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Física IV – Poli – Engenharia Elétrica: 11ª Aula (23/08/2014)

Prof. Alvaro Vannucci

Na última aula vimos:

h
 Efeito Compton:  ' 0  (1  cos  ) ( Lei deCompton)
me c

 Ou seja, um fóton (comportamento corpuscular), além de possuir energia E  hf ,

E hf h   h 2

também transportar momento linear: p    ; ou p  K : 
c c   K  2 

O Átomo de Hidrogênio
 Desde 1860 até aproximadamente 1885, umas grande quantidade de dados
experimentais haviam sido acumulados, relacionados com a análise espectroscópica
de gases aquecidos.
 O aquecimento se fazia através de descargas elétricas e, como resultado, raias
luminosas (característicos de cada gás) eram observados com frequências bem
definidas.
 Inclusive, algumas vezes gases eram utilizados para absorver a radiação com certo
comprimentos de onda específicos (dependia de cada gás), deixando passar as
restantes (espectros de absorção).

Espectro contínuo

Espectro de emissão

Espectro de absorção

 Em 1885, Johan Balmer apresentou uma fórmula que ele havia obtido
empiricamente, e que fornecia com precisão os valores dos comprimentos de onda
correspondentes às quatro raias visíveis do hidrogênio:
1  1 1 
 RH  2  2  ; n  3, 4, 5 e 6
 2 n 

RH  1,097 107 m1  constantede Rydberg

 Posteriormente, outras séries do hidrogênio puderam ser representadas por equações


semelhantes:

1  1  Série de Lyman
   RH 1  n 2  ; n  2,3, 4 e 5  (situada no ultra-violeta)
  

1 1 1  Série de Paschen
  RH  2  2  ; n  4,5, 6 e 7 
 3 n  (situada no infra-vermelho)

 1  R  1  1  ; n  5, 6, 7 e 8  Série de Brackett
  H  2 2 
4 n 
 Ninguém conseguia, no entanto, explicar os mecanismos físicos pelos quais estas
raias (estas séries) se produziam.
 Até que, em 1913, Niels Bohr apresentou uma teoria revolucionária que explicava
muito bem as observações experimentais com respeito ao
átomo de hidrogênio.
1°) No átomo de hidrogênio, o elétron move-se em
órbitas circulares bem definidas em torno do próton.
2°) Mantendo-se em uma dada órbita, o elétron nada
irradia, apesar da sua velocidade angular.
3°) Radiação só se daria de forma quantizada (através da
emissão de um fóton), quando o elétron “salta” de uma órbita, correspondente
a um estado de energia, para outra órbita de energia mais baixa. A frequência
relacionada com o fóton emitido independe da frequência angular orbital dos
elétrons e é dada por: hf  Einicial  E final .

4°) As órbitas permitidas são as que correspondem a certos valores do momento


h
angular do elétron, que deve ser um múltiplo inteiro de  :
2

L  L  r  p  mvr  mvr  n ; n  1, 2,3, ... (1)

 Então, a partir destes postulados, e lembrando que a energia potencial do elétron no


átomo de hidrogênio pode ser escrita:

 Ke  1
E pot  U H  qV   e     ; onde K 
 r  4 0
Potencial devido ao próton calculado na
posição do elétron
 De forma que a energia total do sistema:

Ke2
E  Ecin  E pot  Ecin  (2)
r

 Quando à Ecin , como Fcp  Fe (em módulo) 

mv 2 mv 2 mv² Ke2
 2  (dividir tudo por 2)   Ecin  (3)
r r 2 2r
 Substituindo (3) em (2), temos que a energia total do sistema próton-elétron que
compõe o átomo de hidrogênio será:
Ke2
E (4)
2r
 O sinal negativo, como esperado, indica estado ligado do sistema; ou seja, para
remover o elétron do poço de potencial em que se encontra (criado pelo próton) é
Ke2
necessário que se forneça energia E  .
2r

mv 2 Ke2
 Note, da equação (3): 
2 2r

n2 2
 Enquanto que da equação (1): mvr  n  v  2 2 , que, substituindo no
2

mr
resultado acima:

 m  n  Ke2 n2 2
2 2

  2 2    r  rn  2
 n2 a0 ; n  1, 2,3,...
 2   m r  2r mKe
2
 Note que: a0  rn   0,53 Å  Raio de Bohr
n 1 mKe2
Distância próton-elétron para o átomo de
hidrogênio no estado fundamental
 Agora, substituindo este resultado na equação (4):

 Ke2  mKe2  Ke2 1


E    2 2   En ( H )   ; n 1, 2,3,...
 2  n  2a0 n2

quantização da energia do
átomo de hidrogênio

 Substituindo os valores das constantes:

13, 6
En ( H )   (eV ) ; n  1, 2,3,...
n2

 Ou seja, os níveis de energia do átomo de hidrogênio serão:


 Note que o nível de energia mais elevado corresponde ao número quântico n = ,
correspondente à energia total E = 0 . Nesta situação o elétron encontra-se removido
do sistema (sistema não está mais “ligado”), e o átomo de hidrogênio está agora
ionizado.

 Ou seja, a energia mínima para se conseguir ionizar o átomo de hidrogênio é:


Eioniz  13,6 eV .

 De forma que, desses resultados podemos facilmente determinar as energias dos


fótons emitidos, correspondentes às transições possíveis do sistema:

Ke2  1 1  Ke2  1 1 
E fóton  hf  Ei  E f       f     
2a0  ni2 n2f  2ha0  n2f ni2 

 c c Ke2  1 1  1 Ke2  1 1 
  como             
 f   2ha0  ni2 n2f   2hca0  n2f ni2 

 Esta fórmula explica todas as séries empíricas de decaimento do átomo de hidrogênio


obtidas anteriormente.

 Frente ao sucesso espetacular de sua teoria, Bohr generalizou o modelo proposto para
o átomo de hidrogênio, aplicando-o aos íons He+, Li++, Be+++ (átomos
hidrogenóides: têm apenas um elétron em órbita), com bons resultados
experimentais.

 Nestes casos onde se tem um núcleo atômico com carga +Ze e apenas um elétron
em órbita, os cálculos dos raios e energias atômicos são dados por:

a0 2  Ke2  Z 2  n  1, 2,3,...
rn  n e En   2;
Z 2a0  n 
 Se o modelo de Bohr for aplicado a átomos que possuem mais do que um elétron ao
redor do núcleo, no entanto, não se consegue bons resultados, devido principalmente
às interações que surgem entre os próprios elétrons, como iremos discutir
posteriormente.

 Exercício 2 – capítulo 29: A série de Balmer corresponde às transições eletrônicas


que terminam no estado correspondente ao número quântico .
a) Determine a energia e o comprimento de onda do fóton de
mais baixa frequência da série.
b) Calcule o mesmo para a raia espectral de menor
comprimento de onda.
c) Estando o átomo no nível , qual a energia necessária
para ionizá-lo (em eV)?

 Resolução:
c
a) E  hf ;    quero máx (para Emín  E )
f

 1 1  1 1
 RH  2  2   1,1107   2  2   1,53 106  máx  655nm
1

máx n  2 3 
 f ni 

1 1
 1,1107   2  2   min  433 nm
1
b) Igualmente:
min 2 5 

c) Ionização: Esistema  0  n  

1 1 
 1,1107   2  2   ioniz  363, 6 nm
1

ioniz 2  
c hc
 Como   e E  hf : Eioniz   5, 45 1019 J  3, 4 eV
f ioniz
 Observe que seria esta mesma a energia liberada pelo sistema caso o hidrogênio
estivesse ionizado e capturasse um elétron de forma que o estado quântico final fosse
o de n = 2:

 13, 6 eV 13, 6 eV 
E fóton       3, 4 eV
 2 22 
 Exemplo: Em 1896, o cientista Pickering utilizou técnicas espectroscópicas para
analisar a luz emitida pela estrela  da constelação de Puppis (Popa) e propôs uma
fórmula empírica para as raias espectrais que ele observou:

  Mostre que estas linhas espectrais podem ser


1 1 1
 RH    explicadas em termos das transições ocorridas no He+.
   n 2   ni 2  
2 2

 f 

 Resolução:
 Como o He+ tem número atômico Z = 2, então segundo o modelo de Bohr:

 Ke2  4  hc
En   2  ; e como hf  Ei  E f   
2a0  n 

 
 1   Ke   4 4 
2
1 Ke2  1 1 
          
  hc   2a0   ni2 n 2f  2a0 hc   n 2 2  ni 2 2 
 f 

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