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FUNDAMENTOS ÉTICOS
PARA VIDA PESSOAL, PROFISSIONAL
E PARA O TRÂNSITO
Nesta aula, vamos desenvolver conceitos e
conhecimentos relacionados à ética, valores, princípios
e regras envolvidos na convivência social, capazes de
tornar mais significativa a reflexão sobre nossos
comportamentos na vida pessoal e profissional e
influenciar positivamente nossas atitudes no trânsito,
assim como podem orientar as ações educativas para
os municípios, visando torná-las mais efetivas.
2.1

FISCALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO
Como podemos resolver de forma mais efetiva
problemas de insegurança no trânsito?
Clique para assistir à animação em vídeo
FISCALIZAÇÃO
Ao ampliar e/ou acirrar o sistema de fiscalização do trânsito,
podemos, sim, evitar comportamentos inadequados dos cidadãos
em alguns determinados locais e momentos. Porém, dessa forma,
a tendência é que sejam necessários cada vez mais agentes e
novos mecanismos de vigilância presentes em diferentes lugares e
pelo maior tempo possível. Então, questionamos:

Será que esse caminho é viável, sustentável e eficaz?

Ainda que fosse viável, é importante destacar que, do


ponto de vista comportamental, muitas pessoas
aproveitam-se dos momentos em que não se sentem
vigiadas para burlar as normas, seja por mau hábito ou até
mesmo como uma forma de afrontar o sistema.
HETERONOMIA
Quais as possibilidades e limites da fiscalização?
O sistema de punição está relacionado à moral da
heteronomia, ou seja, quando obedecemos uma regra
por sentir respeito unilateral ou medo da autoridade.
Trata-se de uma relação entre pessoas em estado de
desigualdade, ou seja, entre uma criança e um adulto, ou
entre um cidadão e um agente fiscal. Dessa forma, se
estabelecem relações de coerção.
Há quem ignore as punições, mas há um outro padrão de comportamento muito presente no nosso
cotidiano que é cumprir as normas apenas para evitar alguma punição prevista na legislação
(multa, pontos na carteira, suspensão ou perda do direito de dirigir). Por ser altamente recorrente,
essa prática deixa a convivência no nosso trânsito sujeita a riscos e a graves consequências.
HETERONOMIA
Quando o cidadão age de forma heterônoma, sem a
presença de uma autoridade externa ou outra forma de “Heteronomia significa
coerção, se sente livre para tomar atitudes ser governado por outros,
desconsiderando regras estabelecidas para o bem fora de nós; e significa
comum. Ao cumprir a legislação, apenas para evitar que quando não houver
multas, coloca-se o valor material à frente de valores outros a nos mandar,
como a vida, segurança, respeito ao próximo. O grande ameaçar, punir, podemos
problema de quem aproveita os momentos em que não ficar ‘sem governo’ e
se sente vigiado para se arriscar no trânsito é que as assim fazermos tudo o
consequências físicas e emocionais são muito mais que nos der na telha!”
graves do que as materiais, comprometendo não só a (Menin, 1996, p. 40).
própria vida, mas a de muitos inocentes.
EDUCAÇÃO
A educação, por sua vez, ao visar a construção de
noções sobre riscos e consequências, compreensão de
valores como a proteção de vidas, a segurança, o
respeito e bem comum na convivência social, pode
aumentar as chances dos cidadãos agirem de acordo
com as normas, independente da presença de
mecanismos de fiscalização. Isso porque se a
compreensão das regras e de seus princípios estiver
internalizada, esses princípios passam a orientar sua
consciência, priorizando a própria segurança e dos Como podemos, então, desenvolver
demais, em vez de se optar por comportamentos estas noções em nós mesmos e
arriscados que possam trazer aparentes e contribuir para a convivência segura
momentâneas vantagens. e gentil no trânsito?
AUTONOMIA
Como a educação pode tornar o trânsito mais seguro?
O comportamento heterônomo diante das regras pode ser superado pela
autonomia, etapa mais avançada do desenvolvimento moral de um indivíduo.
Isso significa ter princípios morais internalizados, que orientam nossas ações,
sem haver a necessidade da vigilância de uma autoridade externa.
A partir da adolescência é possível atingir as capacidades intelectuais e
afetivas necessárias para agir de acordo com a autonomia moral.
Este avanço na moralidade é construído entre pessoas em relação de igualdade, com base no respeito mútuo,
o que possibilita a cooperação social. Dessa relação de trocas, surge a necessidade de regras, as quais são,
geralmente, respeitadas pelos envolvidos, pois são entendidas. Ao levarmos esse entendimento para a
convivência social, os cidadãos apresentam comportamento autônomo quando agem para o bem comum e
há a internalização das regras, compreendendo a sua importância para a organização do coletivo. Assim não é
preciso vigilância constante, pois mesmo sem haver fiscalização, a pessoa respeitará os outros e os limites das
regras. Portanto, devemos nos educar para cada vez mais orientar nossas ações no sentido da autonomia.
A charge da Mafalda
ilustra perfeitamente tal
força interna, orientada
para o respeito aos outros
e às regras, promovida
pela autonomia moral.
O inquilino interno é mais
“poderoso” do que um
agente externo, pois está
sempre presente e pode
nos orientar nas diferentes
situações que vivenciamos.
OBSERVEM AS SITUAÇÕES RELACIONADAS AO
TRÂNSITO ILUSTRADAS A SEGUIR PARA NOS
AUXILIAR NA COMPREENSÃO DA PREDOMINÂNCIA
DA AUTONOMIA E DA HETERONOMIA!
AUTONOMIA
HETERONOMIA
HETERONOMIA
AUTONOMIA
Entendendo as situações quando predomina a moral da:
HETERONOMIA
Quando o comportamento se baseia na heteronomia, o cidadão respeita as
regras quando se sente vigiado. Falta consciência dos perigos e reflexão sobre
as consequências tanto individuais, quanto sociais. Em vez de seguir as regras
por compreensão da necessidade de cuidados para a segurança, segue-se
apenas por medo da punição legal. Assim, na ausência de mecanismos de
fiscalização, não há obediência.

AUTONOMIA
O condutor que pensa sobre as consequências das suas escolhas para si e para o
outro, mesmo que esteja com pressa ou alguma outra necessidade, não colocará seu
interesse acima do respeito à vida. Quando a pessoa orienta seu comportamento
pela autonomia, mesmo em momentos ou lugares em que não há fiscalização por
uma autoridade ou não há uma norma para orientar as ações, ela irá refletir sobre a
melhor escolha a tomar considerando não apenas o próprio benefício, mas o
benefício de todos ou tomará uma decisão que não prejudique ninguém.
FISCALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO
Como resolver de forma mais efetiva problemas de insegurança no trânsito?

Podemos entender, então, que a forma mais efetiva para resolver problemas de insegurança no
trânsito é através da educação.
Isso porque o comportamento baseado na heteronomia demanda a aplicação de formas de
fiscalização de modo sistemático, fazendo com que a sensação de vigilância seja constante.
Apesar dessas limitações do sistema de fiscalização e punição, este ainda é necessário visto que
as pessoas frequentemente orientarem-se pela moral da heteronomia. Assim, este sistema
precisa coexistir no contexto do trânsito, mas não deve ser um fim em si mesmo, ou seja, o
objetivo maior deve recair sobre a educação, para cada vez menos dependermos da vigilância.
Quanto mais os cidadãos compreenderam que as regras são benéficas para a segurança de todos
no trânsito e que situações de risco podem custar vidas, maiores as chances de seguirem a
legislação por conta própria, ou seja, comportarem-se de forma autônoma.
2.2

ESCOLHAS E TENDÊNCIAS
Como nossas escolhas individuais
podem impactar no coletivo?
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ESCOLHAS
DE CADA
DIA

https://www.youtube.com/watch?v=Enreb70ggkc
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ESCOLHAS
QUE
DETERMINAM
VIDAS
ESCOLHAS QUE SE TORNAM HÁBITO
Qual o impacto em nossos trajetos
Desde a hora que acordamos, fazemos escolhas, muitas delas no trânsito de acionarmos
nem percebemos, pois parecem estar automatizadas. repetidamente o soneca do
Desligamos o despertador, trocamos de roupa, tomamos café despertador e sairmos apressados?
etc. Outras são escolhas que paramos em um determinado
momento para decidir e mantemos a mesma rotina por longo
período, como no caso do meio de transporte que utilizamos.
Provavelmente, vocês não pensam todos os dias de qual modo
irão se deslocar. Costumamos fazer isso quando nos mudamos
para uma nova casa, quando temos um compromisso fora da
rotina ou quando algo nos impede de ir da forma que estamos
habituados. Também não é comum pararmos para refletir sobre
nosso comportamento em nossos trajetos como pedestre,
motorista, ciclista ou passageiro.
Como estamos convivendo com
os outros no espaço público?
✓ Quando estamos apressados para um compromisso
conseguimos observar e pensar nos outros e no
cenário ao nosso redor? Corremos mais riscos e
colocamos outras pessoas em risco?
✓ Mesmo quando estamos no horário seguimos
ansiosos e tensos?
✓ Percebemos nossos limites e os direitos daqueles ao
nosso redor?
✓ Conseguimos perceber alguém que precise da nossa
ajuda na rua ou a quem devemos ceder a passagem?
VAMOS REFLETIR?!
✓ Será que podemos (re)pensar
periodicamente se podemos adotar
formas de deslocamento mais
sustentáveis e saudáveis?
✓ Se fica difícil mudar o meio de transporte
diariamente, ao menos em alguns dias
seria possível?
✓ Há trajetos curtos que possam ser feitos a
pé ou de bicicleta, por exemplo?
HISTÓRIA DE ARISTÓTELES
Um barco está levando uma carga importante de um porto a
outro. No meio do trajeto, é surpreendido por uma tremenda
tempestade. Parece que a única maneira de salvar o barco e a
tripulação é jogar na água o carregamento, que além de
importante é pesado. O capitão do navio se coloca o seguinte
problema: “Devo jogar a mercadoria ou me arriscar a enfrentar
o temporal com ela no porão, esperando que o tempo melhore
ou que a embarcação resista?” O que o capitão quer de fato é
chegar ao porto com seu barco, sua tripulação e sua
mercadoria: isso é o que mais lhe convém. No entanto, dadas
as circunstâncias tempestuosas, prefere salvar sua vida e a da
tripulação a salvar a carga, por mais preciosa que seja.

Clique aqui para ouvir a história


COMO ESCOLHER?
O capitão preferiria não se ver diante da situação de
escolher entre a perda de seus bens e a perda de
vidas. Mas precisa decidir e escolhe aquilo que QUER Exame de
mais, no caso o que julga ser a melhor decisão. consciência
Algumas circunstâncias nos obrigam a escolher entre
duas possibilidades que não gostaríamos de optar. ERRADO
Porém, ainda assim temos liberdade de escolha.
Contudo, uma opção pode nos levar à restrição de CERTO
liberdade, à culpa, à vergonha de nossas ações, a
arrependimentos.
TENDÊNCIAS PARA ESCOLHER
No processo de escolha, influenciam fatores afetivos (sentimentos, emoções...)
e fatores intelectuais (conhecimentos, raciocínio, lógica...).

DIMENSÃO ESCOLHA DIMENSÃO


AFETIVA INTELECTUAL
Sentimentos Conhecimentos
Emoções
Relação causa e
Força de
consequência
vontade
TENDÊNCIAS PARA ESCOLHER
Ao escolher, temos uma tendência inicial em optar pelo caminho mais fácil, que traz uma
satisfação imediata ou uma aparente vantagem a curto prazo. Todavia, a escolha ética,
geralmente a mais difícil para o momento, é a que pode nos trazer uma maior satisfação a
longo prazo e que pode nos garantir uma vida digna (PIAGET, 2014; LA TAILLE, 2006).

Satisfação Satisfação
imediata X prolongada
VAMOS OBSERVAR AS IMAGENS
AVALIANDO BEM SE UMA SITUAÇÃO
DE SATISFAÇÃO IMEDIATA COMPENSA
UMA MAIS PROLONGADA.
X
X
X
ESCOLHA ÉTICA Para tomar uma decisão mais assertiva, precisamos nos descentrar do
momento presente, incluir outros pontos de vista e analisar diferentes
fatores. Isso significa, considerar condições necessárias à vida coletiva
e a sua importância para o nosso bem estar e o bem estar social.
Também, devemos pensar nas consequências de nossas escolhas,
avaliar riscos a que estamos expostos e tornar claros os benefícios de
aumentar a segurança. Ou seja, em alguns momentos, é preciso
transcender a motivação que nos levaria a agir no momento “aqui e
agora” e encontrar força de vontade para superar a tendência de
escolher pelo caminho mais fácil, tendo presente nossos valores como:
a vida, a família, a dignidade, a liberdade de viver bem em sociedade.
Mesmo que a escolha ética seja a que irá nos trazer uma satisfação
posterior, ela será mais prolongada. Assim, precisamos considerá-la
como uma escolha que queremos, para além de uma obrigação. Ao
termos liberdade para escolher, investimos nossa vontade.

PIAGET, 2014; LA TAILLE, 2006.


ESCOLHA: QUERER E SABER
Dizem os especialistas:
Toda escolha é um querer (La Taille, 2006).
“Ética é como eu decido a minha conduta”
(Cortella, 2015, p. 15).
As escolhas éticas, ainda que mais difíceis em um primeiro instante, nos
trazem a satisfação de viver bem e com a consciência tranquila. Se as escolhas
decorrem das nossas dimensões afetiva e intelectual, ou seja, elas envolvem
nosso “querer e saber”, isso significa que podemos nos sensibilizar, pensar e
aprender sobre atitudes tomadas no trânsito.
No trânsito, o risco é uma
possibilidade, ou seja, é algo que,
aparentemente, não é concreto, faz-
se necessário conhecer os riscos,
considerar e acreditar. Porém,
qualquer problema que ocorra no
contexto de trânsito pode custar a
vida ou comprometer a saúde de
alguém para o resto da vida. Por isso,
o esforço momentâneo para seguir
as regras torna-se pequeno quando
relacionado à gravidade das possíveis
consequências, ou seja, é
incontestavelmente compensador.
Na vida real, Clique para assistir ao vídeo
não é possível
voltar atrás.
As
consequências
de um
comportamento
arriscado
podem ser
irreversíveis.
Prever e
prevenir ainda
é o melhor
cuidado!
2.3

ÉTICA
Podemos aperfeiçoar nossa maneira de ser
nas diferentes dimensões de nossa vida?
ÉTICA E MORAL
De acordo com o filósofo Mário Cortella (2015), podemos diferenciar ética e moral da seguinte forma:

É o conjunto de É a prática
princípios e valores desses valores
que orientam na ação
nossa conduta em cotidiana.
sociedade.
VALORES
Os valores correspondem ao que é estimado por nós ou por um grupo em uma determinada cultura e época.

Servem de base para nossos julgamentos, escolhas e


comportamentos. Eles influenciam diretamente
as atitudes que adotamos no coletivo e à forma como
interagimos uns com os outros.

Nós hierarquizamos nossos valores, ou seja, alguns orientam mais fortemente


nossas ações. Porém, podemos fazer isso, muitas vezes, sem muita reflexão.
Ou seja, o que fazemos nem sempre corresponde ao que defendemos. Por
exemplo, dizemos que a família é o mais importante, mas descuidamos em
algumas situações ao deixar de usar o cinto de segurança ou de colocar a
criança no dispositivo de retenção adequado.
E quando usamos o celular ao atravessar a rua ou passamos o sinal vermelho
com o veículo, que valores estamos colocando à frente de outros?
POSTURA ÉTICA
Ética diz respeito a viver uma vida digna e significativa.

Isso quer dizer que atribuímos sentido a nossas ações, consequentemente,


também a nós mesmos. Ou seja, nos valorizamos ou desvalorizamos,
conforme julgamos nossas atitudes.
Ao agirmos de forma desonesta em um momento, mais adiante, podemos nos arrepender. Se por
imprudência, machucarmos gravemente alguém no trânsito, pode ser muito sofrido conviver com a
consciência de ser o agente causador de tal situação. Então, quando agimos contra nossos valores e
princípios, poderemos, gradativamente, nos desvalorizar, gerando um conflito interno.
Por outro lado, ao fazer o que acreditamos ser correto, nos satisfazemos com um trabalho bem feito,
por estar em segurança com a família ou os amigos, com atitudes solidárias que tomamos no espaço
público, como dar espaço para um desconhecido passar, ajudar um idoso a atravessar a rua, por
exemplo. Poderemos, a longo prazo, nos sentir satisfeitos, tranquilos e respeitosos com nós mesmos.
POSTURA ÉTICA: PESSOAL E PROFISSIONAL
A postura ética nos traz um bem-estar e pode nos orientar para um aperfeiçoamento pessoal, que faça com
que cada vez nos enxerguemos como uma pessoa de valor. Sendo assim, a ética é a direção que queremos dar
às nossas vidas, considerando o respeito por si próprio e pelos outros.
Com base nisso, podemos refletir:

O que pode acontecer se eu me arriscar no trânsito?


Se eu colocar outras vidas em risco?
Que valor dou à família, a quem eu amo?
Que planos tenho para vida?
Como quero ser reconhecido profissionalmente?
Vale a pena me arriscar, considerando vida, saúde, família, bem-estar, liberdade?
PARE E PENSE! Se preferir, faça anotações pessoais.

ESCOLHAS
ÉTICAS

COMO ME VEJO
COMO PARTÍCIPE
COMO
E COMO QUERO
PROFISSIONAL SER?
DO TRÂNSITO?
Ética e profissionalismo
Para sermos profissionais competentes, precisamos ter preparo técnico e conhecimentos em nossa área,
além, claro, de saber colocá-los em prática nas situações adequadas. Porém, a qualificação não se mostra
adequada sem estar acompanhada de uma postura ética. Investidos de um cargo público, podemos ter de
desempenhar um papel de autoridade social, ainda mais representando um Estado que se pretende
educador. Junto a isso, assumimos uma responsabilidade maior, um compromisso com os princípios éticos.
Em situações em que seja necessário exercer esse papel de autoridade, como fiscalização ou julgamento de
processos, é fundamental termos a integridade e dignidade dos cidadãos como princípios básicos.
Clique para assistir ao vídeo

ÉTICA NO
AMBIENTE
PROFISSIONAL
Prof.º Leandro Insira aqui o link do
Karnal
vídeo.
Quando assumimos um cargo público, Pela nossa especialidade, temos As próprias regras são
estamos a serviço da população. um potencial de mudança, dinâmicas, elas se
Desse modo, precisamos ter claro que podendo fazer a diferença em transformam na medida
trabalhamos para o funcionamento nosso contexto. Sendo assim, é das necessidades do
social, seja como trabalho interno, ou importante nos conscientizarmos contexto e da sociedade.
no atendimento direto ao cidadão. de que por meio da participação Assim, quando
Não é possível dissociar nossa social ativa, podemos contribuir identificamos que há
responsabilidade também na área de para um trânsito mais seguro. regras injustas, devemos,
trânsito. Isso significa que carregamos Como cidadãos e como agentes pela forma legal, buscar
conosco conhecimentos e atribuições públicos, devemos agir de forma mudanças, prezando
que valem não somente para serem eficiente e utilizar as vias legais pela locomoção de todos
aplicados durante o expediente, mas para denunciar, reivindicar e de forma justa e segura.
também em nossos deslocamentos, acompanhar melhorias
em nossas vidas particulares. necessárias para o trânsito local.
REGRAS E PRINCÍPIOS
Por sermos seres sociais, convivemos com regras em
diferentes contextos. Assim, há regras específicas
relacionadas ao trabalho, as quais devemos ter ciência e
segui-las. Em algumas profissões, inclusive, houve a
necessidade de desenvolver um Código de Ética.
O trânsito é outro contexto, tendo um código específico, dada
a complexidade das relações estabelecidas neste espaço. As
regras organizam a convivência, visando atender a todos, de
acordo com suas condições. Existe a máxima “todos somos
iguais perante a lei”. Porém, devemos ir além, prezando pelo
princípio da equidade.
Podemos identificar esse princípio em nosso CTB:

“[...] os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os
motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestre” (§ 2º XIII Art. 29).
“A etimologia da palavra ‘equidade’ vem do
latim e sua definição pode ser entendida
como a forma de conceber igualdade tratando
de forma desigual e justa os grupos que estão
em desvantagem a outro(s), a fim de amenizar
algumas desigualdades.”
(GRAVE, s.d., p. 1, grifo nosso)
Por trabalhar diretamente com trânsito, Da mesma forma, ao ensinar sobre
podemos estar acostumados a lidar com as trânsito recaímos na reprodução de
regras. Muitas vezes, não paramos para
pensar sobre sua origem e sobre a
REGRAS E regras e placas. A questão é que o
poder de convencimento da moral está
possibilidade de aperfeiçoá-las. Porém, regras PRINCÍPIOS nos princípios, e não nas regras. Muitas
e princípios são construídos pela sociedade e vezes, o excesso delas, ao invés de levar
aprendidos ao longo da vida nos diversos as pessoas à obediência, leva-as à
espaços de convivência que frequentamos. desobediência. Por isso, é importante
Ambos são necessários para a vida social, utilizarmos argumentos convincentes
para a utilização de espaços públicos como o baseados nos princípios que dão
trânsito. Porém, como forma de educar, origem às regras, por exemplo,
tendemos a utilizar as regras, muitas vezes, preservação da vida, segurança. Esse
em demasia. Isso ocorre desde os primeiros conhecimento é importante tanto para
ensinamentos na família e na escola. o nossa própria convicção, como para
Dissemos diretamente: “não pode bater no sensibilizar desde a família, amigos e
seu irmão”, “precisa obedecer a professora”. colegas, até o cidadão.

LA TAILLE, 2013.
“Uma regra é uma formulação verbal precisa que nos diz,
sem ambiguidades, o que devemos ou não fazer. Exemplo de regra
moral: “não matar”. A virtude da regra reside na sua precisão.
Mas ela apresenta duas limitações. A primeira: não há regras para
todas as situações pelas quais passamos. A segunda: a regra nos
diz o que fazer, mas não “por que” fazê-lo.
Tais limitações são superadas por princípios [...]
o princípio é a bússola e a regra é o mapa”.

(LA TAILLE, 2013, p. 19)


POTENCIAL EDUCATIVO DO AGENTE PÚBLICO
Em nossas práticas diárias, também podemos atuar de forma pedagógica. A partir desta aula,
destacamos algumas pistas para aumentar o potencial de argumentação e efetividade.
Como ponto de partida, precisamos acreditar que todos somos capazes de evoluir ao longo da
vida, ampliando a capacidade de exercer a autonomia moral. É imprescindível estarmos
convictos de que o indivíduo está constantemente em processo de aprendizagem, sendo
possível mudar seu comportamento em qualquer âmbito ou época de sua vida.

Para além das punições legais, ao promover diálogos e


debates com informações consistentes sobre os riscos
envolvidos no trânsito e suas possíveis consequências,
podemos contribuir para a reflexão sobre as escolhas
tomadas no espaço público.
POTENCIAL EDUCATIVO DO AGENTE PÚBLICO
Nossas ações não garantem a mudança de
comportamento dos outros, pois esta depende de
um esforço pessoal.
No entanto, ao questionar, informar e argumentar
de forma coerente, podemos sensibilizá-los,
possibilitando a compreensão de princípios que
justificam as regras e provocando o julgamento
de hábitos para uma tomada de decisão mais
consciente.
É possível contribuirmos com a construção e o
fortalecimento de valores e princípios que
priorizem o bem comum, a segurança no trânsito
e o cuidado com a vida.

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