Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Studio Ghibli: um aparato sobre a técnica ilustrativa e a filosofia oriental nos principais longas-
metragens de Hayao Miyazaki (PT-BR)
CITAÇÕES LÊ
0 5.909
2 autores:
Todo o conteúdo desta página foi enviado por Samanta Aline Teixeira em 01 de maio de 2019.
SSN 2179-7374
ISSN2179-7374
Resumo
Abstrato
1
Bacharela em Design Gráfico, FAAC – UNESP, laranjasat@gmail.com
2
Professor Doutor, Departamento de Design - FAAC – UNESP, milton@faac.unesp.br
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
1. Introdução
Esta investigação visa traçar e analisar um panorama apurado com relação ao mundo artístico de Hayao
Miyazaki, principal dono e diretor de uma das mais importantes e destacadas indústrias de animação em longas-
metragens japonesa a nível mundial: o estúdio Ghibli. Tal estúdio de animação japonesa apresenta peculiar
trajetória e repercussão em torno do globo. Isso porque, diferentemente dos outros estúdios de animação globais
como Pixar (“Toy Story”, 1995; “Monstros S.A.”, 2001; “Procurando Nemo”, 2003), Blue Sky (“A Era do Gelo”,
2002) e Dreamworks (“Shrek”, 2001), que utilizam o que há de maior e melhor na computação gráfica em 3D, as
animações de Ghibli são quase 100% feitas a mão, sob a técnica de animação tradicional frame a frame
bidimensional.
Ao contrário das opiniões generalizadas, entre elas estúdios de animações, designers e parte do
público em geral, que julgam o método frame a frame ultrapassado e superado, a Ghibli prova a cada novo filme
lançado que há muitos outros fatores a serem levados em consideração e que as animações tradicionais
certamente garantem tanto destaque e reconhecimento quanto as animações computadorizadas. Fazendo
sucesso e adquirindo novos fãs assíduos todos os anos com seus filmes clássicos como “A Viagem de Chihiro”
(no original Sen to Chihiro no Kamikakushi, 2001), ”Meu vizinho Totoro” (no original Tonari no Totoro, 1988),
entre outros, Ghibli mostra ao público o que há de melhor no mundo dos desenhos animados. Isso porque suas
animações, desde o início de sua ascensão, são feitas com enorme detalhismo e complexidade ilustrativa.
Figura 1: O filme “Castelo Animado” (no original Howl no Ugoku Shiro), lançado em 2004.
188
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Figura 2: O filme “Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar” (no original Gake no Ue no Ponyo), lançado em 2008.
Figura 3:O Filme “A Viagem de Chihiro” (no Original Sen to Chihiro no Kamikakushi), Lançado em 2001.
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Para o levantamento histórico, leva- se em consideração os relatos dos autores Aida Queiroz, Cesar Coelho,
Léa Zagury e Marcos Magalhães, os criadores do festival anual brasileiro Anima Mundi, que juntamente com o
editor Julius Wiedemann, vem contribuindo consideravelmente no Brasil para a seriedade da pesquisa dos
desenhos animados em geral.
Em 1974, Hayao Miyazaki já era um animador de desenhos animados com experiência. Nesta época,
ele trabalhou com Isao Takahata durante a produção do anime “Heidi” (no original Arupusu no Shoujo Haiji), o
primeiro cuidava da parte de layout dos episódios e o segundo dirigindo as séries. Miyazaki fazia um trabalho
extremamente detalhista para cada episódio e logo percebeu, com a orientação de Takahata, que tal arte
meticulosa não poderia ser executada dentro dos prazos de entrega estabelecidos. Foi então que o diretor e o
animador uniram forças para criar seus próprios preceitos da animação cuidadosamente desenhada em cima
de projetos mais pessoais. O primeiro teste animado antes dos dois animadores se oficializarem como estúdio
aconteceu na adaptação do mangá (quadrinho japonês) Nausicaä, que Miyazaki desenhava desde 1982. Com
o auxílio financeiro do diretor editorial Tokuma Shoten, “Nausicaä no Vale dos Ventos” (Kaze no Tani no
Naushika) foi ao ar como longa-metragem e adquiriu enorme repercussão no Japão. Esse foi o primeiro indício
que tanto o público quanto os companheiros de trabalho Miyazaki e Takahata estavam maduros para darem o
próximo e decisivo passo: criar um estúdio de animação e dar
continuidade ao bem sucedido trabalho animado Nausicaä. O estúdio Ghibli foi fundado então em 1985, junto
ao produtor Toshio Suzuki, e seu primeiro título oficial foi “Laputa: Castelo no Céu” (Tenkuu no Shiro Rapiyuta),
longa que foi ao ar em 1986.
Figura 4: Da Esquerda para Direita.: Hayao Miyazaki, Toshio Suzuki e Isao Takahata, os
Fundadores do Estúdio Ghibli.
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
“Laputa” levou 775 mil pessoas ao cinema (Cf. COELHO, 2014), tornando-se um sucesso de bilheteria
e crítica oriental. Este foi o primeiro indício da revolução animada que se seguiria logo depois e que reforçou a
autonomia criativa de Ghibli até os dias de hoje. Em 1988, o estúdio surpreendeu o público japonês lançando
dois filmes ao mesmo tempo. Para muitos estúdios esse desafio seria impossível de se cumprir sem comprometer
a qualidade da animação ou a gestão dos recursos, mas ”Meu Vizinho Totoro” (Tonari no Totoro), dirigido por
Miyazaki, e “Túmulo dos Vagalumes” (Hotaru no Haka), de Takahaka, se tornaram obras primas consideradas
pela maior parte do público mundial os melhores filmes do Estúdio Ghibli até hoje - especialmente Totoro que
teve tão grande repercussão e carinho por parte das crianças, que se tornou o logotipo do estúdio Ghibli.
O próximo longa-metragem lançado por Ghibli, em 1989, foi “O Serviço de Entregas da Kiki” (Majo no
Takkyubin), que levou em torno de 2,64 milhões de pessoas aos cinemas - o filme mais visto no Japão nesse
ano. Até então, o estúdio Ghibli não mantinha funcionários fixos. Os serviços eram feitos por freelance: os
desenhistas eram pagos por cada célula desenhada. Apesar de ser considerado um procedimento comum na
indústria da animação, os desenhistas eram mal remunerados, ganhando menos do que um salário mínimo
apesar de trabalharem horas a fio. Por isso, depois do lucro gerado pelo longa-metragem “Kiki”, os diretores de
Ghibli decidiram regulamentar
todos os funcionários, fazendo com que trabalhassem em período integral e com salário fixo, além da contratação
de outros novos animadores para compor a equipe.
O presidente do Estúdio Ghibli, Yasuyoshi Tokuma, foi muito importante para que essas mudanças
fossem concretizadas, pois além de ter grandes expectativas na evolução do estúdio em si, Tokuma conferia
total liberdade criativa a Miyazaki e Takahata, raramente interferindo nas decisões administrativas.
Conforme a produção animada crescia junto à presença constante e regular dos funcionários, o
limitado espaço físico do estúdio constituiu-se como um novo problema a ser enfrentado: eram aproximadamente
90 pessoas em um espaço de 300 m². Durante
191
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Figura 6: O filme “O Serviço de Entregas da Kiki” (no Original Majo no Takkyubin), Lançado em
1989.
Em 1994, foi lançado “A Guerra dos Guaxinins” (Heisei Tanuki Gassen Ponpoko), o
primeiro filme de Ghibli utilizado a tecnologia CG3 . Nesse ano, o estúdio contava com noventa
e nove funcionários: doze na direção e produção, doze nos desenhos iniciais, quarenta e seis
nas animações, oito nas pinturas, quatro na fotografia, cinco na área de marketing e doze na
administração. Com relação à inserção da Computação Gráfica dentro do estúdio Ghibli, diz
Wiedemann:
O estúdio adotou gradualmente as técnicas digitais a partir de Porco
Rosso, chegando a experimentar 100% de CGI em My Neighbors the
Yamadas (1999). Mas em grandes sucessos internacionais recentes,
como Princess Mononoke e Spirited Away, os computadores apenas
interferem suavemente em pintura digital e alguns cenários de fundo. Os
filmes do Ghibli conservam, assim, o sabor do desenho a mão.
(WIEDEMANN, 2007, p. 291).
3
CG é a abreviação para Computação Gráfica. Termo utilizado para as animações feitas em computadores, vale
tanto para a técnica 2D como 3D.
192
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Figura 7: O Filme “Porco Rosso” (no Original Kurenai no Buta), Lançado em 1992.
Tal característica de Ghibli com relação à preferência do uso das técnicas tradicionais em contraste às
novas tecnologias animadas deixadas para um segundo ou terceiro plano (e o que isso acarreta em termos
criativos) será mais bem analisada nos capítulos a seguir.
Hayao Miyazaki possuía desde o início de sua carreira um comprometimento visceral com a ilustração. O
animador sempre desejou colocar todo o seu empenho nos mínimos
detalhes, construindo cenários hiper-realistas em conjunto com cenas e animações extremamente meticulosas,
prevendo cada ação dos personagens, tornando-os mais naturais e semelhantes ao nosso mundo cotidiano.
Tal desejo profissional foi o alavanque decisivo para a carreira de Miyazaki – foi o combustível para a
motriz de sua autonomia e de seu posicionamento no mundo da animação japonesa. Por um lado, antes de
fundar Ghibli, o detalhismo exacerbado de Hayao em suas artes demonstrou-se como um claro obstáculo para
que o maquinário das animações de terceiros corresse de acordo com os prazos estabelecidos (todos sempre
muito curtos e corridos). Por outro lado, quando o animador se juntou a Isao Takahata e tomaram o primeiro
passo em direção aos seus próprios preceitos, o mesmo detalhismo ilustrativo foi a impressão digital que fez
com que o estúdio Ghibli fosse um “a mais” diante de todas as outras empresas de animação orientais.
O desejo de perfeccionismo de Miyazaki era tanto que, até recentemente, seu método de trabalho
baseava-se em desenhar completamente sozinho todos os primeiros storyboards do filme a ser animado. Seu
empenho era tão grande e meticuloso que quase nada era modificado desde o primeiro sketch até o produto
final.
193
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
194
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
O colunista Vary confirma o destaque sem igual de Miyazaki frente à indústria de animação em
massa atualmente:
195
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Figura 11: A aparição especial do personagem Totoro na animação Toy Story 3 foi uma pequena homenagem do
diretor criativo da Pixar, John Lasseter, ao trabalho de Hayao Miyazaki.
Mas as animações do estúdio Ghibli não se destacam apenas por sua arte visual,
mas também em suas trilhas sonoras (todas muito bem ambientadas, compostas por
orquestras e compositores originais), e principalmente por suas histórias e personagens.
As animações de Miyazaki não subestimam a inteligência da criança, são animações que
entram no universo infantil e pairam sobre ele, utilizando em quantidades generosas
elementos como a magia, o convívio com o meio ambiente e o companheirismo. Em outras
palavras, são longas-metragens feitos com a linguagem infantil e não para o público
infantil. A linguagem do “com”, típica dos orientais, nasce e medra dentro do processo
criativo desde o início, o lucro e destaque vem em consequência. Já a
196
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Figura 12: O Desenho Animado “Os Simpsons” Fez uma Homenagem ao Estúdio
Ghibli em sua 25ª Temporada, no Episódio 10 “Married to the Blob”.
Quando se fala da cultura oriental no seu modo abrangente de manifestação, praticamente todo
e qualquer tipo de arte/projeto/ações permeia pelas mesmas características básicas e gerais:
silêncio, subjetividade, intervalo, passividade, invisível, dissolução, respeito e calmaria suprema.
Como McCloud relevantemente observa, há em nosso mundo ocidental um quê de imediatismo,
de clareza exacerbada, rapidez e acúmulo de informações e imagens que são totalmente avessos
aos olhos orientais. De um lado, os ocidentais procuram formular e fundamentar uma teoria
escrita para depois colocá-la em prática de maneira objetiva e imparcial; do outro lado, os orientais
buscam na prática experimental e no fazer do dia-a-dia o conhecimento necessário para entender
o mundo, ou melhor, para senti-lo e vivenciá-lo. Assim constata Flusser:
Podemos observar como surgem formas entre as mãos dos orientais, por exemplo,
ideogramas escritos com pincel, flores de papel (...). Em todos esses casos não se trata de uma
ideia imposta sobre algo amorfo; trata-se de fazer surgir de si mesmo e do mundo circundante
uma forma que abarque ambos. (FLUSSER, 2007, p. 208).
197
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
Não tomemos aqui um pensamento como certo e o outro como errado, isso tornaria a análise rasa e
simplista, preferimos antes adotar a metodologia da complexidade indiciada por Morin:
Portanto, focaremos no paradigma oriental, não como correto, mas como objeto investigativo que
intriga e fascina e, com seu comportamento subjetivo, pode vir a enriquecer e medrar com o nosso lado ocidental.
O pensamento complexo, detentor do caos e ordem em sincronia, constitui-se como alicerce principal à criação
oriental, como afirma Flusser:
Através destas características de dissolução e fusão, nota-se que o oriental é mais maleável ao seu
ambiente e realidade. Isso causa paradoxos que, ainda que não façam sentido em um primeiro momento, não
deixam de ser reais. Um exemplo disto é
198
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
o Japão, que foi uma das últimas nações a sair do regime feudal, e ainda assim é a
primeira do mundo em artigos tecnológicos hoje em dia, especialmente no ramo da
robótica. Azevedo também constata essa característica intrigante:
Buscar inspiração na natureza é uma tarefa difícil nos tempos de hoje,
mas os japoneses parecem lidar com a eletrônica com a mesma
facilidade com que seus antepassados ouviam o vento. (AZEVEDO,
1994, p. 75).
Portanto, essa mutabilidade inata aos japoneses faz com que saiam à frente de
todos os tipos de projetos grandes ou pequenos. Por conseguinte, começamos a repensar
nossa maneira de encarar o mundo e o que fazemos dele. O silêncio é outro sistema
estético a ser considerado. Nos Estados Unidos (e com ele, as suas principais influências
no restante do globo), o silêncio dentro do ramo midiático e comunicacional é evitado, é
considerado um defeito ou falha de processo. Em contrapartida, “No Oriente, além da
palavra, o próprio silêncio passou de pai para filho, e, no que tange à questão da tradição,
o silêncio é compreendido como informação” (AZEVEDO, 1994, p.
75). A prioridade dos sentidos à frente do racionalismo também é outro fator importante à
estética/cultura oriental, principal por conta do budismo: “A lógica zen, que predomina no
oriental, não pode ser dita, explicada e muito menos discutida, tem que ser sentida, e, para
isso, tem que haver consciência dos sentidos” (AZEVEDO, 1994, p. 75).
5. Considerações Finais
Quando Walt Disney lançou seu estúdio em meados dos anos 20, ele foi pioneiro em tudo
que envolvia e era lançado em termos de animações em desenhos. Disney foi o primeiro a
desenvolver diversas tecnologias até então inconcebíveis para a época, como a animação
em cima de layers ou camadas. Tal técnica consistia em separar o fundo dos personagens,
garantindo uma espécie de profundidade ilusória - ambientes eram pintados em sulfite e
eram sobrepostos por baixo dos personagens feitos em acetato.
Os estúdios Disney também foram os primeiros a lançar desenhos com som,
199
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
cores, longas-metragens animados, e mais a frente, os primeiros também a lançar os filmes em computação
gráfica e em 3D, com a união da Pixar. Contudo, hoje, o mercado da animação em massa se estabilizou e
tudo que tem sido produzido de sete anos para cá tem sido uma quantidade enorme de animações
genericamente feitas em três dimensões. Passou-se a vender mais o que é fantástico de se ver, mas não
necessariamente difícil de entender, ou de se refletir. As indústrias cinematográficas adquiriram tal força e
importância no mundo do entretenimento, que passaram a não se arriscar tanto, a investir apenas nas
chamadas “receitas de bolo” de sucessos passados.
Verdade é que a Pixar ainda tem alguns “suspiros” de arte puramente dita em seus curtas-metragens.
Aqueles 5 ou 10 minutos de animação descontraída que passam antes da famosa mega produção animada
cujos cartazes estão espalhados pelo mundo: são aqueles minutinhos antecedentes que é onde o design
se faz existir, ou neste caso, persistir.
É nesta brecha também que o estúdio Ghibli se mostra como uma feliz exceção dentro do mercado
do entretenimento. As animações de Miyazaki ainda são construídas com as técnicas antigas do frame a
frame e à base do traço e colorização tradicionais.
Não que uma técnica seja superior à outra. É aqui discutido, em verdade e antes de tudo, o que um profissional criativo pode fazer com
aquela ferramenta seja ela qual for, alcançando um produto animado extremamente rico em conhecimento, diversão e surpresa. E isso
não diz respeito somente ao autor de “A Viagem de Chihiro”, mas a toda cultura oriental em si, que não possui todo o alcance de
público que uma animação Disney promove (até porque a indústria americana possui todo um suporte financeiro e de marketing em
seu auxílio), mas que lhe faz uma positiva oposição, especialmente sob a ótica do mundo do design. Esse foi o principal objetivo desta
pesquisa, abrir os horizontes dos nossos olhos ocidentais para a sinceridade e esforço criativo oriental, compondo-nos como
animadores, ilustradores ou mesmo o público que fica atrás das telas de cinema.
Referências
ARGAN, Giulio C. História da arte como história da cidade (trad. Pier Luigi Cabra). 5. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2005. 288 p.
AZEVEDO, Wilton. Os Signos do Design. São Paulo: Contato Imediato, 1994. 144 p.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação (trad. Raquel Abi-
Sâmara). São Paulo: Cosac Naify, 2007. 224 p.
MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos (trad. Helcio de Carvalho e Marisa do Nascimento Paro).
São Paulo: Makron Books, 1995. 217 p.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011. 120 p.
VARY, Adam B. O maior diretor de animação vivo explica por que está se aposentando.
Nova Iorque: Buzzfeed Entertainment, 2014.
200
Machine Translated by Google
ISSN2179-7374
Sim 2014 – V. 18 – Não . 03
Estúdio Ghibli: um Aparato Sobre as Técnicas Ilustrativas e Filosofia Oriental dos Principais Longas-Metragens de Hayao Miyazaki
ANDERSON, Darla K. UNKRICH, Lee. Toy Story 3. Produção de Darla K. Anderson, direção de Lee Unkrich.
Estados Unidos. estúdios Walt Disney Pictures e Pixar Animation, 2010.
DVD/NTSC, 103 minutos, colorido. filho.
HARA, Toru. MIYAZAKI, Hayao. O Tonari no Totoro. Produção de Toru Hara, direção de Hayao Miyazaki.
Japonês, Ghibli Studios, 1988. DVD/NTSC, 86 min. cor.
filho.
JEAN, Al et al. The Simpsons: Married to the Blob. Produção de Al Jean et al. Estados Unidos: Gracie Films
e 20th Century Fox Television, 2014. TV / canal Fox, 24 min, color.
filho.
MIYAZAKI, Hayao. ÿÿÿÿÿÿ Majo no Takkyÿbin. Produção e direção de Hayao Miyazaki. Japão, estúdio
Ghibli, 1989. DVD / NTSC, 102 min, color. son.
MIYAZAKI, Hayao. SUZUKI, Toshio. Howl's Moving Castle Hauru no Ugoku Shiro. Produção de Toshio
Suzuki, direção de Hayao Miyazaki. Japão, estúdio Ghibli, 2004. DVD / NTSC, 119 min, cor. filho.
COELHO, Cesar et. al. Anima Mundi. Rio de Janeiro: [s.n.], 2014. Disponível em: <http://
www.animamundi.com.br>. Acesso em: 23 maio 2014.
YONGHOW, Vong. The art of Spirited Away: Storyboard book review. Cingapura: [s.n.], 2012. Disponível
em: <http://cdn.halcyonrealms.com/animation/the-art-of-spirited-away-storyboard-book-review/>. Acesso em:
23 maio 2014.
201