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GUIA DE BOAS PRÁTICAS EM MAPEAMENTO COMUNITÁRIO

Conteúdo preparado por Wilma Miranda Conhecer bem, para fazer melhor.
É isso, produção?

Foto de Williamis Cesar no Pexels

EDITAL nº 14/2020
EDITAL DE SELEÇÃO DE BOLSISTAS PARA AS ÁREAS ARTÍSTICAS, TÉCNICAS E DE PRODUÇÃO CULTURAL.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos parceiros integrantes do Fórum Livre de Cultural de Ouro
Preto e Mariana, em especial aos amigos Flávia Soares e Celmar Ataídes pelo
apoio incondicional e pelo compartilhamento de informações e a orientação
nesse trajeto novo que percorremos a caminho da LAB.

A todos que trabalharam para que a LAB/Minas acontecesse, permitindo


que nós, trabalhadoras e trabalhadores da Cultura, conseguíssemos seguir
com dignidade nossos percursos, durante esse período tão desafiador.

DE CORAÇÃO
Dedico esse trabalho à Maricota e Ramones, meus amores, que assistiram
tudo de camarote, lá de cima. E ao meu grande parceiro, meu filho
Guilherme, que cresceu entendendo e vivenciando o meu trabalho.

Ouro Preto, 26 de outubro de 2021.


SOBRE A ORGANIZADORA

W ilma Miranda é produtora Cultural, gestora


de projetos sociais pela Escola Aberta do
Terceiro Setor e pós-graduada em Gestão
Ambiental pela Universidade Cruzeiro do Sul.
Ouropretana, atua há 20 anos na gestão de
programas e projetos nas áreas da cultura,
educação e meio ambiente. Foi coordenadora de
Programas de fundações como Arcelor Mittal e
Fundação Vale, fortalecendo comunidades em mais
de 100 municípios de sete estados brasileiros,
através de ações de fomento, formação e difusão
Idealizou e realizou 6 edições do Festival de Verão de Ouro Preto, levando
programação artística, gratuita e de qualidade, para a Região dos
Inconfidentes, nas férias de janeiro, tendo sido a última edição realizada com
recursos da Lei Aldir Blanc, em março de 2021, em formato totalmente on-
line.

OBJETIVOS DO E-BOOK
Ao produzir esse conteúdo, pretendo oferecer aos leitores o conhecimento
básico acerca das técnicas utilizadas para a elaboração de mapeamento
comunitário.

Objetivos Específicos:
· Compartilhar metodologia de diagnóstico e mapeamento, testada e
aprovada em várias comunidades;
· Contribuir para que produtores e agentes culturais possam
aprofundar e aprimorar o relacionamento com as comunidades ou
organizações comunitárias no território de atuação;
· E ainda, fortalecer e, ao mesmo tempo, ampliar o repertório técnico-
instrumental dos usuários.

PÚBLICO LEITOR DESTINATÁRIO


Este material se destina a produtores e agentes culturais e a todos os
pesquisadores e profissionais que trabalham com comunidades tradicionais,
nas quais se observa a necessidade de iniciar um processo de mapeamento
cultural de seus territórios.

1 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


PARTIU PRODUÇÃO...
Ei, Produtor! Tem um projeto pronto para dar o “start” mas não conhece bem
o território onde vai aplicá-lo?
Como entrar sem bater não é nada educado, que tal começar sua jornada
conhecendo seu público e onde habita?
Devagar e com muita sensibilidade, vamos pedir licença à sua comunidade-
alvo para, juntamente com ela, conhecer o território de destino do seu projeto.
Mas antes de colocar o pé na estrada, vamos entender um pouco mais sobre
identidade local e mapeamento??? Bora lá.
A identidade de um lugar é uma narrativa construída sobre os significados
que as pessoas associam ao seu espaço, tendo em conta as suas dimensões
física, social e histórica (Eräranta et al., 2016).
O mapeamento da comunidade é tanto a descoberta quanto a recuperação
das conexões e do terreno comum que todas as comunidades compartilham,
e uma parte vital "da aprendizagem participativa, fortalecimento da
comunidade e planejamento sustentável" (Lydon, 2003: 131). O mapeamento
pode ser definido como o processo de coleta, registro, análise e síntese de
informações que descrevem os recursos culturais duma determinada
comunidade ou grupo (Stewart, 2007), providenciando uma imagem
integrada da cultura e significado de um determinado lugar (Pillai, 2013).
Foto de EA Gra ks no Pexels

Mapear é, portanto, construir uma narrativa, discursiva e visual, sobre a


identidade de um lugar, através dos olhos das comunidades e grupos.

2 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


Foto de Matheus Bertelli no Pexels

Deu para sacar produtor, que sem a participação da comunidade não será
possível conhecer seu território dos sonhos, onde seu projeto vai brilhar.
Então agora, reúne sua equipe e compartilha essas dicas.

VOCÊ SABIA
Segundo Duxbury, Garrett-Petts e Maclennan (2015), existem cinco trajetórias
principais atuais na prática do mapeamento cultural. A primeira, com vista à
coesão comunitária, cria mapas e visões alternativas, que visam uma
mudança de perspetiva. A segunda, política cultural, faz convergir todos os
setores de uma dada comunidade (civil, académica, industrial, governamental) numa
estratégia de desenvolvimento cultural e criativo. A terceira, o mapeamento cultural no
contexto da governança municipal, diz respeito ao planeamento cultural realizado pelos
governos locais para conhecer e melhorar os seus bens culturais. No mundo das artes,
quarta trajetória, o mapeamento cultural realizado é inspirado em questões como a
urbanização ou práticas culturais. Finalmente, o mundo académico aborda questões
como a produção de mapas, mapeamento intangível e emocional, recartografia, sistemas
de informação geográfica, etc.

3 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


CANDO A MÃO NA M
LO ASS
CO A

Ei, Produtor. Agora é hora de colocar a mão na massa e chegar com todas as
ferramentas no território. Mas calma. Respira, inspira e não pira.....

Na próxima página você encontrará dicas de como começar a


MOBILIZAÇÃO!

Foto de Lagos Food Bank Initiative no Pexels

4 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


MOBILIZAR

Ei, Produção! Vamos Mobilizar????

"A mobilização social é uma forma de construir na prática o


projeto ético proposto na constituição brasileira: soberania,
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores do trabalho e
da livre iniciativa e pluralismo político".
O trecho do livro “Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação”, UNICEF,1996.

Passos para uma boa mobilização


Organizar eventos para apresentação das ações do seu projeto,
com a participação efetiva de membros da comunidade,
juntamente com representantes do poder público e de empresas
apoiadoras;

Envolver secretários municipais de cultura, patrimônio e


educação em esforços ativos para implementar estratégias
abrangentes de mobilização social, sensibilização e comunicação;

Desenvolver ferramentas de mobilização que sejam específicas do


próprio município para aumentar o engajamento das
comunidades;

Estabelecer alianças com a sociedade civil para o Projeto e/ou um


forte apoio da comunidade para atividades de sensibilização e
comunicação.

5 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


Foto de Luis Quintero no Pexels

APRESENTE SEU PROJETO E DEIXE A COMUNIDADE PERGUNTAR.


Produtor, agora é a hora de dizer a que veio. Qual é a pegada do seu projeto e
porque você escolheu esse território.
Durante a apresentação você permitirá que a comunidade conheça e tire
dúvidas sobre:
 O título do seu projeto;
 Os objetivos que você espera alcançar com a realização;
 O tema principal e os temas transversais do projeto;
 Os diversos públicos que serão alcançados;
 Qual o cronograma para a realização;
 Quais parcerias serão firmadas para que o projeto aconteça;
 Quantos postos de trabalho serão gerados localmente;
 Quantas contratações serão realizadas;
 Que espaços serão utilizados;
 E finalmente, você apresentará o detalhamento da programação. Essa é
a hora de confirmar e valorizar a identidade cultural do território
escolhido. Aqui, você colocará em prática os conhecimentos que
adquiriu e registrou na etapa de mobilização. Usando as informações e
sua sensibilidade, incorpore à sua programação as pratas da casa.

6 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


LEVE AS TRADIÇÕES LOCAIS PARA A SUA PROGRAMAÇÃO
Rebubina ai nosso filme, Produtor. Lembra dos verbos da mobilização?

Organizar, Envolver, Desenvolver e Estabelecer

Eles serão fundamentais também nessa etapa e para o sucesso do seu


projeto. Praticando as ações ligadas a esses verbos você pode garantir
os melhores resultados e bons indicadores para suas ações.

E quando falo em Estabelecer alianças com a sociedade civil para o


Projeto e/ou buscar um forte apoio da comunidade, estou falando de
alinhar uma programação que contemple tudo que é valor para essa
gente: Festejos tradicionais, culinária local, artesanato de expressão
etc. Quando a comunidade se vê representada na programação, ela
abraça o projeto e realiza junto com você. Esse talvez seja um dos mais
importantes e relevantes indicadores que seu projeto pode gerar. Fica
de olho, produtor!!!
Foto: Luciano Almeida

7 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


VOCÊ SABIA
Considerando a transversalidade e o papel estratégico da
cultura no que se refere aos desafios da sustentabilidade
e do desenvolvimento humano, em 2009 a UNESCO lançou
nova metodologia com um conjunto de “Indicadores de Cultura
para o Desenvolvimento” (IUCD), oferecendo um referencial comum para a
produção de dados sobre a contribuição e o impacto da cultura no
desenvolvimento. Os “Indicadores de Cultura para o Desenvolvimento”
(IUCD) cobrem sete dimensões, com 22 indicadores qualitativos e
quantitativos que traçam o “DNA de Cultura para o Desenvolvimento” de
cada país (UNESCO, 2014), a saber:

 Economia (contribuição das atividades culturais ao Produto Interno


Bruto – PIB; emprego cultural; gastos das famílias com cultura).

 Educação (educação inclusiva; educação plurilíngue; educação artística;


formação de profissionais do setor cultural).

 Governança (marco normativo; marco político e institucional;


infraestrutura cultural; participação da sociedade civil na governança
cultural).

 Participação social (participação em atividades culturais fora de casa;


participação em atividades culturais fortalecedoras da identidade;
tolerância a outras culturas; confiança interpessoal; livre determinação).

 Igualdade de gênero (desigualdades entre homens e mulheres;


percepção da igualdade de gênero).

 Comunicação (liberdade de expressão; acesso e uso de internet;


diversidade de conteúdos de ficção na TV pública).

 Patrimônio (sustentabilidade do patrimônio).

8 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


PRODUTOR, SUA JORNADA ESTÁ APENAS COMEÇANDO...
Hora do show! É isso produção. Conhecer bem me permitiu fazer melhor.
Apanhei e errei muito até entender que nenhum projeto terá sucesso sem um
bom mapeamento. Produtor, fico por aqui e espero ter contribuído para que
você seja sempre um desbravador. Sucesso em seus próximos projetos.

CONCLUSÃO <a href='https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/musica'>Música foto criado por wirestock - br.freepik.com</a>

‘‘Tornando o intangível visível, o mapeamento cultural situa as gentes nos


seus lugares e envolve as comunidades num processo de determinação da
identidade de um lugar. De base local, pressupondo uma interação
participativa, o mapeamento cultural liga lugares, territórios e práticas
culturais. Está intimamente ligado às características específicas do capital
territorial (natural, físico, simbólico, humano e espacial) e ao sentido de
lugar. Desta forma, o mapeamento cultural é uma metodologia útil para o
desenvolvimento sustentável, uma vez que os recursos locais e o
envolvimento da comunidade podem ser fontes de desenvolvimento e trazer
benefícios econômicos.’’
Revista MEMORIAMEDIA 3. Art. 5. 2018

9 Guia de Boas Práticas em Mapeamento Comunitário


Foto de Williamis Cesar no Pexels

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