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Curso de Férias – Ano 2023

Canto Litúrgico
Realização:
Seminário Arquidiocesano de São José (Rio de Janeiro-RJ)
Vicariato Episcopal para Educação da Arquidiocese do Rio de Janeiro

“Pois o zelo por Tua casa me devora.”


(Sl 69,10)

Seminarista Eduardo Bohac


Jan/2023
Sumário
1. Introdução sobre a Liturgia ................................................................................................... 3
2. Sobre a Música Sacra ............................................................................................................ 4
3. Instrução Geral sobre o Missal Romano ............................................................................... 6
Cap. I - Importância e Dignidade da Celebração Eucarística.................................................... 6
Cap. II - Estrutura da Missa, seus elementos e suas partes ....................................................... 6
I. Estrutura geral da Missa..................................................................................................... 6
II. Os diversos elementos da Missa ....................................................................................... 6
III. As várias partes da Missa ................................................................................................ 9
A) Ritos iniciais..................................................................................................................... 9
B) Liturgia da palavra ......................................................................................................... 11
C) Liturgia eucarística ......................................................................................................... 13
D) Rito de conclusão ........................................................................................................... 16
Cap. III - Ofícios e Ministérios na Missa ................................................................................ 16
Cap. V – Disposição e ornamentação das Igrejas ................................................................... 17
Cap. VII – A escolha da Missa e das suas partes .................................................................... 18
4. O Ano Litúrgico .................................................................................................................. 19
I. Tempo do Advento .............................................................................................................. 20
II. Tempo do Natal .................................................................................................................. 20
III. Tempo da Quaresma.......................................................................................................... 21
IV. Tempo Pascal .................................................................................................................... 21
V. Tempo Comum ................................................................................................................... 22
As cores do Ano Litúrgico ...................................................................................................... 22
5. O Canto na Liturgia da Santa Missa.................................................................................... 24
Canto de Entrada .................................................................................................................... 25
Ato Penitencial ........................................................................................................................ 25
Glória ...................................................................................................................................... 27
Salmo Responsorial ................................................................................................................. 28
Aclamação ao Evangelho ........................................................................................................ 28
Sequência ................................................................................................................................ 28
Profissão de Fé ....................................................................................................................... 28
Ofertório.................................................................................................................................. 29
Santo........................................................................................................................................ 29
Amém ....................................................................................................................................... 29
Pai Nosso ................................................................................................................................ 29
Canto da Paz ........................................................................................................................... 30

1
Cordeiro de Deus .................................................................................................................... 30
Comunhão ............................................................................................................................... 30
Ação de Graças ....................................................................................................................... 30
Canto Final ............................................................................................................................. 30
6. O Ministério de Música ....................................................................................................... 31
7. Os Instrumentos................................................................................................................... 33
8. O Silêncio na Liturgia ......................................................................................................... 34
9. Oração a Santa Cecília ........................................................................................................ 35
10. Documentos da Igreja sobre a Música Sacra................................................................... 35
11. Fontes Bibliográficas....................................................................................................... 35

Abreviaturas e siglas:
CIC: Catecismo da Igreja Católica
CNBB: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
ISCR: Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos sobre a Música Sacra e a Sagrada Liturgia
IGMR: Instrução Geral do Missal Romano
MLB: A música Litúrgica no Brasil
MS: Musicam Sacram
MSD: Musicae Sacrae Disciplina
RS: Redemptionis Sacramentum
SC: Sacrosanctum Concilium
TLS: Tra Le Sollecitudine

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1. Introdução sobre a Liturgia

Finalidade da música na liturgia

A glória de Deus e a santificação dos fiéis (SC 112).

Cantar a liturgia

Não rezamos e cantamos na liturgia, mas rezamos e cantamos a liturgia. “A função principal da
música é revestir de adequada melodia o texto litúrgico” (TLS 1). Rezamos e cantamos os ritos da Missa.

Exemplo de um rito da Missa: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Caso o ministério
cante este rito, é proibido trocar o texto por outro, pois este é o texto ritual da Missa que pode ser musicado
e cantado.

“Cesse a prática reprovável de que sacerdotes, ou diáconos ou mesmo os fiéis leigos, modificam
e variam, a seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada liturgia que eles pronunciam. Quando
fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada liturgia, e não raramente adulteram o sentido
autêntico da liturgia” (RS 59).

A liturgia já é perfeita porque foi entregue à Igreja por Jesus

A liturgia é perfeita, porque é presidida pelo Sacerdote Perfeito: Jesus Cristo. Ao se encarnar, Jesus
trouxe a este mundo e nos entregou a perfeita ação litúrgica praticada no céu: “Jesus Cristo, Sumo Sacerdote
da Nova e eterna Aliança, ao assumir a natureza humana, introduziu no nosso exílio da terra o hino que se
canta por toda a eternidade nas moradas celestes” (SC 83).

A liturgia se difere de um show artístico, em que os artistas precisam estar sempre renovando e
inovando suas peças musicais, com diferentes chamarizes para prender a atenção dos espectadores. Isso
acontece porque o objetivo dos artistas é prender a atenção dos que assistem a eles, no intuito de ser
agradáveis aos homens.

A liturgia independe do gosto dos homens e quer ser, mediante o sacerdócio de Cristo no altar da
Cruz, um sacrifício agradável a Deus que sempre é atualizado por nós na sucessão dos tempos, e cuja
essência não muda nunca.

Não é a liturgia que muda, mas sim nós que aprendemos a entendê-la melhor, mergulhando em
suas riquezas, entendendo o sentido do Santo sacrifício de Cristo sobre os altares. Aprendendo a cada vez
mais ter um coração piedoso, ofertando tudo o que temos e somos ao Pai, configurando-nos cada vez mais
a Cristo, que se entrega até o fim por amor, até o ponto que possamos verdadeiramente dizer: “Fui
crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20).

“Nada, pois, deve suceder no templo que perturbe ou, sequer, diminua a piedade e a devoção dos
fiéis, nada que dê justificado motivo de desgosto ou de escândalo, nada, sobretudo, que diretamente ofenda
o decoro e a santidade das sacras funções e seja por isso indigno da Casa de Oração e da majestade de
Deus” (Introdução do Motu Proprio TLS).

“A liturgia e a música foram irmãs desde as suas origens. Desde o instante em que o homem quer
louvar a Deus, a simples palavra não mais lhe basta. Falar com Deus está para além dos limites da linguagem
humana. Assim, o homem sempre recorreu à música, ao canto e aos sons dos instrumentos, vozes da criação.
O louvor divino não é matéria exclusiva do homem. Louvar a Deus é participar, com a nossa voz, da fala
de todas as coisas.
Se, por suas naturezas, a liturgia e a música sempre estiveram estreitamente ligadas, as relações
entre ambas nunca foram fáceis, sobretudo em épocas sensíveis da história e da cultura. Portanto, não
surpreende que, hoje, a questão da música que convém ao culto tenha novamente se tornado motivo de
controvérsias” (O Espírito da Música, Papa Bento XVI).

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2. Sobre a Música Sacra

“A música sacra, como parte integrante da Liturgia solene, participa do seu fim geral, que é a
glória de Deus e a santificação dos fiéis.(...) O seu fim próprio é acrescentar mais eficácia ao texto litúrgico
proposto à consideração dos fiéis, a fim de que por tal meio se excitem mais facilmente os fiéis à piedade
e se preparem melhor para receber os frutos da graça, próprios da celebração dos sagrados mistérios” (TLS
1).

“A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica, quer
como expressão mais suave da oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior
solenidade aos ritos sagrados. A Igreja, porém, aprova e admite no culto divino todas as formas de
verdadeira arte, dotadas das qualidades devidas” (SC 112).

“A música sacra deve possuir as qualidades próprias da liturgia, a santidade e a delicadeza das
formas, donde resulta espontaneamente outra característica: a universalidade. Deve ser santa, e por isso
excluir todo o profano não só em si mesma, mas também no modo como é desempenhada pelos executantes.
Deve ser arte verdadeira, não sendo possível que, doutra forma, exerça no ânimo dos ouvintes aquela
eficácia que a Igreja se propões obter ao admitir na liturgia a arte dos sons. Mas seja, ao mesmo tempo,
universal no sentido de que, embora seja permitido a cada nação admitir nas composições religiosas aquelas
formas particulares, que em certo modo constituem o caráter específico da sua música própria, estas devem
ser de tal maneira subordinadas aos caracteres gerais da música sacra que ninguém doutra nação, ao ouvi-
las, sinta uma impressão desagradável” (TLS 2)

“Estas qualidades encontram-se em sumo grau no canto gregoriano, que é por consequência o
canto próprio da Igreja Romana. O canto gregoriano foi sempre considerado como o modelo supremo da
música sacra, podendo, com razão, estabelecer-se a seguinte lei geral: uma composição religiosa será tanto
mais sacra e litúrgica quanto mais se aproxima no andamento, inspiração e sabor da melodia gregoriana”
(TLS 3).

“A Igreja tem reconhecido e favorecido sempre o progresso das artes, admitindo ao serviço do
culto o que o gênio encontrou de bom e belo no decorrer dos séculos, salvas sempre as leis litúrgicas. Por
isso é que a música mais moderna é também admitida na Igreja, visto que apresenta composições de tal
qualidade, seriedade e gravidade que não são de forma alguma indignas das funções litúrgicas. Todavia,
como a música moderna foi inventada principalmente para uso profano, deverá vigiar-se com maior cuidado
por que as composições musicais de estilo moderno, que se admitem na Igreja, não tenham coisa alguma
profana, não tenham reminiscências de motivos teatrais, e não sejam compostas, mesmo nas suas formas
externas, sobre andamento das composições profanas” (TLS 5)

Sob a denominação “música sacra” compreende-se (cf. ISCR 4-10; 17-20):


a. O canto gregoriano;
b. A polifonia sacra;
c. A música sacra moderna;
d. A música sacra para órgão;
e. O canto popular religioso;
f. A música religiosa.
O canto gregoriano, usado nos atos litúrgicos, é o sagrado canto da Igreja romana que, conforma
antiga e venerável tradição, foi devota e fielmente cultivado e disposto e, nos tempos mais recentes,
conformado aos exemplares da primitiva tradição e é entregue ao uso litúrgico nos livros respectivos,
devidamente aprovados pela Santa Sé. O canto gregoriano, por sua natureza, não exige o acompanhamento
de órgão ou de outro instrumento musical. “A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana, o
canto gregoriano; portanto, na ação litúrgica, ocupa o primeiro lugar entre seus similares” (SC 116).
A denominação de polifonia sacra aplica-se ao canto de compasso a várias vozes, sem
acompanhamento de nenhum instrumento musical, que derivou do canto gregoriano e começou a vigorar
na Igreja latina na Idade Média. Pode ser usada em todos os atos litúrgicos, sob a condição de haver uma
schola que a execute conforme as regras da arte. Este gênero de música sacra convém mais aos atos
litúrgicos cuja celebração se reveste de maior esplendor.

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Música sacra moderna é a música a várias vozes que não exclui os instrumentos musicais e foi
composta nos tempos mais recentes conforme o progresso da arte musical. Sendo destinada diretamente ao
uso litúrgico, convém que exprima piedade e sentido religioso e, sob esta condição, é admitida no serviço
litúrgico. Pode também ser admitida em todos os atos litúrgicos, se corresponder realmente à dignidade,
gravidade e santidade da Liturgia e houver uma schola que a possa executar conforme as regras da arte.
Música sacra para órgão é a música composta somente para órgão e que, desde a época em que
o órgão de tubos se mostrou mais adequado para a música, foi grandemente cultivada por mestres ilustres
e, se seguir às riscas as leis da música sacra, pode conferir grande brilho à Sagrada Liturgia.
O canto popular religioso é o canto que brota naturalmente do senso religioso com que a criatura
humana foi enriquecida pelo próprio Criador e, visto ser universal, floresce em todos os povos. Sendo este
canto extremamente próprio para imbuir do espírito cristão a vida particular e social dos fiéis, foi, desde
tempos remotíssimos, muito cultivado na Igreja e também em nossos tempos é instantemente recomendado
para o aumento da piedade dos fiéis e o brilho dos exercícios de piedade. Pode ser livremente usado nos
exercícios de piedade; nos atos litúrgicos, entretanto, observe-se rigorosamente o que foi determinado nos
nn. 13-15 (ISCR).
Finalmente, música religiosa é a que, não só pela intenção do autor, como pelo argumento e fim
da obra, procura exprimir e suscitar sentimentos pios e religiosos e, por conseguinte, muito ajuda a religião;
não estando, entretanto, ordenada ao culto divino e manifestando forma mais livre, não é admitida nos atos
litúrgicos. Deve ser inteiramente afastada de todos os atos litúrgicos; pode, contudo, ser admitida nos
exercícios de piedade.

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3. Instrução Geral sobre o Missal Romano

Cap. I - Importância e Dignidade da Celebração Eucarística

16. A celebração da Missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro
de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal quer local, como para cada um dos fiéis. Nela
culmina toda a ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, bem como todo o culto pelo qual os
homens, por meio de Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo, prestam adoração ao Pai. Nela se
comemoram também, ao longo do ano, os mistérios da Redenção, de tal forma que eles se tornam, de algum
modo, presentes. Todas as outras ações sagradas e todas as obras da vida cristã com ela estão relacionadas,
dela derivam e a ela se ordenam.

17. Por isso, é da máxima importância que a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal modo se ordene
que ministros sagrados e fiéis, participando nela cada qual segundo a sua condição, dela colham os mais
abundantes frutos. Foi para isso que Cristo instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue e o
confiou à Igreja, sua amada esposa, como memorial da sua paixão e ressurreição.

18. Tal finalidade só pode ser atingida se, atentas a natureza e as circunstâncias peculiares de cada
assembleia litúrgica, se ordenar toda a celebração de forma a conduzir os fiéis àquela participação
consciente, ativa e plena, de corpo e espírito, ardente de fé, esperança e caridade, que a Igreja deseja e a
própria natureza da celebração reclama, e que, por força do Baptismo, constitui direito e dever do povo
cristão.

19. Embora nem sempre se consiga uma presença e uma participação ativa dos fiéis que manifestem com
toda a clareza a natureza eclesial da celebração, a celebração eucarística tem sempre assegurada a sua
eficácia e dignidade, por ser ação de Cristo e da Igreja, em que o sacerdote realiza a sua principal função e
atua sempre para a salvação do povo.

20. A celebração eucarística, como toda a Liturgia, realiza-se por meio de sinais sensíveis, pelos quais se
alimenta, fortalece e exprime a fé. Para isso, deve haver o máximo cuidado em escolher e ordenar as formas
e os elementos propostos pela Igreja que, atendendo às circunstâncias de pessoas e lugares, mais
intensamente favoreçam a participação ativa e plena e mais eficazmente contribuam para o bem espiritual
dos fiéis.

Cap. II - Estrutura da Missa, seus elementos e suas partes

I. Estrutura geral da Missa


27. Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote
que faz as vezes de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico. A esta assembleia
local da santa Igreja se aplica eminentemente a promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, em que se
perpetua o sacrifício da cruz, Cristo está realmente presente: na própria assembleia congregada em seu
nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e, ainda, de uma forma substancial e permanente, sob as
espécies eucarísticas.

28. A Missa consta, por assim dizer, de duas partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Estas duas
partes, porém, estão entre si tão estreitamente ligadas que constituem um único ato de culto. De fato, na
Missa é posta a mesa, tanto da palavra de Deus como do Corpo de Cristo, mesa em que os fiéis recebem
instrução e alimento. Há ainda determinados ritos, a abrir e a concluir a celebração.

II. Os diversos elementos da Missa


Leitura da palavra de Deus e sua explanação

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29. Quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é Cristo, presente
na sua palavra, quem anuncia o Evangelho.

Por isso as leituras da palavra de Deus, que oferecem à Liturgia um elemento da maior importância, devem
ser escutadas por todos com veneração. E embora a palavra divina, contida nas leituras da Sagrada Escritura,
seja dirigida a todos os homens de todos os tempos e seja para eles inteligível, no entanto a sua mais plena
compreensão e a sua eficácia são favorecidas por um comentário vivo, isto é, a homilia, que faz parte da
ação litúrgica.

Orações e outros elementos que pertencem à função do sacerdote

30. Entre as partes da Missa que pertencem ao sacerdote, está em primeiro lugar a Oração eucarística, ponto
culminante de toda a celebração. Vêm a seguir as orações: a oração coleta, a oração sobre as oferendas e a
oração depois da comunhão. O sacerdote, que preside à assembleia fazendo as vezes de Cristo, dirige estas
orações a Deus em nome de todo o povo santo e de todos os presentes. Por isso se chamam “orações
presidenciais”.

31. Compete igualmente ao sacerdote, enquanto presidente da assembleia reunida, fazer certas
admoestações previstas no próprio rito. Onde as rubricas o prevejam, o celebrante pode adaptá-las de modo
a corresponderem melhor à capacidade dos participantes; no entanto, o sacerdote deve procurar que o
sentido da admoestação proposta no livro litúrgico seja sempre mantido e expresso em poucas palavras.
Pertence ainda ao sacerdote presidente anunciar a palavra de Deus e dar a bênção final. Pode ainda
introduzir os fiéis, com brevíssimas palavras: na Missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito
penitencial; na liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, mas nunca
dentro da própria Oração; finalmente, antes da despedida, ao terminar toda a ação sagrada.

32. O carácter «presidencial» destas intervenções exige que elas sejam proferidas em voz alta e clara e
escutadas por todos com atenção. Por isso, enquanto o sacerdote as profere, não se hão de ouvir nenhumas
outras orações ou cânticos, nem o toque do órgão ou de outros instrumentos musicais.

33. Como presidente, o sacerdote pronuncia as orações em nome da Igreja e da comunidade reunida, mas,
por vezes, também o faz em nome pessoal, para despertar maior atenção e piedade no exercício do seu
ministério. Estas orações, propostas para antes da leitura do Evangelho, na preparação dos dons, e antes e
depois da comunhão do sacerdote, são ditas em silêncio (“secreto”).

Outras fórmulas utilizadas na celebração

34. A celebração da Missa é, por sua natureza, “comunitária”. Por isso têm grande importância os diálogos
entre o celebrante e os fiéis reunidos, bem como as aclamações. Tais elementos não são apenas sinais
externos de celebração coletiva, mas favorecem e realizam a estreita comunhão entre o sacerdote e o povo.

35. As aclamações e as respostas dos fiéis às saudações do sacerdote e às orações constituem aquele grau
de participação ativa por parte da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de celebração da
Missa, para que se exprima claramente e se estimule a ação de toda a comunidade.

36. Há ainda outras partes da celebração, que pertencem igualmente a toda a assembleia convocada e muito
contribuem para manifestar e favorecer a participação ativa dos fiéis: são principalmente o ato penitencial,
a profissão de fé, a oração universal e a oração dominical.

37. Finalmente, entre as restantes fórmulas:

a) umas constituem um rito ou ato por si mesmas, como o hino Glória, o salmo responsorial, o Aleluia e o
versículo antes do Evangelho, o Santo, a aclamação da anamnese e o cântico depois da Comunhão;

b) outras destinam-se a acompanhar um rito, como o cântico de entrada, do ofertório, da fração (Cordeiro
de Deus) e da Comunhão.

Modos de proferir os vários textos

38. Nos textos que devem ser proferidos claramente e em voz alta, quer pelo sacerdote ou pelo diácono,
quer pelo leitor ou por todos, a voz deve corresponder ao gênero do próprio texto, conforme se trata de

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leitura, oração, admonição, aclamação ou cântico. Igualmente se há de acomodar à forma de celebração e
à solenidade da assembleia. Tenha-se em conta, além disso, a índole peculiar de cada língua e a mentalidade
dos povos.

Nas rubricas e normas que se seguem, as palavras “dizer” ou “proferir” devem ser entendidas como
referentes quer ao canto quer à simples recitação, segundo os princípios atrás enunciados.

Importância do canto

39. O Apóstolo exorta os fiéis, que se reúnem à espera da vinda do Senhor, a que unam as suas vozes para
cantar salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Col 3, 16). O canto é sinal de alegria do coração (cf. Atos 2,
46). Bem dizia Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama”. E vem já de tempos antigos o provérbio:
“Quem bem canta, duas vezes reza”.

40. Deve ter-se, pois, em grande apreço o canto na celebração da Missa, de acordo com a índole dos povos
e as possibilidades de cada assembleia litúrgica. Embora não seja necessário cantar sempre, por exemplo
nas Missas feriais, todos os textos que, por si mesmos, se destinam a ser cantados, devem, no entanto,
procurar-se com todo o cuidado que não falte o canto dos ministros e do povo nas celebrações que se
realizam nos domingos e festas de preceito.

Na escolha das partes que efetivamente se cantam, dê-se preferência às mais importantes, sobretudo às que
devem ser cantadas pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo leitor, com resposta do povo, bem como às que
pertence ao sacerdote e ao povo proferir conjuntamente.

41. Em igualdade de circunstâncias, dê-se a primazia ao canto gregoriano, como canto próprio da Liturgia
romana. De modo nenhum se devem excluir outros gêneros de música sacra, principalmente a polifonia,
desde que correspondam ao espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação de todos os fiéis. Dado
que hoje é cada vez mais frequente o encontro de fiéis de diferentes nacionalidades, convém que eles saibam
cantar em latim pelo menos algumas partes do Ordinário da Missa, sobretudo o símbolo da fé e a oração
dominical, nas suas melodias mais fáceis.

Os gestos e atitudes corporais

42. Os gestos e atitudes corporais, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo, visam
conseguir que toda a celebração brilhe pela beleza e nobre simplicidade, que se compreenda a significação
verdadeira e plena das suas diversas partes e que se facilite a participação de todos. Para isso deve atender-
se ao que está definido pelas leis litúrgicas e pela tradição do Rito Romano, e ao que concorre para o bem
comum espiritual do povo de Deus, mais do que à inclinação e arbítrio de cada um.

A atitude comum do corpo, que todos os participantes na celebração devem observar, é sinal de unidade
dos membros da comunidade cristã reunidos para a sagrada Liturgia: exprime e favorece os sentimentos e
a atitude interior dos presentes.

43. Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o
altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a
proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o invitatório “Orai,
irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.

Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a
homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois
da Comunhão.

Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número
dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos
durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a
consagração.

Compete, todavia, às Conferências Episcopais, segundo as normas do direito, adaptar à mentalidade e


tradições razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no Ordinário da Missa. Atenda-se, porém, a
que estejam de acordo com o sentido e o carácter de cada uma das partes da celebração. Onde for costume

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que o povo permaneça de joelhos desde o fim da aclamação do Sanctus até ao fim da Oração eucarística, é
bom que este se mantenha.

Para se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na celebração, os fiéis devem obedecer às
indicações que, no decurso da mesma, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo
sacerdote, de acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos.

44. Entre os gestos contam-se também: as ações e as procissões do sacerdote ao dirigir-se para o altar com
o diácono e os ministros; do diácono, antes da proclamação do Evangelho, ao levar o Evangeliário ou Livro
dos Evangelhos para o ambão; dos fiéis ao levarem os dons e ao aproximarem-se para a Comunhão.
Convém que estas ações e procissões se realizem com decoro, enquanto se executam os cânticos
respectivos, segundo as normas estabelecidas para cada caso.

O silêncio

45. Também se deve guardar, nos momentos próprios, o silêncio sagrado, como parte da celebração. A
natureza deste silêncio depende do momento em que ele é observado no decurso da celebração. Assim, no
ato penitencial e a seguir ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às
leituras ou à homilia, é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; depois da Comunhão, favorece a
oração interior de louvor e ação de graças.

Antes da própria celebração é louvável observar o silêncio na igreja, na sacristia e nos lugares que lhes
ficam mais próximos, para que todos se preparem para celebrar devota e dignamente os ritos sagrados.

III. As várias partes da Missa

A) Ritos iniciais
46. Os ritos que precedem a liturgia da palavra – entrada, saudação, ato penitencial, Kyrie (Senhor, tende
piedade de nós), Glória e oração coleta – têm o carácter de exórdio, introdução e preparação.

É sua finalidade estabelecer a comunhão entre os fiéis reunidos e dispô-los para ouvirem devidamente a
palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia.

Em algumas celebrações que, segundo as normas dos livros litúrgicos, se ligam à Missa, os ritos iniciais
omitem-se ou realizam-se de modo específico.

Entrada

47. Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote com o diácono e os ministros, inicia-se o cântico de entrada.
A finalidade deste cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos e introduzi-los no
mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo tempo acompanhar a procissão de entrada do sacerdote
e dos ministros.

48. O cântico de entrada é executado alternadamente pela schola e pelo povo, ou por um cantor alternando
com o povo, ou por toda a assembleia em conjunto, ou somente pela schola. Pode utilizar-se ou a antífona
com o respectivo salmo que vem no Gradual Romano ou no Gradual simples, ou outro cântico apropriado
à ação sagrada ou ao carácter do dia ou do tempo, cujo texto tenha a aprovação da Conferência Episcopal.

Se não há cântico de entrada, recita-se a antífona que vem no Missal, ou por todos os fiéis, ou por alguns
deles, ou por um leitor; ou então pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la à maneira de
admonição inicial.

Saudação do altar e da assembleia

49. Chegados ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com inclinação profunda.

Em sinal de veneração, o sacerdote e o diácono beijam então o altar; e, se for oportuno, o sacerdote incensa
a cruz e o altar.

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50. Terminado o cântico de entrada, o sacerdote, de pé junto da cadeira, e toda a assembleia fazem sobre si
próprios o sinal da cruz; em seguida, pela saudação, faz sentir à comunidade reunida a presença do Senhor.
Com esta saudação e a resposta do povo manifesta-se o mistério da Igreja reunida.

Depois da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono, ou outro ministro, pode, com palavras muito breves,
introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ato penitencial

51. Em seguida, o sacerdote convida ao ato penitencial, o qual, após uma breve pausa de silêncio, é feito
por toda a comunidade com uma fórmula de confissão geral e termina com a absolvição do sacerdote; esta
absolvição, porém, carece da eficácia do sacramento da penitência.

Ao domingo, principalmente no tempo pascal, em vez do costumado ato penitencial pode fazer-se, por
vezes, a bênção e a aspersão da água em memória do batismo.

Kyrie, eleison

52. Depois do ato penitencial, diz-se sempre o Senhor, tende piedade de nós (Kyrie, eleison), a não ser que
já tenha sido incluído no ato penitencial. Dado tratar-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e
imploram a sua misericórdia, é normalmente executado por todos, em forma alternada entre o povo e a
schola ou um cantor.

Cada uma das aclamações diz-se normalmente duas vezes, o que não exclui, porém, um maior número, de
acordo com a índole de cada língua, da arte musical ou das circunstâncias. Quando o Kyrie é cantado como
parte do ato penitencial, cada aclamação é precedida de um «tropo».

Glória in excelsis

53. O Glória é um antiquíssimo e venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica
e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é permitido substituir o texto deste hino por outro. É começado pelo
sacerdote ou, se for oportuno, por um cantor, ou pela schola, e é cantado ou por todos em conjunto, ou pelo
povo alternando com a schola, ou só pela schola. Se não é cantado, é recitado ou por todos em conjunto ou
por dois coros alternadamente.

Canta-se ou recita-se nos domingos fora do Advento e da Quaresma, bem como nas solenidades e festas, e
em particulares celebrações mais solenes.

Oração coleta

54. Em seguida, o sacerdote convida o povo à oração; e todos, juntamente com ele, se recolhem uns
momentos em silêncio, a fim de tomarem consciência de que se encontram na presença de Deus e poderem
formular interiormente as suas intenções. Então o sacerdote diz a oração que se chama «coleta», pela qual
se exprime o carácter da celebração. Segundo a tradição antiga da Igreja, a oração dirige-se habitualmente
a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, e termina com a conclusão trinitária, isto é, a mais longa, deste
modo:

• se é dirigida ao Pai: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo;

• se é dirigido ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo;

• se é dirigido ao Filho: Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.

O povo associa-se a esta súplica e faz sua a oração pela aclamação Amém.

Na Missa diz-se sempre uma só oração coleta.

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B) Liturgia da palavra
55. A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura com os cânticos
intercalares. São seu desenvolvimento e conclusão a homilia, a profissão de fé e a oração universal ou
oração dos fiéis. Nas leituras, comentadas pela homilia, Deus fala ao seu povo, revela-lhe o mistério da
redenção e salvação e oferece-lhe o alimento espiritual. Pela sua palavra, o próprio Cristo está presente no
meio dos fiéis. O povo faz sua esta palavra divina com o silêncio e com os cânticos e a ela adere com a
profissão de fé. Assim alimentado, eleva a Deus as suas preces na oração universal pelas necessidades de
toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.

Silêncio

56. A liturgia da palavra deve ser celebrada de modo a favorecer a meditação. Deve, por isso, evitar-se
completamente qualquer forma de pressa que impeça o recolhimento. Haja nela também breves momentos
de silêncio, adaptados à assembleia reunida, nos quais, com a ajuda do Espírito Santo, a Palavra de Deus
possa ser interiorizada e se prepare a resposta pela oração. Pode ser oportuno observar estes momentos de
silêncio depois da primeira e da segunda leitura e, por fim, após a homilia.

Leituras bíblicas

57. Nas leituras põe-se aos fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se-lhes os tesouros da Bíblia. Convém,
por isso, observar uma disposição das leituras bíblicas que ilustre a unidade de ambos os Testamentos e da
história da salvação; não é lícito substituir as leituras e o salmo responsorial, que contêm a palavra de Deus,
por outros textos não bíblicos.

58. Na celebração da Missa com o povo, as leituras proclamam-se sempre do ambão.

59. Segundo a tradição, a função de proferir as leituras não é presidencial, mas sim ministerial. Por isso as
leituras são proclamadas por um leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou por outro sacerdote.
Se, porém, não estiver presente o diácono nem outro sacerdote, leia o Evangelho o próprio sacerdote
celebrante; e se também faltar outro leitor idôneo o sacerdote celebrante proclame igualmente as outras
leituras.

Depois de cada leitura, aquele que a lê profere a aclamação; ao responder-lhe, o povo reunido presta
homenagem à palavra de Deus, recebida com fé e espírito agradecido.

60. A leitura do Evangelho constitui o ponto culminante da liturgia da palavra. Deve ser-lhe atribuída a
maior veneração. Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura das outras com honras
especiais, quer por parte do ministro encarregado de a anunciar e pela bênção e oração com que se prepara
para o fazer, quer por parte dos fiéis que, com as suas aclamações, reconhecem e confessam que é Cristo
presente no meio deles quem lhes fala, e, por isso, escutam a leitura de pé; quer ainda pelos sinais de
veneração ao próprio Evangeliário.

Salmo responsorial

61.A primeira leitura é seguida do salmo responsorial, que é parte integrante da liturgia da palavra e tem,
por si mesmo, grande importância litúrgica e pastoral, pois favorece a meditação da Palavra de Deus.

O salmo responsorial corresponde a cada leitura e habitualmente toma-se do Lecionário.

Convém que o salmo responsorial seja cantado, pelo menos no que se refere à resposta do povo. O salmista
ou cantor do salmo, do ambão ou de outro sítio conveniente, recita os versículos do salmo; toda a assembleia
escuta sentada, ou, de preferência, nele participa do modo costumado com o refrão, a não ser que o salmo
seja recitado todo seguido, sem refrão. Todavia, para facilitar ao povo a resposta salmódica (refrão), fez-
se, para os diferentes tempos e as várias categorias de Santos, uma seleção de responsórios e salmos, que
podem ser utilizados, em vez do texto correspondente à leitura, quando o salmo é cantado. Se o salmo não
puder ser cantado, recita-se do modo mais indicado para favorecer a meditação da palavra de Deus.

Em vez do salmo que vem indicado no Lecionário, também se pode cantar ou o responsório gradual tirado
do Gradual Romano ou um salmo responsorial ou aleluiático do Gradual simples, na forma indicada nestes
livros.

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Aclamação antes da leitura do Evangelho

62. Depois da leitura, que precede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro cântico, indicado
pelas rubricas, conforme o tempo litúrgico. Deste modo a aclamação constitui um rito ou um ato com valor
por si próprio, pelo qual a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar no Evangelho, e
professa a sua fé por meio do canto. É cantada por todos de pé, iniciada pela schola ou por um cantor, e
pode-se repetir, se for conveniente; mas o versículo é cantado pela schola ou pelo cantor.

a) O Aleluia canta-se em todos os tempos fora da Quaresma. Os versículos tomam-se do Lecionário ou do


Gradual;

b) Na Quaresma, em vez do Aleluia canta-se o versículo antes do Evangelho que vem no Lecionário.
Também se pode cantar outro salmo ou trato, como se indica no Gradual.

63. No caso de haver uma só leitura antes do Evangelho:

a) nos tempos em que se diz Aleluia, pode escolher-se ou o salmo aleluiático, ou o salmo e o Aleluia com
o seu versículo;

b) no tempo em que não se diz Aleluia, pode escolher-se ou o salmo e o versículo antes do Evangelho ou
apenas o salmo.

c) O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho, se não são cantados, podem omitir-se.

64. A sequência, que exceto nos dias da Páscoa e do Pentecostes é facultativa, canta-se depois do Aleluia.

Homilia

65. A homilia é parte da liturgia e muito recomendada: é um elemento necessário para alimentar a vida
cristã. Deve ser a explanação de algum aspecto das leituras da Sagrada Escritura ou de algum texto do
Ordinário ou do Próprio da Missa do dia, tendo sempre em conta o mistério que se celebra, bem como as
necessidades peculiares dos ouvintes.

66. Habitualmente a homilia deve ser feita pelo sacerdote celebrante ou por um sacerdote concelebrante,
por ele encarregado, ou algumas vezes, se for oportuno, também por um diácono, mas nunca por um leigo.
Em casos especiais e por justa causa, a homilia também pode ser feita, por um Bispo ou presbítero que se
encontra na celebração mas sem poder concelebrar.

Nos domingos e festas de preceito, deve haver homilia em todas as Missas celebradas com participação do
povo, e não pode omitir-se senão por causa grave. Além disso, é recomendada, particularmente nos dias
feriais do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, e também noutras festas e ocasiões em que é maior a
afluência do povo à Igreja.

Depois da homilia, observe-se oportunamente um breve espaço de silêncio.

Profissão de fé

67. O símbolo, ou profissão de fé, tem como finalidade permitir que todo o povo reunido, responda à palavra
de Deus anunciada nas leituras da sagrada Escritura e exposta na homilia, e que, proclamando a regra da
fé, segundo a fórmula aprovada para o uso litúrgico, recorde e professe os grandes mistérios da fé, antes de
começarem a ser celebrados na Eucaristia.

68. O símbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote juntamente com o povo, nos domingos e nas
solenidades. Pode também dizer-se em celebrações especiais mais solenes.

Se é cantado, é começado pelo sacerdote ou, se for o caso, por um cantor, ou pela schola; cantam-no todos
em conjunto ou o povo alternando com a schola. Se não é cantado, deve ser recitado conjuntamente por
todos ou por dois coros alternadamente.

69. Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde, de algum modo à palavra de Deus recebida
na fé e, exercendo a função do seu sacerdócio baptismal, apresenta preces a Deus pela salvação de todos.
Convém que em todas as Missas com participação do povo se faça esta oração, na qual se pede pela santa

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Igreja, pelos governantes, pelos que se encontram em necessidade, por todos os homens em geral e pela
salvação do mundo inteiro.

70. Normalmente a ordem das intenções é a seguinte:

a) pelas necessidades da Igreja;

b) pelas autoridades civis e pela salvação do mundo;

c) por aqueles que sofrem dificuldades;

d) pela comunidade local.

Em celebrações especiais – por exemplo, Confirmação, Matrimônio, Exéquias – a ordem das intenções
pode acomodar-se às circunstâncias.

71. Compete ao sacerdote celebrante dirigir da sede esta prece. Ele próprio a introduz com uma breve
admonição, na qual convida os fiéis a orar, e a conclui com uma oração. As intenções que se propõem,
formuladas de forma sóbria, com sábia liberdade e em poucas palavras, devem exprimir a súplica de toda
a comunidade.

Habitualmente são enunciadas do ambão ou de outro lugar conveniente, por um diácono, por um cantor,
por um leitor, ou por um fiel leigo.

O povo, de pé, faz suas estas súplicas, ou com uma invocação comum proferida depois de cada intenção,
ou orando em silêncio.

C) Liturgia eucarística
72. Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o
sacerdote, representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que
fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz.

Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a ação de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos,
dizendo: «Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória
de Mim». Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a Igreja ordenou toda a celebração da liturgia
eucarística. Efetivamente:

1) Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que
Cristo tomou em suas mãos.

2) Na Oração eucarística, dão-se graças a Deus por toda a obra da salvação, e as oblatas convertem-se no
Corpo e Sangue de Cristo.

3) Pela fração do pão e pela Comunhão, os fiéis, embora muitos, recebem, de um só pão, o Corpo e Sangue
do Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo.

Preparação dos dons

73. A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons, que se vão converter no Corpo e Sangue
de Cristo.

Em primeiro lugar prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística; nele
se dispõem o corporal, o purificador (ou sanguinho), o Missal e o cálice, salvo se este for preparado na
credência.

Em seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis.
Recebidos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois levados para o altar. Embora,
hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto o
rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual.

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Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à
Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes dons serão dispostos
em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.

74. A procissão em que se levam os dons é acompanhada do cântico do ofertório (cf. n. 37, b), que se
prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. As normas para a execução deste
cântico são idênticas às que foram dadas para o cântico de entrada (cf. n. 48). O rito do ofertório pode ser
sempre acompanhado de canto.

75. O pão e o vinho são depostos sobre o altar pelo sacerdote, acompanhados das fórmulas prescritas. O
sacerdote pode incensar os dons colocados sobre o altar, depois a cruz e o próprio altar. Deste modo se
pretende significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, como fumo de incenso, à presença de Deus.
Depois o sacerdote, por causa do sagrado ministério, e o povo, em razão da dignidade baptismal, podem
ser incensados pelo diácono ou por outro ministro.

76. A seguir, o sacerdote lava as mãos, ao lado do altar: com este rito se exprime o desejo de uma purificação
interior.

Oração sobre as oblatas

77. Depostas as oblatas sobre o altar e realizados os ritos concomitantes, o sacerdote convida os fiéis a orar
juntamente consigo e recita a oração sobre as oblatas. Assim termina a preparação dos dons e tudo está
preparado para a Oração eucarística.

Na Missa diz-se uma só oração sobre as oblatas, que termina com a conclusão breve, isto é: Per Christum
Dóminum nostrum; se no fim da oração se menciona o Filho, diz-se: Qui vivit et regnat in sáecula
saeculórum. (V. nota no final do n. 54).

Oração eucarística

78. Inicia-se então o momento central e culminante de toda a celebração, a Oração eucarística, que é uma
oração de ação de graças e de consagração. O sacerdote convida o povo a elevar os corações para o Senhor,
na oração e na ação de graças, e associa-o a si na oração que ele, em nome de toda a comunidade, dirige a
Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo. O sentido desta oração é que toda a assembleia dos fiéis se una
a Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício.

79. Como elementos principais da Oração eucarística podem enumerar-se os seguintes:

a) Ação de graças (expressa de modo particular no Prefácio): em nome de todo o povo santo, o sacerdote
glorifica a Deus Pai e dá-Lhe graças por toda a obra da salvação ou por algum dos seus aspectos particulares,
conforme o dia, a festa ou o tempo litúrgico.

b) Aclamação: toda a assembleia, em união com os coros celestes, canta o Sanctus (Santo). Esta aclamação,
que faz parte da Oração eucarística, é proferida por todo o povo juntamente com o sacerdote.

c) Epiclese: consta de invocações especiais, pelas quais a Igreja implora o poder do Espírito Santo, para
que os dons oferecidos pelos homens sejam consagrados, isto é, se convertam no Corpo e Sangue de Cristo;
e para que a hóstia imaculada, que vai ser recebida na Comunhão, opere a salvação daqueles que dela vão
participar.

d) Narração da instituição e consagração: mediante as palavras e gestos de Cristo, realiza-se o sacrifício


que o próprio Cristo instituiu na última Ceia, quando ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão
e do vinho e os deu a comer e a beber aos Apóstolos, ao mesmo tempo que lhes confiou o mandato de
perpetuar este mistério.

e) Anamnese: em obediência a este mandato, recebido de Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja
celebra a memória do mesmo Cristo, recordando de modo particular a sua bem-aventurada paixão, gloriosa
ressurreição e ascensão aos Céus.

f) Oblação: neste memorial, a Igreja, de modo especial aquela que nesse momento e nesse lugar está
reunida, oferece a Deus Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada. A Igreja deseja que os fiéis não somente

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ofereçam a hóstia imaculada, mas aprendam a oferecer-se também a si mesmos e, por Cristo mediador, se
esforcem por realizar de dia para dia a unidade perfeita com Deus e entre si, até que finalmente Deus seja
tudo em todos.

g) Intercessões: por elas se exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto do
Céu como da terra, e que a oblação é feita em proveito dela e de todos os seus membros, vivos e defuntos,
chamados todos a tomar parte na redenção e salvação adquirida pelo Corpo e Sangue de Cristo.

h) Doxologia final: exprime a glorificação de Deus e é ratificada e concluída pela aclamação Amem do
povo.

Rito da Comunhão

80. A celebração eucarística é um banquete pascal. Convém, por isso, que os fiéis, devidamente preparados,
nela recebam, segundo o mandato do Senhor, o seu Corpo e Sangue como alimento espiritual. É esta a
finalidade da fração e dos outros ritos preparatórios, que dispõem os fiéis, de forma mais imediata, para a
Comunhão.

Oração dominical

81. Na Oração dominical pede-se o pão de cada dia, que para os cristãos evoca principalmente o pão
eucarístico; igualmente se pede a purificação dos pecados, de modo que efetivamente “as coisas santas
sejam dadas aos santos”. O sacerdote formula o convite à oração, que todos os fiéis recitam juntamente
com ele. Então o sacerdote diz sozinho o embolismo, que o povo conclui com uma doxologia. O embolismo
é o desenvolvimento da última petição da oração dominical; nele se pede para toda a comunidade dos fiéis
a libertação do poder do mal.

O convite, a oração, o embolismo e a doxologia conclusiva dita pelo povo, devem ser cantados ou recitados
em voz alta.

Rito da paz

82. Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja implora a paz e a unidade para si própria e para toda a família
humana, e os féis exprimem uns aos outros a comunhão eclesial e a caridade mútua, antes de comungarem
no Sacramento.

Quanto ao próprio sinal com que se dá a paz, as Conferências Episcopais determinarão como se há de fazer,
tendo em conta a mentalidade e os costumes dos povos. Mas é conveniente que cada um dê a paz com
sobriedade apenas aos que estão mais perto de si.

Fração do pão

83. O sacerdote parte o pão eucarístico. O gesto da fração, praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu
para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos, se
tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela
salvação do mundo (1 Cor 10, 17). A fração começa depois de se dar a paz e realiza-se com a devida
reverência, mas não se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma importância
excessiva. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.

Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo
menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação
acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o
rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz.

Comunhão

84. O sacerdote prepara-se para receber frutuosamente o Corpo e Sangue de Cristo rezando uma oração em
silêncio.

Os fiéis fazem o mesmo orando em silêncio. Depois o sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico sobre a
patena ou sobre o cálice e convida-os para o banquete de Cristo; e, juntamente com os fiéis, faz um ato de
humildade, utilizando as palavras evangélicas prescritas.

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85. É muito para desejar que os fiéis, tal como o sacerdote é obrigado a fazer, recebam o Corpo do Senhor
com hóstias consagradas na própria Missa e, nos casos previstos, participem do cálice (cf. n. 283), para que
a Comunhão se manifeste, de forma mais clara, nos próprios sinais, como participação no sacrifício que
está a ser celebrado.

86. Enquanto o sacerdote toma o Sacramento, dá-se início ao cântico da Comunhão, que deve exprimir,
com a unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, manifestar a alegria do coração e realçar
melhor o carácter «comunitário» da procissão daqueles que vão receber a Eucaristia. O cântico prolonga-
se enquanto se ministra aos fiéis o Sacramento. Se se canta um hino depois da Comunhão, o cântico da
Comunhão deve terminar a tempo.

Procure-se que também os cantores possam comungar comodamente.

87. Como cântico da Comunhão pode utilizar-se ou a antífona indicada no Gradual Romano, com ou sem
o salmo correspondente, ou a antífona do Gradual simples com o respectivo salmo, ou outro cântico
apropriado aprovado pela Conferência Episcopal. Pode ser cantado ou só pela schola, ou pela schola ou por
um cantor juntamente com o povo.

Se, porém, não se canta, a antífona que vem no Missal pode ser recitada ou pelos fiéis, ou por alguns deles,
ou por um leitor, ou então pelo próprio sacerdote depois de ter comungado e antes de dar a Comunhão aos
fiéis.

88. Terminada a distribuição da Comunhão, o sacerdote e os fiéis, conforme a oportunidade, oram alguns
momentos em silêncio. Se se quiser, também pode ser cantado por toda a assembleia um salmo ou outro
cântico de louvor ou um hino.

89. Para completar a oração do povo de Deus e concluir todo o rito da Comunhão, o sacerdote diz a oração
depois da Comunhão, na qual implora os frutos do mistério celebrado.

Na Missa diz-se uma só oração depois da Comunhão, que termina com a conclusão breve, isto é:

• se a oração se dirige ao Pai: Per Christum Dóminum nostrum;

• se se dirige ao Pai mas no fim da oração se menciona o Filho: Qui vivit et regnat in sáecula saeculórum;

• se se dirige ao Filho: Qui vivis et regnas in saecula saeculórum.

O povo faz sua esta oração por meio da aclamação: Amem.

D) Rito de conclusão
90. O rito de conclusão consta de:

a) Notícias breves, se forem necessárias;

b) Saudação e bênção do sacerdote, a qual, em certos dias e em ocasiões especiais, é enriquecida e


amplificada com uma oração sobre o povo ou com outra fórmula mais solene de bênção.

c) Despedida da assembleia, feita pelo diácono ou sacerdote;

d) Beijo no altar por parte do sacerdote e do diácono e depois inclinação profunda ao altar por parte do
sacerdote, do diácono, e dos outros ministros.

Cap. III - Ofícios e Ministérios na Missa


91. A celebração eucarística é ação de Cristo e da Igreja, que é «sacramento de unidade», ou seja, povo
santo reunido e ordenado sob a orientação do bispo. Por isso pertence a todo o Corpo da Igreja, manifesta-
o e afeta-o; no entanto, envolve cada membro de modo diverso, segundo a diversidade das ordens, das
funções e da efetiva participação. Deste modo, o povo cristão, «geração eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo resgatado» manifesta o seu ordenamento coerente e hierárquico. Por conseguinte, todos, ministros

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ordenados ou fiéis cristãos leigos, ao desempenharem a sua função ou ofício, façam tudo e só o que lhes
compete.

I. Ofícios da Ordem Sacra


II. Funções do povo de Deus
95. Na celebração da Missa, os fiéis constituem a nação santa, o povo resgatado, o sacerdócio real, para dar
graças a Deus e oferecer a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com
ele, e para aprenderem a oferecer-se a si mesmos. Procurem manifestar tudo isso com um profundo sentido
religioso e com a caridade para com os irmãos que participam na mesma celebração.

Evitem, portanto, tudo quanto signifique singularidade ou divisão, tendo presente que são todos filhos do
mesmo Pai que está nos Céus e, consequentemente, irmãos todos uns dos outros.

96. Portanto, formem todos um só corpo, quer ouvindo a palavra de Deus, quer participando nas orações e
no canto, quer sobretudo na comum oblação do sacrifício e na comum participação da mesa do Senhor.
Esta unidade manifesta-se em beleza nos gestos e atitudes corporais que os fiéis observam todos juntamente.

97. Os fiéis não recusem servir com alegria o povo de Deus, sempre que forem solicitados para desempenhar
qualquer especial ministério ou função na celebração.

III. Ministérios especiais


Ministérios instituídos do acólito e do leitor

As outras funções

102. Compete ao salmista proferir o salmo ou o cântico bíblico que vem entre as leituras. Para desempenhar
bem a sua função, é necessário que o salmista seja competente na arte de salmodiar e dotado de pronúncia
correta e dicção perfeita.

103. Entre os fiéis exerce um próprio ofício litúrgico a schola cantorum ou grupo coral, a quem compete
executar devidamente, segundo os diversos gêneros de cânticos, as partes musicais que lhe estão reservadas
e animar a participação ativa dos fiéis no canto. O que se diz da schola cantorum aplica-se também, nas
devidas proporções, aos restantes músicos e de modo particular ao organista.

104. É conveniente que haja um cantor ou mestre de coro encarregado de dirigir e sustentar o canto do
povo. Na falta da schola, compete-lhe dirigir os diversos cânticos, fazendo o povo participar na parte que
lhe corresponde.

107. As funções litúrgicas, que não são próprias do sacerdote ou do diácono, e das quais se tratou acima
(nn. 100-106), também podem ser confiadas a leigos idôneos, escolhidos pelo pároco ou reitor da igreja,
mediante uma bênção litúrgica ou por nomeação temporária. Quanto à função de servir o sacerdote ao altar,
observem-se as determinações dadas pelo Bispo para a sua diocese.

Cap. V – Disposição e ornamentação das Igrejas


III. A disposição da Igreja

O lugar da schola cantorum e dos instrumentos musicais

312. Tanto quanto a estrutura da igreja o permita, à schola cantorum deve destinar-se um lugar que
manifeste claramente a sua natureza, como parte da assembleia dos fiéis, e a função peculiar que lhe está
reservada; que facilite o desempenho dessa sua função, e que permita comodamente a todos os seus
componentes uma participação plena na Missa, isto é, a participação sacramental.

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313. O órgão e os outros instrumentos musicais legitimamente aprovados sejam colocados num lugar
apropriado, de modo a poderem apoiar o canto, quer da schola quer do povo, e a serem bem ouvidos por
todos, quando intervêm sozinhos. É conveniente que o órgão, antes de ser destinado ao uso litúrgico, seja
benzido segundo o rito que vem no Ritual Romano.

No tempo do Advento usem-se o órgão e outros instrumentos musicais com a moderação que convém à
índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No tempo da Quaresma
só é permitido o toque do órgão e dos outros instrumentos musicais para sustentar o canto. Excetuam-se,
porém, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas.

Cap. VII – A escolha da Missa e das suas partes


Os cânticos

366. Não é permitido substituir os cânticos do Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus (Agnus
Dei), por outros cânticos.

367. Na escolha dos cânticos entre as leituras, bem como dos cânticos de entrada, do ofertório e da
Comunhão, devem seguir-se as normas estabelecidas no capítulo que a eles se refere (cf. nn. 40-41, 47-48,
61-64, 74, 87-88).

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4. O Ano Litúrgico

O Ano Litúrgico começa no primeiro domingo do Advento e termina na última semana do Tempo
Comum, quando se celebra a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (Cristo Rei). Em
outras palavras, ele começa e termina quatro semanas antes do Natal, cumprindo sempre três ciclos anuais:
A, B e C. No ano A predomina a leitura do Evangelho segundo São Mateus; no ano B predomina a leitura
do Evangelho de São Marcos e no ano C predomina a leitura do Evangelho de São Lucas.

“A santa mãe Igreja revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a encarnação e
nascimento até a ascensão, ao pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor” (SC 102).

O Ano Litúrgico é composto de diversos 5 tempos litúrgicos e sua estrutura é a seguinte:

• Tempo do Advento;
• Tempo do Natal;
• Tempo da Quaresma;
• Tempo Pascal;
• Tempo Comum.

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I. Tempo do Advento
O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as
solenidades do Natal, em que comemoramos a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também
um tempo em que por meio desta lembrança, se voltam os corações para a expectativa da segunda vinda de
Cristo no fim dos tempos. Apresenta uma piedosa e alegre expectativa.

Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro a Igreja se volta para a
segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos tempos. A partir do dia 17 até o final a Igreja se
volta para a primeira vinda do Salvador, que se encarnou no ventre de Maria e nasceu na pobre gruta de
Belém, visando de modo mais direto a preparação do Natal do Senhor.

O primeiro domingo do Tempo do Advento marca o primeiro dia do Ano Litúrgico.

Início: primeiro domingo do Advento (4 semanas antes do Natal).

Término: 24 de dezembro, à tarde.

Duração do tempo: quatro semanas (1ª, 2ª, 3ª e 4ª semana do Advento).

Espiritualidade: esperança.

Ensinamento: anúncio da vinda do Messias.

Cor: roxa.

O terceiro domingo é chamado “Gaudete”, ou seja, domingo da alegria. Essa alegria é devida ao
Natal que se aproxima. Nesse dia pode-se usar a cor rosa pois é uma cor mais suave.

Personagens bíblicos mais lembrados nesse tempo: Isaías, João Batista e Maria.

Outras observações: usam-se instrumentos musicais e ornamenta-se o altar com flores; porém, com aquela
moderação que convém ao caráter próprio deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal
do Senhor. A recitação do Hino de Louvor é omitida.

II. Tempo do Natal


Após a celebração anual da Páscoa, a comemoração mais venerável para a Igreja é o Natal do
Senhor e suas primeiras manifestações, pois o Natal é um tempo de fé, alegria e acolhimento do Filho de
Deus que se fez homem.

É a comemoração do nascimento do Senhor, em que celebramos a troca de dons entre o céu e a


terra, pedindo que possamos participar da divindade daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade.

Início: I Vésperas do Natal do Senhor.

Toda semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Natal. São dias tão solenes quanto o dia 25.

Término: o domingo após o dia 06 de janeiro, na festa do Batismo do Senhor.

No primeiro domingo, após o dia 25 de dezembro, celebra-se a festa da Sagrada Família; porém,
quando o Natal do Senhor ocorrer no domingo, a festa da Sagrada Família se celebra no dia 30 de dezembro.

No dia 1º de janeiro celebra-se a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

A Epifania do Senhor é celebrada no dia 6 de janeiro, a não ser que seja transferida para o domingo,
entre os dias 2 e 8 de janeiro, nos lugares em que não for considerado dia santo.

No domingo seguinte, depois do dia 6 de janeiro, celebra-se a festa do Batismo do Senhor.


Nota: No Brasil, como a Solenidade da Epifania é transferida para o domingo entre os dias 2 e 8
de janeiro, a Festa do Batismo é transferida para a segunda-feira seguinte.

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Cor: branca.

Espiritualidade: fé, alegria, acolhimento.

Ensinamento: o Filho de Deus se fez homem.

Símbolos: presépio, luzes.

III. Tempo da Quaresma


A Quaresma é um tempo forte de conversão, penitência, jejum, esmola e oração. É um tempo de
preparação para a Páscoa do Senhor, e dura cerca de quarenta dias. Faz-nos lembrar dos quarenta anos de
peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta
dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública.

“Tanto na liturgia quando na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo
quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis
ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do
mistério pascal” (SC 109).

Início: Quarta-feira de Cinzas.

Término: Quinta-feira Santa de manhã.

Espiritualidade: penitência e conversão.

Ensinamento: a misericórdia de Deus.

Cor: roxa.

O quarto domingo é chamado “Laetare”, ou seja, domingo da Alegria. Semelhante ao terceiro


domingo do Advento, o quarto domingo da Quaresma também é caracterizado pela alegria da Pascoa que
se aproxima. Nesse dia, também se pode usar paramento rosa, que é uma cor mais suave.

O sexto domingo da Quaresma é domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Nesse dia inicia-se a
Semana Santa. A cor utilizada é a vermelha.

Outras observações: excetuando o domingo “Laetare”, não se ornamenta o altar com flores, o toque de
instrumentos musicais é só para sustentar o canto. Na Quarta-feira de Cinzas o Ato Penitencial se omite.
Durante todo o Tempo da quaresma omite-se o “Aleluia” bem como o Hino de Louvor.

O Tríduo Pascal: Começa com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, possui o centro na Vigília Pascal
e encerra-se com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. É o ápice do Ano Litúrgico porque celebra a Morte e a
Ressurreição do Senhor.
• Missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira): O órgão ou outros instrumentos musicais toca-se nesta Missa
até o fim do canto do Glória. Depois não se toca, até o Glória da Missa da Vigília noturna da Ressurreição (a menos
que seja para sustentar o canto). O tabernáculo esteja totalmente vazio ao final desta missa. Reserve-se uma capela,
nesta noite, para a conservação da Eucaristia. Convidem-se os fiéis a permanecer, depois da Missa da Ceia, por
determinado espaço de tempo na noite, para a Vigília eucarística. Após a meia-noite, a adoração seja feira sem
solenidade, já que começou o dia da Paixão do Senhor.
• Sexta-feira Santa: Não há Santa Missa neste dia, mas celebra-se uma solene Ação Litúrgica pelas 15
horas. Nesta celebração acontece a Adoração da Cruz.
• Sábado Santo (Vigília Pascal): É o cume do ano litúrgico. A cor utilizada é o Branco para toda a Vigília.
A Vigília solene forma uma unidade iniciando com a Celebração da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal, e
terminando com a Liturgia Eucarística. Propõe-se sete leituras do Antigo Testamento, sete Salmos Responsoriais,
uma leitura do Novo Testamento e uma leitura do Evangelho.

IV. Tempo Pascal


A festa da Páscoa ou da Ressurreição do Senhor se estende por cinquenta dias entre o domingo de
Páscoa e o domingo de Pentecostes, comemorando a volta de Cristo ao Pai na Ascensão e o envio do
Espírito Santo. Vive-se uma espiritualidade de alegria no Cristo Ressuscitado, crendo firmemente na vida
eterna.

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Os oito primeiros dias do Tempo Pascal formam a Oitava da Páscoa e são todos celebrados como
solenidades do Senhor.

Início: primeiro domingo de Páscoa.

Término: Domingo de Pentecostes.

Ascensão do Senhor: no quadragésimo dia depois da Páscoa, celebra-se a solenidade da Ascensão do


Senhor, a não ser que seja transferida para o 7º domingo depois da Páscoa.
Nota: No Brasil celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor no 7º Domingo da Páscoa (Fonte: Diretório
da Liturgia da Igreja no Brasil).

Espiritualidade: alegria em Cristo Ressuscitado.

Ensinamento: Cristo venceu a morte e nos trouxe a ressurreição para a vida eterna.

Cor: branca.

V. Tempo Comum
É momento de olharmos para o dia a dia de Jesus entre os homens anunciando o Reino de Deus.
É tempo em que a Igreja continua a obra de Cristo nas lutas e no trabalho pelo Reino. É o momento de o
cristão colocar em prática a vivência do Reino e ser sinal de Cristo no mundo, ou, como o mesmo Jesus
disse, ser sal da terra e luz do mundo. O Tempo Comum é ainda tempo privilegiado para celebrar as
memórias da Virgem Maria e dos santos.

O Tempo Comum começa no dia seguinte à celebração da Festa do Batismo do Senhor e se estende
até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de
Pentecostes e termina na solenidade de Cristo Rei.

Início: primeiro dia após a festa do Batismo do Senhor.

Duração: 34 semanas.

Término: solenidade de Cristo Rei.

Cor: verde.

Espiritualidade: escuta da Palavra de Deus.

Ensinamento: anúncio do Reino de Deus.

Na 34ª semana do Tempo Comum, mais especificamente na véspera do primeiro domingo do


Advento, termina o Tempo Comum; consequentemente, termina aquele Ano Litúrgico. Assim dá-se início
ao Ano Litúrgico seguinte com o primeiro domingo do Tempo do Advento.

As cores do Ano Litúrgico

“A diversidade de cores das vestes sagradas tem por finalidade exprimir externamente, de modo
mais eficaz, por um lado, o caráter peculiar dos mistérios da fé que se celebram e, por outro, o sentido
progressivo da vida cristã ao longo do ano litúrgico” (IGMR 345).

Cor branca: usada na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-feira Santa, na Vigília Pascal
do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é
predominante a cor branca.

Cor vermelha: usada nos domingos da Paixão e de Ramos, na Sexta-feira da Paixão, no domingo de
Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas.

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Cor verde: usada em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor
litúrgica é o branco.

Cor roxa: usada no Advento, na quaresma, na Semana Santa (até Quinta-feira Santa de manhã), e na
celebração de Finados, como também nas exéquias.

Cor preta: pode ser usada na celebração de Finados.

Cor rosa: pode ser usada no terceiro domingo do Advento, chamado “Gaudete”, e no quarto domingo da
Quaresma, chamado “Laetare”. Esses dois domingos são designados na liturgia como “domingos da
alegria”, em razão do tom jubiloso de seus textos.

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5. O Canto na Liturgia da Santa Missa

É o canto cujo texto e melodia tiveram como fonte inspiradora a Sagrada Escritura e a Tradição
da Igreja. Dentro da Missa, é o canto que, além de observar a inspiração da Sagrada Escritura e Tradição
da Igreja, obedece à fórmula litúrgica de cada momento ritual. Por exemplo: a letra do canto do glória deve
ser cantada assim como é rezada, sem nenhuma alteração em sua letra (cf. IGMR 366; SC 112).

“O texto litúrgico tem de ser cantado como se encontra nos livros aprovados, sem posposição ou
alteração das palavras, sem repetições indevidas, sem deslocar as sílabas, sempre de modo inteligível” (TLS
9).

O mesmo se aplica à melodia e à sua execução. Devem-se evitar melodias profanas ou que venham
ferir, macular, atrapalhar a dignidade do ministério que se está celebrando na liturgia (cf. SC 121).

A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; por isso, em
igualdade de circunstâncias, terá o primeiro lugar nas ações litúrgicas. Os outros gêneros de música sacra,
especialmente a polifonia, de modo algum serão excluídos na celebração dos Ofícios divinos, desde que
estejam em harmonia com o espírito da ação litúrgica.

Deve-se evitar a subjetividade nos cantos (eu faço, eu vou, eu sozinho, eu...), pois somos nós, a
comunidade, quem celebra a Páscoa do Senhor: “o texto não se reduza a expressão excessivamente
subjetiva, individualista, intimista e sentimentalista” (cf. MLB 315). “É toda a comunidade, o corpo de
Cristo unido à sua Cabeça, que celebra” (CIC 1140).

“Uma das linhas mestras da reforma litúrgica conciliar foi, com razão, a participação actuosa,
participação ativa de todo o povo de Deus na liturgia. Mas essa noção, após o concílio, tomou um nefasto
sentido restritivo. Imaginou-se que só havia participação onde houvesse uma atividade exterior perceptível:
falar, cantar, pregar, animar a missa. Os artigos 28 e 30 da Constituição Litúrgica, que definem a
participação ativa, podem ter favorecido essa restrição de sentido insistindo longamente quanto aos atos
exteriores. Contudo, é citado aí também o silêncio como forma de participação actuosa. Partindo daí,
perguntemo-nos: por que só a palavra seria a realização espiritual em comum, ou atividade, e não também
a escuta, a acolhida pelos sentidos e pelo espírito? Escutar, acolher, emocionar-se, não são atividades? Não
teríamos assim diminuído o homem, pretendendo que ele não seja capaz de captar aquilo que é expresso
oralmente? [...] É fato que muitos homens são mais capazes de cantar com o coração do que com a boca, e
seus corações cantam verdadeiramente quando eles ouvem o canto daqueles a quem foi dado cantar também
com a boca, a tal ponto que os primeiros cantam por meio destes últimos, e assim o canto dos cantores e
uma escuta grata tornam-se, juntos, um só louvor a Deus. Será absolutamente necessário forçar aqueles que
não podem cantar a fazê-lo, e assim emudecer seus corações e os dos outros?” (O Espírito da Música, Papa
Bento XVI)

Na Missa há dois tipos de cantos, os que são o próprio rito e os que acompanham o rito.

a. Cantos que são o próprio rito: Em nome do Pai, ato penitencial, Glória, Salmo, Creio, Santo, Pai
Nosso, e todas as partes rituais que o sacerdote cantar.
b. Cantos que acompanham o rito: Entrada, Aspersão, Aclamação ao Evangelho, Ofertório, Fração
do Pão (Cordeiro), Comunhão. Estes devem terminar quando o rito acabar.

Os instrumentos “só poderão ser tocados em solo no início, antes de o sacerdote chegar ao altar,
ao ofertório, à comunhão e no final da Missa” (MS 65).

Não é antilitúrgico repetir parte de um texto da música: ver o caso da indicação do ato penitencial
ou do Cordeiro: “Via de regra, cada aclamação é repetida duas vezes, não excluindo, porém, um número
maior de repetições por causa da índole (modo próprio de ser) das diversas línguas, da música ou das
circunstâncias” (cf. IGMR 52, 83).

“Os textos dos cantos que constituem um rito, em hipótese alguma podem ser substituídos ou
parafraseados” (MLB 295).

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Há uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Glória, Santo e Cordeiro por outro
texto qualquer (cf. IGMR 53, 366).

Durante a consagração, ou “enquanto o sacerdote celebrante pronuncia a oração eucarística, não


se realizarão outras orações ou cantos, e estarão em silêncio o órgão e os outros instrumentos musicais,
salvo as aclamações de piedade do povo” (RS 53, cf. IGMR 32).

“Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou cantar, mesmo em língua latina, as
partes do Ordinário da Missa que lhes competem” (SC 54).

O “Por Cristo, com Cristo, em Cristo”, o “Livrai-nos de todos os males, ó Pai” e a oração pela paz
(“Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos”) são orações exclusivas do Padre, os fiéis não as
fazem. A doxologia final da oração eucarística é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal,
junto com os demais concelebrantes, e não pelos fiéis (cf. IGMR 236). Esta doxologia final é confirmada e
concluída pela aclamação “Amém” do povo (cf. IGMR 79,h). É o “Amém” por excelência, por meio do
qual os fiéis manifestam concordar com toda a oração eucarística rezada. Pode ser cantado ou rezado. Se o
presidente da celebração cantar o “Por Cristo”, deve-se obrigatoriamente cantar o “Amém”.

Deve-se estar atento em cada momento da Missa onde há cantos, a fim de que a música não
ultrapasse o momento ritual: “Não é lícito, por motivo do canto, fazer esperar o sacerdote no altar mais
tempo do que exige a cerimônia litúrgica” (TLS 21). É importante que a música nunca acabe no meio da
estrofe, mas ao final do refrão, demonstrando, assim, que aquele momento, aquela ação litúrgica, está
completa e não ficou inacabada.

Canto de Entrada
A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembleia, introduzir os fiéis
no mistério do tempo litúrgico e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros (cf. IGMR 47).

O canto é executado alternadamente pelo grupo de cantores e pelo povo, ou pelo cantor e pelo
povo. Pode-se usar a antífona com seu Salmo, do Gradual Romano ou do Gradual Simples, ou então outro
canto condizente com a ação sagrada e com a índole (Modo próprio e particular de ser) do dia ou do tempo,
cujo texto tenha sido aprovado pela conferência dos bispos (cf. IGMR 48).

Não havendo canto de entrada, a antífona proposta no Missal é recitada pelos fiéis, ou por alguns
deles, ou pelo leitor; ou, então, pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la a modo de exortação
inicial.

Esse não é um canto somente para receber o presidente da celebração. É um canto abrangente, para
ajudar a preparar e introduzir toda a assembleia no mistério da Santa missa, de modo que receber a equipe
de liturgia e o presidente da celebração é uma de suas características. Deve terminar quando o padre chegar
ao altar. Se houver uso de incenso, prossegue até que o altar seja incensado.

Fórmula: remete ao povo que caminha ao encontro de Deus e Ele vem ao nosso encontro: esse é
o sentido da procissão de entrada. Em diversas passagens bíblicas, vemos o povo de Deus caminhar, seja
em busca da terra prometida, seja em busca da libertação, seja a caminho de Jerusalém, seja ao encontro de
Jesus. Portanto, a letra do canto deve sempre estar falando de “nós”, o povo, a comunidade que caminha.
Evitar o “eu”, “eu vim”, “eu caminho”, que dá ideia de estar sozinho na caminhada rumo a Deus.

Ato Penitencial
Trata-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia. A Igreja
quer colocar a assembleia diante de deus, numa atitude de pobreza/conversão, ajudá-la a tomar consciência
de que tudo é graça, tudo é dom de Deus. É normalmente executado por todos. Esse canto é facultativo –
pode ser substituído por outra ação correspondente, como a aspersão com água benta aos domingos (cf.
IGMR 51).

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É um momento de contrição, recolhimento interior, arrependimento e pedido de perdão. Não é o
momento de bater palma ou agitar-se. É o momento em que, a exemplo do ladrão arrependido que foi
crucificado ao lado de Cristo, pede-se perdão a Deus pelos erros cometidos.

No caso de o padre rezar o ato penitencial e ainda solicitar um canto, deve-se usar um canto que
não contenha apenas a fórmula do ato penitencial. Por exemplo: “Senhor que vieste salvar”. Este contém o
texto litúrgico e a fórmula do ato penitencial. Portanto, não ficará repetitivo e não fugirá da liturgia.

“Depois do ato penitencial inicia-se sempre o “Senhor, tende piedade”, a não ser que já tenha sido
rezado no próprio ato penitencial” (IGMR 52).

Fórmula 1:
O sacerdote convida os fiéis à penitência:
Irmãos e irmãs, reconheçamos as nossas culpas para celebrarmos dignamente os santos mistérios.
Ou:
*O Senhor Jesus, que nos convida à mesa da Palavra e da eucaristia, nos chama à conversão.
Reconheçamos ser pecadores e invoquemos com confiança a misericórdia do Pai.
Ou, especialmente aos domingos:
*No dia em que celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, também nós somos
convidados a morrer para o pecado e ressurgir para uma vida nova. Reconheçamo-nos necessitados da
misericórdia do Pai.
Após um momento de silêncio, usa-se a seguinte fórmula:
O sacerdote diz:
Confessemos os nossos pecados:
Todos:
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos
e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e
santos e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, nosso Senhor.
Segue-se a absolvição sacerdotal:
Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida
eterna.
O povo responde:
Amém.

Fórmula 2:
O sacerdote convida os fiéis à penitência:
*No início desta celebração eucarística, peçamos a conversão do coração, fonte de reconciliação
e comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs.
Ou:
*De coração contrito e humilde, aproximemo-nos do Deus justo e santo, para que tenha piedade
de nós, pecadores.
Após um momento de silêncio, usa-se a seguinte fórmula:
O sacerdote diz:
Tende compaixão de nós, Senhor.
O povo responde:
Porque somos pecadores.
O sacerdote:
Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
O povo:
E dai-nos a vossa salvação.
Segue-se a absolvição sacerdotal:
Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida
eterna.
O povo responde:
Amém.

Fórmula 3:
O sacerdote convida os fiéis à penitência:
*Em Jesus Cristo, o Justo, que intercede por nós e nos reconcilia com o Pai, abramos o nosso
espírito ao arrependimento para sermos menos indignos de aproximar-nos da mesa do Senhor.
Ou:

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*O Senhor disse: “Quem dentre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. Reconheçamo-
nos todos pecadores e perdoemo-nos mutuamente do fundo do coração.
Após um momento de silêncio, o sacerdote ou outro ministro propõe as seguintes invocações ou outras semelhantes:
Senhor, que viestes salvar os corações arrependidos, tende piedade de nós.
O povo responde:
Senhor, tende piedade de nós.
O sacerdote:
Cristo, que viestes chamar os pecadores, tende piedade de nós.
O povo:
Cristo, tende piedade de nós.
O sacerdote:
Senhor, que intercedeis por nós junto do Pai, tende piedade de nós.
O povo:
Senhor, tende piedade de nós.
Segue-se a absolvição sacerdotal:
Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida
eterna.
O povo responde:
Amém.

Após a fórmula do Ato Penitencial:


Seguem-se as invocações, caso já não tenham ocorrido no ato penitencial:
V. Senhor, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.
V. Cristo, tende piedade de nós.
R. Cristo, tende piedade de nós.
V. Senhor, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.

Glória
É um rito da Santa Missa, O Glória é um hino oficial da liturgia, é o louvor à Santíssima Trindade,
com caráter cristológico e pascal.

É um hino antiquíssimo (remonta ao século II), evocando o momento no qual os anjos entoaram
louvores a Deus pelo nascimento de Jesus. Também evoca os louvores dos anjos ao poder de Deus no livro
do Apocalipse.

É cantado ou recitado nas missas solenes, seja nos domingos e sábados ou nas festas dos santos.
Não se diz na quaresma e no Advento, certamente pelo fato de um hino festivo não sintonizar com um
tempo penitencial. Também não se proclama nos dias de semana porque perderia o sentido solene.

Há uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Glória por outro texto qualquer (cf.
IGMR 53) – o mesmo acontece com o Santo e o Cordeiro de Deus.

Fórmula:
Glória a Deus nas alturas
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso;
nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus pai:
Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós;
Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica;
Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós.
Só Vós sois Santo;

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só Vós, o Senhor;
Só Vós o Altíssimo,
Jesus Cristo;
com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém.

Salmo Responsorial
É a resposta à mensagem proclamada na primeira leitura. Não pode ser trocado por um canto
qualquer, para se preencher espaço e variar um pouco. Não nos esqueçamos de que o salmo é Palavra de
Deus.

“Não está permitido omitir o substituir, arbitrariamente, as leituras bíblicas prescritas, nem,
sobretudo, modificar as leituras e o salmo responsorial, que contém a palavra de Deus, com outros textos
não bíblicos” (RS 62).

“De preferência, o salmo responsorial será cantado, ao menos no que se refere ao refrão do povo.
Assim, o salmista ou cantor do salmo, do ambão ou outro lugar adequado, profere os versículos do salmo
enquanto toda a assembleia escuta sentada, geralmente participando pelo refrão, a não ser que o salmo seja
proferido de modo contínuo, isto é, sem refrão. Se o salmo não puder ser cantado, recita-se do modo mais
indicado para favorecer a meditação da Palavra de Deus” (IGMR 61).

“Para exercer sua função, é necessário que o salmista saiba salmodiar e tenha boa pronúncia e
dicção” (IGMR 102).

Fórmula: o próprio texto do lecionário.

Aclamação ao Evangelho
Esta aclamação constitui um rito ou uma ação por si mesma, através da qual a assembleia dos fieis
acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho; saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos,
de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso. O versículo, porém,
é cantado pelo grupo de cantores ou cantor. O Aleluia é cantado em todos os tempos, exceto na Quaresma.
Na Quaresma troca-se o Aleluia por um verso aclamativo da Sagrada Escritura.

Fórmula: o canto de aclamação tem como característica distintiva a palavra Aleluia, termo
hebraico que significa “louvai o Senhor”. Pode ser repetida. No refrão, cante-se o Aleluia, e nas estrofes,
uma passagem da Sagrada Escritura tomada do Lecionário (cf. IGMR 37, 62).

Sequência
Este canto é opcional, exceto nos dias de Páscoa e Pentecostes. “A sequência, que exceto nos dias
da Páscoa e do Pentecostes é facultativa, canta-se antes do Aleluia” (IGMR 64).

Profissão de Fé
O símbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote com o povo aos domingos e solenidades;
pode-se também dizer em celebrações especiais de caráter mais solene. Quando cantado, é entoado pelo
sacerdote ou, se for oportuno, pelo cantor ou pelo grupo de cantores; é cantado por todo o povo junto, ou
pelo povo alternando com o grupo de cantores. Se não for cantado, será recitado por todos juntos, ou por
dois coros alternando entre si (cf. IGMR 68).

Fórmula: uma das seguintes profissões de fé, segundo o Missal Romano: Símbolo Niceno-
contantinopolitano; ou Símbolo Apostólico.

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Ofertório
No início da liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas que se converterão no corpo e
sangue de Cristo; o pão e o vinho. Assim como o primeiro sacerdote do Antigo testamento, Melquisedec,
ofereceu ao Senhor o pão e o vinho, assim como Cristo na última ceia ofereceu ao Pai o pão e o vinho,
transformando-os em corpo e sangue seus, assim também nós oferecemos ao Senhor, em sacrifício, o pão
e o vinho que são frutos do nosso trabalho e graça do Senhor para a glória do seu nome e para o nosso bem.
Esse pão e esse vinho também para nós se tornarão corpo e sangue de Cristo, via de salvação, dons de vida
eterna (cf. IGMR 73-76, 142).

O canto do ofertório acompanha a procissão das oferendas (cf. IGMR 37,b) e se prolonga pelo
menos até que os dons tenham sido colocados sobre o altar. O canto pode sempre fazer parte dos ritos das
oferendas, mesmo sem a procissão dos dons (cf. IGMR 74).

Término do canto: este canto acompanha o rito da apresentação das ofertas, e, por isso, deve ser
encerrado quando o sacerdote termina de oferecer os dons a Deus e lava as mãos. Nas missas solenes,
quando há uso de incenso, esse canto deve se estender até o momento após a incensação da assembleia.

Fórmula: As normas para a execução deste cântico são idênticas às que foram dadas para o cântico
de entrada (cf. IGMR 74, 48).

Santo
É um rito invariável da Santa Missa. Nós cantamos o cântico que os serafins proclamaram diante
do trono celeste (Is 6,3). É o brado do povo reconhecendo “bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt
21,9). O reforço de expressão “Santo, Santo, Santo” tem o objetivo de significar o máximo de santidade.
Faz parte integrante da oração eucarística concluindo o Prefácio.

Fórmula:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória:
hosana nas alturas!
Bendito o que vem em nome do Senhor:
hosana nas alturas.

Amém
Mediante esta aclamação, os fiéis, concordando com toda a Oração Eucarística, proclamada por
quem preside, assumem-na solene e enfaticamente como sua.

Pai Nosso
Ganhará em solenidade se o Pai Nosso for cantado. O sacerdote profere o convite, e todos os fiéis
recitam ou canta, a oração com ele. A oração do Pai Nosso tem um valor particular como palavra de Jesus,
sinal de profunda unidade entre os cristãos e o Pai eterno. É totalmente inaceitável substituir as palavras de
Jesus por textos de criação particular.

Fórmula:
Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido;

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e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

Canto da Paz
Não está prevista a realização de um canto para fazer a saudação da paz de Cristo. O canto para
dar a paz é inexistente no Rito Romano (Carta Circular: O significado ritual do dom da paz na Missa 6/c).
Em caso em que o presidente da celebração convida a assembleia a dar a paz, deve-se apenas dar um sinal
da paz aos mais próximos e de maneira sóbria (cf. IGMR 82), findando logo que o sacerdote se volta para
o altar. Inicia-se então o “Cordeiro”.

Cordeiro de Deus
A finalidade é acompanhar a fração do pão, antes de se proceder a sua distribuição. Seja cantado
ou rezado, deve ser iniciado no momento da fração do pão. Quem inicia esse canto ou sua invocação é o
cantor ou o animador assim que o padre se voltar para o altar para a fração do pão após o abraço da paz, se
houver.

Pode ser repetido quantas vezes for necessário até o final do rito. A última vez conclui-se com as
palavras “dai-nos a paz” (cf. IGMR 83).

Fórmula:
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.

Comunhão
Deve expressar, pela união das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstrar a alegria
dos corações e realçar mais a índole comunitária na procissão para receber a eucaristia. O canto começa
quando o sacerdote comunga, prolongando-se, oportunamente, enquanto os fiéis recebem o corpo de Cristo
(cf. IGMR 86).

Não se pode cantar qualquer canto nesse momento tão sublime. Deve-se respeitar o tempo litúrgico
e levar à interiorização.

Fórmula: como cântico da Comunhão pode-se utilizar ou a antífona indicada no Gradual Romano,
com ou sem o salmo correspondente, ou a antífona do Gradual simples com o respectivo salmo, ou outro
cântico apropriado aprovado pela Conferência Episcopal (IGMR 87).

Ação de Graças
Esse canto é um prolongamento da comunhão, como um momento de agradecimento e de louvor
pela presença sacramental de Jesus Cristo como pão da vida, que renova a força da assembleia para poder
recomeçar a caminhada.

“Terminada a distribuição da Comunhão, o sacerdote e os fiéis, conforme a oportunidade, oram


alguns momentos em silêncio. Se se quiser, também pode ser cantado por toda a assembleia um salmo ou
outro cântico de louvor ou um hino” (IGMR 88).

Fórmula: Um salmo ou outro cântico de louvor ou um hino (cf. IGMR 88).

Canto Final
Pode ser alegre e fazer menção à dimensão missionária da vida do cristão, sem perder o contexto
litúrgico que foi celebrado na Santa Missa. Também se pode cantar algum canto do padroeiro da
comunidade, um canto a Maria ou do tempo litúrgico que se está vivendo.

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6. O Ministério de Música

A música é parte integrante da liturgia (cf. SC 112). Por isso os fiéis que assumem o serviço da
música não são meros “ajudantes”, mas exercem um verdadeiro ministério.

“A função principal da música é revestir de adequada melodia o texto litúrgico” (TLS 1). Compete
aos cantores e instrumentistas apenas sustentar o canto litúrgico para a assembleia cantar. Compete-lhes
também animar e motivar a assembleia para o canto.

“Executadas as melodias próprias do celebrante e dos ministros, que sempre devem ser em
gregoriano, sem acompanhamento de órgão, todo o restante canto litúrgico faz parte do coro” (TLS 11).

O ministério de música, por auxiliar o presbítero, faz parte da assembleia dos fiéis e ocupa um
lugar importante na liturgia. Os documentos da Igreja nos ensinam que os membros do ministério de
música, além de exercer a sua função musical, devem participar de forma consciente, ativa, piedosa e
sacramental da liturgia. O músico deve participar da Santa Missa de forma plena: cantando, rezando ou
exercendo o silêncio sagrado.

Assim como o padre, ministro extraordinário da Eucaristia, coroinhas, acólitos e leitores têm a sua
própria vestimenta, também os músicos devem tê-la. E todas elas devem apontar para a sacralidade da Santa
Missa. Constitui desobediência à Igreja quando usamos roupas inapropriadas para servir na Santa Missa,
lembrando sempre da máxima: o músico não é aquele que seduz, mas aquele que ajuda o sacerdote a
conduzir os irmãos para Deus. “Os músicos, cantores e ouvintes comportem-se e estejam trajados de modo
a manifestarem a gravidade que convém inteiramente ao lugar sagrado” (ISCR 55,f).

É proibido fazer na liturgia o que não lhe compete (cf. SC 28). Se o membro mão sabe tocar
determinado instrumento, não deve fazê-lo enquanto não estiver apto. Se o membro não sabe cantar, ou
pelo menos não for afinado, não deve fazê-lo, para não desestabilizar a ação litúrgica.

“Além da formação musical, dê-se também aos componentes do coral oportuna formação litúrgica
e espiritual. Dessa forma, cumprindo eles perfeitamente a sua função litúrgica, não apenas trazem beleza
para a ação sagrada e dão um ótimo exemplo aos fiéis, como também eles mesmo conseguem proveito
espiritual” (MS 24).

É condição ainda essencial que o músico envolvido com as músicas sagradas busque formação
litúrgica, para cada vez mais entender sobre a riqueza da liturgia da Igreja de Cristo. “Os compositores e os
cantores, principalmente as crianças, devem receber também uma verdadeira educação litúrgica” (SC 115).
“A sagrada liturgia é a primeira e necessária fonte onde os fiéis podem beber o espírito genuinamente
cristão; por isso, os pastores de almas empenhar-se-ão diligentemente em fomentá-la em toda a sua
atividade pastoral, com uma pedagogia adequada” (SC 14).

O músico cristão não deve ter vida duplas: tocar para Deus e para o mundo. Sabemos que a “música
da Igreja excede todas as outras expressões de arte e ela será tanto mais santa quanto mais intimamente
estiver unida à ação litúrgica” (SC 112). Logo, ela não pode sofrer influência daquilo que não foi inspirado
em Cristo. Diante de Deus, com sincera humildade, não há como negar que o músico acostumado com as
seduções dos palcos de muitos shows sentirá a tentação de trazer essas vivências para o sacrifício da Santa
Missa, tornando-a um ato humano. “A música sacra deve ser santa, e, por isso, excluir todo o profano não
só em si mesma, mas também no modo como é tocada pelos executantes” (TLS 2).

“Os organistas e demais instrumentistas não sejam apenas peritos no instrumento que lhes é
confiado, mas conheçam e estejam intimamente penetrados pelo espírito da liturgia para que, ao exercer o
seu ofício, mesmo ao improvisar, enriqueçam a celebração segundo a verdadeira natureza de cada um aos
seus elementos e favoreçam a participação dos fiéis” (MS 67).

“Todos os que tomam parte na música sacra devem, antes de tudo, visto participarem direta ou
indiretamente da Sagrada Liturgia, exceder os demais fiéis no exemplo da vida cristã. Devem, além disso,
proporcionalmente a sua condição e participação litúrgica, ter maiores ou menores conhecimentos da
Liturgia e da Música Sacra. Os músicos devem ainda saber adaptar o uso de seus instrumentos às leis da

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música sacra e ter tal conhecimento das coisas litúrgicas que possam unir como convém o exercício externo
da arte como a devota piedade” (ISCR 97-98).

O músico não converte ninguém. O cristão, por si mesmo, jamais deve converter alguém, pois
somente o Espírito Santo é capaz de converter o coração do homem verdadeiramente (cf. CIC 1433).
Devemos nos despir da soberba, deixar de ser pequenos deuses e deixar Deus agir verdadeiramente através
dos nossos dons musicais, fazendo a sua obra acontecer, pois toda ação litúrgica não é uma ação humana,
mas a ação do próprio Cristo.

O êxito musical não está em sermos os melhores músicos, mas cheios do Espírito e da presença de
Deus. Ao busca-lo diariamente, Ele se refletirá em todas as nossas ações, inclusive a musical. A eficácia
do músico acontece quando ele consegue perceber primeiramente Deus agindo em seu coração (cf. MS 67).

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7. Os Instrumentos

Os instrumentos musicais já acompanham os cantos sagrados desde a liturgia da Antiga Aliança.

“Entre os instrumentos a que é aberta a porta do templo vem em primeiro lugar o órgão, por ser
particularmente adequado aos cânticos sacros e aos sagrados ritos, por conferir às cerimônias da Igreja
notável esplendor e singular magnificência, por comover a alma dos fiéis com a gravidade e doçura do seu
som, por encher a mente de gozo quase celeste, e por elevar fortemente à Deus e às coisas celestes.
Além do órgão, há outros instrumentos que podem eficazmente vir em auxílio para se atingir o
alto fim da música sacra, desde que nada tenham de profano, de barulhento, de rumoroso, coisas essas
destoantes do rito sagrado e da gravidade do lugar” (MSD 28-29).

“Tenha-se em grande apreço, na Igreja latina, o órgão de tubos, instrumento musical tradicional
cujo som é capaz de dar às cerimônias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o
espírito para Deus e para as realidades celestes. Quanto aos outros instrumentos, podem ser usados no culto
divino, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial competente, conforme os artigos
22, §2, 37 e 40, contanto que esses instrumentos sejam adaptados ou adaptáveis ao uso sacro, correspondam
à dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis” (SC 120; cf. ISCR 68).

“Considerando a natureza, santidade e dignidade da Sagrada Liturgia, o uso de qualquer


instrumento musical deveria por si mesmo ser absolutamente perfeito. É, pois, melhor omitir inteiramente
a música instrumental (seja só do órgão, seja de outros instrumentos) do que executá-la de maneira pouco
digna. Será melhor, em geral, realizar bem alguma coisa, embora limitada, do que promover maiores, para
cuja execução faltam os meios adequados” (ISCR 60).

“Como o canto tem de ouvir-se sempre, o órgão e os instrumentos devem simplesmente sustenta-
lo, e nunca encobri-lo” (TLS 15).

“O emprego de instrumentos no acompanhamento dos cânticos pode ser bom para sustentar as
vozes, facilitar a participação e tornar mais profunda a unidade da assembleia. Mas o som dos instrumentos
jamais deve cobrir as vozes ou dificultar a compreensão do texto. Todo instrumento deve se calar quando
o sacerdote ou um ministro pronunciam em voz alta um texto que lhes pertença por sua função própria”
(MS 64).

“Só são admitidos na Sagrada Liturgia os instrumentos musicais tocados diretamente pelos artistas
e não de modo mecânico ou automático” (ISCR 60,c).

“No tempo do Advento usem-se o órgão e outros instrumentos musicais com a moderação que
convém à índole (modo próprio de ser) deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do
Senhor. No tempo da Quaresma, só é permitido o toque do órgão e dos outros instrumentos musicais para
sustentar o canto. Excetuam-se, porém, o domingo Laetare (na Quaresma), as solenidades e as festas”
(IGMR 313).

Os músicos devem utilizar-se dos ritmos musicais apenas para sustentar o canto, e não para
sobressair às vozes dos fiéis que oram cantando. Portanto, um ritmo que sobreponha a melodia das vozes
não deve ser usado na Santa Missa. Ritmos que por sua natureza sejam entorpecentes, ou criados como
afronta aos ensinamentos do Senhor, devem ser evitados. Também devem ser evitados ritmos que coloquem
o homem em evidência e tirem o Cristo do centro da liturgia, como um ritmo feito especificamente para se
dançar, seduzir, etc. Pois esse não é o propósito da Santa Missa. O ritmo de uma música, juntamente com
a melodia das vozes, deve elevar o espírito para a contemplação de Deus. Criteriosamente, os ritmos que
não nos elevam para Deus não devem ser usados dentro da liturgia (cf. SC 120, IGMR 393, MS 9).

“Sejam eliminadas essas canções profanas que, ou pela moleza do ritmo, ou pelas palavras não
raro voluptuosas e lascivas que o acompanham, costumam ser perigosas para os cristãos, especialmente
para os jovens, e sejam substituídas por essas outras que proporcionam um prazer casto e puro, e que, ao
mesmo tempo, alimentam a fé e a piedade, de modo que já aqui na terra o povo cristão comece a cantar
aquele cântico de louvor que cantará eternamente no céu” (MSD 32).

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8. O Silêncio na Liturgia

Silêncio na liturgia significa “louvar e rezar a Deus no íntimo do coração”. Na liturgia são vários
os momentos em que se deve guardar o profundo silêncio. Assim como há momentos para rezar em voz
alta, para rezar cantando piedosa ou alegremente, também há o momento de se rezar em silêncio (cf. IGMR
45).

No silêncio, não é somente o “eu” quem fala, mas o próprio Deus começa a comunicar-se comigo,
ressoando em minha alma todas as mensagens vivenciadas na liturgia. A partir daí todos os bons propósitos
de vida ganham força, porque o próprio Deus ressuscitado está me animando: “porque ele sacia o sedento
e satisfaz plenamente o faminto” (Sl 107,9).

O ministério de música faz parte da assembleia e, assim como os fiéis, os músicos devem silenciar
e participar com atenção dos ritos da Santa Missa, evitando todo tipo de distração, pois, por estar num lugar
de destaque visual, introduziriam a assembleia a também distrair-se.

O silêncio sagrado não é somente o fato de fechar a boca e não falar, mas é o ato de se acalmar e
se pôr diante de Deus, cessar a enxurrada de pensamentos, os movimentos bruscos, a preocupação com
quem está do lado. É acalmar todo o nosso ser para, aos poucos, ir se colocado na presença de Deus, para
contemplá-lo e escutá-lo.

“Existe um tempo para cada coisa: tempo de falar e tempo de silenciar” (Ecl 3,7).

Antes da celebração iniciar é louvável observar o silêncio na Igreja, na sacristia e nos lugares que
lhes ficam mais próximos, para que todos se preparem para celebrar devota e dignamente os ritos sagrados
(cf. IGMR 45).

A liturgia prevê momentos de silêncio ao longo de toda a santa missa, como no Ato Penitencial e
após o convite à Oração Coleta, bem como após as leituras, após a homilia e após a comunhão. Para se
saber os momentos de conservar o sagrado silêncio na Santa Missa deve-se conferir números do IGMR
relativos a cada parte da Missa.

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9. Oração a Santa Cecília

Ó gloriosa Santa Cecília, apóstola da caridade e espelho de pureza: por aquela fé esclarecida, com
que afrontastes os enganosos deleites do mundo pagão, alcançai-nos o amoroso conhecimento das verdades
cristãs, para que conformemos a nossa vida com a santa lei de Deus e da Igreja. Revesti-nos de inviolável
confiança na misericórdia de Deus, pelos merecimentos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dilatai o
nosso coração para que, abrasados do amor de Deus, não nos desviemos jamais da salvação eterna. Gloriosa
padroeira nossa, que os vossos exemplos de fé e de virtude sejam para todos nós um brado de alerta, para
que estejamos sempre atentos à vontade de Deus na prosperidade, como nas provações, no caminho do céu
e na salvação eterna. Amém!

10. Documentos da Igreja sobre a Música Sacra

• Pio X, Motu Proprio Tra Le Sollecitudini sobre a Música Sacra (1903);


• Pio XI, Constituição Apostólica Divini Cultus sobre Liturgia, Canto Gregoriano e Música Sacra
(1928);
• Pio XII, Encíclica Musicae Sacrae Disciplina sobre a Música Sacra (1955);
• Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos sobre a Música Sacra e a Sagrada Liturgia (1958);
• Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia (1963);
• Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos Musicam Sacram sobre a Música na Sagrada
Liturgia (1967);
• CNBB: A Música Litúrgica no Brasil (1998);
• Quirógrafo do Sumo Pontífice João Paulo II no Centenário do Motu Proprio Tra Le Sollecitudini
sobre a Música Sacra (2003).

11. Fontes Bibliográficas

- Oliveira, Sérgio Lisboa de. A formação litúrgica do músico católico / Sérgio Lisboa de Oliveira. São
Paulo: Paulus, 2019. Coleção Celebração da fé.

- Instrução Geral sobre o Missal Romano / comentário de J. Aldazábal; [tradução Antonio Francisco Lelo].
5ª ed. São Paulo: Paulinas, 2012. Coleção Comentários.

- Documentos sobre a música litúrgica (1903-2003). 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2017.

- Diretório da Liturgia da Igreja no Brasil, CNBB.

- Ratzinger, Joseph Aloisius (Bento XVI). E espírito da música / Papa Bento XVI; tradução de Felipe
Lesage. Campinas, SP: Eclesiae, 2017.

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