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Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo

SAAU 2023
A “Arquitetura como Jogo” e a Estética Relacional: estratégias experimentais para a
abertura do processo de projeto na produção do escritório colombiano El Equipo
Mazzanti
GONÇALVES, Vitória Maria Andrade¹; SOLFA, Marilia²; SANT’ANA, Luiza de Oliveira³
¹ ² ³ Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas - Arquitetura e Urbanismo


Iniciação Científica
Palavras-chave: El Equipo Mazzanti, jogo lúdico e estética relacional, arquitetura participativa.

Introdução Figura 1: O processo de


projeto do Parque Educacional
de Marinilla, em Antioquia na
Colômbia, teve início a partir
Na concepção de equipamentos coletivos voltados à educação, ao de oficinas de cocriação.
Durante as oficinas de desenho,
lazer e à cultura, o escritório colombiano El Equipo Mazzanti tem informações foram retiradas
experimentado novas formas de projetar os espaços ao desenvolver dos participantes nos momentos
lúdicos de trocas e convívio com
estratégias de participação voltadas para a abertura do processo de os moradores. Essas
projeto considerando a realidade sociocultural e econômica da informações foram
trabalhadas e reelaboradas
América Latina. Sua produção teórica e prática investiga a pela equipe de projeto e
possibilidade da arquitetura ser pensada enquanto jogo lúdico a retornaram como balizadoras
do conceito e do partido
partir de sua condição “relacional”, de forma que o espaço construído, arquitetônico.
passa a ser concebido enquanto “obra aberta”: apropriável,
transformável e passível de ressignificações. Figura 2: Em relação às “6
estratégias para uma

Objetivos arquitetura mais participativa”


popostas por Mazzanti, a ideia
de arquiteura “aberta e
sistemática” e do “jogo lúdico”
Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar um recorte da foram empregadas ao
produção arquitetônica desenvolvida por Giancarlo Mazzanti a partir conceber um sistema que
poderia se expandir e se
da compreensão dos fundamentos conceituais e teóricos que a ramificar conforme a
necessidade e a
mobiliza, buscando também compreender os modos como tais disponibilidade financeira.
fundamentos se desdobram em experimentos práticos voltados para a Seguindo a lógica das peças
de lego, o projeto se
abertura do processo de projeto. desenvolve a partir da forma
de “raiz” com capacidade de

Materiais e Métodos se conectar a outros “ramos”.

Figura 3: O projeto das 21


Escolas foi concebido como uma
Na primeira parte da pesquisa, voltada à fundamentação teórica, nos arquitetura modular que se
aproximamos da discussão sobre a participação em arquitetura, da materializa seguindo lógica
semelhante à das peças de
teoria do jogo lúdico, desenvolvida por Johan Huizinga no livro Homo lego, podendo se expandir e
Ludens (1938), e também da concepção da Estética Relacional ser replicado conforme a
necessidade. Proposto como
realizada por Nicolas Bourriaud (1998) no livro de mesmo nome. parte do programa
Buscamos compreender a forma como Mazzanti se apropria dessas educacional do departamento
do Atlântico, no norte da
referências para criar o conceito de “anomalia” que, por sua vez, vai Colômbia, foram construídas
dar origem às “seis estratégias para uma arquitetura mais 21 escolas em 18 pequenas
cidades diferentes, numa
participativa” que guiam a produção do escritório. Na segunda parte região que se caracteriza por
da pesquisa selecionamos como estudo de caso dois projetos apresentar condições climáticas
que variam entre períodos de
construídos que foram concebidos a partir do emprego de estratégias seca e de chuva intensas.
participativas distintas. São eles: Parque Educativo Marinilla (Marinilla,
2015) e 21 Preescolares del Atlántico (Atlántico, 2016). Fonte das imagens: https://www.archdaily.co, acesso em 14/09/2022. Imagens alteradas pela autora.

Resultados e Discussão Conclusões


A partir da análise dos projetos foi possível percebr que em alguns A análise dos projetos colocou em evidência que o processo
projetos de Mazzanti a participação é alcançada durante o processo participativo em arquitetura envolve diferentes atores e, dependendo
de projeto, ao promover o engajamento dos usuários na concepção do do tipo, das dimensões e dos atores envolvidos no processo, a
espaço. Em outros, no entanto, a participação é mobilizada após a abordagem adotada por Giancarlo Mazzanti e sua equipe é muito
construção da edificação, seja através da concepção de sistemas diferente. No entanto, apesar de agregar valor à discussão da
construtivos modulares e abertos, que permitem que os espaços sejam participação, o processo de projeto de Mazzanti ainda concentra as
alterados ou ampliados ao longo do tempo e de acordo com as decisões na equipe de arquitetos, tornando-o mais "relacional" do que
necessidades dos usuários, seja através da concepção da “arquitetura "participativo". Sua abordagem de participação se foca na interação
performática”, idealmente capaz de atribuir aos usuários um papel de e no convívio social, sem abordar questões de classe ou desigualdades
protagonismo no processo de configuração, apropriação e atribuição na tomada de decisões.
de sentidos ao espaço.

Helena C. Nora

SAAU 2023

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