A teleologia enquanto fundamento metafísico da ética eudaimonista.
Antonio Afonso Ribeiro Neto – Mestre em Filosofia pela UEL.
RESUMO
No pensamento aristotélico a ideia da teleologia era uma sofisticada doutrina metafísica,
que estabelece bases de caráter antropológico essenciisl para a noção de florescimento integral da pessoa humana, a eudaimonia. Este trabalho assume como ponto de partida uma das temáticas mais correntes dos debates atuais em filosofia ética e política: a insatisfação com o atual estado das teorias morais, em particular com aquelas que compõem o cerne do que Alasdair Macintyre (1984) chama de “projeto moderno da justificação da moralidade”, isto é, as hipóteses de justificação da moralidade representadas principalmente pelo utilitarismo, o contratualismo e a deontologia, em suas diversas modalidades. Filósofos como Elizabeth Anscombe e Alasdair Macintyre apontam para uma análise pré-moderna dos fundamentos da ética, e em principal, um tipo de ética que não recaia nos impasses – que Macintyre classifica como “intermináveis” - destes projetos de justificação da moralidade modernos, voltando-se para uma tradição de investigação intelectual de inspiração escolástico-aristotélica – em outras palavras, um retorno a um fundamento eudaimonista da ação moral. Neste trabalho, argumento que tal retorno a formas de éticas eudaimonistas só é possível se admitirmos certas preliminares de caráter antropológico e metafísico que são próprios do pensamento escolástico e aristotélico e que a mais importante destas preliminares é a noção de teleologia. Argumento também que o próprio desenvolvimento posterior do pensamento de Macintyre (1984) sugere uma adesão ao que ele denominou como “biologia metafísica aristotélica”, que é a tese que delineia justamente o telos próprio do animal racional, enquanto fundamento da racionalidade prática.
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