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Mantenedora
Faculdade Vitória em Cristo

Faculdade Vitória em Cristo

Diretor Geral
Prof. Me. Isaías Luis Araújo Júnior

Vice-diretor-Geral
Prof. Me. Ronaldo de Jesus Alves

Diretor Financeiro
Oldair Leal Santos

Diretor Administrativo
Josué de Souza Sobrinho

Diretor de Graduação e Pós-Graduação


Prof. Dr. Yohans de Oliveira Esteves

Diretor de Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários


Prof. Dr. Anderson Luiz Bezerra da Silveira

Equipe Multidisciplinar

Gabriel Luis Oliveira Araújo


Paulo Victor de Oliveira Souza
Prof. Dr. Teresa Cristina dos S. Akil de Oliveira
Prof. Dr. Yohans de Oliveira Esteves
Romulo de Souza Santos Barbosa
Prof. Me. Isaías Luis Araújo Júnior

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Ficha catalográfica elaborada por __________________________________.

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APRESENTAÇÃO
Olá, Shalom!

Seja bem vindo ao nosso livro de Introdução à Bíblia.

Este livro é um material próprio que de forma objetiva, didática e usando recursos

como tabelas, mapas e fotos, apresentará as ciências do texto, as ciências da terra e

ciências históricas relacionadas as ciências da Bíblia. Além disso, em alguma medida, o

livro procurará introduzir o aluno na geografia, na arqueologia e na história do Antigo e do

Novo Testamento.

Para sua construção, foi usado um texto direto e de simples leitura, organizado de

acordo com os conteúdos propostos para a disciplina dentro do esperado num curso

superior.

Sobre nossa disciplina, primeiramente podemos dizer que seu objetivo maior é

capacitar o estudante a compreender algumas especificidades do universo no qual a

Bíblia está inserida e levá-lo a entender a singularidade da Bíblia como Palavra de Deus,

conseguindo explicar e interpretar suas partes e conteúdos, sempre destacando e

apresentando sua relevância histórica e dimensão prática para o leitor contemporâneo.

Para cumprir tudo o que propõe, esta disciplina está estruturada em seis unidades.

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Na “UNIDADE 1 - CIÊNCIAS DO TEXTO I”, o aluno será apresentado ao

conceituação de Bíblia a partir da sua etimologia, canon e línguas, depois será explicado

como nasceu a Bíblia (desde sua origem, passando pela tradição oral e escrita) e,

terminando a unidade se discutirá sobre a sua inspiração, revelação e iluminação.

Na “UNIDADE 2 - CIÊNCIAS DO TEXTO II” o aluno terá contato com os tipos de

materiais usadas para a escrita da Bíblia ao longo da história (como a pedra, papiro etc),

conhecerá as características do texto inspirado e será introduzido ao fascinante mundo

dos gêneros literários bíblicos bem como da sua importância para uma correta leitura das

Escrituras.

Na “UNIDADE 3 - CIÊNCIAS DA TERRA I” o graduando iniciará sua jornada por

Israel, pela espetacular terra da Bíblia, conhecendo suas grandes áreas geográficas, seus

principais rios, mares, montes, vales e cidades.

Na “UNIDADE 4 - CIÊNCIAS DA TERRA II”, continuando sua exploração pelas

ciência da terra”, o foco desloca-se para a arqueologia e Bíblia e as principais

descobertas arqueológicas do Antigo e do Novo Testamento. Descobertas que só vem

comprovar a veradicidade dos eventos bíblicos e também dos seus personagens.

Na “UNIDADE 5 - CIÊNCIAS HISTÓRICAS DO ANTIGO TESTAMENTO” o aluno

será introduzido a história de Israel na época do Antigo Testamento, a partir de Adão,

passando pelo chamado de Abraão, pela época mosaica, época de Josué e dos Juízes,

da monarquia até época pós-exílica.

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Finalizando a disciplina, a “UNIDADE 6 - CIÊNCIAS HISTÓRICAS DO NOVO

TESTAMENTO” apresentará a história canônica registrada no Novo Testamento a partir

dos evangelhos, as biografias de Jesus, passando pelo início da igreja com atos

apostólicos e finalizando com as cartas apostólicas e as doutrinas dos apóstolos.

Além destas unidades unidades, o aluno vai encontrar neste livro duas unidades

revisionais que foram pensadas de forma a apoiá-lo na realização de trabalhos e/ou

avaliações e duas baterias de exercícios de fixação. Assim, ao concluir esta disciplina o

estudante certamente desenvolverá habilidades como ter domínio das ciências auxiliares

a compreensão e interpretação da Bíblia e respeito com as tradições e linguagens

bíblicas.

Partindo da premissa que o estudo teológico se alicerça na Bíblia, essa disciplina é

basilar e importantíssima, pois o conhecimento da Sagrada Escritura passa pela

compreensão de todas as ciências que a cerca e alicerça.

Bom estudo. Deus abençoe sua vida!

Profa. Dra. Teresa Akil

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Orientações Gerais para o Estudo

Bem-vindo mais uma vez! Sabemos que o estudo de uma disciplina de graduação traz
alguns afazeres, e estar preparado é fundamental para se chegar ao fim desta jornada.
Assim, antes de iniciarmos nossa disciplina, preparamos algumas dicas para tornar seus
estudos mais fáceis, práticos e agradáveis. Vamos lá?

Tenha Compromisso

O caminho para o sucesso da disciplina passa por você e por sua vontade e
determinação. Assuma um compromisso com você mesmo, seja constante e não
procrastine.
Seja você o agente do seu aprendizado, não fique esperando o professor/tutor, ou algum
colega te perguntar se fez ou não determinada tarefa, simplesmente faça!
Cada passo conta como uma vitória, o conhecimento adquirido é seu, somente seu, e não
esqueça que o nosso cérebro é o órgão do nosso corpo que, quanto mais usamos, melhor
fica!

Faça uma Agenda de Estudos

Se organize, crie uma agenda própria para estudar, faça um compromisso com você
mesmo e evite ao máximo trocar seus estudos por outra atividade qualquer. O maior
beneficiado é você mesmo.
O ideal é estabelecer uma meta diária de horas de estudo e buscar todos os dias atingir
essa meta. Mas calma, se a semana ficou difícil e você não conseguiu, lembre que pode

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reajustar a rota e recuperar o tempo perdido. Só não faça da exceção, a regra.


Pontualidade é a chave do sucesso! Não deixe para a última hora, não perca seus prazos
e tarefas, elas são contribuições preciosas em seu processo de aprendizagem.

Se prepare

Se prepare! Encontre um lugar adequado, separe tudo o que vai precisar, não deixe nada
e nem ninguém te atrapalhar e lembre, a tranquilidade e o conforto contam muito nessa
hora.

Fique calmo, você não está sozinho!

Toda dúvida precisa ser sanada, não deixe de pedir auxílio, o professor/tutor está
habilitado para te ajudar e aliás, essa é a função dele.
Crie uma lista de dúvidas e prioridades, não deixe que acumulem e peça sempre
orientação logo que elas aparecerem.

Exercícios e Avaliações

Fique atento ao cronograma de atividades e avaliações e não deixe de realizá-las, elas


são importantes ferramentas para que você perceba como anda sua aprendizagem
durante o curso. Lembre-se, cada ponto conta!
Se concentre, procure um lugar tranquilo e que te permita ler e compreender bem o que
se pede. Após as correções, busque a melhoria contínua, aprenda com os erros que
cometeu, a aprendizagem é um processo contínuo.

Bom estudo e sucesso!

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Sumário

APRESENTAÇÃO 4

1 12

Ciências do texto I 12
1.1 A BÍBLIA - ETIMOLOGIA 12

1.2 O Cânon da Bíblia 14

1.3 COMO NASCEU A BÍBLIA: ORIGEM E TRADIÇÃO ORAL E ESCRITA 20

1.4 Inspiração, revelação e iluminação 24

2 33

Ciências do texto II 33
2.1 Materiais de escrita da bíblia 33

2.1 As características do texto inspirado 36

2.2.1 Os gêneros literários do antigo testamento 37

2.2.2 Os gêneros literários do novo testamento 40

3 46

Ciências da terra I 46
3.1 A terra da bíblia: Grandes áreas geográficas 46

3.2 Principais rios, mares, montes e vales 50

3.3 Principais cidades 55

Unidade Revisional 1 60

Atividades de Aprendizagem 71

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4 76

Ciências da terra II 76
4.1 A ARQUEOLOGIA E BÍBLIA 76

4.2 As principais descobertas arqueológicas para o AT 77

4.2 As principais descobertas arqueológicas para o NT 83

5 90

Ciências históricas do antigo testamento 90


5.1 De Adão até Abraão 90

5.2 De Abraão até Josué 92

5.3 De José até a monarquia unida 96

5.4 Da monarquia dividida até o exílio 99

6 108

Ciências históricas do Novo Testamento 108


6.1 Os evangelhos e as biografias de Jesus 108

6.2 Os atos apostólicos e o ínicio da igreja 116

6.3 Cartas, epístolas e outras literaturas do Novo Testamento 121

Unidade Revisional 2 126

Atividades de Aprendizagem 138

Gabarito 142

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 143

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Ciências do texto I
Nesta primeira unidade estudaremos a etimologia e o significado da palavra bíblia,

quais são os cânones bíblicos e em quais línguas foram escritos o Antigo e o Novo

Testamento.

Vamos começar!

1.1 A BÍBLIA - ETIMOLOGIA

Etimologicamente, a palavra bíblia é um vocábulo originário da língua grega e pode

ter vários significados, dependendo da declinação na qual se apresenta.

O primeiro significado para a palavra bíblia é “rolo” (do grego βιβλos, lê-se “biblos”)

e se encontra na segunda carta que Paulo escreveu a Timóteo. Assim registra II Tm 4.13:

"Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus

rolos, especialmente, os pergaminhos.”

No texto original grego, podemos ler como o apóstolo Paulo escreve “rolos”,

reparando no destaque em negrito: “τον φαιλονην ον απελιπον εν τρωαδι παρα καρπω

ερχομενος φερε και τα βιβλια (lê-se “tá biblia”) μαλιστα τας μεμβρανας.”

O segundo significado para a palavra bíblia está ligado à referência a uma folha de

papel preparada para escrita. É isso que nos indica Mc 12.26: "Quanto à ressurreição dos

mortos, vocês não leram na folha de Moisés, no relato da sarça, como Deus lhe disse: Eu

sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó".

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Mais uma vez, recorrendo ao texto original grego, podemos reparar no destaque

em negrito dado pelo evangelista: “περι δε των νεκρων οτι εγειρονται ουκ ανεγνωτε εν τη

βιβλω (lê-se “te biblo”) μωσεως επι της βατου ως ειπεν αυτω ο θεος λεγων εγω ο θεος

αβρααμ και ο θεος ισαακ και ο θεος ιακωβ.”

O terceiro significado para a palavra bíblia está ligado a um rolo de tamanho

pequeno ou um livro, chamado βιβλιον (lê-se “biblion”). É isso que registra Lc 4.17:

"Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito".

Repare no destaque em negrito dado no texto original grego de Lc 4.17: και επεδοθη

αυτω βιβλιον ησαιου του προφητου και αναπτυξας το βιβλιον (lê-se “to biblion”) ευρεν τον

τοπον ου ην γεγραμμενον.”

Diante dessas três possibilidades de significado, hoje, a palavra βιβλια (lê-se bíblia)

significa, literalmente, uma “coleção de rolos pequenos”. Foi com o desaparecimento dos

rolos que a palavra passou a significar livros. E daí surgiram as palavras biblioteca,

bibliografia, bibliófilo etc.

Confirmando o que foi dito, Silva lembra que, “inicialmente, a palavra bíblia em

grego designava qualquer livro, mas surgiu oficialmente como designação dos livros

sagrados em um momento tardio” (SILVA, 2007, p.19).

Assim, podemos pensar que a Bíblia é uma antologia de pequenos textos, ou ainda

uma coleção de pequenos livros, escritos sob a inspiração do Espírito Santo pelos mais

diversos escritores. Como informa Silva:

"A definição de Bíblia, culturalmente aceita pelo Cristianismo, é a de

um conjunto de livros adotados como canônicos (oficiais) pelo

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Cristianismo e usados como fundamento para sua prática doutrinária

e confissões de fé".

(SILVA, 2007, p.19)

“percebe-se que a Bíblia não se restringe a um único livro, mas ao

conjunto de livros tidos pelas comunidades religiosas como sendo a

mensagem de Deus para os povos”.

(SILVA, 2007, p.20)

Religiosamente, a Bíblia é um conjunto de livro que é a Palavra de Deus, escrita

por diversos homens, escolhidos por Deus e inspirados pelo Espírito Santo. Esses

homens inspirados foram usados com sua língua, sua cultura, sua época e sua fé,

colaborando para que Deus se revelasse à humanidade.

1.2 O Cânon da Bíblia

Enquanto antologia de textos (e/ou de pequenos livros), a Bíblia, atualmente, é

composta por dois testamentos: o Antigo e o Novo.

Ao abrir a Bíblia, o leitor depara-se com o Antigo Testamento, a parte que registra

as histórias mais antigas da Bíblia, desde os tempos imemoriais da criação do mundo,

passando pela escolha divina dos patriarcas de Israel, reis e profetas de Israel. Esse

registro foi feito em duas línguas: em hebraico (até hoje falado em Israel e entre a

comunidade judaica espalhada ao redor do mundo) e, em pequenas passagens, em

aramaico (Jr 10.11; Dn 2.4-7.28; Ed 4.8-6.18; 7.12-26).

Em termos cronológicos e de organização interna, o Antigo Testamento é composto

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por 24 livros na versão judaica, por 46 livros na versão católica e por 39 livros na versão

protestante.

Aqui chamaremos a organização interna de cânon. A palavra cânon ou cânone é a

lista de textos sagrados aceitos como inspirados por Deus e autoritativos em termos de fé

para uma comunidade. A palavra "cânone" vem da palavra grega κανών (lê-se “canon”) e

significa "régua" ou "vara de medir". Para alguns estudiosos, os cristãos foram os

primeiros a utilizar esse vocábulo como referência às Escrituras.

Bastos sinaliza a importância do cânon dizendo que:

“A construção de um cânon da literatura bíblica foi uma importante

ferramenta de consolidação do cristianismo. A seleção de livros

oficiais entre tantos registros – embasados, sobretudo, em fontes

orais – garantiu que as discussões em torno de diferentes

interpretações não impedissem a expansão da religião em seus

primeiros séculos”

(BASTOS, 2017, p.76)

Agora que você já sabe o que é cânon, vamos conhecer como é dividido e quais

são os livros que o compõem da versão judaica, protestante e católica do Antigo

Testamento.

O CÂNON JUDAICO - Comecemos pelo cânon judaico, organizado no Concílio de

Jâmnia em 90 d.C., considerado o mais antigo e mais curto, com 24 livros e dividido em

três partes:

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TORAH NAVI'IM KETUBIM

Gênesis, Êxodo Josué, Juízes Salmos, Provérbios

Levítico, Números I e II Samuel Jó, Cantares, Rute

Deuteronômio I e II Reis Lamentações, Eclesiastes

Isaías, Jeremias Ester, Daniel

Ezequiel, Os Doze Esdras-Neemias

I e II Crônicas

Quadro 1: o cânon Judaico.


Fonte: Elaborado pela autora.

A primeira parte, “Torah”, palavra hebraica que significa “Lei”, é conhecida pelos

cristãos como Pentateuco e possuiu cinco livros. A segunda parte, “Navi’im”, palavra

hebraica que significa “Profetas”, é subdividida em “Profetas Anteriores” (Js, Jz, Sm e Re)

e “Profetas Posteriores” (Is, Jr, Ez e os profetas menores). A terceira parte, “Ketubim”,

palavra hebraica que significa “Escritos”, contém, na visão judaica, os livros sapienciais e

poéticos (Sl, Pv, Jó), os cinco rolos das festas ou Megillot (Ct, Rt, Ec, Lm e Et), o livro

apocalíptico de Daniel e os dois históricos de época pós-exílica (Ed-Ne e Cr).

Entre o cânon judaico e o católico, surgiu um importante cânon chamado de

Septuaginta, Setenta (LXX) ou "tradução dos setenta intérpretes", produzida por judeus

que moravam no Egito entre o final do século III a.C. e no II a.C.

Essa versão bíblica é chamada de LXX devido a "Carta de Aristeias a Filócrates", a

qual conta que Pitolomeu Filadelfo desejou obter uma tradução grega do Pentateuco,

para conhecer o que ele dizia e para que servisse aos judeus de fala grega que viviam,

sobretudo, em Alexandria. A carta conta que setenta e dois eruditos judeus, sendo seis de

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cada uma das tribos de Israel, foram selecionados para fazer a tradução do Pentateuco

do hebraico para o grego; o que fizeram em setenta e dois dias e com plena concordância

entre si, apesar de terem trabalhado individualmente e não se falado neste tempo.

No cânon da LXX, contém os livros da Bíblia Hebraica em uma ordem diferente,

além dos chamados de deuterocanônicos (pelos católicos) ou apócrifos (pelos

protestantes), como você pode conferir abaixo:

LEGISLAÇÃO HISTÓRIA POETAS PROFETAS

Gênesis, Êxodo Josué, Juízes, Rute, Salmos, Odes Doze profetas menores, Isaías,

Levítico, Números I, II, III e IV Reis, Provérbios de Salomão, Jeremias, Baruc, Lamentações,

Deuteronômio I e II Paralipômenos Eclesiastes, Cântico dos Carta de Jeremias, Ezequiel,

Esdras I e II, Cânticos, Jó, Sabedoria, Susana, Daniel 1-12, Bel e o

Ester, Judite, Tobias, I, II, Eclesiástico e Salmos Dragão.

III e IV Macabeus de Salomão

Quadro 2: divisões.
Fonte: Elaborado pela autora.

Ao comparar esse cânon com o judaico, vemos que o Pentateuco está inalterado,

mas outros livros mudaram de ordem, de nome, de lugar e foram acrescentados novos

livros.

Na parte “História”, os livros de I e II Reis correspondem aos livros de I e II Samuel,

III e IV Reis ao livros de I e II Reis, I e II Paralipômenos a 1 e 2 Crônicas e II Esdras aos

livros de Esdras e Neemias. Nessa parte, encontramos os deuterocanônicos (apócritos)

de I Esdras, Judite, Tobias e I, II, III, IV Macabeus.

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Na parte “Poetas”, também foram acrescentados os livros Odes, Sabedoria,

Eclesiástico e Salmos de Salomão e, na parte “Profetas”, os livros de Baruc, Carta de

Jeremias, Susana e Bel e o Dragão.

Foi a partir da LXX - e da exclusão dos livros de III e IV Macabeus, Odes,

Sabedoria de Salomão, Carta de Jeremias e, da migração para dentro do livro de Daniel,

as histórias de Suzana (Dn 13) e Bel e o Dragão (Dn 14) - que o cânon católico do Antigo

Testamento foi montado, confira:

PENTATEUCO HISTÓRICOS SAPIENCIAIS PROFÉTICOS

Gênesis, Êxodo Josué, Juízes, Rute, I e Jó, Salmos, Provérbios, Isaías, Jeremias,

Levítico, Números II Samuel, I e II Reis, I Eclesiastes, Cânticos Lamentações, Baruc, Ezequiel,

Deuteronômio e II Crônicas, Esdras, dos Cânticos, Daniel, Oséias, Joel, Amós,

Neemias, Tobias, Sabedoria, Abdias, Jonas, Miqueias,

Judite, Ester, I e II Eclesiástico. Naum, Habacuque, Sofonias,

Macabeus. Ageu, Zacarias, Malaquias

Quadro 3: divisões.
Fonte: Elaborado pela autora.

O CÂNON CRISTÃO - Vamos agora conhecer o cânon do AT protestante e seus 39

livros. Aproveite para reparar que ele tem os mesmos livros do cânon judaico, mas a

ordem dos livros é igual à do cânon católico:

PENTATEUCO HISTÓRICOS SAPIENCIAIS PROFÉTICOS

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Gênesis, Êxodo Josué, Juízes, Rute, Jó, Salmos Isaías, Jeremias, Lamentações,

Levítico, Números I e II Reis, Provérbios, Eclesiastes Ezequiel, Daniel,

Deuteronômio I e II Crônicas Cântico dos Cânticos. Oséias, Joel, Amós, Obadias,

Esdras, Neemias Jonas, Miqueias, Naum,

Ester Habacuque, Sofonias, Ageu,

Zacarias, Malaquias

Quadro 4: divisões.
Fonte: Elaborado pela autora.

Conhecido os cânones do Antigo Testamento, vamos conhecer o Novo Testamento,

que não faz parte da Bíblia Judaica, apenas das bíblias cristãs, sejam as protestastes ou

as católicas, com um total de 27 livros, todos escritos em grego koine ou grego popular,

confira:

EVANGELHOS HISTÓRICOS EPÍSTOLAS PROFÉTICO

Mateus Atos dos Apóstolos Romanos Apocalipse


Marcos 1 e 2 Coríntios
Lucas Gálatas, Efésios
João Filipenses, Colossenses
1 e 2 Tessalonicenses
1 e 2 Timóteo
Tito, Filemom
Hebreus, Tiago
1 e 2 Pedro
1, 2 e 3 João
Judas

Quadro 5: divisões.
Fonte: Elaborado pela autora.

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Como disse Silva, observando a divisão do cânon do NT:

"Novo Testamento também possui uma divisão própria, onde os

quatro primeiros livros (...) são chamados de Evangelhos. O outro

grupo constitui-se das epístolas ou cartas escritas pelos apóstolos

(do grego “enviados”), que por sua vez são subdividas em Epístolas

Paulinas e Epístolas Católicas (...). A terceira parte é formada pelos

textos apocalípticos que abrangem somente o livro de Apocalipse

(ou Revelações de São João)."

(SILVA, 2007, p.22)

1.3 COMO NASCEU A BÍBLIA: ORIGEM E TRADIÇÃO ORAL E ESCRITA

Para nós do século XXI é muito natural o processo de escrita. Desde criança temos

contato com letras, livros, revistas, jornais e, atualmente, através da internet, com as mais

variadas redes sociais. Mas será que as sociedades antigas sempre foram letradas? Será

que Bíblia já nasceu sendo escrita?

A tradição judaica (a qual é mais antiga do que a cristã e a que Jesus foi criado)

pensa que SIM. Para os judeus, a Torah (ou Pentateuco) é um conjunto singular de livros,

pois teve sua escrita especialmente planejada por Deus e ditada a Moisés, o qual a

escreveu a partir do Monte Sinai.

Quanto aos livros dos Profetas Anteriores, o livro de Josué foi escrito pelo próprio,

em sua maior parte, contudo os versículos que nos contam sobre a sua morte (Js

23.20-32), a morte de Eleazar (Js 24.33), foram escritos por Finéias, posteriormente.

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Ainda segundo a tradição judaica, todo o livro dos Juízes até I Samuel 24 (que

narra a morte deste último juiz) foi escrito pelo profeta Samuel. Os textos de I Samuel 25

até II Samuel 24 foram escritos por Natan e Gad (I Cr 29.29). Os dois livros dos Reis

foram escritos pelo profeta Jeremias, sendo que incluíam também material escrito por

profetas anteriores.

É interessante constatarmos como a escrita da Bíblia está em sintonia com as

práticas da antiguidade! Como disse Queiroz: "a escrita, na Antiguidade, era uma

atividade restrita especialmente a um grupo de escribas profissionais, patrocinados por

templos ou governantes" (QUEIROZ, 2007, p.47). No mundo bíblico, esses profissionais

poderiam ser os escribas (como Esdras), mas também escrivães (heb. “sofer”, cf. 2 Sm

8.17; 20.25; 2 Re 12.20), profetas e/ou videntes.

Sobre a autoria dos livros dos Profetas Posteriores (que para nós cristãos equivale

aos profetas maiores e menores), os judeus consideraram duas coisas: 1. As revelações

proféticas podiam ocorrer fora da Terra de Israel, mas nenhuma profecia podia ser

publicada fora dela; 2. Era costume os profetas registrarem suas profecias pouco antes de

sua morte, mas em alguns casos profecias públicas eram registradas pela "Grande

Assembleia", uma assembleia composta por Esdras, Neemias e mais 120 escribas,

sábios e profetas que ajudaram na preservação e fixação do cânon hebraico.

Assim, defende a tradição judaica, que o Livro de Isaías foi escrito pelo próprio

profeta, mas também pela escola do Rei Ezequias, pois Isaías foi morto pelo Rei

Manassés e não teve chance de deixar todas suas profecias por escrito. O Livro de

Jeremias foi escrito por ele mesmo e terminado pela Grande Assembleia. Já o livro de

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Ezequiel (já o profeta vivia fora da Terra Santa e não publicou suas profecias) e o Livro

dos Doze (ou profetas menores) pela Grande Assembleia. Aqui vale esclarecer que os

profetas menores foram escritos em um único rolo, pois, individualmente, os livros eram

tão pequenos que se teriam perdido se publicados em separado.

A última parte do cânon hebraico, o Ketubim (Escritos), creem os judeus, teve seus

livros escritos por intermédio de Inspiração Divina, mas sem visão profética. O livro de

Salmos foi publicado pelo rei David, contudo, alguns deles já tinham sido compostos e

transmitidos por gerações anteriores. O Livro dos Provérbios, o Eclesiastes e o Cântico

dos Cânticos foram escritos pelo rei Salomão, mas como este estava muito envolvido com

afazeres de seu reino para poder publicá-los, quem o fez foi a Escola do Rei Ezequias (Pv

25.1), e o Livro de Jó foi escrito por Moisés.

O Livro de Rute, que se lê durante a festa de Shavuot (colheita ou pentecostes), foi

escrito pelo profeta Samuel. O Livro das Lamentações foi escrito pelo profeta Jeremias. O

Livro de Ester foi escrito, originalmente, por Mordecai, como uma carta às várias

comunidades judaicas da época, contando-lhes acerca do milagre, mas acabou sendo

publicada pela Grande Assembleia.

Queiroz, resumindo toda a tradição vai dizer que:

“A visão tradicional acerca da origem da Bíblia afirma que ela teria

sido escrita por indivíduos identificáveis: A tradição primitiva judaica

e cristã identificou Moisés como o autor [...] do Pentateuco [...],

Josué como autor de Josué, Samuel como o autor de Juízes e Rute,

Davi como o autor de grande parte dos Salmos, Salomão como o

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autor da maior parte do Livro de Provérbios, assim como do

Eclesiastes e dos Cânticos de Salomão, e os profetas como os

autores dos livros que levam seus nomes. "

(QUEIROZ, 2007, p.47)

O Livro de Daniel também foi publicado pela Grande Assembleia, haja vista que

suas profecias ocorreram na Babilônia, fora da Terra de Israel, não sendo publicadas de

imediato. Esdras escreveu seu livro e o de Neemias. Os Livros de I Crônicas 1 até II Cr

21.2 foram escritos por Esdras e o restante de Crônicas 2, por Neemias.

Apesar de toda essa tradição judaica estabelecida por anos, atualmente, há alguns

estudiosos, até mesmo entre os judeus, que pensam que as histórias presentes na Bíblia

surgiram de forma oral, nas rodas de conversa da época nômade de Israel, onde se

relembravam os feitos de Deus junto ao seu povo. Segundo Silva, “a história da Bíblia

começou muito antes do estabelecimento de sua forma escrita. De fato, vários textos

bíblicos dos quais se tomam conhecimento, atualmente, foram transmitidos, oralmente,

durante séculos.’ (SILVA, 2007, p.25)

Nessas rodas, não importavam tanto as datas precisas, mesmo porque o

calendário naquela época não era muito preciso. O mais importante era que os

acontecimentos principais fossem transmitidos de geração em geração, para que não se

perdesse a memória dos fatos e dos personagens antigos (cf. Sl 78.1-8). A grande

preocupação do povo de Deus era a fidelidade a Deus e aos antepassados chamados por

Deus.

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Assim, a Bíblia, antes de ser escrita, foi vivida, contada, relembrada, narrada,

celebrada pelos grandes homens de Israel como Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos, que

originaram as doze tribos. Para eles, a presença do Deus da vida, o principal

personagem dessas histórias, era o fundamental a ser registrado, mais do que qualquer

outra coisa. Vale ainda ressaltar, que toda essa tradição oral tem o mesmo peso e

inspiração da tradição escrita.

Agora que já conhecemos sobre como nasceu a Bíblia, vamos entender sobre os

conceitos de inspiração, revelação e iluminação.

1.4 Inspiração, revelação e iluminação

A palavra portuguesa “inspiração” vem da junção das gregas THEO (Deus)

PNEUTOS (Soprado). Em Latim, vem de IN (em, dentro, sobre) + SPIRO (soprar, exaltar

um sopro, exalar um cheiro, respirar). Assim, a inspiração do registro dos textos bíblicos

ocorreu quando Deus soprou para dentro do escritor bíblico a verdade divina.

Inspiração é, portanto, o processo pelo qual Deus moveu alguns homens que

enunciaram e escreveram palavras emanadas da boca do Senhor, a fim de comunicar a

instrução de salvação ao seu povo e ao mundo. É como diz II Tm 3.16-17 e Mendes, "a

Bíblia é considerada sagrada exatamente porque as pessoas concebem que ela é Palavra

de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e como tal guarda a mensagem de Deus ao seu

povo." (MENDES, 2007, p.538)

Ao ampliar o entendimento de inspiração, pode-se dizer que existem três

elementos essenciais da inspiração. O primeiro é a canonicidade divina. Diz-se que o

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primeiro fator e o mais importante da doutrina da inspiração é que Deus é a fonte

primordial da Bíblia e a causa primeira da verdade bíblica. Dessa forma, a Escritura é um

produto divino, devendo ser encarada e avaliada como tal. Ainda que os homens a

tenham registrado, foi o próprio Deus quem estimulou o elemento humano. Foi Deus

quem lhes revelou essas verdades para serem escritas.

O segundo elemento essencial da inspiração é a Mediação Profética. Assim

dizemos que a Bíblia possui uma dupla autoria - Deus e o homem. O homem é o autor

secundário, enquanto Deus é o autor primário. Foi através de sua superintendência que

cada escritor fez o seu trabalho.

A inspiração inclui no trabalho humano a supervisão do Espírito Santo, onde cada

autor humano tem o seu próprio estilo e cada um fez uso dos seus dons individuais e de

sua formação educacional no registro das Escrituras.

Deus fez uso das faculdades dos escritores, assim como de suas experiências e

criatividade para registro de sua mensagem. Aqui alguns pontos importantes devem ser

destacados:

1. O fato de, na inspiração, Deus não ter invalidado a personalidade, o estilo, a

perspectiva e o condicionamento cultural do escritor, não significa que, no processo

de registro da mensagem, o autor tenha distorcido a verdade recebida;

2. A inspiração está vinculada apenas ao manuscrito original (autógrafos) e não se

estende às inúmeras cópias e traduções que foram feitas ao longo dos anos;

3. A inspiração dos escritos bíblicos não deve ser igualada com a inspiração das

grandes obras da literatura, nem mesmo quando o escrito bíblico for, de fato, uma

25 |Introdução à Bíblia - FVC


26

obra da literatura.

4. A ideia bíblica da inspiração não se relaciona com a qualidade literária do que é

escrito, mas com sua característica de ser revelação divina.

O terceiro elemento essencial da inspiração é a Autoridade Escrita. Ou seja, o

produto final da autoridade divina é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia, em

operação por meio dos profetas, intermediários de Deus.

A Escritura "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,

para corrigir, para instruir em justiça". As Escrituras receberam autoridade do próprio

Deus, que falou mediante os profetas.

A Bíblia é a última palavra no que concerne os assuntos doutrinários e os éticos.

Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra

escrita de Deus. Ela permanece, em sua autoridade, acima dos homens, dos credos e da

própria Igreja.

Assim, a Escritura está atrelada à mente, ao coração e à consciência como única

regra de fé e prática para aquele que crê. A autoridade das Escrituras que lhes dá a sua

preeminência canônica pode ser atribuída a sete fontes diferentes:

1. As Escrituras têm autoridade porque foram inspiradas por Deus;

2. Foram escritas por homens, escolhidos por Deus e guiados pelo Espírito Santo;

3. Foram reconhecidas por aqueles que as receberam primeiro;

4. Foram atestadas pelo Senhor Jesus, a segunda pessoa da Trindade;

5. Foram recebidas, entregues e atestadas pelos profetas;

26 |Introdução à Bíblia - FVC


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6. São a Palavra de Deus empregada pelo Espírito Santo;

7. A autoridade da Bíblia pode ser vista no fato de que, sem o menor desvio, ela

vindica e satisfaz cada alegação sua.

Apresentados aos três elementos essenciais da inspiração, podemos avançar e

conhecer três teorias majoritárias sobre a inspiração.

A primeira é que “a Bíblia é a Palavra de Deus”. Esse foi o posicionamento

ortodoxo e inquestionável por séculos até que, no século XIX, alguns estudiosos

começaram a levantar questionamentos como “se a Bíblia é inspirada por Deus, como

pode ter vários estilos?”

Diante das questões levantadas pelos teólogos críticos do século XIX, duas teorias

ou correntes surgem a fim de tentar responder, para cessar com as discussões. A

primeira é a teoria do “Ditado Verbal” que defendeu que, por divina providência, Deus

selecionou e preparou as personalidades humanas, os estilos literários e as palavras que

desejava usar para registrar sua Palavra. Como informa Queiroz:

“no protestantismo da pós-Reforma, acreditava-se, por exemplo,

que a Bíblia havia sido inspirada verbalmente, isto é, que seus

autores teriam sido guiados por Deus através do Espírito Santo e

que, portanto, Deus seria em si o autor de cada palavra dos livros

bíblicos”

(QUEIROZ, 2007, p.47)

A segunda teoria, idealizada por Strong em 1907, foi a da “Inspiração Conceitual”

27 |Introdução à Bíblia - FVC


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ou a “Teoria Dinâmica” que defendeu que Deus teria inspirado apenas os conceitos e os

pensamentos, mas os homens teriam toda a liberdade para exprimir-se e exprimi-los

através de estilos diferentes.

A segunda teoria majoritária sobre a inspiração é que “Bíblia contém a Palavra de

Deus”. Opondo-se à ortodoxia e ao fato de a Bíblia ser a palavra de Deus. Essa segunda

teoria foi muito difundida no meio do Liberalismo Teológico, onde se defendeu que certas

partes da Bíblia são divinas, mas outras são humanas. É por isso que na Bíblia, além das

Palavras de Deus, reúne-se também mitos, lendas, falsas crenças etc. Essa teoria

defendeu que as partes “inspiradas” são resultado da iluminação divina, que concedeu a

determinados homens uma percepção diferente: o mistério. Lembra Mendes que:

"Houve mesmo radicais afirmações, no sentido de negar a

inspiração de Deus na Bíblia, ao dizer que o ser humano pode

encontrar Deus unicamente através de suas capacidades e de

estudos “científicos” das Escrituras. Houve mesmo uma tendência

de separar o que era considerado Palavra de Deus e o que era

palavra humana, a partir de um processo de “desmitologização” dos

textos bíblicos, fazendo-se, para isso, um uso ostensivo da ciência."

(MENDES, 2007, p.539)

A terceira teoria majoritária sobre a inspiração, muito comum entre os da Neo

ortodoxia, é que a “Bíblia torna-se a Palavra de Deus”. Em outras palavras, a Bíblia se

torna a Palavra de Deus a partir do encontro pessoal entre Deus e o homem. Nesse

28 |Introdução à Bíblia - FVC


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grupo, coexiste a corrente dos demitizadores, que defendem que a Bíblia é cheia de mitos

e sem revelação, e a dos pensadores modernos que simplesmente não creem nas

Escrituras como revelada por Deus.

Agora que já conhecemos sobre a inspiração, vamos aprender sobre a revelação.

Como uma definição para revelação temos o significado de “tirar o véu”. Assim

revelação é mostrar algo que estava encoberto. Por isso, quando se diz que “Deus se

revelou”, significa que Ele “retirou o véu” que encobria algo divino diante dos homens e se

deu a conhecer à humanidade.

A autorrevelação de Deus ocorreu de duas formas: a) Direta: que acontece por

meio de palavras, sinais, visões e sonhos; b) Indireta: que acontece através das

operações de Deus na história por meio de seus atos de salvação.

As discussões sobre a revelação de Deus geraram entre os estudiosos uma

dúvida: Deus se Revelou só na Bíblia? A resposta é NÃO. Além da revelação narrada na

Bíblia, através da qual conhecemos a História de Israel (II Re 17.13; Sl 103.7; I Co 10.11),

Deus também se utilizou da:

1. Revelação Natural ou revelação externa, na natureza criada por Ele como o

universo, flora, fauna etc. (cf. Sl 19.1-2; Atos 14.17; Rm 1.19-20);

2. Revelação Moral ou revelação interna, através da ética, da lei, da moralidade, da

integridade, da consciência e do discernimento entre certo e errado inerente a todo

homem (Rm 2.14-15).

Agora, vamos falar brevemente sobre a iluminação… Com relação a iluminação, no

29 |Introdução à Bíblia - FVC


30

sentido espiritual, sua definição está relacionada ao "ligar a luz" do entendimento em

alguma área da Escritura. Afinal, a iluminação é a capacidade que Deus nos dá de

entender a Sua palavra inspirada e revelada, Sua vontade, Seus planos e tudo quanto

está contido na Palavra.

Como diz Efésios 1.18-19: “Iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes

qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos

santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a

eficácia da força do seu poder.”

Assim, a iluminação acontece através da ação do Espírito Santo, que nos capacita

a discernir as coisas de Deus e a Palavra do Senhor. É por isso que lemos em 1 Coríntios

2.14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são

loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

Concluindo a inspiração... Revelação e iluminação são conceitos que caminham

bem juntos, mantendo uma estreita ligação entre si, e são necessárias para uma melhor

compreensão do ensino das Escrituras.

Os principais elementos da inspiração são: Deus é a fonte da bíblia, que possui

uma dupla autoria, pois foi escrita por homens, mas inspirada por Deus. Por ser a Palavra

de Deus, é dotada de autoridade, tornando-se única regra de fé e prática para a vida dos

crentes.

O processo de formação da Bíblia passou por várias etapas até alcançar o que

hoje se conhece. E mesmo que muitos não creiam na Bíblia como Palavra de Deus, seu

melhor argumento de defesa ainda é o prático. Pois ela tem influenciado a civilização,

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transformado vidas, trazido luz, inspiração e conforto a milhares de pessoas.

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Ciências do texto II

2.1 Materiais de escrita da bíblia


Você já se perguntou como todos os livros da Bíblia foram escritos? E ainda quais

os materiais os escritores usaram para escrever as Escrituras? Foi com caneta e papel?

Apesar de não termos os manuscritos originais da Bíblia, os chamados de

autógrafos, sabemos, graças as descobertas arqueológicas, ao longo do tempo, que os

escritores utilizaram muito materiais diferentes para escrever a Bíblia.

Podemos pensar que as pedras foram usadas no Egito (quem não conhece os

textos escritos em hieróglifo nas paredes dos templos e das pirâmides), na Mesopotâmia

e na Palestina. Na própria Bíblia, há citação de seu uso em Êx 24.12; 32.15 e Dt 27.2-3.

Além das citações bíblicas, temos a importantíssima Pedra Moabita ou Estela de

Mesa, escrita por Mesa, rei de Moabe (850 a.C.), conforme 2 Re 3.4-27. Nela podemos ler

o nome de "Omri, Rei de Israel", confirmando que esse rei israelita, da terceira dinastia do

reino do Norte, foi realmente um personagem histórico. Veja o que diz a Estela:

“Eu Mesa, filho de [deus] Quemós […], Rei de Moabe, o dibonita – o

meu pai reinou sobre Moabe 30 anos e eu reinei depois do meu pai

– fiz este lugar alto para Quemós, Qarhoh, porque ele me salvou de

todos os reis e me fez triunfar de todos os meus adversários.

No que toca a Omri, Rei de Israel [Setentrional], este humilhou

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Moabe durante muito tempo, porque Quemós estava irritado com

sua terra. E o seu filho seguiu-o e disse também: Hei-de humilhar

Moabe. No meu tempo ele o disse, mas eu triunfei sobre ele e a sua

casa, enquanto Israel tinha perecido para sempre! Omri tinha

ocupado a terra de Mádaba e Israel tinha habitado lá no seu tempo e

durante metade do tempo do seu filho [Acabe, filho de Omri], por 40

anos; mas Quemós habitou ali, no meu tempo.”

A Pedra Moabita também confirma o nome de locais e de cidades moabitas

mencionadas no texto bíblico: Atarote e Nebo (Nm 32.34,38), Aroer, o Vale de Árnon,

planalto de Medeba, Díbon (Js 13.9), Bamote-Baal, Bet-Baal-Meon, Jaaz e Quiriataim (Js

13.17-19), Bezer (Js 20.8), Horonaim (Is 15.5) e Bet-Diblataim e Queriote (Jr 48.22,24).

Imagem 1:Pedra Moabita ou Estela de Mesa: escrita por Mesa, rei de Moabe (850 a.C.), conforme II Reis

3.4-27.

Fonte: Wikipedia

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Outros materiais citados na Bíblia que serviram para escrever os textos foram o

metal como lâminas de ouro (Êx 28.36), a madeira (Hc 2.2) e o pergaminho, que tem esse

nome porque começou a ser usado na cidade de Pérgamo, em 200 a.C., e era feito com a

pele de animais (carneiro ou ovelha), curtida, raspada por uma pedra (pume) preparada

para a escrita (2 Tm 4.13).

Entre os formados primitivos dos livros da Bíblia estão ROLOS e CÓDICES. O rolo

poderia ser feito de papiro ou pergaminho, onde cada livro era um rolo separado. Já o

códice é uma obra no formato de livro de grandes proporções.

Mais uma vez, com a ajuda da arqueologia, sabemos que houve textos escritos em

óstracos ou pedaços de azulejos, marfim, cascas de crustáceos etc.; assim como o papiro

no Egito, Biblos e Ásia Menor.

Aqui, merecem destaques os papiros, pois são muito populares no Egito desde

2.500 a.C. Foram feitos a partir de uma planta chamada junco que crescia às margens do

Nilo e era recolhida. Depois, a planta tinha, pelo artesão, seus caules cortados em finas

tiras e colocadas sobre uma superfície, lado a lado. Nessa superfície, os caules eram

martelados e alisados, até formarem o que hoje chamaríamos de “folha”; em seguida, era

cortada em variados pedaços destinados à escrita.

2.1 As características do texto inspirado

Por ser um texto especialmente divino, a Bíblia é muito rica em gêneros literários,

como confirma Bastos:

Ademais, é preciso considerar que nela encontramos gêneros

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diversos – narrativa, carta, poesia, parábola, entre outros –, variada

tipologia textual – como, por exemplo, descrição, narração,

argumentação e predição, na qual se sustentam os oráculos,

vaticínios e profecias– e o uso de diferentes figuras de linguagem –

comparação, metáfora, alegoria etc.”

(BASTOS, Athena et al, 2017, p.74)

Tanto o Antigo como o Novo Testamento possuem livros onde estão presentes

narrativas, poemas, dramas, épicos, evangelhos, cartas, epístolas etc. Novamente,

Bastos corrobora com essa percepção sobre a variedade dos gêneros literários dizendo

que:

"Reconhece-se, desse modo, que a Bíblia é literatura, (...) e através

de narrativas e figuras de linguagem, de elementos próprios como

narradores, personagens, tempos e cenários definidos, de estilos

literários então existentes, como no caso dos salmos em versos e

das parábolas, e de estilos literários então inovadores, como foram

os evangelhos, estilo característico da literatura do Novo

Testamento”

(BASTOS, 2017, p.77)

Vamos conhecer, agora, cada um desses gêneros para que possamos ler e

compreender melhor a Bíblia.

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37

2.2.1 Os gêneros literários do antigo testamento


O Antigo Testamento, devido a sua extensão, contém muitos gêneros literários

dentre os quais destacamos as narrativas, as leis, as poesias, os hinos/canções e as

profecias, pois aparecem em maior número.

Comecemos com o gênero narrativo ou as narrativas, pois é o mais fácil de

entender. São uma "história contada com o intuito de transmitir uma mensagem." Na

Bíblia, as narrativas podem ser de dois tipos: 1. Narrativa-didático; 2. Narrativa-histórica.

A Narrativa-didática se serve da cultura popular para levar uma mensagem

educativa, utiliza-se da:

a) Mítica que é a história sagrada e verdadeira a qual procura explicar e

demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas.

b) Etiologias são narrativas que desejam explicar a origem ou o surgimento de algo

(nome, o valor, o caráter sagrado etc.) ligando-o a lugares, pessoas, costumes, modos de

vida etc.

c) Legendas são narrativas sobre pessoas ou objetos sagrados e querem

demonstrar a santidade destes por meio de um fato maravilhoso. É comum, nas legendas,

referir-se à lei ou objeto de culto (Num 21).

d) Parábolas, fábulas, alegorias – A parábola é uma história comparativa, de

sentido global (2 Sm 12.1-4); a fábula é a narrativa que faz os seres inanimados ou os

animais falarem (Jz 9.7); a alegoria é uma história comparativa em que cada elemento

tem um significado particular (Is 5.1-7).

Já a Narrativa-histórica conta ou narra um fato acontecido na história, utilizando-se

37 |Introdução à Bíblia - FVC


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da:

a) Epopeia (gr. épos, ‘verso’ + poieô, ‘faço’ = narrativa em forma de versos) é,

provavelmente, a mais antiga das manifestações literárias. É a narrativa dos feitos de um

herói nacional e fatos grandiosos e maravilhosos que são dignos de manter-se na

memória de seu povo (Abraão, Moisés, Davi, Salomão etc.).

b) Épicas são as narrativas de façanhas militares como as narradas no Êxodo e

Números (que contam a vida dos israelitas no deserto) e Josué (que narra a conquista de

Canaã).

c) Tragédia ou a história da decadência de um indivíduo, da fama e honradez ao

desastre e a miséria ou ainda a trágica vida amorosa entre um homem e uma mulher

(Sansão e Dalila).

d) Relatos historiográficos são as crônicas dos anais dos reis. A partir dessas

crônicas, vários livros foram escritos (1 Re 11.41 cita os anais de Salomão; 1 Re 14.19

cita o livro das crônicas dos Reis de Israel).

Outro gênero importante do Antigo Testamento é o Legislativo ou Jurídico. Ele

aparece a partir de Ex 20 quando o leitor é apresentado aos Dez Mandamentos. O gênero

foca nas normas e leis para o povo. Existem basicamente dois tipos de leis na Bíblia: 1.

Apodíticas (geralmente mandamentos que tem início com a partícula "não"- cf. Ex

20.3-17); 2. Causídicas - São leis para situações específicas - cf. Lv 20.9-18,20,21; Dt

15.7-17.

O gênero Lírico também está muito presente nas páginas do Antigo Testamento.

Dentro desse gênero, temos a poesia, o provérbio e o hino. A poesia é muito encontrada

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nos livros dos Salmos, Jó 3-41, Lamentações e Cânticos dos Cânticos. No Pentateuco, a

poesia também está presente no Cântico de Moisés ou na Canção do Mar (Ex 15.2-19) e

Cântico de Mirian (Ex 15.20-21).

A poesia hebraica se caracteriza, principalmente, pelo uso do paralelismo entre as

frases. Quanto ao provérbio, é uma frase curta de origem popular, com rima e rica em

imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou de uma regra moral, com

grande concentração nos livros de Provérbios e Eclesiastes, mas também aparece,

esporadicamente, em outros livros (Gn 2.23-24; Jz 14.12-18).

O gênero que fecha o Antigo Testamento é o profético. Para exteriorizar a

mensagem de Deus ao povo. Literariamente, os profetas utilizavam-se de visões e

oráculos (de salvação, de condenação, de litígio) e atos simbólicos.

A visão pode ter personagens celestes ou terrestres, com diálogo ou não, entre

Deus e o profeta. Na Bíblia, as visões proféticas têm uma estrutura própria, com uma

sequência de anúncio - transição - visão - explicação – conclusão. Apesar de termos

relatos de visões em Is 6; Am 7.7-8; Jr 1.11-14 e 24.1-10, são com as oito visões de

Ezequiel que esse gênero ganha notoriedade.

Os oráculos proféticos podem ser escritos ou falados e têm por função reafirmar

que o profeta fala a mensagem de YHWH e não a sua. Em 241 passagens do Antigo

Testamento, inicia-se com a fórmula do mensageiro “Fala YHWH” ou “Palavra do Senhor”.

Por fim, temos os atos simbólicos que são encenações para transmitir uma

mensagem divina. Como exemplo, podemos citar os casamentos do profeta Oséias (Os 1

e 3) e as excentricidades de Ezequiel, como comer um rolo (Ez 3.1), ficar mudo por vários

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40

dias (Ez 3.24-27; 24.25-27; 33.22) e outras condutas bizarras (Ez 4.12; 5.1-4; 12.3-5).

2.2.2 Os gêneros literários do novo testamento


O Novo Testamento também apresenta importantes gêneros literários como o

evangelho, o epistolar, o lírico e o apocalíptico.

O gênero que abre o Novo Testamento é o evangelho. Etimologicamente, o

significado dado à palavra “evangelho” como conhecemos hoje é o resultado de um longo

processo cultural de ressignificação. Originalmente, a palavra significou “o presente dado

ao portador de uma boa-nova”. No grego clássico, “o sacrifício oferecido por ocasião de

uma boa notícia”. Já no grego helenístico, equivale à própria boa notícia de uma vitória

militar (uso confirmado pelo historiador grego Plutarco).

No Novo Testamento, “Evangelho” é modelo literário próprio do cristianismo

nascente, usado primeiramente por Marcos (Mc 1.1) e adotado pelos demais como

protótipo. A principal características desse gênero é ser o registro do “querigma”

(mensagem) proclamada inicialmente pelos apóstolos, e depois pelos cristãos em geral.

Nesse gênero, não há, da parte dos autores, uma preocupação cronológica e

topográfica, mas sim histórica-querigmática, fundamentando no contexto histórico a

mensagem do mistério da salvação realizada por Jesus. Apesar disso, o gênero

evangelho contém material biográfico sobre Cristo, que as comunidades transmitiam

oralmente e, depois, os evangelistas escreveram.

Dentro desse gênero, encontram-se ainda parábolas, narrativas de milagres,

cânticos, provérbios, genealogias, histórias da infância de Jesus e material profético do

Antigo Testamento que é utilizado de forma intertextual.

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AS PARÁBOLAS - As parábolas foram um dos recursos mais usados por Jesus,

para ensinar aos seus discípulos e ao povo sobre o Reino de Deus, (Mc 4:33-34). A

palavra “parábola” é um vocábulo composto por dois termos gregos: pela preposição

“para” (que significa “ao lado de”, que expressa movimento “próximo a”) e “ballō” (que

significa “lançar”, “jogar”, “pôr” ou “colocar”). Assim, o significado literal de parábola é

“jogar ou lançar ao lado de, comparar”.

Nesse sentido, podemos dizer que parábola é a justaposição de “uma coisa ao lado

de outra” com a finalidade de comparar e ilustrar uma ou mais verdades.

Apesar de serem em grande número no Novo Testamento, podendo chegar a 42 no

total, entre as mais famosas, temos a do Semeador (Mateus 13:1-9; Marcos 4:1-9; Lucas

8:4-8), a do Sal da terra (Mateus 5:13; Marcos 9:49-50; Lucas 14:34-35) e a da Luz do

mundo (Mateus 5:14; Marcos 4:21; Lucas 8:16). Elas também estão presentes no Antigo

Testamento. Segundo o professor Edgard Leite, a “parábola é um procedimento discursivo

que encontra suas raízes nas experiências analógicas cotidiana” e, assim, está presente

na literatura bíblica e extrabíblica.

AS PARÁBOLAS NAS LITERATURAS BÍBLICA E EXTRA BÍBLICA - As

parábolas podem ser lidas no Antigo Testamento, nos escritos de Qumran, nos

pseudoepígrafos e na literatura rabínica.

No Antigo Testamento, as parábolas são o gênero “māšal”, que virou parabolē na

LXX, e estão presentes seja no livro dos Juízes (Jz 9.7-20), nos livros de Samuel (2 Sm

12.1-4 e 14.6-8), Reis (1 Re 20.35-40) e nos livros dos Profetas (Is 28.23-29). Assim, o

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termo pode se referir a um provérbio (1Sm 24.13; Ez 18.2-3), a uma sátira (Sl 44.11; Is

14.3-4), a uma charada (Sl 49.4; 78.2; Pv 1.6) e, até mesmo, a uma alegoria (Jz 9.7-20;

Ez 16.1-5; 17.2-10).

O gênero realmente floresceu na literatura rabínica como um meio para aprender e

entender a Torah. Com a função e com o objetivo de servir de meio para o ensino da Lei,

as parábolas ganharam diversos “tipos”.

OS VÁRIOS “TIPOS” DE PARÁBOLA - A parábola é composta de três partes - 1.

A narrativa propriamente dita; 2. A resposta dos leitores ou ouvintes; 3. A reflexão sobre

temas teológicos que estão na base dessa resposta – e podem ter caráter:

a) Admoestativo: que se propõem por meio de uma analogia ou comparação

advertir de uma falta, aconselhar a uma atitude, ou a exortar (Mt 18.23-35; Lc 12.16-21);

b) Indicativo: que procura impressionar o leitor-ouvinte a fim de que sinta

admiração, espanto ou repulsa concernente algum ensino de caráter moral ou religioso

(Lc 7.40-43; 8.4-18; 16.1-13).

c) Atitudinal: tem por objetivo levar o leitor-ouvinte a se posicionar a favor ou contra

uma ideia, opinião ou verdade em uma controvérsia, pois é conduzido a decidir-se a favor

ou contra aquilo que está evidente na parábola (Mt 20.1-16; 21.28-32);

d) Aférese: uma vez que o sentido está contido na descrição, mas oculto por

supressão da linguagem direta, provocando a suspensão do juízo por parte daqueles que

não tem empatia com a mensagem comunicada (Mt 13.13-17; Mc 4.11-13).

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Outro gênero de grande importância para o Novo Testamento é o epistolar, que é

encontrado em 21 cartas, a maioria de Paulo (Epístolas Paulinas), mas também de Pedro,

Judas, João (Epístolas Gerais ou Católicas). O uso de cartas se popularizou dentro do

Império Romano, porque era um meio muito prático, popular e muito comum. Tornou-se

útil dentro da evangelização.

O gênero lírico também é encontrado no Novo Testamento, por exemplo, nas

cartas paulinas, que se utilizam de hinos e cânticos usados nas celebrações litúrgicas das

comunidades (Filipenses 2.6-11).

Por fim, temos o gênero apocalíptico que aparece algumas vezes no Antigo

Testamento (como em Isaías 24-27; Zacarias 9-12; Daniel 7-12) e no Apocalipse de João.

Esse gênero apareceu nos momentos de grande perseguição contra os primeiros

cristãos, nos governos dos imperadores Romanos Nero e Domiciano. Eles ocultavam

verdades a partir de símbolos, imagens, visões e revelações, para aqueles que não

pertenciam às comunidades cristãs.

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44 |Introdução à Bíblia - FVC


45

Ciências da terra I

3.1 A terra da bíblia: Grandes áreas geográficas


Antes de conhecermos as peculiaridades geográficas da terra da Bíblia, é

importante saber que ela é relativamente pequena, se comparada ao nosso imenso Brasil

– afinal, a terra de Israel tem sua extensão territorial semelhante a do estado de Sergipe,

o menor do nosso país.

Com uma extensão territorial com cerca de 470 km de comprimento e

aproximadamente 135 km de largura, a distância entre montanhas, planícies e deserto é

muito curta em Israel. Em poucas horas, é possível se banhar no Mar da Galiléia, no norte

do país, e ir a um quente deserto no sul. Se for de carro, por exemplo, do Mar

Mediterrâneo, a oeste, até o Mar Morto, a leste, em aproximadamente 90 minutos.

Geograficamente, Israel, ao norte, faz fronteira com o Líbano, a nordeste com a

Síria, a leste com a Jordânia e a sudoeste com o Egito e a oeste com o Mar Mediterrâneo.

Veja no Mapa 1 a seguir (Fonte: Google Maps):

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46

Mapa 1
Fonte: Google Maps

Apesar da sua pequenez, ela tem uma grande diversidade de clima e solo e pode

ser dividida em três grandes áreas ou regiões geográficas: 1. área Norte, a maior parte

do território de Israel, onde ficaram as dez tribos e a maior fonte de água doce de Israel;

2. área Central, onde fica o Vale do Jordão; 3. área Sul, onde estão lugares emblemáticos

como o Mar Morto, as cidade de Jerusalém, Jericó e Beersheva e também um lugar muito

especial chamado Qumrã, onde foram encontrados os mais antigos manuscritos da Bíblia,

os Manuscritos do Mar Morto. Vamos ver graficamente essas três regiões no mapa 2:

46 |Introdução à Bíblia - FVC


47

Mapa 2: As três grandes áreas geográficas de Israel.


Foto produzida pela autora

Graças a essa diversidade, você poderá ver, no Mapa 3, que a parte norte da terra

é extremamente fértil e verdejante; enquanto o sul é semiárido e desértico. Como dito a

pouco, essas três áreas apresentam grandes contrastes geográficos. As partes norte e

central são extremamente férteis e arborizadas, com a maior fonte de água doce de

Israel, a nascente do Jordão no sítio de Tel Dã e o Mar da Galiléia, além de todo vale do

Jordão na parte central.

Já a parte sul é desértica e com pouca água, apenas com pequenos oásis como

em Jericó e En Gedi. Ao sul, temos o Mar Morto e a presença de desertos como o da

Judeia e o Negev. Repare na mudança de coloração de verde, ao norte, para amarelo, ao

sul. Veja no mapa 3:

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Mapa 3: As partes geográficas e seus contrastes.


Foto produzida pela autora.

Como também já adiantamos, esses grandes contrastes ocorrem por conta da

geografia da Terra Santa, que é composta por, basicamente, quatro lugares: 1. Planície

Costeira - que possibilita Israel ter acesso ao mar Mediterrâneo; 2. Montanhas da

Cisjordânia - onde fica o monte Gerizim, local de adoração para os samaritanos até hoje ;

3. Vale do Jordão - onde ocorreram eventos importantes como a passagem do Jordão na

época da conquista da terra e o batismo de Jesus no Novo Testamento; 4. Transjordânia -

onde, na época do Antigo Testamento, ficavam as regiões de nações inimigas de Israel

como Edom, Moab e Amon. Veja o mapa 4

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Mapa 4: As principais partes geográficas de Israel.


Foto produzida pela autora.

Agora que conhecemos as grandes áreas geográficas de Israel, vamos conhecer

seus principais rios, mares, montes e vales.

3.2 Principais rios, mares, montes e vales


O principal RIO da terra da Bíblia é o Jordão. Em hebraico, seu nome é “Yarden” (

‫) ירדן‬, que significa “o que desce”. Segundo a Bíblia, atravessaram esse rio o povo de

Israel, ao entrar na Terra Prometida (Js 3.17), e os profetas Elias e Eliseu. Aliás, dois

foram os milagres no Jordão feitos por Eliseu: A cura da lepra de Naamã e o flutuar o

ferro de um machado (2 Re 5.14 e 6.6). Na época do Novo Testamento, João Batista

pregava as margens do Jordão (Mt 3.1-12; Mc 1.2-6; Lc 3.1-9), onde, inclusive, batizou

Jesus (Mt. 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22; Jo 1.32-34).

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50

Quanto aos MARES de Israel, é sempre bom destacar que o único mar que banha

Israel é o Mar Mediterrâneo. Todavia costumar-se chamar de “mar” as duas grandes

extensões de água de Israel: O mar da Galileia, ao norte, e o Mar Morto, ao sul. Principal

lago, na parte norte, o Mar da Galileia também é conhecido por Mar de Tiberíades ou o

lago Kineret. Ele é o maior lago de Israel e o principal reservatório de água do país, com

14 km de largura, 21 km de comprimento e 212 metros abaixo do nível do mar. Às

margens desse lago, estão lugares importantes para a fé cristã como Cafarnaum,

Betsaida, Corazim e Magdala. Jesus fez muitas coisas nas margens deste lago: ensinou

parábolas (Mt 13), andou sobre suas águas (Mt 14.22-32), recrutou quatro dos seus

discípulos, os irmãos Simão e André (Mc 1.14-18), Tiago e João (Mc 1.19-20), ensinou de

dentro do barco de Pedro (Lc 5.1-3), acalmou a tempestade (Lc 8.22-25) e apareceu aos

seus discípulos após sua ressurreição (Jo 21).

Ao sul, o “mar” que se destaca é o Mar Morto, que fica no extremo sul do Vale do

Jordão e a aproximadamente 400 metros abaixo do nível do mar, sendo o ponto mais

baixo da terra. Com águas ricas em potássio, magnésio e bromo, têm 300% mais

salinidade e densidade do que qualquer outro mar do Planeta. Acredita-se que as cidades

de Sodoma e Gomorra ficavam na região do Mar Morto (Gn 19). Outro local emblemático

e muito próximo ao Mar Morto é o oásis de Ein Gedi, onde Davi se escondeu quando

perseguido por Saul (1 Sm 24). Esse oásis e seus vinhedos foram mencionados em

Cantares (Ct 1.14).

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Mapa 5: As principais partes geográficas de Israel.


Foto produzida pela autora.

Apesar de não fazer parte da terra da Bíblia, outro mar importante é o Mar

Vermelho (heb. Yam Suf) que é um golfo ou braço do oceano Índico entre a costa da

África e a península Arábica. Seu nome é devido a coloração avermelhada que sua água

pode assumir quando as determinadas bactérias proliferam e deixam o mar com manchas

avermelhadas em alguns lugares. A importância desse mar está no fato dele ter sido

atravessado a pés enxutos pelos israelitas, ao saírem do Egito, após ter sido

escravizados por 430 anos (Êx 14.15-31).

Voltando a terra de Israel, dos MONTES da terra prometida, podemos destacar

seis, sendo cinco na parte norte e um ao sul.

O primeiro monte ao norte é o das Bem-aventuranças. É uma colina com jardins

repletos de flores, a noroeste do Mar da Galileia. Naturalmente, a colina é um teatro

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natural, ampliando a voz do locutor. Acredita-se ser o local onde Jesus teria pronunciado

o Sermão da Montanha (Mt 5.1-11 e Lc 6.17-26) e multiplicado os cinco pães e os dois

peixes para dar de comer a multidão (Mt 14.13-21; Mc 6.32-44; Lc 9.12-17 e Jo 6.1-15).

O segundo o monte ao norte é o Carmelo (Har Karmel = karem “vinha, plantação

de terra do jardim, campo fértil” + El) onde aconteceram alguns eventos marcantes,

envolvendo profetas na época do Antigo Testamento como Elias, que fez descer fogo do

céu e consumiu os 50 soldados que o rei Acazias tinha mandado para prendê-lo (2 Reis

1.9-15), e, mais tarde, os profetas de Baal, provando aos israelitas que o Deus de Israel

era o verdadeiro Deus, e não Baal (2 Reis 18), a mulher sunamita que, após perder do

seu filho, vai encontrar-se com Eliseu (2 Reis 4:8-31), e Jeremias, que teve a visão do

domínio de Nabucodonosor sobre o Egito e Israel (Jr 46.18).

O terceiro é o Monte Tabor (Har Tavor), um dos locais apontados como o possível

Monte da Transfiguração, onde Jesus foi transfigurado diante de Pedro, Tiago e João (Mt.

17.1-13).

O quarto é o Monte Megido (Har Megido), um local onde, na época da conquista da

terra, Josué lutou (Js 12). Já na época da construção do Templo, Salomão impôs tributos

sobre seus habitantes e transformou o local em uma das suas bases militares (1 Rs

4.1-12 e 9.15-19). Ainda na época monárquica, para lá fugiu Acazias, rei de Judá, e

morreu (2 Rs 9.27) Josias, após promover a terceira reforma religiosa no reino do Sul, em

uma luta contra o faraó Neco (2 Re 23.29-30 e 2 Cr 35.22-24). Já no Novo Testamento,

João informa que lá ocorrerá o famoso Armagedom (Ap 16.14-16 e 19.11-21), a batalha

final entre as forças da luz, lideradas por Jesus Cristo, e as forças das trevas, lideradas

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pelo Anticristo (Mt 24.29-31).

O quinto monte ao norte é o Gerizim, uma das mais altas montanhas da parte norte

da Cisjordânia, com 881 metros acima do nível do mar. Moisés disse aos israelitas que

após atravessarem o rio Jordão, as tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e

Benjamim deveriam ir aos montes Ebal e Gerizim e pronunciar maldições e bênçãos (Dt

11.29; 27.12-13; Js 8:33-35). Desde a época de Neemias, que o monte Gerizim é

considerado sagrado pelos samaritanos e lá construíram um templo.

Na parte sul, destaca-se o Monte das Oliveiras, onde, na época do Antigo

Testamento, era o local usado pelo sumo sacerdote para sacrificar e queimar a novilha

vermelha para a purificação (Nm 19), foi o local onde Davi chorou por conta da traição de

seu filho Absalão (2 Sm 15.1-37) e nele Salomão construiu um palácio (1 Re 11.7-8) e

altares para a adoração, que o rei Josias destruiu na época da sua reforma religiosa (1 Re

11.7 e 2 Re 23.13). Na época do Novo Testamento, Jesus tanto encorajou e instruiu seus

discípulos (Mt 21.46; 23.1-39; 24.1-14 e Mc 13:3-10), quanto chorou sobre Jerusalém (Lc

19.41) e ascendeu após a ressurreição (Mc 16.19; Lc 24.51 e At 1.9-12).

Já sobre os VALES, dois são os que se destacam na paisagem de Israel: o Vale do

Jezreel e o Vale do Jordão. O Vale do Jezreel fica na parte norte do território, próximo ao

Mar da Galiléia, entre as montanhas da Galileia e da Samaria, e é a mais rica área

agrícola de Israel. Já o Vale do Jordão é o local do percurso do rio Jordão, que começa no

Mar da Galileia até desaguar no Mar Morto.

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3.3 Principais cidades

Ao norte, podemos destacar as cidades que ficam ao redor do Mar da Galileia,

Betsaida, Corazim e Cafarnaum, e, ao sul, as cidades de Jericó e Jerusalém.

Mapa 6 – As principais cidades de Israel.


Foto produzida pela autora.

Do aramaico “Bêt-Sayeda”, literalmente, “casa da pesca”, Betsaida fica na costa

norte do Mar da Galileia e a 4 km de Cafarnaum. É um lugar especial, pois se pode ver

várias escavações arqueológicas. Dentre os achados dessas escavações, descobriu-se

uma casa de pesca datada do período helenístico (323-146 a.C.) com muitas ferramentas

de pesca como pesos de chumbo para as redes, âncoras de ferro e ganchos de pesca.

Alguns estudiosos do Antigo Testamento defendem que a localidade é a capital de

Geshur, cidade da terceira esposa de Davi (2 Sm 3.3) e para onde foi Absalão, após

matar seu irmão mais velho (2 Sm 13.37-38). Na época do Novo Testamento, desse lugar

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vieram André, Pedro (Jo 1.44) e Filipe (Jo 12.21). A cidade e sua circunvizinhança foram

palcos de muitos milagres de Jesus: Lá curou o homem cego (Mt 11.21, Lc 10.13; Jo 1.44

e Mc 8.22-26) e multiplicaram os pães, alimentando 5 mil pessoas (Lc 9.10 a 17).

Betsaida, juntamente com Cafarnaum e Corazim ouviram palavras fortes de Jesus, que

lançou contra elas três “ais” por sua dureza de coração (Mt 11.20-24).

Já a cidade de Corazim, que fica ao norte do Mar da Galileia e perto do chamado

Monte das Bem-Aventuranças, passeia-se pelo Parque Nacional Korazim, que tem uma

das mais bem conservadas antigas sinagogas do século III. Há também ruínas das casas,

uma, inclusive, com um mikvê (uma banheira ritual para imersão) muito bem preservado,

praças e locais de descanso que foram reconstruídos.

Um local especial para a fé cristã, Cafarnaum foi onde Jesus realizou muitos

milagres como a cura do servo do Centurião romano (Mt 8.5-13), da sogra de Pedro (Mt

8.14; Mc 1.29-31), do homem atormentado por um espírito imundo (Mt 8.16-17 e Mc

33-34), do paralítico (Mc 2.1-5) e fez com que Pedro tirasse da boca de um peixe o

dinheiro para pagar o tributo (Mt 17.24–27). Lá, onde Jesus ensinava com frequência (Jo

6.24-71 e Mc 1.21-22; 9.33-50), foi o seu quartel-general durante seu ministério na

Galileia, sendo chamado “a sua cidade”, pois lá fixou residência (Mt 9.1 e Mc 2.1).

Provavelmente, Jesus escolheu Cafarnaum para ser seu quartel-general pelo fato do local

ser um ponto de encontro entre os comerciantes e viajantes. Cafarnaum, as margens do

lago da Galileia, era uma parada obrigatória para todos: era uma rota de comércio e de

troca de novidades entre os que vinham do sul de Israel e de outras nações vizinhas. Era

nessa aldeia que as mais diversas histórias sobre Jesus passavam de boca a boca.

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Essas histórias podiam ser resumidas numa só frase: “Aqui, na Galileia, tem um rabino

que faz milagres”.

Descendo pela costa mediterrânea, para a parte sul, uma cidade importante é

Cesareia Marítima, capital da província romana da Palestina. Ela é um antigo porto

marítimo, construída por Herodes, o Grande, a cerca de 22 a.C. Em Cesareia, Herodes

construiu, ao lado do mar, seu palácio com piscinas decorativas, um aqueduto para suprir

o local de água potável. Por baixo da cidade, fez um sistema de drenagem, que levava o

esgoto para o mar. Essa cidade foi palco de vários acontecimentos nos tempos do Novo

Testamento. É citada pela primeira vez na narrativa, onde Jesus interroga seus discípulos,

a cerca de sua identidade e do Filho do Homem (Mt 16.13 e Mc 8.27).

Mas é em Atos dos Apóstolos que a cidade mais aparece (cf. At 8.40; 9.30;

10.1,24; 11.11; 12.19; 18.22; 23.23,33; 25.1,4,6 e 13). Três episódios ocorridos em

Cesareia merecem destaque. O primeiro foi o da conversão do primeiro gentio cristão,

Cornélio (Atos 10). O segundo foi o sonho de Pedro (At 11.1-18), onde Deus usou

elementos com os quais Pedro se familiarizava para corrigi-lo em seu preconceito e para

salvas mais alguns gentios. E o terceiro foi o local onde Paulo foi julgado por Festo, antes

de ser levado a Roma (Atos 25:6-12).

Chegando à parte sul da terra, destacam-se as cidades de Jericó e Jerusalém.

Jericó é a cidade mais antiga do planeta, com mais de 10.000 anos. Atualmente, fica na

área da Cisjordânia, Palestina de Israel. Mencionada mais de 70 vezes no Antigo

Testamento, Deus, quando mostra a Terra Prometida a Moisés, cita a cidade

(Deuteronômio 34.1). Jericó foi a primeira cidade conquistada por Josué, na época da

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conquista da terra (Josué 6). Já o Novo Testamento registra que Jesus deu a visão a um

cego (Mateus 20.29-30; Marcos 10:46-52; Lucas 18.35-43) e comeu com Zaqueu, “um

dos principais dos publicanos” (Lucas 19.1-10).

Também uma das cidades mais antigas do mundo, Jerusalém - que significa

"legado da paz", pois aglutina as palavras "yerusha" (legado) e "Shalom" (paz) - foi

conquistada da mão dos jebuseus pelo rei Davi, onde estabeleceu a capital do Reino

Unido. Anos mais tarde, seu filho, o rei Salomão, embelezou-a, expandiu seu território e

nela construiu o Primeiro Templo, no Monte Moriá. Após a divisão do reino, a cidade

continuou a ter o status de capital, mas agora apenas do Reino do Sul, Judá. Em 586 a.C.

a cidade é capturada pelos babilônicos e todos seus habitantes são levados cativos para

Babel (2 Re 24-25). Mas, em 538 a.C., o rei persa Ciro, o Grande, deixou os judeus

regressarem a Jerusalém e reconstruírem o Templo. Na época do Novo Testamento,

Herodes dobrou de tamanho a área do Templo do Monte e embelezou a cidade, que

Jesus travou diversos embates com os fariseus e saduceus e também foi traído, julgado e

crucificado.

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Unidade Revisional 1
Esta unidade revisional tem por objetivo sistematizar e sintetizar os principais

pontos estudados nas Unidades 1, 2 e 3.

Na “UNIDADE 1 - CIÊNCIAS DO TEXTO I”, ao aluno, foi apresentado a

conceituação de Bíblia a partir da sua etimologia como um vocábulo originário da língua

grega que pode, dependendo da declinação na qual se apresenta, ser entendido como

“rolo” ( II Tm 4.13), como uma folha de papel preparada para escrita (Mc 12.26) ou um

rolo de tamanho pequeno ou um livro (Lc 4.17).

Todavia, hoje, a palavra “bíblia” significa, literalmente, uma “coleção de rolos

pequenos”. Assim, podemos pensar que a Bíblia é uma antologia de pequenos textos, ou

ainda uma coleção de pequenos livros, escritos sob a inspiração do Espírito Santo pelos

mais diversos escritores.

Destaca-se que a Bíblia é um conjunto de livros, é a Palavra de Deus escrita por

diversos homens, escolhidos por Deus e inspirados pelo Espírito Santo. Esses homens

inspirados foram usados com sua língua, sua cultura, sua época e sua fé, colaborando

para que Deus se revelasse à humanidade.

Depois, tratou-se do cânon bíblico. Explicou-se que a palavra grega cânon significa

"régua" ou "vara de medir". Dissemos que a Bíblia é composta pelo Antigo Testamento e o

Novo Testamento.

O Antigo Testamento registra, em hebraico e com pequenas passagens em

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aramaico (Jr 10.11; Dn 2.4-7.28; Ed 4.8-6.18; 7.12-26), as histórias mais antigas da Bíblia,

desde os tempos imemoriais da criação do mundo, passando pelas narrativas dos

patriarcas de Israel, seus reis e profetas.

Em termos cronológicos e de organização interna, o Antigo Testamento é composto

por 24 livros na versão judaica, por 46 livros na versão católica e por 39 livros na versão

protestante.

O cânon judaico é organizado no Concílio de Jâmnia em 90 d.C., considerado o

mais antigo e mais curto, com 24 livros, dividido em três partes: 1. TORAH (com os livros

de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); 2. NAVI'IM (com os livros de

Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Os Doze); 3.

KETUBIM (com os livros de Salmos, Provérbios, Jó, Cantares, Rute, Lamentações,

Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras-Neemias e I e II Crônicas).

Depois, estudou-se o cânon da LXX, a principal versão grega do Antigo

Testamento, que está dividido em quatro partes, contendo os livros da Bíblia Hebraica,

além dos chamados de deuterocanônicos ou apócrifos. Sua divisão interna é: 1.

LEGISLAÇÃO (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); 2. HISTÓRIA

(Josué, Juízes, Rute, I, II, III e IV Reis, I e II Paralipômenos Esdras I e II, Ester, Judite,

Tobias, I, II, III e IV Macabeus); 3. POETAS (Salmos, Odes Provérbios de Salomão,

Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Jó, Sabedoria, Eclesiástico e Salmos de Salomão); 4.

PROFETAS (Doze profetas menores, Isaías, Jeremias, Baruc, Lamentações, Carta de

Jeremias, Ezequiel, Susana, Daniel 1-12, Bel e o Dragão).

A abordagem do cânon do AT terminou com apresentação do cânon cristão com

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sua divisão quádrupla: 1. PENTATEUCO (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e

Deuteronômio); 2. HISTÓRICOS (Josué, Juízes, Rute, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras,

Neemias e Ester); SAPIENCIAIS (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos

Cânticos); 4. PROFÉTICOS (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias,

Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias,

Malaquias).

Na sequência, viu-se o cânon do Novo Testamento, com um total de 27 livros,

todos escritos em grego koine ou grego popular: 1. EVANGELHOS (Mateus, Marcos,

Lucas e João); HISTÓRICOS (Atos dos Apóstolos); 3. EPÍSTOLAS (Romanos, 1 e 2

Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2

Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, 1, 2 e 3 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas); 4.

PROFÉTICO (Apocalipse).

Depois, explicou-se como nasceu a Bíblia, desde sua origem, passando pela

tradição oral e escrita. Estudou-se que a Torah teve sua escrita, especialmente, planejada

por Deus e ditada a Moisés, que a escreveu a partir do Monte Sinai. Também vimos que

os livros proféticos tiveram vários autores como Josué, Samuel, Salomão, Isaías,

Jeremias, bem como Esdras e Neemias.

Mas, apesar de toda essa tradição, alguns estudiosos defendem que as histórias

da Bíblia surgiram de forma oral, cuja finalidade era transmitir os acontecimentos

principais de geração em geração, para que não se perdesse a memória dos fatos e dos

personagens antigos (cf. Sl 78.1-8).

Terminando a unidade 1, discutiu-se sobre a sua inspiração, revelação e iluminação

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da Bíblia. Explicou-se que “inspiração” ocorreu quando Deus soprou para dentro do

escritor bíblico a verdade divina, sendo o processo pelo qual Deus moveu alguns homens

que anunciaram e escreveram palavras emanadas da boca do Senhor, a fim de

comunicar a instrução de salvação ao seu povo, e também ao mundo.

Vimos que existem três elementos essenciais da inspiração: 1. A canonicidade

divina (Deus é a fonte primordial da Bíblia e a causa primeira da verdade bíblica); 2.

Mediação Profética (a Bíblia possui uma dupla autoria - Deus e o homem); 3. Autoridade

Escrita.

Outro ponto importante estudado foi as três teorias majoritárias sobre a inspiração:

1. A “Bíblia é a Palavra de Deus”; 2. a “Bíblia contém a Palavra de Deus”; 3. a “Bíblia

torna-se a Palavra de Deus”.

Com relação à revelação, vimos que ela significa “tirar o véu” e por isso, quando se

diz que “Deus se revelou”, significa que Ele “retirou o véu” que encobria algo divino diante

dos homens e se deu a conhecer à humanidade. A iluminação é a capacidade que Deus

dá aos homens para que entendem a Sua palavra inspirada, Sua vontade e Seus planos.

Na UNIDADE 2 - CIÊNCIAS DO TEXTO II o foco de estudo foram os materiais

utilizados para a escrita da Bíblia, as características do texto inspirado e os principais

gêneros literários presentes no Antigo e no Novo Testamento.

Entre os materiais de escrita da bíblia, foram destacadas as pedras usadas no

Egito, na Mesopotâmia e na Palestina (Êx 24.12; 32.15 e Dt 27.2-3), as lâminas de ouro

(Êx 28.36), a madeira (Hc 2.2) e o pergaminho (2 Tm 4.13).

Como características do texto inspirado, destacamos os diversos gêneros literários

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que existem no Antigo e no Novo Testamento.

O Antigo Testamento possui narrativas, leis, poesias, hinos/canções e profecias em

seus livros. Com relação ao gênero narrativo, definimo-nos como uma "história contada

com o intuito de transmitir uma mensagem", podendo ser didático ou histórica. A

Narrativa-didática se serve da cultura popular para levar uma mensagem educativa,

utiliza-se da mítica, etiologias, legenda, parábolas, fábulas e alegorias. E a

Narrativa-histórica conta ou narra um fato acontecido na história, utilizando-se da

Epopeia, Épico, Tragédia ou Relatos historiográficos. Já o Legislativo ou Jurídico, que

aparece a partir de Ex 20, apresenta dois tipos de leis: 1. Apodíticas (geralmente

mandamentos que tem início com a partícula "não"- cf. Ex 20.3-17); 2. Causídicas (leis

para situações específicas - cf. Lv 20.9-18,20,21; Dt 15.7-17).

Dentro do gênero Lírico, temos a poesia (caracterizada, principalmente, pelo uso

do paralelismo entre as frases, é encontrada em Salmos, Jó 3-41, Lamentações e

Cânticos dos Cânticos), o provérbio e o hino (como Cântico de Moisés ou na Canção do

Mar em Ex 15.2-19 e Cântico de Mirian em Ex 15.20-21). E, por fim, o gênero profético

exterioriza a mensagem de Deus ao povo através de visões e oráculos (de salvação, de

condenação, de litígio) e atos simbólicos.

No Novo Testamento, encontramos gêneros literários como o evangelho, o

epistolar, o lírico e o apocalíptico.

O evangelho (“o presente dado ao portador de uma boa-nova”) foi modelo literário

próprio do cristianismo nascente, usado primeiramente por Marcos (Mc 1.1) e, depois, por

Mateus, Lucas e João, para registrar a mensagem deixada por Jesus. Dentro desse

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gênero, encontram-se ainda parábolas, narrativas de milagres, cânticos, provérbios,

genealogias, histórias da infância de Jesus e material profético do Antigo Testamento.

O gênero epistolar (“carta, mensagem escrita e não assinada”) foi o primeiro a ser

utilizado para a escrita do Novo Testamento. Através das cartas paulinas, onde o apóstolo

desenvolveu sua Cristologia e discutia assuntos pessoais ou comunitários com as igrejas

cristãs recém-formadas ou com pessoas que as liderava. As cartas, em sua maioria,

assemelham-se ao modelo clássico romano, e se dividiam em três partes: a) uma

saudação inicial, precedida da apresentação do autor e a indicação do destinatário; b) o

texto da carta propriamente dito; c) a despedida com saudações a pessoas conhecidas do

autor.

O Novo Testamento ainda registra o gênero lírico, representado pelos hinos e

cânticos como o hino a Cristo encontrado em Fl 2, 6-11, e o apocalíptico, que é mais

utilizado em momentos de grande perseguição e se caracteriza pela abundância de

símbolos, imagens, visões, revelações, pelos confrontos entre os justos e os ímpios,

como vemos no livro de Apocalipse.

Na “UNIDADE 3 - CIÊNCIAS DA TERRA I” - o graduando iniciou sua jornada por

Israel, pela espetacular terra da Bíblia, conhecendo suas grandes áreas geográficas, seus

principais rios, mares, montes, vales e cidades.

Conheceu-se a localização geográfica de Israel e suas fronteiras e que, apesar da

sua pequenez territorial, há uma grande diversidade de clima e solo que dividem a terra

em três grandes áreas ou regiões geográficas: 1. área Norte - a maior parte do território

de Israel, onde ficaram as dez tribos e a maior fonte de água doce de Israel, o Mar da

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Galileia; 2. área Central - onde fica o Vale do Jordão; 3. área Sul - praticamente,

desértica, onde estão lugares emblemáticos como o Mar Morto e as cidades de

Jerusalém, Jericó e Beersheva.

Dentro dessas três áreas geográficas, estão quatro lugares: 1. Planície Costeira -

que possibilita Israel ter acesso ao mar Mediterrâneo; 2. Montanhas da Cisjordânia - onde

fica o monte Gerizim, local de adoração para os samaritanos até hoje ; 3. Vale do Jordão -

onde ocorreram eventos importantes como a passagem do Jordão na época da conquista

da terra e o batismo de Jesus no Novo Testamento; 4. Transjordânia - onde, na época do

Antigo Testamento, ficavam as regiões de nações inimigas de Israel como Edom, Moab e

Amon.

Ao compreender as peculiaridades dessas localidades, estudamos sobre seus

principais rios, mares, montes, vales e cidades. O principal rio da terra da Bíblia é o

Jordão ou “Yardem” (“o que desce”), que foi atravessado por Israel ao entrar na Terra

Prometida (Js 3.17) e serviu de local de pregação para João Batista (Mt 3.1-12; Mc 1.2-6;

Lc 3.1-9) e de batismo para Jesus (Mt. 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22; Jo 1.32-34).

Quanto aos mares de Israel, foi esclarecido que o único mar que banha Israel é o

Mar Mediterrâneo, mas há duas grandes extensões de água de Israel: 1. O mar da

Galileia, ao norte, o maior lago de Israel e o principal reservatório de água do país e o

local onde estão as cidades de Cafarnaum, Betsaida, Corazim e Magdala e onde Jesus

fez muitos milagres e ministrou ensinos; 2. O Mar Morto, ao sul, o ponto mais baixo (400

metros abaixo do nível do mar) e com mais salinidade e densidade (300%) do Planeta e

onde também existiram cidades importantes como Sodoma, Gomorra e oásis Ein Gedi.

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Viu-se também que, apesar de não fazer parte da terra da Bíblia, o Mar Vermelho

(heb. Yam Suf) é muito importante, pois ele foi atravessado a pés exatos pelos israelitas,

ao saírem do Egito, após ter sido escravizados por 430 anos (Êx 14.15-31).

Com relação aos montes, destacaram-se seis. O primeiro foi o Monte das

Bem-Aventuranças, a noroeste do Mar da Galileia, onde Jesus teria pronunciado o

Sermão da Montanha (Mt 5.1-11 e Lc 6.17-26) e multiplicado os cinco pães e os dois

peixes para dar de comer a multidão (Mt 14.13-21; Mc 6.32-44; Lc 9.12-17 e Jo 6.1-15).

O segundo foi o Monte Carmelo, onde Elias fez descer fogo do céu e consumiu os

50 soldados do rei Acazias e, mais tarde, desafiou os profetas de Baal (2 Re 18).

O terceiro foi o Monte Tabor, onde Jesus foi transfigurado diante de Pedro, Tiago e

João (Mt. 17.1-13).

O quarto foi o Monte Megido, onde Josué lutou ao entrar em Canaã (Js 12), Josias

morreu numa luta contra o faraó Neco (2 Re 23.29-30 e 2 Cr 35.22-24) e conforme João

será o local do Armagedom (Ap 16.14-16 e 19.11-21).

O quinto foi o Monte Gerizim, uma das mais altas montanhas da parte norte da

Cisjordânia, com 881 metros acima do nível do mar e, desde a época de Neemias, é

considerado sagrado pelos samaritanos onde construíram um templo.

E o sexto foi o Monte das Oliveiras, local onde Davi chorou por conta da traição de

seu filho Absalão (2 Sm 15.1-37), onde Salomão construiu um palácio (1 Re 11.7-8) e

onde Jesus tanto encorajou e instruiu seus discípulos (Mt 21.46; 23.1-39; 24.1-14 e Mc

13:3-10), quanto chorou sobre Jerusalém (Lc 19.41) e ascendeu após a ressurreição (Mc

16.19; Lc 24.51 e At 1.9-12).

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Já sobre os VALES, dois são os que se destacam na paisagem de Israel: o Vale do

Jezreel e o Vale do Jordão. O Vale do Jezreel fica na parte norte do território, próximo ao

Mar da Galileia, entre as montanhas da Galileia e da Samaria, e é a mais rica área

agrícola de Israel. Já o Vale do Jordão é o local do percurso do rio Jordão, que começa no

Mar da Galileia e desagua no Mar Morto.

Fechando a unidade 3, estudou-se sobre as cidades de que ficam ao redor do Mar

da Galileia Betsaida, Corazim e Cafarnaum e ao sul as cidades de Jericó e Jerusalém

A cidade de Betsaida (literalmente “casa da pesca”), que fica a 4 km de Cafarnaum,

na época do Antigo Testamento, teria sido a capital de Geshur, cidade da terceira esposa

de Davi (2 Sm 3.3) e para onde foi Absalão, após matar seu irmão mais velho (2 Sm

13.37-38). Na época do Novo Testamento, dessa cidade vieram André, Pedro (Jo 1.44) e

Filipe (Jo 12.21) e lá Jesus fez muitos milagres como a cura do homem cego (Mt 11.21, Lc

10.13; Jo 1.44 e Mc 8.22-26) e a multiplicação dos pães, alimentando 5 mil pessoas (Lc

9.10 a 17). Apesar disso, Betsaida tinha habitantes com muita dureza de coração, sendo

repreendida por Jesus (Mt 11.20-24).

Na cidade de Corazim, que fica ao norte do Mar da Galileia e perto do chamado

Monte das Bem-Aventuranças, passeia-se pelo Parque Nacional Korazim que tem uma

das mais bem conservadas antigas sinagogas do século III.

Fechando o triângulo evangélico, a cidade de Cafarnaum, ponto de encontro entre

os comerciantes e viajantes que passavam pela Galileia, era chamada “a sua cidade”,

pois Jesus fixou nela residência (Mt 9.1 e Mc 2.1) e realizou muitos milagres como a cura

do servo do Centurião romano (Mt 8.5-13), da sogra de Pedro (Mt 8.14; Mc 1.29-31), do

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homem atormentado por um espírito imundo (Mt 8.16-17 e Mc 33-34), do paralítico (Mc

2.1-5) e fez com que Pedro tirasse da boca de um peixe o dinheiro para pagar o tributo

(Mt 17.24–27), além de ensinar com frequência (Jo 6.24-71 e Mc 1.21-22; 9.33-50).

Descendo pela costa mediterrânea, para a parte sul, uma cidade importante é

Cesareia, capital da província romana da Palestina e um antigo porto marítimo, construída

por Herodes, o Grande, a cerca de 22 a.C. Lá, Herodes construiu seu palácio de verão

com piscinas decorativas, um aqueduto para suprir o local de água potável e, por baixo da

cidade, fez um sistema de drenagem que levava o esgoto para o mar.

Essa cidade apareceu pela primeira vez, sendo o lugar onde Jesus interrogou seus

discípulos acerca de sua identidade e do Filho do Homem (Mt 16.13 e Mc 8.27). Todavia,

é em Atos dos Apóstolos que a cidade de Cesareia mais aparece (cf. At 8.40; 9.30;

10.1,24; 11.11; 12.19; 18.22; 23.23,33; 25.1,4,6 e 13). Destaca-se a conversão do primeiro

gentio cristão, Cornélio (Atos 10). O sonho de Pedro (At 11.1-18), onde Deus usou

elementos com os quais Pedro se familiarizava para corrigi-lo em seu preconceito e para

salvar mais alguns gentios, também foi o local onde Paulo foi julgado por Festo antes de

ser levado a Roma (Atos 25:6-12).

Ao sul da terra de Israel, destacamos duas cidades que disputam antiguidade:

Jericó e Jerusalém. Jericó, com mais de 10.000 anos é a cidade mais antiga do planeta,

fica na área Cisjordânia, Palestina, e é mencionada mais de 70 vezes no Antigo

Testamento. Na época do Êxodo, Deus mostra a Terra Prometida a Moisés (Dt 34.1). Na

época da conquista, foi a primeira a ser invadida por Josué (Js 6). Na época do Novo

Testamento, foi lá que Jesus deu a visão a um cego (Mt 20.29-30; Mc 10:46-52; Lc

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18.35-43) e comeu com Zaqueu, “um dos principais dos publicanos” (Lc 19.1-10).

A última cidade estudada, além de ser uma das mais antigas do mundo, foi

Jerusalém ("legado da paz"), conquistada pelo rei Davi que a tornou a capital do Reino

Unido. Depois, foi ampliada e embelezada pelo rei Salomão e recebeu o Primeiro Templo,

no Monte Moriá. Após a morte de Salomão, Jerusalém permaneceu com status de capital

do Reino do Sul ou Judá (1 Re 12) até 586 a.C., quando foi conquistada pelos babilônicos

(2 Re 24-25). Na época pós-exílica, o rei persa, Ciro, permitiu que Jerusalém recebesse

novamente os judeus e que reconstruísse o Templo de Salomão, que passou a se chamar

Segundo Tempo. Na época do Novo Testamento, Herodes novamente ampliou,

embelezou a cidade, a qual fora palco de diversos embates de Jesus com os fariseus,

saduceus e local onde o Messias foi traído, julgados e crucificado.

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Atividades de Aprendizagem
Unidades 1, 2 e 3

1. A palavra bíblia é um vocábulo originário de uma língua antiga chamada:

a) Hebraica

b) Aramaica

c) Grega

d) Latim

2. Atualmente, a Bíblia é coleção de pequenos livros. Porém, seu diferencial

especial, que a reveste de sacralidade, é que:

a) Seus livros foram escritos pelos mais diversos escritores.

b) Seus livros foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo.

c) Seus livros foram escritos em vários locais diferentes.

d) Seus livros foram escritos por homens ultra cultos e sábios

3. Está correto dizer que os homens inspirados foram usados por Deus

respeitando:

a) Sua língua, sua cultura, sua época e sua fé.

b) Sua língua, sua cultura e sua época.

c) Sua língua, sua cultura e sua fé.

d) Sua fé, apenas, já que a Bíblia foi inspirada.

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4. Entre as teorias majoritárias sobre a inspiração:

a) A Bíblia é Palavra de Deus aos homens e dos homens a Deus.

b) A Bíblia é A Palavra.

c) A Bíblia é a autorrevelação de Deus.

d) A Bíblia é a Palavra de Deus.

5. Entre os materiais de escrita da bíblia, NÃO estão:

a) As pedras

b) As lâminas de ouro

c) Os compensados

d) Os pergaminhos

6. No Antigo Testamento, vemos dois tipos de narrativas como as:

a) Narrativa-didático e Narrativa-histórica.

b) Narrativa-antitética e Narrativa-histórica.

c) Narrativa-mítica e Narrativa-histórica.

d) Narrativa-didático e Narrativa-antitética.

7. O gênero evangelho tem por principal característica:

a) Narrar, em detalhes, a história do Jesus Histórico.

b) Registrar a história do Cristo da fé.

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c) Registrar o “kerigma” (mensagem) proclamado pelos apóstolos.

d) Narrar a história teológica de Jesus.

8. No Novo Testamento, dentro dos evangelhos, encontramos ainda:

a) As histórias de Jesus e material replicado do Antigo Testamento.

b) Parábolas, narrativas de milagres, cânticos e genealogias.

c) Profecias não cumpridas no Antigo Testamento.

d) Cantos e poemas.

9. Outro gênero importantíssimo no Novo Testamento é:

a) O Apocalipse, pois narra o tempo de hoje.

b) Atos, que contam a história da igreja.

c) O apocalipse, pois narra o tempo futuro.

d) Epistolar, que é encontrado em 21 cartas e compõe a maior parte do cânon.

10. As três grandes áreas ou regiões geográficas:

a) Área Norte, área Central-Oeste e área Sudeste.

b) Área Norte, área Central e área Sul.

c) Área Extremo Norte, área Centro-Sul e área Sul.

d) Área Norte, área Costeira e área Sul.

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11. A área norte da terra é caracterizada por ser:

a) Extremamente fértil e verdejante, com a maior concentração de água potável.

b) Extremamente fértil, mas com partes desérticas.

c) Verdejante, mas desértica também.

d) Ser a maior concentração de água potável, mas desértica em partes.

12. A parte sul de Israel é desértica e com pouca água, mas tem como oásis:

a) Jerusalém e En Gedi.

b) En Gedi e Qumrã.

c) Jericó e Sodoma.

d) Jericó e En Gedi

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Ciências da terra II
Nesta quarta unidade, continuaremos o estudo das Ciências da Terra, agora,

dedicando-se a arqueologia e seu relacionamento com Bíblia. Assim, teremos contato

com as principais descobertas arqueológicas do Antigo e do Novo Testamento, que nos

ajudam a compreender mais e melhor a história sagrada.

Vamos avançar!

4.1 A ARQUEOLOGIA E BÍBLIA

A arqueologia é uma ciência importante que confirma a precisão histórica da Bíblia,

pois tem se ocupado da recuperação e da investigação científica dos povos e das culturas

antigas que podem iluminar os acontecimentos bíblicos.

Uma vez que a Bíblia se refere à centenas de cidades, reis e lugares, esperamos

encontrar evidências da sua existência. E isso é exatamente o que tem acontecido.

Personagens bíblicas, por exemplo, têm sido confirmadas em selos e inscrições em pedra

achadas no território de Israel.

Dentre os selos famosos, temos o “Selo real de Jezabel” que foi uma doação

anônima feita ao Departamento de Antiguidades Judaicas em 1960. Com 3 cm de

tamanho, esse selo possui símbolos egípcios, usados na Fenícia. Nele, constam quatro

letras, formando YZBL (‫)יזבל‬, o nome desta polêmica rainha e esposa de Acabe.

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A arqueóloga Eilat Mazar, nas escavações ao sul do Monte do Templo, tem

descoberto preciosidades. Em 2015, achou um sinete de 9,7 x 8,6 milímetros com uma

inscrição em hebraico antigo, que dizia “Pertencente a Ezequias [filho de] Acaz, rei de

Judá”, confirmando cientificamente a existência do rei Ezequias, filho de Acaz, rei de

Judá, que reinou em Jerusalém entre 727-698 a.C. Em 2018, nas escavações de Ophhel,

achou-se o “Selo de Isaias”, onde se pode ler o nome em hebraico do profeta “Yishayah”

e as letras correspondentes NVY ou NWY, que correspondem à palavra “profeta”.

4.2 As principais descobertas arqueológicas para o AT

São inumeráveis as descobertas arqueológicas que têm confirmado eventos

registrados no Antigo Testamento, dentre as quais, destacamos a cidade de Abraão,

Beerseba, a Reserva Natural de Tel Dan e a cidade de Jerusalém.

Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade em 1986 e habitada desde 4.000

anos a.C (período Calcolítico), Beerseba ("poço do juramento") foi um centro urbano no

deserto do Neguev, com residências e prédios públicos com sistemas de paredes e

portões, armazém e canal de água. No período bíblico, há 2.000 anos (Período do

Bronze), esse local foi renovado, chegando a ter identificado 9 camadas de construções.

Beerseba foi um lugar importante na época patriarcal. Lá firmaram pactos Abraão e

Abimeleque, rei de Gerar. Dois dos poços, nessa região, são muito antigos e, acredita-se

que tiveram alguma ligação com os patriarcas (cf. fotos desse sítio em

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tel_Berseba). Possivelmente, esses foram os mesmos poços

que eles e seus servos cavaram. O local era tão importante que estava habitado na época

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de Amós (8.14): “Os que juram pela culpa de Samaria, dizendo: Vive o teu deus, ó Dã; e

vive o caminho de Berseba; esses mesmos cairão, e não se levantarão jamais.”

A Reserva Natural de Tel Dan fica no extremo norte de Israel e foi escavada pelo

Prof. Avraham Biran a partir de 1966, que descobriu ossuários, cerâmicas e defendeu que

o local foi habitado pelos cananeus e, desde a época dos juízes, pelos israelitas (Jz

18.27-29). Nesse grande parque, foram achados, podemos começar citando, o Portão

Canaanita ou o Portão de Abraão, que é um portão construído por volta de 1800 a.C. com

tijolos de barro e tem três arcos, considerados os primeiros desse tipo no mundo. O

portão foi preservado em sua altura total de 7m.

Outro achado impressionante, foram as muralhas da cidade de Acabe, construídas

no século XIX a.C., que tem um portão, os restos de um pódio, na entrada da cidade,

onde governantes julgam as causas mais complicadas, e os homens da cidade resolviam

suas questões (cf. Rt 4 e 2 Sm 18.4). Foi na manutenção dessa muralha que, em 1993,

descobriu-se a "Estela de Tel Dã" onde se pode ler: “do meu reino, e eu matei [setenta]

rei[s], que usavam [milhares de]carros e milhares de cavaleiros (ou cavalos). Eu matei

[Jeorão] filho de [Acabe] Rei de Israel, e eu matei [Acazías], filhos de [Jeorão] rei. Da

Casa de Davi. E eu tornei [suas vilas em ruínas e tornei] sua terra em [desolação…]”

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Foto 1: As muralhas da cidade de Acabe


Foto produzida pela autora.

E por fim, mas tão importante quando os anteriores, está o local ritual de culto ao

bezerro de ouro que data desde a época de Juízes até de Jeroboão II. O local é o

complexo ritual, com plataforma pavimentada e diversas câmaras adjacentes, onde se

achou um altar com quatro chifres, objetos religiosos, como três pás de ferro e um

incensário de ferro, além de uma ampla plataforma para sacrifícios.

Foto 2: Local de culto ao Bezerro de Outro


Foto produzida pela autora.

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Citada pela primeira vez ligada a Melquisedeque, rei de Salem (Gn 14.18), a

cidade de Jerusalém se torna uma cidade especial para a época do AT, após ser

conquistada por Davi (2 Samuel 5.1-12) e se tornar a capital religiosa e política do Reino

Unido de Israel. Com Salomão, a cidade é embelezada e ganha o Primeiro Templo a

Deus. Em 587 a.C., ela é conquistada por Nabucodonosor (2 Re 25) mas, na época

persa, Ciro permite que os judeus voltem para Judá e reconstruam o templo, os muros da

cidade e as casas de Jerusalém, em 445 a.C. Hoje, essa antiquíssima cidade tem locais

emblemáticos que confirmam a Bíblia e a fé em Jesus.

Como exemplo, citamos o Monte Moriá (ou Monte do Templo) onde Abraão

preparou o sacrifício de Isaque (Gn 22). David desejou construir uma casa para Deus (2

Sm 7.1-17) e Salomão construiu o Primeiro Templo (1 Re 5-6). Junto ao Monte do Templo,

temos o Muro das Lamentações, o segundo local mais sagrado do judaísmo, foi

construído por Herodes, o Grande, como o muro de contenção do complexo do Monte do

Templo e é o único vestígio do antigo Templo de Herodes, erguido no lugar do Templo de

Salomão.

Próximo ao Muro das Lamentações, mas fora da cidade velha, fica a “Cidade de

David” (Yir David), um local que tem revelado muitas coisas interessantes como a "Casa

de Ahiel", uma típica casa israelita de quatro quartos com escada externa que

provavelmente levava ao telhado plano e onde, do lado de dentro, foram encontrados

cosméticos e utensílios domésticos, todos das ruínas de 586 a.C.

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Foto 3: Casa de Ahiel


Fonte: Von Ian Scott - The House of Ahiel. Disponível em
<https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44995543>

Outro impressionante achado dentro de Jerusalém é o "Túnel de Ezequias" ou

Túnel de Siloé (2 Re 20.20; 2 Cr 32.30). Com 530 metros, ele foi escavado durante o

reinado de Ezequias para levar água de um lado a outro da cidade de Jerusalém (da

Fonte de Giom até a piscina de Siloé) e é considerado as maiores obras de engenharia

hidráulica, tecnologia, no período pré-clássico.

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Foto 4: "Túnel de Ezequias" ou Túnel de Siloé


Fonte: Davidbena

Dentro desse túnel foi encontrada o que ficou conhecido como a inscrição de Siloé,

onde podemos ler: "[... quando] (o túnel) foi atravessado. E foi dessa forma que foi

cortado: Enquanto [...] (eram) ainda [...] machado (s), cada homem, em direção ao seu

companheiro, e enquanto havia ainda três côvados a serem cortados, [ouviu-se ] a voz de

um homem chamando seus companheiros, pois havia uma sobreposição na rocha à

direita [e à esquerda]. E, quando o túnel foi atravessado, os pedreiros cortaram (a rocha),

cada homem, em direção ao seu companheiro, machado contra machado; e a água fluiu

da nascente em direção ao reservatório por 1200 côvados, e a altura da rocha acima da

(s) cabeça (s) dos pedreiros era de 100 côvados”.

Não poderíamos encerrar esse tópico sem falar dos Manuscritos do Mar Morto, a

principal descoberta da arqueologia para o estudo da Bíblia. Eles foram descobertos em

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1947, no atual Parque Nacional Qumran, local de uma antiga comunidade de essênia do

século I a.C., na costa noroeste do Mar Morto. Foram esses essênios que, há 2.000 anos,

escreveram esses manuscritos e, depois, os esconderam em cavernas próximas. Entre os

textos achados, estão desde porções à livros inteiros de toda a Bíblia Hebraica, exceto o

Livro de Ester e o Livro de Neemias. Entre os Manuscritos do Mar Morto, estão também

textos apócrifos e livros de regras da própria comunidade. Esse conjunto torna esses

manuscritos a versão mais antiga do texto bíblico, datando de mil anos antes do texto

original da Bíblia Hebraica. A maioria dos pergaminhos e fragmentos são mantidos no

Santuário do Livro, em Jerusalém.

Fotos 5 e 6: esquerda, uma das grutas onde foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto. A
direita, uma réplica de um manuscrito.
Fonte: Google Imagens

4.2 As principais descobertas arqueológicas para o NT

As descobertas arqueológicas que confirmam e nos possibilitam entender melhor a

época e os eventos no Novo Testamento são enormes. Aqui, iremos citar o Museu Yigal

Alon, as cidades Cafarnaum, Tabgha e Magdala e mais alguns locais emblemáticos

dentro da cidade de Jerusalém.

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O Museu Yigal Alon, que fica dentro de um kibutz (colônia agrícola), abriga os

vestígios de uma antiga embarcação, popularmente, conhecida como o “Barco de Jesus”,

um barco de pesca de 2.000 anos que foi descoberto na lama perto das margens do lago

da Galileia em 1986, durante um período de seca e águas baixas. Muito bem preservada,

a antiga embarcação foi datada como sendo do século I d.C., e, possivelmente, é um

exemplo do tipo de barco de pesca usado por Jesus e seus discípulos.

Fotos 7 e 8: Entrada para o Museu Yigal Alon e o “Barco de Jesus”.


Fotos da autora

Na cidade de Cafarnaum, citada na unidade anterior, a arqueologia revelou a casa

onde morava Pedro com sua esposa e sogra, além das ruínas de uma sinagoga da época

de Jesus em cima, da qual foi construída uma sinagoga nas mesmas dimensões.

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Fotos 9 e 10: Casa de Pedro


Fotos da autora

Repare, abaixo, na foto, a direita da sinagoga de Cafarnaum. Nela, existem duas

camadas de pedras. Em cima, uma camada clara e, embaixo, uma camada de pedras de

coloração mais escura, da época de Jesus.

Fotos 11 e 12: Sinagoga de Cafarnaum.


Fotos da autora.

Já a cidade de Magdala ou Migdal fica à margem ocidental do Mar da Galileia e se

situa ao longo de uma importante rota comercial, a Via Maris, e no caminho de Nazaré a

Cafarnaum. Magdala, que era uma cidade ativa, repleta de pescadores, lojistas e

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habitantes, hoje, é um sítio ainda em escavação. Certamente, é o local de nascimento e

da residência de Maria Madalena (Lc 8:1-2), a mulher que foi curada por Jesus, tornou-se

uma seguidora e foi uma testemunha da Ressurreição (Jo 20.1). Neste local, hoje,

encontram-se os restos de uma antiga sinagoga do século I, uma das sete existentes no

mundo e a mais bem preservada até hoje. No centro da sinagoga, os arqueólogos

encontraram a Pedra de Magdala, uma das descobertas mais significativas dos últimos 50

anos.

Fotos 13 e 14: Antiga sinagoga do século I em Magdala.


Fotos da autora.

A região de Tabgha é o tradicional local, onde ocorreu o milagre dos pães e dos

peixes (Mt 14:14-21, Mc 6:34-44) e de uma aparição de Jesus após a ressurreição (Jo

21). Em João 21, Jesus se encontrou novamente com os discípulos para o "último café da

manhã". Aqui, após as três negações de Pedro, Jesus lhe perguntou, por três vezes, se O

amava. Em 1932, escavações arqueológicas revelaram mosaicos, incluindo cenários de

pântanos, pássaros e plantas do Rio Nilo, uma pintura de um cesto com pães e dois

peixes, decorando o que teria sido o local do altar.

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Fotos 15 e 16: Igreja em Tabgha.


Fotos da autora.

A cidade de Jerusalém foi um local importantíssimo também para o Novo

Testamento, pois, de lá, Jesus tanto encorajou e instruiu seus discípulos (Mt 21.46;

23.1-39; 24.1-14 e Mc13:3-10), como chorou (Lc 19.41) e ascendeu após a ressurreição

(Mc 16.19; Lc 24.51 e At 1.9-12).

Hoje, graças a arqueologia, podemos visitar a Via Dolorosa, longa rua de 1,6 km

que contém 14 estações, começando na Porta de Estevão e terminando na Igreja do

Santo Sepulcro, onde Jesus passou carregando a cruz.

Os trabalhos arqueológicos, em Jerusalém, também possibilitaram a reconstrução

do Tanque de Betesda, um reservatório que fica perto da Porta das Ovelhas e da

Fortaleza Antônia, na zona norte, onde Jesus curou o paralítico (Jo 5.1-18) e do Tanque

de Siloé, onde Jesus curou o homem cego de nascença (Jo 9).

Outros dois lugares revelados pela arqueologia foram o Getsêmani, um antigo

olival com árvores antiquíssimas e o local, onde Jesus se reuniu com seus discípulos,

para orar e, na noite da Páscoa, foi traído por Judas Iscariotes, foi preso (Mt 26.36-56; Mc

86 |Introdução à Bíblia - FVC


87

14.32-52; Lc 22:39-53; Jo 18.1-12); e o Jardim do Túmulo ou Jardim da Tumba, um lindo

jardim, onde está o túmulo vazio de Jesus, de onde se vê o verdadeiro Monte Calvário ou

Monte da Caveira (Mt 27, Mc 15, Lc 23 e Jo 19).

Fotos 17 e 18: A esquerda, Via Dolorosa. A direita, o Tanque de Betesda.


Fotos da autora

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Ciências históricas do antigo testamento


Nesta quinta unidade, estudaremos a história de Israel na época do Antigo

Testamento, passando pelas histórias primordiais até o chamado de Abraão, a época

mosaica, a época de Josué e dos Juízes, da monarquia até a época pós-exílica.

Vamos começar!

5.1 De Adão até Abraão

A história do Antigo Testamento começa narrando como Deus criou o mundo e tudo

o que existe pelo poder da sua Palavra. No primeiro dia, Ele cria a luz; no segundo, o

firmamento do céu; no terceiro, faz a separação das águas e da terra e cria as plantas; no

quarto dia, faz o sol, lua e as estrelas; no quinto, cria a vida marinha e pássaros e, no

sexto dia, faz os animais terrestres e o ser humano, macho e fêmea, a sua imagem,

conforme a sua semelhança e ordena que eles sejam fecundos, multipliquem-se, povoem

a terra e governem sobre toda a criação (Gn 1).

A sequência dessa cosmogonia é a antropogonia, onde é revelado que Deus faz o

homem com suas próprias mãos e o coloca num lindo jardim, com toda sorte de árvores

frutíferas comestíveis. Para viver eternamente neste aprazível pomar, o homem deveria

fazer apenas duas coisas: Guardar o jardim e não comer da árvore do bem e do mau.

Vendo que o homem estava só, Deus cria os animais e a mulher, sua companheira idônea

(Gn 2).

89 |Introdução à Bíblia - FVC


90

Neste jardim, homem e mulher viviam em harmonia até o dia em que, dando

ouvidos a serpente, a mulher come o fruto da única árvore proibida e dá ao seu esposo,

que também o come. Deus, diante da desobediência do casal, expulsa-os do paraíso, e

eles passam a conviver com as consequências da desobediência: O homem teria de

trabalhar arduamente para se sustentar e a mulher daria luz com mais dores e seria

sujeita ao homem (Gn 3).

Fora do jardim, Adão e Eva têm dois filhos, Caim, o agricultor, e Abel, o pastor. Um

dia, Caim e Abel vão ofertar a Deus, mas só o sacrifico de Abel é aceito, o que deixa

Caim muito irritado. Inconformado com a rejeição, quando estavam no campo, Caim mata

Abel e é punido por Deus. Só Deus, o autor da vida, tem o direito de abreviar a vida. Por

esse pecado, Caim é condenado a vagar pela terra, longe da presença de Deus (Gn 4).

A maldade se multiplica na terra e a violência toma conta de todas as relações

humanas. Deus se arrepende de ter criado o homem e resolve destruir com tudo num

grande dilúvio, mas Noé encontra graça aos olhos do Criador. A Noé é ordenada a

construção de uma arca, onde seriam colocados alguns exemplares dos animais criados,

além da sua família. Após ele construir a arca e entrar nela com alguns exemplares dos

animais criados e todos da sua casa, cai sobre a terra uma grande chuva. Apos destruir e

matar com tudo que tivesse vida sobre a terra, às águas do dilúvio diminuem. Noé, sua

família e os animais saem da arca. Satisfeito, Deus dá a Noé e a seus filhos a mesma

ordem que deu a Adão: Eles devem se espalhar e repovoar a terra. E mais, faz também

uma aliança: Nunca mais destruirei a terra com um dilúvio (Gn 6-9).

A terra começa a ser repovoava pelos filhos de Noé, até que um dia, peregrinando

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pela terra de Sinar, alguns homens, que falavam todos a mesma língua, decidem construir

uma cidade com uma torre altíssima, a fim de não serem mais espalhados sobre a terra.

Deus vê o que esses homens estavam fazendo. Como, novamente, descumpriam suas

ordens, resolve confundir suas línguas para que não pudessem se comunicar. Sem

conseguirem se entender, os homens interrompem a construção da cidade e da torre e

continuam a viver espalhados sobre a terra. (Gn 11.1-9)

Os filhos de Noé se multiplicam sobre a terra, e de Sem nascem muitos

descendentes, dentre eles, um especial: Terá, que viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a

Naor e a Harã (Gn 11.10-26)

5.2 De Abraão até Josué

Terá, que vivem em Ur dos Caldeus, resolve se mudar para a terra de Canaã com

seu filho Abrão, sua nora Sarai e seu neto Ló, mas antes, habitam em Harã, onde acaba

falecendo. Em Harã, Deus fala com Abrão e o manda que deixe sua terra e vá para o

lugar que Ele haveria de mostrar, prometendo que faria dele uma grande e abençoada

nação (12.1-3).

Ao aceitar o convite de Deus, Abraão parte com sua família e vai morar em Canaã.

Lá, seu clã cresce, ele se separa do seu sobrinho Ló, recebe de Deus a ordem de

circuncidar-se, enriquece e tem vários filhos: Ismael, com Hagar, a serva da sua esposa,

Isaque, com Sara, o filho da promessa que quase foi sacrificado, numa prova de fé e

fidelidade a Deus, e vários outros filhos e filhas com Quetura, sua concubina (Gn 12-25).

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A promessa de ser um grande povo, feita por Deus a Abraão, foi feita também a

seu filho Isaque que se casou com Rebeca e teve dois filhos gêmeos, Esaú, exímio

caçador, e Jacó, homem manso e fazedor de tendas (Gn 13-27).

Os filhos de Isaque crescem. Um dia, quando voltava faminto de uma caçada, Esaú

vende sua primogenitura a Jacó, que recebe de seu pai, Isaque, a bênção no lugar de

Esaú. Isso provoca um grave desentendimento entre os irmãos e faz Jacó ir morar na

casa do seu tio Labão, na Mesopotâmia, onde se casou com suas primas Léa e Rachel.

No clã de Labão, Jacó trabalha com afinco, é abençoado por Deus, cresce e prospera,

despertando nos filhos de Labão inveja e desconfiança. Diante dessa situação, Jacó

pegou toda a sua família, servos e bens, e voltou para a Terra de Canaã. Ao chegar a

Canaã, luta com um anjo, tem seu nome mudado para Israel e se reconcilia com o irmão,

passando a viver em paz com suas esposas e 12 filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã,

Naftali, Gade, Asser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim (Gn 27-36).

Os filhos de Jacó tinham ciúmes de José por ser o predileto do pai e, também,

devido a alguns sonhos que ele tivera, onde se via governando sobre os irmãos. Um dia,

quando José, a mando de seu pai, vai observar como andava o trabalho dos seus irmãos,

eles o pegam e tramam matá-lo. Mas Rúben intervém, e Judá propõe que o vendam

como escravo para alguns mercadores. Vendido aos midianitas, José é levado ao Egito,

onde é revendido a Potifar, o capitão da guarda do Faraó.

Na casa de Potifar, José trabalhou algum tempo como “mordomo”, mas foi

acusado, injustamente, de tentar abusar da dona da casa e, por isso, acaba sendo preso.

Na prisão, destaca-se por seu espírito de liderança e seu dom de interpretação de

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sonhos. Os anos passam, até que um dia, o Faraó tem sonhos que ninguém da corte

consegue decifrar. Lembrado e citado pelo chefe dos copeiros, José é convocado pelo

Faraó para interpretar os sonhos que o afligiram. Ele consegue revelar o que os sonhos

significavam e é solto da prisão. Em gratidão, o Faraó dá a José um anel do seu próprio

dedo, o veste de linho fino, põe um colar de ouro no seu pescoço e o constitui governador

de todo Egito (Gn 37-48).

Enquanto estava como governador, uma fome severa se instala na terra de Canaã

e muita gente vai buscar comida no Egito. Dentre essas gentes, estão os irmãos de José.

Reconhecidos pelo irmão, agora, governador, os filhos de Jacó são acusados de serem

espiões, são colocados na prisão e, após três dias, são avisados de que, se

conseguissem comprar comida, deveriam trazer até o Egito Benjamim, o seu irmão mais

novo. Assim é feito, e os irmãos voltam com Benjamim. Ao ver seu irmão mais novo,

José se dá a conhecer aos irmãos, que, posteriormente, trazem seu pai e toda sua família

para viver junto a ele (Gn 49-50).

Algum tempo depois de José ter morrido, levanta-se no Egito um Faraó que

começa a escravizar os hebreus, que se tornaram um povo grande e forte. O povo clama

a Deus por libertação. Moisés, um hebreu salvo da morte pela filha do Faraó, quando

ainda era bebê, é escolhido para liderar o movimento de libertação do seu povo do Egito.

Após algumas tentativas pacíficas de libertação serem recusadas pelo Faraó, Deus envia

dez pragas sobre a terra do Egito: 1. a água do Nilo vira sangue; 2. rãs invadem a terra; 3.

mosquitos atacam os homens e os animais; 4. moscas invadem a terra; 5. peste atinge os

animais; 6. úlceras nascem nos homens e animais; 7. chuva de pedras cai sobre a terra;

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8. gafanhotos comem as plantações; 9. trevas tornam dias em noites; 10. morte dos

primogênitos dos egípcios. Após essa última praga, o Faraó cede e o povo sai do Egito,

atravessando o Mar Vermelho a pés enxutos (Ex 1-14). Caminhando pelos desertos da

Península Arábica, o povo precisa enfrentar vários desafios como sede, desejo de comer

pão e carne, além dos povos que ali moravam (Ex 15-19). Após vencerem esses desafios

iniciais, o povo chega ao monte Sinai, onde Deus entrega várias leis, das quais se

destacam os Dez Mandamentos, e manda construir um tabernáculo, lugar da Sua

morada, no meio do acampamento (Ex 20-40).

Após ficarem um tempo acampados no deserto do Sinai, o povo volta a caminhar e

várias rebeliões se levantam: É o povo que murmura de sede, é Miriã e Arão que

reclamam da mulher cuxita de Moisés, são os líderes Corá, Datã e Abirão que se

levantam contra a liderança de Moisés e Arão, são os espias que, após visitarem a terra

de Canaã, reclamam que não conseguirão conquistar a terra, porque os seus habitantes

eram gigantes e, por fim, é o próprio Moisés que desobedece a Deus (Nm 12-36). Essa

difícil peregrinação dura 40 anos, quando, então, Moisés acampa o povo em Sitim, faz

três discursos de despedida, abençoa o povo (Dt 1-33) e morre (Dt 34.5-8).

5.3 De José até a monarquia unida


No lugar de Moisés, fica Josué que lidera o povo na conquista e no

estabelecimento em Canaã. Orientado por Deus, Josué atravessa o rio Jordão e entra

com o povo em Canaã, circuncida-os e celebra a Páscoa (Js 1-5). Ao acampar em Gilgal,

Josué planeja conquistar a terra prometida em três etapas. Primeiro toma importantes

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cidades na parte central do território como Jericó e Aí (Js 6-9). Depois, conquista cidades

e territórios da parte sul como Laquis, Eglom, Hebrom, Cades-Barnéia e Gaza e, por fim,

conquista a parte norte da terra (Js 10-12). Idoso, Josué divide a terra entre as doze

tribos, renova a aliança entre o povo e Deus e morre (Js 13-24).

Depois da morte de Josué, com o povo morando na Terra, novos líderes são

levantados e ficam conhecidos como "juízes". Entre os juízes, houve os que governaram

em tempos de paz (como Samgar, Tola, Jair, Abesã, Elon e Abdon) e em tempos de

apostasia e guerra (como Otoniel, Eúde, Débora, Barac, Gideão, Jefté e Sansão). Esses

últimos juízes, também conhecidos como Maiores, eram levantados por Deus toda vez

que as tribos (esqueciam-se de Deus) eram oprimidas por um dos povos estrangeiros e,

logo, clamavam pedindo o socorro divino.

Foi, nessa época turbulenta dos juízes, que a moabita Rute se casou com um

israelita da tribo de Judá e, após ficar viúva e se converter ao Deus de Israel, volta com

sua sogra para Belém, onde se casa com Boaz, um abastado parente remidor de seu

esposo, e se torna a bisavó do grande rei Davi.

O último dos juízes é Samuel que, quando menino, foi dedicado a Deus no templo

em Siló, e cresceu sob os cuidados do sacerdote Eli. É Samuel quem unge os dois

primeiros reis de Israel, Saul e Davi, após o povo pedir um "rei, como tinham as outras

nações" (1 Sm 1-8).

Saul era da tribo se Benjamim e foi ungido rei, depois de procurar Samuel, a fim de

encontrar as jumentas perdidas de seu pai (1 Sm 9). Saul foi um rei que se limitou a ser

um grande guerreiro, vencendo grandes guerra contra as amonitas e filisteus (1 Sm

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11-17). Apesar de ser um guerreiro valoroso, Saul pecou, terrivelmente, contra o Senhor

em três ocasiões - oferece um sacrifício indevido em Gilgal, não mata todos os

amalequitas e consulta uma médium em En-Dor - e por isso Deus manda que Samuel

unga um novo rei (1 Sm 16).

Indo a casa de Belém, Samuel unge Davi, o filho caçula de Jessé e pastor, como

segundo rei de Israel. O início do reinado de Davi foi difícil, pois ele teve que lidar com os

arroubos ciumentos de Saul e precisou fugir várias vezes para não ser morto (1 Sm

17-20). Mas, após a morte de Saul, Davi teve liberdade para reinar, conquistou a cidade

de Jerusalém e a tornou capital do reino (2 Sm 3-5).

Davi foi rei bem sucedido: Construiu um palácio no Monte Sião (2 Sm 5:6-9), trouxe

a Arca da Aliança para Jerusalém (2 Sm 6-7), ampliou e fortaleceu o reino, chegando com

o território do Eufrates até o Egito, (2 Sm 8-10) e formou um grande exército com o qual

lutou contra os edomitas, filisteus, cananeus, moabitas, amonitas, arameus e amalequitas.

Apesar de ser um grande rei, Davi cometeu um grave pecado: Adulterou com Bete-Seba,

mulher de Urias, o fiel general do seu exército, com quem teve, dentre outros filhos,

Salomão, o terceiro rei de Israel.

Idoso, um pouco antes de morrer, Davi, incentivado por Bete-Seba e o profeta

Natã, elege Salomão como seu sucessor (1 Re 1-2).

Ao começar seu reinado, Salomão se casa com a filha do Faraó do Egito, adora a

Deus, sacrifica milhares de holocaustos e tem um sonho, onde pede a Deus sabedoria

para governar o povo. Feliz com o pedido de Salomão, Deus diz que lhe daria sabedoria e

também riqueza e poder (1 Re 3). Salomão foi um rei excelente: Julgava com sabedoria

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as difíceis causas populares, escreveu muitos provérbios, salmos e livros sobre os mais

diversos assuntos, dividiu o seu território em 12 distritos administrativos, colocando, para

cada um, líderes qualificados. Aparelhou o exército com cavalos e carros de guerra,

embelezou Jerusalém com várias construções, dentre as quais, destaca-se a casa do rei

e grandioso Templo dedicado ao Deus de Israel (1 Re 4-10).

Merece destaque a sabedoria de Salomão, que resultou em obras maravilhosas

inspiradas, como o livro de Cantares ou Cântico dos Cânticos, escrito da mocidade, com

versos de amor e paixão entre Salomão e sua esposa; o livro de Provérbios, escrito da

maturidade, com instruções didáticas para todos os tempos; e o livro de Eclesiastes,

escrito na velhice, onde o rei Salomão reflete sobre a vida, a morte, as vaidades, as

ansiedades e as incertezas da existência de todos os homens.

Apesar de ter feito tantas coisas boas e louváveis, Salomão pecou, infelizmente, ao

fazer templos para os deuses das suas esposas e concubinas, oficializando dentro do

reino a idolatria e o culto aos outros deuses. Diante desse terrível pecado, Deus o pune,

levanta inimigos contra ele, para lhe tirarem a paz. Após reinar por quarenta anos,

Salomão morre e seu filho Roboão assume o trono (1 Re 11).

5.4 Da monarquia dividida até o exílio


Após a morte de Salomão, Roboão vai encontrar as tribos do Norte e ouve delas

um pedido para que diminuíssem os impostos. Dando ouvidos aos seus amigos, Roboão

rejeita o pedido das tribos, e elas dizem que não o querem mais como rei. Empossam

Jeroboão como o primeiro monarca da confederação das dez tribos. Assim, o reino é

divido em duas partes: Ao Norte da terra, ficou Israel, com dez tribos, estabelecidas entre

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Dã e Betel, e, ao Sul, ficou Judá, da borda superior do Mar Morto até Cades-Barneia (1

Re 12.1-24).

No Reino do Norte, Israel, foi implantada uma monarquia no modelo dinástico.

Nele, houve um total de 5 dinastias e 19 reis. Na primeira dinastia, reinaram Jeroboão (1

Re 12.25-33; 13.1-10; 13.33-34 e 14.1-20) e Nadabe (1 Re 15.25-32). Em termos de

importância, essa dinastia resgatou o valor dos antigos santuários de Siquém (Js 24, onde

é feita a última aliança entre YHWH e o povo na época da conquista da terra), Penuel (Gn

32.24-32, local onde Jacó lutou com o anjo e teve ao seu nome adicional Israel), Betel

(Gn 28, cidade fundada por Jacó após a teofania da escada) e Dã (Gn 30.4 cidade/tribo

que leva o nome do filho de Jacó com Bila). Também delimitou as fronteiras norte (Dã) e

sul (Betel) do território com os santuários, invocando a presença de Deus como o único

capaz de protegê-los (Dt 17.14-20). Contudo, infelizmente, ao tentarem restabelecer

tradições religiosas do norte, a partir do simbolismo do bezerro (símbolo da força, poder e

fertilidade no Antigo Oriente Próximo), como trono para o Deus de Israel, pecaram, pois o

bezerro, ao longo dos anos, tornou-se uma abominável imagem de Deus e levou o povo a

pecar grandemente.

A segunda dinastia teve três reis - Baasa (1 Re 15.28 – 16.8), Ela (1 Re 16.8-10a)

e Zinri (1 Re 16.10b-20) - e sua importância está no fato de ampliar o centro de poder

para o norte, em Tizra (1 Re 15.33) e mostrar um reino de dirigentes com “poder" (1 Re

16.5). Infelizmente, manteve-se a tradição religiosa pecaminosa, que insistia no culto ao

bezerro (1Re 15.34; 16.13 e 16.19).

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Na terceira dinastia, reinaram Omri (1 Re 16.21-28), Acabe (1 Re 16.29 – 22.40),

Acazias (1 Re 22.52-53 – 2 Re 1.1-18) e Jorão (2 Re 3.1 – 8.15). Quando foi rei, Omri

(884-873) comprou uma colina, edificou e fundou Samaria e a tornou a capital do Reino

do Norte (1 Re 16.24). Apesar desse ato louvável, insistiu em manter o culto pecaminoso

ao bezerro de ouro (1 Re 16.25-26). Seu filho Acabe, ao se tornar rei, desposou a

princesa siro-fenícia Jezabel (1 Re 16.30-31a). Assim, iniciou-se uma aliança, que trouxe

o acesso a competências comerciais e artesanais para Israel, pois além de conquistar um

aliado contra a possível ameaça dos arameus, conseguia uma maneira de escoar a sua

produção agrícola, valendo-se do tradicional comércio marítimo da fenícia. Todavia, além

de manter o culto ao bezerro de ouro, trouxe, para dentro de Israel, o culto balista da sua

esposa e edificou um altar para ele em Samaria (1 Re 16.31-33). Essa atitude deu início a

uma rivalidade, que se estendeu até o final dessa dinastia, entre os profetas javistas como

Elias (1Rs 18.4; 2 Re 1.1-16) e Eliseu (2 Re 4.1-9.13), que defendiam a adoração

exclusiva a Deus (1 Re 18).

A quarta dinastia teve quatro reis: Jeú (2 Re 10.1-36), Joacaz (2 Re 13.1-9), Jeoás

(2 Re 13.10-24) e Jeroboão II (2 Re 14.23-29). Em termos de importância, pode-se

destacar que, com Jéu, houve extermínio político da descendência de Acabe (2 Re

10.1-17), com Jeoacaz, houve o clamor a Deus por libertação da opressão síria (2 Re

13.3-6), com Jeoaz, ocorreu a reconquista das cidades do Reino do Norte, das mãos de

Ben-Hadade (2 Re 13.22-24) e, com Jeroboão II, reestabeleceu os limites de Israel

(14.25,28). Apesar desses atos positivos, manteve-se erroneamente o culto ao bezerro de

ouro (2 Re 10.29-31; 2 Re 13.2,11 e 14.24) e, com Jeroboão II, intensificou-se o embate

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com profetas javistas, que defendiam a adoração exclusiva a Deus, como Amós e Oséias,

e, socialmente, há um grande crescimento econômico e comercial (2 Re 14.28).

Após o reinado de Jeroboão II, uma sequência de seis reis - Zacarias (2 Re

15.8-12), Salum (2Re 15.13-15), Manaém (2Re 15.16-22), Pecaías (2Re 15.23-26), Peca

(2Re 15.27-31) e Oseias (2 Re 17.1-41) - subiram ao trono de Israel. Eles mantiveram a

tradição religiosa pecaminosa do culto ao bezerro (2 Re 15.9, 18, 24,28; 2 Re 17.2). Esse

pecado abominável teve como consequência, a partir do reinado de Manaém, uma

pressão da Assíria por pagamento de tributo (2 Re 15.19-20). Com Peca, Tiglate Pilesser,

conquistam várias cidades do norte e transportam a primeira leva de exilados (2 Re

15.29) para a Assíria. No reinado de Oseias, a Assíria sitia Samaria, carrega uma

segunda leva de exilados (2 Re 17.3-6) e mais tarde, invade as terras do Reino do Norte,

levando mais pessoas para o exílio, misturando sua população (2 Re 17.7-41). Chegava

ao fim o Reino de Israel, ficando apenas ao sul, por mais alguns anos, o reino de Judá na

terra prometida.

No Reino do Sul, em Judá, permaneceu o modelo de monarquia hereditária, com

um total de 20 reis. No século X, três foram os reis que reinaram em Jerusalém: Roboão,

Abias e Asa. Todos se envolveram em guerras/lutas/disputas: a) Roboão, após dividir o

reino (1 Re 12.1-14; 2Cr 10:3-15; 13:6,7), quase promoveu uma guerra civil com as dez

tribos, invadindo o território do Norte (1Rs 12:18; 2Cr 10:18); b); Abias (1 Re 15.1-8), ao

tentar recuperar as terra do norte, luta contra Jeroboão, promove a morte de 500.000

israelitas (2 Cr 13.2-22) e toma Betel, Jesana e Efrom (2 Cr 13:19-21); c) Asa enfrentou e

derrotou o exército de Zera, o etíope, em Maressa (2 Cr 14.9-15) e, aliançado com a

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101

Síria, guerreia contra Israel e ocupa a cidade de Ramá (2 Cr 16.7-10). Religiosamente,

Roboão e Abias aceitaram os cultos a Baal e a YHWH (1 Re14.23-24; 1 Re 15.3), apesar

deste último fazer um discurso contra o sincretismo religioso, a fidelidade às instituições

do trono de Davi e ao templo de Jerusalém (2 Cr 13. 5-12). Já Asa promoveu a 1ª reforma

religiosa em Judá, mas não retira os altos, apenas as imagens e ídolos (1 Reis 15.12-13;

2Cr 15.16-19). Assim, tanto os altos e Templo são usados para culto a Baal e a YHWH,

respectivamente (1 Re 15.11-15; 2 Cr 15.1-15).

No século IX, cinco foram os reis de Judá: Josafá, Jeorão, Acazias, Atália e Joás.

Eles também se envolveram em guerras/lutas/disputas: a) Josafá se envolve na batalha

contra Ramote-Gileade (1Rs 22:4,30; 2 Cr 18.3-34); b) Jeorão enfrenta os edomitas (2 Cr

21.8,9) e os filisteus, que matam toda a família real e os servos, escapando apenas o filho

mais novo, Acazias (2 Cr 22.1); c) Acazias se envolve na batalha contra Hazael, rei de

Damasco, mas foi ferido e morre em Megido (2Rs 9:22-27); d) Atália enfrenta um golpe

arquitetado pelo sumo sacerdote Joiada (2 Re 11.4a) e acaba deposta (2 Re 11.4-12;

11.17-21; 2 Cr 22.1-11). Religiosamente, Josafá mantém culto nos altos (22,44), mas

enviou levitas com os livros da Lei para ensinar nas cidades de Judá (2 Cr 17.7-9) e

promoveu um combate à idolatria: destruiu os altos, quebrou as estátuas e matou os

prostitutos cultuais (“kamarim”) da época de Asa (1 Re 22.44-47). Jeorão e Acazias

mantém culto ao bezerro e a Baal (1 Re 16.31-33; 2 Re 8.27) e Joás, enquanto o sumo

sacerdote Joiada viveu, foi fiel a Deus (2 Re12.2), mas manteve o culto nos altos (12.3).

No século VIII, cinco foram os reis de Jerusalém: Amazias, Uzias, Jotão, Acaz e

Ezequias, que também se envolveram em guerras/lutas/disputas: a) Amazias guerreou

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contra Edom/Seir (2 Cr 25.7-10), matando 20 mil inimigos, contra Jeoás, do Reino do

Norte, onde foi capturado, envergonhado e levado para Jerusalém. Assim, uma grande

brecha foi aberta na muralha de Jerusalém e muitos tesouros do templo e reféns foram

levados juntos na volta a Samaria (2 Re 14.7-19; 2 Cr. 15:17-24); b) Uzias (2 Re 14.21-22;

2 Re 15.1-7) guerreou contra filisteus e os árabes (2 Cr 25.7), chegando até o Egito (2 Cr

26.6-8); c) Jotão (2 Re 15,32-38) guerreou e venceu os amonitas (2Cr 27.5); d) Acaz saiu

vencedor, entrou na guerra sírio-efraimita, quando Peca, de Israel, e Rezim, da Síria,

atacaram Jerusalém para tirá-lo do trono. Guerreou contra os filisteus que fizeram

incursões no Neguev e tomaram as cidades de Bete-Semes, Aialon, Gederot, Soco,

Tamma e Ganzo (2 Cr 28:18); e) Ezequias rebela-se contra Assíria, não paga mais o

tributo (18.7) e Senaqueribe, rei da Assíria, cerca Judá (18.13-19-37). Religiosamente,

Amazias (2 Re14.4; 2 Cr 25.2), Uzias (2 Re 14.21-22; 2 Re 15.1-7), Jotão (2Rs 15:35; 2Cr

27:2, 6) e Acaz (2 Re 16.3-4) mantiveram culto a YHWH paralelo ao culto nos altos, mas

Ezequias promovou a 2ª reforma religiosa nos ambientes urbanos e rurais, para

estabelecer adoração única a Deus (2Re 18.3-4; 2Cr 29-31).

No século VII, cinco foram os reis: Manassés, Amom, Josias, Jeoacaz e Jeoaquim

dos quais se destacam os atos políticos: a) Manassés enfrenta os assírios que vieram a

Jerusalém, mas acaba capturado e levado para a Babilônia (2 Cr 33:10-11); b) Josias se

envolve numa batalha com Neco do Egito, mas desobedece a YHWH e morre em Megido

(23.28-30); c) Jeoacaz paga tributo a Neco de cem talentos de prata e um talento de ouro

(2 Re 23.33; 2 Cr 36.3-4), mas é preso, deposto e exilado por Neco; d) Joaquim é feito rei

por Neco, a quem paga tributo (2 Re 23.34-35), mas Jerusalém é cercada por

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Nabucodonosor e paga tributo (2 Re 24.1-7). Religiosamente, pode-se pontuar que: a)

Manassés, tendo de pagar um pesado tributo aos assírios, permite um forte sincretismo,

juntando culto cananeu, javista e assírio. Reconstrói os altares destruídos por seu pai,

incentiva práticas de magias, adivinhações, agouros, feitiçarias, consulta adivinhos e

encantadores, introduz, nos pátios do templo, ritos e altares indevidos, permite o sacrifício

humano. (2 Re 21.2-7; 2 Cr 33:2-9); b) Amom mantém a religião de seu pai (2 Re

21.20-26; 2 Cr 33.22). O Talmude registra que "Amom queimou a Torá e permitiu que teias

de aranha cobrissem o altar [pelo desuso completo]... Amom pecou muito”; c) Josias,

após o sacerdote Hilquias encontrar o livro da Lei, promove a 3ª e mais importante

reforma religiosa de Judá, com vários atos de purificação (23.4-24); d) Jeoacaz e

Jeoaquim não eram fiéis a YHWH (2 Re 23.32; 2 Re 23.36,37; 2 Cr 36.5).

No século VI, dois foram os reis Joaquim e Zedequias, que não eram fiéis a Deus

(2 Re 24.9 e 24.19). Joaquim (ou Jeconias, cf. 2 Re 24.8-17; 2 Crônicas 36.9-10) foi preso

por Nabucodonosor junto a sua mãe, aos servos, aos príncipes, aos eunucos etc. (2 Rs

24,15; 25,27-30). Ele ver os tesouros da Casa do Senhor e da casa do rei serem levados

(2 Re 24.10-17; Jr 29.2; 2 Cr 36.9-10). Já Zedequias (ou Matatias, cf. 2 Re 24:18-25:26; 2

Cr 36) é colocado no trono por Nabucodonosor em Jerusalém e o obriga a ser leal como

rei vassalo (24.20-25.22), mas ele quebra o juramento, rebela-se contra Nabucodonosor,

encorajado pelo novo faraó egípcio Apriés, que organizava uma expedição militar contra a

Babilônia. (2Rs 24:20; 2Cr 36:13; Jr 34; 37; 52:3; Ez 17:15). Zedequias foi levado a

Nabucodonosor em Ribla. Junto a ele, novamente, foram levados milhares de outras

pessoas a Babilônia, para o exílio, deixando para trás um país destruído e bastante

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despovoado (2Rs 25:1-7; 2Cr 36:12; Jr 32:4-5; 34:2-3; 39:1-7; 52:4-11; Ez 12:12). Logo,

Jerusalém é tomada, Joaquim e Zedequias.

Após passarem 70 anos no cativeiro babilônico, os judaítas voltaram para a terra

de Judá, graças ao rei persa, Ciro, que conquistou a Babilônia em 538 a. C., e possibilitou

ao povo de Deus regressar à sua terra de Israel e reconstruir templo (Ed 1.2-4 e Ag 1). A

primeira caravana se formou em 537 a. C. e muitas outras seguiram sob o comando de

Esdras e de Neemias, além de Zorobabel e Josué.

Os judaítas voltaram animados pelas promessas do profeta Isaías (Is 40-45), mas,

quando chegaram a Jerusalém, viram que os campos estavam abandonados, as cidades

encontravam-se em ruínas e com as muralhas destruídas, e o templo, queimado. Isso

exigiu do povo muita força e disposição, pois eles precisavam reconstruir suas próprias

casas (Ag 1.2-4), além de trabalhar para reconstruir a cidade e o Templo (Ag 1.12-15). O

esforço de Esdras e de Neemias também merece destaque, pois eles ajudaram a

restabelecer o culto a Deus e a normalização da vida na cidade de Jerusalém.

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Ciências históricas do Novo Testamento


Nesta quinta unidade, estudaremos a história de Israel na época do Antigo

Testamento, passando pelas histórias primordiais até o chamado de Abraão, a época

mosaica, a época de Josué e dos Juízes, da monarquia até a época pós-exílica.

Vamos começar!

6.1 Os evangelhos e as biografias de Jesus

Quando Maria estava noiva de José, a sua prima Isabel, que era estéril e casada

com o sacerdote Zacarias, fica sabendo, através de seu marido, que um anjo apareceu no

Templo em Jerusalém e falou que eles teriam um filho e que ele se chamaria João Batista

(Lc 1.5-25). Meses depois, nasceu João Batista, cumprindo-se a palavra do anjo (Lc

1.57-79).

Quase que na mesma época, na aldeia de Nazaré, na Galiléia, o anjo Gabriel

também profetiza a Maria sobre o nascimento de Jesus (Lc 1.26-56), que seria concebido

pelo Espírito Santo. Nesse tempo, seus pais ainda não estavam casados, mas, graças a

outro sonho, onde um anjo falou sobre a concepção divina de Jesus, José, o carpinteiro e

noivo de Maria, permaneceu compromissado com ela (Mt 1.1-25; Lc 2.1-7; Jo 1.1-5, 9-14).

Após nove meses, Jesus nasce na cidade de Belém, na Judeia, por conta de um

censo deflagrado pelo imperador Augusto, que fez José viajar até sua cidade de origem

para se alistar. Quando Jesus nasce, três magos, conduzidos por uma estrela, o

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presentearam com ouro, incenso e mirra (Mt 2.1-12). Alguns pastores, avisados por um

anjo, também visitaram o bebê Jesus (Lc 2.8-20). Seguindo o costume dos judeus, Jesus

é levado ao templo em Jerusalém e é circuncidado e, depois de 40 dias, apresentado no

templo (Lc 2.21-38).

Nessa época, a terra de Israel estava sobre o domínio romano e o governador

Herodes, ao saber do nascimento do "Filho de Deus", mandou matar todos os meninos de

até dois anos, nascidos em Belém, o que leva a família de Jesus a ir para o Egito (Mt

2.13-18).

Após a morte de Herodes, Jesus e sua família voltaram para Nazaré. Aos doze

anos, Jesus vai a Jerusalém na época da Páscoa e é esquecido pelos pais, que só notam

sua ausência após já estarem voltando para casa. Após três dias de procura, Jesus é

encontrado no Templo, onde discutia com os sacerdotes e deixava a todos que o ouviam

admirados com sua inteligência (Mt 2.14-23; Lc 2.41-50).

Adulto, com uns 30 anos, Jesus foi ao encontro do seu primo João Batista no rio

Jordão, onde ele pregava mensagens de arrependimento e anunciava a chegada do reino

de Deus, e foi batizado (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-38; Jo 1.32-34). Logo após seu

batismo, foi levado pelo Diabo ao deserto, onde passou por uma tripla tentação sem pecar

(Mt 4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13).

Após essa tentação, Jesus inicia seu ministério público, onde realizou milagres,

curas, fez muitas pregações, ministrou variados ensinos e libertou muitas pessoas de

espíritos imundos.

Com alguns discípulos (Mc 1.16-20; Mt 4.18-22; Lc 5.1-11), Jesus realiza seu

108 |Introdução à Bíblia - FVC


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primeiro milagre na cidade de Caná, na Galiléia, quando, numa festa de casamento,

transforma a água em vinho (Jo 2.1-11).

Jesus vai a Jerusalém e fala com o fariseu Nicodemos sobre a importância de

nascer de novo (Jo 3.1-15). Enquanto Jesus voltava para Galiléia, soube que seu primo

João fora preso (Mt 4.12; 14.3-5; Mc 6.17-20; Lc 3.19, 20; Jo 4.1-3), anuncia que “o Reino

dos céus está próximo” (Mt 4.17; Mc 1.14-15; Lc 4.14-15; Jo 4.44-45), conversa com a

mulher samaritana junto ao poço, onde revela ser o messias, e, em Caná, cura o filho de

um oficial do rei que estava em Cafarnaum (Mt 4.13-16; Lc 4.16-31; Jo 4.46-54).

Na região do Mar da Galileia, Jesus fez várias coisas: chama os discípulos Simão e

André, Tiago e João (Mt 4:18-22; Mc 1:16-20; Lc 5:1-11), cura a sogra de Simão e outros

doentes (Mt 8:14-17; Mc 1:21-34; Lc 4:31-41), cura um leproso (Mt 8:1-4; Mc 1:40-45; Lc

5:12-16), um paralítico (Mt 9:1-8; Mc 2:1-12; Lc 5:17-26), chama Mateus, come com

cobradores de impostos e pergunta sobre jejum (Mt 9:9-17; Mc 2:13-22; Lc 5:27-39).

Em Jerusalém, cura um paralítico do tanque de Betesda, enquanto judeus

tentavam matá-lo (Jo 5.1-4). Saindo de Sião, seus discípulos colhem espigas no sábado e

Jesus diz que é o “Senhor do sábado” (Mt 12:1-8; Mc 2:23-28; Lc 6:1-5).

De volta a Galileia, cura a mão de um homem no sábado, multidões o seguem (Mt

12:9-21; Mc 3:1-12; Lc 6:6-11) e ele profere seu primeiro grande sermão com princípios

éticos-religiosos no monte das Bem-Aventuranças, o "O Sermão do Monte" (Mt 5.1-7.29;

Lc 6.17-49), onde ensina sobre as três formas de piedade (Mt 6.1-18) e fala importantes

parábolas como a do Cisco e da Trave (Mt 7.1-5; Lc 6.41-42), a da Árvore e seus Frutos

(Mt 7.15-20; Lc 6.43-45) e a da casa Edificada na Rocha (Mt 7.24-27; Lc 6.46-49).

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110

Desenvolvendo seu ministério, Jesus continua fazendo milagres: Cura servo de

oficial do exército, ressuscita filho de viúva, cura um leproso, acalma a tempestade,

expulsa demônios, ressuscita a filha de Jairo, restaura a visão de um cego, dá autoridade

aos apóstolos para fazerem como ele e cura dez leprosos (Mt 8-12; Lc 15-17).

Enquanto Jesus ensinava por meio de parábolas, seu primo João Batista era

morto. Mesmo abalado com a morte prematura e injusta de João, Jesus prossegue com

seu ministério e, após falar mais um sermão, alimenta mais de cinco mil e anda com

Pedro sobre as águas do Mar da Galileia (Mt 13-15; Mc 5-7; Jo 6).

Após ouvir Pedro testificar que ele era o Messias, Jesus profetiza sobre seu

sofrimento, morte e ressurreição. À noite, diante de Pedro, Tiago e João, Jesus foi

transfigurado e dá outros ensinos como guiar a Igreja e sobre a natureza eterna do

casamento (Mt 16-22; Mc 8-10).

Ele entra em Jerusalém, purifica o templo e, através de parábolas, revela as

intenções dos líderes judeus que se opõem a Ele, lamenta e profetiza a futura destruição

da cidade (Mt 23-25).

Jesus participa da ceia da Páscoa ou da "A Última Ceia" com seus discípulos e

anuncia que seria traído por um dos presentes. Na mesma noite, Jesus, quando orava no

Jardim de Getsêmani, é traído por Judas por 30 moedas de prata. Após um beijo na testa,

Jesus é preso pelos soldados romanos.

Levado ao encontro de Caifás, Jesus é acusado de desordem no Templo e é

acusado de blasfema, por dizer ser o "Filho de Deus". Depois, é levado até Pôncio

Pilatos, governador da Judeia e, em seguida, até Herodes, governador da Galileia.

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111

Herodes zomba de Jesus e o devolve a Pilatos. Julgado por líderes judeus e romanos,

Jesus é obrigado a carregar sua cruz, é crucificado, morre e é sepultado em um túmulo,

fechado com uma grande pedra (Mt 26-27; Mc 11-15; Lc 22-23)

Ao terceiro dia, Jesus ressuscita. Maria Madalena e outras mulheres veem que o

túmulo está vazio. Jesus aparece aos dois discípulos no Caminho de Emaús, aos seus

onze discípulos mais íntimos e os comissiona a pregar as boas novas em todos as

regiões circunvizinhas (Mt 28; Mc 16; Lc 24).

Quando Maria estava noiva de José, a sua prima Isabel, que era estéril e casada

com o sacerdote Zacarias, fica sabendo, através de seu marido, que um anjo apareceu no

Templo em Jerusalém e falou que eles teriam um filho e que ele se chamaria João Batista

(Lc 1.5-25). Meses depois, nasceu João Batista, cumprindo-se a palavra do anjo (Lc

1.57-79).

Quase que na mesma época, na aldeia de Nazaré, na Galiléia, o anjo Gabriel

também profetiza a Maria sobre o nascimento de Jesus (Lc 1.26-56), que seria concebido

pelo Espírito Santo. Nesse tempo, seus pais ainda não estavam casados, mas, graças a

outro sonho, onde um anjo falou sobre a concepção divina de Jesus, José, o carpinteiro e

noivo de Maria, permaneceu compromissado com ela (Mt 1.1-25; Lc 2.1-7; Jo 1.1-5, 9-14).

Após nove meses, Jesus nasce na cidade de Belém, na Judeia, por conta de um

censo deflagrado pelo imperador Augusto, que fez José viajar até sua cidade de origem

para se alistar. Quando Jesus nasce, três magos, conduzidos por uma estrela, o

presentearam com ouro, incenso e mirra (Mt 2.1-12). Alguns pastores, avisados por um

anjo, também visitaram o bebê Jesus (Lc 2.8-20). Seguindo o costume dos judeus, Jesus

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112

é levado ao templo em Jerusalém e é circuncidado e, depois de 40 dias, apresentado no

templo (Lc 2.21-38).

Nessa época, a terra de Israel estava sobre o domínio romano e o governador

Herodes, ao saber do nascimento do "Filho de Deus", mandou matar todos os meninos de

até dois anos, nascidos em Belém, o que leva a família de Jesus a ir para o Egito (Mt

2.13-18).

Após a morte de Herodes, Jesus e sua família voltaram para Nazaré. Aos doze

anos, Jesus vai a Jerusalém na época da Páscoa e é esquecido pelos pais, que só notam

sua ausência após já estarem voltando para casa. Após três dias de procura, Jesus é

encontrado no Templo, onde discutia com os sacerdotes e deixava a todos que o ouviam

admirados com sua inteligência (Mt 2.14-23; Lc 2.41-50).

Adulto, com uns 30 anos, Jesus foi ao encontro do seu primo João Batista no rio

Jordão, onde ele pregava mensagens de arrependimento e anunciava a chegada do reino

de Deus, e foi batizado (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-38; Jo 1.32-34). Logo após seu

batismo, foi levado ao deserto e tentado pelo Diabo, mas resistiu, venceu e não pecou (Mt

4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13).

Após essa tentação, Jesus inicia seu ministério público, onde realizou milagres,

curas, fez muitas pregações, ministrou variados ensinos e libertou muitas pessoas de

espíritos imundos.

Com alguns discípulos (Mc 1.16-20; Mt 4.18-22; Lc 5.1-11), Jesus realiza seu

primeiro milagre na cidade de Caná, na Galiléia, quando, numa festa de casamento,

transforma a água em vinho (Jo 2.1-11).

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113

Jesus vai a Jerusalém e fala com o fariseu Nicodemos sobre a importância de

nascer de novo (Jo 3.1-15). Enquanto Jesus voltava para Galiléia, soube que seu primo

João fora preso (Mt 4.12; 14.3-5; Mc 6.17-20; Lc 3.19, 20; Jo 4.1-3), anuncia que “o Reino

dos céus está próximo” (Mt 4.17; Mc 1.14-15; Lc 4.14-15; Jo 4.44-45), conversa com a

mulher samaritana junto ao poço, onde revela ser o messias, e, em Caná, cura o filho de

um oficial do rei que estava em Cafarnaum (Mt 4.13-16; Lc 4.16-31; Jo 4.46-54).

Na região do Mar da Galileia, Jesus fez várias coisas: chama os discípulos Simão e

André, Tiago e João (Mt 4:18-22; Mc 1:16-20; Lc 5:1-11), cura a sogra de Simão e outros

doentes (Mt 8:14-17; Mc 1:21-34; Lc 4:31-41), cura um leproso (Mt 8:1-4; Mc 1:40-45; Lc

5:12-16), um paralítico (Mt 9:1-8; Mc 2:1-12; Lc 5:17-26), chama Mateus, come com

cobradores de impostos e pergunta sobre jejum (Mt 9:9-17; Mc 2:13-22; Lc 5:27-39).

Em Jerusalém, cura um paralítico do tanque de Betesda, enquanto judeus

tentavam matá-lo (Jo 5.1-4). Saindo de Sião, seus discípulos colhem espigas no sábado e

Jesus diz que é o “Senhor do sábado” (Mt 12:1-8; Mc 2:23-28; Lc 6:1-5).

De volta a Galileia, cura a mão de um homem no sábado, multidões o seguem (Mt

12:9-21; Mc 3:1-12; Lc 6:6-11) e ele profere seu primeiro grande sermão com princípios

éticos-religiosos no monte das Bem-Aventuranças, o "O Sermão do Monte" (Mt 5.1-7.29;

Lc 6.17-49), onde ensina sobre as três formas de piedade (Mt 6.1-18) e fala importantes

parábolas como a do Cisco e da Trave (Mt 7.1-5; Lc 6.41-42), a da Árvore e seus Frutos

(Mt 7.15-20; Lc 6.43-45) e a da casa Edificada na Rocha (Mt 7.24-27; Lc 6.46-49).

Desenvolvendo seu ministério, Jesus continua fazendo milagres: Cura servo de

oficial do exército, ressuscita filho de viúva, cura um leproso, acalma a tempestade,

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expulsa demônios, ressuscita a filha de Jairo, restaura a visão de um cego, dá autoridade

aos apóstolos para fazerem como ele e cura dez leprosos (Mt 8-12; Lc 15-17).

Enquanto Jesus ensinava por meio de parábolas, seu primo João Batista era

morto. Mesmo abalado com a morte prematura e injusta de João, Jesus prossegue com

seu ministério e, após falar mais um sermão, alimenta mais de cinco mil e anda com

Pedro sobre as águas do Mar da Galileia (Mt 13-15; Mc 5-7; Jo 6).

Após ouvir Pedro testificar que ele era o Messias, Jesus profetiza sobre seu

sofrimento, morte e ressurreição. À noite, diante de Pedro, Tiago e João, Jesus foi

transfigurado e dá outros ensinos como guiar a Igreja e sobre a natureza eterna do

casamento (Mt 16-22; Mc 8-10).

Ele entra em Jerusalém, purifica o templo e, através de parábolas, revela as

intenções dos líderes judeus que se opõem a Ele, lamenta e profetiza a futura destruição

da cidade (Mt 23-25).

Jesus participa da ceia da Páscoa ou da "A Última Ceia" com seus discípulos e

anuncia que seria traído por um dos presentes. Na mesma noite, Jesus, quando orava no

Jardim de Getsêmani, é traído por Judas por 30 moedas de prata. Após um beijo na testa,

Jesus é preso pelos soldados romanos.

Levado ao encontro de Caifás, Jesus é acusado de desordem no Templo e é

acusado de blasfema, por dizer ser o "Filho de Deus". Depois, é levado até Pôncio

Pilatos, governador da Judeia e, em seguida, até Herodes, governador da Galileia.

Herodes zomba de Jesus e o devolve a Pilatos. Julgado por líderes judeus e romanos,

Jesus é obrigado a carregar sua cruz, é crucificado, morre e é sepultado em um túmulo,

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fechado com uma grande pedra (Mt 26-27; Mc 11-15; Lc 22-23)

Ao terceiro dia, Jesus ressuscita. Maria Madalena e outras mulheres veem que o

túmulo está vazio. Jesus aparece aos dois discípulos no Caminho de Emaús, aos seus

onze discípulos mais íntimos e os comissiona a pregar as boas novas em todos as

regiões circunvizinhas (Mt 28; Mc 16; Lc 24).

6.2 Os atos apostólicos e o ínicio da igreja

Seguindo a última ordem dada por Jesus de testemunhar, fazer discípulos, batizar

e ensinar, os apóstolos, pelo poder do Espírito, fundam as primeiras comunidades cristãs,

desde em Jerusalém até Roma, a capital do Império.

A narrativa de Atos começa explicando que, em Jerusalém, após ter ressuscitado,

Jesus ministrou a seus discípulos e foi elevado aos céus. Estes, após orarem, chamam

Matias para ocupar a vaga de Judas (At 1). No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi

derramado e as pessoas começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes

concedia que falassem. Pedro testifica de Jesus, poderosamente, e cerca de três mil

pessoas são convertidas (At 2).

Na hora da oração nona, Pedro e João curam, no templo, um homem que havia

nascido coxo e pregam, ousadamente, e conclamam o povo a se converterem a Jesus (At

3). Os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ao ouvirem que Pedro e João

pregavam em nome de Jesus, prendem-nos, mesmo vendo que 5 mil se converteram.

Questionados pelos escribas e sacerdotes, Pedro e João, novamente, falam com

autoridade e poder. Libertados da prisão, reúnem-se com os discípulos, testemunhando o

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116

que aconteceu (At 4).

Para maior expansão do evangelho, mais sete homens são chamados para se

juntarem aos apóstolos e os auxiliarem no ministério: Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor,

Timão, Pármenas e Nicolau. Enquanto crescia o número de convertidos, Estevão pregava

com intrepidez e começou a incomodar alguns homens, que o acusaram de blasfêmia.

Estevão foi preso, defende-se perante o conselho judeu e os membros do conselho o

condenam à morte por apedrejamento (At 5-7).

Paulo que, naquela época, ainda se chamava Saulo, perseguia a Igreja e seus

membros até mesmo em suas casas. Mas os apóstolos não se intimidaram. Um exemplo

foi Filipe que pregou ousadamente em Samaria, realizando milagres e batizando e,

depois, auxiliado por Pedro e João, impõe as mãos e conferem o dom do Espírito Santo a

muitos. Impressionado, Simão, o mágico, quis comprar o dom do Espírito e foi

repreendido por Pedro. Filipe prega sobre Jesus ao eunuco etíope e o batiza (At 8).

Ao saber da morte de Estêvão, Saulo se abala e, no caminho de Damasco, tem

uma visão de Jesus e fica cego. Ananias recebe de Deus a missão de restaurar a visão

de Saulo. Ao receber a imposição de mãos de Ananias, Saulo, que fica cheio do Espírito,

é batizado e inicia seu ministério, para espanto de todos, já que era um conhecido

perseguidor dos cristãos. Enquanto isso, Pedro cura Eneias e ressuscita Dorcas (At 9).

Em Cesareia, um centurião romano piedoso chamado Cornélio tem uma visão e,

em Jope, Pedro, tem outra visão: De uma mesa cheia de comida impura e ouve uma voz

que o manda matar e comer aquilo que Deus santificou, recebendo o mandamento de

levar o evangelho aos gentios. Pedro vai até Cornélio, que se converte junto aos gentios,

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e todos recebem o dom do Espírito Santo (At 10).

Pedro testemunha do que Deus tem feito, enquanto Barnabé leva Saulo para

Antioquia e este aprende a cerca de Jesus (At 11). Tiago, irmão de João, é condenado à

morte por Herodes Agripa I e Pedro é preso, mas, libertado por um anjo, vai à casa de

Maria, mãe de João. Tudo isso só fazia a igreja crescer e se multiplicar (At 12).

Saulo, chamando-se agora Paulo, e Barnabé são chamados como missionários e,

na ilha de Pafos, amaldiçoa Elimas, um feiticeiro, que fica cego. Em Antioquia, da Pisídia,

eles pregam a Jesus para muitos judeus e gentios, para inveja dos maiorais judeus, que

conseguem expulsá-los do local (At 13).

O evangelho se expande sendo pregado em Icônio, Listra, Derbe, nas cidades de

Licaônia e vizinhança, mas é acompanhado de perseguição. Paulo cura um homem

paralítico. Ele e Barnabé são confundidos como deuses Júpiter e Mercúrio e quase são

mortos, mas, rodeados pelos discípulos, conseguem escapar dali (At 14).

Os líderes da Igreja se reúnem em Jerusalém e decidem que os gentios

convertidos não precisam ser circuncidados e Paulo, separando-se de Barnabé, parte em

sua segunda viagem missionária, junto a Silas (At 15).

Paulo e Silas fortalecem as várias igrejas existentes. Paulo é mandado, através de

uma visão, à Macedônia, onde prega, expulsa um espírito maligno de adivinhação de uma

mulher e é preso juntamente com Silas. Na prisão, convertem o carcereiro (At 16).

Partindo para Tessalônica e Bereia, Paulo e Silas pregam, são perseguidos e vão para

Atenas, onde Paulo prega na Colina de Marte acerca do deus desconhecido (At 17). Em

Corinto, pregou para judeus e gentios, depois, vai pregar em Éfeso e vai para Jerusalém,

117 |Introdução à Bíblia - FVC


118

Antioquia, Galácia e Frígia, onde fortalece os irmãos e discipulam mais profundamente

Áquila e Priscila (At 18).

Em Éfeso, Paulo impõe as mãos e vários cristãos recebem o dom do Espírito

Santo. Ele prega, opera muitos milagres, muitos se convertem, abandonando suas

antigas práticas, mas entram em conflito com os adoradores de Diana, que geram um

tumulto (At 19). Saindo dali, Paulo foi para Grécia, depois, Macedônia e Tróade, onde

ressuscita o jovem Êutico. Em seguida, volta para Éfeso, onde conversa com os anciões e

diz que está limpo do sangue de todos os homens de lá e que haverá uma grande

apostasia dentre os da Igreja (At 20).

Ágabo profetiza que Paulo sofrerá em Jerusalém, mas, mesmo assim, Paulo viaja

para cidade santa, onde é perseguido, preso e acorrentado, porém consegue contar sobre

sua conversão, declara ter visto Jesus em uma visão, testemunha do que Cristo tem feito

e lhe são concedidos privilégios por ser cidadão romano (At 21-22).

Paulo é ferido na boca por ordem de Ananias. Escribas e fariseus se desentendem

e o tribuno, temendo pela vida de Paulo, manda levá-lo para a fortaleza. Jesus aparece

novamente a Paulo, dizendo que ele irá a Roma e testemunhará Dele. Paulo vai ao

Pretório de Herodes (At 23), diante de Félix, Paulo é acusado de sedição, mas ele

defende sua vida e a doutrina de Cristo. Após alguns dias, Félix encontra, novamente,

com Paulo, que lhe fala sobre a retidão, a temperança e o juízo vindouro e acaba solto.

Dois anos depois, Felix é substituído por Pórcio Festo e, novamente, prende a Paulo (At

24). Em Cesareia, Paulo testifica perante Festo e apela a César. Agripa deseja ouvir

Paulo (At 25) e relata que, quando era fariseu, era um perseguidor dos santos até que

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119

Jesus lhe aparece na estrada de Damasco e testemunha da sua conversão e vida cristã

(At 26).

Paulo, em uma viagem perigosa, segue em direção a Roma e, em meio às

dificuldades marítimas, diz a tripulação que um anjo lhe revelou que ninguém morreria (At

27). Na ilha de Malta, Paulo escapa ileso da picada de uma víbora e é confundido com

uma divindade. Públio, o chefe da ilha, acolhe Paulo, que cura os enfermos do local. Após

três meses, Paulo vai para Roma em um navio de Alexandria. Lá fica em prisão domiciliar

por dois anos, testemunhando, primeiro aos judeus e, depois, aos gentios (At 28).

6.3 Cartas, epístolas e outras literaturas do Novo Testamento

Dentre os 27 livros do Novo Testamento, 21 são cartas. Destas 21 cartas, 14 são

paulinas (Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II

Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemom e Hebreus) e sete são cartas universais ou

católicas (Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas). Além das cartas, tem-se ainda o livro

de Apocalipse.

As cartas paulinas aparecem em ordem canônica e não cronológica. A ordem atual

é, basicamente, a de extensão (da que tem mais capítulos para a que tem menos) e se é

escrita a uma igreja ou a um indivíduo. As nove primeiras cartas são dirigidas à sete

igrejas diferentes e, as quatro últimas, à três indivíduos diferentes. Essas epístolas foram

escritas durante os acontecimentos narrados no livro de Atos dos Apóstolos e podem ser

assim classificadas:

a) Epístolas da Segunda Viagem Missionária (49-52 d.C): I e II Tessalonicenses -

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120

Em Corinto, no ano 51, encontrou com Timóteo e Silas e soube da situação dos

convertidos de Tessalônica (At 18.5) e escreveu 1 Ts, possivelmente, entre 51-52 d.C., a

fim de dirigir palavras de incentivo e força diante das perseguições, para esclarecer

questões referentes à Segunda Vinda de Jesus Cristo. A carta de 2Ts deve ter sido escrita

pouco tempos depois, em Corinto, a fim de dar mais detalhes sobre a Segunda Vinda de

Jesus e para alertar que haverá uma Grande Apostasia, que a Igreja sofreria antes desse

evento.

b) Epístolas da Terceira Viagem Missionária (52-56 d.C): I e II Coríntios, Gálatas e

Romanos - Durante os 3 anos em Éfeso (53-56), escreveu a carta de I Coríntios, no ano

de 55 (1Co 16.8), alertando sobre a falta de união dos membros da Igreja, sobre as

práticas pagãs que eram comuns entre eles, sobre temas outros, como o papel do corpo

físico, como templo do Espírito Santo e a natureza dos dons espirituais. Na Macedônia,

redigiu a II Coríntios, ano 56 (2Co 7.5), alertando contra os falsos mestres que

começaram a ensinar que eles precisavam adotar as práticas judaicas. Como hóspede de

Gaio (Rm 16.23; 1Co 1.14), ficou por três meses em Corinto e escreveu Gálatas e

Romanos, no ano 57. Em Gálatas, Paulo fala sobre a justificação e a liberdade alcançada

pela fé em Jesus Cristo e contra os que distorciam o Evangelho, dizendo que era

necessário cumprir rituais da lei de Moisés. Já em Romanos, apresenta uma completa

explicação sobre a doutrina da justificação pela fé em Jesus Cristo e diz que hoje não há

mais necessidade da obediência à lei de Moisés.

c) Epístolas da Prisão (58-60 d.C): Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom - Em

Roma, entre o ano 60-61, escreveu Efésios, Colossenses e Filemom, com pequenos

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121

intervalos. Efésios e Colossenses contêm vários paralelos e foram enviadas através de

Tíquico (Ef 6.21; Cl 4.7). Efésios tem por propósito ajudar os crentes a obter mais

conhecimento espiritual de Deus e da Igreja, sobre o selo do Espírito e abandonar o velho

homem e revestir o novo homem, a imagem de Cristo. Já em Colossenses, Paulo defende

que Cristo é a imagem de Deus, é o Cabeça da Igreja e, por isso, o crente deve colocar o

coração nas coisas que estão no alto e abandonar os pecados. Filemom foi dirigida a um

cristão de destaque de Colossos e foram enviadas, através de Tíquico, acompanhado do

escravo de nome Onésimo (Cl 4.7-9), por quem Paulo intercede, pois havia furtado e

causado prejuízos ao seu Senhor. Filemom. Filipenses foi escrita em 62, enquanto Paulo

aguardava para breve a sua libertação (cf. Fp 1.25; Fp 2.23-24) e agradece pela atenção

para com ele, exortando a perseverar vivendo no amor.

d) Epístolas Pastorais (62-65 d.C): I Timóteo; Tito; II Timóteo - Solto da prisão, no

ano 62, foi para a Espanha (Rm 15.24), Colossos (Fm 22), Filipos (Fp 2.24), Éfeso (1Tm

1.3) e para a ilha de Creta, onde deixou Tito (Tt 1.5). Em 64, da Macedônia, escreveu 1

Timóteo (1Tm 1.3), onde ensina a lidar com os falsos ensinamentos e como obter a vida

eterna. Em Tito, onde aconselha aos líderes da igreja a se manterem fiéis, firmes e

manterem a esperança na vida eterna. Entre 66 e 67, 2 Timóteo foi enviada de Roma, na

época da segunda prisão de Paulo (2Tm 1.8,16; 2Tm 2.9). O apóstolo sabia que não

tardava a hora do martírio, aguardado com serenidade e confiança (cf. 2Tm 1.10-12; 2Tm

4.6-8).

Quanto as cartas católicas, Tiago e 1 Pedro foram escritas entre 60-80. Tiago,

através de sentenças breves, exorta sobre as características de uma vida cristã madura

121 |Introdução à Bíblia - FVC


122

através das obras, sem as quais a fé é morta. Em 1 Pedro, lembra que os crentes são

“geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” e, por isso, tem

condições de vencer as perseguições, inspirados no sofrimento de Jesus. Depois^, entre

90-110, foram escritas as cartas de I, II e III João, onde exortam sobre os falsos mestres,

pedem que os crentes se amem, mutuamente, elogia a Gaio, condena a oposição de

Diótrefes, que confrontava João e seus ensinos. A carta de Judas foi escrita entre

100-120 e revela que existiam alguns que desejam desviar os discípulos de Jesus, mas

que esses devem batalhar pela fé mantendo-se firmes em Cristo. Por fim, a carta de II

Pedro, escrita entre 150-170, exorta sobre a apostasia de que falsos profetas e mestres

espalhavam no seio da igreja, ameaçando sua continuidade, e que os crentes deveriam

ficar firmes nos seus ensinos.

Fechando o cânon, o livro de Apocalipse, escrito entre 100-120, fala sobre o tempo

do fim e os eventos que precederiam a Segunda Vinda, não para assustar os crentes,

mas para que eles tenham esperança.

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Unidade Revisional 2

Esta unidade revisional tem por objetivo sistematizar e sintetizar os principais

pontos estudados nas Unidades 4, 5 e 6.

Na UNIDADE 4 - CIÊNCIAS DA TERRA II - estudamos como a arqueologia vem

confirmando a precisão histórica da Bíblia, principalmente, referente aos povos, culturas e

personagens. Como exemplo, citamos o “Selo real de Jezabel”, onde constam quatro

letras, formando a palavra YZBL (‫)יזבל‬, o nome dessa polêmica rainha e esposa de Acabe

(1 Re 18), o sinete com a inscrição “Pertencente a Ezequias [filho de] Acaz, rei de Judá”,

confirmando a existência do rei Ezequias e o “Selo de Isaias”, confirmando o nome do

profeta “Yishayah”.

Esta unidade destacou também que entre as principais descobertas arqueológicas

para o Antigo Testamento estão a cidade de Berseba, a Reserva Natural de Tel Dan e a

cidade de Jerusalém.

A cidade de Berseba ("poço do juramento") foi um centro urbano no deserto do

Neguev, com residências e prédios públicos com sistemas de paredes e portões,

armazém e canal de água. Nesse sítio, foram descobertos que dois dos poços, nessa

região, são muito antigos, e acredita-se que tiveram alguma ligação com os patriarcas.

A Reserva Natural de Tel Dan fica no extremo norte de Israel e foi escavada pelo

Prof. Avraham Biran a partir de 1966 que descobriu ossuários e cerâmicas e defendeu

que o local foi habitado pelos cananeus e, desde a época dos juízes pelos israelitas (Jz

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126

18.27-29). Lá, tem-se o Portão Canaanita ou o Portão de Abraão, é um portão de 7

metros, construído por volta de 1800 a.C. com tijolos de barro e tem três arcos

considerados os primeiros desse tipo no mundo.

Outro achado impressionante foram as muralhas da cidade de Acabe, que tem um

portão de entrada e os restos de um pódio na entrada da cidade, para governante julgar

as causas mais complicadas ou onde os homens da cidade resolviam suas questões (cf.

Rt 4 e 2 Sm 18.4). Nessa muralha, em 1993, descobriu-se a "Estela de Tel Dã", onde se

pode ler e confirmar outros personagens como Jeorão, Acazías e Casa de Davi.

A cereja do bolo de Tel Dan é o complexo ritual de culto ao bezerro de ouro que

data desde a época de Juízes até de Jeroboão II. O local, com plataforma pavimentada e

diversas câmaras adjacentes, é onde se achou um altar com quatro chifres, objetos

religiosos, como três pás de ferro e um incensário de ferro, além de uma ampla

plataforma para sacrifícios.

A cidade de Jerusalém é um local especial para a arqueologia bíblica, pois nela

confluem tanto acontecimentos da época do Antigo, como do Novo Testamento.

Conquistada por Davi (2 Samuel 5.1-12), Jerusalém é a capital religiosa e política do

Reino Unido de Israel. Nessa cidade, temos o famoso Muro das Lamentações, o segundo

local mais sagrado do judaísmo, e é o único vestígio do antigo Templo de Herodes,

erguido no lugar do Templo de Salomão.

Próximo ao Muro das Lamentações temos a “Cidade de David” (Yir David) um local

que tem revelado muitas coisas interessantes como a "Casa de Ahiel", uma típica casa

israelita de quatro quartos, com escada externa que, provavelmente, levava ao telhado

126 |Introdução à Bíblia - FVC


127

plano, e o Túnel de Ezequias ou Túnel de Siloé que foi escavado para levar água da

Fonte de Giom até a piscina de Siloé e é considerado as maiores obras de engenharia

hidráulica no período pré-clássico.

Próximo à cidade de Jerusalém fica o Parque Nacional Qumran, local de uma

antiga comunidade essênia do século I a.C., onde foram encontrados centenas de

manuscritos escritos há mais de 2.000 anos pelos essênios. Entre os textos achados,

estão desde porções a livros inteiros de toda a Bíblia Hebraica, exceto do Livro de Ester e

do Livro de Neemias.

Com relação as principais descobertas arqueológicas, para o Novo Testamento,

estão o Museu Yigal Alon, as cidades Cafarnaum, Tabgha e Magdala e mais alguns locais

emblemáticos dentro da cidade de Jerusalém.

O Museu Yigal Alon, que fica dentro de um kibutz (colônia agrícola), abriga os

vestígios de uma antiga embarcação popularmente conhecida como o “Barco de Jesus”,

um barco de pesca de 2.000 anos, que foi descoberto na lama perto das margens do lago

da Galileia em 1986, durante um período de seca e águas baixas.

Na cidade de Cafarnaum, a arqueologia revelou a casa, onde morava Pedro com

sua esposa e sogra, e as ruínas de uma sinagoga da época de Jesus, em cima da qual foi

construída uma sinagoga nas mesmas dimensões.

Já na cidade de Magdala ou Migdal, o local de nascimento e da residência de

Maria Madalena (Lc 8.1-2), hoje, encontram-se os restos de uma antiga sinagoga do

século I, uma das sete existentes no mundo e a mais bem preservada hoje. No centro da

sinagoga, os arqueólogos encontraram a Pedra de Magdala, uma das descobertas mais

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128

significativas dos últimos 50 anos.

Na cidade de Tabgha, o tradicional local onde ocorreu o milagre dos pães e dos

peixes (Mt 14.14-21; Mc 6.34-44) e de uma aparição de Jesus, após a ressurreição (Jo

21), em 1932, escavações arqueológicas revelaram mosaicos, incluindo cenários de

pântanos, pássaros e plantas do Rio Nilo, uma pintura de um cesto com pães e dois

peixes, decorando o que teria sido o local do altar.

A cidade de Jerusalém foi um local importantíssimo também para o Novo

Testamento, pois de lá, Jesus tanto encorajou e instruiu seus discípulos (Mt 21.46;

23.1-39; 24.1-14 e Mc13.3-10), como chorou (Lc 19.41) e ascendeu após a ressurreição

(Mc 16.19; Lc 24.51 e At 1.9-12).

Hoje, graças a arqueologia, podemos visitar a Via Dolorosa, longa rua de 1,6 km

que contém 14 estações, começando na Porta de Estevão e terminando na Igreja do

Santo Sepulcro, onde Jesus passou carregando a cruz.

Os trabalhos arqueológicos, em Jerusalém, também possibilitaram a reconstrução

do Tanque de Betesda, um reservatório que fica perto da Porta das Ovelhas e da

Fortaleza Antônia, na zona norte, onde Jesus curou o paralítico (Jo 5.1-18) e do Tanque

de Siloé, onde Jesus curou o homem cego de nascença (Jo 9).

Outros dois lugares revelados pela arqueologia foram o Getsêmani, um antigo

olival com árvores antiquíssimas e o local, onde Jesus se reunia com seus discípulos para

orar e, na noite da Páscoa, foi traído por Judas Iscariotes, foi preso (Mt 26.36-56; Mc

14.32-52; Lc 22.39-53; Jo 18.1-12) e o Jardim do Túmulo ou Jardim da Tumba, um lindo

jardim, onde está o túmulo vazio de Jesus de onde se vê o verdadeiro Monte Calvário ou

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129

Monte da Caveira (Mt 27, Mc 15, Lc 23 e Jo 19).

Na UNIDADE 5 - CIÊNCIAS HISTÓRICAS DO ANTIGO TESTAMENTO -

estudamos a história de Israel, na época do Antigo Testamento, que começa narrando

como Deus criou o mundo e tudo o que existe pelo poder da sua Palavra (Gn 1). Depois,

coloca o homem num lindo pomar, onde deveria fazer apenas duas coisas: Guardar o

jardim e não comer da árvore do bem e do mau (Gn 2). Mas, infelizmente, dando ouvidos

à serpente, o primeiro casal come do fruto da única árvore proibida e são expulsos do

paraíso (Gn 3). Fora do jardim, eles têm dois filhos, Caim e Abel. Este acaba assassinado

pelo irmão por ciúmes ao ter sua oferta aceita por Deus (Gn 4). A maldade e a violência

crescem entre os homens e um dilúvio destrói tudo que existe sobre terra, só deixando

vivos Noé e sua família (Gn 6-9). A terra começa a ser repovoava pelos filhos de Noé, até

que um dia, peregrinando pela terra de Sinar, alguns homens decidem construir uma

cidade com uma torre altíssima, o que desagrada a Deus, que os pune, misturando suas

línguas (Gn 11.1-9). Dos filhos de Noé nascem muitos descendentes, dentre eles Terá,

que gerou Abrão (Gn 11.10-26), que, quando morava em Harã, foi chamado por Deus

para ir a uma nova terra, onde seria o patriarca de grande e abençoada nação (Gn

12.1-3).

Morando em Canaã, Abraão vê a promessa de Deus se cumprir, pois seu clã

cresce, ele enriquece e tem vários filhos: Ismael, com Hagar, a serva da sua esposa,

Isaque, com Sara, o filho da promessa, que quase foi sacrificado numa prova de fé e

fidelidade a Deus, e com Quetura, sua concubina, teve vários outros filhos e filhas (Gn

12-25). A promessa de Deus a Abraão, foi feita também a seu filho Isaque, que se casou

129 |Introdução à Bíblia - FVC


130

com Rebeca e teve dois filhos gêmeos, Esaú e Jacó (Gn 13-27).

Um dia, quando voltava faminto de uma caçada, Esaú vende sua primogenitura a

Jacó, que recebeu de seu pai Isaque uma benção especial. Fugindo da ira do seu irmão,

foi morar com seu tio Labão, na Mesopotâmia, onde se casou com suas primas Léa e

Rachel. Trabalhou muito, enriqueceu e teve 12 filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã,

Naftali, Gade, Asser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim (Gn 27-36).

Reconciliado com Esaú, Jacó volta para a Canaã, mas seus filhos, por ciúmes,

vendem seu filho preferido, José, que é levado ao Egito, onde é revendido a Potifar, o

capitão da guarda do Faraó. Após passar por vários momentos complicados, José

interpreta o sonho do Faraó, tornar-se governador de todo Egito (Gn 37-48) e reune toda

a sua família em Gosen (Gn 49-50).

Algum tempo depois de José ter morrido, um novo Faraó começa a escravizar os

hebreus, porque se tornam um povo grande e forte. O povo clama a Deus e Moisés é

escolhido, por Deus, para libertar o seu povo. Após ver o Egito ser afligido por dez pragas

terríveis, o Faraó permite que o povo saia do Egito. Eles atravessam o Mar Vermelho a

pés enxutos (Ex 1-14). Moisés lidera o povo por 40 anos no deserto, onde enfrentam a

sede, o desejo de comer pão e carne, os povos que ali moram (Ex 15-19), recebem de

Deus várias leis e constroem um tabernáculo (Ex 20-40), suportam várias rebeldias (Nm

12-36). Essa difícil peregrinação dura 40 anos. Quando chegam a Sitim, Moisés faz três

discursos de despedida, abençoa o povo (Dt 1-33) e morre (Dt 34.5-8).

No lugar de Moisés, fica Josué, que atravessa com o povo o rio Jordão e entra em

Canaã e celebra a Páscoa (Js 1-5). Josué conquista a terra prometida em três etapas.

130 |Introdução à Bíblia - FVC


131

Primeiro toma importantes cidades na parte central do território, como Jericó e Aí (Js 6-9).

Depois, conquista cidades e territórios da parte sul, como Laquis, Eglom, Hebrom,

Cades-Barnéia e Gaza e, por fim, conquista a parte norte da terra (Js 10-12). Idoso, Josué

divide a terra entre as doze tribos, renova a aliança entre o povo e Deus e morre (Js

13-24).

Depois da morte de Josué, o povo é liderado por juízes menores, que governaram

em tempo de paz (como Samgar, Tola, Jair, Abesã, Elon e Abdon) e juízes maiores, que

governaram em tempos de apostasia e guerra (como Otoniel, Eúde, Débora, Barac,

Gideão, Jefté e Sansão). O último dos juízes é Samuel que, quando menino, foi dedicado

a Deus no templo em Siló, e ungiu os dois primeiros reis de Israel, Saul e Davi, após o

povo pedir um "rei como tinham as outras nações" (1 Sm 1-8).

Saul era da tribo de Benjamim e foi um rei guerreiro, que vencera grandes guerra

contra os amonitas e filisteus (1 Sm 11-17), mas pecou, terrivelmente, contra o Senhor em

três ocasiões: Ofereceu um sacrifício indevido em Gilgal, não matou todos os amalequitas

e consultou uma médium em En-Dor. Rejeitado por seus pecados, Deus manda Samuel

ungir Davi, como novo rei de Israel (1 Sm 16).

Apesar de ter de lidar com os arroubos ciumentos de Saul (1 Sm 17-20), Davi foi

um bom rei e fez várias coisas louváveis - como a conquista da cidade de Jerusalém (2

Sm 3-5), a construção do palácio no Monte Sião (2 Sm 5:6-9), colocou a Arca da Aliança

em Jerusalém (2 Sm 6-7) -, mas também cometeu pecados graves, como o adulterio com

Bete-Seba.

Após a morte de Davi, seu filho Salomão assume o reino e, com uma sabedoria

131 |Introdução à Bíblia - FVC


132

especial dada por Deus (1 Re 1-3), agiu com retidão: Julgava com sabedoria as difíceis

causas populares, escreveu muitos provérbios, salmos e livros sobre os mais diversos

assuntos, dividiu o seu território em 12 distritos administrativos, colocando, para cada um

deles, líderes qualificados. Aparelhou o exército com cavalos e carros de guerra,

embelezou Jerusalém com várias construções, dentre as quais se destaca a casa do rei e

grandioso Templo, dedicado ao Deus de Israel (1 Re 4-10). Mas, como seu pai, também

pecou ao fazer templos para os deuses das suas esposas e concubinas (1 Re 11).

Após a morte de Salomão, o reino é dividido em dois: Israel, ao Norte, e Judá, ao

Sul (1 Re 12). O Reino do Norte, Israel, teve um total de 5 dinastias e 19 reis. Todos os

seus reis fizeram o que era mau aos olhos do Senhor e adoraram ao bezerro de ouro. Por

causa disso, Deus permitiu que Israel fosse conquistado pelos assírios e seu povo levado

para o exílio. O Reino do Sul, Judá, teve um total de 20 reis. Nem todos foram fiéis a

Deus, pois permitiram a adoração a outros deuses nos altos e debaixo de toda árvore

frondosa. Três reis – Asa, Ezequias e Josias, até fizeram reformas religiosas, mas elas

não duraram muito tempo. Por causa desses pecados, Deus permitiu que Judá fosse

conquistada pelos babilônios e seu povo levado para o exílio.

Após viverem 70 anos no exílio, graças ao rei persa Ciro, que conquistou a

Babilônia em 538 a. C., o povo de Deus regressou à terra de Israel, restabeleceu a vida

na cidade de Jerusalém e reconstruiu o templo e voltou a cultuar a Deus (Ed, Ne, Ag e

Zc).

Na UNIDADE 6 - CIÊNCIAS HISTÓRICAS DO NOVO TESTAMENTO -

conhecemos a história canônica do Novo Testamento, a partir dos Evangelhos, que

132 |Introdução à Bíblia - FVC


133

começam narrando o anuncio e nascimento de Jesus e de seu primo João Batista (Lc

1.57-79; Lc 1.26-56; Mt 1.1-25; Lc 2.1-7; Jo 1.1-5, 9-14).

Quando adulto, Jesus se encontrou com seu primo João Batista no rio Jordão, foi

batizado (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-38; Jo 1.32-34), foi tentado pelo Diabo no

deserto (Mt 4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13) e iniciou seu ministério público, realizando

milagres, curas, pregações e libertações de espíritos imundos a muitos.

Com alguns discípulos (Mc 1.16-20; Mt 4.18-22; Lc 5.1-11), Jesus realiza seu

primeiro milagre na cidade de Caná, na Galileia. Em uma festa de casamento,

transformou a água em vinho (Jo 2.1-11). Nessa região, Jesus fez várias coisas: chamou

os discípulos Simão e André, Tiago e João (Mt 4:18-22; Mc 1:16-20; Lc 5:1-11), curou a

sogra de Simão e outros doentes (Mt 8:14-17; Mc 1:21-34; Lc 4:31-41), curou um leproso

(Mt 8:1-4; Mc 1:40-45; Lc 5:12-16), um paralítico (Mt 9:1-8; Mc 2:1-12; Lc 5:17-26),

chamou Mateus, comeu com cobradores de impostos e perguntou sobre jejum (Mt 9:9-17;

Mc 2:13-22; Lc 5:27-39), curou a mão de um homem no sábado, foi seguido por multidões

(Mt 12:9-21; Mc 3:1-12; Lc 6:6-11), proferiu o "O Sermão do Monte" (Mt 5.1-7.29; Lc

6.17-49).

Enquanto Jesus ensinava por meio de parábolas, seu primo João Batista era

morto, mas Jesus prosseguiu com seu ministério e, após falar mais um sermão, alimentou

mais de cinco mil e andou com Pedro sobre as águas do Mar da Galileia (Mt 13-15; Mc

5-7; Jo 6). Após ouvir Pedro testificar que ele era o Messias, Jesus profetiza sobre seu

sofrimento, morte e ressurreição e, à noite, diante de Pedro, Tiago e João, foi

transfigurado (Mt 16-22; Mc 8-10).

133 |Introdução à Bíblia - FVC


134

Na reta final do seu ministério, Jesus foi para Jerusalém, purificou o templo, revelou

as intenções dos líderes religiosos, profetizou a futura destruição da cidade (Mt 23-25),

participou da última ceia e anunciou que seria traído por um dos presentes. Na mesma

noite, Jesus, quando orava no Jardim de Getsêmani, foi traído por Judas por 30 moedas

de prata e, após receber um beijo, foi preso pelos soldados romanos.

Jesus foi levado ao encontro de Caifás, onde foi acusado de desordem no Templo

e de blasfemar ser o "Filho de Deus". Depois, foi levado até Pôncio Pilatos, governador da

Judeia, e em seguida, até Herodes, governador da Galileia. Julgado por líderes judeus e

romanos, Jesus foi obrigado a carregar sua cruz, foi crucificado, morreu e foi sepultado

num túmulo fechado com uma grande pedra (Mt 26-27; Mc 11-15; Lc 22-23).

Ao terceiro dia, Jesus ressuscitou e, no dia seguinte, apareceu aos seus discípulos

mais íntimos e os comissionou a pregar as boas novas em todas as regiões

circunvizinhas (Mt 28; Mc 16; Lc 24).

Cumprindo a ordem de Jesus, de testemunhar, fazer discípulos, batizar e ensinar,

os apóstolos, pelo poder o Espírito, fundam as primeiras comunidades cristãs, desde em

Jerusalém até Roma, a capital do Império. Os discípulos também fizeram conversões (At

2) e curas (At 3), mas também foram severamente perseguidos pelos líderes religiosos,

alguns foram presos e outros mortos (At 4-7).

É, nesse ambiente, que Paulo, naquela época, ainda se chamava Saulo, teve uma

visão de Jesus no caminho de Damasco, e se converte poderosamente, tornando-se um

poderoso apóstolo aos gentios (At 9). Após ter aprendido a cerca de Jesus em Antioquia

(At 11), Paulo e Barnabé são chamados como missionários e começam seu ministério,

134 |Introdução à Bíblia - FVC


135

pregando a Jesus e enfrentando muita resistência (At 13). Ao mesmo tempo que o

evangelho se expandia em Icônio, Listra, Derbe, nas cidades de Licaônia e vizinhança,

muitas provações aconteciam, inclusive, com Paulo e Barnabé, ao serem confundidos

como deuses Júpiter e Mercúrio, quase foram mortos (At 14).

Paulo parte em sua segunda viagem missionária junto a Silas (At 15) e fortalecem

as várias igrejas. Ele vai à Macedônia, prega, expulsa um espírito maligno de adivinhação

de uma mulher, é preso, mas converte o carcereiro (At 16). Partindo para Tessalônica e

Bereia, Paulo e Silas pregam, são perseguidos e vão para Atenas, onde Paulo prega na

Colina de Marte, acerca do deus desconhecido (At 17).

Paulo prega em Corinto, Éfeso, Jerusalém, Antioquia, Galácia e Frigia, fortalece os

irmãos, discipulam mais profundamente Áquila e Priscila (At 18-19). A pregação continua

na Grécia, Macedônia e Troade, onde ressuscita o jovem Êutico (At 20).

Ágabo profetiza que Paulo sofrerá em Jerusalém (At 21-22). Paulo é preso, levado

para a fortaleza e, depois, ao Pretório de Herodes (At 23). Diante de Felix, Paulo é

acusado de sedição, mas, após alguns dias, foi solto. Dois anos depois, Felix é

substituído por Pórcio Festo e, novamente, prende a Paulo (At 24). Em Cesareia, Paulo

testifica perante Festo e apela a César. Agripa deseja ouvir Paulo, que testemunha da sua

conversão e vida cristã (At 25-26). Paulo vai para Roma e fica em prisão domiciliar por

dois anos, testemunhando primeiro aos judeus e, depois, aos gentios (At 27-28).

Após narrar a vida de Jesus e como ocorreu o início da Igreja, o Novo Testamento

apresenta sua literatura epistolar constituída por 14 são paulinas (Romanos, I e II

Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo,

135 |Introdução à Bíblia - FVC


136

Tito, Filemom e Hebreus) e sete cartas universais ou católicas (Tiago, I e II Pedro, I, II e III

João e Judas). Fechando o cânon, o livro de Apocalipse, que fala sobre o tempo do fim e

os eventos que precederiam a Segunda Vinda de Jesus.

136 |Introdução à Bíblia - FVC


137

Atividades de Aprendizagem
Unidades 4, 5 e 6

1- Com relação à importância do estudo da arqueologia bíblica, podemos

dizer que está correto afirmar que:

a) A arqueologia ajuda a olhar o passado e a entender o presente.

b) A arqueologia confirma os lugares bíblicos.

c) A arqueologia vem confirmando a precisão histórica da Bíblia,

principalmente, referente aos povos, culturas, lugares e personagens.

d) A arqueologia é além da Bíblia e, por isso, ajuda na reconstrução dela.

2 - O Portão Canaanita, as muralhas da cidade de Acabe e o complexo ritual

de culto ao bezerro de ouro são preciosidades arqueológicas:

a) Da cidade de Jerusalém

b) Da Reserva Natural de Tel Dan

c) De Qumrã

d) De Jericó

3 – A cidade de Jerusalém é um local especial para a arqueologia bíblica pois:

a) Nela viveram os personagens mais importantes do Antigo Testamento.

137 |Introdução à Bíblia - FVC


138

b) Nela viveram os personagens mais importantes do Novo Testamento.

c) Nela Jesus passou seus últimos momentos de vida.

d) Nela confluem tanto acontecimentos da época do Antigo como do Novo

Testamento.

4 – O Muro das Lamentações, a “Cidade de David” e Túnel de Ezequias são

descobertas arqueológicas que estão:

a) Em Jericó

b) Em Jezur

c) Em Jerusalém

d) Em Jeconias

5 – O Parque Nacional Qumran é importante para a arqueologia bíblica, pois

lá foram encontrados:

a) Centenas de manuscritos bíblicos escritos há mais de 2.000 anos pelos

essênios.

b) Milhares de fragmentos de cerâmicas e pergaminhos.

c) Cavernas monumentais, onde os essênios viviam.

d) Um complexo comunitário exemplar.

6 - A história de Israel, na época do Antigo Testamento, começa narrando:

a) Como Deus chamou Abraão para ser o patriarca de Israel.

138 |Introdução à Bíblia - FVC


139

b) Como Deus criou o mundo e os primeiros momentos da humanidade.

c) Como Deus dirigiu Moisés durante o êxodo.

d) Como Deus fez o povo conquistar a Terra Prometida.

7 – A primeira cidade conquistada por Josué foi:

a) Jerusalém

b) Sião

c) Sebastião

d) Jericó

8 – O rei mais sábio de Israel foi:

a) Davi

b) Salomão

c) Roboão

d) Jeroboão

9 – O rei que dividiu o reino em Norte e Sul foi:

a) Salomão

b) Davi

c) Roboão

d) Jeroboão

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10 – Após Jesus, o principal personagens, no Novo Testamento, que

escreveu a maioria das cartas, foi:

a) Pedro

b) Paulo

c) João

d) Tiago

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Gabarito
Unidade Revisional 1
7. C)
1. C)
8. B)
2. B)
9. D)
3. A)
10. B)
4. D)
11. A)
5. C)
12. D)
6. A)

Unidade Revisional 2
6. B)
1. C)
7. D)
2. B)
8. B)
3. D)
9. C)
4. C)
10. B)
5. A)

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142

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARTUSO, Vicente. Pentateuco e livros históricos. Curitiba: Editora Intersaberes, 2018.

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GERONE JUNIOR, Acyr de. História bíblica de Israel: perspectivas do Antigo Testamento.
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MENDES, Jones Talai; SANTOS, Eduardo da Silva. Considerações sobre inspiração


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QUEIROZ, Martha Maria Romeiro de. 3. A Bíblia – originais e traduções. In: Do


plurilinguismo em Babel ao ecumenismo na tradução bíblica: o caso da versão católica da
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2018.

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