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ROTEIRO COMPETÊNCIA 1

O QUE SE AVALIA?

A primeira competência da Matriz de Referência do Enem avalia o domínio que os


participantes desse exame apresentam em seus textos quanto à modalidade escrita formal
da Língua Portuguesa, enfatizando a norma-padrão e a gramática normativa. O tipo de
avaliação que se espera nessa competência vai desde a fluidez da leitura, que pode ser boa
ou ruim dependendo da construção sintática, até o léxico e a gramática como um todo. É de
suma importância lembrarmos que estamos tratando do gênero dissertativo-argumentativo,
um tipo textual que exige veementemente a escrita formal.

COMO AVALIAR?

A avaliação partirá de dois momentos de correção, desvios e falhas. É importante avaliar


essa competência evitando classificar os desvios ou falhas como um sendo maior que o
outro, onde pode ocorrer maior penalização de um determinado desvio ou falha do que
outro, e sim estabelecendo um critério fixo a ser seguido. Em outras palavras, a
competência 1 é contra a subjetividade.

Falhas — Erros na estrutura sintática do candidato, seja nas orações ou períodos. É nesse
aspecto que será avaliado a fluidez da leitura.

Desvios — Serão contabilizados desvios aqueles que são determinados pela gramática
normativa. Isso inclui vírgulas, pontuações e etc.

Poderão haver momentos em que o aluno apresentará características semelhantes a dois


níveis. Por exemplo, um aluno pode ter uma excelente estrutura sintática, porém com alguns
desvios, caracterizando ele tanto no nível 5 (200) quanto no nível 4 (160), para ser
considerado nível 5, o aluno deve ter apenas uma falha e/ou máximo de dois desvios.
Nesse mesmo exemplo, imagina-se que o aluno obtenha três desvios e nenhuma falha
sintática, ou 2 falhas sintática e nenhum desvio, como ultrapassou o limite máximo
permitido no nível 5, ele deverá sofrer penalidades e regredindo ao nível 4.

O conceito de poucos, alguns e muitos desvios ou falhas pode acabar variando, porém há
alguns fatores que podem determinar um padrão para que a consideração fique mais
objetiva. Vários são os fatores que podem determinar uma produção textual mais ou menos
extensa: quantidade de linhas escritas, tamanho da letra e espaçamento entre as palavras
são alguns deles. Notemos que o único elemento objetivo entre esses três é a quantidade
de linhas escritas, mas não é possível comparar a extensão dos textos considerando
apenas essa característica, o que nos coloca diante do desafio de olharmos para o texto
considerando também os demais elementos, ainda que não tão objetivos. Com base nisso,
é extremamente importante ressaltar que somente o nível 5 (200) segue critérios
quantitativos, apenas 1 falha e 2 desvios , máximos, para continuar com a nota
máxima, os demais níveis não deverão seguir o mesmo padrão de contagem.

COMO AVALIAR A ESTRUTURA SINTÁTICA?


Primeiramente, a estrutura sintática deficitária é claramente identificável quando as
diversas falhas de estrutura sintática interferem na fluidez da leitura do texto, porque
a compreensão foi prejudicada por um ponto final indevido ou pela falta dele. Porém,
isso não significa que deve-se penalizar o aluno que apresentar letra de difícil
compreensão, mas de questões que se referem à maneira de escrever do
participante, com muitas orações justapostas ou com muitos truncamentos. Igualmente, não
devemos avaliar um texto como “estrutura sintática deficitária” quando a fluidez da leitura
está prejudicada apenas em momentos pontuais, mas sim quando isso ocorre na maior
parte do texto.
A estrutura sintática regular ou boa será determinada por um texto em que, embora haja
fluidez de leitura, verificam-se algumas falhas. A diferenciação entre estrutura sintática
“regular” ou “boa” vai se dar, assim, pela quantidade dessas falhas segundo o conjunto
textual apresentado pelo participante.
Observação: textos que apresentam predominância de parágrafos formados por um único
período deverão ser considerados textos de estrutura sintática regular (característica do
nível 3). Entretanto, se um texto apresenta predominância de parágrafos formados por um
único período, não significa que ele será necessariamente avaliado no nível 3. Isso, porque
precisaremos avaliar se, além da presença de períodos únicos, o aluno também trouxe
falhas de estrutura sintática e qual a frequência que elas ocorrem.

Atenção
Se um texto apresentar metade dos parágrafos constituídos por um único período e a outra
metade corresponder a parágrafos com mais de um período (ou seja, a mesma quantidade
de cada tipo de parágrafo), a estrutura sintática do texto pode ser avaliada como “boa” ou
até mesmo “excelente”, a depender de outras características da construção dessa estrutura.

(Exemplos na página 15 do manual do corretor competência 1)

Falta de complexidade

Há redações que o aluno não se arrisca muito na construção de suas orações e períodos,
com poucas orações compostas, frases simples e quase nenhuma intercalada. Essa falta de
complexidade impede que essa redação seja avaliada como “estrutura sintática excelente”.

Truncamento de períodos

Um tipo de falha de estrutura sintática refere-se ao truncamento de períodos em que (i) se


separam orações principais de subordinadas; (ii) se separam duas orações coordenadas; ou
(iii) simplesmente se isolam, em períodos ou frases, partes de uma oração que deveriam
constituir um único período.

Justaposição de orações e/ou períodos.

Outra falha relacionada à estrutura sintática é caracterizada por construções que deveriam
ser independentes, mas foram justapostas, formando longos períodos.
Excesso, duplicação ou ausência de palavras (elementos sintáticos).

Quando se verifica excesso ou ausência de elementos sintáticos, não relacionados a


problemas de regência ou de paralelismo (que serão vistos como desvios), deve-se
considerar uma falha de estrutura sintática. Duplicação de palavras deve ser avaliado como
falha sintática, e não deve ser penalizado na competência 4 por repetição. Reforçamos que
é preciso cautela para não considerarmos como falha de estrutura sintática a presença
ou a ausência indevida de preposição quando claramente se trata de um problema de
regência nominal ou verbal (que deve, portanto, ser considerado desvio, e não falha de
estrutura sintática).

DOS DESVIOS

De Convenções Da Escrita

Acentuação
Ortografia
Hifens
Maiúsculo e minúsculo
Separação silábica (exemplo: pe-ssoas)

Gramaticais

Regência
Concordância
Pontuação
Paralelismo Sintático
Crase
Emprego de pronomes

De Escolha De Vocabular

Escolhas lexicais imprecisas (exemplo: discriminação no lugar de

descriminação) Escolha de Registro

Informalidade e,ou, marcas de oralidade


(A avaliação da escolha de registro deve sempre levar em consideração que o participante
precisa escrever um texto dissertativo-argumentativo, que requer a utilização de um registro
formal. Assim, cabe ao avaliador observar se o registro utilizado é adequado ao tipo textual
e ao contexto de produção.)

Atenção

¹Palavras estrangeiras grafadas incorretamente não devem ser consideradas desvios.


Assim, se o participante escreve “strimin” (streaming) ou “blockbester” (blockbuster), não
consideraremos desvio. Também não devem ser considerados desvios os nomes próprios
grafados incorretamente. Assim, registros como “Augusto Pullmam” (August Pullman) e “R.
J. Palasio” (Palacio), ou casos como “Heiguel” (Hegel), “Roussea” (Rousseau), “Sartré”
(Sartre), “Nietszche” (Nietzsche) e similares não devem ser penalizados. Por outro lado,
nomes próprios grafados com letra minúscula devem ser considerados desvios.

² O aluno não pode ser prejudicado pela sua caligrafia.


Minúscula e Maiúscula

Devem ser penalizados:

•períodos iniciados com letra minúscula;


• nomes de pessoas grafados com letra inicial minúscula – em casos de nome composto
e/ou nome e sobrenome, considera-se um único desvio para o nome como um todo; •
nomes de países, continentes e outras áreas geográficas grafados com letra inicial
minúscula;
• nomes de eventos e acontecimentos históricos grafados com letras iniciais minúsculas
(“Segunda Guerra Mundial”, “Proclamação da República”, “Guerra de Canudos”, “Reforma
Protestante”, “Idade Média” etc.) – nesses casos, considera-se um único desvio para o
nome como um todo. Ex: “segunda guerra mundial” ou “Segunda guerra mundial” (apenas
com inicial maiúscula na primeira palavra) - 1
desvio;
• “Constituição” ou “Constituição da República Federativa do Brasil” grafados com letras
iniciais minúsculas – nesses casos, considera-se um único desvio para o nome como um
todo: “constituição da república federativa” – 1 desvio;
• “Estado” como sinônimo de conjunto das instituições que controlam uma nação grafado
com letra inicial minúscula;
• uso indevido de inicial maiúscula em substantivos comuns, verbos ou pronomes

Porém , como já mencionado, o aluno não pode ser prejudicado por sua caligrafia. O
corretor deve se atentar às diferenças entre maiúsculas e minúsculas no texto do aluno,
caso não haja diferença e seja impossível distinguir , somente nesse caso é passível de
penalização de desvio

Atenção

¹Obrigatoriamente, exigiremos que adjuntos adverbiais com três ou mais palavras (adjuntos
adverbiais longos) estejam isolados por vírgulas quando deslocados do final da oração, sua
posição esperada.
²Palavras escritas incorretamente e que foram colocadas entre aspas continuarão sendo
consideradas desvios. Exemplo: “A educação no Brasil hoje passa por muitos ‘pobremas’”.
Nesse caso, considera-se normalmente o desvio de grafia na palavra “pobremas”.
Imprecisões lexicais ou informalidades também serão consideradas desvios mesmo quando
destacadas com aspas. Ainda que o participante demonstre conhecimento de que as aspas
servem para indicar que se trata de uma palavra escrita incorretamente, de uma imprecisão
ou de uma informalidade, vale lembrar que o texto dissertativo-argumentativo pressupõe o
emprego da norma-padrão, e não é esse o tipo textual mais adequado para demonstrar
esse tipo de conhecimento do uso das aspas. Exemplo: "preços 'salgados' para o bolso do
consumidor".
³Desvios de convenções da escrita, de escolha vocabular e de escolha de registro devem
ser contabilizados uma única vez para cada vocábulo com desvio que se repete. Assim, se o
participante escreve “brasil” com letra minúscula e repete o desvio em outro(s) momento(s)
do texto, devemos contar apenas um desvio. Entretanto, desvios gramaticais devem ser
considerados sempre que ocorrerem.
0 pontos:

Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da Língua


Portuguesa. - O aluno é incapaz de estabelecer uma escrita formal da língua
portuguesa

Estrutura sintática inexistente (independentemente da quantidade de desvios). - O aluno


é incapaz de construir períodos simples de forma fluida, independentemente se há ou
não desvios, caracterizando palavras soltas pela redação.

40 pontos:

Estrutura sintática deficitária com muitos desvios.


- O aluno demonstra domínio da estrutura sintática, porém com muitas falhas, além de
muitos desvios

80 pontos:

Estrutura sintática deficitária ou muitos desvios.


- O aluno apresenta duas possibilidades para se enquadrar na nota 80. Ele apresenta
uma estrutura sintática deficitária, mas com poucos desvios, ou até mesmo nenhum,
(ou) muitos desvios e estrutura sintática com poucas ocorrências, ou com estrutura
sintática excelente, (a diferença para a nota 40 é a alternância de ocorrência de
falhas e desvios, quando os dois apresentam muitas ocorrências, deve-se avaliar
como nota 40, se apenas um deles se destacar o aluno deverá ser avaliado como
nota 80). Logo, a diferença do nível 2 ao nível 3 está especialmente relacionado na
fluidez da leitura, onde as falhas estruturais comprometem mais essa fluidez do que
no nível 3

120 pontos:

Estrutura sintática regular E alguns desvios.


- O aluno apresenta um bom domínio da norma culta e uma boa estrutura sintática,
ainda que ocorram alguns desvios ao longo do texto. O que o impede de ser
classificado como nível 4 (160) é o número maior de falhas estruturais, como
truncamentos, por exemplo, e a existência mútua de desvios em algumas ocasiões.
Detalhe importante é que , apesar de algumas falhas sintáticas , a fluidez da leitura
não é tão prejudicada, caso seja, isso se enquadra no nível mais baixo 2.
160 pontos:

Estrutura sintática boa E poucos desvios.


- Nesse nível, o domínio da estrutura sintática do aluno é boa o bastante para que não
haja falhas na fluidez, ao mesmo tempo em que pode-se perceber falhas na
complexibilidade das orações, que podem predominar períodos simples sem muito
desenvolvimento. A principal diferença desse nível ao nível 3 é que o aluno ,
geralmente, desenvolve maiores problemas com os desvios do que com as falhas,
mas de forma moderada, ou até mesmo com poucas ocorrências de ambos. O que o
separa do nível 5 é justamente a questão quantitativa. O aluno eventualmente
passou de 2 desvios e , ou, 1 falha sintática.

200 pontos:

Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.
- Desde que se respeite esse limite proposto, o aluno continuará como nota 200.

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