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Retratos exóticos de
barbudos e bigodudos
Olhar feminino em
nu e sensualidade
Gravuras
fotográficas
Imagens fofas
de crianças
Fotografia
de pets
Dicas para
dominar a
baixa
velocidade
Especialistas ensinam como explorar a técnica
em fotos de rua, de paisagem e de ação
Grandes fotógrafos da edição: Cássio Vasconcellos Cris Nadalin Danilo M. Yoshioka Ernst Haas Fernando Frazão
Greg Anderson Luiz Claudio Marigo Magda Pinheiro Mário Baptista Paty Balbino Renato Machado Rodrigo Capuski
Fundador
Aydano Roriz
Diretores
Luiz Siqueira
Tânia Roriz
Sérgio Branco
Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678, Osasco (SP), CEP 06045-390.
Diretor de Redação
IMPRESSÃO: Log&Print Gráfica e Logística S.A.
branco@europanet.com.br
Paty Balbino
Ano 24
Edição 283
20
Abril/2020
Foto de capa:
Christian Mueller/
Shutterstock
Greg Anderson
6 Grande Angular
Notícias e novidades
14 Imagens fofas
O trabalho de Paty Balbino com bebês
20 Barba e bigode
Retratos exóticos de Greg Anderson
Cássio Vasconcellos
26 Gravuras fotográficas
A arte de Cássio Vasconcellos
26
34 BAIXA VELOCIDADE
Saiba usar para ter efeitos criativos
48 Fotografia de pets
Dicas de um casal de especialistas
34
Fernando Frazão
GRANDE ANGULAR
Konstantin Chalabov
Ao lado, a foto
premiada do russo
Chalabov, que usou
um iPhone 11 Pro
no modo noturno,
Os melhores no
conforme previa o
desafio da Apple
desafio do iPhone 11
Abaixo, imagem de
Andrei Manuilov
(à esq.) com
A Apple divulgou o resultado
do desafio Night Mode Photo,
com seis ganhadores. O desafio
foi lançado para que usuários da série
iPhone 11 enviassem imagens capturadas
espécie de concurso: Konstantin Chalabov
foi um dos ganhadores, com imagem de
um caminhão em uma estrada repleta
de neve, com os faróis e a luz interna do
veículo acessos; Andrei Manuilov ficou
iPhone 11 Pro
Max e de Rustam com o modo noturno do aparelho, um entre os melhores com uma foto feita na
Shagimordanov dos principais avanços incorporados ao área interna de um prédio, com diversas
com iPhone 11 modelo. Os russos se destacaram nessa varandas e varais com roupas penduradas;
Andrei Manuilov
Rustam Shagimordanov
Ao lado, orangotango
usado em performances
no Safari World de
Bangkok, Tailândia
6
Ruben P. Bescós
Acima, registro em contraluz do espanhol Rubén P. Bescós e, abaixo,
foto noturna do chinês Yu Zhang: ambos usaram o modelo 11 Pro Max
Yu Zhang
Imagem premiada
do indiano Mitsun
Soni, que usou o
iPhone 11 Pro e Rustam Shagimordanov se
destacou com a cena noturna de
um vilarejo durante o inverno.
Os demais ganhadores
foram Mitsun Soni, da Índia, que
fotografou uma árvore iluminada
artificialmente; Rubén P. Bescós,
da Espanha, que registrou um
grupo de pessoas se deslocando
na contraluz; e Yu Zhang, da China,
que clicou um carrinho de comida
de rua à noite. As imagens serão
utilizadas em anúncios publicitários
da Apple e os ganhadores serão
Mitsun Soni
Nicholas More
Greg Lecoeur
Ao lado, a foto premiada de Lecoeur e,
acima, a do britânico Nicholas More
Pasquale Vassallo
FOTO DO MÊS
EMPREENDEDORISMO VIRAL
Assim que foi noticiado o primeiro caso
Danilo M. Yoshioka
CURTAS
Nikon D6 atrasada
A Nikon postergou o
lançamento de sua DSLR top
de linha D6 em decorrência da
pandemia do novo coronavírus,
que comprometeu as linhas
de produção por falta de
peças fabricadas na China.
As especificações da D6 já
foram divulgadas, dentre
elas o sensor de 21 MP, foco
automático com 105 pontos e
disparo contínuo de até
Fotos: Divulgação
14 imagens por segundo.
Acervo online
O Smithsonian Institution,
nos EUA, lançou a plataforma
online Open Access, com
2,8 milhões de imagens
digitalizadas de domínio
público para livre download. FUJIFILM APRESENTA A X-T4
O Smithsonian encoraja os
A Fujifilm anunciou a avançada Segundo a Fujifilm, o obturador
navegantes a baixarem as
mirrorless X-T4, que vem para da X-T4 está mais resistente e rápido,
imagens e usarem nas mais
substituir o modelo X-T3, mantendo com vida útil estimada em até 300
diversas aplicações. Acesse
o sensor de formato APS-C de mil ciclos e capacidade de realizar
www.si.edu/openaccess.
26,1 MP, o processador quad- disparos contínuos de até 15 imagens
-core X-Processor 4 e o visor digital por segundo. O corpo compacto e
Voigtlander com resolução de 3,69 milhões robusto, disponível nas cores prata
de pontos. Já as novidades em ou preta, pesa 607 gramas.
superluminosa relação à predecessora são várias: A nova Fujifilm X-T4, que filma
A Cosina anunciou o sistema de estabilização de imagem em resolução 4K 60p, tem preço na
lançamento da objetiva com desempenho aperfeiçoado, faixa de US$ 1.700 (apenas o corpo)
Voigtlander Nokton 60 mm bateria recarregável NP-W235 com nos EUA e battery grip externo
f/0.95, para câmeras mirrorless autonomia para até 600 disparos opcional. O modelo deverá estar
de padrão Micro Four Thirds, com uma recarga, monitor articulado disponível no Brasil na loja online da
com fator de corte de 2x. Com com mais mobilidade e com nova Fuji, mas não tinha preço definido até
11 elementos dispostos em resolução de 1,62 milhões de pontos. o fechamento desta edição.
8 grupos, ela é robusta e tem
foco manual. A previsão é que
chegue custando US$ 1.300
nos EUA.
Sony 20 mm f/2.8
A Sony lançou a grande
angular FE 20 mm f/1.8 G para
sua linha de câmeras mirrorless
com sensor full frame. Pequena
e luminosa, pesa 373 gramas.
Acima, a X-T4
Com 14 elementos ópticos em com um battery
12 grupos, a lente é vendida grip opcional; ao
nos EUA por US$ 900. lado, o monitor
articulado
SAMSUNG LANÇA
CELULAR DE 108 MP
A Samsung anunciou a nova performance do foco automático
geração de seus smartphones da série e do desempenho em altas
S20. Os modelos S20 e S20+ têm sensibilidades. Tem também outras
três câmeras traseiras, uma de 12 MP duas câmeras traseiras, uma de
com objetiva de abertura f/1.8, outra 12 MP com ultra-grande angular
de 12 MP com lente grande angular f/2.2 e outra de 48 MP com tele
f/2.2 e uma terceira com 64 MP e dotada de zoom óptico de 4x com
objetiva tele f/2. abertura f/3.5. Todos os modelos
Já o S20 Ultra vai além ao contar filmam em resolução 8K e os preços
com uma câmera principal com de mercado nos EUA estarão na
um sensor de 108 MP (9,6 x 7,2 faixa de US$ 1.000 (S20), US$ 1.200
mm), o que permite melhorar a (S20+) e US$ 1.400 (S20 Ultra).
Os três modelos
da série S20 de
smartphones
da Samsung: o
Ultra é o mais
sofisticado
Os segredos das
fotos de nu e sensual
Coleção inédita sobre o tema reúne o trabalho de seis profissionais
que têm estilos e projetos distintos. Aprenda com eles
A diminuição da
frequência no
acompanhamento
dos bebês permite
trabalhar mais a
pós-produção
Retratos fofos
Com um novo método para produzir ensaios de acompanhamento de
bebês, a fotógrafa Paty Balbino mostra como inovar no segmento
POR LIVIA CAPELI
Q
uem trabalha atender os pequenos modelos: o no mercado triplicou depois de ela
fotografando bebês Acompanhamento Criativo. adotar essa fórmula.
sabe como é difícil criar Com estúdio baseado em Santa Além do conceito, que começou
algo todos os meses Barbara d'Oeste, interior de São a desenvolver há quatro anos, Paty
em ensaios de acompanhamento. A Paulo, Paty explica que o foco do conta que também foi preciso inovar
necessidade de ter uma ideia nova, seu trabalho é destacar o bebê em a parte mercadológica do negócio.
a busca por temas variados para um set de fundo de tecido colorido Na contramão da proposta adotada
agradar aos pais e o investimento usando pouquíssimos acessórios por muitos profissionais de atender
em acessórios vira um vício para em uma combinação harmoniosa. mensalmente cada bebê, ela passou a
alguns – e pode até gerar um Pode até parecer simples demais restringir as sessões entre trimestrais,
desgaste financeiro e psicológico para fotógrafos que acreditam quadrimestrais e semestrais, o
em profissionais do segmento. A que é preciso cercar a criança com que, segundo ela, dá “fôlego” para
fotógrafa Paty Balbino, 33 anos, uma porção de adereços, porém, a a produção e margem para uma
cansou de ser refém desse sistema e especialista afirma que o esquema agenda menos tumultuada, podendo
elaborou um método para simplificar tem agradado aos clientes e diz se dedicar mais à pós-produção das
a rotina no estúdio na hora de que o faturamento e a aceitação imagens, por exemplo.
Com isso, a fotógrafa paulista Já para se aperfeiçoar sobre o mais algumas horas. Ela entrega 12
criou uma estilo já reconhecido. lado comportamental dos bebês imagens digitais de cada sessão, que
“Tenho visto algumas pessoas buscou informações em cursos com podem ser escolhidas entre trimestrais
copiando meu trabalho, mas não médicos, pediatras e doulas. (quatro sessões em um ano),
fico zangada, não. Ao contrário, Com o novo modelo de sessões quadrimestrais (três) e semestrais
tenho orgulho”, diz ela. No de acompanhamento, ela se restringe (duas). Paty Balbino também oferece
entanto, para chegar ao resultado a atender entre quatro e cinco bebês cursos online para quem tem interesse
desejado, a especialista conta que por mês, cobrando mais do que no em aprender técnicas de produção,
fez muitos cursos relacionados à sistema tradicional mensal e tendo luz e comportamento dos bebês.
parte mais técnica da fotografia, mais tempo de atender o cliente, Para saber mais, acesse:
a maioria referente à iluminação. por fechar um período do dia, e não www.patybalbino.com.br.
Dois participantes
do campeonato
americano de
barbas e bigodes
Entre barbas
e bigodes
Ao retratar os participantes de um concurso nos Estados Unidos,
Greg Anderson mostra um excêntrico universo de personagens
POR ANA LUÍSA VIEIRA
Q uando, em 2012, o
fotógrafo americano Greg
Anderson ficou sabendo
que Las Vegas, onde
morava, tinha acabado de sediar nada
O concurso, que, como o nome
sugere, reúne o que há de mais
excêntrico entre barbudos e bigodudos
nos Estados Unidos, era tudo o que
ele queria. Mas, ainda não foi daquela
me organizei e fui até o campeonato
por conta própria”, lembra ele, que
naquela época era profissional havia
pouco mais de cinco anos e constatara
sua grande paixão no ofício: “Sempre
menos que um Campeonato Nacional vez que ele teve a chance de fotografar amei fazer retratos de pessoas que
de Barbas e Bigodes, não pensou os participantes. “Os produtores me encontrava nas ruas”.
duas vezes: “Consegui o contato da informaram que todos os competidores Da primeira experiência, o
produção do evento e perguntei se tinham voltado para casa, mas disseram fotógrafo se recorda de chegar à
ainda havia participantes na cidade que eu poderia retratar quem quisesse competição e dar de cara com um
interessados em vir até o meu estúdio na edição do ano seguinte, que rapaz que tentava, freneticamente,
para fazer um ensaio”, relembra. aconteceria em Nova Orleans. Em 2013, solucionar um cubo mágico. "Ele
parou o que fazia, olhou para a minha cara perfeito", diverte-se. Anderson pegou Os retratos de barbudos
e disse: 'Você provavelmente quer que eu gosto pela coisa e o campeonato acabou excêntricos passaram a
enfie meu dedo no nariz para tirar essa se tornando um compromisso anual. Há compor uma série que
Anderson faz desde 2013
foto, não quer?'. Concordei e ele assim sete anos o que não falta é personagem.
nos Estados Unidos
o fez até que eu conseguisse o clique excêntrico em seu portfólio.
conexão
Para Greg
Anderson um bom
retrato nasce da
empatia com o
personagem
23
OLHAR GLOBAL
PREFERÊNCIA PELA
LUMINOSA 50 MM
Anderson voltou a morar em Na hora de divulgar seu trabalho,
Las Vegas e ganha a vida com a o fotógrafo diz usar principalmente o
fotografia comercial, especialmente Instagram. No caso do Campeonato
dentro dos gêneros retrato e lifestyle. Nacional de Barbas e Bigodes, utiliza
Como instrumentos de trabalho, usa também o Facebook, para que os
uma Canon EOS 5D Mark IV e um próprios participantes possam curtir,
jogo completo de lentes fixas da compartilhar e mesmo salvar as
marca. “Mas, se fosse para escolher imagens que quiserem.
uma só para fotografar pelo resto da Mas, de todos os retratos que já
vida, seria a 50 mm f/1.2”, pontua. fez, o preferido de Greg Anderson
Softwares como Capture One e não está em nenhuma rede social,
Photoshop entram no pós-produção tampouco enquadra uma barba ou
caso algum ajuste seja necessário. bigode extravagante. Fica guardado
a sete chaves: “É uma foto que tirei
dos meus filhos durante as férias que
O concurso reúne pessoas passamos na costa da Califórnia, em
com estilos de vida bem 2017. Na minha vida, é uma imagem
distintos, mas que cultuam que representa um tempo e um lugar
modelar a barba e o bigode com perfeição”, ressalta.
Gravuras
fotográficas
O fotógrafo Cássio Vasconcellos busca inspiração na
obra de viajantes europeus em expedição pelo Brasil
no início do século 19 para produzir série artística
POR ÉRICO ELIAS
N o interior da Mata
Atlântica, diante de
uma enorme jequitibá-
-rosa, o fotógrafo paulista Cássio
Vasconcellos faz o enquadramento
série Viagem Pitoresca pelo Brasil,
realizada em trechos de mata nativa
que preservam a condição selvagem
encontrada por aqueles viajantes.
Depois, as fotos passam por
compostas em imagens complexas
a partir de manipulações digitais,
criando obras hiper-realistas e ao
mesmo tempo improváveis. “Cada
imagem da série Coletivos me toma
tendo em mente obras de artistas tratamento digital, ganhando uma muito tempo no computador. Uma
como Debret ou Rugendas. Essa textura próxima à de gravuras. delas chegou a demandar um ano de
visão artística de uma imagem Esse trabalho nasceu em 2015 trabalho. Depois de um tempo, me
captada em meio à natureza como uma espécie de contraponto senti meio saturado e com vontade
tem como inspiração expedições à série Coletivos, desenvolvida por de me reconectar com a natureza.
europeias feitas ao Brasil no Vasconcellos a partir de 2008, baseada Foi nesse momento que começou a
início do século 19 e originou a em tomadas aéreas que depois são nascer a nova série”, conta o fotógrafo.
Até Hercules
Florence, um
dos inventores
da fotografia,
ARTISTAS EUROPEUS NA
veio ao Brasil FLORESTA TROPICAL
em uma das Para Viagem Pitoresca pelo Brasil, o precisão. Foram produzidas por pintores e
expedições e fotógrafo pesquisou gravuras feitas durante ilustradores como os alemães Johann Moritz
depois ficou por expedições científicas e artísticas produzidas Rugendas e Carl von Martius, e os franceses
por pintores e ilustradores em visita ao Brasil Jean-Baptiste Debret, Conde de Clara, Aimé-
aqui, fixando-se na época da monarquia. Cássio Vasconcellos -Adrien Taunay e Hercules Florence – cabe
em Campinas indica três expedições em especial como lembrar que Florence depois se radicaria em
base para seu trabalho: a Missão Austríaca Campinas (SP) e lá seria um dos criadores da
(1817-1821), capitaneada pelo botânico Carl fotografia, em 1833.
Friedrich Philipp von Martius e o zoólogo “O material produzido nessas expedições
Johann Baptist von Spix; a Missão Artística faz parte do imaginário brasileiro. Fico
Francesa, que aportou no Rio de Janeiro em imaginando o impacto que aqueles viajantes
1816, liderada por Joachim Lebreton; e a tiveram ao se deparar com a exuberância
Expedição Langsdorff (1821-1829), chefiada da Mata Atlântica. Isso me inspirou a
pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff e buscar uma reconexão com a natureza,
patrocinada pela Rússia czarista. um contato com um ambiente que não é
Realizadas pouco antes do surgimento familiar, um processo de descoberta dos
da fotografia, essas expedições contaram vestígios daquelas paisagens nos dias de
com a presença de artistas dedicados à hoje”, relata Vasconcellos. Além disso, ele
documentação visual do chamado “novo também tem uma relação familiar com
mundo”. Como em grande parte dos casos essas expedições, já que seu tataravô,
Acima, uma das árvores o intuito era científico, essas imagens o botânico alemão Ludwig Riedel,
encontradas na Mata botânicas, de paisagens e da flora da participou da Expedição Langsdorff,
Atlântica pelo fotógrafo floresta tropical, primam pela minúcia e pela tornando-se depois o fundador da seção
botânica no Museu Nacional. em 1859 na França, ilustrado com álbum fez sucesso justamente pelo
O nome da série, Viagem Pitoresca litografias produzidas a partir de ineditismo, pelo caráter exótico que
pelo Brasil, é inspirado no álbum Brésil fotos tomadas por Victor Frond e as paisagens e os costumes do Brasil
Pittoresque, lançado comercialmente com textos de Charles Ribeyrolles. O despertavam no público europeu.
Vasconcellos é
tataraneto do
botânico Ludwig
Riedel, membro
da Expedição
Langsdorff
30
Paisagem do Rio de Janeiro, que atraiu viajantes europeus no século 19, surge entre a folhagem da Mata Atlântica
Como as saídas a campo envolvem Tem vezes que não existe trilha e você
longas caminhadas dentro da mata, precisa de um mateiro para ir abrindo
Vasconcellos explica que sempre leva a picada com um facão. Gosto muito
consigo o mínimo de equipamento dessa sensação de aventura, mas como
necessário. Ele usa DSLR Canon não sou muito preparado fisicamente
acompanhada de uma lente 24-105 mm cheguei a ter dores nos joelhos. A chuva
f/4 L. As maiores dificuldades técnicas na mata é uma coisa linda, mas também
enfrentadas durante a captação das traz preocupações com equipamento e O impacto
imagens estiveram relacionadas ao acaba atrapalhando no meu caso, que uso
ambiente de mata virgem – a maior parte óculos”, conta Vasconcellos. sentido por
das imagens produzidas até o momento O trabalho foi exposto na galeria Mario aqueles viajantes
foi captada em zonas de Mata Atlântica, Cohen, em São Paulo, ainda em 2015, e europeus me
em parques e reservas nos estados de São na galeria dotART, em Belo Horizonte, em inspirou a fazer a
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, 2016. Em 2019, fez parte da exposição
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. coletiva Nous les Arbres (Nós as Árvores),
série, juntamente
“Nas primeiras viagens, seguia trilhas já realizada na Fundação Cartier, em Paris. com um desejo de
conhecidas. Depois, comecei a acompanhar Inicialmente programada para ocorrer de reconexão com a
biólogos e pesquisadores em zonas de julho a novembro de 2019, a mostra foi natureza
acesso limitado. Nesse tipo de caminhada, prorrogada até janeiro de 2020, devido ao
você tem sempre que estar acompanhado. sucesso obtido junto ao público parisiense. Cássio Vasconcellos
fusão
Em seu
trabalho recente,
Vasconcellos
explora fusão
entre fotografia
e pintura
DESDOBRAMENTOS
E APROPRIAÇÕES
Como desdobramento da série Adolphe Bouguereau. Viagem Pitoresca pelo Brasil seguirá,
Viagem Pitoresca pelo Brasil, Cássio “Gosto de brincar com essa pois Vasconcellos pretende ampliá-
Vasconcellos passou a produzir a partir ambiguidade entre pintura e -la com imagens feitas na Amazônia
de 2019 a série Dríades e Faunos, cujo fotografia. As minhas imagens são – região foi pouco explorada pelo
título faz menção a divindades greco- tratadas a ponto de parecerem fotógrafo por conta das grandes
-romanas que habitam as florestas. pinturas, enquanto as pinturas que distâncias a percorrer e do alto
Para produzir essa série, ele transpôs eu aproprio foram realizadas em um custo envolvido nas viagens.
corpos de modelos nus às paisagens estilo realista, que mais parece uma Em um momento em que as
desabitadas que fotografou para a fotografia. Essa confusão enriquece florestas e os povos nativos se
primeira série. Esse trabalho originou o trabalho e faz o espectador encontram ameaçados pela expansão
a primeira exposição individual do compreender que a fotografia é das fronteiras agrícolas, as séries
fotógrafo, em cartaz na galeria Nara no fundo uma grande ilusão. Ela é parecem propor uma mensagem
Roesler, no Rio de Janeiro, até o dia 30 também e desde o princípio uma de harmonia e comunhão com a
de maio de 2020. imagem construída e codificada, e natureza. Consolidam também uma
À primeira vista, parece que foram não um mero espelho do real”, nova faceta do diversificado trabalho
utilizados modelos reais. Ao olhar defende Vasconcellos. de Cássio Vasconcellos, atualmente
com maior atenção, percebe-se que Enquanto Dríades e Faunos é um dos mais ativos fotógrafos na
são modelos retirados de pinturas considerada uma série pontual, cena artística brasileira.
e cuidadosamente enxertados
aos cenários naturais. Para isso, o
fotógrafo se apropriou de pinturas
acadêmicas da segunda metade do
século 19, feitas após o invento da
fotografia, em um estilo bastante
realista que se aproxima da imagem
fotográfica. A maior parte das pinturas
é de autoria do francês William
Cássio Vasconcellos em
campo: trabalho teve
repercussão internacional
33
MATÉRIA DE CAPA
O domínio criativo da
baixa velocidade
Sem o congelamento da ação ou da cena, entenda
como o movimento pode ser trabalhado na fotografia
para gerar imagens de expressão mais artística
Renato Machado
Tourada em Pamplona, Haas, membro da famosa agência história da fotografia como exemplo do
Espanha, em 1956, Magnum, foi um dos pioneiros no uso de uso ousado e criativo da baixa velocidade
e carros durante a filme colorido em uma época que isso era do obturador. Dominar essa técnica foi a
Indianápolis 500, nos
EUA, em 1957: Hass visto com desconfiança pelos profissionais. maneira que ele encontrou de se diferenciar.
inovou com a baixa A série de imagens que fez de uma tourada Ou ajustava uma velocidade lenta na câmera
velocidade em fotos em Pamplona, Espanha, em 1956, para ou explorava a pouca sensibilidade do
de ação e esportes a revista americana Life, entrou para a filme quando os níveis de luz eram muito
efeito
Velocidade
de 1/30s já pode
causar efeito de
movimento na foto
em algumas
situações
Renato Machado
Acima, baixa velocidade para
criar o efeito cremoso na água;
ao lado, panning em fotografia
de natureza valoriza a ação
EFEITO EM PAISAGENS
Filtros ND, aliás, fazem parte
do arsenal do catarinense Renato
Machado, 50 anos, empresário da
área de marketing que começou a
fotografar mais seriamente em 2014
– hoje, 50% do seu tempo é dedicado
à fotografia, liderando expedições
fotográficas, dando workshops e
produzindo imagens para dois livros
que pretende lançar. Focado em
paisagens, Machado usa a baixa
velocidade para obter um efeito de
movimento em fotos de cachoeiras,
riachos, mar e céu com nuvens, e,
em alguns casos, luzes de veículos
inseridos no cenário.
Ele diz que no caso de cachoeiras
e rios, muitas vezes o volume de
água e a velocidade da correnteza
39
MATÉRIA DE CAPA
Acima, ginasta na prova de cavalo com alça com ajuste de velocidade de 1/10s
e, abaixo, competição de canoagem com 1/30s, ambas feitas com teleobjetiva
Fotos: Fernando Frazão
que o esporte está sendo praticado, são uma ótima oportunidade para Uns sairão muito borrados, outros
explorando formas e cores”, afirma. praticar a baixa velocidade em ação mais nítidos, aparentando estar
O fotojornalista pontua que não esportiva, sugere ele. “Usar a baixa parados. A dica é deixar o movimento
é apenas o esporte profissional que velocidade para retratar diversos do atleta mais ou menos borrado,
gera boas imagens. Atletas amadores, corredores passando, alguns mais variando a velocidade do obturador,
muitas vezes, dão mais liberdade para velozes, outros menos, irá resultar de forma que os elementos de
o fotógrafo criar. As corridas de rua, em uma forma inusitada de registrar primeiro plano ou do plano de fundo
comuns em várias cidades brasileiras, a diferença de velocidade entre eles. fiquem estáticos”, ensina.
Momento em
que o atleta de
saltos ornamentais
mergulha na água;
obturador ajustado
em 1/20s com a
lente em 135 mm
O ideal é
fazer testes com
velocidades
baixas quando o
assunto é registrar
esportes. Depois,
avaliar quais são
os resultados mais
interessantes
Fernando Frazão
Revelação d
Rodrigo Capuski
C
é uma forma de
om crescimento
diferenciar o
acelerado nos últimos
trabalho com anos, o mercado pet
pets tem gerado muitas oportunidades
de negócios. No segmento de
fotografia, a onda não é apenas o
ensaio com os bichos de estimação,
mas juntando eles e seus tutores,
conforme atesta o casal de
fotógrafos Cris Nadalin, 34 anos,
e Rodrigo Capuski, 36, de Curitiba
(PR), com seis anos de carreira. Eles
apostaram forte no nicho em 2019 e
têm alcançado ótimos resultados ao
oferecer books com essa proposta.
Cris e Rodrigo, da Nadalin
Fotografias, são tutores da Olívia,
uma Dachshund de 7 anos, e
de Leica, vira-latas de 4. Usam a
experiência com elas, assim como
a paixão por animais, para produzir
um trabalho que envolve iluminação
outdoor. A dupla prefere começar a
sessão de fotos sempre após as 15h
com o objetivo de conseguir uma
luz mais dramática – a contraluz
também é outra característica
que contribui para criar um efeito
atraente nos books. Eles usam
apenas o Lightroom para criar uma
tonalidade mais amarelada nas
imagens durante a pós-produção.
Cris e Rodrigo
preferem fazer suas
fotos no fim de tarde,
com luz "quente"
por fazer as fotos na casa do cliente. mostrar o comportamento do cachorrinha Leica em uma plantação
Quanto mais conhecido o território animal, priorizando o bem-estar de camomila, imagem que rendeu
para o bicho, mais fácil o trabalho. dele: “O maior objetivo é fazer o pet o segundo lugar no prêmio Dog
Gostamos também de sair um se divertir, pois as imagens ficam Photographer of the Year de 2016-
pouco da região metropolitana de ainda mais espontâneas”, ensina. -2017, na categoria Dogs at Play,
Curitiba e procurar por campos Foi em uma dessas aventuras pelo Kennel Club de Londres,
floridos na estrada”, explica Cris. em busca de campos nas estradas Inglaterra, um dos mais concorridos
Ela informa que o intuito é sempre que Rodrigo Capuski registrou a concursos mundiais sobre o tema.
Rodrigo Capuski
Foto da cachorrinha
Leica em plantação
de camomila rendeu
prêmio a Capuski
51
DICAS PROFISSIONAIS
externas
Os parques da
capital paranaense
são os cenários
mais utilizados
pelo casal
Rodrigo Capuski
DEIXAR O PET
BEM À VONTADE
Para não estressar o animal, o ensaio
pet costuma durar em média entre 1h30
e 2h. Durante a sessão, são usados alguns
truques para chamar a atenção dos bichos.
Um deles é usar brinquedos de borracha
com apitos, que podem ser acionados sem
que o pet veja. O som emitido desperta
a curiosidade, fazendo com que o animal
olhe para a câmera.
Petiscos são outro segredo infalível,
assim como aproximar o tutor para deixar
o modelo mais contido em uma foto mais
posada. Já as bolinhas são macetes para
Acima, retrato
de cães juntos imagens em movimento. É importante
de sua tutora; também que o tutor seja orientado a
ao lado, o casal sempre levar saquinho para recolher os
durante sessão dejetos do animal em sessões externas,
de fotos: assim como água e uma plaquinha de
enquanto um identificação na coleira.
clica, o outro
Arquivo Pessoal
casos, cenas
internas também
fazem parte do
repertório
Arquivo Pessoal
Cristina Nadalin
só de cães (a maioria) e gatos vivem os Para quem gosta do tema e quer se A dupla em ação
fotógrafos do mundo pet. Além de aves, aprofundar mais no assunto, o casal de fotografando um
mais comuns, muitas famílias costumam ter fotógrafos tem uma programação de cursos, cachorro (à esq.)
animais de estimação exóticos, como cobra, palestras e workshops. Para acompanhar a e Ricardo Capuski
interagindo com
lagarto, aranha... O profissional não pode ter agenda e saber mais sobre o trabalho deles, uma cobra: pets
preconceito e deve atender esses clientes acesse: www.nadalinfotografia.com.br ou exóticos também
também, comenta Ricardo Capuski. Instagram: @nadalinfotografia. merecem fotos
Ensaios sensuais
são cada vez mais
procurados por
mulheres comuns
Sensual com
olhar feminino
Acompanhe as lições da fotógrafa paulista Magda Pinheiro para
produzir ensaios sensuais de mulheres comuns com elegância
POR LIVIA CAPELI
59
NU ARTÍSTICO
CENÁRIOS
REQUINTADOS
Magda Pinheiro leva muito a sério a
ideia de oferecer um ambiente íntimo e
apropriado para as mulheres realizarem
as fantasias como musas. A casa escolhida
para acolher o estúdio é dividida em
duas alas, uma só para atender bebês e
crianças, e outra para adultos em sessões
de gestantes, 15 anos e fotografia sensual.
Uma equipe de 16 funcionários, formada a
maioria por mulheres, ajuda a fotógrafa a
editar, atender e produzir os ensaios.
Foi com seu olhar de sonhadora e
artista e a ajuda do marido, Sérgio, que
Magda projetou as dezenas de cenários,
divididos entre área externa e área interna.
Na área do jardim, por exemplo, é possível
realizar o ensaio cercado por plantas (e
longe do olhar curioso de vizinhos), seguir
para set de piscina com cascata e depois
fazer fotos em um miniceleiro, com muita
madeira rústica, roda de carroça e feno. Já
no ambiente interno há cenários repletos
de mobiliários vintage, como cabeceiras,
recamiers e poltronas, a maioria adquirida
em viagens e leilões. Ela está sempre à
procura de adquirir peças para compor
cenários também em sites de objetos e
mobília usados.
Cada cantinho do estúdio traz uma
atmosfera diferente, como um quarto
com decoração estilo vitoriano composto
por aconchegante cama de casal, outro
um banheiro luxuoso com banheira
Fotos: Magda Pinheiro
Ao lado, Magda
Pinheiro em sessão
de fotos em um dos
diversos cenários
internos montados
em seu estúdio-casa;
acima, foto feita no
mesmo cenário
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Mais técnica,
menos Photoshop
Na hora de entregar o
trabalho para a cliente, Magda
Pinheiro prioriza material de alta
qualidade, com acabamento
refinado, como álbuns e revistas
impressas personalizadas, além
de imagens em um pendrive.
Ela explica ainda que vem
apostando cada vez mais em
uma fotografia orgânica, ou seja,
com pouquíssima intervenção de
pós-produção.
Segundo ela, o Photoshop
é usado apenas para eliminar
imperfeições da pele e corrigir
algum tipo de tonalidade ou
coloração, não mais do que
isso. “Há muitos profissionais
vivendo somente em função
do Photoshop, perdendo horas
preciosas da vida pessoal para
fazer fusões de imagens. Demorei
nove anos para me desprender
da ideia de entregar fotos sem
tratamento. Estava perdendo a
saúde, tive até uma paralisia facial,
por causa de estresse. Percebi que
posso fazer um trabalho perfeito
na captura como acontecia na
era do filme”, diz ela. Magda
ainda ressalta que cresceu na
profissão a partir do momento
em que começou a pensar como
empresária, e não como artista.
Para atender dois públicos
bem distintos (família versus
ensaios sensuais), a fotógrafa
aposta no seu profissionalismo,
pois já tem um nome consolidado
na região. Conta que algumas
mães vêm ao estúdio para o
ensaio de bebê e voltam mais
tarde para fazer o sensual.
Para ver mais trabalhos da
especialista e se inspirar, acesse
o site www.magdapinheiro.
com.br ou o Instagram @
magdapinheirofotografia.
Arquivo Pessoal
Foto feita no jardim do estúdio, que conta com piscina e até um miniceleiro
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NU ARTÍSTICO
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