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Nº DO EXEMPLAR:
DIREITO
MARINHA DO BRASIL
ESCOLA NAVAL
SUPERINTENDÊNCIA DE ENSINO
FINALIDADE: DIDÁTICA
ATO DE APROVAÇÃO
II
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação, elaborada para o Curso de Graduação de Oficiais da Marinha,
ministrado na Escola Naval, tem o propósito de fornecer aos Aspirantes a visão do Direito,
como ciência normativa, para a formação humanística, filosófica e moral dos futuros Oficiais
da Marinha do Brasil.
2 - DESCRIÇÃO
Ao longo do quarto ano letivo, em carga horária total de sessenta horas-aula
(trinta horas-aula por semestre), os Aspirantes estudam as seguintes disciplinas,
correspondentes a Capítulos em que se divide a Apostila:
Capítulo 1 - Introdução ao Estudo do Direito
Capítulo 2 - Direito Constitucional
Capítulo 3 - Direito Penal Militar
Capítulo 4 - Direito Processual Penal Militar
Capítulo 5 - Direito Administrativo
A ideia de se elaborar Apostila para o Curso de Direito ministrado na Escola
Naval surgiu da necessidade de se oferecer aos Aspirantes fonte de consulta objetiva da
matéria ensinada. Longe de esgotar o assunto ministrado em cada disciplina do Direito, a
Apostila, indubitavelmente, facilita o estudo, mas não dispensa a consulta a obras de maior
profundidade, indicadas ao final desta publicação.
Na elaboração deste trabalho, limitamo-nos a resumir o assunto a ser
ministrado, com base em obras de maior envergadura. As matérias polêmicas,
propositadamente, não foram objeto de nossa preocupação, em razão mesmo do nível do
ensino da Ciência Jurídica na Escola Naval.
Em razão da extensão da matéria a ser ensinada, verifica-se a impossibilidade
de um aprofundamento das disciplinas estudadas, nem este é o propósito da Escola Naval.
Conforme já se ressaltou, o ensino do Direito visa à formação humanística, filosófica e moral
dos futuros Oficiais da Marinha do Brasil. Este é o nosso propósito, com base no qual
elaboramos a presente Apostila.
3 - CLASSIFICAÇÃO
III
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CAPÍTULO 1
1
Paulo Dourado de Gusmão. Introdução ao Estudo do Direito, 9ª edição. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1982,
página 36.
2
Orlando de Almeida Secco. Introdução ao Estudo do Direito, 1ª edição. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos
S.A., 1981, páginas 14 e 15.
-1-1-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
“O Direito, portanto, há que ser tido como uma ciência social, essencialmente normativa,
posto que visa a elaborar normas de conduta a serem respeitadas por cada indivíduo e
voltadas para o interesse e bem-estar da coletividade. Ele tem por núcleo central o estudo da
necessidade, a elaboração, a aplicação e a verificação dos resultados das normas de conduta
coercitivamente impostas pelo Estado aos membros de uma sociedade, o que em última
análise vem a ser propriamente a práxis social”. Grifo nosso.
2. Sociedade e Direito
3
Hermes Lima. Introdução à Ciência do Direito, 24ª edição. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos S.A., 1976,
página 7.
4
A. Machado Paupério. Introdução à Ciência do Direito, 4ª edição. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1977,
página 20.
-1-2-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
“A sociedade sem o Direito não resistiria, seria anárquica, teria o seu fim. O
Direito é a grande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para corrigir a sua
imperfeição, o Direito representa um grande esforço, para adaptar o mundo exterior às suas
necessidades de vida.”5
Em síntese, o Direito é o conjunto de regras de convivência social, chamadas
normas jurídicas, impostas pelo Estado, para a preservação da harmonia na sociedade
humana.
5
Paulo Nader. Introdução ao Estudo do Direito, 1ª edição. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1980, página 33.
6
Hermes Lima. Introdução à Ciência do Direito, cit., página 13.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Coercitividade ou imperatividade
Heterogeneidade ou heteronomia
Bilateralidade
Generalidade ou abstração
7
Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 49.
-1-4-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
-1-5-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
A bilateralidade, por sua vez, se caracteriza pela interligação entre duas partes
em decorrência das normas jurídicas. Assim, ao direito de alguém sempre há de corresponder
o dever ou obrigação de outrem. Em toda relação jurídica (o assunto será visto
oportunamente) há sempre dois sujeitos, um ativo e outro passivo, aquele portador de direito
subjetivo, e este, de dever ou obrigação jurídica.
As normas morais e religiosas, por outro lado, são unilaterais, porque, apesar
de imporem deveres, não apresentam um titular capacitado a reclamar o cumprimento de uma
obrigação, ou seja, não estabelecem relação entre duas partes.
A generalidade ou abstração, por fim, é a característica da norma jurídica que
obriga a todos que estiverem na mesma situação jurídica, indistintamente. De tal princípio
decorre o chamado princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a
lei.
8
Hermes Lima. Introdução à Ciência do Direito, cit., página 31.
-1-6-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
ordenamento jurídico de cada povo. Daí por que os romanos diziam norma agendi (norma de
ação, norma de conduta).
Já o Direito Subjetivo deve ser entendido como a faculdade de agir, segundo o
Direito Objetivo, atribuída ao titular do direito. Daí por que os romanos diziam facultas
agendi (faculdade de ação, faculdade de conduta). O Direito Subjetivo, assim, é o poder de
cada indivíduo atuar conforme a norma jurídica, para a satisfação de um interesse
juridicamente protegido.
O Direito Subjetivo, porém, não existe sem o Direito Objetivo.
Orlando de Almeida Secco9 apresenta um exemplo que elucida a matéria ora
estudada:
“... se o proprietário de um imóvel resolve alugá-lo a alguém, surge entre ambos, proprietário
e inquilino, uma relação jurídica. É relação jurídica porque a locação obedece aos ditames
das normas jurídicas específicas. O inquilino (locatário) assume através do Contrato de
Locação a obrigação de pagar mensalmente os aluguéis. Isso é um exemplo típico de dever
jurídico. O proprietário do imóvel (locador), por sua vez, em razão do mesmo contrato, passa
a ter o direito - previsto e garantido por uma norma jurídica (Direito Objetivo) - de exigir
desse seu inquilino o cumprimento da obrigação assumida, ou seja, o pagamento dos aluguéis.
Esse direito é que chamamos de faculdade jurídica. Assim, para que o locador possa exercer a
faculdade jurídica de cobrar o que lhe é devido, é necessário antes de tudo que uma norma
não só preveja como também assegure esse seu direito e, em conseqüência, imponha a outrem,
no caso o locatário, a obrigação, o dever jurídico. Aí está configurada, claramente, a
vinculação do “Direito Subjetivo” ao “Direito Objetivo”. No exemplo que acabamos de
oferecer, não poderia haver o “Direito Subjetivo” se a pretensão do locador não estivesse
devidamente tutelada por uma norma jurídica, norma essa que vem a ser propriamente o
‘Direito Objetivo’ ”.
9
Introdução ao Estudo do Direito, cit., páginas 32 e 33.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
locador possua um direito, ele poderá exercê-lo ou não. É mera opção sua a de agir ou de
simplesmente manter-se inerte, sem nada cobrar do inquilino”.
“Para explicar graficamente o conceito jurídico de “persona” será útil recordar a origem da
palavra. Entre as diversas explicações formuladas, a mais admitida é a que vincula a origem
da palavra à linguagem teatral. Segundo essa hipótese, nas representações teatrais da
antiguidade, “persona” se chamava a máscara com que o ator cobria o rosto para
representar seu papel no drama. Esta máscara tinha por objeto fazer ressoar (personare) a
voz e, além disto, não era individual porém típica do papel que o ator desempenhava na obra.
De modo que a mesma máscara servia sempre para caracterizar o mesmo papel; de onde, por
simples extensão, a palavra veio a servir depois para designar o ator mascarado, isto é, o
“personagem”. Do teatro passou a palavra à linguagem comum e foi empregada, com
significação análoga, para referir a função e a qualidade que caracterizavam cada indivíduo
em sua existência. Afinal, por uma série de mutações sucessivas, terminou a palavra por
designar simplesmente o homem, o indivíduo da espécie humana”.
10
Introdução à Ciência do Direito, cit., página 194.
-1-8-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
“... o reconhecimento pelo direito de certas condições naturais ou jurídicas que conferem à
pessoa aptidão de exercer por si os atos da vida civil. Capacidade de direito ou personalidade
civil são a mesma coisa: trata-se de um atributo da pessoa, da aptidão reconhecida ao sujeito
de direito pela lei de adquirir direitos subjetivos e contrair obrigações e deveres”.
Como exemplo de pessoa que, por causa transitória, fica impedida de exprimir
sua vontade, tem-se o indivíduo que sofre grave acidente e permanece internado em hospital,
em coma, durante dois meses, mas sobrevive.
11
Hermes Lima. Introdução à Ciência do Direito, cit., páginas 195 e 196.
-1-9-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Emancipação
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Pessoas jurídicas
As pessoas jurídicas, por sua vez, são entes a que o Direito reconhece
capacidade para serem titulares de direitos e obrigações na ordem civil. É uma ficção criada
pelo Direito, daí por que se chamam pessoas jurídicas.
A definição simples e precisa de pessoa jurídica, de Jefferson Daibert, citado
por Paulo Nader12, é a seguinte:
12
Introdução ao Estudo do Direito, cit., páginas 383 e 384.
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OSTENSIVO ORIGINAL
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OSTENSIVO EN - 121
PESSOAS JURÍDICAS
Pessoas Jurídicas de Direito Pessoas Jurídicas de Direito Pessoas Jurídicas de Direito Privado:
Público Externo: Público Interno: 1. Associações (Associação
1. Estados estrangeiros 1. União dos Suboficiais e Cabos da Marinha)
(França, Japão, Venezuela, 2. Estados (São Paulo, Rio de 2. Sociedades simples
Brasil, Estados Unidos) Janeiro, Bahia, Piauí) (Universidade Gama Filho)
2. Demais pessoas regidas 3. Distrito Federal 3. Sociedades empresárias
pelo Direito Internacional 4. Territórios (Lojas Americanas S.A.)
Público, como os organismos 5. Municípios (Cabo Frio, Rio 4. Fundações
internacionais (ONU, OEA) de Janeiro, São Paulo) (Fundação de Estudos do Mar)
6. Autarquias (INSS, SUSEP) 5. Organizações religiosas
7. Outras entidades de caráter (Primeira Igreja Batista do Rio de
público criadas por lei. Janeiro, Igreja Internacional da Graça)
6. Partidos políticos
(MDB, PSL)
RELAÇÃO JURÍDICA
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Sujeito Ativo
Sujeito passivo
Vínculo jurídico
Objeto
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
FONTES DO DIREITOS
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Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 179.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Leis
Costumes
Doutrina
Jurisprudência
LEI
E continua Paulo Nader a ensinar que a lei possui duas ordens de caracteres:
substanciais e formais.
São caracteres substanciais da lei os mesmos caracteres da norma jurídica -
assunto já estudado (coercitividade ou imperatividade, heterogeneidade ou heteronomia,
bilateralidade e generalidade ou abstração).
Os caracteres formais, por sua vez, são os seguintes: forma escrita da lei,
emanada do Poder Legislativo, em processo regular de formação, promulgada e publicada.
Em síntese, a lei é a norma jurídica escrita, emanada do Poder competente,
observado o processo regular de sua formação, promulgada e publicada, e dotada de sanção.
O processo legislativo, previsto na Constituição Federal, estabelece as etapas
de formação das leis, que são:
16
Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 186.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Segundo o artigo 61, caput, da Constituição Federal, a iniciativa das leis, que
se caracteriza pela apresentação de projeto de lei a uma das Casas do Congresso Nacional
(Câmara dos Deputados e Senado Federal), cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos. A Constituição estabelece, ainda, casos de iniciativa privativa de leis do Presidente
da República (artigo 61, § 1º, da Constituição Federal, com as alterações decorrentes das
Emendas Constitucionais nos. 18/1998 e 32/2001).
Apresentado o projeto de lei, este será discutido e votado em cada Casa do
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
O início da discussão de projetos de lei de iniciativa do Presidente da
República, dos membros ou de Comissões da Câmara dos Deputados, do Supremo Tribunal
Federal, dos Tribunais Superiores e dos cidadãos se dará na Câmara dos Deputados (artigos
61, § 2º, e 64, caput, da Constituição Federal).
Durante a discussão do projeto de lei, a qual ocorre nas diversas Comissões
existentes nas Casas Legislativas e nos respectivos Plenários, tal projeto poderá sofrer
alterações.
Após a discussão do projeto de lei em uma Casa do Congresso Nacional
(Câmara dos Deputados ou Senado Federal), denominada Casa iniciadora, tal projeto é
submetido à votação (em Plenário), só se considerando aprovado se obtiver o voto da maioria
simples dos membros da referida Casa.
Aprovado, o projeto de lei é encaminhado à outra Casa do Congresso Nacional,
então chamada Casa revisora, para ser nela discutido e votado (artigo 65, caput, da
Constituição Federal).
Na Casa revisora, o projeto de lei é discutido e votado em um só turno, sendo
considerado aprovado se obtiver o voto da maioria simples dos membros da referida Casa.
Se, na Casa revisora, o projeto de lei for rejeitado, ele será arquivado; se for
emendado, retornará à Casa iniciadora, para deliberação sobre a emenda (artigo 65 da
Constituição Federal).
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
A publicação das leis, via de regra, se dá no órgão oficial (Diário Oficial) que
veicula os atos do Poder Público. No âmbito federal, cabe ao Presidente da República fazer
publicar as leis (artigo 84, IV, da Constituição Federal).
Apresenta-se a seguir o esquema do processo legislativo de elaboração de lei,
bem como exemplos de leis publicadas no Diário Oficial da União.
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OSTENSIVO ORIGINAL
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- 1 - 23 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
- 1 - 24 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Decreto-Lei nº 4.657/1942.
“Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.”
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Releva ressaltar, por fim, que as leis podem ser federais, estaduais (ou
distritais) ou municipais. Em sendo o Brasil uma Federação, possuindo unidades políticas
autônomas (União, Estados, Distrito Federal, Municípios), as leis podem emanar de cada uma
daqueles Entes, observado, sempre, o que estabelece a Constituição da República, já que
nenhuma lei pode contrariá-la. As leis federais se aplicam em todo o território nacional; as
estaduais, na área do respectivo Estado, as distritais, no âmbito do Distrito Federal, e as
municipais, no âmbito do respectivo Município.
COSTUMES
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
17
Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 198.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
DOUTRINA
JURISPRUDÊNCIA
18
Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 229.
19
Idem, página 218.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Nos Países de Direito Escrito, como o Brasil, a jurisprudência não tem tanta
importância, já que os juízes não ficam vinculados a ela, ainda quando invocada pelas partes;
julgam de acordo com sua consciência e com a lei.
Como fonte do Direito, porém, a jurisprudência assume papel relevante, já que
as reiteradas decisões dos tribunais terminam por influenciar o legislador, que as transforma
em leis, aperfeiçoando o Direito.
AS DIVISÕES DO DIREITO
“Publicum ius est quod ad statum rei Romanæ spectat, privatum, quod ad
singulorum utilitatem pertinet, sunt enim quædam publicæ utilia, quedam
privatum.” (“Dois são os aspectos do Direito: o público e o privado. O
Direito Público versa sobre o modo de ser do Estado Romano; o Privado
sobre o interesse dos particulares.”)
Tal divisão ainda subsiste por ser didática e tradicional: remonta ao Direito
Romano. Tanto que, para o jurista Cuvielo, citado por A. Machado Paupério21, “... a divisão
20
Introdução ao Estudo do Direito, cit., página 222.
21
Introdução à Ciência do Direito, cit., página 90.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
do direito em público e privado ‘tem em grande parte um valor histórico e tradicional mais
que racional e científico’ ”.
De qualquer forma, após o surgimento de diversas teorias que procuraram
explicar a divisão dicotômica do Direito, passou-se a entender que o Direito Público é aquele
em que há predominância do interesse do Estado, e o Direito Privado, em que predomina o
interesse dos particulares, ou seja, das pessoas. No Direito Público, o Estado se apresenta
investido de imperium.
Impossível fazer-se a separação total do Direito Público do Direito Privado. Há
uma tendência atual de publicização do Direito Privado. Assim, por exemplo, o Direito de
Família, tipicamente integrante do Direito Privado (Direito Civil), atrai, cada vez mais, o
interesse do Estado na sua regulação, tornando suas normas de Direito Público (casamento,
poder familiar, proteção dos filhos).
Não se pode deixar de observar que as normas de Direito Público,
contrariamente às de Direito Privado, não podem ser derrogadas pela vontade dos
particulares.
Pela dificuldade de se enquadrarem alguns ramos do Direito no Direito Público
ou Privado, a clássica divisão dicotômica transformou-se em tricotômica, dando origem ao
Direito Social. Tal divisão, inicialmente, foi proposta por Paul Roubier, com o título de
Direito Misto, posteriormente denominado Direito Social.
O Direito Social é um Direito de grupos, em que predomina o interesse global
e não individual, como no Direito Privado, nem do Estado, agindo com imperium, como no
Direito Público.
Assim, se o ramo do Direito não puder ser enquadrado no Direito Público nem
no Direito Privado, pertencerá ao Direito Social.
Por fim, importa ressaltar que a matéria ainda é polêmica, havendo autores que
sequer admitem a divisão do Direito em Público e Privado, e outros que não admitem a
existência do Direito Social.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
DIREITO PÚBLICO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Direito Processual Penal e Direito Processual Penal Militar: regula o direito de ação e o
funcionamento dos órgão judiciais, na aplicação das penas àqueles que praticarem ilícitos
penais.
Direito Marítimo: regula a navegação e cabotagem, a indústria e o comércio marítimos.
Direito Aeronáutico: regula a navegação aérea, sob os seus mais variados aspectos.
Direito Financeiro: regula as finanças públicas, mediante o disciplinamento das receitas e
despesas do Estado.
Direito Tributário: regula as relações entre o Estado e os particulares na cobrança de
tributos, definindo as espécies tributárias.
DIREITO PRIVADO
Direito Civil: regula o estado e a capacidade das pessoas e suas relações no que se refere à
família, às coisas (bens), às obrigações e à sucessão patrimonial.
Direito Comercial: regula as relações jurídicas inerentes ao comércio, assim como os atos
comerciais praticados pelos comerciantes e pelas sociedades comerciais.
Direito Internacional Privado: regula as questões relativas à aplicação de leis de diferentes
Estados, ou seja, soluciona os conflitos de leis no espaço.
DIREITO SOCIAL
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
FILOSOFIA DO DIREITO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
FILOSOFIA DO DIREITO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
MORAL E DIREITO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
específica, não se limitam à hipótese concretamente resolvida, mas podem estender-se, com
efeito normativo, aos casos futuros, que apresentem a mesma configuração do caso
inicialmente decidido.
O sistema socialista baseia-se nos princípios marxistas-leninistas, com
característica específica para cada Estado.
No Direito muçulmano, sua fonte é o Alcorão.
O Direito hindu se encontra nos Quatro Livros Sagrados dos Vedas, que
estabelece rigoroso regime de castas.
O Direito chinês também tem cunho religioso e baseia-se, sobretudo, no
pensamento de Confúncio, confundindo-se com a Moral.
Como o Direito retrata a evolução da Sociedade, os diversos ramos do Direito
também são influenciados pela Filosofia do Direito. Como tal estudo foge ao escopo desta
síntese da Filosofia do Direito, fica apenas como notícia, para posterior aprofundamento do
assunto pelos interessados.
Assim, há a Filosofia do Direito Constitucional, do Direito Civil, do Direito
Comercial, do Direito Penal, e dos demais ramos do Direito.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CAPÍTULO 2
DIREITO CONSTITUCIONAL
Já estudamos que o homem (ser humano) não pode viver fora da sociedade. A
vida em sociedade é da natureza humana. O homem é um animal social.
Mas o que é sociedade ?
Não se pode considerar sociedade um grupo de pessoas, ainda que muito
grande o número de indivíduos que o compõe, reunido em função de algum objetivo comum.
Assim, para que um agrupamento humano possa ser reconhecido como uma
sociedade são indispensáveis os seguintes elementos23:
1. uma finalidade;
2. manifestações de conjunto ordenadas;
3. o poder social.
22
Lucy Vereza. Teoria Geral do Estado: 1000 Perguntas, 1ª edição. Rio de Janeiro, Editora Rio, 1982, página 11,
pergunta n° 2.
23
Dalmo de Abreu Dallari. Elementos de Teoria Geral do Estado, 7ª edição. São Paulo, Saraiva, 1981, página 17.
-2-1-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CONCEITO DE ESTADO
CONCEITO DE NAÇÃO
Importa ressaltar que Nação e Estado são realidades distintas; aquela, uma
realidade sociológica; este, uma realidade jurídica.
Nação, assim, segundo Lucy Vereza25: “É o conjunto de pessoas ligadas entre
si por vínculos permanentes de sangue, idioma, religião, cultura, ideais”.
24
Francisco Vani Bemfica. Curso de Teoria do Estado - Direito Constitucional I, 2ª edição. Rio de Janeiro,
Forense, 1984, página 1.
25
Teoria Geral do Estado, cit., página 21, pergunta n° 62.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
População
Território
Governo
26
Curso de Teoria do Estado, cit., página 29.
27
Teoria Geral do Estado, cit., página 22, pergunta n° 72.
-2-3-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
28
Teoria Geral do Estado, cit., página 26.
-2-4-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CONCEITO DE SOBERANIA
O Estado que, sob o ponto de vista político, não depende de outro, é soberano.
Eis a primeira noção de soberania.
“A soberania é a propriedade de um Estado ser uma ordem suprema, que não deve sua
validade a nenhuma ordem superior. Se existe ordem superior ao Estado, ele não é soberano,
não é um Estado perfeito.”29
Assim, embora a soberania não se confunda com o poder do Estado, sendo uma
qualidade de tal poder, ela é o grau supremo a que atinge o poder estatal, não se reconhecendo
outro poder juridicamente superior a ele, fora dele, nem igual, dentro dele.
A totalidade dos doutrinadores reconhece as seguintes características da
soberania:
Unidade
Indivisibilidade
Inalienabilidade
Imprescritibilidade
29
Francisco Vani Bemfica. Curso de Teoria do Estado, cit., página 40.
-2-5-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
FORMAS DE ESTADO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
União Pessoal
União Real
União Incorporada
Confederação
Federação
FEDERAÇÃO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
FORMAS DE GOVERNO
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Resumidamente:
Monarquia
30
Dalmo de Abreu Dallari. Elementos de Teoria Geral do Estado, cit., página 198.
31
Idem, página 198.
- 2 - 10 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Vitaliciedade
Hereditariedade
Irresponsabilidade
República
Temporariedade
Eletividade
Responsabilidade
32
Elementos de Teoria Geral do Estado, cit., páginas 198 e 199.
33
Idem, página 201.
- 2 - 11 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
DEMOCRACIA
34
Elementos de Teoria Geral do Estado, cit., página 129.
- 2 - 12 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
35
Curso de Teoria do Estado, cit., página 137.
36
Idem, página 139.
37
Elementos de Teoria Geral do Estado, cit., página 137.
- 2 - 13 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Referendum
Plebiscito
Iniciativa popular
Veto popular
Recall
Governo Presidencial
Governo Parlamentar
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
40
Elementos de Teoria Geral do Estado, cit., página 215.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO
1. O Presidente da República é o 1. O Primeiro-Ministro é apenas o Chefe do
Chefe do Estado e do Governo. Governo. O Chefe do Estado é o Presidente
da República ou Monarca.
2. A Chefia do Executivo é 2. A Chefia do Executivo é colegiada -
unipessoal - Presidente da República Primeiro-Ministro e demais Ministros
- embora auxiliado por Ministros de (Gabinete).
Estado.
3. O Presidente da República não é 3. A Chefia do Executivo é responsável
responsável politicamente. politicamente.
4. O Presidente da República não 4. O Presidente da República ou o Rei pode
pode dissolver o Congresso. dissolver o Parlamento por solicitação do
Primeiro-Ministro.
5. O Presidente da República não 5. O Gabinete (Primeiro-Ministro e demais
pode ser afastado do cargo pelo Ministros) pode ser dissolvido pelo
Congresso. Presidente da República, com a anuência do
Parlamento.
6. O Presidente da República é 6. O Primeiro-Ministro, em geral, é indicado
eleito pelo povo. pelo Chefe de Estado e deve ter seu nome
aprovado pelo Parlamento.
7. Os Poderes Legislativo e 7. Os Poderes Legislativo e Executivo são
Executivo são independentes. interdependentes.
8. O Presidente da República 8. O Primeiro-Ministro não participa do
participa do processo legislativo. processo legislativo.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
DIREITO CONSTITUCIONAL
- O Espírito das Leis - escrita em 1748, na qual ele preconizou a separação das funções do
Estado (legislativa, executiva e judiciária), exercidas por Poderes independentes e
harmônicos, e os direitos e garantias do cidadão.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que surgiu após
a Revolução Francesa, em seu artigo 16, estabeleceu o conteúdo mínimo de qualquer
Constituição:
“Artigo 16. Toda sociedade, na qual a garantia dos direitos não estiver assegurada, nem
determinada a separação de poderes, não tem Constituição.”
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são as Constituições estabelecidas pelo povo, numa Assembleia Constituinte, votada para tal
fim.
Promulgadas são as Constituições elaboradas por uma assembleia popular,
eleita para exercer a atividade constituinte. A Constituição brasileira de 1988 foi promulgada.
Outorgadas, por sua vez, são as Constituições elaboradas por um indivíduo ou por um grupo
de indivíduos que não recebeu do povo, diretamente, o poder para exercer a função
constituinte. Trata-se de Constituição imposta, arbitrária. A Constituição do Brasil de 1937 foi
outorgada.
A Constituição rígida é aquela que, embora possa ser alterada, estabelece um
processo especial para sua modificação ou emenda, mais difícil e solene que o das leis
comuns.
Já a Constituição brasileira de 1988 é super-rígida, visto que, para ser
emendada, além de ser necessário o voto de três quintos dos membros da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, em duas votações, em cada uma daquelas Casas Legislativas
(artigo 60, § 2º), algumas normas não podem ser alteradas, as chamadas cláusulas pétreas.
(Art. 60, §4º).
A Constituição flexível é aquela que pode ser modificada pelo mesmo
procedimento legislativo para elaboração de uma lei comum. As Constituições
consuetudinárias, em regra, são flexíveis.
Por fim, as Constituições semi-rígidas são aquelas em que, para alguns de seus
dispositivos, são exigidas regras especiais para modificação (são rígidas) e, para outros, não
(são flexíveis). Exemplo de Constituição semi-rígida é a Constituição do Império de 1824.
PODER CONSTITUINTE
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Art. 60 ..........................................................................................
§ 1°. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de
defesa ou de estado de sítio.
.......................................................................................................
§ 4°. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - A forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
AS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL
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4) 10 de novembro de 1937;
5) 18 de setembro de 1946;
6) 24 de janeiro de 1967;
7) 17 de outubro de 1969;
8) 5 de outubro de 1988.
Veremos, sinteticamente, as principais características das Constituições
brasileiras:
1) a de 25 de março de 1824: foi outorgada por Dom Pedro I, após a dissolução
da Assembleia Constituinte convocada por ele próprio; instituiu o Estado unitário, a
Monarquia, o Parlamentarismo e o governo representativo; instituiu, ao lado dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, o quarto poder, chamado Poder Moderador, atribuído ao
Imperador; assegurou os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos; adotou a Religião
Católica Apostólica Romana como oficial. Foi emendada pelo Ato Adicional de 12/08/1834,
com o fortalecimento da autonomia das Províncias, a extinção do Conselho de Estado, entre
outras alterações;
outorgado por Getúlio Vargas, chefe do Governo Provisório, que destituiu o então Presidente
Washington Luís. Em 1932, houve a Revolução Constitucionalista, que redundou na
convocação da Assembleia Constituinte;
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Art. 1°. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
União
Estados
Distrito Federal
Municípios
Art. 18 ....................................................................................................
§ 3°. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
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Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos:
......................................................................................................................
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica,
votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
Por fim, os Territórios Federais têm sua organização disciplinada pelo artigo 33
da Constituição Federal, verbis:
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1°. Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber,
o disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2°. As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com
parecer prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3°. Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado
na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância,
membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
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Artigo 16. Toda sociedade, na qual a garantia dos direitos não estiver assegurada, nem
determinada a separação de poderes, não tem Constituição.
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.
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DO PODER LEGISLATIVO
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
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Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1°. O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2°. Cada Território elegerá quatro Deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1°. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2°. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro
anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3°. Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
§ 1°. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal.
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§ 2°. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Neste caso, os autos serão remetidos dentro
de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
resolva sobre a prisão.
§ 3°. Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até decisão final,
sustar o andamento da ação.
§ 4°. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5°. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
§ 6°. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações.
§ 7°. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda
que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
§ 8°. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos
casos de atos, praticados fora do recinto do Congresso, que sejam incompatíveis com a
execução da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35/2001.)
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
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de medida provisória (artigo 62, § 1°, da Constituição Federal, parágrafo incluído pela
Emenda Constitucional n° 32/2001).
Os decretos legislativos e as resoluções são atos legislativos de competência
exclusiva do Congresso Nacional (artigo 49 da Constituição) ou privativa da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal (artigos 51 e 52 da Constituição). O Presidente da República
não participa do processo de elaboração de tais atos legislativos. Por exemplo, mediante
decreto legislativo, o Congresso Nacional autoriza o Presidente da República a declarar guerra
(artigo 49, II, da Constituição Federal); mediante resolução, a Câmara dos Deputados e o
Senado Federal criam cargos nos seus serviços (artigos 51, IV, e 52, XIII, da Constituição
Federal; dispositivos com redação dada pela Emenda Constitucional n° 19/98).
Por fim, a elaboração de emenda à Constituição está compreendida no processo
legislativo (artigo 59, I, da Constituição).
Conforme já estudamos, a Constituição é passível de ser emendada, para se
adaptar à evolução da sociedade. Tais emendas se fazem pelo Congresso Nacional, que, na
hipótese, exerce o poder constituinte derivado reformador.
Segundo a própria Constituição, ela pode ser emendada mediante proposta de,
pelo menos, um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do
Presidente da República e de mais da metade das Assembleias Legislativas dos Estados
(artigo 60, caput, da Constituição).
A proposta de emenda à Constituição deve ser discutida e votada em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver o voto de três
quintos (3/5) dos respectivos membros (artigo 60, § 2º, da Constituição), em cada turno.
A emenda à Constituição é promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, sem a participação do Presidente da República (artigo 60, § 3º, da
Constituição).
Ante o disposto no artigo 60, § 4º, da Constituição, não pode ser objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto
direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes, e os direitos e garantias
individuais.
“A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio” (artigo 60, § 1°, da Constituição Federal).
São apresentados, a seguir, exemplos de emenda constitucional, de decreto
legislativo, de resolução e de medida provisória, publicados no Diário Oficial da União.
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DO PODER EXECUTIVO
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros
de Estado.
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Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder -lhe-á, no de vaga, o Vice-
Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para
missões especiais.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de
janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
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Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos
e no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas
nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração
federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da
República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo
Presidente da República.
DO PODER JUDICIÁRIO
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As garantias dos juízes são asseguradas pela Constituição, em seu artigo 95:
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Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre
cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável
saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
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Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei.
§ 1º. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e
a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de
processos sobre questão idêntica.
§ 2º. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento
de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.
§ 3º. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
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Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente
da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,
de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores
dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por
antiguidade e merecimento, alternadamente.
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Juízes Federais
Justiça do Trabalho
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da
carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
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Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento,
alternadamente.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por
sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional
do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
.................................................................................................
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 24/1999.)
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45/2004.)
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45/2004.)
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e
entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto
no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
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VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos
de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.)
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45/2004.)
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45/2004.)
Justiça Eleitoral
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito
Federal.
§ 1°. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
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OSTENSIVO ORIGINAL
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Justiça Militar
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três
dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco
dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre
brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional;
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da
Justiça Militar.
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da
Justiça Militar.
Ministério Público
Advocacia Pública
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OSTENSIVO EN - 121
Por ser o Brasil uma Federação, os Estados que a compõem, também, possuem
Constituição, e as suas funções legislativa, executiva e judiciária são atribuídas a Poderes,
como ocorre na União Federal.
O Poder Legislativo do Estado é exercido pela Assembleia Legislativa. Neste
aspecto, há diferença em relação à União, já que o Legislativo estadual é unicameral.
Sobre o número de deputados à Assembleia Legislativa dispõe o artigo 27,
caput, da Constituição Federal.
O Poder Executivo estadual é exercido pelo Governador, auxiliado pelos
Secretários. Sobre a eleição dos Governadores dispõe o artigo 28 da Constituição Federal.
O Poder Judiciário do Estado é organizado por ele próprio, dispondo a
Constituição estadual sobre a competência dos tribunais, observados os princípios da
Constituição Federal (artigo 125). O Tribunal de cúpula do Estado é o Tribunal de Justiça.
O Distrito Federal, sede do governo da União, é regido por Lei Orgânica,
votada pela Câmara Legislativa (artigo 32, caput, da Constituição).
O Poder Legislativo do Distrito Federal, assim, é exercido pela Câmara
Legislativa, com as competências legislativas dos Estados e dos Municípios (artigo 32, § 1º,
da Constituição).
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A Magna Carta de 1215, imposta ao Rei João Sem Terra pelos barões ingleses,
foi o primeiro documento a reconhecer o direito de propriedade, de liberdade, entre outros.
Em 1628, também na Inglaterra, surgiu a Petition of Rights, ou seja, um pedido
feito ao Monarca, e aceito, para que ele colocasse em prática vários direitos e liberdades já
previstos na Magna Carta, como, por exemplo, o do artigo 39: “Nenhum homem livre será
detido nem preso, nem despojado de seus direitos nem de seus bens, nem declarado fora da
lei, nem exilado, nem prejudicada a sua posição de qualquer outra forma; tampouco
procederemos com força contra ele, nem mandaremos que outrem o faça, a não ser por um
julgamento legal de seus pares e pela lei do país”.
Ainda na Inglaterra, surgiram o Habeas Corpus Act, para garantia da liberdade,
em 1679; e o Bill of Rights, em 1689, a partir de quando se firmou a supremacia do
Parlamento inglês, dando origem à Monarquia Constitucional.
Na América, surgiram várias declarações de direitos. Dentre elas, a mais
importante foi a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, de 1776, antiga colônia
inglesa, que se declarou independente, formando, posteriormente, a Confederação
Norte-Americana. A essência da Declaração era a seguinte: “Que todos os homens são, por
natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos direitos inatos, dos quais, quando
entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus
pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com meios de adquirir e possuir a
propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança”.
Na França, em 1789, surgiu a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, após o advento da Revolução Francesa. Tal Declaração tinha como síntese a
liberdade, a igualdade, a propriedade e a legalidade, e influenciou diversos outros povos, à
época. Foi, sem dúvida, um marco na História da Humanidade.
Com o surgimento de Constituições escritas, os diversos Países passaram a
contemplar naquelas Constituições os direitos e garantias fundamentais do homem.
No Século XX, em 1948, após o término da Segunda Guerra Mundial, surgiu a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, elaborada por uma Comissão constituída pela
Organização das Nações Unidas, sob a presidência da mulher do Presidente norte-americano,
Roosevelt.
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Princípio da isonomia
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
............................................................................................................
Princípio da legalidade
Art. 5° ...................................................................................................
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
................................................................................................................
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Princípio da não-extradição
Art. 5º .................................................................................................
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
...........................................................................................................
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42
Jorge Alberto Romeiro. Curso de Direito Penal Militar (Parte Geral). São Paulo, Editora
Saraiva, 1994, página 73.
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judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
.................................................................................................................
Liberdade de profissão
Art. 5º .....................................................................................................
. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
.................................................................................................................
Liberdade de informação
Art. 5º .....................................................................................................
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional;
..................................................................................................................
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;
.................................................................................................................
Liberdade de locomoção
Art. 5º ....................................................................................................
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
................................................................................................................
Art. 5º ....................................................................................................
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
- 2 - 58 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Direito de propriedade
Art. 5º .......................................................................................................
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
..................................................................................................................
....................................................................................................................
Art. 5º .......................................................................................................
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e
o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
....................................................................................................................
Direito de herança
Art. 5º .......................................................................................................
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus;
...................................................................................................................
Em matéria penal, a Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos XXXVIII a
L e LXI a LXVII, estabelece princípios, direitos e garantias. Tal assunto será examinado
quando se estudar Direito Penal Militar.
Do habeas corpus
Art. 5º .........................................................................................................
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder;
....................................................................................................................
Art. 142 ......................................................................................................
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
Do mandado de segurança
Art. 5º .......................................................................................................
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
- 2 - 60 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Do mandado de injunção
Art. 5º ........................................................................................................
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
...................................................................................................................
Do habeas data
Art. 5º .......................................................................................................
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
...................................................................................................................
- 2 - 61 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
DA ORDEM ECONÔMICA
- 2 - 62 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CAPÍTULO 3
-3-1-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
-3-2-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
-3-3-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Princípio da legalidade
-3-4-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Art. 5º ...................................................................................................
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
-3-5-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
..................................................................................................................
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com
a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
................................................................................................................
Art. 5º ..................................................................................................
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
..............................................................................................................
TEMPO DO CRIME
-3-6-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
A lei penal, via de regra, tem vigência dentro dos limites territoriais em que o
Estado exerce sua soberania.
Trata-se do Princípio da Territorialidade, adotado pelos Códigos Penais comum
(artigo 5º) e Militar (artigo 7º). Assim, qualquer que seja o agente, ainda que estrangeiro, ao
praticar um fato definido como crime em território nacional, fica sujeito às nossas leis penais.
Ambos os Códigos, porém, ressalvam as convenções, os tratados e as regras de
direito internacional, na aplicação da lei penal no espaço. Em outras palavras, tais atos
internacionais podem afastar da aplicação da lei penal brasileira aqueles que praticarem
crimes no território nacional.
Para efeito de aplicação da lei penal no espaço, “consideram-se como extensão
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço
aéreo correspondente ou em alto-mar” (artigo 5º, § 1º, do Código Penal comum).
Dispõe o artigo 7º, § 1º, do Código Penal Militar: “Para os efeitos da lei penal
militar consideram-se como extensão do Território Nacional as aeronaves e os navios
brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou
ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada”.
-3-7-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Por fim, a lei penal brasileira é aplicável aos crime praticados a bordo de
navios e aeronaves estrangeiros de propriedade privada, se estas se acharem em pouso no
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e se aqueles se acharem em
porto ou no mar territorial brasileiro (artigo 5º, § 2º, do Código Penal comum). No caso
específico da lei penal militar, basta que o crime praticado a bordo de navios ou aeronaves
estrangeiros ocorra em lugar sujeito à administração militar e atente contra as instituições
militares (artigo 7º, § 2º, do Código Penal Militar).
Segundo o artigo 7°, § 3°, do Código Penal Militar, “considera-se navio toda
embarcação sob comando militar”.
Além do Princípio da Territorialidade, o Código Penal comum (artigo 7º)
adota, em situações excepcionais, o Princípio da Extraterritorialidade, ou seja, a lei penal
brasileira, em situações específicas, se aplica àqueles que praticarem crime no estrangeiro,
seja o agente brasileiro ou estrangeiro. Por exemplo, nos crimes políticos contra a vida e a
liberdade do Presidente da República, aplica-se a lei penal brasileira, qualquer que seja o
agente (brasileiro ou estrangeiro), se praticado o crime no estrangeiro.
No Direito Penal Militar, a aplicação do Princípio da Extraterritorialidade
constitui regra geral, ante os termos do artigo 7°, caput, parte final, do Código Penal Militar,
ao contrário do que ocorre no Direito Penal comum. Assim, a lei penal militar brasileira se
aplica ao agente de qualquer nacionalidade, que praticar crime militar, em país estrangeiro,
ainda que tal agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela Justiça estrangeira.
CRIME
Conceito de crime
Nem o Código Penal comum, de 1940, nem o Código Penal Militar, de 1969,
conceituam crime.
Ao contrário do Código Penal comum em vigor, o Código Penal do Império, de
1830, e o da República, de 1890, conceituaram crime, em seus artigos 2º, § 1º, e 7º,
respectivamente.
O Direito Penal é, em regra, sancionador. Crime, assim, é a conduta contrária
às leis penais, sob cominação de pena.
-3-8-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Importa ressaltar que o Direito Penal brasileiro reconhece, além dos crimes ou
delitos (expressões sinônimas), as contravenções. A contravenção se diferencia do crime pela
maior gravidade deste em relação àquela. Os penalistas costumam chamar a contravenção de
crime anão.
Na conceituação do crime, são observados os aspectos formal, material e
analítico.
Formalmente, crime é toda ação ou omissão vedada pela lei, sob ameaça de
pena.
Materialmente, crime é o desvalor da vida social. Assim, na definição material,
crime é a ação ou omissão que, por violar os valores ou interesses da sociedade, é proibida
pela lei, sob ameaça de pena.
Para nós, interessa, especialmente, o conceito analítico de crime.
O conceito analítico tradicional de crime considera-o como a “ação típica,
antijurídica e culpável”. Atualmente, alguns penalistas consideram como elementos
constitutivos do conceito de crime apenas a ação típica e antijurídica, sendo a culpabilidade
pressuposto para aplicação da pena, e não elemento integrante do conceito de crime.
Segundo o Código Penal Militar, pode-se inferir o conceito analítico de crime
adotado:
43
Direito Penal Resumido (Parte Geral). São Paulo, Livraria e Editora Universitária de Direito - Leud, 1997,
página 43.
-3-9-
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
- 3 - 10 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Crime doloso
O Código Penal Militar, em seu artigo 33, I (idêntico dispositivo no artigo 18,
I, do Código Penal comum), dispõe, verbis:
- 3 - 11 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Crime culposo
Nos crimes culposos, o resultado não é querido, nem previsto, mas sobrevém
por negligência, imprudência ou imperícia do agente.
- 3 - 12 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Conduta
Previsibilidade
Tipicidade
44
Manual de Direito Penal: Volume I. São Paulo, Editora Atlas, 1993, página 142.
- 3 - 13 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Crime preterdoloso
a morte. Tício não queria a morte de Caio, mas esta sobreveio, independentemente da vontade
dele. Houve, portanto, dolo na ação antecedente (intenção de ferir Caio) e culpa na ação
consequente (morte de Caio, não desejada, mas previsível).
Art. 33 ....................................................................................................
Parágrafo único. Salvo nos casos expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
- 3 - 15 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Cogitação
Atos preparatórios
Início de execução
Consumação
- 3 - 16 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
nesse instante há um bem a ser protegido juridicamente (a vida do desafeto) e ameaçado. Tal
fase já é punível, ainda que o crime não se consume.
Consumação: o agente atira em seu desafeto e vem a matá-lo. A conduta do
agente se enquadrou no tipo legal do homicídio (artigo 121 do Código Penal comum).
Dispõe o artigo 30, II, do Código Penal Militar (idêntico dispositivo no artigo
14, II, Código Penal comum), verbis:
- 3 - 17 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado” (artigo 30, parágrafo único, parte
final, do Código Penal Militar).
- 3 - 18 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Crime impossível
Crime continuado
- 3 - 19 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
considerados como continuação do primeiro.
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser
unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se de espécies
diferentes, a pena única é a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo
das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.
- 3 - 20 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE
Estado de necessidade
Legítima defesa
- 3 - 21 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
- 3 - 22 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CULPABILIDADE
Conceito de culpabilidade
Imputabilidade
O artigo 29, caput, do Código Penal Militar (idêntico dispositivo no artigo 13,
caput, do Código Penal comum), dispõe, verbis:
- 3 - 23 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
Inimputabilidade
Art. 28 ...........................................................................................................
§ 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
- 3 - 24 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
terços), se o agente, por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não possui, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Doença mental
Menoridade
- 3 - 25 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Embriaguez
- 3 - 26 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
O artigo 28, caput, do Código Penal comum, indica as situações que não
excluem a imputabilidade do agente, verbis:
- 3 - 27 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
- 3 - 28 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
ERRO
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave
quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o
fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro
plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de
situação de fato que tornaria a ação legítima.
- 3 - 30 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Por erro plenamente escusável compreende-se aquele que não pode ser evitado,
mesmo que se empregue a diligência exigida pelo ordenamento jurídico. Segundo o disposto
no artigo 36, caput, do Código Penal Militar, o erro de fato escusável ocorre em dois casos:
1 - quando, na prática da conduta, o agente supõe a inexistência de
circunstância de fato que constitui o crime;
2 - quando, na prática da conduta, o agente supõe a existência de situação de
fato que tornaria a ação legítima.
Exemplo da primeira situação acima apresentada: Tício, Aspirante da Escola
Naval, imaginando ser seu o livro de Caio, seu colega de camarote, apodera-se de tal livro,
levando-o para casa. Não seria punido pelo crime de furto, porque supôs inexistente a
circunstância de fato que constitui tal crime, ou seja, a elementar do tipo “alheia” (crime de
furto: artigo 240 do Código Penal Militar: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel”). Tício, também, não responderá por culpa, porque não há previsão para crime de
furto culposo.
Exemplo da segunda situação acima apresentada: Tício e seu filho Caio
residem em local perigoso, sujeito a assaltos. Como Caio raramente volta para casa após as 22
horas, em determinado dia, quando Tício avistou um vulto já dentro de sua casa, às 3 horas da
madrugada, disparou sua arma contra tal vulto, supondo tratar-se de assaltante, quando, na
realidade, era seu filho Caio. Assim, a situação de fato imaginada por Tício (um ladrão que
invadiu sua casa) tornou a ação legítima, porque ele agiu em legítima defesa. Diz-se que
houve legítima defesa putativa.
Exemplo de erro de fato acidental: Tício, vendo uma carteira de dinheiro sobre
a mesa de Mévio, seu colega de escritório, aproveitando-se da ausência dos outros
empregados, retirou o dinheiro existente na referida carteira, deixando-a no mesmo local.
Com o retorno dos empregados, verificou-se que a carteira de dinheiro, na realidade, não
pertencia a Mévio, mas a Caio. O erro de fato acidental não exclui a culpabilidade.
Exemplo de erro de fato culposo: Tício, após um assalto ocorrido na casa
situada ao lado da sua, comprou um revólver para defender sua família. Na segunda noite
- 3 - 31 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
após a ocorrência do assalto, Mévio, filho de Tício, voltou para casa às 23 horas e, para não
acordar seus pais, procurou não fazer barulho. Tício, entretanto, ao perceber a presença de
alguém em sua casa, sem verificar de quem se tratava, disparou a arma contra tal pessoa,
vindo a matar seu próprio filho. Tício responderá, assim, por homicídio culposo, porque agiu
culposamente, ao não ter tido o cuidado necessário para evitar o fato. Nas circunstâncias do
ocorrido, não se pode admitir que Tício tivesse suposto, erroneamente, tratar-se de ladrão a
invadir sua casa. Por isso, responderá por homicídio culposo.
Exemplo de erro de fato provocado por terceiro: o Aspirante Tício, para fazer
uma brincadeira com seu colega Mévio, pede a Caio, também Aspirante, que aponte a arma
usada na Escola Naval para Mévio e acione o gatilho. A arma, porém, estava municiada e a
bala veio a atingir Mévio, ferindo-o gravemente. Se Tício não sabia que a arma estava
municiada, responderá pelo crime de lesão corporal culposa. Se, ao contrário, sabia estar
municiada a arma, responderá por lesão corporal dolosa. Caio, por sua vez, não responderá
pelo crime, nem a título de culpa, ficando isento de pena, a menos que tivesse razões para
desconfiar da intenção de Tício (se este tivesse agido dolosamente) e não tivesse agido com o
devido cuidado, para evitar o erro provocado por seu colega.
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de
execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as
condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou
exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena.
- 3 - 32 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Art. 37 .......................................................................................................
§ 1°. Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico
diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo.
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
CONCURSO DE AGENTES
Co-autoria e participação
O crime tanto pode ser praticado por uma única pessoa como por mais de uma
pessoa.
Em se tratando de crime praticado por mais de uma pessoa, tem-se o concurso
de agentes ou concursus delinquentium, matéria que o Código Penal Militar regula em seus
artigos 53 e 54, e o Código Penal comum, em seus artigos 29 a 31.
Três importantes teorias tratam da matéria, para estabelecer se, em havendo
concurso de agentes, há um ou mais crimes:
1. Teoria pluralista: segundo tal teoria, tantos são os crimes quanto os agentes
que os cometem; há, assim, uma ação própria de cada agente;
2. Teoria dualista: segundo tal teoria, há um crime único para os autores
principais e outro crime único para os participantes secundários ou cúmplices;
3. Teoria monista ou unitária: segundo tal teoria, o crime é sempre único e
indivisível, seja na autoria principal seja na co-participação.
O Código Penal Militar (assim como o comum), adotou a teoria unitária,
conforme o disposto no seu artigo 53, caput:
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas.
Art. 53 ......................................................................................................
§ 1°. A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos
outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade ...............................................
§ 3°. A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é
de somenos importância.
- 3 - 34 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Autor do crime é aquele que realiza a conduta típica prevista em lei; partícipe,
por sua vez, é aquele que, sem realizar a conduta típica, de alguma forma, concorre para o
crime. A participação é sempre acessória da autoria, daí o disposto no caput do artigo 53 do
Código Penal Militar.
Exemplo de co-autoria: Tício e Mévio, ao mesmo tempo, roubam, um, o
relógio, e o outro, a carteira de Caio.
Exemplo de participação: Tício, para assaltar uma loja comercial, combinou
com Caio que este o esperaria no automóvel, para que fugissem, após a prática do crime de
roubo. Tício, assim, praticou a conduta típica do crime de roubo, sendo considerado autor de
tal crime. Caio, por sua vez, não é autor, mas partícipe do crime, daí por que sua pena pode
ser atenuada, pois sua participação no crime é de somenos importância (artigo 53, § 3°, do
Código Penal Militar).
Exemplo da aplicação do disposto no artigo 53, § 1°, primeira parte, do Código
Penal Militar: Tício e Mévio sequestram Caio, mas apenas Mévio decidiu matar o
sequestrado. Assim, obviamente, a culpabilidade de Mévio é distinta da de Tício, em razão do
que a punibilidade de um será distinta da do outro.
Art. 53 ..................................................................................................
§ 1° ................ Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
- 3 - 35 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
motim. Então, se um civil participa do crime de motim, incide nas penas de tal crime, embora
não seja militar, porque, na hipótese, a qualidade de militar do autor se comunica ao partícipe.
Ressalte-se, por fim, que as circunstâncias de caráter objetivo, que dizem
respeito à ação do agente, conforme o fato típico, são comunicáveis. Assim, por exemplo, o
emprego de veneno no homicídio é circunstância de caráter objetivo e, em consequência,
comunicável aos partícipes.
Existem crimes que não admitem co-autoria, como, por exemplo, a deserção, já
que apenas o desertor pode praticar a conduta típica prevista na lei penal militar.
Em tais crimes, entretanto, admite-se a participação, como, por exemplo,
quando um civil instiga o militar a desertar.
A participação, em tais casos, só é punível se o crime for, pelo menos, tentado,
salvo disposição em contrário. A ressalva se justifica porque o Código Penal Militar tipifica
condutas criminosas autônomas iguais às definidas para a participação, como, por exemplo, o
crime do artigo 155, caput, daquele Código: “Incitar à desobediência, à indisciplina ou à
prática de crime militar”.
Assim, dispõe o artigo 54 do Código Penal Militar, verbis:
- 3 - 36 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
Art. 53 ...................................................................................................
§ 4°. Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças
os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§ 5°. Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são
estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
Art. 53 .....................................................................................................
§ 2°. A pena é agravada em relação ao agente que:
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos
demais agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade,
ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.
CRIME MILITAR
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa
militar;
- 3 - 38 -
OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.(Redação dada pela Lei nº
13.491, de 2017)
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo
que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491,
de 2017)
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída
pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e
(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de
2017)
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OSTENSIVO ORIGINAL
OSTENSIVO EN - 121
O artigo 9º, II, do Código Penal Militar, considera crimes militares os nele
previstos e os previstos na legislação penal.
Para a perfeita compreensão do dispositivo legal sob comento, algumas
definições são imprescindíveis.
Por militar em situação de atividade deve-se entender o que está em exercício
pleno de suas funções. (Art. 6º da Lei nº 6.880/1980).
O artigo 21 do Código Penal Militar define assemelhado: “Considera-se
assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento”.
Tal figura, entretanto, desde a vigência do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União
(Lei nº 1.711/52, hoje revogada pela Lei nº 8.112/90), desapareceu, devendo ser
desconsiderada sua menção na lei penal militar.
Por militar em serviço deve-se entender, genericamente, aquele que cumpre
ordem superior, emanada da autoridade competente, que o obrigue a estar em determinado
local ou a fazer determinada tarefa.
Por militar em comissão deve-se entender aquele que esteja investido de
poderes delegados pela autoridade competente, como, por exemplo, para ser encarregado de
um inquérito policial militar.
Por militar em formatura deve-se considerar aquele que esteja sob comando
militar, em deslocamento de tropa.
Considera-se o militar em período de manobras ou exercício, quando no
desempenho de suas funções militares, sejam estas reais ou simuladas, com o efeito de
adestramento.
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Por militar da reserva compreende-se aquele que está sujeito à convocação para
o serviço ativo, até que, por limite de idade ou motivos físicos, passe para a situação de
reformado.
Por militar reformado compreende-se aquele que se desvinculou da atividade
militar, não estando sujeito a retorno àquela atividade, passando, definitivamente, à vida civil.
Por patrimônio sob a administração militar entendem-se os bens móveis e
imóveis empregados militarmente, de propriedade militar, ou sob administração das Forças
Armadas.
Por ordem administrativa militar compreende-se a tutela da organização,
existência, finalidade, conceito e imagem das Forças Armadas, perante seus destinatários e o
meio social circundante.
Passemos, agora, à exemplificação dos crimes militares previstos no artigo 9º,
II, do Código Penal Militar.
O artigo 9º, II, “a”, do Código Penal Militar, considera crimes militares os nele
previstos ou previstos na legislação penal, quando praticados por militar em situação de
atividade contra militar na mesma situação. Trata-se do critério ratione personæ. Homicídio:
igual definição no Código Penal comum (artigo 121, caput) e no Código Penal Militar (artigo
205, caput).
O artigo 9º, II, “b”, do Código Penal Militar, considera crimes militares os nele
previstos ou previstos na legislação penal, quando praticados por militar em situação de
atividade, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
civil. Trata-se da aplicação dos critérios ratione personæ e ratione loci. Lesão corporal: igual
definição no Código Penal comum (artigo 129, caput) e no Código Penal Militar (artigo 209,
caput).
O artigo 9º, II, “c”, do Código Penal Militar, considera crimes militares os nele
previstos ou previstos na legislação penal, quando praticados por militar em serviço ou
atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que
fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil.
Trata-se da aplicação do critério ratione personæ, sendo irrelevante o critério ratione loci.
Homicídio: igual definição no Código Penal comum (artigo 121, caput) e no Código Penal
Militar (artigo 205, caput).
O artigo 9º, II, “d”, do Código Penal Militar, considera crimes militares os nele
previstos ou previstos na legislação penal, quando praticados por militar durante o período de
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§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição
Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída
pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e
(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de
2017)
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CAPÍTULO 4
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“Art. 4º. Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as
normas deste Código:
I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar
de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o
agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força
militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se
encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração
militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou
estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança
nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.”
“Art. 6º. Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis,
salvo quanto à organização da Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos
da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os
oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.”
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Ocorrido fato definido pelo Código Penal Militar como crime militar, antes de
se iniciar o processo judicial para julgamento do delinquente, o Código de Processo Penal
Militar estabelece a fase de apuração sumária do fato, a que se denomina inquérito policial
militar. Esta fase se caracteriza como instrução provisória, para que, a partir dos elementos
apurados (prova do fato e indícios de autoria), possa ser proposta a ação penal, iniciando-se o
processo judicial.
Assim, a finalidade da polícia judiciária militar é apurar os fatos definidos
como crime militar pelo Código Penal Militar, além de auxiliar os órgãos do Ministério
Público Militar e da Justiça Militar da União, na punição dos delinquentes, inclusive
cumprindo as requisições e determinações judiciais e dos membros do Ministério Público,
conforme o previsto em lei (artigo 8º do Código de Processo Penal Militar).
A polícia judiciária militar da União é exercida pelas autoridades especificadas
no artigo 7º do Código de Processo Penal Militar, verbis:
“Art. 7º. A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e
fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a
militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país
estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por
disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e
unidades que lhe são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, fôrças e
unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes da Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades
dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da
Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas
leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
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“Art. 9º. O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais,
configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja
finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e
avaliações realizadas regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com
obediência às formalidades previstas neste Código.”
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“Art. 12 Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na
ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das
coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias.
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Sigilo do inquérito
Incomunicabilidade do indiciado
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“Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado
mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do
dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar
a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a
conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.
§ 1º. No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou
não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou
determine novas diligências, se as julgar necessárias.
§ 2º. Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-lo
e dar solução diferente.”
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Auto do flagrante
Dispensa do inquérito
Por fim, o inquérito policial militar pode ser dispensado nos seguintes casos,
previstos no artigo 28 do Código de Processo Penal Militar, verbis:
“Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo
Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas
materiais;
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b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja
identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349, do Código Penal Militar.”
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SINDICÂNCIA
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FORO MILITAR
“Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados
contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz: (Redação dada pela Lei nº 9.299/96)
I - nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou a segurança nacional:
a) os militares em situação de atividade e os assemelhados na mesma situação;
b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo;
c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no desempenho de
funções militares;
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, quando incorporados às
Forças Armadas;
II - nos crimes funcionais contra a administração militar ou contra a administração da Justiça
Militar, os auditores, os membros do Ministério Público, os advogados de ofício e os
funcionários da Justiça Militar.
§ 1º. O foro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e aos civis, nos
crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições militares, como tais definidos em
lei. (Renumerado pela Lei nº 9.299/96.)
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§ 2º. Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará
os autos do inquérito policial militar à Justiça Comum. (Incluído pela Lei nº 9.299/96.)
Art. 83. O foro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger outros casos,
além dos previstos no artigo anterior e seu parágrafo.”
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Por fim, já vimos, quando estudamos Direito Penal Militar, que, atualmente, a
figura do assemelhado, com a definição do artigo 84 do Código de Processo Penal Militar,
desapareceu.
O artigo 2º da Lei nº 8.457/92, por sua vez, divide o território nacional em doze
Circunscrições Judiciárias Militares, verbis:
“Art. 2º. Para efeito de administração da Justiça Militar em tempo de paz, o território
nacional divide-se em doze Circunscrições Judiciárias Militares, abrangendo:
a) a 1ª - Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo;
b) a 2ª - Estado de São Paulo;
c) a 3ª - Estado do Rio Grande do Sul;
d) a 4ª - Estado de Minas Gerais;
e) a 5ª - Estados do Paraná e Santa Catarina;
f) a 6ª - Estados da Bahia e Sergipe;
g) a 7ª - Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas;
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Auditorias Militares
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Composição
“Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo
três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três
dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e
cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre
brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da
Justiça Militar.”
Competência
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Conselhos de Justiça
Composição
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Funcionamento
“Os juízes militares dos Conselhos Especial e Permanente são sorteados dentre
oficiais de carreira, da sede da Auditoria, com vitaliciedade assegurada, recorrendo-se a
oficiais no âmbito da jurisdição da Auditoria se insuficientes os da sede e, se persistir a
necessidade, excepcionalmente a oficiais que sirvam nas demais localidades abrangidas pela
Circunscrição Judiciária Militar” (artigo 18 da Lei nº 8.457/92, com redação dada pela Lei n°
10.445, de 7 de maio de 2002).
O artigo 19 da Lei nº 8.457/92 trata dos procedimentos para o sorteio dos
juízes militares e prevê a exclusão do sorteio dos militares que especifica.
O sorteio dos juízes militares deve ser feito em audiência pública, lavrando-se
ata em livro próprio (artigos 20, 21 e 22 da Lei nº 8.457/92).
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I-C - julgar os habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade
militar praticado em razão da ocorrência de crime militar, exceto o praticado por oficial-
general; (...)” “
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CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO
“Art. 2°. É submetido a Conselho de Justificação, a pedido ou ex officio, o oficial das Forças
Armadas:
I - acusado oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social de ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular;
c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor militar ou o decoro da classe;
II - considerado não habilitado para o acesso, em caráter provisório, no momento em que
venha a ser objeto de apreciação para ingresso em Quadros de Acesso ou Lista de Escolha;
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III - afastado do cargo, na forma do Estatuto dos Militares, por se tornar incompatível com o
mesmo ou demonstrar incapacidade no exercício de funções militares a ele inerentes, salvo se
o afastamento é decorrência de fatos que motivem sua submissão a processo;
IV - condenado por crime de natureza dolosa, não previsto na legislação especial concernente
à segurança do Estado, em Tribunal Civil ou Militar, a pena restritiva de liberdade individual
até 2 (dois) anos, tão logo transite em julgado a sentença; ou
V - pertencente a partido político ou associação, suspensos ou dissolvidos por força de
disposição legal ou decisão judicial, ou que exerçam atividades prejudiciais ou perigosas à
segurança nacional.
Parágrafo único. É considerado, entre outros, para os efeitos desta Lei, pertencente a partido
ou associação a que se refere este artigo o oficial das Forças Armadas que, ostensiva ou
clandestinamente:
a) estiver inscrito como seu membro;
b) prestar serviços ou angariar valores;
c) realizar propaganda de suas doutrinas; ou
d) colaborar, por qualquer forma, mas sempre de modo inequívoco ou doloso, em suas
atividades.”
O Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/80, artigos 27, 28, 31 e 32) estabelece as
obrigações (valor e ética militares) e os deveres do militar, cuja violação pode levá-lo a
Conselho de Justificação (artigo 2°, I, da Lei n° 5.836/72), se acusado, oficialmente, ou por
qualquer meio lícito de comunicação social (artigos 42, 43 e 44 da Lei n° 6.880/80).
De igual modo, o Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/80, artigos 59 a 61)
assegura aos militares a promoção na carreira, para acesso na hierarquia militar. Caso o
oficial, no momento da promoção, seja considerado não habilitado para o acesso na hierarquia
militar, deve ser submetido a Conselho de Justificação (artigo 2°, II, da Lei n° 5.836/72).
O Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/80, artigo 44) prevê, ainda, o
afastamento do militar que, por sua atuação, se tornar incompatível com o cargo, ou
demonstrar incapacidade no exercício das funções militares a ele inerentes. Em tal hipótese, o
militar, afastado do cargo, deve ser submetido a Conselho de Justificação (artigo 2°, III, da
Lei ° 5.836/72)
De outro lado, o Código Penal Militar tipifica diversas condutas como crimes
militares e estabelece as penas aplicáveis. Caso o militar seja condenado pela prática de crime
militar doloso, não previsto na legislação especial relativa à segurança do Estado, à pena
restritiva de liberdade individual até 2 (dois) anos, tão logo transite em julgado a sentença,
será submetido a Conselho de Justificação (artigo 2°, IV, da Lei n° 5.836/72).
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Inquirição de testemunhas
Inquirição do acusador
Lei n° 5.836/72:
“Art. 9°. Ao justificante é assegurada ampla defesa, tendo ele, após o interrogatório, prazo de
5 (cinco) dias para oferecer suas razões por escrito, devendo o Conselho de Justificação
fornecer-lhe o libelo acusatório, onde se contenham com minúcias o relato dos fatos e a
descrição dos atos que lhe são imputados.
§ 1°. O justificante deve estar presente a todas as sessões do Conselho de Justificação, exceto
à sessão secreta de deliberação do relatório.
§ 2°. Em sua defesa, pode o justificante requerer a produção, perante o Conselho de
Justificação, de todas as provas permitidas no Código de Processo Penal Militar.
§ 3°. As provas a serem realizadas mediante Carta Precatória são efetuadas por intermédio
da autoridade militar ou, na falta desta, da autoridade judiciária local.”
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CONSELHO DE DISCIPLINA
Decreto n° 71.500/72:
“Art. 2°. É submetida a Conselho de Disciplina, ex officio, a praça referida no art. 1° e seu
parágrafo único:
I - acusada oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social de ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular;
c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor militar ou o decoro da classe;
II - afastada do cargo, na forma do Estatuto dos Militares, por se tornar incompatível com o
mesmo ou demonstrar incapacidade no exercício de funções militares a ela inerentes, salvo se
o afastamento é decorrência de fatos que motivem sua submissão a processo;
III - condenada por crime de natureza dolosa, não previsto na legislação especial concernente
à segurança do Estado, em Tribunal Civil ou Militar, a pena restritiva de liberdade individual
até 2 (dois) anos, tão logo transite em julgado a sentença; ou
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Parágrafo único. É considerada, entre outros, para os efeitos deste Decreto, pertencente a
partido ou associação a que se refere este artigo a praça das Forças Armadas que, ostensiva
ou clandestinamente:
a) estiver inscrita como seu membro;
b) prestar serviços ou angariar valores em seu benefício;
c) realizar propaganda de suas doutrinas; ou
d) colaborar, por qualquer forma, mas sempre de modo inequívoco ou doloso, em suas
atividades.”
O Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/80, artigos 27, 28, 31 e 32) estabelece as
obrigações (valor e ética militares) e os deveres da praça, cuja violação pode levá-la a
Conselho de Disciplina (artigo 2°, I, do Decreto n° 71.500/72), se acusada, oficialmente, ou
por qualquer meio lícito de comunicação social (artigos 42, 43 e 44 da Lei n° 6.880/80).
O Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/80, artigo 44) prevê o afastamento do
militar que, por sua atuação, se tornar incompatível com o cargo, ou demonstrar incapacidade
no exercício das funções militares a ele inerentes. Em tal hipótese, a praça, afastada do cargo,
deve ser submetida a Conselho de Disciplina (artigo 2°, II, do Decreto n° 71.500/72).
O Código Penal Militar tipifica diversas condutas como crimes militares e
estabelece as penas aplicáveis. Caso o militar seja condenado pela prática de crime militar
doloso, não previsto na legislação especial relativa à segurança do Estado, à pena restritiva de
liberdade individual até 2 (dois) anos, tão logo transite em julgado a sentença, será submetido
a Conselho de Disciplina (artigo 2°, III, do Decreto n° 71.500/72).
Finalmente, se a praça pertencer a partido político ou associação, nas condições
previstas no artigo 2°, IV, e seu parágrafo único, do Decreto n° 71.500/72, deve ser submetida
a Conselho de Disciplina.
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“Art. 4°. A nomeação do Conselho de Disciplina por deliberação própria ou por ordem
superior é da competência:
I - do Oficial-General, em função de comando, direção ou chefia mais próxima, na linha de
subordinação direta, ao Guarda-Marinha, Aspirante-a-Oficial, Suboficial ou Subtenente, da
ativa, a ser julgado;
II - do Comandante de Distrito Naval, Região Militar ou Zona Aérea a que estiver vinculada a
praça da reserva remunerada ou reformada, a ser julgada; ou
III - do Comandante, Diretor, Chefe ou autoridade com atribuições disciplinares equivalentes,
no caso das demais praças com estabilidade assegurada.”
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“Reunido o Conselho de Disciplina, convocado previamente por seu presidente, em local, dia
e hora designados com antecedência, presente o acusado, o presidente manda proceder à
leitura e à autuação dos documentos que constituíram o ato de nomeação do Conselho; em
seguida, ordena a qualificação e o interrogatório do acusado, o que é reduzido a auto,
assinado por todos os membros do Conselho e pelo acusado, fazendo-se a juntada de todos os
Inquirição de testemunhas
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OSTENSIVO EN - 121
Inquirição do acusador
Decreto n° 71.500/72:
“Art. 9°. Ao acusado é assegurada ampla defesa, tendo ele, após o interrogatório, prazo de 5
(cinco) dias para oferecer suas razões por escrito, devendo o Conselho de Disciplina
fornecer-lhe o libelo acusatório, onde se contenham com minúcias o relato dos fatos e a
descrição dos atos que lhe são imputados.
§ 1°. O acusado deve estar presente a todas as sessões do Conselho de Disciplina, exceto à
sessão secreta de deliberação do relatório.
§ 2°. Em sua defesa, pode o acusado requerer a produção, perante o Conselho de Disciplina,
de todas as provas permitidas no Código de Processo Penal Militar.
§ 3°. As provas a serem realizadas mediante a Carta Precatória são efetuadas por intermédio
da autoridade militar ou, na falta desta, da autoridade judiciária local
§ 4°. O processo é acompanhado por um oficial:
a) indicado pelo acusado, quando este o desejar para orientação de sua defesa; ou
b) designado pela autoridade que nomeou o Conselho de Disciplina, nos casos de revelia.”
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Lei n° 6.880/80:
“Art. 47. Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas especificarão e classificarão as
contravenções ou transgressões disciplinares e estabelecerão as normas relativas à amplitude
e aplicação das penas disciplinares, à classificação do comportamento militar e à
interposição de recursos contra as penas disciplinares.
§ 1°. As penas disciplinares de impedimento, detenção ou prisão não podem ultrapassar 30
(trinta) dias.
§ 2°. À praça especial aplicam-se, também, as disposições disciplinares previstas no
regulamento do estabelecimento de ensino onde estiver matriculada.”
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de penas disciplinares.
A aplicação de penas disciplinares a militares decorre de processo
administrativo e, por ser o militar acusado, ante o que dispõe o artigo 5°, LV, da Constituição
Federal, assegura-se a ele a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Os Regulamentos Disciplinares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
tornam efetiva a garantia da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, tanto que
o militar punido pode apresentar recursos disciplinares.
Pode-se dizer, assim, que a autoridade competente da Força Armada a que
pertencer o militar a ser punido atua como verdadeiro juiz, porque julga o militar transgressor,
razão pela qual se lhe assegura, como acusado, o amplo direito de defesa.
Especificamente, o Regulamento Disciplinar da Marinha, aprovado pelo
Decreto n° 88.545/83, em seu artigo 27, assim dispõe:
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Cabe ressaltar que o militar acusado de ter cometido uma infração disciplinar
possui o direito de ser assistido por um advogado, podendo este profissional realizar a defesa
escrita e participar da audiência disciplinar com o Comandante, apresentando alegações orais
ou por escrito.
PRISÃO
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“Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
(...)
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;”
O Código de Processo Penal Militar, em seus artigos 221, 222 e 224, repete o
disposto nos incisos do artigo 5º da Constituição Federal quanto à legalidade da prisão e à sua
comunicação ao juiz, para efeito de relaxamento, se ilegal.
Prisão provisória
Prisão especial
Determinadas pessoas, dadas as funções exercidas por elas, tem direito à prisão
especial, antes da sentença condenatória irrecorrível, nos termos do artigo 242 do Código de
Processo Penal Militar, verbis:
Prisão em flagrante
45
Paulo Roberto Leite Ventura. Direito Processual Penal Resumido, 5ª edição. Rio de Janeiro, Editora Rio, 1980,
páginas 162 e 163.
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“Dentro de vinte e quatro horas após a prisão, será dado ao preso nota de culpa
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas”
(artigo 247, caput, do Código de Processo Penal Militar).
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Prisão preventiva
“Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-se em um
dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares,
quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado.”
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Menagem
Menagem, segundo Tostes Malta, citado por Luís Cláudio Alves Torres 46, se
constitui em “prisão, fora do cárcere, sob palavra. Trata-se de benefício concedido a militares,
assemelhados e civis sujeitos à jurisdição militar e ainda não condenados, os quais assumem o
compromisso de permanecer no local indicado pela autoridade competente. É cumprida em
uma cidade, vila, fortaleza, etc., ou mesmo na própria habitação, sem rigor carcerário” (in
Dicionário Jurídico, Ed. Trabalhistas, RJ, 1987, 5ª Edição).
46
Luís Cláudio Alves Torres. Prática do Processo Penal Militar, 2ª edição. Rio de Janeiro, Editora Destaque,
1996, página 40.
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