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MARINHA DO BRASIL
GUIA DE ESTUDO
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA
CURSO ESPECIAL DE HABILITAÇÃO PARA PROMOÇÃO A
SARGENTO
2020
OSTENSIVO REV-3
OSTENSIVO CIAA-112/017
MARINHA DO BRASIL
2020
FINALIDADE: DIDÁTICA
3ª REVISÃO
ATO DE APROVAÇÃO
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de rosto......................................................................................................................... I
Ato de Aprovação............................................................................................................... II
Índice............................................................................................................................. III e IV
Introdução................................................................................................................................ V
CAPÍTULO 1 - RELAÇÕES HUMANAS
1.1 - Tipos de personalidade................................................................................ 1 - 2
1.2 - Incentivação x Motivação.......................................................................... 1 - 4
1.3 - Comportamento individual e coletivo (princípios e valores nas relações
humanas)..........................................................................................................1 - 5
1.4 - Importância das relações humanas no trabalho........................................... 1 - 6
CAPÍTULO 2 - LIDERANÇA MILITAR NAVAL
2.1 - Fatores da liderança..................................................................................... 2 - 1
2.2 - Estilos de liderança........................................................................................2 - 3
2.3 - Qualidades do líder........................................................................................2 - 6
2.4 - Distinção entre Líder e chefe.........................................................................2 - 10
2.5 - Hierarquia, disciplina, autoridade e responsabilidade.................................. 2 - 11
2.6 - Valores militares e ética militar......................................................................2 - 14
2.7 - Delegação de competência e delegação de autoridade............................... ....2 - 15
2.8 - Métodos de condução e direção.....................................................................2 - 17
2.9 - Condução de pequenos grupos.......................................................................2 - 22
CAPÍTULO 3 - ROSA DAS VIRTUDES E APRÁTICA DE LIDERANÇA.
3.1 - Situação prática de relacionamento interpessoal........................................... 3 - 1
3.2 - Avaliação do tipo de liderança exercida em uma situação apresentada.........3 - 1
3.3 - Importância da liderança no desempenho das funções de Sargentos do CAP e
CPA...........................................................................................................................3 - 1
1 - PROPÓSITO
Esta publicação foi elaborada para fornecer uma orientação básica de Relações Humanas e
Liderança. Os assuntos nela contidos foram extraídos de publicações de fácil compreensão,
preenchidos pelas exigências dos currículos com o propósito de facilitar a aprendizagem por parte
dos alunos.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em três capítulos. No capítulo 1 são apresentados aspectos
significativos de relações humanas relacionados com a personalidade, motivação e
comportamento, bem como com o trabalho; capítulo 2 procurou-se sintetizar o que há de mais
importante sobre liderança, seus fatores e estilos, bem como a atuação do líder na condução de
grupos, segundo os preceitos da ética militar e da hierarquia, entre outras particularidades; e,
finalmente, no capítulo 3 teremos a apresentação da Rosa das Virtudes, seu contexto na prática da
liderança e a sua importância no desempenho das atribuições de Sargentos do CPA e CAP.
3 - AUTORIA E EDIÇÃO
Esta publicação foi organizada pelo SO MO (Refº) WILSON LIRA LEMOS e editada no
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
4 - DIREITO DE EDIÇÃO
Reservado para o CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO é Proibida a
reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.
5 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada de acordo com o EMA-411 Rev.6 (Manual de Publicações da
Marinha) em: publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, didática e manual.
CAPÍTULO 1
RELAÇÕES HUMANAS
não sabemos ainda quantos chefes os separam; diz-se que há, entre os dois, uma
distância social muito grande.
Quanto maior a distância social, mais frequentes poderão ser os problemas de relações
humanas entre dirigentes e dirigidos, pois uns recebem notícias dos outros através de
terceiros que as interpretam mal, deformam-nas ou escondem a verdade.
d) O clima social
Cabe ao dirigente de um grupo criar um clima, uma atmosfera de calma, confiança e
compreensão mútua. Mas nem sempre isto acontece.
Esse clima social depende, muitas vezes, de quem dirige o grupo.
e) As rivalidades
Nas empresas onde não existe regimento interno que reparta clara e racionalmente as
equipes,comissões e grupos de trabalho, costumam surgir problemas de competência
que são outros tantos problemas de relações humanas.
f) As limitações da liberdade
Existem vários casos de equipes de empresas ou grupos de professores que, desejosos
de melhorar o rendimento no trabalho em benefício da coletividade, construíram
ótimos planos, racionais e exequíveis. Mas, quando os apresentam à direção superior,
encontraram incompreensões e resistências tais que desanimaram; a direção dessas
instituições perdeu ótima oportunidade de aumentar a produtividade das equipes pela
sua cooperação.
g) As frustrações
Frustração é a situação provocada pela presença de um obstáculo no caminho da
realização de um desejo.
As frustrações são normais na vida; o equilíbrio de uma pessoa caracteriza-se
justamente pela sua aptidão em superar as frustrações.
Há, porém, grupos que oferecem tal quantidade de frustrações para seus membros, que
a sua existência está posta em perigo sobretudo quando as frustrações afetam as
relações humanas.
h) Relações entre os dois sexos
Há inúmeras pessoas com tendência a só freqüentar em ambientes, cujos
frequentadores são do mesmo sexo. Os motivos são: costume, medo, timidez, etc.
A causa principal é, ainda, o fato de, nos colégios e nas escolas, meninos e meninas
serem educados separadamente.
CAPÍTULO 2
LIDERANÇA MILITAR NAVAL
2.1 - FATORES DA LIDERANÇA ( introdução )
A maior parte das definições de liderança oscila entre as duas condições essenciais à
caracterização do líder, influência e proeminência, as quais foram pela primeira vez
demonstradas como inseparáveis e inerentes à liderança por Arthur Jones.
Um homem sozinho ou um animal solitário não pode ser líder. Falta-lhe o essencial: o em
que se destacar e sobre quem exercer influência.
É a forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos (Aurélio
Buarque de Holanda).
a) Liderança
É a função da situação, da cultura, do contexto e dos costumes, tanto quanto é uma função
de atributos pessoais e estrutura de grupos, é a combinação equilibrada de três elementos
vitais e dinâmicos: o lider, o grupo e a situação. (indivíduo, grupo e situação).
b) Líder
É a pessoa que, investida ou não da função de mando, detém a arte de se destacar
(proeminência) e influenciar a conduta humana, conseguindo obediência voluntaria,
respeito e leal cooperação.
Após a revolução francesa e seu liberalismo, outras variáveis inerentes ao líder foram
estudadas e concluíram não haver líder sem liderados. Diante da impossibilidade de
considerar a liderança apenas uma função do indivíduo, as tensões concentram-se no grupo
onde o líder ocupa uma posição de proeminência e sobre o qual exerce influência.
2.1.2 - Liderança - função da situação
Denominam-se situacionistas aqueles que atribuem uma função de liderança à situação.
Preocupam-se com a individualidade do líder na medida em que ela é determinada pela
situação. Stogdill, um dos nomes mais representativos dessa corrente de pensamento, é de
opinião que “as qualidades, características e habilidades exigidas de um líder são largamente
determinadas pela situação em que ele deve agir com líder”.
As carreiras de Lênin, Hitler e Gandhi dificilmente poderiam ser dissociadas das
circunstâncias de tempo e lugar onde se desenvolveram. Um líder pela agressividade pode
revelar-se um tímido se o colocam em uma situação onde suas habilidades não sejam
necessárias.
A teoria situacional da liderança envolve quatro elementos:
• a estrutura das relações interpessoais do grupo;
• as características do grupo;
• as características do meio em que o grupo vive e de onde os seus membros saem; e
• as condições físicas e as suas tarefas com as quais o grupo se confronta.
Neste modo de liderança, o indivíduo é o centro livre do grupo. O líder, neste caso,
também parte de um objetivo preestabelecido que será alcançado por apenas um membro
do grupo, ou pelos membros, individualmente, de acordo com as suas aptidões e
interesses. Em geral, na liderança livre observa-se a iniciativa dos membros do grupo.
• Liderança liberal
1 - Completa liberdade para as decisões individuais ou do grupo, sem qualquer
participação do líder.
2 - O material de trabalho é fornecido pelo líder, o qual esclarece que dará informações a
quem pedir.
3 - Total omissão do líder no desenvolvimento das tarefas.
4 - Raros comentários do líder sobre as atividades dos membros, salvo quando
diretamente interrogado.
c) Liderança democrática
O líder democrático já foi considerado por muitos como o autentico líder e o método de
liderança por ele empregado tem o grupo como centro, sendo o líder apenas um membro
com um pouco mais de responsabilidade. A liderança democrática implica cooperação e
participação de todos no estabelecimento e na consecução dos objetivos do grupo.
• Liderança democrática
1 - Todo procedimento é objeto de discussões do grupo, agindo sob estímulo do líder.
2 - Os objetivos das tarefas são claros para todos os membros do grupo desde o início.
3 - O líder apresenta alternativas de ação, as quais são escolhidas pelo grupo.
4 - O líder entrega a cada subordinado a escolha dos companheiros de trabalho.
5 - O líder é objetivo nas críticas e nos elogios atendo-se aos fatos.
6 - O líder procura ser acima de tudo um membro do grupo.
Por volta do ano 1939, a Universidade de Iowa realizou pesquisas objetivando estabelecer
relações entre os processos de liderança e o comportamento do grupo. Utilizou para isso,
quatro grupos de meninos de 10 anos de idade, executando um determinado trabalho. A
cada seis semanas, líderes diferentes assumiam a direção de cada grupo, alterando os
processos de liderança autocrática, democrática e liberal (Laissez-Faire).
Conclusão: NA LIDERANÇA AUTOCRÁTICA, o processo originou muita tensão e
frustração. Atos agressivos, riscos nas paredes das salas, insistência em fazer coisas
proibidas, fugas, omissão para ouvir o líder, total submissão e um comportamento apático.
O grupo não ria, não conversava e a iniciativa estava ausente. Seus membros pareciam gostar das
tarefas, mas percebia-se não estarem satisfeitos com a situação. A presença do líder era
indispensável para que o trabalho se desenvolvesse. Quando saía, tudo parava e o grupo dava
expansão a todos os sentimentos reprimidos.
Conclusão: NA LIDERANÇA LIBERAL OU “LAISSEZ-FAIRE”, o trabalho progrediu ao
acaso, repleto de altos e baixos. A produção jamais chegou a ser satisfatória. Perdeu-se tempo
considerável em discussões causadas sempre por motivos pessoais, sem qualquer ligação com o
grupo. Desenvolveu-se o individualismo agressivo e, embora os líderes despertassem a simpatia
da maior parte dos membros, nenhum sentimento maior de respeito por sua autoridade
desabrochou.
Conclusão: NA LIDERANÇA DEMOCRÁTICA, neste processo os membros do grupo
entenderam-se cordialmente e amistosamente, como cordiais e amistosas foram suas relações com
o líder. Havia franqueza e espontaneidade em suas comunicações. O trabalho progrediu em ritmo
suave, seguro, sem sofrer qualquer interrupção na ausência do líder. Desenvolveu-se um sentido
de responsabilidade entre todos e tornou-se evidente a integração do grupo. Os liderados
assumiram para si os ideais transmitidos. Foram estimulados a participar da compreensão dos fins
coletivos.
É importante registrar que, não obstante o exposto, é temerário assumir qualquer juízo
definitivo sobre os processos de liderança em termos de “melhor ou pior”. Na prática, é raro
encontrar-se situações em que a liderança seja totalmente autocrática, liberal ou democrática.
Entretanto, os pesquisadores de liderança, quando certas circunstâncias um modelo dos acima
citados supera o outro.
• A liderança autocrática funciona quando falham os processos democrático e liberal.
• A liderança democrática funciona quando falham os processos autocráticos e liberais.
• A liderança liberal funciona quando falham os processos autocráticos e democráticos.
NOTA:
Na prática, em um dia de trabalho, o líder emprega os três métodos de liderança, de
acordo com a situação e as pessoas. Exemplificando, mandando é líder autocrático,
consultando é líder democrático e sugerindo é liberal.
É importante sempre lembrar que a problemática da liderança está em quando empregar,
qual o processo e com quem, dependendo das circunstâncias situacionais.
2.3.5 - Exemplo
O exemplo constitui a qualidade mais importante, mais eficaz. Os exemplos a serem
ilustrados devem sempre ser os corretos.
2.3.6 - Energia, saúde, vigor
Os líderes são por natureza menos susceptíveis de apatia, fadiga e desânimo.
2.3.7 - Entusiasmo
Constitui um forte apelo de alegria no trabalho, uma convicção irradiante e comunicativa.
2.3.8 - Confiança, convicção, fé
Firmeza, certeza, convicção de palavras, decisões e ações. As mencionadas qualidades
fundamentam-se na segurança da capacidade de si próprio. Expressam crença no significado
da vida e no êxito do esforço humano.
2.3.9 - Coragem
Constituindo-se na ausência do medo ou poder sobre aquele,é a resistência desenvolvida à
fuga nas emergências ou dificuldades.
Existe a coragem física e a coragem moral. A coragem física constitui o desprezo que se
sente pelo que não se conhece e pode significar a invalidez ou morte; a coragem moral é a
coragem relacionada aos atos, convicções, responsabilidades e destemor pela crítica leviana
e inconsistente.
2.3.10 - Honra, amor próprio, dignidade
Constitui o sentimento que nos induz ao exercício da moral do bem e da justiça. A pessoa
passa a ser lembrada pelo brio e valor que lhes são característicos.
2.3.12 - Lealdade
São exemplos de atos que denotam lealdade: o juramento militar, honras aos símbolos
nacionais, etc.
O uniforme revela publicamente a sua lealdade, fidelidade, obediência aos órgãos que
constituem os instrumentos de defesa das instituições e da pátria. Existe ainda a lealdade à
família, igreja, amigo, etc.
CHEFE LÍDER
Manda Orienta
Amedronta Entusiasma
Diz: vá! Diz: vamos!
Faz o trabalho aborrecido Faz o trabalho interessante
Baseia-se na autoridade Baseia-se na cooperação
Diz: eu Diz: nós
Atrapalha Ajuda
Procura “culpados” Assume responsabilidades
Faz mistério Comunica
Fiscaliza Acompanha
Desmoraliza Confia
Promete e não cumpre Nunca promete o que não possa cumprir
2.5.1 - Hierarquia
É a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A
ordenação faz-se pela antiguidade no posto ou graduação. O respeito à hierarquia é
consubstanciado no espírito de acatamento à sequência da autoridade.
2.5.2 - Disciplina
É a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e
disposições que fundamental o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e
harmônico, traduzindo-se pelo perfeito comprimento do dever por parte de todos e de cada
um dos componentes desse organismo.
Qualquer pessoa em qualquer país e em todas as partes do mundo está sujeita, de certo
modo, à disciplina, à obediência e a alguma forma de controle, porque não há progresso sem
ordem, não há ordem sem disciplina e não há disciplina sem obediência.
A ausência do líder constitui circunstancia adequada para pôr à prova a “disciplina do
grupo”. Afirma-se que quem não sabe obedecer jamais saberá comandar mas saberá
desmandar. A disciplina fortalece não só o indivíduo, mas também um conjunto de
indivíduos, o grupo, a equipe.
A continência constitui um sinal exterior de autodisciplina, partindo do mais moderno para
o mais antigo, do subordinado para o superior. Exerce marcante e profundo efeito
psicológico e constitui a “saudação militar”. O relaxamento da continência, cortesia militar,
não deve ser tolerado e toda continência feita pelo subordinado deve ser respondida.
2.5.3 - Autoridade
É o direito legal de se fazer obedecer; é o poder de mandar ou de obrigar alguém a fazer
alguma coisa.Essa autoridade denomina-se legal ou organizacional.
2.5.4 - Responsabilidade
E a obrigação, o dever de fazer. Uma prestação de contas e uma comprovação, por exemplo,
são também obrigações para demonstrar que uma determinada tarefa foi cumprida e como
foi cumprida.
2.5.5 - Disciplina consciente
A expressão pode ser melhor apreciada através dos conceitos e considerações que serão
mencionadas a seguir.
Espírito de corpo (equipe)
São laços ou vínculos especiais que envolvem os componentes de um grupo, os
subordinados, chefes, mais antigos e a organização.
CAPÍTULO 3
ROSA DAS VIRTUDES (EMA 137) E A PRÁTICA DA LIDERANÇA
BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Indispensáveis:
a) . Marinha do Brasil. Estado-Maior da Armada. EMA-137 (Rev.1 Mod 2.) Doutrina
de Liderança da Marinha. Brasília, 2013.
b) BRASIL. Marinha do Brasil. Diretoria de Ensino da Marinha. DEnsM-1005 (1ª Rev.)
Manual de Liderança. Rio de Janeiro, 2018.
Complementares:
a) BOCK, Ana M., FURTADO, Odair, TEXEIRA, Maria de L. Psicologias. 13ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.
b) MELLO, Fernando A. Faria, Técnica de Chefia e Liderança. 9ª Ed. São Paulo:
Biblioteca Pioneirade Administração e Negócios. SÃO PAULO, Mcgraw Hill, sed.
c) URIS, A. Relações Humanas na Família e no Trabalho. 51ª Ed. Rio de Janeiro:
Editora Vozes, 2002.
d) BRASIL, Centro de Instrução Almirante Alexandrino. CIAA- Apostila de Relações
Humanas, Rio de janeiro, 2014.
OSTENSIVO CIAA-112/017
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