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CARLA GASPAROTTO RIBEIRO

PRÁTICAS DE CUIDADO EM ENFERMAGEM AOS PACIENTES PORTADORES DE


DOENÇA AUTOIMUNE HEPÁTICA:
Uma revisão integrativa.

Projeto de Pesquisa de Tranalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Programa de Pós-Graduação Latu-Senso
em Enfermagem da Faculdade Cristo Rei, como requisito
para a obtenção do título de Especialista em Enfermagem.

Orientador/a : _________________________

Cornélio Procópio
Junho de 2023
1 INTRODUÇÃO

As doenças autoimunes hepáticas representam um grupo de condições complexas


e desafiadoras que afetam o sistema imunológico, resultando em danos ao fígado. A
incidência dessas doenças tem aumentado significativamente nos últimos anos,
colocando uma demanda crescente sobre os profissionais de saúde, em especial os
enfermeiros. O cuidado adequado e especializado é essencial para garantir uma
abordagem holística e eficaz no manejo dessas condições.
A enfermagem desempenha um papel fundamental na promoção da saúde,
prevenção de complicações e no suporte ao bem-estar dos pacientes acometidos por
doenças autoimunes hepáticas. O cuidado de enfermagem deve ser pautado por uma
compreensão aprofundada dessas condições, levando em consideração as suas
características clínicas, implicações psicossociais e impacto na qualidade de vida dos
pacientes.
Com este trabalho, realizado através de uma revisão integrativa da pesquisa
realizada sobre as práticas de cuidado integral, doenças autoimunes e doenças
autoimunes hepáticas, pretende-se concluir construindo-se e avaliando uma série de
protocolos de cuidados destes pacientes em todas as fases de tratamento.

2 JUSTIFICATIVA

As doenças autoimunes hepáticas têm impactos psíquicos, físicos e emocionais que


impactam de maneira significativa as condições de vida dos pacientes, daí a necessidade
de desenvolver uma abordagem de cuidado específica parece este tipo de condição. No
entanto, numa rápida análise da literatura atual em língua portuguesa, são poucas as
revisões das pesquisas em que se pode relacionar as práticas de cuidado integral na
enfermagem com as práticas dispensadas aos pacientes acometidos de doenças
autoimunes, e de maneira mais especializada, doenças autoimunes hepáticas.
A compreensão das necessidades específicas dos pacientes com doenças
autoimunes hepáticas e o desenvolvimento de estratégias de cuidado direcionadas são
fundamentais para melhorar os resultados clínicos, reduzir complicações durantes as
fases de suspeita, descoberta e tratamento. Além disso, a enfermagem desempenha um
papel crucial na equipe de saúde, atuando como elo entre os pacientes, suas famílias e
outros profissionais de saúde. Portanto, é essencial fornecer um cuidado empático,
individualizado e holístico, fortalecendo o vínculo terapêutico e promovendo a autonomia
dos pacientes.
Este estudo visa preencher essa lacuna de conhecimento por meio de uma revisão
integrativa abrangente, reunindo evidências a partir de dados científicos sólidos e
metodicamente coletados, através das mais adequados diretrizes clínicas. Neste sentido,
justifica-se este estudo justamente pela necessidade de aprimoramento destas técnicas
de cuidado no campo da enfermagem, principalmente através de um fundamento
científico e clínico bem estabelecido pela literatura.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Descrever as práticas, estratégias e ações a serem utilizadas pelo


profissional em enfermagem no cuidado do paciente autoimune e, em especial, ao
paciente portador de autoimunidade hepática, com o auxílio de uma revisão integrativa da
literatura que aborda a utilização de tais práticas no ambiente de trabalho do cuidado
primário de saúde.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) - Caracterizar, de maneira panorâmica, as necessidades e especifidades do


paciente crônico.
2) – Descrever as características mais específicas dos cuidados demandados pelos
pacientes portadores da autoimunidade hepática.
3) – Avaliar, neste panorama, a conduta e as estratégias do profissional de
enfermagem, desde a fase diagnóstica até o tratamento e manutenção da doença
autoimune hepática.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho apresentado se proporá a ser uma revisão integrativa da literatura mais


recente abordando as práticas de cuidado integral em enfermagem voltadas aos
pacientes portadores de autoimunidade e, em especial, àqueles acometidos por
síndromes autoimunes de caráter hepático.
Marconi e Lakatos (2010) apontam que a metodologia de revisão integrativa é
aquela que auxilia o pesquisador a reunir, avaliar e sintetizar certos resultados de
pesquisas sobre o assunto que se quer abordar. De acordo com Souza, Silva e Carvalho
(2010) trata-se de um procedimento metodológico que se propõe a analisar de maneira
crítica estudos e pesquisas realizados anteriormente sobre a temática, numa apreciação
metódica e analítica dos dados coletados.
Crosseti (2012) aponta que uma seleção de artigos fundados em metodologia
científica sólida é base científica para pesquisa, pois se apresenta como uma organização
dos resultados mais importantes de um dado corpo de pesquisa, como a coleta de dadas,
análise dos resultados, a definição do questionamento focal, etc.
O trabalho a que nos propomos parte uma questão: quais são as práticas de
cuidado integral mais adequadas ao paciente portador de doença autoimune hepática?
Para tanto, revisar-se-á a literatura mais recente sobre este tópico através da pesquisa de
artigos e trabalhos contidos em bases de dados como a Scielo, JSTOR e Google Scholar.
Ademais, parte-se também de uma revisão bibliográfica sobre a prática do cuidado
integral (checar seção “Referencial Teórico” e Referências).

5 REFERENCIAL TEÓRICO.

O sistema de defesa do corpo humano, conhecido como sistema imunológico, é


composto por diferentes elementos que atuam na proteção contra doenças infecciosas.
Seguindo a precisa definição de Abbas(2012), pode-se dizer que uma das características
essenciais deste sistema é a sua habilidade em distinguir entre substâncias (antígenos)
que pertencem de fato ao organismo do hospedeiro das impróprias e responder àqueles
considerados como ‘invasores’. As doenças autoimunes se caracterizariam, justamente,
por uma falha neste “sistema de defesa” e mecanismos de tolerâncias do próprio
organismo. Neste sentido, Garcez (2014) define as doenças autoimunes (DAI) como um
conjunto de manifestações relacionadas a mudanças no sistema imunológico, o que torna
o indivíduo acometido a elas suscetível ao desenvolvimento de lesões graves e de uma
variedade de sinais e sintomas que levam, média, muito tempo para que se manifestem.
Este trabalho se dedica, precipuamente, em avaliar as práticas, estratégias e ações de
cuidado voltadas justamente ao paciente acometido por tais síndromes. O Ministério da
Saúde, em importante documento visando reger a política nacional de atenção básica à
saúde, indica que a atenção e o cuidado de nível primário é essencial no percurso de
tratamento de diagnóstico de tais doenças, uma vez que é responsável pela identificação
da suspeita da condição, o encaminhamento adequado a serviços de atenção
especializada e, ademais, é o campo em que o paciente recebe mais orientações e apoio
sobre sua condição e o estado de sua patologia (BRASIL, 2012).
Neste trabalho, o objeto de estudo específico será o devido cuidado que deve ser
dispensado aos pacientes que sofrem de doenças autoimunes de caráter hepático.
Carbone e Neuberger (2014) indicam que A hepatite autoimune (HAI), cirrose biliar
primária (CBP) e colangite esclerosante primária (CEP) são as três principais formas de
doença hepática autoimune, cada uma com características distintas em relação à área
afetada pela lesão autoimune, padrão de inflamação e fenótipo clínico. Na HAI, a lesão
autoimune atinge os hepatócitos, resultando em uma hepatite com características
histológicas específicas. Na CBP, a lesão autoimune afeta os pequenos ductos biliares
interlobulares, causando uma colangite destrutiva sem supuração. Já na CEP, a lesão
autoimune ou mediada pelo sistema imunológico afeta os ductos biliares intra e extra-
hepáticos de tamanho médio, causando fibrose concêntrica, obliteração dos ductos e
estreitamento multifocal. Essas três doenças autoimunes do fígado, HAI, CBP e CEP, são
complexas e resultam de uma interação entre fatores genéticos e ambientais. Estudos
recentes de associação genômica em larga escala (GWAS) e estudos de associação do
iCHIP identificaram vários loci de risco para CBP e CEP, que abrigam genes envolvidos
nas respostas imunes do organismo. Essas descobertas têm contribuído para uma melhor
compreensão dos mecanismos patogênicos subjacentes a essas doenças autoimunes,
revelando vias imunes comuns entre diferentes doenças e explicando a ocorrência de
múltiplas condições autoimunes em pacientes e suas famílias.
Ora, o presente trabalho pretende, através de uma revisão integrativa da literatura
(ver o tópico Procedimento Metodológico) sobre as práticas de cuidado integral dos
pacientes acometidos de condições autoimunes de caráter hepático. Castro e Pereira
(2011), acertadamente, indicam que cuidado integral é uma parte fundamental da prática
de enfermagem comprometida com o compromisso para o paciente. Prestar cuidado,
tanto em nível pessoal quanto social, é um valor que faz parte da identidade da profissão
de enfermagem. Dessa forma, este artigo realiza uma revisão integrativa com o objetivo
de identificar o cuidado integral como missão da enfermagem. No campo da enfermagem,
o cuidado recebeu maior atenção com o desenvolvimento da Teoria de Enfermagem na
década de 1970, através dos trabalhos da enfermeira brasileira Wanda de Aguiar Horta
(HORTA, 1970). Baseada na teoria da Motivação Humana de Maslow, Horta desenvolveu
sua própria teoria, na qual a enfermagem é entendida como um conjunto de ações inter-
relacionadas e sistematizadas com o objetivo de assistir o ser humano. O enfermeiro é
visto como alguém que cuida de outras pessoas. Nesse contexto, o cuidar/assistir em
enfermagem é caracterizado como fazer pelo outro o que ele não pode fazer por si
mesmo, auxiliando-o quando está impossibilitado de realizar o autocuidado. A interligação
entre o conceito de necessidades básicas humanas e o cuidado integral destaca que uma
necessidade não satisfeita interfere em todas as outras, tornando o indivíduo mais
vulnerável a doenças. A Teoria de Enfermagem de Horta contribuiu para estabelecer um
referencial próprio da enfermagem, introduzindo princípios como o cuidado preventivo e
curativo, assim como o reconhecimento do autocuidado humano. Como destaca Oliveira
(2012) essa teoria influenciou várias gerações de enfermeiros brasileiros e continua sendo
relevante no ensino e na prática da enfermagem.Para isso, são analisados artigos que
demonstram as melhores formas de desenvolver e prestar cuidado de forma holística,
buscando compreender as reais necessidades dos pacientes/clientes, com foco
transversal direcionado para aqueles pacientes acometidos das doenças autoimunes
hepáticas.
6 CRONOGRAMA

Atividades Fevereiro/2022 Março/2022 Abril/2022 Maio/2022 Junho/2022

Definição do X X
tema da
Pesquisa

Elaboração do X
Problema da
Pesquisa

Justificativa e X
Objetivos da
Pesquisa

Materiais e X
Métodos da
Pesquisa

Seleção dos X X
materiais de
Pesquisa

Fundamentação X
Teórica e
Referências

Apresentação X
do Projeto de
Pesquisa
REFERÊNCIAS

ABBAS, A. K; LICHTMAN, A. H; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 7.ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde,
2012.

CARBONE, M.; NEUBERGER, J.M. Autoimmune liver disease, autoimmunity, and


liver transplantation. Journal of Hepatology, 2014, vol.60, p.210-223.

CASTRO, M.; PEREIRA, W. R. Cuidado Integral: concepções e práticas de docentes de


Enfermagem. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n3/v64n3a12.pdf>
Acesso em: 07 de junho de 2023.

CROSSETTI, M. G. O. Revisão integrativa de pesquisa na enfermagem: o rigor


científico que lhe é exigido. Revista gaúcha de enfermagem, v. 33, n. 2, p. 8-13, 2012.

GARCEZ, D. R. O papel da nutrição nas doenças autoimunes. Mestrado Integrado em


Medicina, 6.º Ano Profissionalizante Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
Universidade do Porto, 2014

HORTA, W. A. Enfermagem: teoria, conceitos, princípios e processo. Rev. esc.


enferm. USP [online]. 1974, vol.8, n.1, pp.7-17. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.phppid=S008062341974000100007&script=sci_abstract&tlng=
p t> Acesso em: 07 de junho de 2012.

LAKATOS, E. M.; MARCONI M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 7 ed. São


Paulo: Atlas, 2010

OLIVEIRA, M. A. C. (Re)significando os projetos cuidativos da Enfermagem à luz das


necessidades em saúde da população. Rev. Bras. Enferm. Brasília 2012 mai-jun; 65(3):
401-5.

SOUZA, M. T.; SILVA. M. D ; CARVALHO, Rachel. Revisão integrativa: o que é e como


fazer. Einstein. 2010; 8(1 Pt 1):102-6

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