6. - Renda de termos antecipados e constantes

“Os termos da renda ocorrem nos INÍCIOS dos períodos de pagamento”

Ao contrário da modalidade anterior, os termos da renda vencem-se no inicio de cada


período e não no fim, o que corresponde a antecipar um periodo no vencimento de todos
os termos da renda.
Como consequência, o valor actual de cada um e de todos os termos aumenta, pois, é
actualizado menos um periodo.

1 1 1 1
𝐴̈𝑛 ¬= 𝐴𝑛 ¬𝑖 (1 + 𝑖) = 1 [ + +. . . + + ] (1 + 𝑖)
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖)2 (1 + 𝑖)𝑛−1 (1 + 𝑖)𝑛
1 − (1 + 𝑖)−𝑛
=[ ] (1 + 𝑖)
𝑖

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Do mesmo modo, o valor acumulado pelo somatório dos termos da renda no fim do último
periodo, também aumenta de igual modo, uma vez que cada termo da renda irá acumular
mais um periodo de juros; sofre ou beneficia de um periodo adicional de capitalização.

Representa-se por:
𝑆𝑛̈ ¬= 𝑆𝑛 ¬(1 + 𝑖) = 1[(1 + 𝑖)𝑛−1 + (1 + 𝑖)𝑛−2 +. . . +(1 + 𝑖) + 1](1 + 𝑖)
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
=[ ] (1 + 𝑖)
𝑖
Do mesmo modo que nas rendas de termos normais, também nas rendas de termos
antecipados se verifica a relação entre o valor actual e o valor acumulado: E inversamente.
Exemplo:
1) Consideremos uma compra a prazo em 5 prestações mensais de 250,00 u.m., sendo a
1ª prestação dada como entrada e a taxa de juros de 3 % a.m./m.

2) Calcular o preço à vista de um automóvel nas seguintes condições: 4 prestações


mensais iguais, sendo a 1ª dada como entrada. O valor da prestação é de 2.626,24 u.m., e
a taxa de juros é de 24% a.a./m.

8.7. Rendas tempora rias, certas, diferidas e inteiras,


8.7.1. -de termos normais (ou postcipados) e constantes

As rendas diferidas correspondem a uma extensão das rendas imediatas. Ocorre o


chamado diferimento inicial ou a carência, quando o 1º pagamento é efectuado t ou n
períodos após o 1º período de pagamento.

Por definição, uma renda é diferida quando o início do seu primeiro periodo é posterior
ao momento actual, ou, como dizemos por simplificação, ao momento zero.
O número de periodos que decorre desde o momento actual (zero) até ao início do periodo
do primeiro termo é designado como o prazo de diferimento-t ou n
Deste modo, para calcular o valor actual de uma renda diferida de t ou n periodos, torna-
se necessário actualizar todos os termos de mais t ou n periodos do que uma renda
imediata.
Assim como as rendas imediatas, as rendas diferidas podem ser postecipadas e
antecipadas.

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O valor actual de uma renda diferida de k periodos e de termos normais, representa-se
pela expressão:
O valor acumulado no final do ultimo periodo da renda, ou seja, no final do periodo do
ultimo termo da renda, isto é, n+t, será exactamente igual ao valor acumulado por uma
renda imediata e de termos normais no final do periodo n, pelo que o algoritmo de cálculo
é exactamente o mesmo.
Exemplos:
1- “compre hoje em 3 x 150,00 e só comece a pagar daqui a 3 meses” ;

2- “deposite 200,00 u.m., durante 4 meses e avalie o montante após 3 meses o último
depósito”

8.7.2. - de termos antecipados e constantes

Aplica-se, por analogia, o que descrito para a renda imediata e de termos antecipados.
Assim, o valor actual de uma renda diferida de t periodos e de termos antecipados,
representa-se pela expressão:

Tal como na modalidade anterior, o valor acumulado no final do último periodo da renda,
ou seja, no final do periodo n+t, será igual ao que resultaria de uma renda imediata de
termos antecipados no final do periodo n, pelo que o cálculo se efectua do mesmo modo.

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9. Sistemas de Amortizações
Sistemas de amortizações são formas de pagamentos de empréstimos onde as prestações
pagas correspondem aos juros e mais uma parcela de amortização do capital ou principal.
Amortização é um processo de extinção de uma dívida através de pagamentos periódicos,
que são realizados em função de um plano, de modo que cada prestação corresponde à
soma do reembolso do Capital ou do pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser
o reembolso de ambos, sendo que juros são sempre calculados sobre o saldo devedor!
Os principais sistemas de amortizações ou também considerados empréstimos “clássicos”
são:
3. Sistema de Pagamento único:
Um único pagamento no final.
4. Sistema de Pagamentos variáveis:
Vários pagamentos diferenciados.
5. Sistema de Amortização Americano (SAA):
Pagamento no final com juros calculados período à período.
6. Sistema de Amortização Constante (SAC):
A amortização da dívida é constante e igual em cada período.
7. Sistema Price ou Francês (PRICE) ou SAF:
Os pagamentos (prestações) são iguais.
8. Sistema de Amortização Misto (SAM):
Os pagamentos são as médias dos sistemas SAC e Price ou SAF.
9. Sistema Alemão:
Os juros são pagos antecipadamente com prestações iguais, excepto o primeiro
pagamento que corresponde aos juros cobrados no momento da operação.

Em todos os sistemas de empréstimos, cada pagamento é a soma do valor amortizado


com os juros do saldo devedor, isto é:
Pagamento = Amortização + Juros

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Objectivos:
▪ Reconhecer quando um financiamento é de curto, médio ou longo prazo;
▪ Reconhecer e compreender as várias modalidades de amortizar um
empréstimo;
▪ Compreender os conceitos de prestação, amortização de capital, juro,
período de carência, período de deferimento;
▪ Efectuar amortizações de empréstimo por meio do Sistema de
Amortização Francês (SAF); Sistema de Amortização Constante (SAC);
Sistema de Amortização Misto (SAM); e outros;
▪ Compreender que a essência do Sistema de Amortização Francês, seja na
sua “forma pura”, seja em qualquer uma das suas variantes, tem na base
conceitos relativos a rendas de termos constantes;
▪ Compreender qua a locação financeira é igualmente uma variante do
Sistema Francês.
▪ Calcular uma das variáveis relativamente a um empréstimo contraído em
qualquer sistema de amortização e suas variantes: prestação, amortização
de capital, juro, número de prestações, taxa de juro, capital em divida em
qualquer momento, divida amortizada em qualquer momento ou entre
quaisquer dois momentos, total de juros suportados, etc;
▪ Construir um quadro de serviço da dívida (planilha) ou uma tabela de
amortização dos Sistemas de Amortização mais utilizados.

Conceitos fundamentais
Um empréstimo é um contrato pelo qual uma das partes (o muatuante) cede a outra (o
mutuário) determinada quantia ou importância, ficando este utlimo obrigado a restituir
essa quantia, acrescida dos juros acordados, nas condições previamente estipuladas.
Como vimos atrás existem várias modalidades de amortização, entre elas os mias
interessantes de abordar são três: Sistema de Amortização Francês (SAF), Sistema de
Amortização Constante (SAC) e Sistema de Amortização Americano (SAA). Estes
sistemas apresentam as suas variantes à forma base ou “pura”.

Uma prestação é um apagamento destinado à liquidação do empréstimo. A prestação


geralmente é compsta por duas parcelas: parcela do capital e juro devidos (também
chamado por quota-capital e quota-juro).

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Capital em dívida é o valor devido em certo período, imediatamente após a realização do
pagamento relativo a este período.
Na óptica do mutuário, haverá sempre um ou mais fluxos positivos (inflows ou entradas)
– o capital que pediu emprestado – e poderá ter um ou mais fluxos negativos (outflows
ou saidas) – pagamentos que deverá efectuar para extinguir a divida e os juros suportados.
Logo, segundo os princípios da teoria financeira – matemática financeira, deve existir,
em qualquer momento, equivalência entre os fluxos positivos, por um lado, e os fluxos
negativos, por outro.

Terminologia e simbologia:

Co: valor ou montante do empréstimo


Ck: Capital em dívida
i: taxa de juro
pk: k-ésima prestação
mk: “quota-capital
jk: “quota-juro”

Os fluxos relativos ao empréstimo ocorrem do seguinte modo:


+C0 -p1 -p2 ... -pn-1 -pn

0 1 2 ... n-1 n anos

Podemos afirmar que neste fluxo assume-se que as prestações constituem uma renda
inteira, imediata de termos normais. Este é o formato do pressuposto que assentam as
formas “puras” das modalidades de amortizações que veremos.
Um recurso fundamental utilizado na análise de amortizações de empréstimos é chamado
o quadro de serviço da dívida ou quadro de amortização que permite e ajuda a visualizar
a situação.

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Utilizaremos um financiamento hipotético de 300.000,00 u.m., que será pago ao final de
5 periodos (meses ou anos) à taxa mensal de 4%.
Na sequência, será essencial o uso de tabelas consolidadas com os dados de cada
problema e com informações essênciais sobre o sistema de amortização. Em todas as
análises, utilizaremos a mesma tabela básica que está indicada abaixo, com os elementos
indicados:

Sistema de Amortização
n Juros Amortização do Pagamento Saldo devedor
Saldo devedor
0 300.000,00
1
2
3
4
5
Totais 300.000.00

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Sistema de Pagamento Único
O devedor paga o Montante = Capital + Juros compostos da dívida em um único
pagamento ao final de n=5 períodos. O Montante pode ser calculado pela fórmula:
𝑺 = 𝑪(𝟏 + 𝒊)𝒏
Sistema de Pagamento Único
n Juros Amortização do Pagamento Saldo devedor
Saldo devedor
0 300.000,00
1 12.000,00 312.000,00
2 12.480,00 324.480,00
3 12.979,20 337.459,20
4 13.498,37 350.957,57
5 14.038,30 300.000,00 364.995,87 0
Totais 64.995,87 300.000,00 364.995,87

Sistema de Pagamentos Variáveis


O devedor paga periodicamente valores variáveis de acordo com a sua condição e de
acordo com a combinação realizada inicialmente, sendo que os juros do Saldo devedor
são pagos sempre ao final de cada período.
Uso comum: Cartões de crédito.

Dado: O devedor pagará a dívida da seguinte forma:


 No final do 1º. (mês ou ano): 30.000,00 + juros
 No final do 2º. (mês ou ano):45.000,00 + juros
 No final do 3º. (mês ou ano): 60.000,00 + juros
 No final do 4º. (mês ou ano): 75.000,00 + juros
 No final do 5º. (mês ou ano): 90.000,00 + juros

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Sistema Pagamento Variáveis
Amortização do
n Juros Saldo Devedor Pagamento Saldo devedor
0 300,000.00
1 12,000.00 30,000.00 42,000.00 270,000.00
2 10,800.00 45,000.00 55,800.00 225,000.00
3 9,000.00 60,000.00 69,000.00 165,000.00
4 6,600.00 75,000.00 81,600.00 90,000.00
5 3,600.00 90,000.00 93,600.00 -
Totais 42,000.00 300,000.00 342,000.00

Sistema Americano
O devedor paga o Principal em um único pagamento no final e no final de cada período,
realiza o pagamento dos juros do Saldo devedor do período. No final dos 5 períodos, o
devedor paga também os juros do 5º período.

Sistema Americano
Amortização do
n Juros Saldo Devedor Pagamento Saldo devedor
0 0 0 0 300,000.00
1 12,000.00 12,000.00 300,000.00
2 12,000.00 12,000.00 300,000.00
3 12,000.00 12,000.00 300,000.00
4 12,000.00 12,000.00 300,000.00
5 12,000.00 300,000.00 312,000.00 -
Totais 60,000.00 300,000.00 360,000.00

Sistema de Amortização Constante (SAC)


O devedor paga o Principal em n = 5 pagamentos, sendo que as amortizações são
sempre constantes e iguais.
Uso comum: Financiamento de Habitação
Sistema De Amortização Constante
Amortização do
n Juros Saldo Devedor Pagamento Saldo devedor
0 0 0 0 300,000.00
1 12,000.00 60,000.00 72,000.00 240,000.00
2 9,600.00 60,000.00 69,600.00 180,000.00
3 7,200.00 60,000.00 67,200.00 120,000.00
4 4,800.00 60,000.00 64,800.00 60,000.00
5 2,400.00 60,000.00 62,400.00 -
Totais 36,000.00 300,000.00 336,000.00

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Sistema de Amortização Francês (SAF)
O devedor paga o valor do empréstimo em 5 prestações iguais e a uma taxa de 4% ao
periodo.

9.1. Sistema de Amortização Francês (SAF)


ou Price

Este sistema consiste no pagamento de empréstimos ou financiamentos com prestações


iguais e com periodicidade constante ao longo da vida do empréstimo. É considerado o
sistema de amortização mais utilizado pelas instituições financeiras e pelo comércio em
geral.
O Sistema de Amortização Francês é assim chamado por ter sido inventado na França,
por volta do século XVIII, pelo matemático inglês Richard Price, daí, portanto, a origem
da denominação Sistema Price, também comumente chamado Tabela Price. Na verdade,
a Tabela Price é um caso particular derivado do Sistema de Amortização Francês.

Principais Características
As principais características do Sistema de Amortização francês são:
• A prestação é constante durante todo o período do financiamento;
• A parcela de amortização aumenta a cada período (n);
• Os juros compensatórios diminuem a cada período (n);
Uma vez que em cada prestação é amortizada uma parte do capital em divida, é intuitivo
que o capital em divida vai diminuindo ao longo do tempo; logo, o juro também vai
diminuindo ao longo do tempo. Como as prestações, que são compostas por parcela de

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capital e juro, são constantes, é forçoso que a parcela relativa a amortização vá
aumentando (no pressuposto de que a taxa não sofra alteração).

9.1.1. Sistema Francês “Puro”

Nesta aboradagem vamos considerar que o empréstimo é amortizado através de


prestações anuais constantes e postecipadas (p), a uma taxa anual (i), também constante
ao longo do porazo do empréstimo.
+C0 -p -p ... –p -p

0 1 2 ... n-1 n (anos ou meses)

Acentua-se que as prestações são postecipadas, ou seja, a primeira prestação ocorre um


período após ter sido contraído o empréstimo, a segunda prestação ocorre um ano depois
dessa, etc. Isto quer dizer, que na forma “pura” do Sistema Francês as prestações
constituem uma renda inteira de termos normais, com particularidade de serem
constantes.

9.1.1.1. Cálculo do valor da prestação e elaboração do


quadro de amortização

No Sistema Francês “Puro” teremos o seguinte:

+ An  T T ... T T

+C0 -p -p ... -p -p

0 1 2 ... n-1 n anos

Como sabemos do estudo das rendas, 𝐴𝑛 ¬= 𝑇𝑎𝑛 ¬𝑖. Assim, o valor da prestação (p)
resulta da resolução da seguinte equação:
𝐶0 = 𝑝. 𝑎𝑛 ¬𝑖
Deve perceber-se que estamos na presença de uma equação de equivalência, neste caso
efectuada para o momento 0 (zero), entre todos os fluxos associados aos empréstimos:
os positivos, por um lado (neste caso Co) e os negativos, por outro (as n prestações).
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Exemplo 9.1:
Considere um empréstimo de 120.000,00 u.m., a amortizar em 6 prestações anuais
constantes e postecipadas, compostas por amortização e juro, à taxa anual de 7%.
a. Determine o valor de cada prestação.
b. Elabore o quadro de amortização relativo a este empréstimo.
Sequência seguida na elaboração do quadro de amortização:
Cálculo da prestação constante
𝐶0 = 𝑝. 𝑎𝑛 ¬𝑖
O cálculo da prestação (p) também pode ser obtido pela seguinte fórmula. O produto do
valor financiado C0 pelo coeficiente K dado pela fórmula.
𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝐾=
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
4. No início de cada no, o capital em divida (Ck-1) é a diferença entre o capital
em divida no início do ano anterior (Ck-2) e o montante amortizado na
prestação paga no final do ano anterior (mk-1), isto é,
Ck-1 = Ck-2 - mk-1
5. O juro contido na k-esima prestação (jk) resulta da multiplicação do capital
em dívida no início do ano a que respeita essa prestação (Ck-1) pela taxa
de (i), isto é,
jk = Ck-1. i
6. Amortização da capital contida na k-esima prestação (mk) resulta da
diferença entre o valor da prestação (constante) (p) e o juro contido nessa
prestação (jk), isto é,
mk = p - jk

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Equivalência no momento 0:
Para que esta equivalência se verifique é necessario que:
𝐶0 = 𝑝. 𝑎𝑛 ¬𝑖

Equivalência no momento n:
Para que esta equivalência se verifique é necessario que:
𝐶0 (1 + 𝑖)𝑛 = 𝑝. 𝑆𝑛 ¬𝑖
Equivalência em qualquer outro momento (por exemplo, no momento 2) :
Para que esta equivalência se verifique é necessario que:
𝐶0 (1 + 𝑖)2 = 𝑝. 𝑆2 ¬𝑖 + 𝑝. 𝑎2 ¬𝑖
Continuando a observar o comportamento da liquidação do empréstimo, notaremos que
o capital em dívida no início de cada ano vai sendo cada vez menor, dado que em cada
ano é amortizada uma parte da dívida. É de esperar que o juro em cada ano vai sendo cada
vez menor. Entretanto, sendo as prestações relativas a amortização (“quota-capital”) vão
se tornando cada vez maiores, ou seja, teremos o seguinte esquema,
𝐶k-1 ↓ ⇒ j𝑘 ↓ ⇒ m𝑘 ↑

Por outro lado, no final do empréstimo teremos:


1. A soma das amortizações é igual ao montante do empréstimo,
𝑛

∑ 𝑚𝑘 = 𝐶0
𝑘−1

2. A última amortização de capital (que extingue totalmente a dívida) deverá ser


igual a parcela do capital em divida no início do último ano, isto é,
mn = Cn-1
Aspectos importantes associados ao Sistema Francês, nomeadamente os seguintes:
Relacionados com as amortizações (“quotas-capital”)
- Evolução das amortizações ao longo do prazo do emprestimo (“Lei das
Amortizações”)
- Primeira amortização e,
- Última amortização
Relacionados com o capital em dívida
- Capital em divida em qualquer momento
- Dívida amortizada em qualquer momento
- Divida amortizada entre quaisquer duas prestações

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Relacionados com as prestações
- Desdobramento de uma qualquer prestação em amortização e juro
Relacionados com os juros
- Total dos juros suportados com o empréstimo
- Total de juros suportados entre quaisquer duas prestações

9.1.1.2. Evolução das amortizações de Capital ao longo do


prazo do empréstimo (Lei das Amortizações)

Uma das caracteristicas mais interessante do Sistema Françês, que nos importa verificar
se prende com a forma com as amortizações de capital evoluem ao longo tempo.
Já observamos e mostramos que as amortizações vão crescendo à medida que o tempo
passa.

Generalizando:
Consideremos duas quaisquer prestações consecutivas, pk e pk+1. Como sabemos, pk =
mk + jk, ou seja
𝑝𝑘 = 𝑚𝑘 + 𝐶⏟𝑘−1 . 𝑖
𝑗𝑘

Do mesmo modo, 𝑝𝑘+1 = 𝑚𝑘+1 + 𝑗𝑘+1 , pelo que


𝑝𝑘+1 = 𝑚𝑘+1 + 𝐶
⏟𝑘. 𝑖
𝑗𝑘+1

Como sabemos
𝐶𝑘 = 𝐶𝑘−1 − 𝑚𝑘
Ou seja
𝐶𝑘 + 𝑚𝑘 = 𝐶𝑘−1

Então subistituindo teremos:


𝑝𝑘 = 𝑚𝑘 (𝐶
⏟ 𝑘 + 𝑚𝑘 ) . 𝑖
𝐷𝑘−1

𝑝𝑘 = 𝑚𝑘 + 𝐶𝑘 . 𝑖 + 𝑚𝑘 . 𝑖

Prestações são constantes: 𝑝𝑘+1 + 𝑝𝑘

Logo teremos:
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𝑚𝑘+1 + 𝐶𝑘 . 𝑖 = ⏟
⏟ 𝑚𝑘 + 𝐶𝑘 . 𝑖 + 𝑚𝑘 . 𝑖
𝑝𝑘+1 𝑝𝑘

Donde,
𝑚𝑘+1 = 𝑚𝑘 + 𝑚𝑘 . 𝑖

𝑚𝑘+1 = 𝑚𝑘 (1
Lei das Armortizações em+Sistema
𝑖) Francês

Podemos então concluir que em Sistema Francês qualquer amortização, 𝑚𝑘 (1 + 𝑖), é


igual à anterior, (𝑚𝑘 ), multiplicada por (1+i), ou seja, as amortizações crescem em
progressão geometrica de razão (1+i).
Assim,
𝑚2 = 𝑚1 (1 + 𝑖)
𝑚3 = 𝑚2 (1 + 𝑖) = 𝑚1 (1 + 𝑖)2
𝑚4 = 𝑚3 (1 + 𝑖) = 𝑚1 (1 + 𝑖)3
. . . 𝑒𝑡𝑐. ..

Generalizando,
𝑚𝑘 = 𝑚1 (1 + 𝑖)𝑘−1
Sabemos sobre o estudo das progessões geometricas, 𝑡𝑘 = 𝑡𝑗 . 𝑟 𝑘−𝑗 , podemos assim
obter qualquer valor das amortizações (𝑚𝑘 ), conhecida qualque outra (𝑚𝑗 ).
Assim, em Sistema Francês,
𝑚𝑘 = 𝑚𝑗 (1 + 𝑖)𝑘−𝑗

9.1.1.3. Primeira Amortização de Capital

Vamos demonstrar que existe, em Sistema Francês “Puro”, uma relação interessante
entre a primeira amortização de capital (m1) e o montante do empréstimo (C0)
Como sabemos, a soma dos n amortizações é igual a C0 (montante do empréstimo).

Como no Sistema Francês, as amortizações crescem em progressão geometrica de razão


(1+i).

De forma análitica, teremos:


𝐶𝑜 = 𝑚1 + 𝑚2 +. . . +𝑚𝑛−1 + 𝑚𝑛

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e
𝑚2 = 𝑚1 (1 + 𝑖)
𝑚3 = 𝑚2 (1 + 𝑖) = 𝑚1 (1 + 𝑖)2
𝑚4 = 𝑚3 (1 + 𝑖) = 𝑚1 (1 + 𝑖)3
. . . 𝑒𝑡𝑐. . .
𝑚𝑛 = 𝑚𝑛−1 (1 + 𝑖) = 𝑚1 (1 + 𝑖)𝑛−1
Daqui resulta que
𝐶0 = 𝑚1 + 𝑚1 (1 + 𝑖) + 𝑚1 (1 + 𝑖)𝑛−2 +. . . +𝑚1 (1 + 𝑖)𝑛−2 + 𝑚1 (1 + 𝑖)𝑛−1
𝐶0 = 𝑚1 . 𝑆𝑛 ¬𝑖
O mesmo é dizer que
𝐶0
𝑚1 = .
𝑆𝑛 ¬𝑖
9.1.1.4. Última Amortização de Capital

Igualmente queremos mostrar que em Sistema Francês, existe uma relação interessante
entre o valor da última prestação (constante p) e o valor da última amortização de
capital (mn).
pn = mn + jn,
𝑝𝑛 = 𝑚𝑛 +𝐶
⏟ 𝑛−1 . 𝑖
𝑗𝑛

Por outro lado, como já referido que é forçoso que a última amortização de capital seja
igual ao capital em divida no inicio do ultimo período.
𝐶𝑛−1 = 𝑚𝑛
Assim substituindo teremos:
𝑝
⏟𝑛 = 𝑚
⏟𝑛 +𝑚
⏟ 𝑛. 𝑖
ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧. 𝑗𝑢𝑟𝑜
𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙

Ou seja,
𝑝𝑛 = 𝑚𝑛 (1 + 𝑖)
Assim,
𝑚𝑛 = 𝑝𝑛 (1 + 𝑖)−1
Pelo facto de em Sistema Francês, p1 = p2 = p3 = ... = pn, podemos então exprimir a
expressão da ultima amortização (mn) em função da prestação constante (p):
𝑚𝑛 = 𝑝𝑛 (1 + 𝑖)−1
Exemplo 9.2

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Um empréstimo no valor de 300.000,00 u.m., amortizado pelo Sistema Francês “Puro”
com n = 6; i = 4% e a prestação p = 12.000,00 u.m., pretende-se que calcule o valor da
amortização de capital contida na
a. Primeira prestação
b. Última prestação
c. Quarta prestação

9.1.1.5. Cálculo do Capital em Dívida em qualquer momento

O cálculo do capital em dívida num determinado momento é muito simples, sendo a sua
determinação fundamental, por exemplo, quando algumas condições do empréstimo se
alteram (a taxa de juro e ou o número de prestações). Nestes casos recorremos apenas ao
conceito da equivalência de capitais, facilmente se verifica que o capital em dívida num
determinado momento poderá ser obtido de duas maneiras:
1. Actualizar para esse momento todas as prestações vincendas (isto é, ainda não
pagas); ou
2. Capitalizar para esse momento o valor do empréstimo e subtraindo-lhe o valor
também capitalizado para o mesmo momento, de todas as prestaçãoes vencidas
(já pagas).
Se pretendermos conhecer o capital em dívida imediatamente após o pagamento da k-
esima
prestação (Ck). De acordo com a primeira abordagem (actualização de todas as
prestações vincendas para o momento k), uma vez que há (n-k) prestações ainda por
pagar, temos:
...... k prestações já pagas ...... Ck
+C0 -p -p . . . -p -p ... -p

0 1 2 ... k k+1 ... n anos


(n-k) prestações ainda por pagar

𝐶
⏟𝑘 = 𝑝. 𝑎𝑛−𝑘 ¬𝑖

Capital em 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑑𝑎𝑠(𝑛−𝑘)𝑝𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çõ𝑒𝑠
dívida no momento k 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎 não pagas reportado
ao momento k

De acordo com a segunda abordagem (capitalização do valor do empréstimo e do valor


das k prestações já pagas para o momento k), temos:

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𝐶
⏟𝑘 = 𝐶0 (1 + 𝑖)𝑘
⏟ − 𝑝. 𝑠𝑘 ¬𝑖

Capital em 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 do empréstimo 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 k 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çõ𝑒𝑠
dívida no momento k (divida inicial) reportado já pagas reportado
ao momento k. ao momento k

9.1.1.6. Cálculo da Dívida Amortizada em qualquer momento

Uma vez obtido o capital em divida num dado momento, é imediato o cálculo da dívida
já amortizada nesse momento. De facto, basta subtrair esse valor (o capital em dívida no
momento desejado) ao montante do empréstimo, ou seja, a dívida amoratizada num dado
momento, k, pode ser obtida fazendo simplesmente Co – Ck.

9.1.1.7. Cálculo da Dívida Amortizada entre quaisquer duas


prestações

O cálculo da dívida amortizada entre quaisquer duas prestações, j e k, (k>j), ambas


inclusive, pode ser efectuado por diversas formas, mas a mais compreensível talvez seja
através da soma das amortizações de capital contidas nessas prestações, que constituem
uma progressão geométrica de razão (1+i).
Exemplo 9.3:
Considere um empréstimo de 120.000,00 u.m., a amortizar em 6 prestações anuais
constantes e postecipadas, compostas por amortização e juro, à taxa anual de 7%.
a. O capital em dívida imediatamente após o pagamento da 4ª prestação.
b. O capital amortizado nas 4 primeiras prestações
c. O capital amortizado entre a 3ª e a 5ª prestação (ambas inclusive)

9.1.1.8. Desdobrameno de qualquer Prestação em


Amortização de Capital e Juro

No que diz respeito a quota de juro, já sabemos que o juro contido na primeira prestação
é dado por j1 = C0.i; o juro contido em qualquer outra prestação, pk, é dado por jk = Ck-
1*i, sendo Ck-1 o capital em dívida imediatamente após o pagamento da prestação número
(k-1), que também já sabemos calcular de dois modos diferentes. Compreende-se, pois,
que há várias formas de calcular a amortização de capital ou juro contido em qualquer
prestação.
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Exemplo 9.4:
Considere um empréstimo de 120.000,00 u.m., a amortizar em 6 prestações anuais
constantes e postecipadas, compostas por amortização e juro, à taxa anual de 7%. O que
se pretende agora é desdobrar a 4ª prestação em amortização e juro.

9.1.1.9. Total dos juros suportados com o empréstimo

O total dos juros suportados num empréstimo resulta com sabemos, da diferença entre a
soma de todas as restações e o montante do empréstimo, ou seja,

∑ Juros = ∑ Prestações − Montante do Empréstimo

9.1.1.10. Total dos juros suportados entre quaisquer duas


prestações

𝑘 𝑘 𝑘

∑ 𝑗𝑖 = ∑ 𝑝𝑖 − ∑ 𝑚𝑖
𝑖=𝑗 𝑖=𝑗 𝑖=𝑗

9.1.2. Sistema Francês com Prazo de Carência

O prazo de carência trata-se de um intervalo de tempo, após a contracção do empréstimo,


durante o qual o mutuário vai pagando periodicamente os juros devidos, não efectuando
qualquer amortização de capital. Esquematicamente assumindo k períodos de carência,
temos
+C0 -j . . . -j -p ... -p

0 1 ... k k+1 ... k+n

Exemplo 9.5

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Considere um empréstimo de 50.000,00 u.m., contraído em Sistema Francês, a amortizar
em 5 prestações anuais postecipadas à taxa anual de 8%, após um prazo de carência de 3
anos. Determine o valor de cada prestação e decomponha a prestação paga no final do 6º
ano em amortização de capital e juro.

9.1.3. Sistema Francês com Prazo de Diferimento

O prazo de diferimento é considerado o intervalo de tempo, após a contracção do


empréstimo, durante o qual o mutuário não efectua qualquer pagamento (nem
amortização de capital, nem juros). Esquematicamente, assumindo k períodos de
diferimento,
+C0 . . . -p ... -p

0 1 ... k k+1 ... k+n


Desta forma, como não se amortiza nada (nem juros devidos, muito menos capitais) a
dívida vai aumentando de valor período para período. Uma vez que há k período de
diferimento vai havendo sucessivamente juros de juros. Assim será: 𝐶𝑘 = 𝐶0 (1 + 𝑖)𝑘

Então, a partir daqui, é como se tivéssemos um empréstimo deste valor, 𝐶𝑘 = 𝐶0 (1 + 𝑖)𝑘 ,


a amortização segundo o Sistema Francês “Puro”, pelo que o valor de cada prestação será
obtido através da resolução da equação
⏟0 (1 + 𝑖)𝑘 =
𝐶 𝑝.
⏟ 𝑎𝑛 ¬𝑖
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 da divida valor das prestações
no momento k reportado ao momento k

9.2. Sistema de amortizações Constantes –SAC.

9.2.1. Sistema de amortizações Constantes “puro”

Uma modalidade de amortização de empréstimos muito comum que consiste em fazê-lo


não através de prestações constantes, mas através de prestações contendo amortizações
de capital constantes. Na sua forma “pura”, esta modalidade caracteriza-se pelo facto de
as prestações serem postecipadas e cada prestação ser composta por uma parcela de

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amortizção constante e por outra, que é o juro, calculado sobre o capital em divida
imediatamente anterior (logicamente vai diminuindo ao longo do tempo).
Esquematicamente:
+C0 -p1 -p2 ... –pn-1 -pn

0 1 2 ... n-1 n
Cada prestação (p1, p2, ... pn) contém duas parcelas: uma constante, relativa a amortização
de capital (m) e outra, variável (entenda-se decrescente), relativa a juro (j1, j2, ..., jn).
Assim podemos representar esta situação do seguinte modo:
-m -m -m -m
+C0 -j1 -j2 ... –jn-1 -jn

0 1 2 ... n-1 n

9.2.1.1. Cálculo do valor da Amortização de Capital

No Sistema de Amortizações Constantes é muito fácil calcular o valor da amortização –


basta dividir o montante do empréstimo pelo número de prestações (que coincide com
número de amortizações), ou seja,
𝐶0
𝑚= Valor da amortização de capital (constante) em SAC
𝑛

Como sabemos, em qualquer modalidade de amortização de empréstimo a soma das


amortizações é igual ao montante do empréstimo. Sendo todas as n amortizações do
mesmo valor, m, a sua soma é dada por m.n. Então, acontece que m.n = C0, pelo que
𝐶0
𝑚= .
𝑛

9.2.1.2. Cálculo do Capital em Dívida em qualquer momento

No Sistema de Amortizações Constante, o capital em dívida evolui segundo uma


progressão aritmética decrescente, em que
• 1º termo T1 = C0
• Número de termos: n
• Razão: r = -m

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Desta forma, o cálcuo do capital em dívida em qualquer momento, k, ou seja, Ck, é muito
simples – basta recorrer à expressão do termo geral de uma progressão aritmética: Tk =
Tj + (k-j) * r.

Assim, vem
𝐶𝑘 = 𝐶𝑗 + (𝑘 − 𝑗)(−𝑚)
𝐶𝑘 = 𝐶𝑗 − (𝑘 − 𝑗)𝑚
Partindo de C0, por exemplo, temos
𝐶𝑘 = 𝐶0 − 𝑘𝑚
Temos outra forma de obter o capital em dívida em qualquer momento, mais simples e
intuitiva.
No momento k (isto é, imediatamente após o pagamento da k-esima prestação), estão
ainda por pagar (n-k) prestações. Ora, em cada uma delas é amortizado o valor de m.
Então, intuitivo que o capital em dívida nesse momento seja
𝐶𝑘 = (𝑛 − 𝑘)𝑚

9.2.1.3. Evolução do juro e da prestação ao longo do prazo do


empréstimo

Como já sabemos que o capital em dívida vai diminuindo de um período a período, é


fácil perceber que o juro também vai diminuindo de um período para o seguinte. Em mi,
ou seja, também o juro evolui segundo uma progressão aritmética decrescente, assim
definida:
• 1º termo T1 = j1 = C0.i
• Número de termos: n
• Razão: r = -mi
Desta forma, é fácil obter o valor do juro relativo a qualquer período, k, ou seja, jk: basta
recorrer à expressão do termo de uma progressão aritmética: Tk = Tj + (k-j) r. Assim
teremos:
𝑗𝑘 = 𝑗𝑗 + (𝑘 − 𝑗)(−𝑚𝑖)
𝑗𝑘 = 𝑗𝑗 − (𝑘 − 𝑗)𝑚𝑖

Partindo de j1, por exemplo, temos


𝑗𝑘 = 𝑗1 − (𝑘 − 𝑗)𝑚𝑖
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Por outro lado, é intuitivo perceber que o capital em divida no início do último período,
Cn-1, terá que ser igual a m (Cn-1 = m), por forma a que após o pagamento da última
prestação, a divida fique total e correctamente extinta.
A prestação evolui igualmente segundo uma progressão aritmética, devido a
caracteristica do Sistema de empréstimo (SAC). As caracteristicas da prestação são:

• 1º termo p1 = m + j1
• Número de termos: n
• Razão: r = -mi
Assim é fácil calcular qualquer prestação a partir de qualquer outra – basta recorrer à
expressão do termo geral de uma progressão aritmética que será a seguinte:

𝑝𝑘 = 𝑝𝑗 + (𝑘 − 𝑗)(−𝑚𝑖)
𝑝𝑘 = 𝑝𝑗 − (𝑘 − 𝑗)𝑚𝑖
Considerando a primeira prestação teremos a expressão:
𝑝𝑘 = 𝑝1 − (𝑘 − 𝑗)𝑚𝑖

9.2.1.4. Desbobramento de uma qualquer prestação em


amortização de capital e juro

No Sistema de Amortizações Constantes, pk = m + jk. Como a quota-capital


(amortização) é constante, o desdobramento de uma qualquer prestação em amortização
e juro resume-se, no fundo, ao cálculo da quota-juro contida nessa prestação, o que foi
analisado no poto anterior.

9.2.1.5. Total dos juros suportados com o Empréstimo

Os juros evoluem segundo uma progressão aritmética, pelo que é fácil determinar o total
de juros suportados num empréstimo contraído em Sistema de Amortizações Constantes.
Como sabemos, a soma dos n termos de uma progressão aritmética é dada por:
𝑡1 + 𝑡𝑛
𝑆𝑃𝐴 = 𝑛
2
No caso Sistema de Armotizações Constantes,
𝑡1 = 𝑗1 = 𝐶0 ∗ 𝑖
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e
𝑡𝑛 = 𝑗𝑛 = 𝑚 ∗ 𝑖

Assim, no caso dos juros contidos nas prestações associadas a um empréstimo


amortizável através do Sistema de Amortizações Constantes, teremos:
𝑗1 + 𝑗𝑛
∑ 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 = 𝑛
2
9.2.1.6. Sistema de amortizações constantes com juros pagos
“À cabeça”

9.2.1.7. Sistema de amortizações constantes com juros pagos


no final do prazo

9.3. Sistema de Americao de Amortizações –SAA.

A modalidade conhecida por Sistema Americano, também recebe a designação de Fundo


de Amortização ou “Sinking Fund”, consiste no facto de a dívida ser amortizada de uma
só vez, o final do prazo. Na sua forma “pura”, o mutuário paga, no final de cada ano,
apenas o juro do capital em dívida, isto é, j = Co. i. Admitindo que não há alteração da
taxa de juro ao longo do prazo do empréstimo, j1 = j2 = ... = jk = ... = jn = Co.i.

Esquematicamente, temos:
-C0
+C0 -j1= -C0i -j2= -C0i . . . –jn-1= -C0i –jn = -Co.i

0 1 2 ... n-1 n

O facto de ter que desembolsar de uma só vez, no final do prazo, uma quantia tão elevada,
pode constituir um inconveniente para o mutuário.
Para minimizar este inconveniente, ele pode “preparar” essa quantia, constituindo ao
longo do prazo do empréstimo um “fundo de amortização” (“sinking fund”). Trata-se de
uma “poupança” que, na sua forma pura, consiste em efectuar “n” depositos constantes
(digamos, no valor de m unidades monetárias cada) coincidentes com os periodos de
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pagamentos de juros devidos com o proposito de gerar o montante Co no final do prazo e
em regime de juro composto a taxa passiva anual (inferior a taxa activa i) o valor
acumulado dai resultante seja Co.
Esquematicamente:
+C0
-m -m ... –m -m

0 1 2 ... n-1 n

Uso comum: Financiamentos em geral de bens de consumo.


Nestes termos, o valor acumulado, à taxa t, de n depósitos constantes no valor de m cada,
deverá ser C0, pelo que estamos perante uma renda de termos constantes e normais.
Assim o valor de m poder ser obtido pela seguinte equação:
𝐶0 = 𝑚 ∗ 𝑠𝑛 ¬𝑖

𝐶0
𝑚=
𝑠𝑛 ¬𝑡
Assim, o mutuário tem que suportar anualmente
𝐶0 ∗ 𝑖 + 𝑚
Desta forma consgue minimizar o maior incoveniente do Sistema Americano “Puro”, que
´e o facto de exigir, num momento preciso (o final do prazo do empréstimo), um grande
esforço financeiro ao mutuário.
Caso exista assincronismo entre a taxa de juros, e a periodicidade do pagamento dos juros,
dever-se-a fazer ajustamentos convertendo adequadamente a taxa de juro à periodicidade
dos juros ou das entregas para o fundo.
Exemplo 9.7.
Consideremos um empréstimo de 30.000,00 u.m., contraído em sistema americano
“puro”, durante 5 anos, com pagamento anual e postecipado de juros à taxa anual de 5%.
Pretende-se que:
a) Represente esquematicamente o serviço da dívida relativo a este empréstimo.
b) Diga que valor deve ser canalizado anual e postecipadamente para um fundo
de amortização cujo objectivo é fazer face ao montante necessário para
amortizar a dívida no final do prazo, se o mesmo for remunerado à taxa anual
de 2%

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9.3.1. Sistema de amortizações americano com juros
pagos “À cabeça”

Pode acontecer que, em vez de serem pagos periodicamente, como acontece no Sistema
Americano “Puro”, os juros sejam pagos de uma só vez, “à cabeça”, isto é, no momento
em que o empréstimo é contraído (valor que representaremos por Jto). Nesta situação
temos esquematicamente.
+ C0 - C0
-Jto

0 1 2 ... n-1 n
Podemos obter o valor de Jto por duas vias:
1. Como habitualmente, estabelecendo uma equivalência entre todos os fluxos
positivos, por um lado e todos os fluxos negativos, por outro, num dado momento
– por exemplo, no momento 0. Assim o valor dos juros a pagar no momento 0
deverá ser Jto tal que.
𝐶0 = 𝐽𝑡0 + 𝐶0 (1 + 𝑖)−𝑛
(Equivalência de capitais efectuada no momento 0)
ou
2. Uma vez que, nesta situação, em vez de os juros serem pagos periodica e
postecipadamente, são pagos, na sua totalidade, no momento 0, então as duas
hipóteses têm que ser equivalentes. Como sabemos no sistema Americano “Puro”
os juros são constantes ao longo de todo prazo do prazo do empréstimo
(admitindo, que não há alteração da taxa de juro).
Esquematicamente:
+C0 - C0
-J -J ... –J -J

0 1 2 ... n-1 n

Então, se se prentender pagar a totalidade dos juros devidos no momento 0, esse valor
deverá ser Jt0, tal que seja equivalente à soma dos valores actualizados à taxa i, para esse
momento, de todos os juros periódicos, os quais constituem uma renda imediata de termos

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constantes (no valor de j unidades monetária) e normais. Ora como sabemos, valor actual
(entenda-se, na origem) de uma renda termos constantes é dado por
𝐴𝑛 ¬= 𝑝. 𝑎𝑛 ¬𝑖
Neste caso, fica
𝐽𝑡0 = 𝑗. 𝑎𝑛 ¬𝑖

9.3.2. Sistema de amortizações americano com juros


pagos no final do prazo

Podemos ainda considerar a situação em que os juros em vez de serem pagos


periodicamente ou no “à cabeça”, os juros sejam pagos de uma só vez, no final do prazo
do empréstimo (valor representado por Jtn). Esquematicamente
+C0 - C0
-Jtn

0 1 2 ... n-1 n

Igualmente podemos seguir dois caminhos para este método para obtenção do valor Jtn.
1. Como habitualmente, estabelecendo uma equivalência entre todos os fluxos
postivos, por um lado e todos os fluxo negativos, por outro, num dado momento:
𝐶0 = 𝐽𝑡𝑛 (1 + 𝑖)−𝑛 + 𝐶0 (1 + 𝑖)−𝑛
ou
𝐶0 (1 + 𝑖)𝑛 = 𝐽𝑡𝑛 + 𝐶0
2. Uma vez que, nesta situação, em vez de os juros serem pagos periódica e
postecipadamente, são pagos, na sua toalidade, no momento n, então as duas
hipóteses têm que ser equivalentes. Como sabemos, no Sistema Americano
“Puro” os juros são constantes ao longo do todo o prazo do empréstimo
(admitindo, que não há alteração da taxa de juro).
Esquematicamente:
+C0 - C0
-J -J ... –J -J

0 1 2 ... n-1 n

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𝑆𝑛 ¬= 𝑝. 𝑠𝑛 ¬𝑖
Neste caso, fica
𝐽𝑡𝑛 = 𝑗. 𝑠𝑛 ¬𝑖

9.3.3. Fundo de Amortização

O fundo de amortização é constituído com a finalidade de atenuar o impacto financeiro


do pagamento ou extinção da divida de uma só vez no final do periódo de empréstimo. O
fundo de amortização pode:
• Ter início num momento qualquer, não necessariamente no final do último ano;
• Terminar num momento qualquer, anterior ao final do prazo do empréstimo;
• Ser efectuado com periodiciade diferente;
• Ter como objectivo atingir, não o montante exacto do empréstimo;
• Ser constituido por entregas variáveis;
• ... etc., etc., etc. ...

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