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Fotografe

A revista que valoriza a fotografia brasileira

fotografemelhor.com.br | n0 327 | Ano 27

R$ 29,90 - BR

CONCURSOS
DE FOTOGRAFIA
Veja como participar dos principais e o quanto
isso pode ser positivo na opinião de especialistas

Fotografia documental Cultura e tecnologia Vida de fotógrafo


Uma exposição O mestre Steve McCurry Profissional conta
une o olhar de dois tem seu trabalho como conseguiu
grandes fotógrafos exibido como quadro se destacar no
sobre o Pantanal em aparelhos de TV mercado dos EUA
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EDITORIAL

22
Ano 27
Edição 327
Liam Man

Imagens de capa:
Samuel Andersen

T enho notado que, de uns tempos para cá, o número de concursos internacionais de
fotografia tem aumentado de maneira significativa. E o título "Photographer of the Year"
(Fotógrafo do Ano) deu cria: há uma infinidade de competições fotográficas que usam essa
definição, resumida na sigla POTY – pelo que sei, tudo começou com o renomado Wild Life
Photographer of the Year, organizado pelo Museu de História Natural de Londres desde 1965.
No Brasil, no entanto, o número de concursos tem diminuido – nós mesmos tivemos quer dar
um tempo como o nosso Grande Prêmio Fotografe por questões operacionais, mas há planos
dele voltar. De qualquer forma, não há dúvida de que participar de concursos é ótimo para o
desenvolvimento do olhar, da técnica e até da autoestima. Nesta edição, abordamos o assunto
com três especialistas, todos coincidentemente da cidade do Rio de Janeiro: Roberto Soares-
Gomes, Silvestre Machado e Míriam Ramalho. Roberto é um fenômeno
quando se trata de concurso de tantos que já ganhou ou foi premiado
– nos conhecemos, aliás, em 2006, quando ele veio a São Paulo para
receber seu prêmio de ganhador do
extinto Concurso Leica-Fotografe.
Boa leitura.

Juan Esteves
Sérgio Branco
Diretor de Redação
EQUIPE DE REDAÇÃO branco@europanet.com.br
Izabel Donaire (editora de arte),
Luiz Siqueira (diretor executivo),
Roberto Araújo (diretor editorial)
e Sérgio Branco (diretor de redação)
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Fotos: Luiz Baltar


O RIO NA VISÃO DE LUIZ BALTAR
Exposição do premiado e engajado fotógrafo
reúne as séries autorais Anomia e Fluxos

O trabalho mais recente do premiado fotógrafo Luiz Baltar poderá ser


visto na exposição Rio de Cidades, que tem curadoria de Marcia Mello
e estará em cartaz na Galeria Sesc de Nova Iguaçu (RJ). Contemplado
pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, na categoria Artes Visuais, o projeto
explora as complexidades do Rio de Janeiro através das lentes de Baltar,
que tem talento reconhecido por sua habilidade em provocar reflexões
sobre a condição humana e as complexidades do mundo moderno. A
mostra é gratuita e ficará em exibição até 2 de junho de 2024.
Com um olhar crítico e engajado, Baltar desafia convenções e a
promove diálogos importantes sobre as disputas políticas e subjetivas
na cidade. Os temas centrais de seus projetos autorais e documentações
fotográficas são território, cultura e direito à cidade. Com particular
interesse em mobilidade urbana, violência policial e direito à moradia, o
O fotógrafo fotógrafo carioca colabora com publicações impressas e eletrônicas, no
recorre a Brasil e no exterior com fotos e matérias sobre direitos humanos.
colagens digitais Rio de Cidades é composta pelas séries autorais Anomia e Fluxos e
para retratar as tem uma seleção cuidadosa de obras. A exposição propõe um diálogo
tensões e conflitos íntimo entre idealização e realidade. “É uma realização pessoal poder
urbanos na cidade compartilhar essas obras com o público e, ao mesmo tempo, colaborar
do Rio de Janeiro para uma aproximação entre arte e fotografia documental, que tem muito

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Baltar usa
a fotografia
documental como
arte para propor
um novo modelo
de como olhar a
cidade; sua obra
é intimamente
ligada à vida
dos menos
favorecidos que
vivem na região
metropolitana do
Rio de Janeiro

a contribuir para o diálogo e a reflexão sobre da Maison Européene de la Photographie e


as desigualdades na nossa sociedade”, afirma da Biblioteca Nacional da França. O fotógrafo
Baltar, que acumula prêmios e exposições no é Mestre em Artes Visuais pela Escola
Brasil e no exterior. de Belas Artes/UFRJ, pós-graduado em
O trabalho de Luiz Baltar faz parte de Fotografia e Imagens pela Universidade
importantes acervos, como da Midiateca Cândido Mendes e graduado em Fotografia
Geraldo de Barros da Escola de Comunicação/ pela Escola de Fotógrafos Populares/Imagens
UFRJ; do Museu de Arte Moderna/RJ; do do Povo. Ele já fez parte do Programa Imagens
Museu de Arte do Rio (MAR); do Espaço do Povo, agência fotográfica e centro de
Cultural Porto Seguro; da Coleção Joaquim documentação e pesquisa situada no conjunto
Paiva; do Museu de Fotografia de Fortaleza; de favelas do Complexo da Maré (RJ).

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Fotos: Sebastião Salgado


SALGADO NÃO FARÁ MAIS
VIAGENS PARA FOTOGRAFAR
Aos 80 anos, o consagrado fotógrafo interromperá
as expedições devido a problemas de saúde

C om 80 anos completados no último dia 8 de fevereiro de 2024, o


fotógrafo Sebastião Salgado anunciou que as suas longas jornadas
por regiões remotas, como a Amazônia, chegou ao fim. O grande
mestre da fotografia brasileira disse em entrevista ao jornal britânico
The Guardian que está se aposentando do trabalho de campo, pois seu
corpo está cada vez mais sentindo os impactos de anos de trabalho em
ambientes hostis e desafiadores.
“Sei que não viverei muito mais tempo, mas não quero viver muito mais.
Já vivi muito e já vi muitas coisas”, afirmou o fotógrafo mineiro, que
percorreu cerca de 130 países ao longo de décadas de trabalho. De acordo
com o The Guardian, Salgado sofre com uma doença sanguínea resultante
Sebastião da malária que contraiu quando estava na Indonésia, e tem problemas de
Salgado confere coluna devido a uma mina terrestre que explodiu o carro em que estava
uma das fotos durante a guerra de independência de Moçambique, em 1974. Apesar
de seu aclamado desses problemas, segundo o jornal britânico, o fotógrafo segue forte e
livro Gênesis, um ativo, capaz de caminhar e andar de bicicleta vários quilômetros por dia.
sucesso mundial Salgado deixa claro na entrevista que mesmo se aposentando

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O longa sobre
Sebastião
Salgado feito
pelo cineasta
alemão Win
Wenders e por
Juliano Ribeiro
Salgado, filho
do fotógrafo,
concorreu ao
Oscar de melhor
documentário

do trabalho de campo, ele não


abandonou a fotografia, pois será
mais que nunca editor do próprio
acervo das imagens que produziu ao
longo da carreira. Diz que o arquivo
reúne pelo menos 500 mil fotos, mas
uma nova contagem deve ser feita
em breve. Além disso, ele prepara
diversas exposições para 2024, como
a que fará no Wende Museum, de
Los Angeles, sobre trabalhadores
industriais na União Soviética.
Também tem em mente um
projeto sobre suas primeiras
fotografias com o Museu da Imagem
e do Som (MIS), em São Paulo, e
deve exibir mais de 250 imagens
Retrato de indígenas da etnia suruwaha, parte
sobre a Amazônia durante a COP
do seu mais recente trabalho, Amazônia, que
30, em Belém (PA). Fora isso, seu
foi exposto em várias partes do mundo
trabalho será exposto no Somerset
House de Londres, a partir de abril
de 2024, quando receberá o prêmio
especial Outstanding Contribution
to Photography durante a premiação
do Sony World Photography Awards
2024 por sua contribuição com a
fotografia mundial.
Sebastião Salgado nasceu em
1944 em Aimorés (MG), filho de
um fazendeiro. Sua trajetória na
fotografia começou em 1973, quando
ele tinha 29 anos. Fez parte da
renomada Magnum Photos, de 1979
a 1994, quando fundou sua própria
agência, a Amazonas Images, ao lado
da esposa Lélia Wanick Salgado, com Camponeses nas montanhas da região de
quem está casado há 60 anos. Chimborazo, Equador, em foto de 1998

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CULTURA INÊS249

PANTANAL UNE O OLHAR DE


DOIS GRANDES FOTÓGRAFOS
Lalo de Almeida e Luciano Candisani estão
juntos na Exposição “Água Pantanal Fogo”

D ois grandes fotógrafos brasileiros, premiados nacional e


internacionalmente, estão unidos por um mesmo tema. Luciano
Candisani – documentarista de natureza, vida selvagem, meio ambiente
e populações tradicionais – estará ao lado do fotojornalista e também
documentarista de meio ambiente Lalo de Almeida na exposição Água
Pantanal Fogo, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (SP), que poderá ser
vista até o dia 12 de maio de 2024.
O fogo vem das lentes de Lalo de Almeida, que documentou os grandes
incêndios que assolaram o Pantanal em 2020, devastando cerca de 26%
da área e causando a morte de 17 milhões de animais. São imagens que
circularam pelo planeta, desempenhando um papel crucial ao alertar a
sociedade, a comunidade científica, o governo brasileiro e organizações
internacionais sobre a gravidade do ocorrido. Parte delas, sobretudo o
registro de um bugio ajoelhado e carbonizado, conferiu a Lalo o prestigioso
prêmio World Press Photo na categoria “Ambiente”.
A água faz parte da vida de Luciano Candisani, também um fotógrafo
subaquático de reconhecimento internacional e especializado em fotografar
ecossistemas ao redor do mundo. A sua visão do Pantanal se expressa em uma
série de imagens da água, submersas, terrestres ou aéreas, acompanhando
o ciclo de secas e vazantes – trabalho que deu origem ao livro Terra d’Água
Pantanal, pela Editora Vento Leste. São fotografias caracterizadas por uma
rara combinação de excelência técnica e expressividade, produzidas em
condições difíceis durante as cheias pantaneiras.
A mostra tem curadoria de Eder Chiodetto e reúne imagens dos dois
profissionais, além de apresentar mapas, livros, infográficos e uma sala de
vídeos para auxiliar a compor um panorama do complexo bioma Pantanal,
reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade
e Reserva da Biosfera. Segundo Chiodetto, ambos os fotógrafos são
cronistas visuais que frequentemente buscam parcerias com cientistas e
pesquisadores. Para obter o resultado exposto na mostra, criam logísticas
complexas e se expõem a vários tipos de perigo. “É em trabalhos como esses,
que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice,
tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do
mundo”, avalia o curador.

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Lalo de Almeida

Fogo: macaco bugio carbonizado por


incêndio florestal devastador na Fazenda
Santa Tereza, em Corumbá (MS)
Luciano Candisani

Água: a 1,5 metro da câmera, jacaré abre a boca à espera


de cardumes, que descem ao sabor da correnteza vinda
dos campos inundados para os rios na vazante, em 2010

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Lalo de Almeida
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Fogo: incêndio
florestal devastador
na Fazenda Santa
Tereza, região da
Serra do Amolar
em 2020; àgua:
pantaneiro de pé
sobre canoa, visto
de dentro d’água,
no Pantanal da
Nhecolândia (MS),
em 2011
Luciano Candisani

QUEM É QUEM em chamas, também publicada pela Folha


Lalo de Almeida estudou fotografia no ao longo de 2020, ganhou o World Press
Istituto Europeo di Design em Milão, na Photo, principal premiação do fotojornalismo
Itália. Como fotojornalista e documentarista, internacional, na categoria Meio Ambiente.
colabora há 30 anos com o jornal Folha de No ano seguinte, 2021, foi eleito o fotógrafo
S.Paulo, produzindo reportagens visuais e ibero-americano do ano pelo Pictures of
narrativas multimídia sobre temas como the Year (POY) Latam, concurso dedicado
meio ambiente e desigualdades sociais. Entre à fotografia documental na América Latina.
outras, suas imagens integram as séries de Paralelamente, vem desenvolvendo, desde o
reportagens A batalha de Belo Monte (2013), início da carreira, trabalhos independentes
Um mundo de muros (2017), Crise do clima de documentação fotográfica, como o projeto
(2018) e Desigualdade global (2019), todas Distopia amazônica, que retrata a destruição
ganhadoras de prêmios internacionais. da floresta em ações de desmatamento,
Em 2021, sua série de fotografias Pantanal incêndios, mineração e a invasão de terras

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Lalo de Almeida

Fogo: veado morto sobre pasto queimado


próximo à Fazenda São Francisco do
Perigara, em Barão de Melgaço MT)
Luciano Candisani

Água: vazante do Mangabal, no Pantanal de


Nhecolândia (MS), em março 2011, uma
das maiores cheias já registradas na região

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Lalo de Almeida
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Fogo: brigadistas
voluntários avaliam
incêndio florestal
na Fazenda Jofre
Velho, em Porto
Jofre (MT); água:
no subsolo calcário
do rio surge um
olho-d’água, um dos
muitos que nascem
nos planaltos
e abastecem o
Pantanal
Luciano Candisani

indígenas. O trabalho recebeu o Eugene Geographic desde 2000, seus ensaios visuais
Smith Grant in Humanistic Photography e foi sobre ecossistemas e culturas tradicionais
o vencedor global, na categoria Projetos de ao redor do mundo, que circulam em
Longo Prazo, do World Press Photo 2022. veículos especializados e compõem
Luciano Candisani aprendeu a exposições no Brasil e no exterior, são
fotografar debaixo d’água sozinho, na movidos pelo desejo de mostrar os grandes
adolescência, no litoral norte de São Paulo, espaços naturais remanescentes e alertar
motivado por sua ligação com o mar. Mais para a urgência de salvaguardar territórios
tarde, estudante e estagiário no Instituto e culturas em risco.
Oceanográfico da Universidade de São No Pantanal, fez trabalhos de
Paulo (USP), produziu suas primeiras repercussão internacional, como a
reportagens fotográficas ao integrar reportagem Into the Mouth of the Caiman,
expedições científicas à Antártica e à ganhadora do Wildlife Photographer of
Patagônia. Colaborador da revista National the Year, um dos prêmios mais importantes

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Lalo de Almeida

Cinzas de uma árvore totalmente consumida pelo fogo em um pasto queimado; abaixo, grande
concentração de jacarés em lagoa que se mantém relativamente cheia e rica em peixes na seca
Luciano Candisani

da fotografia de natureza e vida selvagem SERVIÇO


mundial, concedido pelo Museu de História
Natural de Londres. Expôs as imagens do A exposição Água Pantanal Fogo tem patrocínio
ensaio Haenyeo, mulheres do mar, sobre do Itaú e da CSN e ficará em cartaz até 12 de maio
mergulhadoras anciãs da ilha de Jeju, na de 2024, de terça a domingo, das 11h às 19h,
Coreia do Sul, no Museu da Imagem e do com entrada franca no no Instituto Tomie Ohtake,
Som (MIS), em São Paulo, em 2019 – esse à Rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo (SP). Mais
trabalho foi tema de uma longa-metragem. informações: www.institutotomieohtake.org.br

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CONCURSOS&PRÊMIOS

Alex Dawson
SUECO É ELEITO O FOTÓGRAFO
SUBAQUÁTICO DO ANO
Uma imagem de Alex Dawson superou
milhares de outras no concurso de 2024

A o realizar uma imagem emocionante, que mostra um mergulhador


examinando as consequências da caça às baleias, o sueco Alex Dawson
ficou com o título de Fotógrafo Subaquático do Ano de 2024. A foto
“Whale Bones” triunfou sobre mais de 6.500 fotos subaquáticas enviadas
por fotógrafos subaquáticos de várias partes do mundo. “É uma imagem
realizada em condições das mais difíceis”, disse o presidente do painel
de jurados, Alex Mustard. “Enquanto um mergulhador em apneia desce
abaixo do manto de gelo da Groenlândia para testemunhar as carcaças, a
composição convida-nos a considerar o impacto nessas grandes criaturas
do planeta. Desde a ascensão dos humanos, o número de animais selvagens
No alto, um diminuiu 85 por cento. Hoje, apenas 4% dos mamíferos são animais
mergulhador selvagens, os restantes 96% são humanos e o gado. Nossa maneira precisa
examina restos mudar para encontrar um equilíbrio com a natureza”, completou Mustard.
de uma baleia na As baleias dominaram as fotos vencedoras do concurso internacional
foto vencedora Underwater Photographer of the Year de 2024, incluindo duas
do sueco Alex realizadas pelo mesmo autor, o fotógrafo espanhol Rafael Fernandez
Dawson Caballero: ele foi destaque ao ganhar em Retrato e Comportamento,

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Fotos: Rafael Fernandez Caballero

Um close no olho de uma baleia-cinza deu


ao espanhol Rafael Fernandez Caballero o
primeiro lugar na categoria Retrato

Caballero flagrou uma baleia-de-Bryde


engolindo milhares de sardinhas e venceu
também na categoria Comportamento

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Lisa Stengel
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A americana Lisa Stengel diz que usou a


audição como guia para fazer a foto acima,
que lhe deu o título de Revelação de 2024

ambas imagens captadas na Baía Magdalena, vivo de milhares de estrelas-do-mar frágeis,


na Baja Califórnia, México. Em Retrato, cada uma com um padrão diferente, e um
o espanhol conseguiu um incrível um ouriço-do-mar entre elas.
close-up do olho de uma baleia-cinza. Em O fotógrafo português Nuno Sá foi eleito
Comportamento, Caballero flagrou a ação de Fotógrafo de Conservação Marinha do Ano
uma baleia-de- Bryde engolindo uma enorme 2024 com a imagem “Saving Goliath”, feita
“bola” de peixes. “A foto mostra um ataque em Portugal. Ela mostra banhistas tentando
em alta velocidade, com a baleia engolindo salvar um cachalote encalhado – a baleia
centenas de quilos de sardinha com uma só foi atingida por um navio. “Isso dá-nos
bocada”, explicou Caballero. esperança de que as pessoas se preocupam
Lisa Stengel, dos Estados Unidos, foi e querem ajudar os oceanos, mas também
nomeada Fotógrafa Subaquática Revelação nos avisa que são necessárias mudanças
do Ano de 2024 por sua imagem de um maiores”, comentou o fotógrafo. Ele informa
dourado-do-mar capturando sardinhas no que cerca de 20 mil baleias são mortas todos
México. Stengel usou uma velocidade de os anos, e muitas mais ficam feridas depois
obturador muito rápida e sua audição para de serem atingidas por navios.
captar o momento. “Se você puder ouvir, há Na categoria Naufrágios, o americano
uma enorme quantidade de som no oceano. Martin Broen foi o vencedor ao registrar
Foi rápido demais, então me concentrei no venceu dois tanques de guerra afundados
som dos ataques com minha câmera para numa espécie de museu militar subaquático
capturar esse momento especial”, disse ela. que existe na costa de Aqaba, na Jordânia.
Jenny Stock foi nomeada Fotógrafa Os veículos, imitando uma formação de
Subaquática Britânica do Ano de 2024 por batalha, foram colocados próximos a um
sua imagem “Star Atração”, que encontra recife de coral no Mar Vermelho.
beleza em espécies da vida selvagem britânica Nesta categoria, a brasileira Fabiana
que muitas vezes são esquecidas. Explorando Fregonesi ficou em terceiro lugar com uma
a costa oeste da Escócia, ela encontrou nas imagem captada no naufrágio Virgo, em
profundezas das águas as cores de um tapete Recife (PE). “Nesse dia, quando cheguei lá

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Jenny Stock
A imagem de estrelas-do-mar, de várias
padrões, deu a Jenny Stock o título de
Fotógrafa Subaquática Britânica do Ano

Nuno Sa
Grupos de pessoas em uma praia de Portugal tentam
salvar um cachalote: foto de Nuno Sá valeu o título de
Fotógrafo de Conservação Marinha de 2024

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Martin Broen
O americano Martin Broen venceu na categoria Naufrágios com fotos de tanques
de guerra no fundo do Mar Vermelho; já a brasileira a Fabiana Fregonesi ficou em
terceiro lugar na categoria Naufrágio com uma imagem captada em Recife (PE)

Fabiana Fregonesi

me deparei com um cardume que, naquele piscinas. O concurso tem 13 categorias,


momento, me deu a sensação de que o barco testando fotógrafos com temas como
estava pronto para iniciar navegação rumio Macro, Grande Angular, Comportamento e
ao desconhecido”, disse Fabiana. Fotografia de Naufrágios, bem como quatro
O Undereater Photographer of the categorias para fotos tiradas especificamente
Year é uma competição anual organizada no em águas britânicas. Para conferir todas
Reino Unido e celebra a fotografia abaixo as fotos premiadas, acesse: https://
da superfície do oceano, lagos, rios e até underwaterphotographeroftheyear.com.

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MATÉRIA DE CAPA INÊS249

Yan Li
A ERA DOS CONCURSOS
DE FOTOGRAFIA
Eles têm se multiplicado ano após ano. Veja aqui quais são
as principais e a opinião de especialistas sobre o assunto
POR SÉRGIO BRANCO

O sino-americano
Yan Li ganhou a
E m pouco mais de duas décadas, a fotografia mudou muito. Foi da era do
filme à era digital e, num piscar de olhos, entrou da fase da inteligência
artificial (IA). Um dos poucos vestígios da dita fotografia tradicional
categoria Viagem que permacenem intocáveis e que só têm crescido são os concursos,
do concurso Sony principalmente os internacionais: você notou como eles se multiplicaram
de 2024 com nos últimos anos? E o mais interessante que hoje existe o Photographer of
a foto acima, the Year (popularmente conhecido pela sigla POTY) para tudo: natureza e
que mostra um vida selvagem, jardinagem, paisagem, jardinagem, subaquático, casamento,
incêndio próximo arquitetura, esportes, macro, documental...
a uma ilha no Lago Os concursos de fotografia passaram também a ser vistos como um negócio
Titicaca, na Bolívia rentável: você faz uma competição internacional, dá um bom prêmio, divulga

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bem mundo afora e cobra uma inscrição INÊS249
Maira Ray

– geralmente cara, em euros ou dólares.


Depois, se tudo der certo, recebe dezenas
de milhares de inscrições e põe uma boa
grana no bolso. Há muitos concursos que
foram criados nos últimos anos com essa
finalidade. Outros cobram, geralmente
não muito, porque precisam cobrir custos
de organização, operacionais e prêmios
– e deixam isso bem claro. E existem os
que nada cobram, caso do Sony World
Photography, que já se tornou tradicional
e, no mais recente recebeu 395 mil
imagens vindas dos cincos continentes.
O fato é que evolução tecnológica
permite que você angarie inscrições
de qualquer lugar do planeta, pagas ou
gratuitas, e se o fotógrafo for talentoso
ou fez a foto da sua vida em um golpe
de sorte (o que também ocorre), pode
sair do anonimato da noite para o dia,
ser aclamado mundialmente e ganhar
oportunidades no mercado. Com base
no concurso internacional da Sony, o
maior do mundo altualmente, é possível
ver entre os premiados e os finalistas
de 2024 a diversidade nacionalidades:
fotógrafos de 220 países se increveram.
Do Brasil, por exemplo, apenas dois
nomes se destacaram como finalistas:
Apolo Sales, que vive em São Paulo, e
Maíra Ray, que mora na França.

Acima, a foto
finalista da
brasileira Maíra
Ray na categoria
Retrato do
Sony World
Photography de
2024; ao lado, a
imagem finalista
do brasileiro
Apolo Sales
na categoria
Fotografia de
Rua, no mesmo
concurso

Apolo Sales

FOTOGRAFE 327 23
INÊS249
Liam Man

O britânico Liam Man usou um conjunto de drones (quatro aparecem na foto) para iluminar uma
formção rochosa na Escócia ao nascer da Lua: venceu a categoria Paisagem no concurso da Sony

Entre os principais premiados da categoria Contest é um dos mais tradicionais: existe desde
Open (Aberta) em nível mundial, há um sueco, 1969 e já premiou vários fotógrafos brasileiros ao
uma eslovena, um queniano, um chinês, um longo dessas décadas, como o renomado Evandro
malaio, além de britânicos e americanos, que Teixeira. Outros dois, restritos a profissionais, dão
geralmente lideram em incrições e premiações. muito prestígio: o Oskar Barnack, da Leica (que
O concurso é tão grande que tem fases regionais, premiou o fotógrafo brasileiro Júlio Bittencourt em
por países, por grupos de países ou por parte de 2007) e o Prêmio Hasselblad, que já notalilizou o
continentes (caso da América do Sul). Quando famoso Sebastião Salgado em 1989 na sua versão
começou, em 2007, a própria Sony organizava, mundial – na fase Latino-americana, já destacou
mas depois passou para uma entidade chamada vários brasileiros, como Claudio Edinger, Ricardo
World Photography Organisation (Organização Barcello e Alessandro Gruetzmacher. Entre os
Mundial de Fotografia) e a competição passou a mais respeitados em nível mundial está o World
ter dez categorias, observado um crescimento de Press Photo, voltado apenas para fotojornalistas – o
inscrições ano a ano. saudoso Orlando Brito (1950-2022) foi o primeiro
Dos concursos patrocinados por empresas brasileiro a ser premiado, em 1979.
do setor fotográfico, caso da Sony, Nikon Photo O fato é que os concursos mais populares

24 FOTOGRAFE 327
INÊS249
Samuel Andersen

Ana Skobe

Mais Sony World Photography de 2024: o sueco Samuel Anderson venceu a categoria Ação
(à esq.) enquanto eslovena Ana Skobe ficou com o primeiro lugar na categoria Arquitetura

e com mais inscrições, pagos ou não, são os de Juiz de Fora (MG), realizado pela Escola
que mais interessam à maioria dos fotógrafos, de Engenharia da Universidade Federal local.
como observa um dos grandes ganhadores De lá para cá, ele saiu vitorioso em mais de
desse tipo de competição, o mineiro-carioca 100 concursos internacionais e dezenas de
Roberto Soares-Gomes, engenheiro mecânico nacionais. Entre os internacionais, o próprio
apaixonado por fotografia que nunca pensou Sony World Photography de 2012, na categoria
em ser profissional. No entanto, se tornou um Campanha, e entre os nacionais, o Concurso
especialista em produzir imagens ganhadoras, Leica-Fotografe de 2006, na categoria P&B.
premiadas ou finalistas. Fotoclubista, ele Ao lembrar as premiações mais valiosas
também é uma estrela em salões (os concursos que recebeu, Soares-Gomes cita um automóvel
de fotoclubes) nacionais e internacionais. Voyage em concurso patrocinado pela
Outros dois fotógrafos do Rio de Janeiro Volkswagen do Brasil, uma viagem a Manaus
(RJ) também são experts em ganhar ou ao menos (AM) em concurso da Kodak, uma viagem à
ser premiados em concursos diversos: o médico Argentina em concurso da extinta revista Ele
Silvestre Machado e a ex-gerente de banco Ela (Bloch Editores), uma viagem à Europa em
Míriam Ramalho. Como Soares-Gomes, ambos concurso da Canson e US$ 6 mil em concurso
concordam que participar de concursos é muito da Mazda Motor do Japão.
importante para quem gosta de fotografar. Sua foto Faces é uma das imagens mais
premiadas que se tem notícia: entre 2017 e
COLECIONAR DO VITÓRIAS 2019, recebeu 30 medalhas de ouro em salões
Roberto Soares-Gomes, 76 anos, ganhou internacionais organizados por fotoclubes de
uma menção honrosa logo no primeiro concurso países como Estados Unidos, Índia, Turquia,
que participou na sua cidade natal, no final da Ucrânia, Bulgária, Nepal, entre outros. Esse é,
década de 1960: o 1º Salão de Arte Fotográfica aliás, um fato cada vez mais observado: uma

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INÊS249

Ao lado, imagem de ensaio


ganhador do Sony World
Photography de 2012;
abaixo, Faces, a foto mais
premiada de Roberto
Soares-Gomes
Fotos: Roberto Soares Gomes

mesma imagem ganhar ou ser premiada em Para Soares-Gomes, quando um fotógrafo


concursos diferentes, principalmente os vence o primeiro concurso, o reconhecimento
que têm categorias como fotografia de rua, público e o sucesso pessoal são o maior
natureza/vida selvagem e paisagem. prêmio. No caso dele, fez a paixão pela
Ele acredita que um ponto positivo ao fotografia se enraizar firmemente, levando-o
se participar de concursos ter o trabalho dedicar-se cada vez, a manter contato com
analisado por um júri formado por pessoas fotógrafos profissionais mais experientes e a
capacitadas e que geralmente que não se interessar em estudar o trabalho de grandes
conhecem o participante – permitindo uma fotógrafos brasileiros e estrangeiros.
avaliação precisa e sincera. Isso possibilita O especialista diz não ter a menor ideia de
ao fotógrafo corrigir erros e aprimorar suas quantos concursos já participou, mas até maio
imagens. “O ponto negativo é que uma boa de 2021, quando ainda mantinha um controle
parte dos concursos estabelecem taxas de premiações ligadas a fotoclubes, acumulava
de inscrição que limitam e dificultam a 41 medalhas de bronze, 48 medalhas de prata e
participação de muitos fotógrafos”, comenta. 99 medalhas de ouro em salões internacionais

26 FOTOGRAFE 327
INÊS249

Silvestre Machado
Esse flagrante lúdico deu o primeiro lugar no Portfólio em Foco de 2016 a Silvestre Machado,
que acumula diversos prêmios em concursos nacionais e internacionais desde 1989

e nacionais de fotografia, organizados pela um trabalho como fotógrafo profissional


Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto), produzindo para bancos de imagens dos
pela Federação Internacional da Arte Fotográfica Estados Unidos, da França e do Brasil. “Era
e pela Sociedade Fotográfica da América. A dica mais ou menos como concursos de fotografia:
para os novatos é associar-se a um fotoclube que fazia as fotos, mandava e se fossem escolhida
seja afiliado da Confoto, pois isso permite manter para ser usadas em uma propagandas, ganhava
contato e trocar informações com pessoas que dinheiro pelo uso”, comenta.
têm o mesmo interesse em fotografia. Ao levar a medicina em paralelo à
fotografia, Silvestre Machado não se tornou
MELHOR JOVEM um fotógrafo famoso, como admite. Mas
O pediatra Silvestre Machado, 63 anos, poucos têm prêmios como os dele: duas vezes
também começou cedo a sentir o gostinho em segundo lugar no Nikon Photo Contest
de ganhar um concurso: tinha 21 anos (em 2000 e 2001), além de menção honrosa
quando ficou com o primeiro e o terceiro em 1987; vencedor do concurso "Momentos
lugares do concurso Barra Shopping/Kclic, Inesquecíveis Uno Mile", pelo qual ganhou um
loja de fotografia do Rio na época. Lembra da carro da Fiat, nos anos 1990; segundo lugar
premiação: um fim de semana em um hotel no concurso "Caras do Brasil" em 1994, da
bacana de Búzios (RJ), o que foi ótimo para revista Caras; ganhador do Grande Prêmio
impressionar a namorada. Petersen’s Photographic Magazine, em 1995;
Em 1989, ele foi eleito "O Melhor Jovem sem contar as vezes que ficou foi premiado em
Fotógrafo do Brasil" em concurso promovido competições de revistas especializadas, como
pela Kodak e pela Editora Abril. Com o prêmio, a Photo francesa (nove vezes) e a Black & White
se sentiu mais confiante e, em 1990, começou americana (oito vezes).

FOTOGRAFE 327 27
INÊS249
Silvestre Machado
Foto de Silvestre Machado que
foi premiada em concurso da
Photo francesa e virou capa
da revista em 2023: ele já foi
premiado outras oito vezes
nessa mesma competição

Também vê os prêmios como um


chamariz importante: “Já recebi
viagens para os Estados Unidos
e para a Venezuela, ganhei lentes
profissionais caras, impressora
profissional e até um Fiat Uno
Mile”, recorda.
O lado negativo, diz ele, é
quando o fotógrafo tem certeza
de que inscreveu uma imagem
excelente, digna de prêmio, mas
ela acaba nem sendo classificada.
“Mas há o contrário também: já
mandei foto só para participar e
acabei premiado”, completa.
Como Soares-Gomes, Silvestre
Machado não tem ideia de quanto
concursos já participou. Pontua que
quando era mais jovem, participava
mais. Mas tenta fazer uma conta:
“Em 44 anos de fotografia,
participando de uma média de
cinco por ano, uns 220 pelo menos.
Desses, foi premiado umas 80
vezes entre os de relevância”,
acredita ele. Comenta que não
participa de muitos concursos
nacionais – o último foi o Portfólio
em Foco de 2016, do Festival de
Fotografia Paraty em Foco, no qual
foi vencedor. Dos internacionais
que gosta de participar, destaca o
da revista Photo “que tem vantagem
de ser grátis” e o da revista Black
& White “que é pago, mas nada
absurdo”. Em ambos o tema é
Participar de concursos, segundo livre, podendo ser apenas arte,
Marchado, é uma motivação para fotografar. o que lhe agrada muito.
Acredita que ter suas imagens comparadas Para ele, participar de concursos é um
com a de outros faz o fotógrafo ver o que subproduto do seu trabalho como fotógrafo.
precisa melhorar e entender como funciona “Apesar de certos concursos terem um
a cabeça das outra pessoas que, apesar de determinado tipo de foto preferida, não
estarem julgando, às vezes não são fotógrafos. sendo apenas uma questão de tema, quando

28 FOTOGRAFE 327
INÊS249
PRINCIPAIS CONCURSOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

H á concursos para topo tipo de imagem ou


especialidade fotográfica. Eles podem ser
organizados por empresas sem fins lucrativos,
• Siena Internacional Photo Awards –
Um importante concurso mundial baseado
na cidade de Siena, Itália. Tem diversas
ONGs, associações de classe, de fotógrafos categorias. Cobra inscrição. Mais detalhes:
ou de fotoclubes, editoras ou empresas de www.sipacontest.com
mídia, entidades ou órgãos culturais, grupos • The Epson International Pano Awards–
comerciais, órgãos governamentais... Enfim, Concurso de paisagem de grande prestígio,
é preciso pesquisar com cuidado antes de se mas apenas para fotos panorâmicas. Cobra
inscrever, principalmente em novos concursos, inscrição. Mais detalhes:
para não cair em armadilhas, como entrar em www.thepanoawards.com
competição fake ou ceder sua foto de graça
• Concurso TNC – Organizado pela ONG
para bancos de imagem. A dica é: jamais entre
The Nature Conservancy, tem várias
em um concurso que queira que você passe à
categorias ligadas à vida selvagem, natureza
organização seus direitos morais e patrimoniais
e ao meio ambiente. Não cobra inscrição.
sobre a obra, ou seja, a foto.
Mais detalhes: www.tnc.org.br
Baseado nos histórico e na confiabilidade
dos organizadores, confiura alguns concurso • Wildlife Photograper of The Year
nacionais e internacionais interessantes: (WPOTY) – Tido como o "Oscar" da
fotografia de natureza e vida selvagem, é
• Prêmio Conrado Wessel – Uma dos mais
promovido pelo Museu de História Natural
tradicionais concursos brasileiros, paga o mais
de Londres desde 1965. Cobra inscrição.
alto prêmio em dinheiro: R$ 80 mil para o
Mais detalhes: www.nhm.ac.uk/wpy
primeiro colocado. Não cobra inscrição. Mais
detalhes: www.fcw.org.br • International Landscape Photographer of
The Year (ILPOTY) – Visto como o concurso
• Portfólio em Foco – Competição organizada
mais relevante no setor de fotografia de
pelo Festival Internacional Paraty em Foco.
paisagem. Cobra inscrição. Mais detalhes:
Cobra inscrição. Mais detalhes:
internationallandscapephotographer.com
www.pefparatyemfoco.com.br
• Monochrome Awards – Concurso
• Prêmio Portfólio Fotodoc – Competição
tradicional de fotografia P&B, com diversas
organizada pelo Festival Fotogradia
categorias. Cobra inscrição. Mais detalhes:
Dcoumental. Cobra inscrição. Mais detalhes:
www.monoawards.com
www.fotodoc.com.br
• Comedy Wildlife Photography Awards –
• Brasília Photo Show – Generalista, com
Para fotos engraçadas de vida selvagem (tem
várias categorias. Cobra inscrição. Mais
uma versão para pets). Cobra inscrição. Mais
detalhes: www.brasiliaphotoshow.com.br
detalhes: www.comedywildlifephoto.com
• Sony World Photography Awards
– Concurso mundial realizado pela
Joaquim Nabuco

World Photography Organisation


(Organização Mundial de Fotografia).
Tem fases regionais e mundiais. Não
cobra inscrição. Mais detalhes:
www.worldphoto.org
• Nikon Photo Contest – Concurso
inciado em 1969, tem muita tradição.
Apesar de ser patrocinado pela marca
japonesa, as fotos podem ser feitas
com qualquer equipamento. Não cobra
inscrição. Mais detalhes:
www.nikon-photocontest.com
Foto vencedora da Portfólio em Foco de 2023

FOTOGRAFE 327 29
INÊS249 Manifestão em Paris
contra padrões de corpo
e beleza rendeu prêmios
a Míriam Ramalho

mudou a sua vida: o do Banco Brasil


– fazer carreira na empresa estatal
era um sonho de consumo, na
época. Foram 28 anos de trabalho
até que ela pudesse viajar em
expedições com aulas de fotografia,
o início do seu aprendizado. Ao
associar-se ao RioFotográfico, uma
pessoa foi fundamental para que ela
passasse a participar de concursos:
Roberto Soares-Gomes, então
presidente do fotoclube.
O primeiro concurso que
Miriam participou foi o do site
americano Lensculture, em 2017.
Foi com sua DSLR Nikon fotografar
uma exposição na Marina da Glória,
no Rio, e entrou no salão sem
saber como faria as imagens. Mas,
de repente, reparou que algumas
pessoas que estavam na exposição
tinham certa semelhança com as
obras de arte que apreciavam.
“Deixei a câmera de lado e peguei
o celular para conseguir certa
discrição. Fotografei as pessoas por
fotografo não me limito por isso. Faço e trás com a obra de arte no fundo. Mandei dez
depois vejo para qual concurso enviar”, avalia. fotos para o concurso e elas foram selecionadas
Porém, para ele o segredo quando se pensa para a Galeria do Lensculture. Não é muito fácil
em concurso é inscrever uma foto “média”, que conseguir esse destaque”, lembra.
agrade a maioria dos jurados. “Não adianta um Ela não tem dúvida de que a participação
adorar e o outro não. Chego a usar uma foto concursos fortaleceu sua relação com a
vencedora em vários concursos, mas não faço fotografia. E vencer um concurso, além de
com muita frequência. Em geral, cada concurso massagear o ego, dá visibilidade ao que
que ganhei foi com uma foto diferente”, afirma. fotógrafo deseja comunicar. “Lembro do dia em
Para ele, a maior dica para novatos é que uma mulher estava olhando atentamente
observar bem as fotos dos concursos passados uma foto minha exposta em Paraty. Ela não
e sentir o estilo de imagem que os jurados sabia que eu era a autora e diante da imagem,
gostam, mas jamais mandar imagens parecidas um questionamento aos padrões de beleza feito
com as vencedoras de edições anteriores. por um movimento ativista em Paris, ela disse:
‘vendo essa foto eu me sinto com mais coragem
COM UM SMARTPHONE de mostrar meu corpo’. Aquela declaração foi o
Míriam Ramalho, 66 anos, só conseguiu melhor prêmio que já recebi”, recorda.
realmente se dedicar à fotografia depois que se Ela só vê pontos positivos em participar de
aposentou como bancária. Formado em Artes concursos. Pontua que preciso ficar atento aos
Plásticas pela da Universidade Federal do Rio temas e aos interesses diversos. “Uns privilegiam
de Janeiro (UFRJ), ela também foi professora a técnica, outros têm uma pegada mais social,
primária até que entrou em o concurso que documental, outros privilegiam a criação... Cada

30 FOTOGRAFE 327
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A obra Vendedora de Tomates
ganhou o Grande Prêmio
Fotografe de 2021 na
categoria Imagem Destacada

concurso tem sua diretriz", comenta. Com o


tempo, foi aprendendo detectar o interesse
de cada um, e com a frequente participação,
foi também conhecendo corpo de jurados, o
que ajuda na hora de fazer a edição das fotos,
segundo ela. “Aprendi a como chegar a um bom
ensaio ou uma foto única para determinado
concurso”, afirma a fotógrafa carioca.
À medida que era premiada, sua fotografia
ficava mais conhecida. Com isso, começou a
receber avaliações que a ajudaram a entender
melhor o que as imagens queriam dizer e o que

Fotos: Míriam Ramalho


tinha a dizer delas. “Meu horizonte imagético
ampliou e amadureci ao ver também outros
trabalhos. Descobri o que mais me interessa
fotografar e o que me mobiliza para isso”, afirma.
Entre os tantos concursos nacionais e
internacionais que participou, o primeiro lugar
na categoria Ensaio com o trabalho Ser Kalunga,
no Portfólio em Foco de 2022, foi dos mais
impactantes. Outro resultado marcante foi
primeiro lugar no Grande Prêmio Fotografe de
2021 com a foto Vendedora de Tomates. Entre
os internacionais, já foi premiada pela revista
Photo três vezes e por duas vezes entrou no
livro Portrait of Humanity, do conceituado British
Journal of Photography.
Para ela, os prêmios internacionais dão
uma sensação de que sua fotografia tem
qualificação para competir com fotógrafos de
várias partes do mundo. Já os nacionais geram
um sentimento de que está contribuindo com
a fotografia nacional. “Acredito que ainda Acima, uma das imagens do ensaio Ser Kalunga,
temos muito a crescer no que diz respeito a vencedor do Portfólio em Foco de 2022; abaixo,
valorização e visibilidade da fotografia. Para foto premiada no International Color Awards
mim, imagens podem ajudar a transformar o
mundo. Gosto da ideia de levar reflexões por
meio das minhas fotos”, afirma.
Roberto Soares-Gomes, Silvestre
Machado e Míriam Ramalho defendem a ideia
de que todos os concursos nacionais devem
ser prestigiados como forma de fortalecer
a fotografia brasileira em geral. Para os
especialistas, há muita gente comprometida
se dedicando à organização de concursos
por paixão, com recursos escassos, mas com
o sentimento de fazer algo que irá beneficiar
todos os fotógrafos que participarem.

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VIDA DE FOTÓGRAFO

AMERICAN DREAM
Fotógrafo brasileiro especializado em eventos fala de
sua saga para conseguir espaço no mercado americano

V inicius Marmo é um jovem fotógrafo de 34 anos que vive em Orlando,


Flórida, em busca do sonho americano como muitos outros imigrantes
latino-americanos. A vantagem do brasileiro, nascido em Brasília (DF), é que
se mudou para os Estados Unidos com a família já com uma carreira sólida
e um planejamento para conseguir um espaço no disputado mercado local.
De produção fotográfica eclética (produtos, retratos, moda, publicidade,
esportes, turismo, social...), Marmo buscou focar em dois nichos que já o
atraíam antes mesmo de se tornar um fotógrafo profissional: eventos de
empreendedorismo e de lideranças motivacionais, que podem ficar sob o
“chapéu” da fotografia corporativa.
No alto, imagem O lado empreendedor do brasiliense aflorou em 2011, logo após sua
do evento graduação em Publicidade e Propaganda (também tem MBA em Marketing):
"O Poder do montou o próprio negócio de delivery de bebidas. Como precisava criar
Network" em conteúdo para as redes sociais para personalizar sua comunicação, ele
Boston, EUA: comprou uma câmera semiprofissional. Até então, fotografava como hobby,
o empresário algo que começou na pré-adolescência – o primeiro contato com câmeras
e palestrante foi em 2003, com as então famosas Sony CyberShots. Com o tempo, além
Bruno Avelar é das fotos de produtos para sua empresa, Vinicius Marmo passou expandir
um dos clientes seu olhar para outros estilos: ensaios com pessoas, fotos de natureza, de
do fotógrafo aniversários e imagens aéreas com drone. Essa nova atividade o encantou.
brasileiro Em 2015 ele vendeu o negócio e passou a focar apenas em fotografia.

34 FOTOGRAFE 327
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Fotos: Vinicius Marmo

Cobrir palestras de empresários, empreendedores e líderes


motivacionais tornou-se a especialidade de Vinícius Marmo
desde que ele se mudou para os Estados Unidos em 2022

O economista brasileiro Ricardo Amorim (centro)


durante um debate no evento SA Summit 2023, em
Orlando, que teve a cobertura fotógrafo brasileiro

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Bruno Avelar, especialista em network, na sua apresentação


em Nova York para um grande público: o fotógrafo brasileiro
acompanha as palestras dele por vários estados americanos

O passo seguinte foi deixar Brasília e lá. Contudo, foi durante uma nova viagem,
procurar espaço no mercado de uma cidade ainda em 2022, para visitar familiares no
pela qual ele é apaixonado: o Rio de Janeiro norte dos EUA, que tudo começou a ficar
(RJ), para onde se mudou em 2016. As coisas mais claro para ele. Recebeu o incentivo
começaram a acontecer a partir de 2017, dos parentes lá estabelecidos e de outras
quando conseguiu pegar trabalhos grandes, pessoas para pensar seriamente em um
como campanhas internas de produtos da projeto de trabalho com fotografia no
Loreal, a cobertura de um festival de cinema mercado americano.
e viagens para fotografar atrações turísticas. Naquele mesmo ano, ele se mudou para
De 2018 a 2022, com a carreira mais Orlando, na Flórida, com a esposa, Maria
consolidada, ele registrou celebridades em Clara, e os filhos Valentina, hoje com 12
desfiles de carnaval, fez clipes musicais e anos, e Gabriel, com hoje 5. “Em conversa
campanhas publicitárias, cobriu eventos com a Maria Clara, chegamos à conclusão
corporativos e continuou a trabalhar com que tínhamos investimentos no Brasil
imagens de turismo. Nesse período, também que garantiriam uma reserva financeira
teve a oportunidade fotografar e filmar duas inicial. Assim, iniciamos um processo para
temporadas completas da Stock Car Pro a legalização da família por meio da minha
Series, principal competição automobilística habilidade na fotografia e no vídeo. Hoje,
brasileira. Ainda no automobilismo, tenho permissão de trabalho na área e
acompanhou por inteiro uma temporada pretendo expandir minha atuação”, diz ele.
da categoria TCR South América, cobrindo Passados dois anos, Vinícius Marmo
etapas na Argentina, no Uruguai e no Brasil. trabalha principalmente em grandes eventos
de empresários brasileiros que têm negócios
HORA DE MUDAR nos Estados Unidos e no Brasil. “Fiz fotos
Havia, no entanto, um sentimento de corporativas para grandes personalidades
atração pelos Estados Unidos que vinha da que foram veiculadas em revistas, livros e
adolescência, pois Vinícius Marmo havia tido até na Times Square. Já conquistei também
a oportunidade de ir algumas vezes para algumas premiações em concursos”, informa.

36 FOTOGRAFE 327
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Fotos: Vinicius Marmo

Acima, fotos outdoor no tempos de Rio de Janeiro: Natalia Guitler,


campeã mundial de futevôlei, para o jornal O Globo (à es.) e
duas praticantes de canyoning para a revista Marie Claire (à dir.)

Cobrir campeonatos de automobilismo, como Stock


Car Pro Series e TCC South America, era uma das
atividades de Vinícius Marmo quando morava no Brasil

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No meio corporativo, o fotógrafo estabelecido em Orlando


realiza trabalhos para a Globo Internacional (à esq.) e retratos
para divulgação, como da dupla de empresárias acima

Para ele, o segredo está em sempre o brasileiro Bruno Avelar, especialista


buscar algo diferente, ter o mesmo olhar em em network que imigrou há 18 anos e já
diferentes ângulos e formatos de captação. morou em Portugal, Inglaterra e Espanha.
Para isso, hoje usa câmeras e lentes de alta Hoje, Avelar reside justamente em Orlando
qualidade, drone e ainda câmera subaquática como cidadão português e de lá administra
ou de 360 graus quando necessário. "Investir empresas no Brasil, em Portuigal e nos EUA
em equipamento também por ser um como CVO (Chief Visionary Officer).
diferencial", comenta o fotógrafo. Marmo teve a chance de fotografar uma
Ter acesso a equipamentos da melhor edição do evento "O Poder do Network"
qualidade por preços muito mais acessíveis para apresentar seu trabalho a Avelar e, a
em comparação ao Brasil, aliás, é uma das partir daí, seguiu registrando várias edições e
vantagens de morar nos EUA. Atualmente, mentorias do conterrâneo, famoso por suas
ele trabalha com duas câmeras Nikon a DSLR palestras, em diversas cidades americanas.
D750 e a mirrorless Z6 II, em conjunto com as Com essa ótima conexão, conheceu
lentes Rokinon 12 mm f/2.8, as Sigma Art 20 outros empresários e empreendedores
mm f/1.4, 35 mm f/1.4, 24-70 mm f/2.8 e as americanos que também passaram a
Nikkor 70-200 mm f/2.8 e 180-600 mm f/5.6. contratá-lo. Assim, se destacou nesse nicho
de mercado e passou a trabalhar para várias
APOSTA EM NICHO partes dos Estados Unidos – como cobrir um
Marmo diz que há anos lê e busca evento recente voltado para construção civil,
conhecimento sobre empreendedorismo a Best Builders Conference, em Las Vegas.
e liderança motivacional. Conta que Os desafios iniciais, segundo ele, foram
desde 2014 tem interesse por grandes de adaptação à cultura, à língua e de chegar a
personalidades e empresários que produzem Orlando sem conhecer ninguém. “Não foi fácil
conteúdo de sucesso em finanças, liderança, o primeiro ano. É preciso ter planejamento,
comportamento e networking. Isso o levou a foco e determinação para fazer acontecer”,
acompanhar pelo Instagram e em podcast comenta. Já uma das vantagens, segundo

38 FOTOGRAFE 327
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Fotos: Vinicius Marmo

Acima, imagens de dois ensaios de moda e, abaixo, foto com a modelo Aline Riscado para uma
marca de roupa para yoga; Vinicius Marmo (abaixo, à esq.) tem experiência em várias áreas

ele, é sentir que tanto americanos quanto contratar um bom fotógrafo para registrar
imigrantes valorizam ao olhar artístico e momentos memoráveis ou estratégicos. “Não
o trabalho de um fotógrafo. Para Vinícius é fácil, mas isso me motiva a buscar novos
Marmo, as pessoas e empresas se preocupam trabalhos e clientes, assim como investir em
realmente com sua imagem e querem divulgação, pois o retorno acontece”, avalia.

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TECNOLOGIA INÊS249

FOTOS DE STEVE MCCURRY


PASSAM A SER MOSTRADAS
COMO QUADROS EM TV
O renomado fotógrafo fez um acordo para ter imagens
exibidas em aparelho que parece moldura high-tech

O americano Steve McCurry, membro da renomada agência Magnum


Photos e com estreita ligação com a renomada revista National
Geographic, é mundialmente conhecido por ser olhar por trás do icônico
retrato Afghan Girl(veja box). O veterano fotógrafo desempenha um papel
significativo na fotografia documental contemporânea há mais de quatro
décadas. Através de suas lentes, McCurry registrou conflitos mundiais,
culturas à beira da extinção, tradições antigas e a sociedade moderna de
maneira expressiva e pessoal. Das movimentadas ruas da Índia às zonas
de guerra ativas no Afeganistão, as imagens de McCurry transcendem
simples documentação, pois parecem “janelas” que mostram ao mundo
a experiência humana e suas muitas faces. Essas “janelas” agora passam
também a ser aparelhos de TV.
Sinal dos novos tempos, as narrativas visuais de McCurry podem ser
acessadas por meio da TV graças a um acordo que o fotógrafo e a Magnum
Photos fizeram com a Samsung, que disponibiliza parte do fantástico
acervo da agência na The Frame, a TV ultrafina da marca, por meio do
programa Samsung Art Store. O aparelho mais parece um quadro na
parede, mas tem a funcionalidade de uma TV normal – com telas de 32 a
85 polegadas e resolução 4K. Quando desligada, ela exibe uma fotografia
– que pode ser de McCurry ou de outro fotógrafo – ou uma obra de
pintores famosos. Há também a possibilidade de escolher entre seis tipos
de molduras customizadas, que a deixam ainda mais parecida com um
elegante quadro na parede. Em entrevista à equipe de comunicação da
Samsung, Steve McCurry fala sobre sua inspiração e como a tecnologia
pode imortalizar as histórias contadas por meio de imagens.

40 FOTOGRAFE 327
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Imagem captada pelo americano


Steve McCurry na região da
Caxemira, Índia, em 1999
Fotos: Steve McCurry

Pescadores equilibristas
registrados por Steve McCurry
no Sri Lanka em 1995

FOTOGRAFE 327 41
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Menino durante
Fotos: Steve McCurry

o tradicional
Festival Holi, a
festa das cores,
em Mumbai,
Índia, em 1996

Há algum momento ou experiência básico, e essa essência me fez retornar ao


significativa que influenciou a forma como você Afeganistão repetidas vezes.
aborda seu trabalho como fotógrafo?
Steve McCurry – Sempre tive vontade Você é reconhecido por capturar
de viajar e ultrapassar limites. Depois de emoções cruas e momentos íntimos. Como
me formar na Universidade da Pensilvânia você constrói confiança com quem você
e trabalhar em um jornal por dois anos, fotografa, especialmente em ambientes
comprei uma passagem só de ida para a Índia culturalmente diversos?
com o dinheiro que havia economizado. Na minha experiência, a maioria das
Passei dois anos viajando pela Índia e pelo pessoas é acessível. Acredito que, depois
Nepal, fotografando para diversas revistas. de explicar o que você está fazendo e
Na Primavera de 1979, fiquei num pequeno como podem se envolver no processo, as
hotel em Chitral, no Paquistão – onde conheci pessoas se abrem e permitem que você as
alguns refugiados afegãos do Nuristão que me fotografe. Minhas fotografias refletem a
explicaram que diversas aldeias da sua região maneira como observo o mundo e o que
tinham sido destruídas. Disse a eles que era me rodeia. Meu objetivo é encontrar algum
fotógrafo e eles insistiram para que eu fosse tipo de universalidade entre as pessoas
até lá e fotografasse a guerra civil. Eu nunca em uma enorme variedade de condições.
tinha fotografado uma área de conflito antes Se eu for bem-sucedido, meu trabalho
e não sabia como reagir. Depois de alguns artístico deverá ser compreendido de
dias, fomos caminhando pelas montanhas até forma universal por qualquer pessoa que
chegar no Afeganistão, onde passei quase tenha experimentado a condição humana,
três semanas fotografando a vida lá. Fiquei independentemente de suas circunstâncias.
surpreso ao ver tantas aldeias praticamente
destruídas e abandonadas. As estradas Você tem uma fotografia favorita entre
estavam todas bloqueadas ou sob controle do as suas obras?
governo, então tivemos que caminhar por toda Uma das minhas fotos favoritas foi feita
parte. Durante esse período, conheci algumas quando eu estava em uma parte antiga do
pessoas das quais me aproximei. Fiquei tocado Rajastão, na Índia. A cidade inteira está
pela cultura e beleza do país. Era um modo de pintada com uma maravilhosa cor azul. Em
vida diferente, desprovido das conveniências uma esquina, deparei-me com a descoberta
modernas, e fui atraído pela simplicidade de que crianças tinham deixado marcas
desse estilo de vida. Tudo foi reduzido ao de mãos na parede durante um festival.

42 FOTOGRAFE 327
INÊS249

Fotos: Steve McCurry


Este flagrante
de um menino
correndo em
Jodhpur, no
Rajastão, India, é
uma das imagens
favoritas de
McCurry

Surgiu a ideia: “Que bela imagem


seria se eu conseguisse capturar
pessoas entrando ou saindo
do enquadramento”. Depois de
permanecer parado por cerca de
duas horas, um menino entrou
correndo e eu o fotografei no
meio do caminho. Fiquei – e ainda
estou – feliz com essa foto.

Como a tecnologia mudou


a forma como você trabalha ao
longo dos anos?
Durante a maior parte
da minha carreira, trabalhei
exclusivamente com filmes,
mas atualmente, fiz a transição Monges shaolin durante treinamento em
completa para a tecnologia mosteiro de Zhengzou, na China, em 2004
digital. Embora isso não tenha Divulgação

mudado a forma como encaro o


meu trabalho ou a forma como
fotografo, a tecnologia sem
dúvida transformou o processo,
possibilitando-me trabalhar
com muito menos luz e em
situações mais complexas do
que era possível no passado. No
entanto, as mesmas verdades
se aplicam a qualquer imagem,
independentemente da técnica
utilizada para criá-la. Há
impermanência em todas as coisas
e nostalgia em relação ao passado,
mas eu prefiro direcionar meu O fotógrafo esteve pela primeira vez no Brasil em 2010
olhar para o futuro. para uma palestra e um workshop a convite de Fotografe

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Fotos: Steve McCurry
INÊS249

Vendedor de flores com


seu barco no Lago Dal,
na Caxemira, Índia, um
país muito visitado por
McCurry; ao lado, a
foto de bandeiras com
escritos sagrados, feita
no Tibete em 2005,
é uma das imagens
disponíveis para a TV

Como os usuários reagiram ao seu trabalho passasse sobre elas. Tem outra que registrei
na TV The Frame? na região da Caxemira, na Índia. Passei duas
A resposta tem sido excelente. Os semanas acompanhando vendedores de
usuários estão empolgados por ter uma ampla flores enquanto eles comercializavam seus
variedade de obras de arte disponíveis na produtos ao longo das margens do Lago Dal.
The Frame para manter o interior de suas O ato de comprar e presentear flores está
casas sempre atualizado. Isso possibilita às profundamente enraizado nas tradições da
pessoas descobrir e apreciar novos artistas e região, sendo uma parte integrante tanto da
obras de arte. É muito interessante ver meu estética quanto da economia local. As shikaris,
trabalho ao lado de obras-primas clássicas de canoas repletas de flores, proporcionavam
Van Gogh e Leonardo da Vinci, assim como de uma profunda sensação de tranquilidade.
muitos outros artistas emergentes.
O formato digital da The Frame se
Quais obras você recomendaria aos compara a outras plataformas onde você
usuários exibirem na The Frame? compartilhou seu trabalho, como galerias,
Gosto de uma que fiz no Tibete, que museus ou mesmo capas de revistas?
há séculos exibe bandeiras de oração Cada meio tem suas vantagens. A arte
adornadas com escritos sagrados. Elas digital é praticamente permanente, e a
foram penduradas acreditando-se que a boa exposição ao calor e à luz não afeta as cores,
vontade e a compaixão se espalhariam por embora a escolha da plataforma possa
todos os seres vivos à medida que o vento depender da preferência pessoal. Muitos

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INÊS249

A Samsung The
Fotos: Steve McCurry

Frame é uma TV
ultrafina que,
colocada rente
à parede, parece
um quadro

A MENINA E A MULHER AFEGÃ

N ascido em um subúrbio da Filadélfia, nos Estados Unidos, em 23 de abril de 1950, Steve


McCurry estudou Artes e Arquitetura na Universidade do Estado da Pensilvânia. No
início dos anos 1970, viajou para Índia, país no qual aperfeiçoou seu estilo fotográfico. Em
1979 foi para o Afeganistão, na sua primeira experiência na cobertura de conflitos armados
internacionais. Ainda em busca de consolidar-se na carreira, em 1984 ele estava fotografando
o campo de refugiados de Nasir Bagh, no Paquistão a serviço da revista National Geographic
quando uma pré-adolescente chamou-lhe a atenção: era a jovem Sharbat Gula, de apenas 12
anos, que havia perdido seus pais em um bombardeio soviético no Afeganistão.
O retrato da jovem que McCurry não sabia o nome foi batizado de “Menina afegã” e
estampou a capa NatGeo em 1985: aqueles olhos verdes muito vívidos e tristes, olhando
diretamente para a câmera, cativaram o mundo. A foto tornou-se então um símbolo situação
dos refugiados de guerra. A identidade da menina só foi descoberta 17 anos depois, quando
McCurry e uma equipe da National
Geographic voltaram ao Afeganistão para
saber do seu paradeiro. Em 2002, ela foi
localizada em uma região remota do país,
estava casada e tinha três filhas. Foi nesse
reencontro que ela ficou sabendo que seu
retrato havia ficado famoso mundialmente
e, pela segunda vez na vida, concordou
em posar McCurry já com quase 30 anos.
Quando os talibãs recuperaram o poder
no Afeganistão em 2021, Sharbat Gula
pediu ajuda para deixar o país e conseguiu
asilo político com por meio do governo da
Itália, onde vive hoje com a família.

museus enriquecem suas exposições com de um avião e ver uma de minhas fotos em
apresentações multimídia, mesclando uma tela enorme no aeroporto JFK, em Nova
diferentes formatos. Será fascinante observar York. Foi surreal ver meu trabalho apreciado
o que o futuro nos reserva, à medida que a por milhares de pessoas que passavam pelo
tecnologia continua a evoluir. O aparelho de terminal. Da mesma forma, a TVs como a The
TV proporciona uma experiência encantadora Frame permitem que as pessoas vejam arte
para apreciar fotos em um ambiente com mais conforto, adicionando uma nova
doméstico mais íntimo. Lembro-me de sair dimensão à experiência.

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Fotografia de Intimidade:
Seis visoes de Boudoir.

Boudoir Boudoir Boudoir


Clássico de Fine Art Escuro e Ousado

Boudoir Boudoir Boudoir


Glamouroso Romântico Vintage

Uma coleção para você aprender e apreciar tudo sobre o Boudoir, um gênero
fotográfico inspirado nos quartos de vestir (“boudoir” em francês significa “sala
de vestir”). São cerca de 50 fotos por volume que mostram como capturar o
erotismo e toda a beleza da intimidade.

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PANASONIC LANÇA UMA


VERSÁTIL 28-200 MM
Marca surpreende ao anunciar a lente
zoom com um preço bem atraente

A Panasonic surpreendeu o mercado ao lançar uma nova lente com


menos dois meses em relação á novidade anterior (a compacta macro
Lumix S 100 mm f/2.8). O anúncio agora é da zoom multifuncional Lumix
S 28-200 mm f/ 4-7.1 Macro OIS para câmeras full frame com montagem
(baioneta) L. Esta é a primeira zoom que vai de grande angular a tele da
Panasonic para as câmeras Lumix série S.
É uma objetiva voltada especialmente fotógrafos novatos ou os que
não têm um grande orçamento para trabalhar, já que se trata de uma
lente zoom versátil, que pode atender a muitos segmentos da fotografia.
A Panasonic, no entanto, informa que, ao contrário de algumas objetivas
multifuncionais concorrentes, a nova 28-200 mm promete um “excelente
desempenho de imagem” e “bokeh impressionante”. São afirmações
ambiciosas, que devem ser testadas na prática.
Por enquanto, levando em consideração o perfil da lente, que não é
profissional, ela parece especialmente adequada para fotografia de viagens,
de paisagens, de cenas de rua e até retratos. A abertura, que varia de f/4
em grande angular e diminui para f/7.1 em tele máxima, pode não parecer
eficiente para retratos, mas ela pode focar bem de perto, isso ajuda a criar
um atraente bokeh (conta com diafragma de circular de nove lâminas) e
uma separação de fundo, quando a situação permitir.
A lente inclui “Macro” no nome em razão da distância mínima de foco,
que é de 14 cm, o que permite uma ampliação máxima de 1:0,5 – ou seja,
o “macro” é puro marketing, já que macrofotografia começa a partir de
uma relação de ampliação de 1:1; ela produz um ótimo close-up, somente
isso. Compacta para um zoom desse alcance, tem cerca de 9,3 cm de
comprimento, pesa 413 gramas e se estende ligeiramente ao aplicar o
zoom, mas apenas cerca de 50%. Também é resistente a poeira, respingos
e congelamento.
Quanto ao foco automático, a Panasonic promete um autofoco
silencioso e de alta velocidade. Também inclui estabilização óptica de
imagem (OIS), que garante compensação de vibração de até 6,5 pontos ao
usar o sistema Dual IS 2. Por ser de baioneta L, pode ser usada ainda em
câmeras Leica (com quem a Panasonic tem uma parceria na produção de
lentes). O preço é atraente: US$ 898 no mercado americano.

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INÊS249

A nova lente da Panasonic é para


câmeras full frame de baioneta L,
como os modelos Lumix série S
Fotos: Divulgação

A lente tem um tamanho bem


compacto para uma 28-200 mm
e preço atraente de US$ 898 em
lojas nos Estados Unidos

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Fotos: Divulgação
EQUIPAMENTO INÊS249

A Nikon queima etapas para concorrer com a Canon na área de cinema


ao se tornar dona da RED, marca que passou a ser uma referência no
segmento na era digital, principalmente para produtoras independentes

NIKON INVESTE EM CINEMA


Empresa anuncia a aquisição da RED
e entra com tudo em novo segmento

A Nikon de anunciou a aquisição do


fabricante americano de câmeras de
cinema RED Digital Cinema. Fundada em
ponto de vista empresarial.
A RED estabeleceu uma posição
firme em Hollywood e em lojas de aluguel
2005 por Jim Jannard, a RED soube como de equipamentos para produtoras
poucos aproveitar a era digital cinema e no independentes. Ao absorver uma empresa
vídeo ao lançar produtos com alta tecnologia que já desenvolveu um conjunto de
e confiabilidade. De lá para cá, ela produziu ferramentas aceito pelo setor, a Nikon evita
câmeras cinematográficas que foram usadas na uma série de problemas iniciais que poderia
produção de mais de 25% dos filmes de maior encontrar para a negócios no setor de vídeo.
bilheteria em meados da década de 2010, Em seu comunicado a Nikon
bem como vencedores do Oscar, como Mank, Corporation informou ter celebrado
ganhador de melhor direção de fotografia em um acordo para adquirir 100% das
2021 e indicado em várias categorias. participações pendentes da RED, que se
O negócio ocorre depois que a RED tornará sua subsidiária integral. Desde a
processou a Nikon por supostamente sua criação em 2005, a RED tem estado
infringir patentes que detinha para na vanguarda das câmeras de cinema
tecnologia de compressão de vídeo em digital, introduzindo produtos que definem
2022. Em resposta, a Nikon entrou em uma a indústria, como a RED One 4K. As
batalha judicial com a empresa americana contribuições da emprtesa para a indústria
até que o caso fosse finalmente arquivado, cinematográfica não só lhe renderam um
em abril de 2023. Portanto, é de presumir Oscar, mas também a tornaram a câmera
que haja alguma ligação entre esses preferida para inúmeras produções de
eventos, mas independentemente disso, a Hollywood, celebrada por diretores e
compra faz muito sentido para a Nikon do cineastas de várias partes do todo.

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