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História de Portugal

Resumo – 2ª Frequência

A CRISE DO SÉCULO XIV


CRISE POLÍTICA
A crise de 1383/85, não pode ser dissociada da peste negra, do agravamento dos
problemas económico-sociais, e envolvimento de Portugal em problemas de sucessão ao
tronco de Castela.
D. Fernando sobe ao trono em 1367, solteiro e sem esposa negociada dentro dos
interesses de Estado. Durante o seu reinado, D. Fernando envolve-se por três vezes em
guerras, situações que tiveram o seu início com a morte de D. Afonso XI de Castelo e com a
coroa a ser disputada entre D. Pedro seu filho e um meio-irmão, Henrique de Trastâmara,
um bastardo.
Se no início D. Fernando mantém uma atitude neutral, depois com a morte de D.
Pedro às mãos do seu meio-irmão, D. Fernando acaba por invadir Galiza em 1369. Outros
conflitos surgiram, numa série de promessas de casamentos com duas “Leonores”, várias
alianças, ora contra, ora a favor de Castela e Inglaterra, bem como grandes confusões
político-militares.
Esta crise trouxe consequências para Portugal (a juntar aos maus anos agrícolas e
fomes), como:
 pilhagens dos castelhanos,
 ocupação de Lisboa (2ª guerra),
 os aliados ingleses tratam Portugal como um país conquistado durante algum
tempo pelos exércitos ingleses chefiados pelo duque de Lencastre em 1373,
aquando das alianças matrimoniais e na perspetiva de poder vir a herdar o trono
de Castela,
 frota portuguesa é praticamente aniquilada.

Os problemas sociais agravam-se com queixas permanentes nas cortes e motins e


rebeliões sobretudo dos elementos dos mesteirais. O próprio casamento de D. Fernando
com D. Leonor Teles (em segredo em 1371 e publicamente em 1372), mulher já
anteriormente casada, levanta uma onde protestes por muitas cidades do reino que leva a
que a imagem do rei se deteriore e o casamento fosse o detonador de uma situação de
crise em que coincidam a crise social (tensões entre os diferentes grupos sociais, as fomes,
as guerras (com Castela) e a peste.
Entretanto nasce D. Beatriz em 1373 com o plano de D. Leonor de casá-la com o
infante D. João, filho de S. Pedro de D. Inês de Castro. Posteriormente, D. Fernando adoece
decorrente das guerras fernandinas (a 3ª ocorreu em 1381/82) levando ao Tratado de
Salvaterra de Magos (abril de 1383) – negociado principalmente por D. Leonor e pelo conde
de Ourém, João Fernandes Andeiro.
Segundo as cláusulas do tratado, a regência e o governo do reino ficariam com D.
Leonor Teles, até a D. Beatriz ter filho(a) que herdasse o trono português. Se ela morresse
sem filhos governaria D. João de Castela, mas os reinos permaneciam separados. O conde
de Ourém, João Fernandes Andeiro, torna-se amante da rainha, seu secretário pessoal e
representante de todo um grupo social (nobreza), que nesta conjuntura esperava aumentar
o seu poder e melhorar a sua situação económica à custa do agravamento dos interesses
das camadas mais desfavorecidas. Entretanto o D. Fernando morre em outubro de 1383 e
abre-se uma crise dinástica porque o descontentamento cresce e D. João Mestre de Avis,
por influência de Álvaro Pai, vai encabeçar este descontentamento. D. João, Mestre de Avis,
mata o conde Andeiro em 6 de dezembro de 1383, correndo rapidamente a notícia pelas
ruas de Lisboa e com grande adesão de apoio popular. D. Leonor é afastada refugindo-se
em Alenquer e mais tarde em Santarém de onde escreve a seu genro contando aquilo que
se está a passar no reino.
A 15 de dezembro o Mestre de Avis é nomeado Regedor e Defensor do Reino, na
Igreja de S. Domingos, pela gente do povo, mantendo o clero uma posição dúbia e até de
uma certa relutância e a nobreza dividia. O país divide-se, uns tomando partido por Castela,
outros pelos Mestre de Avis.
O povo, a burguesia e uma parte de nobreza, sobretudo os filhos segundos, apoiavam
o Mestre de Avis, enquanto a Nobreza primogénita apoiava declaradamente D. João de
Castela e D. Leonor.
Entre maio e novembro de 1384 uma frota castelhana cerca Lisboa, tendo sido
forçada o acampamento devido a um surto de peste. No Sul, D. Nuno Álvares Pereia,
conseguiu sobretudo com a peonagem alentejana derrotar a cavalaria castelhana em
Atoleiros utilizando já a tática do quadrado.
Em março de 1385 reúnem-se as cortes de Coimbra e graças ao papel do legista João
das Regras, através de uma argumentação pragmática e bem elaborada, demonstrou a
ilegitimidade dos pretendentes ao trono (D. Beatriz, D. João Mestre de Avis, Infantes D.
João e D. Dinis), com a argumentação de que todos os pretendentes eram ilegítimos e
também os casos de D. Beatriz com D. João de Castela. Apela à aclamação/eleição do único
candidato que salvaguardava, com provas dadas, a independência nacional – D. João
Mestre de Avis.
A situação do reino, contudo não se normalizou, havendo ainda no Norte muitas
posições desfavoráveis ao soberano português, com lutas em Trancoso (junho de 1385) e
em Aljubarrota (agosto de 1385), onde um exército castelhano reforçado de franceses e de
nobres portugueses que tinham fugido com cerca de 17.000 homens, foi derrotado pelas
tropas portuguesas sobretudo tropa apeada com alguns archeiros ingleses, num total de
8.000 homens.
A independência e a nacionalidade portuguesa ficavam ali bem patentes, enquanto
se expressava a força vitoriosa dos concelhos e dos nobres dos escalões inferiores ou de
filhos segundos contra o poder da grande e velha nobreza.
As modificações sociais operadas permitem-nos falar, com algumas reservas, de uma
“nova nobreza” e na formação básica de setores que se lançariam na expansão portuguesa.
Houve promoção de indivíduos que embora da nobreza, tinham estatutos subalternizados,
sobretudo filhos segundos. Mas a tendência é a reconstituição da nobreza.
O grupo dos letrados e outros funcionários que tinham assento nas cortes surge já
com uma individualidade e uma importância social que o colocam entre os dois estados
privilegiados tradicionais e o terceiro estado, tendo ainda boas possibilidades de ascensão
social.
Demarcação perfeita entre aqueles que se dedicavam à agricultura e pesca e aqueles
que se dedicavam a atividades que vão desde a medicina aos mesteirais passando pelos
mascadores.
Apesar da frequência de reunião de cortes, é desenvolvida uma política centralizada
apoiando-se nos familiares.
Assim, 1383-85 não foi apenas uma crise dinástica e sucessória, pois já havia um
herdeiro.
Integra-se na conjuntura europeia de crise e de mudança: tensões sociais, leis do
trabalho, fixação de salários e crise do sistema senhorial.
A EXPANSÃO PORTUGUESA
MOTIVAÇÕES E CONDICIONALISMOS
Gomes Eanes de Zurara, “Crónica do Descobrimento e Conquista de Guiné”
Infante D. Henrique aparece como a figura principal da primeira fase da expansão
portuguesa e reflete a mentalidade religiosa da época, mas também salientam as
necessidades económicas do país.

Motivações
Motivações Económico-Sociais
 fome do ouro para aumentar a circulação monetária necessária ao desenvolvimento
comercial;
 empobrecimento da nobreza (buscam enriquecer pelo corso pelo roubo);
 deficit cerealífero que a insuficiência dos meios de pagamento para as comprar ao
estrangeiro torna mais grave a aquisição (só pode resolver-se pela conquista de
campos de trigo e pelo desenvolvimento dos circuitos comerciais);
 dinamismo dos interesses açucareiros (novas terras e novas plantações);
 procura de escravos (mão-de-obra nas plantações da cana sacarina e engenhos);
 procura de produtos para a indústria tintureira;
 alargamento das áreas.
E assim, rendas senhoriais diminuíram, trocas reduzidas, moeda desvaloriza-se,
comercio interno tinha falta de moeda, impostos sempre a aumentar, escasseavam
produtos cerealíferos, e falta de mão-de-obra.

Motivações Sociais
Situação ruinosa para todos os grupos sociais:
 A nobreza – via diminuir as rendes e como tal desejava aumentar os seus títulos e
senhorios;
 A burguesia - não dispunha de crédito e meios de pagamentos necessários para a
sua atividade, procurando por isso novas riquezas e novos mercados;
 O clero queria converter outros povos ao cristianismo;
 O povo – as guerras e as crises empobreceram profundamente este grupo social e
aspirava melhorar as suas condições de vida.

Motivações Religiosas
 Espírito de cruzada que continuava presente na sociedade portuguesa;
 A conquista no Norte de África foi um projeto acalentado durante séculos pela Igreja
que animava os reis peninsulares com bulas, prémios
 No entanto, conquistar Granada estava posto de lado por ser considerado tarefa de
Castela;
 A realização de uma cruzada tinha vários objetivos (defender a cristandade contra os
ataques dos infiéis, obter bases económicas necessárias à cristandade, e impedir a
expansão do islamismo.

Condicionalismos
Fatores Geográficos
Desenvolvimento da vida marítima no território português devido à posição geográfica
de Portugal no extremo ocidental da Europa o que fez dos seus portos escalas obrigatórias
e privilegiadas entre o Mediterrâneo e o Norte da Europa. Longa costa atlântica que desde
cedo levou a um contacto permanente do homem com o mar o que fez desenvolver a pesca
e o comercio marítimo.

Preparação Técnica dos Portugueses


No princípio do sec. XV, os conhecimentos geográficos e cosmográficos do mundo
mediterrânico estavam divulgados em Portugal (comércio marítimo, fixação de
comerciantes genoveses catalães e aragoneses e contacto com o mundo muçulmano).
Desenvolvimento da cartografia e de instrumentos náuticos.

Do ponto de vista tecnológico já se tinham conhecimentos ao nível do leme central, da


bússola, dos portulanos (cartas marítimas), do quadrante, do astrolábio, da vela triangular e
de alguns conhecimentos ao nível da astronomia. Dispunham -se também de alguns
conhecimentos geográficos.
A conjuntura económica e social era favorável: a falta de outo e prata, a redução das
exportações e do movimento comercial, a desvalorização da moeda, as faltas de cereais
criaram em todos os grupos sociais necessidade de se aventurarem noutros caminhos.
A experiência de uma navegação comercial, tanto nas rotas do Atlântico Norte, como no
Mediterrâneo Ocidental.
A capacidade do poder político para compreender as exigências financeiras e sociais
destas navegações, enquadrando-as numa política assumida pela monarquia.
Por sua vez, a conjuntura político-económica: fronteiras definidas desde o tratado de
Alcanises e consolidada a independência depois de assinada a paz com Castela em 1411.
Reflexos de recessão económica mantinha-se e afetavam os rendimentos dos nobres, bem
como uma crescente desvalorização da moeda e falta de metais preciosos, levando à
génese dos descobrimentos tem um rosto português, ou seja:
 Experiência na navegação comercial;
 Capacidade do poder político para compreender as exigências financeiras e sociais das
navegações, enquadrando-as numa política assumida pela monarquia;
 Tradição de uma atividade marítima ligada à luta militar, reforçada ideologicamente
pela manutenção de um corpo doutrinário cristalizado à volta da ideia de cruzada.

EM SÍNTESE …
 As principais motivações à época eram:
 Curiosidade científica
 Mercados
 Estratégia política 8conhecer o poder dos Muçulmanos)
 Cruzadas
 Encontrar outros cristãos que pudessem ser um vínculo de ajuda quando os outros
cristãos chegassem

RAZÕES E RESULTADO DA CONQUISTA


A expansão portuguesa apresenta características essenciais, pois apresenta:

pioneirismo temporal, porque precedem em cerca de 70 a 100 anos ou outros descobridores


europeus;

dispersão espacial, porque foi a única expansão que permitiu uma implantação em todas as partes do
mundo (África, Ásia, América e Oceânica);
pluralismo civilizacional, pela capacidade que teve a expansão portuguesa de se organizar segundo
uma intercomunicação entre a África e o Oriente e a da criação espacial no Brasil;

universalismo civilizacional.

A CONQUISTA DE CEUTA
Podem-se apontar várias razões para a conquista de Ceuta (1415)
António Sérgio foca a procura de cereais, o controle de rotas do ouro e a luta contra a
pirataria; Magalhães Godinho refere a proteção e necessidade de expansão da atividade
piscatória, a necessidade de impedir a expansão castelhana no norte de África, o
alargamento dos domínios fundiários da nobreza e a satisfação das ambições militares da
nobreza. Por sua vez Borges Coelho, invoca mais razões geográficas e procura de metais. A
valorização dos fatores económicos não deve fazer esquecer os motivos de natureza social.
A conquista de Ceuta insere-se na dinâmica expansionista geral dos reinos europeus.
 Situação Geográfica da Cidade: à entrada do Mediterrâneo: controlar as entras e
saídas, da navegação e do comércio, além de uma Ceuta existia uma base de
pirataria muçulmana que atacava as costas do Algarve;

 Razões de Carácter Económico: ricos campos de cereais; ponto de chegada das rotas
caravaneiros muçulmanos que traziam ouro, especiarias e produtos de luxo; acesso
aos mercadores do ouro;

 Serviço de Deus: ia ao encontro dos interesses dos diferentes grupos sociais;

 Conquista envolveu a um forte exército com cerca de 20.000 homens, rei e infantes.

Os resultados da conquista da Cidade de Ceuta:


 Repercussões no país e no estrangeiro (D. João I, rei de Portugal, do Algarve e senhor
de Ceuta);

 Vitória militar, centro de estágio da nobreza e soldados, possibilidade de política


expansionista e o rei surgia como um “leader” do movimento das cruzadas;
 Fracasso económico (os muçulmanos incendiaram os campos de trigo, desviaram as
rotas comerciais e estavam constantemente a atacar a cidade); a sua manutenção
era cara.
Assim, há um conjunto de aspetos a ter em conta ao explicar as razoes que levaram à
conquista de Ceuta:
 Cidade importante para as rotas comerciais
 Entrada no mar Mediterrâneo
 Porto bastante importante (base de controlo)
 Rodeada de campos de cereais

Os portugueses conquistaram a cidade de Ceuta (a Praça) rodeada por uma muralha, o


resto continuava a pertencer aos muçulmanos. Desta forma, é dominada por mercadores
Muçulmanos, os quais consideram os cristãos infiéis. Assim, as rotas são desviadas para
outras cidades do domínio também Muçulmano no Norte de Africa.
Resultado, não conseguem ocupar os campos de cereais, por sua vez as rotas são
desviadas e a Praça de Ceuta está constantemente sob ataque Muçulmano com o objetivo
de reconquistar território. Portanto, Ceuta é considerada apenas um êxito militar e político,
mas um fracasso económico.
Surge então a questão, o que fazer a Ceuta?

RUMOS DA EXPANSÃO PORTUGUESA


 Metódica ocupação de Marrocos: conquistar mais cidades no Norte de Africa e assim
alargar a área de influência portuguesa;
 Progressão ao longo da costa atlântica: como não conseguem chegar aos mercados
por terra então a solução passa por alargar o mar;
 Intervenção na concorrência económico-política no Mediterrâneo: dominar as rotas
mediterrânicas

As conquistas e descobertas consistiram em:


 Reinado de D. João I (1385-1433): conquista de Ceuta (1415); porto santo (1420);
ilhas açorianas (1427)
 Reinado de D. Duarte (1433-38): cabo bojador (1434) e desastre de Tânger (1437)
 Regência de D. Pedro (1439-1449): viagens ao cabo Branco até à Guiné
 Reinado de D. Afonso V (1481-1495): descoberta de Cabo Verde (1456); conquista de
Alcácer Ceguer (1458); morre o infante D. Henrique (1460); arrendamento do
comércio e navegação da Guiné a Fernão Gomes (1469-1475); e conquista de
Tânger, Arzila e Larache
 Reinado de D. João II (1481-1495): nova fase na política da expansão

D. JOÃO II E A RIVALIDADE COM CASTELA


1474 assinala a viragem das viagens da exploração para sul, visto o Príncipe D. João
(futuro D. João II) tomar conta das explorações surgindo assim uma criação de um plano
coerente de descobertas.
Em 1480 surge a consolidação do domínio português em África, tanto militar como
económico. Sendo que surge o Tratado de Alcáçovas (1479) que divide a posso do Atlântico
pelo paralelo das Canárias (O tratado de Toledo é confirmação do Tratado de Alcáçovas); e
o Tratado de Toledo (1480).
O Tratado de Alcáçovas decorre da guerra entre Portugal e Castela (1474-79), mas
também provavelmente devido à influência de D. João, procura resolver as contendas sobre
o domínio marítimo de África.
O tratado de Alcáçovas (1479) distinguiu-se, entre os múltiplos assinados entre Portugal
e os seus vizinhos castelhanos ao longo dos séculos, devido ao seu papel marcante na
História dos Descobrimentos e da Expansão portuguesa. De facto, este foi o primeiro
tratado a incluir disposições que definiam não só as relações entre os Reinos na Península,
como também reconheciam zonas de influência nos espaços extraeuropeus, que os reinos
ibéricos vinham explorando no decorrer das décadas anteriores. Nunca fora redigido assim
nenhum acordo internacional. Este tratado definiu assim, à luz da diplomacia e dos acordos
internacionais sobre direitos de exploração e propriedade de territórios, a mare claussum
português.
Durante o reinado de D. João II (1481-1495) todas as iniciativas visam a Índia, surgindo o
“Plano das Índias”, havendo reconhecimento da Costa Ocidental africana nas viagens de
Diogo Cão. A viagem de Bartolomeu Dias (1487-88) e em 1488 o Cabo da Boa Esperança no
extremo sul de África que foi uma viagem fundamental para conhecer as condições de
navegação no Atlântico sul e que contrariou a ideia tradicional do Índico como um mar
fechado.
A Índia padecia de um comércio bastante rico e pretendido na Europa.
Além disso, D. João II pretendia fazer o reconhecimento da costa africana e perceber se
havia ligação entre o Atlântico e o Indico segundo o Mapa Ptolomeu.
Também Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, em viagens por terra, tinham como função
recolher informações no que respeita aos povos, o Oriente e os seus mares, sobre o
comércio oriental e ainda, estabelecer contacto com o reino de Preste João.
Cristóvão Colombo teve influência das ideias de Toscanelli, que atribuíam para a Terra
dimensões inferiores às que realmente tem e considerava que a forma mais expedida de
atingir o Oriente seria navegar para o Ocidente, pois o reino do Cipango estaria perto e
conheciam o oceano. Conhecedor do interesse de D. João II em atingir as terras das
especiarias e vivendo em Portugal percebe-se que a primeira pessoa a quem apresentou o
seu projeto fosse o monarca português. No entanto, este consciente de que a sua opção de
contornar África, que vinha desenvolvimento há anos, lhe permitiria atingir o Oriente
recusou a oferta. Nesta teria certamente pesado o facto de, tendo em conta os
conhecimentos geográficos dos seus conselheiros, D. João II não ter acreditado que a
viagem para ocidente fosse tão curta como Colombo sugeria. Em 1486 Colombo dirige-se
para Castela e apresenta igual proposta aos Reis Católicos que a acolhem. A 12 de outubro
de 1492 avistara terra, uma das ilhas do arquipélago das Bahamas. No regresso, em 1493,
para em Lisboa para comunicar a D. João II os resultados da sua viagem “tinha chegado à
Índia pelo ocidente”.

Tratado de Tordesilhas - 1494


D. João II reivindicou as terras descobertas por Colombo, de acordo com o que ficou estipulado no
Tratado de Alcáçovas, surgindo o Tratado de Tordesilhas (1494) – a assinatura deste tratado é o culminar
da rivalidade luso-castelhana pela possa das terras descobertas. Os reis católicos, que patrocinaram a
viagem de Colombo, reivindicam também para si as novas terras descobertas e apelam para o papa
Alexandre VI.

Sucedem-se as negociações e em 1493 o papa, através de uma bula apresenta uma


proposta através de uma linha divisória que passava por um meridiano situado a 100 léguas
a oeste do arquipélago de Cabo Verde. D. João II D. João II não aceita essa divisão, daí se
considerar que D. João II já teria conhecimento da existência do Brasil. O monarca
português propõe continuar diretamente as negociações com os Reis Católicos e marca-se
uma reunião, primeiro para Simancas e depois para Tordesilhas. Nesta reunião os Reis
Católicos aceitam que a linha traçada por Alexandre VI passasse num meridiano a 370
léguas para oeste de Cabo Verde e não a 100, passando o mundo a estar dividido em duas
zonas de influência: uma de Espanha, as terras conhecidas ou a descobrir a ocidente desse
meridiano; outra de Portugal, as que ficassem a oriente.
Concluindo assim que, foi com D. João II que se desenvolveu uma verdadeira política
concertada em várias frentes, girando em torno de um verdadeiro “plano das Índias”. Esta
política desenvolve-se quase simultaneamente em várias linhas o que prova a existência de
um plano integrado:
 Feitoria de S. Jorge da Mina: recursos económicos;
 Continuação do reconhecimento da costa ocidental africana por meio de expedições de
longo curso (Diogo Cão e Bartolomeu Dias);
 Recolha de informações sobre o Índico e países ribeirinhos (Afonso de Paiva e Pêro da
Covilhã, 1487-1492);
 Tentativas de penetração no interior de África (Níger, Zaire, Nilo) a fim de recolher
informações e contactar Prestes João;
 Prováveis viagens de reconhecimento do Atlântico sul, domínio da área oceânica e
 Tratado de Tordesilhas (1494), assegurando a volta ao largo.

EM SÍNTESE…
A viagem de Bartlomeu Dias foi importante a vários níveis, nomeadamente de descoberta e
exploração, o qual vais demonstrar que a conceção Ptolomática estava errada pois havia
ligação com o Indico. Vai permitir também descrever e conhecer como se navegava no
Atlântico Sul e vai permitir desenrolar as condições necessárias para os Descobrimentos,
inclusive acerca das correntes e do regime de ventos e marés do Atlântico Sul.
Bartlomeu regressa a 1488 com a certeza que passou o extremo Sul de Africa e assim, ajuda
a redesenhar os contornos de Africa e mostra que é possível passar do Atlântico para o
Indico e, deste modo, chegar ao Oriente por mar.

Feitorias
As feitorias representam o estabelecimento de pontos em postos comerciais, nos quais se
faça a troca entre produtos africanos de modo a dominar os mesmos.

Cristóvão Colombo, com o casamento de Fernando e Isabel faz-se a junção entre os reinos
que existiam no resto da Península Ibérica e assim, há uma unificação e começa a falar-se
em Espanha.
D. João II consegue uma reunião com os reis católicos na qual propõe o seu plano e estes
acabam por patrocinar a viagem de Cristóvão colombo, saindo este de sul e remando para
ocidente. Contudo, não chegou às Índias.

Tratado De Alcáçovas
De acordo com o Tratado de Alcáçovas (linha horizontal traçada a sul das canárias) as novas
terras estavam dentro da área de influência portuguesa. Assim, D. João II vai reivindicar as
mesmas, contudo, os reis católicos pedem auxílio do Papa, mas D. João II recusa a
mediação do Papa.
Deste modo, D. João II envia emissários a Castela junto dos Reis Católicos para afirmar que
o território era português. Os reis católicos não aceitam e reivindicam, levando assim á
formação de 2 bulas.

Tratado de Tordesilhas
Com o intuito de atenuar as rivalidades entre Portugal e Castela no que respeita à
navegação e comércio feito na Costa Ocidental Africana, elaborou-se o Tratado de
Tordesilhas.
Este tratado serve os interesses de D. João II e aplica-se às terras conhecidas como também
aquelas que se vierem a conhecer.
Este foi um período de afirmação para D. João II no que concerne à sua soberania. Este
acaba por morrer um ano apos a assinatura do Tratado de Tordesilhas e sucede-lhe o seu
primo, D Manuel I.

VIAGEM DE VASCO DA GAMA E PEDRO ÁLVARES DE CABRAL


Em 1488, Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a contornar o Cabo das Tormentas.
Para abrir uma nova rota ao descobrimento português, o cabo foi rebatizado de Cabo da
Boa Esperança. No final do século XV, a marinha portuguesa havia explorado a maior parte
da costa africana voltada para o Atlântico.
Para seguir para o leste, é preciso entender onde termina esse litoral e se é possível
conectar-se ao Oceano Índico por mar. Confirmar essa possibilidade pode abrir as portas
para novas rotas comerciais entre a Europa e a Ásia. Diz-se que Bartolomeu Dias foi enviado
ao encontro de Prestes João, que conseguiu realizar a tarefa, contornando o Cabo das
Tormentas e depois batizando o Cabo da Boa Esperança em 1488. Foi a partir desta missão
de Bartolomeu Dias que se prepararam as viagens de exploração das rotas marítimas para a
Índia e para o resto do Oriente.

Pero da Covilhã, vulgarmente conhecido por Pêro da Covilhã foi um criado régio,
diplomata e explorador português. A pedido de João II de Portugal, a fim de estabelecer
relações diplomáticas com as chamadas "Terras de Preste João", chegou à Índia por terra
antes de Vasco da Gama e mais tarde fixou-se na Etiópia, acredita-se ter realizado os
seguintes feitos: é dele. nomeado pelo seu rei.
João II envia-o juntamente com Afonso de Paiva em busca de notícias do mítico reino do
Preste João e da Índia; disfarçados de mercadores e treinados por cosmógrafos régios e
pelo rabino de Beja que lhes terá indicado as portas da cidadela, no Cairo, partem a cavalo
a 7 de maio de Santarém (onde estava a Corte), rumo a Valência.
O papel de Calecute em todo o processo: era aqui que afluíam as especiarias, prontas
para embarcar rumo ao Mar Vermelho (e, posteriormente, para Veneza). Pero da Covilhã
regista, assim, que uma vez dobrado o fim da África (mais tarde designado do Cabo das
Tormentas), bastará atingir Sofala ou Melinde e facilmente se alcançará Calecute. Será com
base nesta anotação que Vasco da Gama decidirá atravessar o Oceano Índico diretamente
para Calecute, na sua pioneira expedição marítima à Índia.

VIAGEM DE VASCO DA GAMA À ÍNDIA


Em 1497-99 aconteceu a viagem de Vasco da Gama à Índia (Calecut) que consistiu no
culminar do trabalho de gerações que vai permitir abrir o complexo do Atlântico. Com a
segunda viagem de Vasco da Gama (1502-03) em que se verifica a primeira descarga de um
carregamento significado de especiarias orientais em Lisboa.
O Atlântico torna-se uma estrada de acesso ao Oriente, diminuindo o seu valor
económico, mas aumentando o estratégico, sendo assim a Rota do Cabo que passa a ser a
espinha dorsal de toda a economia portuguesa.
A 20 de maio de 1498, Vasco da Gama e a sua esquadra chegaram a Calecute, o que
significava que a construção de um projeto há muito era herdada pela família real
portuguesa.
D. D. Manuel I de Portugal encarregou Vasco da Gama de major da frota que partiu de
Belém para a Índia no sábado, 8 de julho de 1497. A expedição partiu de Lisboa e passou
pelas ilhas de Tenerife e Cabo Verde, seguindo uma rota que tinha sido tentada por
anteriores exploradores ao largo da costa de África.

Sigilo por parte de D. João II:


 Espionagem
 Preservar o conhecimento dos portugueses acerca das viagens e o que nelas foi
descoberto

CONQUISTA DO BRASIL
Em Abril de 1500 a Armada comandada por Pedro Álvares Cabral, rumando à Índia
com o objetivo de efetivar a ligação comercial à costa do Malabar, após a viagem pioneira
de Vasco da Gama, avistou terra no Atlântico Sul. O desembarque que se seguiu, naquela
que seria inicialmente chamada de Terra de Vera Cruz, marcou o momento de descoberta
oficial do que viria a ser o Brasil.
A armada de Pedro Álvares Cabral começou a ser preparada logo após o regresso de
Vasco da Gama, tendo como objetivo firmar os interesses portugueses na Índia,
recentemente alcançada. Foram reunidos um total de 13 navios dos quais 9 eram naus e 3
caravelas, contando igualmente com um navio de menor dimensão, para abastecimentos.
Esta armada representava a maior força naval a partir do Tejo, zarpando no dia 9 de março
de 1500.
Polémica em volta da descoberta do Brasil: se teria sido intencional ou não, a qual é
argumentada através do Tratado de Tordesilhas.
O que é certo é que, apesar da probabilidade de Duarte Pacheco Pereira e das
explorações castelhanas terem alcançado primeiramente o Brasil, a viagem de Pedro
Alvares Cabral foi aquela que marcou uma efetiva integração da região no universo
geopolítico da época.
As razões que levaram à descoberta do Brasil pela armada de Pedro Álvares Cabral têm
sido debatidas pela historiografia ao longo das décadas. Deste debate emergiram duas
propostas principais, afirmando a causalidade ou a intencionalidade da descoberta.
Causalidade: Os proponentes desta teoria, afirmam que o descobrimento fora causado
por um desvio não calculado para Ocidente, durante a manobra de contorno das calmarias,
provocado possivelmente pelos ventos e correntes ou por uma eventual tempestade.
Referem igualmente a ausência de fontes documentais que possam justificar uma
intencionalidade da descoberta.
Intencionalidade: alegam que, face à falta de referências documentais a uma
tempestade e perante a posição geográfica do avistamento do Monte Pascoal, o
descobrimento teria de ter decorrido de uma alteração intencional do rumo seguido.
Discordam, no entanto, se esta alteração teria surgido por iniciativa do capitão-mor ou
se este teria recebido ordens secretas de D. Manuel I para efetuar um descobrimento
oficial de terras anteriormente vislumbradas, agindo de forma que este descobrimento
parecesse obra do acaso. Para esta posição contribui a forma como a descoberta foi
silenciada durante quase um ano, entre a chegada da embarcação de Gaspar de Lemos a
Lisboa, e a divulgação da notícia do descobrimento, após o regresso da armada da Índia.
A descoberta do Brasil representou um momento fulcral dos descobrimentos
portugueses; se por um lado significou, para Portugal, a posse de uma base geoestratégica
de apoio no Atlântico Sul, a descoberta representou igualmente a integração de um novo
espaço no âmbito da expansão ultramarina portuguesa. Este espaço viria ao longo dos
séculos seguintes a adquirir uma importância chave no futuro histórico de Portugal.

EM SÍNTESE…
Descoberta do Brasil: 1500
 Armada de 10 naus e artilharia
 Com a descoberta do Brasil e o delineamento da Rota do Cabo, o Mediterrâneo fica
secundarizado relativamente à comercialização de bens

Nova Estratégia: chegar diretamente aos produtores de especiarias e, posteriormente, fazer


o transporte para a Europa e colocar à venda no mercado europeu.
Formar bases de estacionamento de militares de apoio às rotas comerciais portuguesas.

Domínio Comércio Oriental

ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA APLICADA PELOS PORTUGUESES NOS VÁRIOS SÍTIOS


O comercio à escala mundial da expansão portuguesa que aderiu a novas rotas do comercio
internacional como as rotas atlânticas, Rota do Cabo e Rota do Extremo Oriente, através das quais
circulavam produtos da África (ouro, escavamos, marfim e malagueta); Ásia (especiarias, tecidos de luxo,
porcelanas, pedras preciosas, perfumes); e América (mensais preciosos, batata, tomate, milho, fruto
tropicais, e tabaco); deram início à mundialização da economia originando importantes certos económicos
como Lisboa (política de transporte) e Antuérpia (redistribuição dos produtos).
A organização do comércio Oriental (África diferente de Oriente); ou seja, mundo
política, económica e culturalmente bem estabelecido e rede bem organizada de comércio
muçulmano, existindo assim necessidade de dominar o monopólio muçulmano das
especiarias e vencer a hostilidade dos árabes; sendo que o domínio do comercio oriental
consistia em comprar diretamente os produtos sem intermediários, colocando-os no
mercado europeu, por um preço mais baixo. A ocupação do Oriente doi feira através de
feitorias (entrepostos comerciais); D. Manuel I começou por enviar armadas para controlar
o Índico, principalmente na região da Índia; mas os frequentes ataques dos muçulmanos
inviabilizaram esta estratégia; havendo uma nomeação de vice-reis, sendo eles Francisco de
Almeida (nomeado em 1505) e Afonso de Albuquerque (nomeadamente em 1509).
A organização do comércio e exploração nos arquipélagos atlânticos são as capitanias
dominadas pelo capitão-donatário onde: exerciam a jurisdição em nome do rei, concediam
terras aos povoadores e tinham o monopólio dos meios de produção. Relativamente à
Costa ocidental africana – feitorias (Arguim e São Jorge da Mina) consistiam nos pontos
muitas vezes fortificados e militarmente definidos tanto em terra como por frotas, locais
base para as trocas comerciais e apoio de funcionários dirigidos por feitor.

EM SÍNTESE…
Império europeu: vice-rei nomeado pelo rei, o qual tem a função de exercer o poder no
oriente (Francisco de Almeida)

Fundamental dominar o mar, isto é, ter uma armada poderosa e numerosa e assim evitava
a circulação de barcos que não portugueses ou quem tivesse passaporte para circular no
mar.

Supremacia militar dos barcos portugueses em relação aos outros: estrutura em metal e
artilharia

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