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22/10/2022
AVALIAÇÃO
Cipriano Luckesi
• A avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de
aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias
para que possa avançar no seu processo de aprendizagem.
• A avaliação da aprendizagem difere da pedagogia do exame. Ele define avaliação como "um JUÍZO
de qualidade sobre dados relevantes, para uma tomada de decisão"
• A avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto
avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para
transformá-lo. (...) é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em
vista uma tomada de decisão (Luckesi, 1978).
• A avaliação é processual e dinâmica. Na medida em que busca meios pelos quais todos possam
aprender o que é necessário para o próprio desenvolvimento, é inclusiva. Sendo inclusiva é, antes de
tudo, um ato democrático.
• A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a
seleção (que obrigatoriamente conduz a exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas,
atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a
obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. (1995, p.
172)
• A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso, contribui em todo o percurso da
ação planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social,
como também na seleção de meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista a sua
construção. Ou seja, a avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser
humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no
redimensionamento da direção da ação.
• Avaliação como ato subsidiário do processo de construção de resultados satisfatórios. A atividade
de avaliar caracteriza se como um meio subsidiário do crescimento; meio subsidiário da construção
do resultado satisfatório.
• A avaliação da aprendizagem escolar é compreendida como um ato amoroso, “O ato amoroso é
aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)” é um estado psicológico oposto ao
estado de exclusão. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se
apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia (2005).
• "O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de tudo,
implica a disposição de acolher a realidade como ela é" (2005).
• Acolher o educando, eis o ponto básico para proceder atividades de avaliação, assim como para
proceder toda e qualquer prática educativa.
• O ato de avaliar implica dois processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e decidir. Não é
possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é um processo
abortado (2000)
• O ato de avaliar não é um ato neutro que se encerra na constatação. Ele é um ato dinâmico,
que implica na decisão de 'o que fazer' Sem este ato de decidir, o ato de avaliar não se
completa (2000)
• Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la
comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, consideramos que ela deve estar
comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção
está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de
conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro desta
sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista de produção. A avaliação diagnóstica não
se propõe e nem existe de uma forma solta e isolada. É condição de sua existência a
articulação com uma concepção pedagógica progressista.
• “deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de
novos rumos.” A avaliação “terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos
percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos.” (LUCKESI, 2005. p.44).
• Na prática da avaliação da aprendizagem, focar a atenção só no desempenho do educando
pode trazer muitos enganos, desde que a fonte dos impasses pode estar assentada em outros
componentes (variáveis) da ação que não só a responsabilidade de estudo e aprendizagem por
parte do educando. Desse modo, importa focar tanto o individual quanto o coletivo; tanto o
estudante quanto a turma e o sistema.
• Produzir bons e adequados instrumentos para a coleta de dados para a avaliação da
aprendizagem dos nossos educandos, sem subterfúgios, sem enganos, sem complicações
desnecessárias, sem armadilhas, pode ser um bom exercício ético na nossa vida pessoal, assim
como pode ser um bom e significativo exercício vivencial de ensinar a ética aos nossos
educandos na vida cotidiana.
• Luckesi (2003), a avaliação da aprendizagem difere da pedagogia do exame: em que todas as
atividades docentes e discentes estão voltadas para um treinamento de “resolver provas”, tendo em
vista a preparação para o vestibular, como porta (socialmente apertada) de entrada para a
universidade.
• A verificação é uma ação que “congela” o objeto; enquanto a avaliação, por sua vez, direciona o
objeto numa trilha dinâmica de ação.
• "a prática do exame, devido a operar com os recursos de aprovação/reprovação, obrigatoriamente
conduz à política da reprovação, que tem se manifestado como o mais consistente álibi para o
fracasso escolar" (LUCKESI, 2005, p. 19). Em avaliação não se julga nem se classifica, mas, sim, se
diagnostica e se intervém em favor da melhoria dos resultados do desempenho dos educandos.
• Pedagogicamente, ela centraliza a atenção nos exames; não auxilia a aprendizagem dos estudantes.
Psicologicamente, é útil para desenvolver personalidades submissas. Sociologicamente, a avaliação
da aprendizagem, utilizada de forma fetichizada, é bastante útil para os processos de seletividade
social.
• Produz personalidades submissas e socialmente contribui para a seletividade, já que está bastante
articulada com a reprovação.
• O ato de examinar se caracteriza, especialmente (ainda que tenha outras características) pela
classificação e seletividade do educando, enquanto que o ato de avaliar se caracteriza pelo seu
diagnóstico e pela inclusão. O educando não vem para a escola para ser submetido a um processo
seletivo, mas sim para aprender e, para tanto, necessita do investimento da escola e de seus
educadores, tendo em vista efetivamente aprender.
• Atenção na promoção: Os alunos têm sua atenção centrada na promoção; Atenção nas provas: Os
professores utilizam as provas como instrumentos de ameaça e tortura prévia dos alunos,
protestando ser um elemento motivador da aprendizagem; Os pais estão voltados para a
promoção: Os pais das crianças e dos jovens, em geral, estão na expectativa das notas dos seus
filhos.
• A atual prática da avaliação escolar tem estado contra a democratização do ensino, na medida em
que ela não tem colaborado para a permanência do aluno na escola e a sua promoção qualitativa.
• Luckesi (2005, p. 30) faz a seguinte afirmação: "Em nossa vida escolar, fomos muito abusados com
os exames". E "hoje no papel de educadores, repetimos o padrão".
• Convivemos hoje, no cotidiano das escolas, com os exames, com suas características
classificatórias, excludentes e antidemocráticas e com a avaliação da aprendizagem como uma
proposta emergente, com as características diagnóstica, inclusiva e socializante (Luckesi, 2012, p.
440),
• Hoffmann concorda com Luckesi quando afirma que a avaliação é uma reflexão permanente
sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória de
construção de conhecimento.
AVALIAÇÃO MEDIADORA
Jussara Hoffmann
• É urgente o compromisso que temos de contribuir para a construção de uma prática alicerçada no princípio
maior da Avaliação Mediadora, que é de encaminhar-se, de fato, da reflexão à ação.
• De acordo com Hoffmann, a maior polêmica que se cria hoje em relação a uma perspectiva inovadora da
avaliação, diz respeito à questão da melhoria da qualidade de ensino (p.13). Fatores como a superação da
prática tradicional, dentre outros, desponta a crença dos educadores na manutenção da ação avaliativa
classificatória como garantia de um ensino de qualidade. A crença popular é que os professores tendem a ser
menos exigentes do que tradicionalmente e que as escolas não oferecem o ensino competente à semelhança
das antigas gerações (p.14).