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GUIA DE NUTRIÇÃO

ESPORTIVA VEGANA
Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 2

AVISO
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ESPORTIVA VEGANA
Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 3

É com imenso prazer que entregamos ao


Brasil e ao mundo esta obra

A alimentação vegana sempre, e a fazer bem? Ok? Mas e no esporte?


cada dia mais, é tema abordado em
E quando necessitamos de mais
diversos momentos e espaços de
energia e nutrientes? E quando
discussão. O tema do veganismo cresce
colocamos nosso corpo à prova e
em buscas na internet e é cada vez mais
cada milésimo de segundo conta?
comum nos depararmos com veganos
Será que a alimentação 100% vegetal
e produtos veganos em qualquer lugar
é capaz de nos fazer performar bem e
que frequentamos. Que bom!
com segurança?
A ciência atual publica com frequência
A alimentação vegana e o esporte
sobre os benefícios de uma dieta à base
sempre, e até hoje, envolvem muitos
de vegetais para a saúde humana.
mitos e, infelizmente, equívocos por
Estudos bem desenhados e com parte da sociedade em geral. Dos
grande robustez, seja em metodologia praticantes de atividades físicas aos
como em amostragem de profissionais de saúde e especialistas
participantes, publicados nos últimos em medicina e nutrição esportiva, que
anos, mostram o que os principais até então, por escassez de contato
guias alimentares e pareceres oficiais com dados científicos e prática clínica
de entidades de saúde têm apontado: envolvendo uma alimentação 100%
a alimentação vegana não somente vegetal, reproduzem inseguranças e
é possível, como também pode ser erros tanto na forma como abordam
uma ferramenta para sermos mais o tema como também quando tentam
saudáveis, longevos e bem-dispostos. pô-lo em prática.

Afinal, que dúvida poderíamos ter Para isso, criamos este guia! Para
de que consumir vegetais coloridos, fundamentar e tornar acessível a
variados e abundantes poderia nos nutrição esportiva vegana com base em
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evidências para todos. Dos praticantes O Departamento de Saúde e Nutrição


de atividades físicas aos curiosos da SVB, coordenado por mim,
sobre o tema, além dos profissionais convidou o nutricionista Filipe Testoni,
de saúde e estudantes que neste guia que coordena a área de esporte no
são contemplados com os principais departamento, para escrever este guia
temas que envolvem a alimentação com a colaboração de alguns outros
na prática desportiva e um vasto profissionais parceiros.
compilado de referências bibliográficas
Este guia é uma obra inédita no Brasil.
para ainda mais aprofundamento em
Agradeço a Filipe por tanta dedicação,
temas específicos.
aos colaboradores por estarmos
A Sociedade Vegetariana Brasileira juntos nesta desafiadora e importante
(SVB), fundada em 2003, organização empreitada, e à SVB por nos encorajar
sem fins lucrativos que promove e nos proporcionar a possibilidade de
a alimentação vegana como uma produzirmos algo tão necessário e
escolha ética, saudável, sustentável e grandioso para a nutrição deste país
socialmente justa no Brasil, por meio e do mundo.
do Departamento de Saúde e Nutrição,
Como diz nosso vice-presidente,
busca tornar acessível a ciência atual
Ricardo Laurino: O veganismo é
e as boas práticas alimentares às
inevitável.
pessoas e profissionais de saúde
fundamentando a alimentação vegana
através de suas campanhas e guias.

Alessandra Luglio
Diretora do Departamento de Saúde
e Nutrição da SVB
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Conheça os objetivos da SVB

1) A promoção do vegetarianismo estrito


em todos os seus aspectos, incluindo o
ético, o ecológico e o de saúde.

2) A cooperação com organizações


de âmbito local, regional, nacional e
internacional com objetivos semelhantes. svb.org.br/filie-se

Para alcançar esses objetivos a SVB se propõe a:

• Estimular a formação de grupos e • Representar a causa do vegetarianismo em


organizações que promovam a causa do organismos locais, regionais, nacionais e
vegetarianismo, bem como a cooperação internacionais;
entre esses grupos e organizações; • Impetrar ações judiciais com o fim de
• Promover e organizar eventos vegetarianos preservar os objetivos dos presentes
locais, regionais, nacionais e internacionais Estatutos;
para divulgar e desenvolver o interesse pela • Desenvolver materiais educativos sobre a
causa do vegetarianismo e dar oportunidade causa do vegetarianismo e divulgá-los o
para os vegetarianos se reunirem; mais amplamente possível;
• Estimular a pesquisa de todos os aspectos • Angariar fundos para a realização de seus
do vegetarianismo e a coleta e publicação de objetivos e dar suporte aos membros e
materiais sobre o tema; grupos filiados.
• Estudar e sugerir medidas que visem à
segurança alimentar e nutricional;

Conheça nossos programas e campanhas em svb.org.br


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Autor

FILIPE VICENTE TESTONI

• Nutricionista (CRN10 7968);


• Coordenador do Departamento de Nutrição Esportiva da SVB;
• Fundador da Nutri No Front, mentoria para nutricionistas;
• Pós-graduado em Nutrição Vegetariana, Nutrição Esportiva e
Estética e Nutrição Clínica e Comportamental;
• Professor de cursos de pós-graduação em Nutrição
Vegetariana e Nutrição Esportiva.

Organização

ALESSANDRA LUGLIO

• Nutricionista (CRN3 6893) formada pela Universidade de São


Paulo (1996);
• Diretora do departamento de saúde e nutrição da SVB;
• Extensão em Economia Circular na Berkley University – CA/US;
• Embaixadora e colaboradora da área de nutrição da
SeaShepherd Brasil;
• Co-coordenadora e professora de cursos de pós-graduações em
nutrição vegetariana;
• Palestrante na área de nutrição consciente, esporte, vegeta-
rianismo e sustentabilidade, economia circular e ESG;
• Organizadora de eventos proprietários de imersão em saúde,
cadeias produtivas, sustentabilidade e ESG;
• Fundadora da Ale Luglio Nutrição, empresa que presta
consultoria para empresas da área de alimentos e suplementos.
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Colaboradores

PROF. DR. HAMILTON ROSCHEL

• Nutricionista e fisiologista clínico do exercício;


• Professor Associado da Universidade de São Paulo;
• Professor Associado da Universidade de São PauloPesquisador do
Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo;
• Coordenador do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e
Nutrição da Faculdade de Medicina e Escola de Educação Física e
Esporte da Universidade de São Paulo;
• Coordenador do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em
Reumatologia, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo;
• Pesquisador do Núcleo de Pesquisas Avançadas em Alimentos e
Nutrição da Universidade de São Paulo;
• Pesquisador do Núcleo de Pesquisas sobre o Envelhecimento e o
Idoso da Universidade de São Paulo;
• Membro do Conselho Científico do International LifeSciences
Institute – Brasil;
• Membro do Conselho Científico do International Protein Board;
• Um dos criadores do canal de divulgação científica Ciência InForma.

DANIELLE SAMMARTINO SOARES BELO

• Nutricionista
• Capacitada para atendimento nutricional de
vegetarianos e veganos pela SVB
• Biomédica habilitada em Análises Clínicas
• Especialista em Hematologia e Hemoterapia
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JOSÉ ALVES BALESTRIN

• Nutricionista;
• Especialista em fisiologia do exercício, avaliação metabólica
por interpretação de exames laboratoriais;
• Pós graduado em Nutrição Clinica Funcional;
• Terapeuta florais de Bach - HealingHerbs®.

CLARISSA CASALE DOIMO

• Nutricionista graduada pela Unicamp;


• Pós-graduada em Nutrição Aplicada ao Exercício Físico pela USP;
• Pós-graduada em Comportamento Alimentar e Obesidade
pela COGNOS de Portugal;
• Pós-graduada em Nutrição Vegetariana pela Plenitude Educação.

MARCELA WORCEMANN

• Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo;


• Capacitada para atendimento nutricional vegetariano pela SVB;
• Pós-graduada em nutrição esportiva pelo CEFIT ;
• Pós-graduanda em Nutrição Vegetariana pela Plenitude
Educação, com formação em 2023;
• Atendimento clínico, voltado para esporte, vegetarianismo
e promoção de saúde;
• Consultora para desenvolvimento de produtos e conteúdos
voltados para nutrição esportiva e vegetariana, além de
treinamentos e palestras para empresas, cursos e eventos.
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TATIANA CONSOLI

• Nutricionista graduada no curso de Nutrição pela


Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);
• Coordenadora de desenvolvimento de projetos do
departamento de Medicina e Nutrição da SVB;
• Pós-graduada em Nutrição Materno-infantil pela Associação
Brasileira de Nutrição Materno Infantil (Abranmi);
• Mestre em Ciências da Nutrição e Esporte e Metabolismo
(Cnem) pela Unicamp;
• Capacitada pela Sociedade Vegetariana Brasileira em
atendimento nutricional para vegetarianos.

GIULIA LONGEN

• Nutricionista pela Universidade Regional de Blumenau;


• Pós-graduanda em Nutrição Clínica e Comportamental.

GABRIELA SOUZA

• Estudante de nutrição pela Universidade Federal de


Ciências da Saúde de Porto Alegre.
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SARAH NICHELE

• Nutricionista clínica pela Universidade Federal de Santa Catarina;


• Pós-graduada em Comportamento Alimentar (IPGS) e Nutrição e
Medicina Vegetariana (Plenitude Educação);
• Pesquisadora na área de nutrição esportiva, com ênfase no papel
das proteínas vegetais na síntese proteica muscular.

CAROLINA TEODOROSKI

• Nutricionista e Gastróloga;
• Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina;
• Especialista em Nutrição Materno-infantil e Natural Chef, com linha
de atuação em Nutrição Infantil;
• Coordenadora do Departamento de Eventos do LK Design Hotel em
Florianópolis e idealizadora da Liga SuperSeed, um movimento de
educação nutricional para o público infantil.
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PREFÁCIO
Não vai faltar proteína!

Foi-se o tempo em que a combinação rica em todos os nutrientes que nosso


frango e batata-doce era o segredo corpo precisa, exceto em vitamina B12,
para perder gordura e ganhar múscu- que deve ser suplementada. Conhecer
los. O número de atletas veganos tem os benefícios potenciais de uma ali-
aumentado nos últimos anos, e eles mentação vegana, frente à alimenta-
comprovam o que muitas pessoas, há ção onívora, pode ser um fator decisivo
bem pouco tempo, consideravam im- à adoção desse padrão alimentar.
possível: conquistar a alta performan-
Algumas condutas são óbvias, como
ce sem proteína animal.
não consumir produtos de origem ani-
Manter o estado nutricional adequa- mal; outras, nem tanto. Saber quais ali-
do é uma condição crucial para a ma- mentos evitar não é tudo. É necessário
nutenção da saúde e prevenção de saber substituí-los da forma correta.
doenças – não só para o desempenho O sucesso da alimentação vegana de-
esportivo. Muitos atletas e esportistas pende de uma boa orientação nutri-
priorizam demais as fontes proteicas cional, e, diga-se de passagem, atual-
e acabam esquecendo outros fatores mente essa regra vale para quase todo
que interferem no rendimento, como mundo. É cada vez mais comum onívo-
intensidade do treino, qualidade do ros terem deficiências nutricionais im-
sono, saúde intestinal, imunidade, con- portantes, como carência de ferro, de
trole do stress. cálcio, de vitamina D e também de B12,
ou seja, o problema nem sempre está
Crescemos com a ideia de que preci-
relacionado à falta de proteína animal
samos de produtos de origem animal,
na dieta.
como carnes e leites, para sobreviver,
porém, uma dieta à base de plantas é O respeito a todos os seres vivos e
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a preocupação com o meio ambiente ção nutricional. Mas eu tenho certeza


são duas fortes razões para reduzir ou que, depois de ler este guia, não sobra-
abandonar o consumo de carne, mas rá nem mesmo o argumento de que os
entendo o veganismo como um estilo ingredientes da dieta vegana são difí-
de vida que vai muito além da alimen- ceis de encontrar, caros e até contrá-
tação. Os veganos levam a vantagem rios à boa saúde.
de terem uma maior conexão com a
Não tenho dúvida de que Filipe Tes-
comida. Vejo o quanto se preocupam
toni é hoje a maior autoridade da nu-
com a forma como foi produzida, de
trição esportiva para veganos. Nos úl-
onde vem, que caminho fez até chegar
timos anos, ele vem derrubando tabus
ao prato, o cuidado com o modo de
e ensinando, de forma clara e didática,
preparo, além de estarem sempre em
como ter uma ótima performance no
busca de novas receitas para variar o
esporte sem comer carne.
cardápio ou deixá-lo mais saboroso.
Essa nutrição, além do prato, deve ser Tenho motivos de sobra para dizer
estimulada. com entusiasmo: boa leitura!

Cada pessoa que deseja seguir o ve-


ganismo pode encontrar um caminho
possível e praticável dentro da sua rea-
lidade socioeconômica.

A alimentação vegana é novidade


para a grande maioria das pessoas e,
por isso, realmente precisa de orienta-

Rodolfo Peres
Nutricionista
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DEDICATÓRIA

A todos os “rebeldes verdes” – atletas que ao longo da história ousaram ado-


tar e disseminar o vegetarianismo a despeito de todo o tipo de desencoraja-
mento – por nos inspirarem e mostrarem que sim, é possível!

E a todos aqueles que se dedicam ao estudo e a disseminação do conheci-


mento sobre a alimentação vegetariana, tornando esta forma de se alimentar e
de viver mais acessível para um número cada vez maior de pessoas.

AGRADECIMENTOS

À Celina, ao Mushu e à Theodora pelo lar cheio de amor que ofereceu as me-
lhores condições do mundo para a escrita deste guia; e a cada um dos seus
colaboradores, pelo precioso tempo e energia despendidos, sem os quais ele
não teria sido possível.
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EPÍLOGO

Olhando para trás, percebo que foi em 2016 que Todos os seres. Aqueles que eu amo, mas tam-
a semente do vegetarianismo foi plantada em bém os meus inimigos. Os meus pets, que chamo
mim. Naquele momento o solo não era fértil o su- de filhos, mas também cada ave, bovino, suíno e
ficiente e faltaram água e nutrientes para que pu- peixe, cujo sofrimento eu continuava ignorando
desse germinar, mas ela resistiu mais um par de para me alimentar da forma que tinha aprendi-
anos até que fosse capaz de desabrochar, como do ser lógica e “natural” (além de conveniente, é
depois pude perceber que acontece com muitas claro). Foi aí que uma grande questão emergiu
pessoas que se dão conta de que comer alimen- – como eu poderia ser feliz promovendo o sofri-
tos de origem animal já não faz mais sentido, mas mento de outros seres?
que se detêm de tomar uma atitude por uma ou
Inicialmente, o apego ao meu físico e desem-
outra razão.
penho atlético, e minha ignorância em relação a
Naquela época eu estava no começo da minha tudo que envolvesse uma dieta vegetariana (além
segunda graduação, em Nutrição, e encantado da própria ignorância em relação às verdadeiras
com o estudo da biologia celular. Ao mesmo tem- causas do sofrimento, diria Buda), me impediram
po, no âmbito pessoal, sentia uma sensação es- de ir adiante com a ideia de deixar de comer ani-
tranha de que “faltava algo”, apesar de ter todas mais e seus derivados, pois acreditava que seria
as condições que, se supõe, são necessárias para necessário renunciar àquilo que havia levado anos
a felicidade, no que diz respeito à vida profissio- para desenvolver e que tinha um peso grande na
nal, familiar, amorosa e todas essas gavetas que construção de como eu me enxergava (ou como
gostamos de arrumar muito bem, iludidos com a gostaria que fosse enxergado). Nesta época eu
ideia de que uma vez em ordem não precisarão já havia sido premiado em meia dúzia de moda-
mais de grande preocupação. lidades esportivas, tinha vencido recentemente
um campeonato de fisiculturismo e era Oficial do
Na busca pelas respostas para as questões
Exército – nada que combinasse com o estereó-
que vinha carregando comigo, me deparei com
tipo, obviamente enganoso, de vegano fraco que
um livro escrito pelo monge budista e doutor em
um dia imaginei.
biologia molecular por uma renomada instituição
francesa, chamado Matthieu Ricard. Aquilo me Ocorre que, nos anos seguintes, aquela resis-
pareceu muito estranho, pois ciência e budismo tente semente foi capaz de germinar e começar
eram coisas que, a meu ver, não poderiam jamais o estabelecimento de suas raízes. É dito que uma
andar juntas. Através dele conheci os preceitos vez que tomamos consciência de algo, não é
básicos da filosofia budista, dentre eles o que mais possível retroceder, por maiores que sejam
mais me marcou e despertou para a ideia do ve- os esforços para ignorar aquilo. Dito e feito. Logo
ganismo: o de que todos os seres desejam ser fe- não fui mais capaz de continuar comendo carnes
lizes e evitar o sofrimento. sem considerar a violência intrínseca neste ato.
Independentemente de quais fossem as conse-
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quências, decidi que pararia por ali mesmo. Fe- científica acerca do tema crescer, embora con-
lizmente, não demorou para que eu percebesse tinuasse escassa, até que, mais recentemente,
que nenhuma expectativa negativa se materia- fui provocado a elaborar este guia pela pessoa
lizou, de fato, e sequer precisei abdicar do meu que mais me incentivou na minha caminhada
físico e desempenho, o que, àquela altura, de profissional e a quem sou eternamente grato, a
qualquer forma, já havia se tornado algo de me- Ale Luglio.
nor importância.
A escrita deste documento foi muito mais desa-
Caminhando, então, para o final da graduação fiadora do que eu poderia imaginar e exigiu uma
e já tendo me tornado vegano, consumi todas as grande dedicação de energia, além de ter que li-
informações que pude sobre o assunto e me sur- dar com questões pessoais importantes. A ideia
preendi com a dificuldade em encontrá-las. Fo- de escrever algo que ficaria registrado “para sem-
ram os materiais elaborados pelo Dr. Eric Slywitch pre”, correndo o risco de errar e estando sujeito
e pela Sociedade Vegetariana Brasileira que me a grandes críticas, só não foi paralisante porque
ajudaram a dar os primeiros passos, até que me saber que muitas pessoas terão acesso a tantas
matriculei na primeira turma de pós-graduação informações que teriam me ajudado, anos atrás,
em Nutrição Vegetariana pela Plenitude Educa- a não temer adotar o vegetarianismo ou, até mes-
ção, onde conheci pessoas que foram importan- mo, me incentivado a fazê-lo antes, é algo muito
tíssimas, como a minha querida amiga Milena, maior e que não me permitiu ficar parado.
para o amadurecimento desta nova forma de me
Este material que está em suas mãos agora ca-
relacionar com o mundo que estava se tornan-
racteriza o fruto carregado de novas sementes,
do realidade – “uma consequência natural para
oriundo daquela uma plantada há sete anos. Ele
aqueles que mudam a sua maneira de se alimen-
não pretende ser perfeito, tampouco definitivo, o
tar”, como diz o próprio Dr. Eric.
que seria impossível, mas sim servir de guia para
Logo depois, me tornei professor das maté- todos que amam se exercitar e que estão dan-
rias de vegetarianismo e nutrição esportiva em do os seus primeiros passos no vegetarianismo,
diferentes cursos de pós-graduação e me em- e como base para aqueles que, eu clamo, darão
penhei em conectar estes dois mundos, divul- continuidade ao trabalho de disseminação do co-
gando com empenho a nutrição vegetariana em nhecimento sobre a alimentação à base de plan-
todos os lugares onde tive a oportunidade de tas, até que todos os seres possam ser felizes e
estar, presencial ou virtualmente. Pode-se dizer livres do sofrimento.
que esta foi a fase de floração e polinização.
Boa leitura e um forte abraço.
Durante estes poucos anos, assisti à produção

Filipe Testoni
Coordenador do Departamento de
Nutrição Esportiva da SVB
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SUMÁRIO

Parte I - Introdução

15 Introdução ao vegetarianismo no esporte

Parte II - Planejando a dieta do atleta

48 Necessidades energéticas
56 Carboidratos
77 Proteínas
121 Gorduras
131 Modificação da composição corporal

Parte III - Micronutrientes e suplementação esportiva

150 Micronutrientes
183 Suplementação esportiva

Apêndices

201 Apêndice A: Grupos alimentares


203 Apêndice B: Receitas
223 Apêndice C: Modelos de planos alimentares

Este arquivo é uma amostra do Guia de Nutrição Esportiva Vegana. Saiba mais em www.nutricaoesportivavegana.com.br
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I. INTRODUÇÃO AO
VEGETARIANISMO
NO ESPORTE
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1. VEGETARIANISMO
NO ESPORTE
A adoção de uma dieta vegetariana no assunto e, eventualmente, se proporem a
esporte ganhou enorme notoriedade no fazer, ao menos, uma tentativa de mudar
final da década de 2010, sobretudo de- a sua forma de se alimentar.
pois do lançamento do documentário
Este movimento representa uma enor-
The Game Changers (Dieta de Gladiado-
me quebra de paradigma, pois como
res, no Brasil. Netflix, 2018) [1], que apre-
será explorado adiante, a ideia de que
senta o relato positivo de atletas de dife-
comer carne é muito importante, ou até
rentes modalidades que adotaram uma
mesmo essencial para a saúde e, sobre-
dieta à base plantas, e no contexto de
tudo, para o desempenho, literalmente
outros acontecimentos no meio espor-
atravessa os milênios. É natural que se
tivo, como a decisão do então campeão
observe, portanto, uma grande resistên-
mundial de Fórmula 1, o britânico Lewis
cia por parte de diferentes grupos da
Hamilton, de se tornar vegano em 2017,
sociedade, como ocorre toda vez que o
após uma redução gradual do consumo
status quo é questionado.
de carnes nos anos anteriores [2] .
O objetivo deste capítulo é identifi-
Apesar das fortes críticas da comunida-
car os diferentes tipos de vegetarianismo
de científica em relação ao referido do- e as principais motivações que levam à
cumentário, é fato que ele levantou uma sua adoção, bem como orientar uma
enorme discussão acerca dos efeitos de transição segura e bem-sucedida para
uma dieta livre de produtos de origem este padrão alimentar, além de descrever
animal sobre o desempenho e, mais do brevemente a história do vegetarianismo
que isso, ao expor os depoimentos de no esporte e apontar os achados cientí-
atletas de alto nível advogando em prol ficos mais atuais a respeito dos efeitos
do vegetarianismo, encorajou muitas de uma dieta à base de plantas sobre o
pessoas a se informarem melhor sobre o desempenho.
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Tipos de vegetarianismo e primeiros passos


para uma transição bem-sucedida
Definições e motivações para a adoção de uma dieta vegetariana

Os tipos de dietas vegetarianas va- este padrão dietético, tornando ainda


riam em relação aos alimentos excluí- mais dificultoso o entendimento do
dos ou tolerados pelos seus pratican- que cada nomenclatura significa.
tes e não existe uma padronização Para padronizar as terminologias
de suas classificações na literatura neste guia e facilitar o entendimento
científica, o que frequentemente pro- do leitor, a Tabela 1.1 apresenta um re-
voca confusão. sumo das nomenclaturas utilizadas,
Além disso, diferentes terminologias elaborado com pequenas modifica-
empregadas pela indústria se confun- ções em relação às definições descri-
dem com aquelas utilizadas nos es- tas no Guia de Nutrição Vegana Para
tudos científicos e novas expressões Adultos, da International Vegetarian
têm surgido entre o público que adota Union - IVU (2022) [3].

Tabela 1.1 – Definição dos tipos de vegetarianismo e das nomenclaturas relacionadas ao tema.

Nomenclatura genérica que engloba todos os indivíduos


que não consomem qualquer tipo de carne. Dentro deste
Vegetariano
grande grupo estão os vegetarianos estritos, ovolactovege-
tarianos, lactovegetarianos e ovovegetarianos.

Ovolactovegetariano Vegetariano que consome ovos, leite e laticínios.

Vegetariano que não consome ovos, mas consome leite e


Lactovegetariano
laticínios.

Vegetariano que não consome laticínios, mas consome


Ovovegetariano
ovos.
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Vegetariano que não consome nenhum derivado animal na


Vegetariano estrito ou sua alimentação, inclusive mel. É também conhecido como
indivíduo que segue uma indivíduo que segue uma dieta vegana. O nome vegetariano
dieta vegana “restrito” não é correto, pois a dieta é estritamente vegetal,
e não “restritamente” vegetal.
Indivíduo que adota uma alimentação vegetariana estrita,
mas também tem a prática de não utilizar produtos oriun-
dos do reino animal com outros fins, como vestuário (lã,
Vegano
couro, seda etc.) ou cosméticos testados ou que contêm
ingredientes de origem animal, nem usar animais para en-
tretenimento, esporte e pesquisa.
Indivíduos que, por algum motivo, estejam reduzindo a
Semivegetariano,
ingestão de alimentos de origem animal ou somente con-
pescovegetariano,
sumindo algum tipo de carne específica (peixe ou frango,
flexitariano,
por exemplo) em suas dietas. Esta definição pode variar
reducitariano,
de acordo com os critérios de cada estudo. Pela definição
polovegetariano
correta, este indivíduo não é vegetariano.

Indivíduo que baseia sua alimentação em frutas e vegetais


crus ou cozidos, além de oleaginosas. No contexto das
Frugivorista
frutas, a visão é botânica, e não nutricional. O frugivorista
segue uma dieta vegetariana estrita/vegana.

Uma alimentação baseada em alimentos em sua forma


integral ou minimamente processados, podendo conter mí-
Whole Food Plant Based
nimas quantidades de sal e óleo vegetal adicionado, e que
Diet (WFPB)
exclui o uso de qualquer produto de origem animal (como
carnes, ovos, laticínios e mel).
Apesar de o termo plant-based diet ter sido cunhado como
sinônimo de alimentação vegetariana estrita saudável, a
indústria alimentar já incorpora o termo dentro do contexto
do veganismo, definindo como “alimentos feitos de plantas
Plant-based Diet que não contêm ingredientes de origem animal”. Dentro
desse conceito, há margem para a produção de produtos
destituídos de fibras, fitoquímicos e adicionados de gordu-
ra hidrogenada, açúcar e óleo de adição, assim como co-
rantes e demais aditivos alimentares.
Fonte: elaborado pelo autor com base em Slywitch (2023) [3]
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Ainda que o veganismo envolva as- que o profissional de saúde verifique


pectos não alimentares, nas publica- com cuidado os conceitos utilizados
ções científicas das áreas médica e pelos pesquisadores no momento de
nutricional, o termo “dieta vegana” é interpretar a literatura científica e que
utilizado como sinônimo de “dieta ve- conheça detalhadamente as escolhas
getariana estrita” e assim também é alimentares de seus pacientes.
feito neste guia. A alimentação com-
Os motivos que levam os indivíduos a
posta tanto por alimentos de origem
se tornarem vegetarianos são diversos
animal quanto vegetal é referida como
e podem incluir: ética (reconhecimento
“dieta onívora”.
dos animais como seres sencientes e
As diferentes nomenclaturas podem o desejo de não contribuir para o seu
auxiliar no rastreamento de possíveis sofrimento), saúde, meio ambiente e
deficiências e excessos em diferentes sustentabilidade, religião, influência
grupos populacionais, mas jamais de- de familiares, diferentes filosofias de
finem o estado nutricional de um indi- vida e não aceitação por paladar [3] . O
víduo, uma vez que os integrantes de quadro informativo “Para além do de-
cada um destes grupos podem fazer sempenho: por que adotar uma dieta
escolhas alimentares diferentes. Exis- à base de plantas”, explora a importân-
tem onívoros que consomem grandes cia do vegetarianismo no contexto da
quantidades de vegetais e outros que alimentação humana no século XXI.
não o fazem, bem como ovolactovege-
Não existem, até o momento, dados
tarianos que apenas raramente conso-
confiáveis sobre quais destas razões
mem ovos e laticínios e, até mesmo,
mais motivam os atletas a fazerem a
veganos que se alimentam predomi-
transição para uma dieta vegetariana,
nantemente de alimentos processa-
mas é seguro afirmar que uma parce-
dos.
la destes o faz com a expectativa de
É evidente que o estado nutricional melhorar o desempenho esportivo, so-
de um indivíduo em cada uma das di- bretudo com a crescente visibilidade
ferentes situações irá variar grande- de atletas vegetarianos de alto nível
mente. Por esta razão, é fundamental que tornam esta decisão mais atraente
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 22

à medida que expõem o seu estilo de gativos sobre sua saúde, mas jamais
vida e incentivam o vegetarianismo [4]. tolerar consumir derivados de ani-
mais.
É interessante observar que a motiva-
ção principal do indivíduo impactará, No contexto do esporte, independen-
muitas vezes, suas escolhas alimen- te da classificação da dieta vegetaria-
tares. Uma pessoa que se torna vege- na adotada pelo praticante ou atleta e
tariana exclusivamente por questões de sua motivação para tal, é recomen-
de saúde estará mais propensa a se dado que a alimentação seja baseada,
alimentar de mais vegetais e poderá, o máximo possível, em frutas, legu-
mais facilmente, se permitir consumir mes, verduras e grãos integrais, pois
algum derivado de animal quando en- estes alimentos são fontes de prati-
tender que este não lhe causará gran- camente todos os nutrientes neces-
de prejuízo neste sentido. Um vegano, sários para a manutenção da saúde e
por sua vez, estaria mais propenso a otimização do desempenho [5], com
manter uma dieta pobre em vegetais exceção da vitamina B12 que será dis-
mesmo consciente dos impactos ne- cutida posteriormente.

Primeiros passos para uma transição bem-sucedida

A transição para uma dieta vegeta- voltando a consumi-los por uma série
riana pode se dar de forma abrupta de razões, e que, mais tarde, fazem
ou gradual, conforme o desejo de o que chamam de “nova tentativa” de
cada indivíduo, o que costuma estar se tornarem vegetarianos.
relacionado ao motivo primário pelo Dado que a alimentação humana
qual esta decisão foi tomada. É co- está intrinsecamente relacionada
mum encontrar pessoas que após um com as mais diversas áreas da vida,
período de exclusão de determinados estes movimentos são naturais e
alimentos de origem animal, acabam compreensíveis. Ao profissional de
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saúde cabe, de maneira sempre aco- nas leguminosas), pode causar des-
lhedora, dar suporte para que cada confortos como flatulência, disten-
paciente avance na direção deseja- são e dor abdominal [7],[8].
da da forma mais segura possível. Técnicas simples de preparo pode-
Não existem regras que determinem rão amenizar esses sintomas e serão
como uma transição para a dieta ve- discutidas mais adiante, no capítulo 7.
getariana deva acontecer. É imprescindível que o profissional
Algumas medidas, entretanto, po- de saúde envolvido no atendimento
derão beneficiar a todos os interes- deste público explique a importância
sados em adotar este padrão ali- da realização destas técnicas, ensine
mentar, pois reduzem desconfortos como fazê-las corretamente e enco-
intestinais, proporcionam autonomia raje o atleta a incorporá-las em sua
e favorecem a saúde. No caso dos rotina, sobretudo quando notar algum
atletas e praticantes de exercícios tipo de resistência neste sentido.
físicos, uma transição que minimize Além do exposto, outros desafios
inconvenientes pode ser ainda mais
relatados pelos atletas são ingerir o
importante, visto que qualquer preju-
grande volume de comida que pode
ízo sobre o desempenho é altamente
desencorajador. ser necessário para atingir suas ne-
cessidades calóricas elevadas e en-
As queixas mais comuns entre os
contrar boas alternativas para se
atletas que iniciam a dieta vegetaria-
na e que frequentemente desencora- alimentar nos locais onde as compe-
jam a continuidade desta decisão es- tições podem acontecer.
tão relacionadas ao grande consumo Ambas as situações se tornam de fá-
de fibras alimentares. Embora a in-
cil manejo uma vez que os novos ali-
gestão de fibras seja essencial para
mentos e receitas passam a fazer par-
a manutenção de uma microbiota in-
testinal saudável [6], a ingestão exa- te da nova rotina. Soluções possíveis
gerada delas, sobretudo quando do para estas questões serão abordadas
tipo fermentável (muito presentes ao longo dos próximos capítulos.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 24

A maneira mais segura de se realizar tornarem vegetarianos, mas que não


a transição para uma dieta vegetaria- podem contar com este apoio.
na de forma a prevenir prejuízos para Nesses casos, a busca por informa-
a performance, minimizar desconfor- ções de qualidade, como as fornecidas
tos e proporcionar condições para que neste guia e em suas referências, ga-
esta forma de se alimentar se torne de- nha ainda maior relevância.
finitiva, é contando com o suporte de
A seguir é apresentado um conjunto
um nutricionista, sobretudo para que o
de passos que podem ser seguidos
aporte de energia e nutrientes se man-
por todos aqueles que desejam iniciar
tenha satisfatório durante o processo.
a transição para uma dieta vegetaria-
A ausência deste profissional, entre- na, bem como guiar os profissionais
tanto, não deve ser impeditiva para de saúde no atendimento de pacientes
aqueles que tomaram a decisão de se com esta demanda.

Estas práticas
não precisam ser
implementadas de
forma sequencial,
mas sim conforme
a necessidade de
cada indivíduo.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 25

1 Conhecer os grupos alimentares, reconhecer os seus principais


integrantes e ampliar a variedade de alimentos consumidos na rotina

Este conhecimento representa a base para o desenvolvimento da autonomia sobre as


escolhas alimentares no futuro. O apêndice A apresenta estes grupos reunidos de acor-
do com seu teor nutricional. A inclusão de uma maior variedade de alimentos na rotina
facilitará sobremaneira a transição e aplicação das demais práticas.

2 Aumentar a ingestão de frutas, legumes e verduras na alimentação

Estes alimentos são fundamentais na alimentação humana, sobretudo na dos atletas,


e é importante tornar seu consumo habitual, bem como experimentar novas variedades
que vão contribuir para obtenção de todas as vitaminas e minerais que o organismo
demanda. Adquirir os vegetais da época, preferencialmente de um produtor local, é uma
excelente maneira de, naturalmente, variar os tipos, cores e sabores.

3 Incluir o consumo de leguminosas na rotina

Este grupo de alimentos tem um papel central na dieta do atleta em virtude do enorme
número de nutrientes que fornece e representa o principal substituto imediato das car-
nes na alimentação. É muito importante preparar as leguminosas de maneira adequada
para minimizar desconfortos e prevenir desistências.

4 Reduzir o consumo de carnes

Uma alimentação rica nos alimentos anteriormente mencionados, sobretudo em legumino-


sas, irá minimizar qualquer impacto nutricional decorrente da redução das carnes na rotina. A
inclusão de proteína texturizada de soja, tofu e suplemento proteico em pó no planejamento
alimentar ainda contribui para reduzir a insegurança daqueles que já consomem dietas hiper-
proteicas. Não é recomendado aumentar o consumo de ovos e leite com o objetivo de com-
pensar e redução da ingestão de carnes, pois isso não oferece vantagens do ponto de vista da
saúde, tampouco do ponto de vista ético e ambiental.

5 Desenvolver habilidades culinárias e fazer substituições gradativas

Preparar os alimentos de formas diferentes reduz a monotonia e permite a substitui-


ção, mesmo de alimentos amplamente utilizados em receitas, como ovos e queijos.
No apêndice B estão disponíveis receitas que podem auxiliar neste processo.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 26

A adoção destas
atitudes tem como
objetivo educar
e incluir uma
maior variedade
de alimentos de
origem vegetal na
alimentação...

...antes mesmo – ou em conjunto trientes poderá e deverá ser realiza-


– da exclusão dos alimentos de ori- da, de forma tão mais urgente quan-
gem animal, a fim de minimizar pos- to o nível competitivo do indivíduo
síveis resistências e prevernir desis- em questão exigir.
tências por motivos que facilmente
No caso de atletas profissionais,
podem ser evitados.
é imprescindível que o nutricionista
Ao longo do processo de transição, garanta um plano alimentar comple-
e cada vez mais à medida em que tamente ajustado para suas neces-
isto se tornar possível, de acordo- sidades desde o início do processo,
com os recursos disponíveis, uma contando inclusive com a prescrição
adequação minuciosa do consumo de suplementos alimentares para
de energia e de macro e micronu- isso, sempre que necessário.
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Uma breve história do vegetarianismo no esporte

A ideia de que o consumo de carnes uma história de muito sucesso desde


é importante ou até mesmo essencial o final do século XIX e início do século
para o desempenho esportivo tem ra- XX, período que se têm registros jorna-
ízes tão antigas quanto, no mínimo, a lísticos de seus feitos (Figura 1.1). O li-
Grécia Antiga. Conta a lenda que Mílon vro “Crusaders for Fitness”, de James C.
de Crotona, 6 vezes campeão dos Jo- Whorton (2016) [12] , retrata as diver-
gos Olímpicos, capaz de feitos como sas conquistas dos atletas vegeta-
segurar o teto de um salão em pleno rianos desde 1896, quando a Socie-
desabamento até que todos fossem dade Vegetariana Londrina fundou o
capazes de sair do recinto e carregar Clube Atlético de Ciclismo com mais
um boi nas costas, era um ávido con- de 90 membros, capaz de vencer as
sumidor de carnes [9],[10]. principais competições e quebrar os
recordes da modalidade na época.
Curiosamente, o famoso atleta era
Da mesma forma, nos Estados Uni-
discípulo de Pitágoras, o primeiro filó-
dos e na Alemanha atletas vegetaria-
sofo que se tem registro de defender
nos passaram a vencer competições
e seguir uma dieta sem carnes, razão
do que hoje chamamos de ultraendu-
pela qual foi cunhado o termo “Phyta-
rance, percorrendo distâncias de até
gorian way of life” (forma de viver pita-
699km (de Berlim à Viena) em provas
górica)11[11] , antes de ser criada a pa-
famosas na época.
lavra vegetarianismo, cujo a origem é
incerta.

A ruptura da crença de que as prote-


ínas de origem animal são fundamen-
tais para o desempenho esportivo, que
perdura no imaginário de muitas pes-
soas até os dias atuais, começou com
os atletas vegetarianos que trilharam
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 28

Figura 1.1 – Reportagem do jornal “The


Guardian”, de 1909, sobre a vitória do britâ-
nico Emil Robert Voigt na corrida olímpica
de 5 milhas em 1908.

Tradução: Atletas vegetarianos: “alegria, força e


vigor” – arquivo, 1909. 9 de janeiro de 1909: O me-
dalhista de ouro Olímpico diz que não há nada de
surpreendente em relação ao fato dos vegetarianos
terem se saído tão bem no atletismo.
Fonte: The Guardian (1909) [13]

Em 1920, o vegetariano finlandês Hannes Kolehmainen venceu a maratona nos


primeiros Jogos Olímpicos após a I Guerra Mundial, estabelecendo um novo re-
corde mundial depois de já ter recebido diversas medalhas de ouro em Jogos
anteriores. O atleta havia ganhado muito destaque na sua emocionante vitória
na corrida de 5.000 m em 1912, nos Jogos Olímpicos da Suécia, contra o fran-
cês Jean Bouinin, quando bateu o recorde mundial da prova (Figura 1.2) [14].
Nestes mesmos jogos ainda venceu outras duas provas individuais, nas quais tam-
bém estabeleceu novos recordes mundiais, e foi medalhista de prata pela equipe
de cross country.

Figura 1.2 – O finlândes Hannes Ko-


lehmainen vencendo a prova dos 5.000m
contra o francês Jean Bouinin e batendo
o recorde mundial nos jogos Olímpicos de
1912, na Suécia.

Fonte: Association of International Marathons and Distance Races (2019) [14]


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A dieta vegetariana voltou a ganhar No presente, cada vez mais compe-


os holofotes quando o norte-ameri- tidores, das mais diferentes modali-
cano Carl Lewis, estrela do atletismo dades, anunciam a decisão de adotar
(nove medalhas olímpicas de ouro, uma dieta à base de plantas, seguindo
sete vezes campeão mundial), resol- os passos de grandes personalidades
veu se tornar vegetariano estrito após do esporte como o já mencionado pi-
uma já bem-sucedida carreira e con- loto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, se-
tinuou vencendo competições na dé- guramente um dos maiores porta-vo-
cada de 90. Desde então, o atleta se zes do veganismo na atualidade.
tornou um grande defensor do vege-
O Brasil também conta com atletas
tarianismo, tendo concedido inúme-
profissionais e amadores que têm,
ras entrevistas nas quais descreve o
cada vez mais, chamado a atenção
quanto se sente melhor desde esta
dos amantes dos esportes (entrevis-
grande mudança no seu estilo de vida
tas com alguns deles podem ser lidas
e incentiva as pessoas a adotarem
ao longo deste guia).
uma dieta baseada em vegetais.
Vale destacar o nome daqueles que
Além de Carl Lewis, uma longa lista participaram dos Jogos Olímpicos
de atletas vencedores excluíram, em de 2020, em Tóquio, como as atletas
maior ou menor grau, os produtos de Nathalia Siqueira Almeida (natação),
origem animal de sua alimentação e Marina Fioriavanti Costa (rugby), Ana
passaram a servir de exemplo para as Carolina da Silva (voleibol) e Macris
novas gerações. Carneiro (voleibol).
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Efeitos de uma dieta à base de plantas sobre o


desempenho esportivo

A adoção de dietas vegetarianas no dade no campo científico, sem, contu-


esporte está sendo cada vez mais do, até o presente, oferecer respostas
discutida por atletas e treinadores, convincentes para a grande questão
especialmente após a divulgação de que ganhou força com o crescimento
documentários, livros e conteúdos mi- da popularidade das dietas à base de
diáticos que expõem esta forma de se plantas: “Quais os reais efeitos das die-
alimentar como uma alternativa possi- tas vegetarianas sobre a performance
velmente capaz de melhorar rendimen- esportiva - seria ela capaz de melho-
to esportivo. Entretanto, esta prática rar ou prejudicar o desempenho?”.
não é uma novidade entre aqueles que
A falta de evidências robustas so-
buscam obter resultados superiores
bre o tema é compreensível quando
nas mais diversas modalidades, con-
se considera a complexidade que tal
forme exposto anteriormente, apesar
investigação engloba, dado o número
do limitado conhecimento científico
de variáveis envolvidas, como quais
disponível sobre o assunto até o mo-
os desfechos avaliados (desempenho,
mento.
adaptação, recuperação ou outros) e
Os primeiros estudos que comparam de que forma mensurar estes desfe-
os efeitos de uma alimentação vegeta- chos (ganho de força, redução do tem-
riana versus onívora sobre o desempe- po para completar uma prova, mar-
nho esportivo datam mais de 100 anos cadores bioquímicos e outros). Além
[15], quando diversos atletas vegetaria- disso, é provável que cada desfecho,
nos começaram a protagonizar os pó- medida e modalidade seja afetada de
dios em provas de atletismo e enduran- forma diferente pela adoção de uma
ce. Nas décadas seguintes, entretanto, dieta vegetariana. Para além destas
o assunto foi pouco investigado e só questões, ainda é preciso considerar
recentemente voltou a ganhar notorie- que uma série de fatores contribuem
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para o desempenho de um atleta, ciclismo, ou em exercícios de força e


como treinamento, genética, técnica, potência [28],[29],[30] concluem que,
controle emocional, grau de motiva- em verdade, nenhum prejuízo ou be-
ção, suporte da equipe, descanso e nefício pôde ser comprovado.
diversos mais, tornando muito difícil Esta é, de fato, também a conclusão
determinar o verdadeiro impacto de de uma revisão sistemática da literatu-
diferentes escolhas alimentares sobre ra que examinou as evidências de es-
o desempenho final. tudos que compararam a performan-
Uma série de estudos que compa- ce de maneira direta (e não através de
raram o desempenho entre homens marcadores bioquímicos apenas) en-
e mulheres vegetarianos e onívoros, tre atletas onívoros e vegetarianos de
seja em exercícios de endurance, diferentes modalidades, envolvendo
como corridas de longa distância e endurance e treinamento com pesos:

Consumir uma dieta vegetariana


não melhorou ou prejudicou o
desempenho em atletas.

Os autores destacam como limitações do trabalho o número reduzido de estu-


dos e a heterogeneidade de desenhos experimentais aplicados [31]. Considerando
a falta de evidências robustas que permitam conclusões mais diretas, é comum
que os potenciais efeitos de uma dieta vegana sobre o desempenho sejam espe-
culadas a partir de hipóteses mecanicistas, ou baseadas em inferências sobre
como a ingestão reduzida de determinados nutrientes pela população vegetariana
poderiam, teoricamente, afetar os atletas.

A seguir estão descritos os mecanismos pelos quais a adoção de dieta vegetaria-


na poderia promover benefícios ou prejudicar a performance esportiva, de acordo
com diferentes autores.
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A Facilitação do aumento dos estoques de glicogênio

Ainda que já esteja bem estabeleci- Outro estudo, desta vez com 553
do na literatura que a alta ingestão de atletas holandeses de elite e sub-elite
carboidratos favorece o desempenho de esportes de endurance, coletivos e
esportivo (mais detalhes na parte 2 força, verificou que a grande maioria
deste guia), muitos atletas, sobretu- deles ingeria quantidades de carboi-
do amadores, seguem um padrão ali- dratos menores do que as recomen-
mentar pobre neste nutriente, confor- dadas atualmente [17]. Dado que os
me demonstra um estudo que avaliou alimentos de origem vegetal que com-
a ingestão alimentar de 116 atletas de põem a base da dieta do atleta, como
endurance de diferentes modalidades os cereais, tubérculos e leguminosas,
(triatlo e pentatlo de inverno, Ironman são ricos em carboidratos, é comum
e meio Ironman) e verificou que menos que adoção de um padrão alimentar
da metade deles (46%) ingeria as quan- vegetariano resulte em uma maior in-
tidades de carboidratos recomendadas gestão desse nutriente e, consequen-
para este volume de treinamento [16]. temente, na melhora do desempenho.

B Redução da viscosidade sanguínea e aumento da oxigenação tecidual

Um fator chave envolvido na entrega A viscosidade sanguínea é positiva-


de oxigênio para os músculos e ou- mente afetada pelo treinamento ae-
tros tecidos é a viscosidade sanguínea róbico, mas também sofre influência
(“espessura” do sangue). De maneira da alimentação e está documentado
geral, reduzir a viscosidade sanguínea que dietas vegetarianas reduzem a
aumenta o fluxo sanguíneo e por con- concentração de lipídios no sangue, le-
sequência favorece o desempenho. vando a uma menor viscosidade [18].
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 33

O fluxo sanguíneo também depende esportivo ótimo depende de uma boa


do calibre das artérias e de sua capaci- circulação para a entrega de oxigênio e
dade elástica para se adaptar as varia- nutrientes para os tecidos, bem como
ções de pressão e voltar ao seu estado para a remoção de resíduos metabóli-
original, ambos fatores afetados pela cos, é possível que uma dieta à base
alimentação e favorecidos por dietas de plantas ofereça benefícios à perfor-
ricas em vegetais e baixas em gordu- mance através de um aumento do flu-
ras. Considerando que o desempenho xo sanguíneo para os tecidos [19].

C Redução da inflamação e do estresse oxidativo

É sabido que o exercício físico regular aos onívoros, indivíduos que seguem
reduz a inflamação crônica associada uma dieta vegetariana possuem uma
à obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e maior atividade antioxidante devido ao
síndrome metabólica. Entretanto, a sua maior consumo de vitamina C, vitamina
realização de forma intensa, prolonga- E, betacaroteno e outros antioxidantes
da ou de forma exaustiva pode pro- [20] e menores níveis de marcadores
mover inflamação crônica, overtraining do estresse oxidativo [21] e de inflama-
e maior suscetibilidade de infecções. ção, como proteína C-reativa e ferritina
Um dos fatores que contribuem para [22],[23],[24]. Os efeitos pró ou anti-in-
estes efeitos é o aumento exacerbado flamatórios da alimentação também
da síntese de compostos pró-oxidan- influenciam em sintomas relacionados
tes, conhecidos como espécies reati- às articulações, conforme demonstra-
vas do oxigênio (ERO). O aumento das do em estudos com pacientes porta-
ERO pode reduzir a capacidade antio- dores de osteoartrite, artrite psoriática
xidante corporal, situação conhecida e artrite reumatoide [19]. É possível que
como estresse oxidativo. Comparado a maior ingestão de antioxidantes e os
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 34

menores níveis de inflamação promovidos pela adoção de um padrão alimen-


tar vegetariano contribuam para uma melhor recuperação muscular e preven-
ção de lesões.

D Possíveis limitações ou efeitos negativos das dietas vegetarianas


sobre o desempenho

Os possíveis efeitos negativos das crita para este grupo, conforme dis-
dietas vegetarianas sobre o desem- cutido em detalhes maiores detalhes
penho estão relacionados a menor no capítulo 8. Já foi sugerido que o
ingestão de determinados nutrientes, mesmo fosse verdade em relação a
em especial aqueles que sabidamen- beta-alanina e a carnosina, porém fal-
te possuem relação mais direta no tam estudos que comprovem isto.
metabolismo energético ou outros
Em relação aos micronutrientes, é
processos cujo funcionamento pre-
recomendado que populações ve-
judicado pudesse interferir, de algum
getarianas (especialmente veganas)
modo, sobre a performance ou recu-
devam prestar atenção no planeja-
peração.
mento dietético para alcançar a ade-
A creatina, por exemplo, é um ami- quação na ingestão de vitamina B12,
noácido que não pode ser encontra- vitamina D, ferro, zinco, cálcio e iodo
do nos alimentos de origem vegetal [5]. Este cuidado é especialmente per-
e seus estoques intramusculares pa- tinente entre atletas, visto que o esta-
recem ser menores em populações do nutricional desta população está
vegetarianas em comparação às diretamente relacionado com a ma-
onívoras [25], razão pela qual a su- nutenção do desempenho [26]. Para
plementação é frequentemente pres- garantir um bom estado nutricional
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 35

destes elementos é importante que sejam aplicadas as medidas conhecidas


para aumento da biodisponibilidade dos nutrientes e que a suplementação
seja empregada, sempre que necessário [27].

De todas as possíveis deficiências nutricionais, a de ferro é aquela com


maior potencial para afetar negativamente o desempenho de forma direta,
sobretudo caso se torne grave o suficiente para reduzir os níveis de hemoglo-
bina (anemia ferropriva). O iodo, por outro lado, não é alvo de preocupação
entre aqueles que consomem o sal iodado, o que costuma ser a regra no Bra-
sil. A ingestão de micronutrientes na dieta do atleta vegano é discutida em
detalhes no capítulo 7.

Por fim, as dificuldades em se obter energia suficiente, especialmente para


os atletas que realizam diversas sessões de treino ao dia, ingerir proteínas em
quantidades satisfatórias e se alimentar adequadamente quando em viagens
são também frequentemente citadas [4]. Formas de manejar todas estas si-
tuações são exploradas ao longo deste, especialmente na Parte II – Plane-
jando a dieta do atleta.

Possíveis justificativas para a falta de fatores para além da alimentação afe-


comprovação da superioridade de uma tam o desempenho, conforme já discu-
dieta vegetariana para o desempenho, tido.
especialmente de forma aguda, são
Por outro lado, para além de possíveis
que os benefícios associados a este
padrão alimentar também podem ser benefícios imediatos sobre o desem-
obtidos pelos atletas onívoros que con- penho, a adoção de uma dieta vege-
somem quantidades satisfatórias de tariana por atletas pode ser conside-
vegetais e seguem um plano alimentar rada como uma forma de prolongar a
balanceado, e que uma série de outros carreira competitiva e promover maior
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 36

longevidade e qualidade de vida após Outros benefícios para a saúde que


o seu término, visto que o esporte de podem contribuir para uma vida mais
alto nível é reconhecidamente taxati- longa e saudável entre os atletas são
vo para o organismo como um todo. apontados em uma revisão da literatura
Foi verificado, por exemplo, um risco publicada pela Sociedade Europeia de
maior do que a média para ateroscle- Cardiologia (2023) [32], que demons-
rose e dano ao miocárdio entre atletas tra que o padrão alimentar vegetariano
de endurance [19] e, embora não esteja está associado a diversos desfechos
bem definido se isto acontece em de- positivos em saúde, como redução do
corrência da própria atividade física ou risco de doenças cardiovasculares, dia-
da alimentação adotada por estes in- betes, hipertensão, demências e deter-
divíduos, a adoção de uma dieta vege- minados tipos de câncer, entre outras
tariana poderia ser considerada como patologias.
forma de reduzir este risco.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 37

Rebeldes verdes

É preciso repensarmos
nossa alimentação do
ponto de vista da ética
animal e socioambiental.
A falta de uma com- confirmado pelo enor- tionamento do senso
provação científica con- me sucesso de atletas comum de que o espor-
tundente de que as die- do passado e do pre- te de alto rendimento
tas vegetarianas sejam sente que competem não pode ser saudável,
superiores a uma dieta em condições de igual- permitindo a proposta
onívora para o desem- dade com seus oponen- de um padrão alimentar
penho esportivo não tes onívoros. que ao menos atenue
deve ser, em absoluto, suas potenciais conse-
Ao contrário, a de-
razão para desencora- quências negativas no
monstração clara das
já-las entre os pratican- longo prazo e contribua
evidências de que uma
tes de exercícios físicos para uma carreira mais
dieta à base de plantas
e atletas, visto que tam- longeva.
promove maior saúde
pouco existe compro-
e longevidade sem pre- Além disso, enquan-
vação de que este pa-
judicar o desempenho to sociedade, é preciso
drão alimentar ofereça
é muito encorajadora, repensarmos nossa ali-
qualquer prejuízo para
pois proporciona uma mentação do ponto de
os seus adeptos, fato
oportunidade de ques- vista da ética animal e
GUIA DE NUTRIÇÃO
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 38

da responsabilidade socioambiental. conscientizam da importância de re-


Os atletas, em especial aqueles que duzir o consumo de produtos de ori-
são figuras públicas, não podem se gem animal, que são disseminadas
eximir desta responsabilidade, so- informações sobre como fazer esta
bretudo pelo papel importante que transição de uma maneira adequada,
exercem enquanto inspiração para a que o mercado de alimentos e su-
população em geral. Neste sentido, plementos alimentares oferece solu-
sendo possível atingir um desempe- ções mais inteligentes e saborosas,
nho atlético tão bom se alimentando e que mais veganos (estes rebeldes!)
exclusivamente de plantas quanto vencem competições e transmitem
consumindo alimentos de origem segurança para seus pares e para os
animal, por que não o fazer, conside- iniciantes que neles se espelham, é
rando seus benefícios para além das realista prever que cada vez mais
quebras de recordes? Esta é uma re- “atletas à base de plantas” se es-
flexão que não poderá deixar de ser palharão por todas as modalida-
feita nos anos vindouros. des esportivas e ocuparão, afinal,
À medida que mais pessoas se os lugares mais altos do pódio.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 39

Para além do desempenho esportivo:


Por que adotar uma dieta à base de plantas?

Por Alessandra Luglio

Ampliando a lente sobre nossas escolhas alimentares

A alimentação no século XXI é de- A demanda por uma maior produção


safiadora. As preocupações devem ir de alimentos, impulsionada pelo cres-
além da escolha dos alimentos, dos cimento populacional e pelos atuais
cálculos nutricionais e dos possíveis hábitos de consumo, exigiu rápidas
benefícios para a saúde e performance transformações na estrutura dos siste-
humana. É necessário que ampliemos mas alimentares, que culminaram em
a lente da alimentação e nutrição in- desafios crescentes e consequências
cluindo critérios de escolha que envol- potencialmente amplas para o estado
vem toda a cadeia produtiva, de consu- de segurança alimentar, nutrição e saú-
mo e todos os seus impactos éticos e de humanas, associados a um custo
socioambientais. ambiental ameaçador.

Um paradoxo alimentar

Estima-se que mais de 50% da


população tenha sobrepeso
ou obesidade até 2035.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 40

Ao mesmo tempo em que a inges- É imprescindível que medidas estra-


tão média global de alimentos saudá- tégicas sejam tomadas, com urgên-
veis é baixa, o consumo de alimentos cia, para controlar as doenças decor-
altamente processados, altamente rentes de uma má alimentação, como
calóricos e de baixo valor nutricional sobrepeso, obesidade e, também, a
aumenta exponencialmente. A inci- desnutrição.
dência de sobrepeso e obesidade é No mundo, de acordo a Organização
crescente no mundo. das Nações Unidas (ONU):
A estimativa é que mais de 50% da A fome atinge quase
população (cerca de 4 bilhões de pes- 828 milhões de pessoas e
soas, excluindo crianças menores de a prevalência de desnutri-
5 anos) tenham sobrepeso ou obesi- ção saltou para 9,8% da
dade até 2035 [33]
33. população mundial.

Já no Brasil, com base em dados de 2022:

33 mi 58%
de pessoas não têm da população convive
o que comer com algum grau de
insegurança alimentar
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A saúde humana está diretamente ligada à saúde ambiental

Um relatório do The Lancet Com- tivos de Desenvolvimento Sustentável


mission sobre a Sindemia Global de (ODS), que são um apelo urgente à
Obesidade, Desnutrição e Mudanças ação de todos os países – desenvol-
Climáticas, publicado em 2019 [34]
34, vidos e em desenvolvimento – e que
destacou que essas questões com- combinam as três dimensões do de-
partilham muitos dos mesmos fatores senvolvimento sustentável: econômi-
causadores e soluções, e que repre- ca, social e ambiental.
sentam uma ameaça à saúde huma-
Trata-se de um plano de ação global
na e planetária.
para acabar com a pobreza, alcançar
Simplificando, é evidente que o sis- a segurança alimentar e melhorar a
tema alimentar atual não está conse- nutrição, proteger o meio ambiente e
guindo proporcionar dietas saudáveis, o clima, oferecer educação de qualida-
e que, se continuarmos a seguir este de e promover sociedades pacíficas e
caminho, ele será cada vez menos inclusivas até 2030 [35]
35.
apropriado para o futuro. Felizmente,
Um sistema alimentar sustentável
apesar do cenário ser preocupante,
está no centro dos ODS, ressaltando
ainda é possível colocar o mundo em
que o sistema alimentar atual precisa
um caminho sustentável, desde que
ser reformulado para ser mais produ-
aplicadas medidas transformadoras e
tivo e mais inclusivo, abrangendo as
ousadas.
populações pobres e marginalizadas,
A Agenda de 2030 para o Desenvol- ambientalmente sustentável e resi-
vimento Sustentável [35]
35, adotada em liente, bem como capaz de fornecer
2015 por todos os Estados Membros dietas saudáveis e nutritivas para to-
das Nações Unidas, ratifica esse cami-
dos. São desafios complexos e sistê-
nho e é um compromisso global para
micos que exigem a combinação de
o desenvolvimento sustentável.
ações interligadas nos níveis local, na-
Dentro da Agenda estão os 17 Obje- cional, regional e global.
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De fato, a comida representa a ala- os impactos ambientais associados


vanca mais forte para otimizar a saúde ao alto consumo de alimentos de ori-
humana e a sustentabilidade ambien- gem animal, como carnes e laticínios.
tal. A adoção de dietas sustentáveis, Há uma forte relação entre a quantida-
que considerem tanto a qualidade de de alimentos de origem animal em
nutricional quanto o impacto planetá- uma dieta e seu impacto ambiental,
rio, pode ajudar a mitigar os impactos incluindo emissões de gases de efeito
ambientais e ainda reduzir a incidên- estufa (GEE) [37]
37, uso da terra, uso da
cia de mortalidade por causas relacio- água, eutrofização e biodiversidade. A
nadas à má alimentação. Dietas “sus- redução do consumo de alimentos de
tentáveis”, ou melhor, de mais baixo origem animal contribui de forma sig-
impacto ambiental, são aquelas que nificativa para a redução da pegada
promovem uma redução significati- ambiental.
va, ou exclusão total, do consumo de
O impacto substancial do sistema
alimentos de origem animal, principal-
alimentar global sobre o meio ambien-
mente a carne vermelha, e que priori-
te está bem estabelecido. Estima-se
zam os alimentos mais naturais, inte-
que o sistema alimentar atual tenha
grais e minimamente processados.
sido responsável por 34% do total das
Uma dieta predominantemente ba- emissões globais de GEE no ano de
seada em vegetais e com baixo teor 2015. Ele é responsável, também, por
de gorduras saturadas, sal e açúcares 70% do consumo mundial de água
adicionados é recomendada como doce e 78% da poluição da água doce
parte de um estilo de vida saudável e [38]
38 .
está amplamente associada a um me-
Mais da metade da área de terra livre
nor risco de mortalidade prematura,
de gelo do mundo foi afetada pelo uso
bem como oferecem proteção contra
humano, principalmente pela mudança
doenças crônicas não transmissíveis
no uso da terra, sobretudo em virtude
(DCNT) [36]
36.
do desmatamento para agricultura,
Além dos efeitos sobre saúde huma- que também é uma importante causa-
na, este padrão alimentar ainda reduz dora de perda de biodiversidade [38]
38.
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74%
das emissões do
Brasil vêm da
produção de comida
Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de efeito Estufa do Observatório do Clima (2023)

Emissões referentes aos sistemas alimentares do Brasil (CO2):

Desmatamento: Energia:
1 bilhão 100 milhões
de toneladas (56%) de toneladas (6%)

Agropecuária: Recorte da
carne bovina:
600 milhões
de toneladas (34%) 1,4 bilhão
Cujas emissões são de toneladas brutas
geradas sobretudo pelo
rebanho bovino.

Se fosse um país, o bife brasileiro seria o sétimo maior emissor


do planeta, à frente do Japão.
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Para alimentar uma população global


crescente, mantendo-se dentro dos li-
mites ambientais seguros propostos
Atualmente
para emissões de GEE, uso da terra, abatemos
uso da água, poluição da água e perda +70 bilhões
de biodiversidade, será preciso mudar de animais
a forma como nos alimentamos. Isto
terrestres e
porque os outros meios para reduzir
o impacto ambiental do sistema ali-
trilhões de vidas
mentar, como avanços tecnológicos, aquáticas por
redução das lacunas de produção e ano para nossa
redução do desperdício de alimentos, alimentação [39]
provavelmente não serão suficientes
sem grandes mudanças na dieta.

O impacto ambiental gerado na pro- Isto porque, para que possamos nos
dução dos alimentos de origem animal alimentar com dietas que protagoni-
é exponencialmente maior do que o zam os alimentos de origem animal,
dos alimentos de origem vegetal de- é necessário que sejam produzidos,
vido a uma soma de diversos fatores, através da agricultura, alimentos para
mas, sobretudo, por uma razão crucial: os animais da pecuária.
a ineficiência energética do sistema
A produção de calorias vegetais para
da pecuária.
alimentar esses animais ocupa imen-
sas quantidades de terra, o que im-
pulsiona o desmatamento e deman-
da o uso de água doce, fertilizantes e
agrotóxicos, que degradam a natureza,
além de potencializar a emissão de
gases responsáveis pelo aquecimento
global.
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Tudo isso para disponibilizar apenas 90%


uma pequena parte dessas calorias
em carne, leite e ovos.
Eficiência
A eficiência energética da pecuá- energética
ria é de apenas 10%, ou seja, 90% da
energia consumida pelos animais
é gasta somente com os seus gas- 10%
tos fisiológicos e são completamente
desperdiçadas [39]
39. Desperdiçada Utilizada

Desta forma, fica explícita a insusten- Fertilizantes sintéticos, agrotóxicos,


tabilidade do sistema da agropecuária medicamentos e agentes de desinfec-
e a necessidade de se repensar a forma ção são utilizados em larga escala no
como aproveitamos e direcionamos os sistema agropecuário.
sistemas alimentares atuais de modo
Substâncias sintéticas com capacida-
a tornarmos possível uma alimentação
de de se manter na biosfera como conta-
justa e eficaz para as mais de 8 bilhões
minantes, conhecidos como poluentes
de pessoas que vivem no planeta.
orgânicos persistentes (POPs) e metais
Os sistemas intensivos, semi-intensi- pesados, em sua maioria, são substân-
vos e extensivos de produção de alimen- cias com capacidade de se acumularem
tos de origem animal, além das questões no ambiente e se concentrarem em sis-
discutidas acima, também são respon- temas vivos, principalmente em animais
sáveis por impulsionar o uso e conta- que fazem parte da cadeia alimentar.
minação por substâncias sintéticas das Esta capacidade de bioacumulação se
nossas águas, solo e ar, que chegam a dá devido à lipoafinidade dessas subs-
aos seres humanos através do consumo tâncias, que se concentram nos tecidos
dos animais e seus derivados. gordurosos dos animais e oferecem ris-
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cos à saúde daqueles que as consomem ção de indivíduos vulneráveis (animais


na forma, sobretudo, de carnes [40]
40. recém-nascidos destinados à engorda e

O uso de antibióticos é necessário e fêmeas adultas destinadas à produção


difundido em granjas e fazendas da pe- de ovos e leite) que leva à resistência
cuária. Segundo a FAO, em torno de 80% antimicrobiana, produzindo bactérias e
dos antibióticos produzidos no mun- outros microrganismos resistentes aos
do são destinados à pecuária para que atuais antibióticos, o que pode nos levar
se contenham as infecções e doenças à uma grande crise sanitária que afetará
produzidas pelo sistema de aglomera- gravemente a saúde humana [40]
40.

Ética animal

Todos os animais são


considerados pela ciência
seres sencientes...
Questões éticas relacionadas à forma sações e sentimentos similares aos
como lidamos com as vidas animais dos seres humanos. As condições de
não são menos importantes dentro des- vida e de abate desses animais devem
ta seara de impactos. A industrialização ser emergencialmente repensadas, im-
dos sistemas alimentares impôs aos pondo reflexões a nós humanos quanto
animais condições de vida antinaturais à ética de nossas atitudes e escolhas.
e cruéis. Todos os animais são consi- Sim, escolhas, uma vez que comer ani-
derados pela ciência seres sencientes mais e seus derivados é uma escolha e
capazes de interagir com o meio em não uma necessidade para a manuten-
que estão inseridos, expressando sen- ção da saúde e da vida humana.
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Podemos ser melhores pessoas para os animais e para o planeta?

A princípio, abordar e recomendar a É preciso lembrar que a natureza é


adoção de uma alimentação baseada perfeita, forte e resiliente. Se comparar-
em alimento de origem vegetal e isen- mos a alimentação à base de plantas
ta de alimentos de origem animal pode aos ecossistemas e todas as relações
parecer uma atitude apaixonada e ra- destes com o meio e entre si, entende-
dical, mas antes se constitui em uma mos que o micro reflete o macro, ou
proposta sensata que visa contribuir seja, a sinergia entre nutrientes e ener-
para minimizar o impacto ambien- gia que garante o equilíbrio do nosso
tal, tentar buscar um controle entre corpo é similar à interrelação e interde-
recursos e necessidades e beneficiar a pendência entre os seres e o meio que
saúde humana. Diante do atual pano- mantém os sistemas naturais.
rama mundial, esse tema precisa ur-
gentemente ser debatido.

A alimentação baseada
em plantas é o modelo
alimentar que mais nos
aproxima da natureza,
com harmonia e
respeito, pois, afinal,
somos parte dela.
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Natação

Nathalia Siqueira Almeida


“Naná” (Rio de Janeiro, RJ)

• Pan Americano (2023) • Finalista mundial de curta (2021)


• Finalista mundial (2023) • Campeã brasileira mais de 20 vezes
• Vice campeã sul-americana (2022) • Campeã mundial militar (2018)
• Olimpíadas de Tokyo (2020, 2021) • Finalista mundial júnior (2013)

Tornou-se vegana em 2019, ao se mudar para a Hungria, por influência do seu


novo técnico, que havia pesquisado sobre o assunto e estava convencido de que
isto poderia melhorar o desempenho dos seus atletas.

De lá pra cá, apaixonou-se pelo universo vegan e nunca mais voltou atrás, mes-
mo após voltar para o Brasil e mudar de técnico.

Barreiras Mudanças

Reconhece que tinha preconceito com É difícil comparar o seu rendimento


a dieta vegetariana, pois acreditava que atual com o antigo, pois além da nova
não comeria bem e não se sentiria sa- alimentação, também mudou de téc-
tisfeita comendo apenas alimentos de nico e aprimorou o seu treinamento.
origem vegetal. De qualquer forma, desde então, seu
rendimento em competições melhorou
e sente que sua imunidade também.

O mais importante no processo de


transição é acreditar que vai dar
certo. Vai sem medo, de coração
e mente abertos!
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II. PLANEJANDO A
DIETA DO ATLETA
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2. NECESSIDADES
ENERGÉTICAS
Conhecer as necessidades energéticas lismo da glicose [3].
de um indivíduo durante o exercício ou
O total de energia consumida pe-
em repouso possui diversas aplicações
los seres vivos, chamado de Gasto
práticas no esporte e, por isso, constitui
Energético Total (GET), representa a
a primeira etapa do planejamento nutri-
soma dos seguintes elementos [4]:
cional. É a partir deste cálculo que se
dará a elaboração de um plano alimen-
tar que seja capaz de suprir todas as Gasto Energético Basal (GEB)
demandas do treinamento e promover
Quantidade de energia necessária (em calo-
uma mudança da composição corpo- rias) para que o organismo mantenha seus pro-
ral (ganho de massa muscular e/ou cessos vitais em funcionamento.
redução da gordura corporal), quando
este for o objetivo [1].

É evidente que o consumo energéti- Gasto Energético da Atividade


co adequado é o pilar fundamental da Física (GEAF)
dieta do atleta, uma vez que dá suporte
Engloba as atividades físicas do cotidiano e os
para todas as funções corporais e per-
exercícios físicos programados. Corresponde a
mite a manutenção do desempenho cerca de 15-30% do gasto energético total em
nas diferentes fases do treinamento indivíduos saudáveis, mas pode chegar a 50%
[2]. A restrição severa de calorias pode em atletas.

provocar efeitos catastróficos sobre a


performance, pois promove a deple-
ção de massa muscular, prejudica a Efeito Térmico dos Alimentos (ETA)
saúde óssea (sobretudo em mulhe- Corresponde a energia despendida durante os
res) e afeta a produção de hormônios processos de digestão, absorção e metaboliza-
tireoidianos e reguladores do metabo- ção de tudo aquilo que ingerimos [4].
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Embora frequentemente emprega- mais complexos e custosos, como a


dos sem distinção, os termos GEB água duplamente marcada [4]. Apesar
e GER não representam a mesma da existência de métodos sofisticados,
medida. Enquanto o primeiro é me- a forma mais simples, barata e prática
dido imediatamente após o indiví- de se estimar a demanda energética
duo acordar, em repouso e ambiente de um indivíduo é realizar um cálculo
termoneutro, e após jejum de dez ou através das equações preditivas [7].
mais horas, o segundo pode ser afe-
rido após um período de curto repou- Dentre a diversas equações prediti-
so e sem a necessidade de jejum, o vas descritas na literatura (Tabela 2.1),
que explica o seu valor geralmente de a equação de Cunningham é a mais
3-10% maior que o GEB [5]. apropriada para atletas e seu cálculo
exige o conhecimento da massa livre
Pela maior facilidade de mensura-
de gordura (MLG) do avaliado (mais
ção, o GER é a medida mais frequen-
adiante serão discutidos os métodos
temente utilizada na prática clínica [6].
de avaliação da composição corporal).
Enquanto em indivíduos sedentá-
rios o GER representa a maior parte As equações de Tinsley, embora te-
do GET (60-80%), em atletas de en- nham sido elaboradas a partir de da-
durance de elite a sua contribuição é dos de fisiculturistas, também podem
significativamente menor (38%-47%), ser usadas com sucesso para calcu-
dada a elevada demanda energética lar as necessidades energéticas de
deste tipo de treinamento [2]. atletas cujo desenvolvimento muscu-

Diferentes métodos estão disponí- lar é bastante proeminente e a gordu-


veis para a avaliação das necessida- ra corporal baixa. Uma de suas duas
des energéticas, como calorimetria versões dispensa o conhecimento da
direta ou indireta, frequência cardí- MLG, o que a torna uma alternativa
aca, questionários específicos, uso interessante quando este dado não
de pedômetros ou acelerômetros e está disponível ou não pode ser aferi-
fórmulas preditivas, além de outros do de maneira confiável.
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Tabela 2.1 – Equações preditivas para o cálculo do Gasto Energético em Repouso.

Nome da equação Fórmula Indicação

10-18 anos (17,686 x P) + 658,2


OMS/FAO/ONU
(Homens) 18-30 anos (15,057 x P) + 692,2 Indivíduos eutróficos [8].

30-60 anos (11,472 x P) + 873,1

10-18 anos (13,384 x P) + 692,6


OMS/FAO/ONU
18-30 anos (14,818 x P) + 486,6 Indivíduos eutróficos [8].
(Mulheres)
30-60 anos (8,126 x P) + 845,6

Mifflin-St Jeor (Homens) [9] 10 x P + 6,23 x A - 5 x I + 5 Indivíduos eutróficos ou


com sobrepeso/obesidade
Mifflin-St Jeor (Mulheres) [9] 10 x P + 6,25 x A - 5 x I - 161 [10].

Cunningham [11] (22 x MLG) + 500 Atletas em geral [2].


Atletas de fisiculturismo
Tinsley 1 [12] (24,8 x P) + 10
ou com grande volume de
massa muscular e baixo
Tinsley 2 [12] (25,9 x MLG) + 284 percentual de gordura cor-
poral [12].

Legenda: P = peso (kg); A = altura (cm); MLG = massa livre de gordura (kg); I = idade (anos).
Fonte: elaborado pelo autor.
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O cálculo do GET se dá através da multiplicação do GER por um Fator Atividade


(FA). A seleção do FA correto é, reconhecidamente, a etapa mais desafiadora no
uso das equações preditivas [13], uma vez que seus valores são aproximados
e podem variar grandemente entre indivíduos que realizam um volume de ativi-
dades físicas similar. As Tabelas 2.2 e 2.3 fornecem informações para guiar a
escolha do FA para o cálculo do GET.

Tabela 2.2 - Exemplos de atividades diárias associadas ao FA em adultos.

Atividades do dia a dia (ADD) Inativo Pouco Ativo Ativo Muito Ativo
para os níveis de atividades (FA - 1,4) (FA – 1,6) (FA – 1,75) (FA – 2,05)
ADD + 30-
ADD + 45min
60min de cami-
30min de caminhada; mais ADD + 60- de ciclismo
Somente nhada (5-6
aprox. 90min de atividades 80min de moderado +
ADD km/h) + 45min
leves a moderadas (tarefas caminhada 25min de corri-
de ciclismo
domésticas) (5-6 km/h) da (9,6 km/h) +
moderado +
60min de tênis
40min de tênis

Fonte: National Academies of Sciences, Engineering and Medicine (2023) [13].

Tabela 2.3 - Múltiplos do GER para estimar o gasto energético em 24h segundo o estilo de vida e a
intensidade da atividade física habitual (intervalos e valores médios).

Atividade física habitual Homens e mulheres Valores médios

Sedentária 1,40 a 1,69 1,55

Moderamente ativas 1,70 a 1,99 1,85

Intensa ou vigorosa 2,00 a 2,40 2,20

Fonte: OMS/FAO/ONU (2004) [6].


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Exemplo de cálculo do GER

1) Características do indivíduo: atle- 3) Cálculo: como a equação de Cun-


ta de natação – 1,75 m; 70 kg; 11% de ningham exige a utilização da MLG, é
gordura corporal estimado a partir de preciso calcular este valor primeiro –
uma avaliação da composição corpo- 70 kg x 0,89 (11% de gordura) = 62,3 kg
ral por dobras cutâneas; realiza diaria- de MLG.
mente 2 sessões de 90 minutos de trei-
Assim:
namento e estuda no período noturno.

2) Escolha da equação preditiva de


gasto energético: pode-se optar pela
equação de Cunningham, por se tratar de GER = (22 x MLG) + 500
um atleta com boa composição corpo- GER = (22 x 62,3kg) + 500
ral, mas não tão musculoso quanto um GER = 1.870,6 kcal
atleta de fisiculturismo (quando a equa-
ção de Tinsley seria mais adequada).

Exemplo de cálculo do GER

Definido o GER (1.870,6 kcal, con- 1) Cálculo: multiplica-se o valor obti-


forme o cálculo anterior), é necessá- do através da equação preditiva (GER)
rio multiplicar pelo FA, de acordo com pelo FA:
os valores sugeridos nas Tabelas 2.2
e 2.3 (ou outra referência desejada).
Considerando o alto volume de trei- GET = GER x FA
nos do atleta e sua rotina de estudos,
GET = 1.870,6 kcal x 2,2
é plausível considerar seu FA como
intenso, que corresponde em média à GET = 4.115,4 kcal
2,2 de acordo com a Tabela 2.3.
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É importante ter claro que tanto as Após a estimativa do GET, procede-se


equações apresentadas, quanto os va- para a adequação calórica do planeja-
lores de multiplicação referentes ao mento alimentar, através do acréscimo
nível de atividade física possuem limi- ou decréscimo de calorias de acordo
tações e devem ser utilizados com cau- com o objetivo estabelecido, conside-
tela, pois oferecem apenas uma estima- rando o peso e a composição corporal
tiva de gasto energético e podem variar desejados [7]:
grandemente entre os indivíduos.

Por esta razão, é interessante compa- Manutenção do peso corporal:


rar os resultados obtidos por meio des- Saldo energético igual a zero
tes cálculos com o recordatório alimen-
Aumento do peso corporal/massa
tar do atleta para melhor estimar suas
muscular:
reais necessidades de energia, bem Saldo energético positivo
como monitorar sua variação de peso/
composição corporal ao longo do perí- Perda de peso/redução da
gordura corporal:
odo de acompanhamento, a fim de se
Saldo energético negativo
fazer os ajustes necessários.

Não existe um valor definitivo para taca e alerta o mais recente posicio-
este aumento ou decréscimo calórico namento do American College of Sports
que sirva para todos, mas é recomen- Medicine (ACSM) em conjunto com a
dado que estas alterações sejam feitas Academy of Nutrition and Dietetics (AND)
de maneira gradual, sobretudo quando e a Dietitians of Canada (DC) (2016) [2]2.
o objetivo for perder peso, a fim de evi-
Recomendações mais detalhadas
tar as diversas consequências negati-
sobre a adequação calórica para die-
vas para a performance decorrentes
tas visando o emagrecimento ou hi-
de medidas extremas para a perda de
pertrofia podem ser encontradas no
peso rápido (vômito autoinduzido, je-
capítulo 6.
jum prolongado, prática exagerada de
atividades físicas e outras), como des-
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Jogadora de Rugby

Marina Fioravanti Costa


“Tcho” (São Bernardo do Campo, SP)

• 3x campeã sul-americana pela seleção brasileira (2021, 2022, 2023)


• Olimpíadas de Tóquio (2020)
• 3x campeã paulista (2018, 2019, 2020)
• Campeã brasileira (São Paulo Saracens Bandeirantes - 2013)

Se tornou vegana em 2019 a partir da conscientização dos males provocados


pelo sistema de produção de carnes e derivados de animais. Desde então buscou
por mais conhecimento sobre nutrição para prevenir que essa mudança afetasse
negativamente seu desempenho no esporte.

Barreiras
Relata que sua maior dificuldade continua sendo comer fora de casa, em en-
contros e confraternizações com amigos que não são vegetarianos. Para lidar
com isso, planeja suas refeições com antecedência e leva consigo ou pede co-
mida de um lugar diferente, sem deixar de estar presente.

Mudanças
Sente bastante energia no dia a dia para os treinos e uma resistência melhorada
desde que fez a mudança e acertou a dieta.

Não se Tenha um acompanhamento e siga


desencoraje pessoas que ensinam boas dicas
para que você aprenda a desapegar
pela falta de dos hábitos antigos, substituindo
coragem dos por alimentos que mantenham seu
outros! rendimento esportivo.
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3. CARBOIDRATOS
Os carboidratos dividem com a água pelas atividades físicas. A depleção
o posto de nutriente mais importante destes estoques prejudica o desem-
no contexto do aumento do desempe- penho, pois está associada à fadiga e
nho esportivo [1]. A realização de ativi- incapacidade de sustentar o exercício
dades físicas eleva o gasto calórico e, em alta intensidade. Além disso, a falta
por essa razão, os atletas demandam de provisão de carboidratos para o sis-
uma ingestão maior de energia do que tema nervoso central (SNC) influencia
indivíduos que não se exercitam ou que negativamente a percepção de fadiga
o fazem com menor frequência e vo- e reduz a capacidade motora e a con-
lume. Dentre os macronutrientes, está centração [4].
claro que os carboidratos representam
Por tudo isto, é crucial que atletas, nu-
a fonte de energia primária para os atle-
tricionistas e treinadores invistam em
tas e que sua contribuição como subs-
estratégias capazes de permitir o co-
trato energético cresce à medida que
meço do exercício com os estoques de
a intensidade do exercício aumenta [2].
glicogênio os mais repletos possíveis,
As dietas vegetarianas costumam além de prevenir sua depleção duran-
ofertar quantidades maiores de carboi- te a atividade e otimizar sua reposição
dratos do que as dietas onívoras, o que após ela.
pode favorecer o desempenho, e tam-
A seguir são apresentadas as reco-
bém a saúde quando alimentos ricos
mendações diárias de ingestão de car-
em vitaminas, minerais e fitoquímicos
boidratos, bem como nas diferentes
são escolhidos [3].
fases do exercício, com o objetivo de
Nosso organismo possui estoques maximizar o desempenho esportivo.
limitados de carboidratos armazena- Além disso, são abordadas as peculia-
dos (glicogênio) no fígado e nos mús- ridades relevantes relacionadas à ob-
culos, que podem ser manipulados de tenção destas necessidades no con-
forma aguda pela dieta e são afetados texto da dieta vegetariana.
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Determinando as necessidades de carboidratos

As recomendações diárias de ingestão de carboidratos devem levar em consi-


deração o programa de treinamento/competição do atleta e se o objetivo é au-
mentar a performance ou maximizar determinados estímulos ou adaptações do
treino através de uma alta ou baixa ingesta de carboidratos, respectivamente [4].

As recomendações gerais de ingestão diária de carboidratos são baseadas no


tamanho do atleta (quanto maior a massa muscular, maiores os estoques de
glicogênio) e nas caraterísticas da sessão de exercícios, conforme descrito na
Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Recomendações de ingestão diária de carboidratos para atletas

Nível de atividade Quantidade de carboidratos

Atividades de baixa intensidade ou baseadas


3-5 g/kg
em habilidades

Programa de exercícios moderados (~1 h/d) 5-7 g/kg

Atividades de endurance de intensidade


6-10 g/kg
moderada à alta (1-3 h/d)

Comprometimento extremo (>4-5 h/d de atividades


8-12 g/kg
de moderada à alta intensidade)

Fonte: Thomas, Erdman e Burke (2016) [4]

É importante reconhecer que estas recomendações devem ser utilizadas para


nortear o planejamento dietético, mas que a observação dos resultados obtidos,
mensurados através das percepções individuais do atleta, do desempenho du-
rante treinamento e competições, e das alterações da composição corporal, é o
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que permitirá, de fato, o estabelecimento das quantidades ideais para cada indiví-
duo. Assim, determinar a quantidade exata de carboidratos que precisa ser inge-
rida diariamente para otimizar o desempenho e a composição corporal, quando
for o caso, envolve tentativa e erro e requer ajustes conforme o momento da da
periodização do treinamento ou da temporada competitiva [5].

Ingestão de carboidratos antes do exercício

É sabido, hoje, que tanto a glicemia quanto o glicogênio muscular têm contribui-
ções iguais para a oxidação de carboidratos, e é por isso que a manutenção da
primeira e a preservação do segundo devem ser, ambos, alvo de atenção durante
o período que antecede o exercício [6].

A Tabela 3.2 apresenta as recomendações de consumo de carboidratos antes


de um evento, bem como para a reposição rápida de glicogênio.

Tabela 3.2 - Estratégias de consumo de carboidratos antes e entre treinos/eventos.

Situação Quantidade de carboidratos

Preparação para eventos com <90


Pré-evento (24h) 7-12 g/kg nas 24h anteriores
minutos de duração
Preparação para eventos com
Supercompensação 10-12 g/kg a cada 24h nas
>90 min de duração de exercícios
de carboidratos 36-48h anteriores
contínuos ou intermitentes
Rápida reposição de <8h de intervalo dentre 2 sessões 1-1,2 g/kg durante as primeiras
glicogênio de exercícios 4h após o exercício

Antes de eventos com duração 1-4 g/kg consumidos entre


Pré-evento (1-4h)
>60min 1-4h antes do evento

Fonte: Thomas, Erdman e Burke (2016) [4] .


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Na ausência de dano muscular severo, os estoques de glicogênio podem ser


normalizados dentro de 24h com a ingestão adequada de alimentos. A prática
de exercícios com duração maior que 90min pode ser beneficiada por maiores
estoques de glicogênio, que podem ser alcançados através de um protocolo de
supercompensação de carboidratos que consiste em um consumo aumentado
de carboidratos e volume reduzido de treinos durante as 48h que antecedem a
prova [4]. Mais informações sobre o assunto podem ser vistas no quadro infor-
mativo “Supercompensação de carboidratos”.

Os carboidratos consumidos nas refeições anteriores ao exercício (1-4h) po-


dem contribuir para o aumento dos estoques de glicogênio (especialmente hepá-
tico) e fornecer glicose durante a atividade [6]. Entretanto, alguns atletas podem
sofrer hipoglicemia em resposta ao consumo de carboidratos muito próximo do
exercício (mais frequentemente quando em altas quantidades e de alto índice
glicêmico), ainda que isto definitivamente não seja uma regra, conforme esclare-
cem Jeukendrup e Killer (2010) [7] sobre o assunto:

1. A resposta ao consumo de carboidratos antes do exercício pode variar gran-


demente entre os indivíduos;

2. A diferente resposta hipoglicêmica entre os atletas não está relacionada a


uma sensibilidade à insulina;

3. Para minimizar o risco de hipoglicemia, pode-se ingerir carboidratos ime-


diatamente antes do exercício (nos últimos 5 minutos) ou durante o aque-
cimento, e diferentes tipos de carboidratos (de alto, médio ou baixo índice
glicêmico) devem ser testados pelos atletas mais sensíveis a esta condi-
ção. Quando nada disto funcionar, deve-se evitar o consumo de carboidratos
90min antes do exercício;

4. A forma em que o carboidrato é ingerido (sólido, líquido ou gel) não é impor-


tante, contanto que acompanhada de hidratação suficiente, e deve respeitar
as preferências individuais.
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Geralmente, são preferidos alimentos com menor teor de gorduras e fibras, e


quantidades moderadas de proteínas antes do exercício, uma vez que tendem a
causar menos desconforto gastrointestinal e promover um esvaziamento gástri-
co mais rápido.

Embora exista alguma evidência de que o consumo de carboidratos de baixo


índice glicêmico (IG), como lentilhas, aveia, pêssego e maçã, possa favorecer a
performance nos esportes de endurance em comparação a alimentos de alto
IG, como pão branco, batatas amassadas e cereal matinal, isto não é um con-
senso na literatura e parece não exercer efeito significativo sobre o desempe-
nho, sobretudo quando ocorrer o consumo de carboidratos durante o exercício
[4],[8],[9],[10] .
4,8,9,10

Mais detalhes sobre a relevância do IG podem ser vistos no informativo “O índice


glicêmico realmente importa?” e exemplos de refeições pré-treino empregadas
em diferentes cenários estão disponíveis nos apêndices B e C.
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Ingestão de carboidratos durante o exercício

Os efeitos positivos da ingestão de car- promover um aumento médio de 2,48%


boidratos relacionados ao adiamento da na performance em provas de corrida e
fadiga e ao aumento da performance ciclismo com aproximadamente 60 mi-
durante o exercício são bastante mais nutos de duração, o que pode ser signi-
sólidos na literatura do que aqueles de- ficativo para atletas de alto rendimento
correntes da ingestão de carboidratos [15], embora outros estudos não tenham
antes do exercício, cujos resultados são demonstrado o mesmo efeito, possivel-
variáveis [11]. Embora exista maior com- mente por já ter havido um consumo sa-
provação dos benefícios do consumo de tisfatório de carboidratos antes da prova
carboidratos durante exercícios de longa [16]. Os mecanismos de ação responsá-
duração, esta prática também parece be- veis por estes efeitos não são bem co-
neficiar atividades intermitentes de alta nhecidos, mas especula-se que estejam
intensidade e esportes coletivos [12]. ligados à ativação de áreas cerebrais re-
lacionadas com a recompensa e contro-
Praticantes de exercícios com menor
le motor [14].
duração (~1h) e moderada/baixa inten-
sidade não têm a performance limitada Quando se optar pela ingestão de car-
pela redução dos estoques de glicogênio boidratos durante o exercício, isto pode
e, portanto, não se beneficiam do consu- ser feito ao longo de todo o exercício ou
mo de carboidratos durante a prática, 30 minutos antes do momento previsto
entretanto aqueles que praticam moda- da fadiga, sem alteração no resultado
lidades que exigem esforços de maior [11]. As quantidades de carboidrato re-
intensidade/alta potência podem obter comendadas durante o exercício estão
vantagem de uma prática relativamente descritas na Tabela 3.3 e poderão ser
recente: o enxágue bucal com carboidra- alcançadas da forma que o atleta consi-
tos [13]. A técnica consiste em colocar derar mais conveniente, com alimentos
um carboidrato líquido na boca (a cada sólidos, suplementos de carboidratos
5-10min, durante 10s) e depois eliminá- em gel e bebidas esportivas, estas últi-
-lo, sem ingeri-lo [14]. Uma revisão da li- mas com a vantagem de contribuírem,
teratura verificou que esta prática pode também, para a hidratação.
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Tabela 3.3 - Recomendações de ingestão de carboidratos durante o exercício.

Tempo de duração do exercício Quantidade de carboidratos

<45min de duração Não é necessário ingerir carboidratos

Pequenas quantidades ou bochecho de car-


Entre 45-75min de duração boidratos, no caso de exercícios contínuos
(corrida, bike, natação)
Entre 60-150min de duração (incluindo
esportes coletivos e/ou de esforço inter- 30 a 60 g/h
mitente)

>150min de duração Até 90 g/h de uma mistura de carboidratos

Fonte: elaborado pelo autor com base em Thomas, Erdman e Burke (2016) [4], Burke et al. (2011) [6], Jeukendrup, (2010) [17].

É importante salientar que a quan- grandes parece absorver os carboidra-


tidade de carboidratos que deve ser tos na mesma taxa. Outra informação
consumida durante o exercício não relevante é a de que a adição de proteí-
está relacionada ao peso corporal do nas não promove nenhum benefício ao
atleta (diferente das recomendações desempenho quando comparada com
para antes e depois do exercício), mas a ingestão pura de carboidratos [18].
é determinada pelo tempo de duração
Quando o carboidrato é ingerido na
do exercício (em gramas por hora), o
forma líquida, é importante que a con-
que torna esta recomendação bastan-
centração da solução seja de 6-8%, a
te mais prática.
fim de facilitar a sua absorção sem
Isto ocorre porque a utilização de car- causar desconforto gástrico (alguns
boidratos durante o exercício depende atletas podem tolerar até 10%, mas os
da velocidade na qual ele é absorvido eventos de desconforto e diarreia são
e o intestino de atletas pequenos ou mais comuns nesta concentração)
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4,19,
[4],[19] e, quando na forma de gel, deve ser acompanhado de quantidade sufi-
ciente de água para se atingir a mesma concentração [5]. Para calcular a con-
centração de uma bebida ou verificar a necessidade de água para acompanhar
uma porção específica de carboidratos, basta dividir a quantidade de carboidra-
tos presente nela pelo seu volume total e depois multiplicar por 100, conforme o
exemplo abaixo:

Considerando um suco de laranja que possui 44 g de carboidratos em 300 ml*,


a sua concentração pode ser calculada da seguinte forma:

Gramas de carboidrato por


44 (g) x 100
porção da bebida x 100 = 14,6%
300 (ml)
Volume da porção

*Informação nutricional da tabela TACO (2011) [20]

Este suco é muito concentrado e precisaria ser diluído para atingir a concen-
tração desejada de 6-8%. Para descobrir quanta água deve ser adicionada para
atingir a concentração desejada, deve-se proceder da seguinte forma:

1º Passo: dividir a quantidade de car-


boidratos da porção (44 g) pela con- 2º Passo: subtrair o volume inicial da
bebida (300 ml) do total encontra-
centração desejada para encontrar do na conta anterior para encon-
o volume final ideal. Considerando trar o volume de água que deve ser
uma concentração desejada de 8% adicionado para que a concentra-
(0,08) a conta fica assim: ção se torne a desejada (8%):

44 (g) 550 (volume final ideal)


= 550 (ml) - 300 (volume inicial)
0,08 = 250 (ml)
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Assim temos que, para que o suco de laranja original, com concentração de
14,6%, atinja a concentração desejada de 8%, é preciso adicionar a ele 250 ml de
água, para que sirva como uma ótima fonte de reposição de carboidratos duran-
te o exercício.

Em provas de endurance e ultraendu- por alimentos in natura ou preparar a


rance (com duração maior do que 2,5h) própria bebida de carboidratos, como
em que as necessidades de carboidra- é comum que prefiram muitos atletas
to durante o exercício são maiores (até vegetarianos. No quadro “Preparando
90 g/h), é importante que se consuma sua própria bebida repositora de car-
fontes mistas de carboidratos, uma vez boidratos e eletrólitos” estão disponí-
que o organismo somente é capaz de veis três receitas de bebidas ricas em
absorver 60 g de açúcar por hora, a não carboidratos que podem ser prepara-
ser que mais de um tipo de carboidrato das em casa e a Tabela 3.4 apresenta
seja ingerido, aumentando esta capaci- diferentes porções de alimentos que
dade para até 100 g/h [21]. Uma propor- oferecem 30 g de carboidratos cada (o
ção de 2:1 de glicose:frutose mostrou consumo de 1-3 porções por hora de
os melhores resultados nos estudos exercício será o suficiente, dependen-
revisados por Jeukendrup (2010) [17]. do da modalidade e da duração total
Felizmente, as frutas naturalmente do exercício).
oferecem uma variedade de açúcares,
A experiência demonstra que cada
assim como a maior parte das bebidas
atleta costuma desenvolver o próprio
isotônicas disponíveis no mercado (é
esquema de consumo de carboidratos
importante checar os rótulos).
e água durante o exercício (especial-
Além dos produtos disponíveis no mente os praticantes de endurance),
mercado, como os mencionados iso- podendo começar com alimentos só-
tônicos e géis, paçoca, jujuba e ou- lidos evoluir para líquidos e vice-versa,
tros doces, também é possível optar ou, ainda, alternar entre os diferentes
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tipos ao longo da prova. É importante que se experimente variadas condutas


durante os treinos ou competições menos relevantes, a fim de refinar a prática e
obter o máximo benefício nos eventos principais, sem jamais experimentar algo
pela primeira vez durante estas ocasiões, sob sério risco de prejudicar o desem-
penho e comprometer o resultado final.

Tabela 3.4 - Porções de alimentos que oferecem 30 g de carboidratos.

Alimento Porção que oferece 30 g de carboidratos

Dextrose ou maltodextrina 30 g
500 ml (produto com 12 g de
Isotônicos
carboidratos/200 ml)
Conforme a tabela nutricional. Preferir produ-
Suplemento de carboidrato em gel tos que utilizam glicose + frutose quando a
ingestão de carboidratos superar 60 g/h
Água de coco 600 ml

Suco de uva integral 200 ml

Paçoca de amendoim 2 unidades de 15 g

Bisnaguinha 3 unidades (50 g no total)

Bisnaguinha com geleia de fruta 2 unidades + 1 colher de sopa de geleia (20 g)

Banana nanica 2 unidades (60 g cada)

Maçã fuji 3 unidades (70 g cada)

Jujuba 6 unidades (30 g no total)

Damasco seco 6 unidades (50 g no total)

Rapadura 1 unidade (30 g)

Bala de goma 9 unidades (30 g no total)

Fonte: elaborado pelo autor com base na tabela Taco (2011) [20] e nas tabelas nutricionais dos produtos mencionados.
Nota: as porções foram arredondadas para tornar as medidas mais práticas.
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Ingestão de carboidratos após o exercício

Especialmente quando uma nova tir a previsão de treinamento ou nova


sessão de exercícios for ocorrer horas partida no dia seguinte.
mais tarde (na qual o desempenho seja
O grau de depleção do glicogênio
uma prioridade), é urgente a reposição
muscular é variável conforme a dura-
dos estoques de glicogênio hepático
ção e a intensidade do exercício e a
e muscular [4]. Esta situação é muito
sensibilidade dos músculos à insuli-
comum entre atletas competitivos das
na aumenta depois de uma sessão de
mais diversas modalidades, sobretudo
treino intenso, o que significa uma au-
os de alto nível, que frequentemente se
mentada capacidade de captar glicose
submetem a repetidas sessões de trei-
e repor os estoques depletados [22].
namento diariamente.
Como a ressíntese de glicogênio ocor-
Diferente dos praticantes de muscu-
re de maneira bastante lenta (aproxima-
lação, que comumente já desenvolve-
damente 5% por hora), é fundamental
ram o hábito fazer uma refeição pós-
que se ingira uma grande quantidade
-treino o mais rápido possível após o
de carboidratos (1-1,5 g/kg/h) já du-
término do exercício (em decorrência
rante os primeiros 30 minutos após o
da antiga crença de que existiria uma
exercício e que se continue com o seu
janela anabólica extremamente curta
consumo em intervalos de 2h durante
após a atividade física), atletas de es-
até 6h após, a fim de maximizar a repo-
portes coletivos frequentemente ne-
sição dos estoques de glicogênio [11].
gligenciam esta refeição, seja por falta
de acesso a uma boa refeição, desejo Também já foi demonstrado que a in-
de relaxar ou falta de apetite, fazendo gestão combinada de quantidade me-
com que nutricionistas e treinadores nor de carboidrato (0,8 g/kg/h) com
precisem atuar de forma mais incisiva proteína (0,2-0,4 g/kg/h) é tão eficiente
na garantia de uma boa alimentação quanto a ingestão de 1,2 g/kg/h de car-
neste horário, sobretudo quando exis- boidratos para esta finalidade [16].
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A Tabela 3.2 resume a recomen- Quando repor os estoques de glico-


dação de ingestão de carboidratos gênio não for uma prioridade, como
quando a ressíntese de glicogênio for ocorre com os indivíduos que praticam
uma prioridade. exercícios físicos apenas uma vez ao
dia, não existe a necessidade de se
Pode se tornar bastante desafiador
consumir grandes quantidades de car-
consumir toda esta quantidade de car-
boidratos imediatamente após o trei-
boidratos em tão curto espaço de tem-
namento, bastando que se consuma
po, de forma que carboidratos simples
uma refeição completa e equilibrada
e de fácil digestão devem ser prioriza-
neste momento [5],[11]
5,11 .
dos, como os já recomendados duran-
te o exercício. Além daqueles, arroz, Se o objetivo for modificar a composi-
macarrão, pão (com melado ou geleia) ção corporal, esta refeição deverá res-
e cereal matinal são frequentemente peitar o planejamento específico para
preferidos por atletas neste momento. esta finalidade (ver capítulo 6).

Encontrando o mix perfeito de carboidratos e acertando na


ingestão de fibras

Baseado no descrito até aqui, fica evi- Os cereais e leguminosas costumam


dente que a alimentação vegetariana ser a base da dieta, pois fornecem
para atletas deve conter uma grande grandes quantidades de carboidratos,
variedade de diferentes tipos de car- proteínas, vitaminas do complexo B,
boidratos – cereais, leguminosas, fru- ferro e zinco. Os cereais integrais são
tas, legumes e até alimentos refinados mais ricos em fibras, magnésio e selê-
como macarrão e pães –, que irão com- nio. As frutas oferecem, além de fibras,
por a dieta em diferentes proporções a folato, potássio e vitamina C, e os fo-
depender dos objetivos individuais. lhosos escuros e as frutas alaranjadas
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possuem carotenóides (alguns deles menor saciedade, o que é importan-


podem ser convertidos em vitamina A). te quando as demandas energéticas
são elevadas, enquanto os demais são
Dentre as frutas, ainda, há aquelas
capazes de promover maior sacieda-
que oferecem maior concentração de
de com menos calorias, auxiliando na
carboidratos, ótimas para os períodos
manutenção do peso em períodos de
próximos ao exercício, como banana,
recuperação de lesões ou fora de tem-
maçã, pera e damasco, e aquelas mais
porada, por exemplo.
ricas em água e menos calóricas, es-
pecialmente interessantes como so- Com o elevado consumo de carboi-
bremesas e para aqueles que buscam dratos necessários para atender às
perder peso, como é o caso dos mo- demandas energéticas do atleta, é co-
rangos, da melancia e do melão. É um mum que o consumo de fibras atinja
grande erro limitar ou, principalmente, quantidades bastante superiores às
excluir o consumo de frutas da dieta, recomendações diárias do Institute of
como tem se tornado popular em fun- Medicine [23] (38 g para homens e 25 g
ção da disseminação de informações para mulheres adultas).
deturpadas a respeito de seus efeitos
As consequências disso podem en-
sobre a saúde.
volver a redução da absorção de micro-
Dentre os demais vegetais encon- nutrientes e, sobretudo nas primeiras
tram-se aqueles que são ricos em ami- semanas após um aumento abrupto
do, como as batatas, inhame e mandio- da ingestão, um aumento do trânsito
ca, e os que não são, como o brócolis, a intestinal e da frequência das evacua-
abobrinha e as folhas. Todos eles pos- ções, amolecimento das fezes, estufa-
suem vitaminas, minerais e fitoquími- mento e gases excessivos, todos eles
cos importantes, mas devem ser con- capazes de prejudicar o desempenho
sumidos com objetivos diferentes e de ou, até mesmo, desestimular uma mu-
forma estratégica na dieta do atleta – dança para a dieta vegetariana no caso
os ricos em amido são fundamentais de atletas em transição. Para lidar com
para oferecer energia para os períodos estas questões é importante que se au-
de treino mais intenso e promovem mente o consumo de fibras gradativa-
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mente, permitindo uma adaptação ao maior volume de ingestão deste nutriente


(o que costuma ocorrer em poucas semanas) e que se limite à ingestão total aos
limites tolerados individualmente, o que pode ser feito através da escolha de ali-
mentos mais processados. Mais informações sobre como reduzir o desconforto
intestinal podem ser vistas no quadro “Preparo certo: práticas para facilitar os
processos digestivos e otimizar a absorção de nutrientes”.

Supercompensação de carboidratos

Esta prática também pode ser chamada de “sobrecarga de carboidra-


tos” (do inglês, “carbohydrate loading”) e são diversos os protocolos co-
nhecidos e empregados, a depender da modalidade esportiva, com o ob-
jetivo comum de aumentar os níveis de glicogênio para além do habitual
e, com isto, favorecer a performance.

O clássico protocolo desenvolvido por Bergström et al. (1967) [24]


24 con-
siste na realização de exercícios de alta intensidade ou duração enquan-
to se segue uma dieta baixa em carboidratos durante 3 dias, seguidos
por 3 dias de baixa ou nenhuma atividade física e ingestão de 8-12 g/kg
de carboidratos diariamente. Embora capaz de realmente promover um
elevado estoque de glicogênio, este protocolo frequentemente causava
desconforto gastrointestinal e, além disso, ficar completamente sem se
exercitar representava um sacrifício até maior para os atletas do que as
modificações dietéticas propriamente ditas.

Posteriormente, na década de 80, novos protocolos foram desenvol-


vidos e se verificou que o mero aumento da ingestão de carboidratos
e redução do volume de exercícios ao longo de uma semana já seriam
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capazes de promover altos estoques de glicogênio, sem a necessidade


de uma fase de depleção e de dias de completo descanso. Por fim, os
estudos mais recentes demonstraram que a ingestão de grandes quan-
tidades de carboidratos por apenas 2 dias, aliados ao menor volume de
treinos neste período, já são o suficiente para a obtenção dos benefícios
máximos, sobretudo em atletas treinados [25],[26],[27]
25,26,27 (a Tabela 3.1
apresenta um exemplo de protocolo atualmente recomendado). Apesar
do exposto, muitos atletas continuam realizando a fase de depleção e
referindo benefícios.

É importante considerar que os resultados destas práticas podem variar


em função do consumo habitual de carboidratos do atleta e que a maior
parte dos estudos foi realizada com homens, ao passo que os estudos
com mulheres apresentaram resultados menos consistentes. Mais infor-
mações sobre a evolução destes protocolos e seus resultados podem
ser consultados nas referências deste quadro.

Ainda, deve-se ponderar que este aumento do consumo de carboidratos


pode ser desconfortável para o atleta e promover o ganho de peso (re-
tenção hidríca), o que é prejudicial em algumas modalidades, e que deve
ser acompanhado de uma redução do consumo de proteínas e gorduras,
a fim de facilitar o esvaziamento gástrico e controlar a ingestão ener-
gética, visto que o gasto calórico nestes dias será também mais baixo.
A sobrecarga de carboidratos não deve ser confundida com exageros
alimentares.

Como repetidamente mencionado neste capítulo, é fundamental que


atletas, nutricionistas e treinadores testem os diferentes protocolos e re-
finem sua execução com base nos resultados obtidos, dada a grande
variabilidade interindividual de resposta e a dificuldade de se estabelecer
condutas definitivas que sirvam para todos.
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O índice glicêmico realmente importa?

Em geral, não existe razão para que o índice glicêmico (IG) seja motivo
de preocupação para os atletas. O IG é uma medida do quão rápido um
carboidrato é digerido e se torna disponível na corrente sanguínea após a
ingestão de uma quantidade padrão (usualmente 50 ou 100 g) em com-
paração com uma fonte de referência, que pode ser a glicose ou o pão
branco (por essa razão existem diferentes tabelas de referência).

É importante considerar que estas medidas se referem ao consumo do


alimento de forma isolada, o que raramente acontece no dia a dia, e que
tanto o próprio preparo do alimento (cozido, assado ou amassado, por
exemplo), quanto os demais componentes da refeição (fibras, proteínas
e gorduras) alteram a resposta glicêmica do organismo [28]28. Ainda, exis-
tem evidências de que a resposta glicêmica a um mesmo alimento varia
entre os indivíduos [29],[30]
29,30 . Tudo isto justifica o porque de a aplicabili-
dade desta medida ser tão limitada.

Apesar do entusiasmo inicial, a relação entre o IG e a resposta glicêmica


sobre a prevenção de doenças e a perda de peso permanece pouco clara
e parece muito pouco provável que esta medida esteja, de fato, relaciona-
da a desfechos em saúde, ao passo que a qualidade nutricional da dieta,
como a alta ingestão de fibras, mais provavelmente sim [31] 31.

No contexto do esporte, embora alguns poucos estudos tenham aponta-


do como beneficial o consumo de carboidratos de baixo IG antes do exer-
cício, a maior parte da literatura não encontrou diferenças nos resultados
de performance, sobretudo quando ocorre o consumo de carboidratos
durante o exercício, o que anula os efeitos da refeição pré-treino sobre
a glicemia [6]
6. Casos específicos em que o IG pode ganhar relevância e
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ser considerado são na refeição pré-treino para atletas mais suscetíveis


à hipoglicemia ou no pós-treino, quando a rápida reposição de glicogênio
for uma prioridade.

Diante do exposto, fica claro que utilizar o IG como forma de avaliar a


qualidade dos carboidratos e fazer recomendações nutricionais, como
frequentemente ocorre, pode gerar confusão, especialmente consideran-
do que diversos alimentos com alto IG podem oferecer outros benefícios,
como a baixa densidade calórica e grande promoção da saciedade, aju-
dando os atletas no processo de redução da gordura corporal, quando
este for o objetivo. Em conclusão, é recomendável que a dieta do atle-
ta seja baseada em alimentos integrais, densos em nutrientes, mas que
conte, também, com alimentos de maior IG e fácil digestão quando suas
demandas específicas assim exigirem.

Preparando sua própria bebida repositora


de carboidratos e eletrólitos

Utilize as receitas a seguir para preparar sua própria bebida repositora


de carboidratos e eletrólitos com 30 gramas de carboidratos na concen-
tração de 6% e com 300-600 mg de sódio (1/8 ou 1/4 de colher de chá de
sal de cozinha). Basta bater os ingredientes no liquidificador.
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Receita 1

• Água de coco: 250 ml;


• Tâmaras: 4 unidades (32 g no total);
• Sal de cozinha iodado: 1/8 - 1/4 de colher de chá (0,75-1,5 g no total);
• Água: 250 ml.

Receita 2

• Suco de laranja integral: 200 ml;


• Cenoura: 1 unidades (120 g no total);
• Sal de cozinha iodado: 1/8 - 1/4 de colher de chá (0,75-1,5 g no total);
• Água: 300 ml.

Receita 3

• Damasco seco: 6 unidades (48 g no total);


• Sal de cozinha iodado: 1/8 - 1/4 de colher de chá (0,75-1,5g no total);
• Água: 500 ml.

Nota: 1 colher de chá (6g) possui 2.325mg de sódio. As informações nutricionais foram retiradas das tabelas TACO (2011)[20]
[20] e SR28 da USDA
(2017) [32]
[32].
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Fisiculturista

Guilherme Abomai
“Gui Abomai” (Santo André, SP)

• Campeão Absoluto MuscleContest Bauru (2023) • Campeão Nacional MuscleContest (2019)


• Campeão MuscleContest São Paulo (2021) • Campeão Absoluto Paulista (2018)
• Campeão Mr. Olympia Brazil (2019) • Campeão Mr. Brasil (2018)

Adotou o veganismo como estilo de vida há 1 ano e meio, motivado pela ética
em relação aos animais, mas também pelo cuidado com o meio ambiente e a
saúde. Antes disso, já havia começado o processo de redução do consumo de
carnes após ter passado por problemas relacionados à digestão. Foi durante
este período que despertou pela ética animal e percebeu que o veganismo seria
o melhor caminho a ser seguido. Acredita que assim, além de contribuir para a
sustentabilidade do planeta, também inspira pessoas a conquistarem um estilo
de vida mais saudável.

Barreiras

Por participar da categoria mais pesada do esporte, na qual a alimentação é


composta principalmente por carnes, ovos e leite (hábito herdado dos atletas
das décadas de 70 e 80), precisou descobrir por conta própria como se alimentar,
já que não existem referências de atletas pesados veganos e não existem muitas
informações disponíveis sobre uma dieta à base de plantas para este objetivo.

A principal dificuldade foi interpretar como os diferentes grupos alimentares


impactavam na sua performance. Para entender melhor isso, experimentou mui-
tos alimentos diferentes e realizou períodos de teste, restringindo determinados
grupos alimentares por um período de tempo.
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Mudanças

A principal mudança que sentiu foi no processo de digestão, que ficou muito
mais fácil. Isso impactou a recuperação e o sono, pois era comum passar o dia
estufado. O atleta relata uma grande melhora no aspecto da pele, o que conta
pontos no bodybuilding.

Encorajo todas as pessoas


a reduzirem o consumo de
produtos de origem animal.
Quem busca o
autoconhecimento, seja como
atleta ou como ser humano, uma
hora ou outra vai se deparar
com o veganismo: o caminho
sustentável para a performance,
para a saúde e para o planeta.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 80

4. PROTEÍNAS
A dieta vegetariana é cercada de
questionamentos e assombrada por
mitos pseudocientíficos de toda natu-
reza. Dentre eles, talvez o mais recor-
rente seja em relação à ingestão de
proteínas. Perguntas como “mas, e a
proteína?” ou “você tem certeza de que
está consumindo proteínas o suficien-
te?”, são tão recorrentes que, por ve-
zes, chegam a incomodar os adeptos
de uma dieta à base de plantas.

Esta preocupação é de certa


forma compreensível, em especial se
considerarmos questões históricas e
culturais que fazem da proteína, até
hoje, um nutriente celebrado e que,
muitos acreditam, deve ser obtido pre- contexto, a fim de esclarecer conceitos
dominantemente através de alimentos relevantes e fornecer subsídios para
de origem animal, uma vez que está um planejamento nutricional eficaz.
amplamente disseminada a ideia de
Além disso, o quadro “Modernizando
que os vegetais oferecem proteínas de
o termo qualidade proteica” convida o
qualidade inferior.
leitor para uma reflexão a respeito dos
Este capítulo apresenta e discute impactos da atual forma de classifica-
as recomendações de ingestão de pro- ção das proteínas sobre as escolhas
teínas para atletas e explora as particu- alimentares dos atletas e da popula-
laridades das proteínas vegetais neste ção em geral.
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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS PROTEÍNAS

As proteínas são macromoléculas formação de diversas moléculas im-


encontradas em todas as células dos portantes, como neurotransmissores
organismos vivos e necessárias para (dopamina e serotonina, por exemplo).
diversas funções vitais, como com- Algumas proteínas ainda podem apre-
bater infecções, transportar oxigênio, sentar enxofre (S) na sua composição,
construir e reparar tecidos corporais, o qual não é encontrado nos carboidra-
catalisar reações metabólicas, contrair tos e gorduras. Outra característica das
a musculatura, regular a síntese de hor- proteínas é que, diferente dos demais
mônios e muitas outras, sem as quais macronutrientes, elas não podem ser
a sobrevivência não seria possível. armazenadas pelo organismo quando
consumidas em excesso.
A grande diferença entre as proteínas,
os carboidratos e as gorduras é que Enquanto os carboidratos ingeridos
enquanto os últimos são formados por na dieta são moléculas formadas por
átomos de carbono (C), oxigênio (O) e cadeias de glicose e a maior parte das
hidrogênio (H), as proteínas são o úni- gorduras são formadas por cadeias de
co macronutriente capaz de fornecer ácidos graxos, as proteínas, por sua
também nitrogênio (N) para o organis- vez, são formadas por cadeias de ami-
mo (ligado ao seu grupamento ami- noácidos, frequentemente chamados
na), um elemento fundamental para a de “blocos construtores” (Figura 4.1).
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Figura 4.1 – Diferenças estruturais entre carboidratos, proteínas e lipídios.

Macronutriente Formado por Exemplo

Carboidratos Monosacarídeos Unidades de glicose

Lipídios Ácidos graxos Triglicerídeos

ácidos graxos

Proteínas Aminoácidos Aminoácidos

Fonte: elaborado pelo autor com base em Blake, Munoz e Volpe (2013) [1]
[1].
Nota: Os carboidratos, lipídios e proteínas são estruturas formadas por cadeias. A grande diferença entre eles é que as proteínas contêm nitrogênio,
enquanto os demais não. Os carboidratos são formados por cadeias de glicose, os lipídeos por cadeias de ácidos graxos e as proteínas de aminoácidos.
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As cadeias de aminoácidos são ligadas entre si por meio de ligações peptídi-


cas. Pequenas cadeias de aminoácidos, com menos de 50 aminoácidos, são
chamadas de peptídeos (que podem ser di, tri ou polipeptídios de acordo com o
número de aminoácidos), enquanto as proteínas são formadas por cadeias de
aminoácidos maiores.

As proteínas são compostas, tipicamente, por cerca de 100 a 10.000 aminoá-


cidos em sequência que formam uma estrutura tridimensional única, a qual de-
terminará sua função. Por exemplo, a hemoglobina (proteína presente no sangue
e envolvida no transporte de oxigênio) é formada por uma cadeia de 300 amino-
ácidos, enquanto o colágeno (proteína encontrada na pele, ossos e tendões) é
formado por uma cadeia de aproximadamente 1.000 aminoácidos.

Aminoácidos: os famosos blocos construtores

Embora mais de 300 aminoácidos te-


nham sido descritos na natureza, ape-
nas 20 deles são comumente encon-
trados como constituintes de proteínas
em mamíferos e utilizados para a sínte-
se de proteínas (processo por meio do
qual as células produzem novas pro-
teínas, como hormônios, neurotrans-
missores e músculos, por exemplo).
Outros aminoácidos podem existir na
alimentação e no nosso organismo e
desempenhar diferentes funções, mas
não são utilizados para a síntese pro-
teica, como a taurina, citrulina e outros.
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Dos 20 aminoácidos presentes nas Bebês prematuros, por exemplo, não


proteínas, 9 não podem ser produzi- são capazes de sintetizar arginina em
dos pelo organismo humano e preci- quantidades suficientes e precisam
sam ser ingeridos através da alimenta- ingerir este aminoácido através da ali-
ção – são os chamados aminoácidos mentação – durante essa fase, portan-
essenciais. Os demais 11 podem ser to, a arginina passa a ser considerada
sintetizados a partir dos esqueletos de essencial.
carbono fornecidos pelo catabolismo
A estrutura química de um aminoáci-
dos carboidratos e gorduras, conheci-
do é composta por um átomo central
dos como aminoácidos não essenciais.
de carbono (C), envolto por 4 partes:
Curiosamente, aminoácidos não es- um grupo carboxila (COOH), que con-
senciais podem se tornar essenciais fere seu caráter ácido; um grupo ami-
em algumas situações críticas ou de na (NH2), que contém nitrogênio; um
doença, nas quais o organismo fica limi- átomo de hidrogênio (H); e uma cadeia
tado para produzi-los em quantidades lateral, que é o componente variável de
necessárias para os processos fisioló- um aminoácido e determina sua identi-
gicos. Nesta situação, estes são classi- dade e propriedades específicas. A Fi-
ficados como aminoácidos condicio- gura 4.2 ilustra a estrutura química de
naomente essenciais. um aminoácido.

Figura 4.2 – Representação da estrutura de um aminoácido

H
H OH
Grupo amino

Grupo R
N C C
Grupo carboxilla
H O
R

Fonte: elaborado pelo autor.


Nota: o grupo R é variável e determina as propriedades específicas de cada aminoácido.
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Entre os aminoácidos essenciais, 3 deles recebem maior atenção pelo seu pa-
pel no metabolismo muscular e formam uma categoria especial, sendo denomi-
nados como “aminoácidos de cadeia ramificada” ou, do inglês BCAA (Branched-
Chain Amino Acids).

Estes diferem dos demais por possuírem uma estrutura molecular particular
que influencia suas propriedades físicas e funcionais (uma cadeia lateral “rami-
ficada”, diferente dos demais aminoácidos que possuem cadeias laterais mais
lineares ou complexas).

Os BCAA são metabolizados principalmente nos músculos (e não no fígado


como os outros aminoácidos), onde podem ser utilizados como energia e pos-
suem um papel mais direto na regulação da manutenção e do crescimento mus-
cular. A Tabela 4.1 apresenta os aminoácidos pertencentes a cada uma das ca-
tegorias mencionadas.

Tabela 4.1 – Aminoácidos envolvidos na síntese de proteínas e suas classificações

Aminoácidos essenciais
Fenilananina, histidina, isoleucina*, leuci-
(também chamados de indispensáveis):
na*, lisina, metionina, treonina, triptofano,
não podem ser sintetizados pelo organismo e
valina*.
devem ser obtidos através da alimentação.

Aminoácidos condicionalmente essenciais:


podem ser sintetizados pelo organismo em Arginina, cisteína, glicina, glutamina, proli-
condições normais, porém em determinadas
situações precisam ser obtidos através da na, tirosina.
alimentação.

Aminoácidos não essenciais (também cha-


mados de dispensáveis): podem ser sinte- Ácido aspártico, ácido glutâmico, alanina,
tizados pelo organismo e não é essencial asparagina, serina.
ingeri-los através da alimentação.

Fonte: elaborado pelo autor.


Nota: os aminoácidos destacados com (*) são os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA).
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Metabolismo proteico

A digestão das proteínas começa de sintetizando novas delas, processo


maneira mecânica na boca e continua, que é chamado de turnover proteico.
agora de forma enzimática, no estôma- Algumas proteínas possuem uma vida
go, onde são quebradas em partículas bastante curta, de poucas horas, como
menores (polipeptídeos). Depois, no algumas enzimas, enquanto outras
intestino delgado, enzimas chamadas podem permanecer no organismo por
de proteases digerem as proteínas até cerca de cem dias, como a hemoglobi-
aminoácidos e peptídeos compostos na, ou até um ano, como o colágeno.
por 2 a 8 aminoácidos.
Para sintetizar novas proteínas, o or-
Os enterócitos (células do intestino) ganismo utiliza tanto os aminoácidos
somente conseguem absorver ami- recém ingeridos através da alimenta-
noácidos livres, dipeptídeos e tripep- ção, quanto aqueles resultantes da de-
tídeos. Uma vez absorvidos, cerca de gradação das antigas proteínas, que
50% dos aminoácidos são utilizados permanecem disponíveis nos chama-
pelo próprio intestino para a produção dos pools (conjuntos) de aminoáci-
de energia e síntese proteica local, en- dos, pequenos reservatórios destes
quanto o restante (~50%) é transpor- elementos no sangue, nos fluídos extra
tado até o fígado [2], onde parte será e intracelulares e em alguns tecidos,
utilizada e parte será distribuída atra- como os músculos.
vés da corrente sanguínea para que se-
Um equilíbrio do turnover proteico
jam usados para a síntese proteica em
é essencial para manter a saúde e a
outros tecidos e órgãos, inclusive nos
funcionalidade celular, além de ser vi-
músculos, como será abordado adian-
tal para processos biológicos como
te [1].
o crescimento, a regeneração e a res-
As proteínas corporais possuem uma posta a estímulos do ambiente.
vida limitada e, por isso, o organismo
está a todo momento degradando e
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Além de serem utilizados para a sínte- os aminoácidos excedentes, que não


se proteica, os aminoácidos podem ser foram aproveitados para a SPM, aca-
utilizados para produzir energia (ATP), bam por serem oxidados [4]
glicose (gliconeogênese) ou corpos ce-
A fim de serem utilizados para to-
tônicos (cetogênese), quando no esta-
das as finalidades mencionadas, os
do de jejum ou em dietas restritas em
aminoácidos precisam ter o seu gru-
carboidratos ou calorias, ou para a for-
po amina removido e convertido em
mação de ácidos graxos (lipogênese),
amônia (desaminação), um composto
quando em uma dieta com excesso de
que por ser tóxico é rapidamente con-
calorias e proteínas.
vertido em ureia no fígado para ser ex-
O excesso de proteínas não é utiliza- cretado pelos rins, através da urina.
do para construir mais músculos por- A Figura 4.3 apresenta os possí-
que existe um limite para a capacidade veis destinos metabólicos dos ami-
das proteínas em estimular a SPM [3] , e noácidos.
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Figura 4.3 – Possíveis destinos metabólicos dos aminoácidos.

Pool de aminoácidos

ATP

Turnover proteico Gliconeogênese Produção de ATP Formação de gordura

As proteínas estão em Os aminoácidos po- Os aminoácidos po- Os aminoácidos


constante processo dem ser utilizados dem ser usados para podem ser converti-
construção e degra- para a produção de a produção de energia dos em ácidos graxos
dação, liberando seus glicose, quando a sua quando a dieta é defi- e serem estocados
aminoácidos para o oferta for limitada. ciente em calorias. como triglicerídeos no
pool ou utilizando es- tecido adiposo, quan-
ses aminoácidos para do a ingestão calórica
a síntese proteica. for excessiva.

Uma vez no pool de aminoácidos, a maior parte dos aminoácidos é utilizada


para a síntese proteica. Sob determinadas circunstâncias, os aminoácidos
podem ser utilizados para a gliconeogênese ou para a produção de energia,
ou convertidos em ácidos graxos e estocados nas células gordurosas.

Fonte: elaborado pelo autor com base em Blake, Munoz e Volpe (2013) [1] .
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EFEITOS DA NUTRIÇÃO E DO EXERCÍCIO FISICO SOBRE A


SÍNTESE PROTEICA MUSCULAR

Assim como as demais proteínas do to a ingestão proteica contribuem, de


nosso organismo, nossos músculos maneira independente e sinérgica,
também são constantemente renova- para um aumento da SPM, mas um
dos pelo processo de turnover proteico. balanço proteico positivo só pode ser
atingido através do fornecimento de
Nesse sentido, para que aumentemos
aminoácidos exógenos, através da ali-
nossa massa muscular, a formação
mentação [5].
de novas proteínas musculares preci-
sa sobrepor a degradação daquelas a Estudos demonstram que além da
serem renovadas (ou reparadas). Esse quantidade de proteínas, a digestão e
conceito recebe o nome de balanço cinética de absorção [6] e a composi-
proteico, e diz respeito à razão entre ção de uma proteína [7],[8] influenciam
as taxas de síntese (SPM) e degrada- a capacidade da alimentação de esti-
ção (DPM) proteica muscular. Assim, mular a SPM. A magnitude deste es-
a capacidade de manter ou aumentar tímulo depende grandemente da con-
a massa muscular de um indivíduo de- centração de aminoácidos essenciais
pende do saldo líquido entre a SPM e no plasma, em especial a leucina, en-
DPM ao longo do tempo. Quando es- quanto ausência de um ou mais ami-
sas taxas se equivalem, a massa mus- noácidos essenciais em quantidades
cular é mantida, e diz-se que o balanço satisfatórias representa um fator limi-
proteico é neutro. O ganho de massa tante dele. Também é sabido que a ida-
muscular (hipertrofia), por sua vez, so- de e o tipo de treinamento influenciam
mente é possível quando o balanço pro- na resposta da SPM [9] , maior entre
teico é positivo, enquanto um balanço os jovens e após o treinamento com
proteico negativo leva, naturalmente, a pesos.
uma perda de massa muscular.
Em síntese, a construção de massa
Tanto o treinamento com pesos quan- muscular depende de um estímulo pro-
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vocado pelo exercício físico e da oferta de proteínas em quantidades satisfató-


rias para garantir um balanço proteico positivo. Os efeitos da fonte, a quantidade
de proteínas ideal para garantir a manutenção ou o aumento da massa muscular,
bem como a potencial influência do seu fracionamento ao longo do dia serão
discutidos a seguir.

Efeitos da fonte proteica sobre o balanço proteico

Sabe-se que a elevação da SPM é altas digestibilidade e biodisponibilida-


amplamente dependente do aumento de [15]. De fato, a maior parte do que
da concentração de aminoácidos es- se sabe hoje em relação aos efeitos da
senciais circulantes, em particular da dose e distribuição proteica é decor-
leucina, no estado pós-prandial (que se rente de estudos realizados com prote-
segue a uma refeição). Desta forma, ínas de origem animal [16].
uma vez que fontes proteicas vegetais
Em contraste, muito poucos estudos
e animais apresentam aminogramas
com proteínas de origem vegetal fo-
distintos (em especial no que diz res-
ram realizados. Ainda assim, a maioria
peito à concentração de aminoácidos
dos trabalhos mostra que estas prote-
essenciais), é razoável assumir que a
ínas possuem uma capacidade menor
resposta de estimulação da SPM tam-
de estimular a SPM, a qual tem sido, de
bém varie em função da ingestão de
maneira genérica, atribuída a dois prin-
fontes proteicas diferentes.
cipais fatores:
Em concordância com o exposto, di-
versos estudos já demonstram que 1. Uma menor digestibilidade, decorrente
da presença da fatores antinutricionais
proteínas de origem animal são capa-
nos alimentos de origem vegetal.
zes de estimular significativamente a
SPM após o exercício [10],[11],[12] . Este
efeito é atribuído ao seu elevado con- 2. A um menor conteúdo total de aminoá-
cidos essenciais, em especial a leucina,
teúdo de aminoácidos essenciais [13], ou a menor oferta de um aminoácido
sobretudo de leucina [14], além de suas específico, como a lisina ou metionina.
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É importante destacar que essas su- como proteína de soja [19] , batata [20],
postas limitações podem ser facilmen- milho [21], trigo [22], diferentes blends
te superadas. Por exemplo, o simples proteicos [21], [22] ou até mesmo pro-
processamento caseiro, como o de- teínas derivadas de fungos, como a
molho e a cocção (normalmente rea- micoproteina [23] , em comparação a
lizados no preparo das leguminosas proteínas do leite (whey ou caseína).
e detalhado no quadro “Otimizando a
digestibilidade e a biodisponibilida-
Estas informações sugerem
de de nutrientes das leguminosas”,
que uma vez que a quantidade
ou industrial, como a extrusão (proces-
de proteínas é elevada o
so utilizado na produção das proteínas
suficiente, sem que falte
texturizadas de soja e ervilha) e a puri- qualquer aminoácido essencial,
ficação para a produção de proteínas as diferenças entre as proteínas
isoladas em pó, atenua ou remove, de origem animal e vegetal
por completo, a presença de fatores deixam de ser relevantes.
antinutricionais e melhora a absorção
e biodisponibilidade das proteínas ve- Dois estudos clínicos importantes
getais. reforçam essa hipótese. Estes foram
Já a combinação de alimentos ou a os primeiros a avaliarem os efeitos da
fortificação do alimento em questão, ingestão de proteínas exclusivamen-
conforme o caso, seria capaz de lidar te de origem vegetal, em comparação
com a menor oferta de algum aminoá- a dietas mistas, sobre as adaptações
cido específico nas proteínas vegetais. ao exercício em praticantes de mus-
culação. O primeiro deles foi realizado
De fato, apesar de boa parte dos estu-
pelo Grupo de Pesquisa em Fisiologia
dos sugerirem uma superioridade das
Aplicada e Nutrição, da Universidade
proteínas de origem animal [1], [17],
de São Paulo, que avaliou os efeitos
[18], outros estudos recentes têm con-
da fonte proteica (exclusivamente de
traposto estes resultados mostrando
origem vegetal ou mista) sobre as mu-
efeitos similares entre fontes vegetais,
danças na massa muscular e força in-
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duzidas pelo treinamento com pesos menor no grupo que seguiu a dieta
em homens jovens. vegana.

A pesquisa em questão foi realizada Esses dados corroboram a ideia


com [38] indivíduos divididos em dois do efeito de saturação da resposta
grupos, um deles composto por vega- anabólica em função da ingestão de
nos há pelo menos um ano, e o outro proteínas e aminoácidos essenciais.
por onívoros, ambos submetidos a Assim, mesmo que o grupo vegano te-
treinamento de musculação duas ve- nha tido valores ligeiramente menores
zes na semana durante 12 semanas. de aminoácidos essenciais e leucina
em comparação aos onívoros, estes
Os participantes tiveram sua alimen-
já eram ótimos e, portanto, suficientes
tação habitual complementada por
para induzir uma resposta anabólica
suplementos proteicos em pó, de soja
máxima nos participantes.
ou whey, de forma a atingirem a inges-
tão diária de 1,6 g/kg/dia, e foram ava- O segundo estudo foi realizado com
liados em relação ao ganho de força e metodologia e objetivos semelhantes.
massa muscular através de diferentes Os participantes atingiram um consu-
métodos micro e macroscópicos. mo proteico equivalente a 1,8 g/kg/
dia a partir da inclusão de produtos
Os autores concluíram que dietas
substitutos de carne feitos com mico-
veganas ricas em proteínas são igual-
proteína (derivada de fungos) ou leite
mente efetivas às dietas onívoras de
e carnes em seus cardápios.
igual teor proteico em dar suporte
às adaptações musculares ao treina- Cabe ressaltar que, neste estudo, am-
mento de força [24]. bos os grupos foram suplementados
com creatina. Os autores chegaram a
É interessante observar que os ga-
uma conclusão bastante semelhante
nhos de massa muscular e força fo-
ao observarem ganhos musculares si-
ram semelhantes entre os grupos,
milares entre as duas dietas [25] .
mesmo considerando que a ingestão
de aminoácidos essenciais, leucina,
lisina, metionina e BCAA tenha sido
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É importante destacar que os resultados destes estudos não podem ser extra-
polados para outras populações e que, sobretudo entre idosos e aqueles acome-
tidos por qualquer condição que comprometa a massa muscular ou a capacida-
de de construí-la, o potencial anabólico das diferentes fontes proteicas deve ser
discutido considerando as particularidades pertinentes. Além disso, as poten-
ciais consequências do manejo dietético necessário para atingir a quantidade
proteica desejada (como o aumento do volume de comida e de fibras) precisam
ser avaliadas individualmente.

Em conclusão, os estudos clínicos mais recentes


apontam que, no contexto de uma dieta com fontes
variadas de alimentos e satisfatória em proteínas,
como é recomendado que seja planejada a
alimentação do atleta, não há razões para acreditar
que uma dieta vegana seja menos eficaz
em proporcionar o ganho de força e massa
muscular do que uma dieta onívora.

RECOMENDAÇÕES DE INGESTÃO DE PROTEÍNAS

Atletas e praticantes de atividades celulares provocadas pelo exercício e


físicas demandam a ingestão de estimular a síntese de enzimas e ou-
mais proteínas diariamente do que tras proteínas nas mitocôndrias (res-
indivíduos sedentários. A razão para ponsáveis pela produção de energia
isso é que uma quantidade maior de dentro das células). Isso é valido tan-
aminoácidos é necessária para pro- to para os esportes de força quanto
mover a SPM, reparar as microlesões de endurance.
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A ingestão insuficiente de calorias e durante restrição calórica, através


carboidratos também aumenta as ne- de um planejamento alimentar que
cessidades proteicas, uma vez que a proporcione uma ingestão regular de
ausência de energia provoca a degra- quantidades moderadas de proteínas
dação de proteínas para a formação de alta qualidade ao longo do dia e
de glicose a partir dos aminoácidos após as sessões de treinamento in-
(gliconeogênese). Por essa razão, tenso, sem definir uma quantidade
durante o exercício prolongado, os ideal para cada uma dessas refei-
atletas com baixos estoques de gli- ções, o que dependerá da rotina de
cogênio chegam a consumir o dobro treinamento e do planejamento ali-
de proteínas. Portanto, a depender da mentar de cada um.
situação, a ingestão de carboidratos
Este mesmo posicionamento suge-
antes ou durante o exercício, ou o au-
mento da ingestão total de proteínas re que não mais se defina as reco-
na dieta, pode ser necessário para mendações de proteínas de forma
prevenir uma queda no desempenho estática com base em uma catego-
e a perda de massa muscular (o ca- rização entre esportes de endurance
pítulo 6 detalha as necessidades pro- ou de força, mas que, ao invés disso,
teicas para hipertrofia e durante o se considere o contexto maior em
emagrecimento). que o indivíduo está inserido, obser-
O último posicionamento publicado vando a fase de sua periodização de
pela American College of Sports Medi- treinamento (fases mais intensas de
cine (ACSM) em conjunto com a Aca- treinamento demandam maior apor-
demy of Nutrition and Dietetics (AND) e te proteico), seus objetivos (mais pro-
a Dietitians of Canada (DC) (2016)[26] teína é necessária para o ganho de
sobre nutrição e performance atléti- massa muscular do que para a sua
ca recomenda que os atletas ingiram manutenção), necessidades energé-
diariamente entre 1,2-2 gramas de ticas (quando em déficit calórico as
proteínas por quilograma de peso cor- necessidades proteicas são superio-
poral, podendo aumentar essa quan- res) e de outros nutrientes, além das
tidade por períodos curtos em que o preferências alimentares [26].
treinamento esteja mais intenso ou
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Apesar desta recomendação, é inte- fiança verificado foi de 1,03-2,2 g/kg/


ressante observar os achados dos es- dia, o que demonstra que a necessida-
tudos que avaliaram as principais mo- de proteica individual pode variar gran-
dalidades de treinamento aos quais os demente entre os indivíduos. Por esta
atletas são mais comumente submeti- razão, os autores do trabalho sugerem
dos: endurance e força. No caso do trei- como prudente consumir o valor mais
namento de endurance, já foi sugerido alto (2,2 g/kg) quando o objetivo for
anteriormente que não mais do que 1,6 construir massa muscular [28].
g/kg/dia de proteínas fossem necessá-
Em relação ao fracionamento da in-
rias para atletas de elite nestas modali-
gestão proteica ao longo do dia, estu-
dades [27] , enquanto um estudo mais
dos mais recentes que investigaram o
recente, que avaliou as necessidades
estímulo da SPM resultante da inges-
proteicas de corredores durante 3 dias
tão de diferentes teores de proteína por
de treinos controlados, confirmou uma
refeição indicam que a quantidade de
necessidade média semelhante ou li-
~0,25-0,4 g/kg por refeição parece esti-
geiramente superior, de 1,6-1,8 g/kg/
mular a SPM ao máximo [4],[29],[30],[31]
4,29,30,31.
dia, quando 35 km de corrida foram
percorridos ao longo de 3 dias ou 20 Não é possível, entretanto, determinar
km foram percorridos em uma sessão uma quantidade definitiva de proteínas
única, respectivamente. que deva ser ingerida a cada refeição
para todos, pois isto dependerá das
Em relação aos indivíduos submeti-
necessidades diárias do atleta e em
dos ao treinamento de força, uma re-
quantas refeições se pretende dividir
cente meta-análise e revisão sistemáti-
este total proteico. Não é necessário
ca que analisou 42 estudos com mais
que todas as refeições ofertem proteí-
de 700 participantes demonstrou a
resposta hipertrófica não está associa- nas, tampouco que a quantidade inte-
da a maiores ganhos de massa mus- gral seja distribuída de maneira unifor-
cular quando a ingestão proteica foi me em cada uma delas, o que seria,
maior do que 1,6 g/kg/dia. Cabe des- inclusive, incoerente com a rotina de
tacar, contudo, que o intervalo de con- treinamento de muitos atletas.
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A Tabela 4.1 apresenta exemplos de O atleta de fisiculturismo, por sua


distribuição proteica para um dia de vez, realiza 5 refeições com quantida-
alimentação de atletas de diferentes des idênticas de proteínas em todas,
modalidades. Analisando estas infor- o que representa o mínimo de refei-
mações é possível verificar que o atle- ções necessárias para que atinja suas
ta de vôlei divide a ingestão total de necessidades proteicas diárias sem
proteínas em seis principais refeições, extrapolar a recomendação de inges-
enquanto o atleta de triatlo o faz em tão ótima em cada uma delas. Estes
apenas quatro, e que uma quantidade exemplos demonstram que é possível
maior de proteínas é oferecida após atingir as necessidades diárias totais
os treinos de musculação e/ou mais de proteína e distribuí-la de maneira
desgastantes, enquanto as refeições ótima e de diferentes formas enquan-
pré e intra-treino entregam nenhuma to se respeita a rotina e a individuali-
ou muito pouca proteína. dade dos atletas.
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Tabela 4.1 - Distribuição proteica para um dia de alimentação de atletas de diferentes modalidades

Triatlo Fisiculturismo Vôlei


(60,7 kg) (113,5 kg) (70 kg)
REF.
Ingestão proteica total: Ingestão proteica total: Ingestão proteica total:
80 g (1,3 g/kg) 250 g (2,2 g/kg) 125 g (1,8 g/kg)

1 Pré-treino I (Corrida) Desjejum Desjejum

Proteína 15 g (0,25 g/kg) 50 g (0,4 g/kg) 20 g (0,3 g/kg)

2 Intra-treino I Almoço Pré-treino I (Musculação)

Proteína - 50 g (0,4 g/kg) 15 g (0,2 g/kg)

3 Pós-treino I Pré-treino (Musculação) Pós-treino I (Musculação)

Proteína 25 g (0,4 g/kg) 50 g (0,4 g/kg) 30 g (0,4 g/kg)

4 Pré-treino II (Natação) Pós-treino (Musculação) Pré-treino II (Quadra)

Proteína - 50 g (0,4 g/kg) 15 g (0,2 g/kg)

5 Pós-treino II Ceia Intra-treino II (Quadra)

Proteína 25 g (0,4 g/kg) 50 g (0,4 g/kg) -

6 Ceia - Pós-treino II (Quadra)

Proteína 15 g (0,25 g/kg) - 30 g (0,4 g/kg)

7 - - Ceia

Proteína - - 15 g (0,2 g/kg)

Fonte: elaborado pelo autor.


Notas: Apenas as refeições com uma quantidade significativa de proteínas estão descritas e os valores foram arredondados, a fim de facilitar o
entendimento das informações.
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De todo o exposto, restam as seguintes recomendações práticas que podem


ser feitas em relação à quantidade e ao fracionamento das proteínas ao longo
dia na dieta do atleta vegano:

• Ingerir um total diário de 1,2-2 g/kg/dia de proteínas, que deve ser


estabelecido com base no contexto individual, considerando as
necessidades energéticas totais e dos demais nutrientes, o objetivo
estabelecido, a fase da periodização de treinos e as preferências
alimentares do atleta;

• Quando o objetivo principal do atleta for a construção de massa


muscular, pode-se considerar fornecer o topo das recomendações de
proteína, que podem chegar a 2,2 g/kg/dia;

• A proteína diária deve ser fracionada em 3 a 6 refeições que


ofertem de 0,25-0,4 g/kg cada, de acordo com a rotina individual,
sem que seja necessário um fracionamento idêntico entre elas;

• Todos os aminoácidos essenciais devem ser consumidos em


quantidades satisfatórias em cada uma das principais refeições
proteicas a fim de maximizar a SPM, através da combinação de
alimentos ou do aumento da ingestão proteica total, seja com alimentos
ou com suplementos proteicos em pó.
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ATINGINDO AS NECESSIDADES PROTEICAS ATRAVÉS


DAS PLANTAS
As proteínas estão distribuídas em
diferentes grupos alimentares no reino
vegetal que apresentam não apenas
perfis de aminoácidos variados, como
também diferentes teores proteicos e
matrizes alimentares que podem ser
bastante distintas entre si. As oleagi-
nosas, por exemplo, oferecem as pro-
teínas acompanhadas de uma maior
quantidade de gorduras, enquanto as
leguminosas o fazem oferecendo uma
quantidade maior de carboidratos, o
que naturalmente implica em diferen-
ças na oferta de calorias em uma mes-
ma porção. Outra forma de observar
estas diferenças é comparar quanto do
total calórico de cada grupo alimentar
é composto por proteínas.

Estas características dos alimentos Parar facilitar o entendimento, ob-


de origem vegetal exigem um olhar di- serve a Tabela 4.2 e os apontamen-
ferente para o planejamento nutricional tos que podem ser feitos a partir dos
e de cardápios em uma dieta vegeta- seus dados a respeito da composição
riana em relação àquele que é habitual proteica dos diferentes grupos alimen-
no caso de uma dieta onívora, em que tares. A tabela foi elaborada com base
as principais fontes proteicas se dife- na média das informações nutricionais
rem em menor grau no seu conteúdo dos principais alimentos integrantes
nutricional e teor proteico. de cada grupo alimentar:
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Tabela 4.2 – Composição proteica média dos principais alimentos integrantes dos diferentes grupos
alimentares e percentual de proteínas em relação às calorias totais, ordenados em relação à quantida-
de de proteínas por 100 g dos alimentos.

Contribuição calórica
Grupo Alimentar Energia (kcal) por 100 g Proteína (g) por 100 g
da proteína (%)

Derivados de soja 346 54,1 55,6

Carne bovina 203 47,5 20

Ovos 163 38,4 12,2

Queijos 292 29,71 18,7

Leite e iogurtes 71 27,37 71

Leguminosas (cruas) 355 24,7 24

Oleaginosas 606 17,8 10,5

Cereais integrais
352 12 11,4
(crus)
Cereais refinados
364 8,5 9,11
(crus)

Cogumelos 29 2,6 24,4

Verduras 24 2,1 21,7

Amiláceos 94 1,7 5,73

Legumes 32 1,3 12,3

Fonte: elaborado pelo autor com base em Slywitch (2022) [32] .


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• Os grupos alimentares mais ricos em proteínas no reino


vegetal são: (1) os derivados de soja; (2) as leguminosas;
(3) as oleaginosas; e (4) os cereais em geral. Esses são,
portanto, os grupos que mais deverão contribuir com a oferta
de proteínas na dieta vegetariana, sobretudo dos atletas;

• Embora grande parte das calorias oferecidas pelos cogumelos


e verduras seja oriunda das proteínas, o valor absoluto
de proteínas que oferecem é muito baixo, logo esses não
são grupos alimentares considerados ricos em proteínas,
assim como os legumes e vegetais amiláceos também não;

• Enquanto as oleaginosas oferecem quantida-


des significativamente maiores de proteínas
do que os cereais, aquelas também oferecem
muito mais calorias, o que impacta o planejamento alimentar;

• Os vegetais amiláceos (como as batatas, a mandioca e o


inhame), que frequentemente ocupam o mesmo espaço que
os cereais na composição de uma refeição, são opções menos
densas em proteínas, o que também pode afetar de forma
importante o planejamento nutricional.

De posse destas informações, é pos- a sua dieta fosse composta por cere-
sível observar, ainda, que a ingestão ais, ele já estaria muito bem suprido
de proteínas em quantidades satisfa- desse nutriente. Esse é, evidentemen-
tórias por atletas que seguem dietas te, um exemplo teórico, uma vez que
com elevados valores calóricos não é uma dieta composta exclusivamente
difícil. Um atleta de 70 kg, consumindo por cereais não seria nutricionalmente
uma dieta de 3.500 calorias, por exem- equilibrada, mas que serve para des-
plo, precisaria que apenas 12,8% das mistificar a ideia de que é muito difícil
suas calorias diárias fossem oriundas obter as proteínas em uma dieta ex-
de proteínas para obter 1,6 g/kg de pro- clusiva de plantas. A adição de legumi-
teína (112 g totais, equivalentes a 448 nosas na dieta faz com que a proteína
calorias) – o que significa que se toda diária seja atingida com relativa facili-
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dade, mesmo sem suplementos protei- que acontecerá se alguma forma de


cos, no caso de atletas que consomem proteína em pó suplementar for adicio-
dietas com altos teores calóricos. nada ao planejamento alimentar, o que
pode ser de grande valia em dietas res-
De forma prática, a dieta dos atletas
tritas em calorias.
deve ser composta por uma combina-
ção de todos os grupos alimentares, A combinação dos alimentos de ori-
priorizando as leguminosas e os cere- gem vegetal mais ricos em proteína,
ais, e com as oleaginosas complemen- em diferentes proporções, permite a
tando a ingestão proteica. Quando o obtenção desse nutriente em uma am-
consumo do grupo da soja e seus de- pla faixa de necessidades. A Figura
rivados for tolerado, em especial a pro- 4.4 apresenta a quantidade de alguns
teína texturizada de soja e o tofu, a in- alimentos necessária para oferecer
gestão proteica poderá ser ainda mais 20 g de proteína, a fim de facilitar a vi-
facilmente atingida, da mesma forma sualização das porções.

Figura 4.4 – Quantidade de alimentos de origem vegetal necessária para atingir 20 g de proteína.

Edamame
cozido 165 g
Feijão cozido Grão-de-bico
225 g cozido 225 g

Tofu 300 g Ervilha cozida 340 g

20 g de
proteína
Semente de Lentilha cozida
abóbora 70 g 225 g

Proteína isolada Leite de soja


em pó de origem 690 ml
vegetal 22-30 g
PTS cozida PTS crua
115 g 40 g

Fonte: elaborado pelo autor com base na tabela SR28 da USDA de 2017 [33] , com exceção do tofu, que foi retirado da tabela TACO de 2011 [34]
[34] .
Nota: os valores apresentados estão arredondados.
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Utilizando um exemplo extremo, um mentos brasileiras, a Tabela 4.3 reúne


fisiculturista de 100 kg poderia facil- um resumo das principais fontes pro-
mente obter 0,4 g/kg de proteínas (40 teicas de origem vegetal, bem como
g) em uma refeição a partir de 225 g seu conteúdo de leucina e aminoáci-
de feijão com 115 g de proteína textu- dos de cadeia ramificada, incluindo os
rizada de soja, ou de 25 g de proteína suplementos proteicos em pó mais
em pó batida com 350 ml de bebida populares e, ainda, as informações
vegetal, sem considerar nenhum ou- nutricionais da proteína texturizada
tro alimento na refeição. de soja cozida (estimadas a partir de
Uma atleta mais leve, como uma cor- suas informações nutricionais em es-
redora de 60 kg, poderia atingir uma tado cru e considerando um fator de
excelente quantidade de proteínas em cocção de 3,0).
uma refeição composta por 100 g de
grão-de-bico e 100 g de tofu (0,3 g/kg É importante frisar que es-
– 18 g), também sem considerar os tes valores podem sofrer al-
complementos da refeição. guma variação conforme a
Para facilitar a visualização desses quantidade de água utiliza-
dados, muitos deles não disponíveis da e tempo de cozimento.
nas tabelas de composição de ali-
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Tabela 4.3 - Valor energético e teor de proteína, leucina e aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA)
em diferentes alimentos de origem vegetal (por 100 g)

Calorias Leucina
Alimento Proteína (g) BCAA (mg) Fonte
(kcal) (mg)

Proteína isolada
335 88 6.783 15.134 USDA [33]
33
de soja, pó

Proteína isolada Babault et al.


387 59,2 6.400 14.100
de ervilha, pó (2015) [35]
35
Proteína isolada
375 68,8 6.260 14.410 USDA [33]
33
de arroz, pó
Proteína texturiza- Pires et al. (2006)
350 53 7.670 14.803
da de soja, crua [36]
36

Pires et al. (2006)


Proteína texturiza- [36]
36
117 18 2.557 4.934
da de soja, cozida *com fator de correção
3,0

Tofu firme, cru 64 6,6 1.392 3.111 TACO [34]


34

Edamame, cozido 141 12 883 1.975 [33]


USDA 33

Feijão preto, grãos,


132 8,86 708 1.563 USDA [33]
33
cozido
Grão de bico, [33]
164 8,86 631 1.041 USDA 33
cozido

Lentilha, cozida 116 9 654 1.492 USDA [33]


33

Ervilha, cozida 84 5,36 320 745 USDA [33]


33

Bebida vegetal à Burke et al. (2012)


65 3,4 279 616
base de soja 37
[37]

[37] Pires et. al (2006) [36],


Fonte: elaborado pelo autor com base em Burke et al. (2012) [37], [36] Babault et. al (2015) [35],
[35] na tabela SR28 da USDA
[34]
(2017) [33] e na tabela TACO (2011) [34].
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SUPLEMENTOS PROTEICOS

Ao contrário do que muitas pessoas binadas (blends), podendo ou não se-


acreditam, os suplementos de pro- rem enriquecidas com aminoácidos
teína em pó não são superiores aos específicos.
alimentos integrais para a recupera-
No Brasil, as proteínas isoladas em pó
ção ou construção muscular, porém,
mais comercializadas são as de soja,
tampouco, são produtos destinados
ervilha, arroz e combinações de ervi-
exclusivamente ao consumo por atle-
lha com arroz, embora outras opções
tas (em especial após o treinamento,
possam ser encontradas. A opção por
como se tornou popular).
uma ou outra fonte proteica específi-
Em verdade, esses suplementos po- ca deverá respeitar, em primeiro lugar,
dem ser consumidos por qualquer indi- a tolerância individual, sobretudo na
víduo que identifique como vantajoso o existência de uma alergia alimentar e,
seu uso para a obtenção das suas ne- depois disso, as preferências de cada
cessidades diárias de proteínas. consumidor, dependendo se o custo ou
o sabor for a prioridade, por exemplo.
Estes suplementos oferecem uma
grande comodidade e podem ser con- À medida que os processos tecno-
sumidos quando fazer uma refeição lógicos de extração destas proteínas
completa não for possível ou outras evoluem, elas têm se tornado cada vez
fontes proteicas não estiverem aces- mais palatáveis e fáceis de dissolver, o
síveis. Além disso, podem ser incorpo- que representava uma queixa comum
rados em receitas para torná-las mais em relação a esses produtos, sobretu-
proteicas e saborosas. do para os consumidores habituados
com a whey protein.
Atualmente, uma grande de gama
de suplementos proteicos em pó As proteínas vegetais isoladas em
está disponível no mercado, tanto de pó são ótimas opções, inclusive,
fontes proteicas únicas quanto com- para aqueles que não toleram bem a
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proteína do leite. fabricantes populares, é possível obser-


var que a proteína de soja oferece todos
De maneira prática, é interessante
os aminoácidos em quantidades satis-
procurar por um suplemento proteico
fatórias para atender as necessidades
em pó que ofereça, no mínimo, 70%
humanas de acordo com o padrão de
de proteínas na sua composição e que
referência estabelecido pela FAO [38]
38 .
contenha mais de 6,6 g de aminoácidos
essenciais e 3 gramas de BCAA (1,4 g Por outro lado, a proteína de arroz ofe-
de leucina) em uma dose de 24 g de rece uma quantidade inferior à desejada
proteínas. Na Tabela 4.4, onde consta de lisina, enquanto a proteína de ervilha
o aminograma das proteínas isoladas oferece uma quantidade ligeiramente
de soja, arroz, ervilha e whey de alguns inferior à desejada de metionina

Assim, quando a proteína de arroz ou de ervilha for a de escolha, a obten-


ção dos aminoácidos essenciais em quantidades satisfatórias pode ser
alcançada de diferentes maneiras:

1. Simplesmente aumentando a dose da proteína em pó escolhida,


o que representa uma boa solução para aqueles que consomem
maiores quantidades de proteínas por refeição;

Combinando duas fontes de proteínas em pó, que poderiam ser


2. as proteínas de arroz com ervilha, ou qualquer uma destas duas
com a proteína de soja;

3. Ou, ainda, batendo a proteína de arroz ou de ervilha com uma


bebida vegetal de soja, ou as misturando com outros alimentos
proteicos, como as oleaginosas, em uma receita ou refeição.
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É importante observar que a composição desses produtos pode variar gran-


demente entre os fabricantes e que, como mencionado, as proteínas isoladas
podem ser enriquecidas com qualquer aminoácido que esteja presente em me-
nor quantidade, e que fontes proteicas diferentes podem ser combinadas a fim
de ofertar um perfil de aminoácidos ótimo, comparável ou até mesmo superior
às proteínas de origem animal, como em uma formulação patenteada de pro-
teína de ervilha em pó enriquecida com levedura nutricional e BCAA utilizada
em um estudo recente [39] (que logo deverá estar disponível no mercado), cujo
conteúdo de aminoácidos essenciais, BCAA e leucina se equipararam, todos,
aos da whey protein.

Tabela 4.4 – Quantidade de aminoácidos essenciais (mg) em proteínas isoladas de soja, arroz, ervilha
e whey, para porção de 24 gramas de proteína em comparação com o padrão de referência de ingestão
de aminoácidos para adultos da FAO (2007).

Proteína
Proteína
AAE Proteína concen- Whey
concentra-
mg/24 g de PTN isolada de trada de concen- FAO (2007) [38]
38
da de arroz
soja ervilha trado
(80%)
(80%)

Leucina 1.628 1.489 1.968 2.016 1.416


Isoleucina 1.021 811 1.128 1.176 720
Valina 984 1.073 1.200 1.032 936

Total de BCAA (g) 3.632 3.373 4.296 4.320 3.072

Histidina 553 408 600 288 360


Lisina 1.278 509 1.704 1.752 1.080
Metionina+cisteína 522 936 504 936 528
Fenilalanina+tirosina 1.876 2.477 2.232 1.080 912
Treonina 753 672 912 1.416 552
Triptofano 268 269 240 216 144

Total de AAE (g) 8.882 8.644 10.488 10.008 6.648

Fonte: elaborado pelo autor com base em Kalman (2014) [40] (proteína isolada de soja e concentrada de arroz), nos fabricantes Nutralys (proteí-
na concentrado de ervilha) e Avonlac (whey protein) e nas recomendações da FAO (2007) [38].
[38]
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CONCLUSÃO

À medida que cresce globalmente o dos demais macronutrientes, de fibras


interesse pelo consumo de proteínas e de todos os micronutrientes. Os su-
de origem vegetal, tanto por questões plementos de proteína isolada em pó
de sustentabilidade quanto de saúde e podem ser utilizados para facilitar a
ética animal, sobretudo, mais estudos obtenção das necessidades proteicas
têm sido realizados para melhor com- totais em todos os casos em que isto
preender as características dessas não puder ser feito exclusivamente
proteínas e os efeitos do seu consumo através da alimentação, com o bene-
sobre a saúde humana e o desempe- fício de poderem ser transportadas,
nho. De acordo com o que se sabe até ingeridas e digeridas de forma fácil, o
agora, as proteínas de origem vegetal que é especialmente relevante no con-
são capazes de contribuir para a saúde texto de uma rotina com múltiplas ses-
geral e para a recuperação e constru- sões de treinamento ao dia.
ção muscular de forma similar às pro-
Em virtude da variada composi-
teínas de origem animal, contanto que
ção nutricional e densidade calórica
sejam ingeridas em quantidades satis-
dos alimentos ricos em proteína no
fatórias e a partir de fontes variadas.
reino vegetal, é preciso que a escolha
Na dieta vegana, as proteínas po- dos alimentos que irão compor a dieta
dem ser obtidas principalmente a partir seja feita de forma a oferecer a quan-
das leguminosas, com destaque para tidade de proteínas desejada através
os derivados da soja que oferecem a de um volume de alimentos que seja
maior concentração desse nutriente, e satisfatório para promover sacieda-
das oleaginosas e cereais, em combi- de, mas sem se tornar exagerado a
nação com os demais grupos alimen- ponto de comprometer a capacidade
tares para a composição de uma dieta de consumi-los ou provocar qualquer
variada e completa, capaz de oferecer, desconforto gastrointestinal, e ainda
também, quantidades satisfatórias ofertar os carboidratos e gorduras em
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quantidades adequadas, respeitando atletas não é justificada e não deve im-


as necessidades calóricas individuais. pedir que aqueles que desejam reduzir
Estes objetivos podem ser alcançados ou excluir os alimentos de origem ani-
de muitas formas diferentes, conforme mal da alimentação o façam.
a rotina, disponibilidade de alimentos e
É papel de todo profissional de saú-
preferências dos atletas.
de bem informar e educar sobre esta
Ao contrário do que ainda se afir- questão, e dos nutricionistas, em es-
ma em diversos círculos, a preocupa- pecial, elaborar estratégias que sejam
ção com a suposta qualidade inferior capazes de facilitar a adesão à dieta
das proteínas de origem vegetal e a di- e promover o máximo desempenho
ficuldade ou impossibilidade de se ob- para os atletas sob seus cuidados,
ter esse nutriente em quantidade sufi- com base nas estratégias expostas
ciente para atender as demandas dos neste capítulo.
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Modernizando o termo qualidade proteica

A afirmação de que as proteínas de que pudessem ser tomadas medidas


origem vegetal são de baixa qualidade para garantir uma alimentação satis-
é, possivelmente, uma das alegações fatória para toda a população mundial,
mais mal compreendidas no contexto considerando o seu aumento iminente
das discussões que envolvem a ade- e a crescente escassez dos recursos
quação da alimentação vegetariana naturais do planeta [41]
41 .
para os seres humanos.
De maneira prática, o entendimento
Especialmente no âmbito do esporte, mais preciso das necessidades huma-
meio em que este nutriente recebe ain- nas de ingestão de proteínas permite
da mais destaque, esta visão limitada o planejamento de políticas públicas
promove um efeito altamente desen- eficazes de combate à desnutrição e
corajador em relação à adoção de uma distribuição de terras, a formulação
dieta à base de plantas. É importante, de dietas adequadas para o tratamen-
portanto, esclarecer de que maneira to de diferentes condições de saúde e
a qualidade proteica é avaliada atual- o desenvolvimento de produtos mais
mente e quais são as suas aplicações nutritivos, bem como a regulamenta-
e limitações. ção da rotulagem destes, de forma a
permitir escolhas mais bem informa-
Em primeiro lugar, é preciso saber
das pelos consumidores.
que a iniciativa de padronizar um mé-
todo de avaliar a qualidade proteica e Diante do cenário atual, todavia, em
estimular o seu aprimoramento ao lon- que grande parte das nações foi ca-
go dos anos foi capitaneada pela FAO/ paz de reduzir a desnutrição proteica
WHO, com o objetivo de melhor com- a níveis muito baixos, que as doenças
preender as verdadeiras necessidades crônicas não transmissíveis (DCNT) se
proteicas dos seres humanos, a fim de tornaram as responsáveis pelo maior
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número de mortes relacionadas à ali- daquilo que se pretendia melhorar: a


mentação no planeta e que medidas saúde das pessoas e de todo o ecos-
para a redução dos danos ambientais sistema terrestre.
se tornaram urgentes, a validade da Este quadro descreve os principais
aplicação do conceito de qualidade métodos de avaliação da qualidade
proteica, como é entendido hoje, têm proteica conhecidos e utilizados, bem
sido amplamente questionada, justa- como as suas aplicações e limitações
mente porque seu emprego pode es- e, finalmente, discute a importância da
tar contribuindo para a deterioração modernização deste termo.

Métodos de avaliação da qualidade proteica

Ao longo dos anos, uma série de metodologias foram desenvolvidas para ava-
liar a qualidade proteica, dentre elas: o escore químico (EQ), a taxa de eficiência
proteica (Protein Efficiency Ratio – PER), o saldo de utilização proteica (Net Protein
Utilization – NPU), o valor biológico (Biological Value - VB), a digestibilidade proteica
corrigida pelo escore de aminoácidos (Protein Digestibility-corrected Amino Acid
Score – PDCAAS) e o escore de aminoácidos indispensáveis digeríveis (Digestible
Indispensable Amino Acid Score – DIAAS). Esses métodos foram evoluindo à me-
dida que suas limitações foram identificadas e capazes de serem solucionadas
ou, ao menos, atenuadas.

Atualmente, os métodos PDCAAS e mais popular entre os entusiastas do


DIAAS são os mais amplamente em- mundo fitness e, curiosamente, tam-
pregados, embora alguns países ainda bém entre profissionais, nunca foi um
considerem o PER em suas regulamen- método adotado pela FAO/WHO para
tações de alimentos. É digno de nota regular a qualidade das proteínas, dado
que o Valor Biológico, que ao longo dos que sua aplicação é extremamente li-
anos se tornou o método de referência mitada, sobretudo no contexto de uma
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dieta mista e satisfatória em calorias, conforme descrito na Tabela 4.1, que resu-
me as características e limitações dos métodos de avaliação das proteínas mais
conhecidos.

Limitações e desafios na avaliação da qualidade proteica

O desenvolvimento de metodologias Os métodos mais recentes de avalia-


para a avaliação da qualidade protei- ção da qualidade proteica (PDCAAS e
ca enfrenta, até hoje, barreiras éticas, DIAAS) são baseados no perfil de ami-
técnicas e econômicas que dificultam noácidos e na digestibilidade e biodis-
a realização de estudos em humanos ponibilidade de uma proteína.
e a obtenção de dados confiáveis. Por
O perfil de aminoácidos de uma pro-
esta razão, historicamente, diferentes
teína diz respeito à quantidade de cada
modelos animais foram e continuam
aminoácido que ela oferta. Uma prote-
sendo utilizados para esta finalidade
ína que ofereça os nove aminoácidos
(sobretudo ratos, frangos e porcos),
essenciais em quantidades satisfató-
embora sejam realizados, também, ex-
rias para suprir as necessidades do or-
perimentos com humanos.
ganismo é considerada “completa”, en-
Do ponto de vista técnico, considera- quanto aquela que oferece pelo menos
-se que a avaliação do valor nutricional um aminoácido em quantidade inferior
de uma proteína, amplamente chama- ao ideal é considerada “incompleta”.
da de “qualidade proteica”, deva refletir
O aminoácido presente em menor
a sua capacidade de satisfazer as ne-
quantidade do que o ideal em uma
cessidades metabólicas de aminoáci-
proteína é chamado de aminoácido
dos individuais e de nitrogênio ou, co-
limitante, pois, conforme se sabe, a
locado de outra forma, de atender as
ausência de ao menos um aminoáci-
demandas metabólicas para o cresci-
mento e manutenção dos tecidos cor- do essencial é capaz de limitar este
porais [41]
41 . processo.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 113

É importante destacar, aqui, um enga- Tanto a digestibilidade quanto a bio-


no frequente: o termo aminoácido limi- disponibilidade das proteínas são afe-
tante pode transmitir a ideia de que as tadas por uma série de fatores, como
proteínas vegetais são desprovidas de a estrutura da própria proteína e a pre-
algum dos aminoácidos essenciais, o sença de fibras e fatores antinutricio-
que não é verdade. O que ocorre, con- nais (inibidores de tripsina, taninos, fi-
forme dito, é que determinadas fontes tatos e outros), tipicamente presentes
de proteína vegetal possuem um ou nas matrizes dos alimentos de origem
mais aminoácidos em quantidades in- vegetal. Por essa razão, as proteínas
feriores a um padrão de referência, que de origem vegetal possuem menor di-
historicamente foi a clara do ovo, o que gestibilidade (75-80%) quando compa-
já se percebeu ser um equívoco uma radas às proteínas de origem animal
vez que este alimento oferece quanti- (90-96%) [43]
43 .
dades bastante superiores às verdadei-
Como os métodos PDCAAS e DIAAS
ras necessidades humanas, mas que
utilizam estes dois critérios para avaliar
foi posteriormente substituído por um
a qualidade das proteínas, é evidente
novo padrão determinado pela FAO/
que as limitações inerentes ao proces-
WHO [42]42.
so de avaliação de ambos impactam o
A digestibilidade e a biodisponibilida- resultado final, subestimando a quali-
de proteicas são conceitos distintos, dade das proteínas de origem vegetal
mas que se confundem. De maneira por duas razões:
simples, pode-se entender a digesti-
bilidade como o percentual da prote- 1. Não considerarem que os aminoácidos
em menor quantidade em determinados
ína ingerida que foi, de fato, digerida alimentos podem ser fornecidos pelos
outros alimentos ingeridos ao longo do
e teve seus aminoácidos absorvidos, dia.
enquanto a biodisponibilidade diz res-
peito à eficiência com que os amino-
ácidos absorvidos são utilizados pelo 2. Não submetendo os alimentos de origem
vegetal aos métodos de processamento
que aumentam a sua digestibilidade, co-
organismo para realizar as suas fun- mumente empregados de forma caseira
ções metabólicas. ou industrial.
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Em relação à avaliação do perfil de cocção, fermentação e germinação,


aminoácidos, é importante salientar normalmente não são empregadas
que não é fundamental que um único (na maior parte dos casos os animais
alimento forneça todos os aminoáci- são alimentados com farinhas cruas),
dos essenciais em quantidades ideais, quanto porque os métodos mais am-
pois dietas que ofereçam uma combi- plamente utilizados para tal, que são a
nação de diferentes fontes de alimen- digestibilidade fecal e ileal, apresentam
tos [44],[45] podem facilmente ofertar limitações significativas, que deverão
toda a quantidade desses nutrientes ser superadas com o advento da tec-
que é necessária para o crescimento nologia moderna.
humano e a manutenção da saúde em
Em conclusão, todos os métodos
todas as fases da vida [46]. Esta é uma
apresentados convergem na mesma
questão relevante apenas nas situa-
direção, apontando as proteínas de ori-
ções em que existe uma oferta limi-
gem animal como de maior qualidade,
tada de alimentos, como ainda ocorre
e apresentam limitações de diferentes
em algumas regiões mais pobres do
naturezas, pois falham em traduzir cor-
planeta, e no caso de indivíduos sub-
retamente os fatores de conversão de
metidos a uma alimentação que for-
nitrogênio em proteína entre plantas e
nece uma fonte única de proteínas,
como pode ocorrer no caso de dietas alimentos de origem animal e em de-
enterais. terminar a verdadeira digestibilidade
e biodisponibilidade dos aminoácidos;
No que diz respeito à digestibilidade
avaliam apenas uma pequena amostra
e biodisponibilidade, a sua avaliação é
dos alimentos de origem vegetal fre-
prejudicada tanto porque as técnicas
quentemente consumidos; são centra-
caseiras que são recomendas para
das em animais de crescimento rápido
melhorar o aproveitamento das pro-
teínas de origem vegetal (bem como ao invés de humanos e se restringem
de outros diversos nutrientes presen- a alimentos isolados, desconsiderando
tes nesses alimentos, como o ferro e suas matrizes alimentares e os benefí-
o zinco), como o demolho, descasque, cios à saúde associados a elas [47].
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Tabela 4.5 - Características e limitações dos métodos de avaliação das proteínas.

Método Descrição Limitações

Ratos são alimentados com a fonte pro-


teica testada e seu ganho de peso é me- Não considera a necessidade de proteínas
dido (peso ganho/quantidade de proteína para manutenção dos tecidos, que varia ao
ingerida) e comparado com aquele pro- longo da vida, mas sim para o crescimento
movido pela ingestão de uma proteína de dos animais, quando é bastante superior.
referência (normalmente a caseína).
Não permite que a qualidade das proteí-
Proteínas com um PER próximo ou supe- nas seja comparada de forma proporcio-
PER (1919) rior ao da caseína (2.5) são consideradas nal (uma proteína com PER de 2.0 não é
de alta qualidade. duas vezes superior a uma de PER 1.0, por
Nos EUA ainda é utilizado como referên- exemplo).
cia para a avaliação da qualidade pro- Não leva em consideração a digestibilida-
teica de fórmulas infantis, e no Canadá de das proteínas.
e em outros países do mundo também,
para avaliar a qualidade proteica dos ali-
mentos em geral.

É avaliado em condições de baixa oferta


de proteínas e calorias. Quando mais pro-
Mede a quantidade de N2 retida pelo or-
teínas e calorias são consumidas o VB é
ganismo em relação à quantidade con-
reduzido, tornando esta metodologia pou-
sumida, através do N2 na urina ou nas
co útil no contexto de dietas mistas e sufi-
VB fezes.
cientes em nutrientes.
(Anos 50) O valor biológico pode ser expresso de
forma percentual ou absoluta em com-
paração com uma proteína de referência Sua aplicabilidade faz mais sentido em
(ovo). condições de saúde em que a ingesta pro-
teica é baixa, como no caso de doenças
renais, ou de fontes isoladas de proteínas,
como em dietas enterais e parenterais.
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Método Descrição Limitações

É a relação do aminoácido limitante em


1 grama da proteína testada, dividido Não considera a necessidade de proteínas
por um padrão de referência (conforme para manutenção dos tecidos, que varia ao
a faixa etária). O valor resultante é multi- longo da vida, mas sim para o crescimento
plicado pela digestibilidade fecal. dos animais, quando é bastante superior.
Continua sendo o padrão adotado pela Não permite que a qualidade das proteí-
PDCAAS FAO/WHO, enquanto mais dados não nas seja comparada de forma proporcio-
(1989) estão disponíveis para a adoção do mé- nal (uma proteína com PER de 2.0 não é
todo DIAAS. duas vezes superior a uma de PER 1.0, por
É utilizado para avaliar a qualidade pro- exemplo).
teica dos alimentos nos EUA e em ou- Não leva em consideração a digestibilida-
tros países. de das proteínas.

Esse método permite o cálculo dos ami-


noácidos individualmente e fornece uma
informação mais precisa da quantidade
de aminoácidos absorvidos pelo corpo,
principalmente porque considera a di-
gestibilidade ileal, que é mais precisa.
Os valores deixam de ser truncados em
1.0 ou 100%, o que permite compreender
melhor os efeitos da combinação de dife-
rentes fontes proteicas. Ainda não se possui um grande banco de
Estabelece um novo padrão de referência: dados com os DIAAS para que este méto-
DIAAS
as necessidades humanas de 0-6 meses do seja adotado como substituto dos PD-
(2011) para bebês; 0,5 a 3 anos para crianças e CAAS em definitivo, embora a FAO/WHO já
> 3 anos para o restante da população, de tenha se posicionado, em 2013, de forma
acordo com a FAO. favorável a esta mudança futuramente.

Para fins de rotulagem, classifica a qua-


lidade das proteínas da seguinte forma:
• <75% - nenhuma alegação nutricional
pode ser feita
• 77-99% - proteína de alta qualidade
• >99% - proteína de excelente
qualidade
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Modernizando o termo qualidade proteica

Conforme visto anteriormente, as influenciar a percepção dos consumi-


alegações nutricionais sobre proteí- dores sobre o quanto ele é saudável
nas nos rótulos dos alimentos estão em geral [50]
50 .
sujeitas ao atendimento de determina-
Enquanto o termo “qualidade” sugere
dos padrões de qualidade, conforme a
superioridade, não é verdade que mui-
regulamentação de cada nação. Nos
tos dos alimentos considerados como
Estados Unidos (EUA) o método de re-
de “excelente qualidade proteica” pe-
ferência utilizado para esta finalidade
los métodos apresentados contribuam
na maior parte dos alimentos é o PD-
para a melhora da dieta e da saúde.
CAAS, enquanto no Canadá o método
PER é o escolhido; no Brasil é exigido Pelo contrário, determinados alimen-
que a proteína ofereça uma quantida- tos de origem animal que são ricos em
de mínima de aminoácidos definida na proteínas estão associados ao aumen-
legislação [48]
48 . to do risco de DCNT [51]
51 . Em contraste,
está claro que dietas ricas em proteí-
De acordo com estas métricas, em
nas de origem vegetal, especialmente
geral, as proteínas de origem animal
oleaginosas e leguminosas, promo-
tendem a ser classificadas como de
vem desfechos mais positivos em saú-
maior qualidade, enquanto em muitos
de [52],[53],[54],[55]
52,53,54,55 .
casos, mesmo os alimentos de origem
vegetal considerados como boas fon- Além disso, conforme amplamente
tes proteicas, como as leguminosas, discutido no “Para além do desem-
não podem fazer nenhuma alegação penho esportivo: por que adotar
nutricional relacionada ao seu conteú- uma dieta à base de plantas?”, a
do proteico. Isto é bastante relevante, produção de alimentos de origem
pois existe um crescente interesse no animal é extremamente taxativa para
consumo de produtos ricos em prote- o meio-ambiente, o que provoca efei-
ína [49]
49 , e as alegações sobre o con- tos diretos e indiretos sobre a saúde
teúdo proteico dos alimentos podem humana.
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Atentos a esta problemática, um gru- nentes da sua matriz alimentar, e que


po de pesquisadores dos EUA e Cana- traga à tona a temática dos impac-
dá publicou, em 2019, um artigo inti- tos das escolhas alimentares sobre o
tulado “Perspectiva: O Caso de Saúde ecossistema. O detalhe da proposta
Pública para Modernizar a Definição elaborada pelos autores está disponí-
de Qualidade Proteica” [56]
56 chamando vel no artigo original, de acesso livre.
a atenção para este debate.
Os autores destacam que existe
Os autores afirmam que a definição uma mensagem muito confusa sendo
atual do que é uma proteína de alta transmitida para a população: ao mes-
qualidade, baseada exclusivamente mo tempo em que o guia alimentar
na oferta de aminoácidos, não é mais estadunidense (Dietary Guidelines for
relevante nos EUA e em outros países, Americans) [58]
58 recomenda a ingestão
onde a deficiência proteica se tornou de “uma variedade de alimentos pro-
rara e as DCNT são as principais cau- teicos, incluindo frutos do mar, carnes
sas de mortalidade da população (as magras, ovos, leguminosas, casta-
duas principais causas de morte da po- nhas, sementes e alimentos à base de
pulação nos EUA e no Brasil são doen- soja”, e que sejam preferidos os frutos
ças isquêmicas do coração e acidente do mar, leguminosas e castanhas no
vascular cerebral) [57]
57 , e propõem o lugar de carnes vermelhas e proces-
desenvolvimento de uma nova defini- sadas, as leguminosas e castanhas
ção que ainda leve em consideração são considerados alimentos de menor
a concentração de proteínas e o per- qualidade proteica de acordo com as
fil de aminoácidos, mas que também métricas atuais, que sofrem das limi-
envolva os desfechos em saúde as- tações apontadas anteriormente.
sociados ao consumo dos alimentos
Todo este raciocínio é válido, da mes-
fonte desta proteína e o seu impacto
ma forma, em relação ao que ocorre
ambiental.
no Brasil, uma vez que o último Guia
Ou seja, uma definição que passe a Alimentar para a População Brasileira,
enxergar o alimento como um todo, de 2016, faz recomendações bastante
sem desconsiderar os demais compo- semelhantes.
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Considerando que a ingestão varia- sadas por uma má nutrição associa-


da de alimentos exclusivamente de da ao consumo excessivo de calo-
origem vegetal é totalmente capaz rias; e que a solução para os desafios
de fornecer os aminoácidos neces- relacionados à garantia de uma ali-
sários para a manutenção da saúde mentação segura para toda a po-
humana, inclusive de forma satisfa- pulação do planeta exige a redução
tória para promover o ganho de mas- do consumo de proteínas de origem
sa muscular e desempenhar em alto animal, é pertinente considerar o de-
rendimento; que a deficiência protei- senvolvimento de uma nova metodo-
ca se tornou uma questão de menor logia para classificar a qualidade das
magnitude, ainda que urgente de ser proteínas que leve em consideração
solucionada, frente às doenças cau- todos estes fatores.

Toda esta discussão faz completo sentido ao se considerar a justificativa da


própria FAO/WHO [41]
41 para que fossem investidos esforços na elaboração e apri-
moramento de metodologias de avaliação da qualidade proteica.

"À medida que a população mundial aumen-


ta rapidamente, e contra as restrições de
terras e recursos hídricos e alimentares limi-
tados, é mais importante do que nunca ser
capaz de definir com precisão a quantidade
e a qualidade da proteína necessária para
atender às necessidades nutricionais huma-
nas e descrever adequadamente a proteína
fornecida por ingredientes alimentares, ali-
mentos integrais, alimentos de fonte única e
dietas mistas (…)” –
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pois, claramente, a definição atual do que é uma proteína de qualidade falha em


contribuir para a preservação dos referidos recursos limitados, tampouco des-
creve adequadamente a proteína fornecida pelos alimentos e produtos alimentí-
cios, e pode, ainda, estimular piores escolhas alimentares.

Não é possível prever se, ou quando, a definição de qualidade proteica evoluirá


do ponto de vista regulatório, mas é possível, desde já, que este termo seja mo-
dernizado na maneira de comunicar dos profissionais de saúde, que carregam
consigo a dever ético de educar para uma vida mais saudável.
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Ultramaronista

André Nader • BR 135 (2019)


(Santo André, SP) • BR 135 (2018)

Adotou o vegetarianis- neficiar dessa mudança ou 217 km) no caminho


mo depois de ler o livro alimentar. Nessa época, da fé. Essa prova é con-
do ultramaratonista ve- em 2013, fazia acompa- siderada uma das mais
gano Scott Jurek. No nhamento com a nutri- difíceis do mundo, por
livro, o atleta comenta cionista Alessandra Lu- ser em grande altitude,
que melhorou o desem- glio e realizou a transição no meio da mata, com
penho no esporte de- para o vegetarianismo e, calor intenso e chuva.
pois de retirar a carne posteriormente, para o Atualmente, pretende
da alimentação. Como veganismo. Em 2018 e participar de outras ul-
se sentia muito sono- 2019, seguindo uma die- tramaratonas em todas
lento depois de consu- ta totalmente vegana, as ilhas do mundo que
mir carnes, pensou que participou da ultramara- tenham provas acima de
também poderia se be- tona BR 135 (135 milhas 100 km.

Barreiras

Quando iniciou a transição para o vege- Atualmente, pensa que a maior barrei-
tarianismo, há 10 anos, tinha dificuldade ra está na alimentação diária, pois não
de encontrar suplementação proteica à há fácil acesso a restaurantes com co-
base de proteína vegetal, pois não exis- mida vegana pensada para esse públi-
tiam opções no mercado. Acredita que, co, mesmo em uma cidade tão grande
hoje em dia, isso não é mais um proble- como São Paulo.
ma, visto que a indústria evoluiu muito.
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Mudanças
Sentiu melhora em vários aspectos, mas principalmente no ganho de força e
de resistência. Ao mudar a alimentação, se sentiu muito mais disposto, principal-
mente pela facilidade no processo de digestão.

Experimente! Faça mudanças sutis. Ficar um


dia sem comer carne não vai te fazer mal. Se
você não consegue ficar sem comer carne
por uma semana, comece comendo três dias
na semana e depois reduza para dois ou para
um. Sinta como seu corpo se comporta.

Ficar dois dias sem comer carne não vai te


deixar sem energia. Se estiver inseguro, pro-
cure um nutricionista vegetariano ou vegano,
que consiga te ajudar e entenda o seu propó-
sito. Temos que respeitar o planeta.

O mundo não foi dado para nós, ele foi em-


prestado pelos nossos ascendentes, para
que a gente cuide e devolva.
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5. GORDURAS
Os lipídios exercem funções varia- Óleos: são ésteres de ácidos graxos
das no organismo humano, como: que apresentam a forma líquida em
fornecimento de energia, facilitação temperatura ambiente, como aqueles
da absorção e do armazenamento de que frequentemente utilizamos para
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), cozinhar ou temperar a salada;
manutenção da estrutura da membra-
na plasmática das células e substrato
Gorduras: são ésteres de ácidos gra-
para a produção de hormônios. Eles
xos na forma sólida em temperatura
constituem um grupo de compostos
ambiente, como a gordura de coco;
com a característica comum de se-
rem insolúveis em água, embora pos-
sam apresentar estruturas químicas Ceras: ésteres de álcoois de cadeia
distintas entre si, e são divididos em longa que possuem diversas aplica-
diferentes classes, cuja nomenclatura ções industriais, porém não são con-
pode causar confusão: sumidos na alimentação.

Sob a perspectiva nutricional, os triacilgliceróis (TG), também chamados de


triglicerídeos, constituem a principal forma de gordura na dieta humana (os óle-
os e gorduras são formados por diferentes combinações deles) [1]. Os TG são
compostos por uma molécula de glicerol e três ácidos graxos, os quais podem
ser de cadeia curta, média ou longa; estes últimos muito mais frequentes na
alimentação.

Os triglicerídeos de cadeia média (TCM) são ácidos graxos saturados forma-


dos por uma sequência de 8 a 12 átomos de carbono e estão presentes no óleo
de coco, de palma e na gordura do leite [2]. Os TCM são solúveis em água e seu
processo de digestão e absorção ocorre de forma rápida, pois são transportados
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diretamente através da corrente san- classificados em insaturados (monoin-


guínea, sem a necessidade de se liga- saturados e poli-insaturados) e satura-
rem a lipoproteínas para essa finalida- dos, que promovem efeitos distintos
de [3]. Além disso, ao contrário do que no organismo.
ocorre com os TG de cadeia longa, são
A gordura saturada, presente princi-
capazes de adentrar a membrana da
palmente nos produtos de origem ani-
mitocôndria independente da ação da
mal e nos óleos tropicais (coco, palma
carnitina-palmitoil transferase (CPT), o
e dendê), está relacionada com piora
que resulta em um processo mais efi-
do perfil lipídico e da sensibilidade à in-
caz de produção de energia através da
sulina. Não há dúvidas no meio cientí-
beta-oxidação [4].
fico de que o alto consumo desse tipo
Com base nesses mecanismos, foi de gordura eleva os níveis de colesterol
proposto que a ingestão de TCM antes LDL e é fator de risco para o desenvol-
e/ou durante o exercício poderia poten- vimento de doenças cardiovasculares
cializar a produção de ATP, poupando e diabetes.
o estoque de glicogênio muscular e Por isso, diversas entidades como a
retardando a fadiga. Diversos estudos American College of Cardiology [10] , Ame-
testaram essa hipótese, combinan- rican Heart Association [11] e a American
do ou não a ingestão de TCM com a Diabetes Association [12] recomendam
de carboidratos durante atividades de que a ingestão de gordura saturada não
endurance [5],[6],[7],[8],[9], chegando seja maior que 10% do valor energético
a conclusão que a suplementação de total e, em casos de LDL elevado, esse
TCM não promove melhora no desem- valor seja menor que 5% do VET.
penho e que a contribuição energética
A gordura insaturada, por outro lado,
dos triglicerídeos e da glicose não é
exerce diversas funções fisiológicas
significativamente diferente durante o
no organismo, entre elas a formação
exercício.
de membranas celulares, desenvolvi-
Além do diferente tamanho de suas mento do sistema nervoso central e
cadeias, os ácidos graxos ainda podem produção eicosanoides que regulam
diferir no seu grau de saturação, sendo inflamação, agregação plaquetária, co-
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agulação, resposta imune e secreção lho e girassol, costumam ser ampla-


de hormônios [13]. De maneira geral, mente consumidos pela maior parte
veganos tendem a consumir menos da população, a principal fonte de ôme-
gorduras saturadas e mais gorduras ga-3, que são os peixes, é bem menos
insaturadas do que onívoros. frequente no cardápio ocidental e, por
As gorduras insaturadas são dividi- óbvio, ausente na alimentação vegeta-
das em monoinsaturadas (presentes riana. Entretanto, tal fato não parece
no azeite de oliva, óleo de canola, se- ser um problema, pois o organismo é
mentes, oleaginosas e no abacate) e capaz de sintetizar ômega-3 a partir do
poli-insaturadas. Dentre os ácidos gra- precursor ácido alfa-linolênico (ALA)
xos poli-insaturados, especial atenção presente em alimentos de origem ve-
é dada para as famílias ômega-3 (AG getal. A União Vegetariana Internacio-
n-3) e ômega-6 (AG n-6), chamados de nal (IVU) recomenda a ingestão de 2,2
ácidos graxos essenciais (AGE), pois a 4,4 g de ALA por dia para a manuten-
não podem ser sintetizados pelo orga- ção do estado nutricional do ômega-3
nismo e devem, portanto, ser ingeridos [13] . As principais fontes desse nutrien-
através da alimentação. te, assim como a quantidade necessá-
Enquanto alimentos ricos em ôme- ria para alcançar a recomendação da
ga-6, como óleos vegetais de soja, mi- IVU podem ser vistas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Principais fontes alimentares de ALA e quantidade necessária para atingir a
recomendação da IVU.

Alimento Quantidade de alimento Quantidade de ALA

Nozes 7 unidades (28 g no total) 2,5 g

Semente
2 colheres de sopa rasas (14 g no total) 3,2 g
de linhaça

Chia 1 colher de sopa cheia (15 g) 2,6 g

Óleo de
Meia colher de sopa (7 g) 3,6 g
linhaça
Fonte: tabela SR28 da USDA (2019) [14]
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A suplementação com AG n-3 com o nada (DC) (2016) [19] sobre nutrição e
intuito de melhorar o desempenho ain- performance atlética, recomenda que
da apresenta resultados bastante con- os atletas sigam as mesmas recomen-
traditórios e necessita de mais estu- dações para a população geral no que
dos para sua comprovação, ao passo diz respeitos à ingestão de gorduras
que as evidências de associação com [19] (20-35% do total energético, de
a melhora do perfil lipídico e a função acordo com o Institute of Medicine [20]
cardiovascular de indivíduos exercita- e que sejam realizados ajustes indivi-
dos já é mais proeminente [15]. Uma re- duais baseados no nível de treinamen-
visão aprofundada sobre os AG n-3 na to e objetivos individuais. Além disso,
dieta vegetariana pode ser encontrada o mesmo grupo de pesquisadores de-
no Guia de Nutrição Vegana Para Adul- sencoraja que dietas com teores me-
tos, da International Vegetarian Union nores do que 20% do total energético
(IVU) (2022) [13]. oriundo deste nutriente sejam segui-
Conhecendo a importância dos lipí- das de forma crônica, sob o risco de
dios para o corpo humano, fica claro comprometer a ingestão de vitaminas
que eliminá-los ou restringi-los de for- lipossolúveis e ômega-3.
ma severa na alimentação do atleta Diferentes estratégias de manipula-
não é inteligente, ainda que uma dieta ção do teor de gorduras na dieta sur-
vegetariana extremamente baixa em giram ao longo dos últimos anos com
gorduras (<10% do total energético) o intuito de aumentar a performance
já tenha sido proposta por autores co- através de uma maior disponibilidade
nhecidos, como Ornish [16] e Barnard ou melhora da capacidade de oxidar
[17], e tenha apresentado bons resul- ácidos graxos e consequente preser-
tados na melhora do controle glicêmi- vação do glicogênio muscular, uma vez
co e saúde cardiovascular [18]. O mais que sua depleção representa um fator
recente posicionamento da American limitante para a realização do exercício.
College of Sports Medicine (ACSM), em Dentre estas estão a elevação aguda
conjunto com a Academy of Nutrition de ácidos graxos no plasma, através da
and Dietetics (AND) e a Dietitians of Ca- ingestão ou infusão de um alto teor de
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lipídios, e a adoção de dietas hiperlipí- das como um guia, mas não impedir a
dicas e baixas em carboidratos, como elaboração de um planejamento com
a dieta cetogênica (mais detalhes no proporções diferentes entre os macro-
quadro informativo “Dietas cetogêni- nutrientes.
cas x desempenho” ).
Atletas vegetarianos devem ingerir
As evidências atuais, entretanto, não suas gorduras de fontes predominan-
comprovam a eficácia destas estraté- temente integrais, como castanhas,
gias e, embora possam existir cenários sementes e abacate, pois junto ainda
em que o alto consumo de gorduras pos- ofertam proteínas, vitaminas, mine-
sa ser benéfico ou, ao menos, não preju- rais e fitoquímicos importantes.
dicial para a performance, aparentemen-
Em provas de ultraendurance, onde
te esta prática parece piorar, ao invés de
o gasto energético é extremamente
melhorar, a flexibilidade metabólica, ao
elevado, as oleaginosas podem ser
reduzir a oferta de carboidratos e a capa-
muito úteis por fornecerem grandes
cidade do organismo de utilizá-lo como
quantidades de energia de forma den-
substrato energético [19].
sa (pouco volume, fáceis de carregar)
De forma prática, o teor de lipídios da e palatável.
dieta costuma ser ajustado em relação
O consumo de óleos, como o de oli-
aos carboidratos e às proteínas após o
va e linhaça, também pode contribuir
estabelecimento destes, a fim de se al-
para o aumento das calorias quando
cançar o total calórico planejado.
maiores volumes de comida não fo-
Cabe mencionar que, dependendo rem tolerados, além de fornecerem
das demandas individuais, muitos nutrientes importantes.
atletas serão capazes de ingerir todo
Por outro lado, os óleos de coco e de
o carboidrato e proteína necessários,
dendê devem ser evitados em virtude
enquanto a contribuição energética
dos lipídios ainda poderá ser tão ele- do alto teor de gorduras saturadas,
vada quanto 40% da ingestão calórica bem como o consumo de frituras e de
total, de tal forma que as recomenda- alimentos ultraprocessados, ricos em
ções expostas devem ser considera- gorduras trans.
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Dietas cetogênicas x desempenho

Além da dieta low-carb, também a recente revisão da literatura realizada


dieta cetogênica ganhou popularidade pela International Society of Sports Nu-
entre os praticantes de esportes, espe- trition (2017) [22]
22 sobre dietas e com-
cialmente nas modalidades de endu- posição corporal, concluiu que este
rance e entre aqueles que desejam per- tipo de dieta não oferece benefícios
der peso nos últimos anos. Este é um em relação a uma dieta não cetogêni-
tipo de dieta que força o organismo a ca quando a ingestão de proteínas e
um estado de cetose, em que a gordu- calorias são equiparadas.
ra, na forma de corpos cetônicos, pas-
Outros autores [23] 23 sugerem que
sa a ser utilizada como fonte primária
esta poderia ser alternativa de estraté-
de energia, teoricamente favorecendo
gia dietética interessante para atletas
a redução da gordura corporal, a pre-
de modalidades cujas categorias são
servação da massa magra e a melhora
por peso e que frequentemente se sub-
do desempenho [2] 2.
metem a dietas e procedimentos arris-
Para que o estado de cetose seja atin- cados para “bater o peso”, o que pode
gido (e mantido) é preciso restringir a colocar a saúde desses indivíduos em
ingestão de carboidratos a um máxi- risco e prejudicar o seu desempenho.
mo de ~50 g ou 10% do total energé-
Os potenciais efeitos e a aplicabilida-
tico, com uma ingestão moderada de
de da dieta cetogênica no esporte ou
proteínas (1,2-1,5 g/kg/dia) e o restan-
para a redução da gordura corporal
te da energia oriunda de gorduras (60-
ainda não estão bem definidos e se-
80% do total energético, dependendo
guramente mais estudos continuarão
da ingestão de carboidratos e proteí-
a explorar as possibilidades deste tipo
nas) [21]
21 .
de estratégia dietética para estes obje-
Apesar da atenção recebida, a mais tivos nos próximos anos.
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ESPORTIVA VEGANA
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No contexto de uma ali- dieta cetogênica vegana, Apesar dos resultados


mentação vegetariana, comumente chamada de positivos verificados
sobretudo quando estri- “Vegan Keto Diet” ou “Eco- neste contexto, isto não
ta, a execução de uma -Atkins”. atesta a eficácia deste
dieta cetogênica é extre- tipo de dieta sobre ou-
Estes portais, porém,
mamente dificultosa, en- tras tantas possíveis
fornecem informações
tretanto. abordagens para o ema-
que carecem de respaldo
grecimento e, de forma
Tipicamente, os alimen- científico e se baseiam,
alguma, na melhora do
tos preconizados neste em grande parte, em um
desempenho esportivo.
tipo de dieta são carnes, único estudo publicado
laticínios integrais, ovos, por Jenkins e colegas [24]
24 Em conclusão, não
óleos e vegetais e fo- que comparou os efeitos existem razões ou res-
lhas verde-escuras; em de uma dieta vegetaria- paldo científico para a
detrimento dos alimen- na estrita baixa em car- prescrição de uma dieta
boidratos (26% do total cetogênica vegetariana
tos mais recomendados
energético), mas não ce- com a finalidade de pro-
para atletas vegetaria-
togênica, com uma dieta mover o emagrecimento
nos, como grãos e frutas.
ovolactovegetariana rica ou melhorar o desempe-
Na internet é possível em carboidratos sobre nho, em detrimento das
encontrar diversos sites a perda de peso em ho- demais abordagens des-
com orientações sobre mens e mulheres com critas neste guia.
como estruturar uma sobrepeso.
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Montanhista

Gustavo Ziller
(Belo Horizonte, MG)

• 26o Brasileiro a escalar o evereste (2021)

Começou no esporte em 2015, após sofrer um burnout. No mesmo ano, ini-


ciou um projeto para a televisão, o programa “7 cumes”, e nessa época seguia
uma alimentação vegetariana.

A transição para o veganismo ocorreu durante a preparação para subir o Eve-


rest. Na ocasião, incentivado por amigos, decidiu adotar a dieta vegana, literal-
mente da noite para o dia, como uma forma de desafio pessoal e de treinar sua
capacidade mental e, assim, evoluir no esporte.

Barreiras

Considera que todo o processo de tran- um problema resolvido e afirma que nem
sição para o veganismo foi muito desa- se lembra do gosto. Acredita que o maior
fiador, por estar acostumado a comer desafio hoje é conduzir cada vez mais
doce de leite, pão de queijo e outras co- pessoas para esse processo de forma
midas típicas da região onde foi criado, orgânica e respeitando o tempo de cada
desde criança. No início sentia muita um. Uma grande vitória foi conseguir
vontade de comer esses alimentos e ti- substituir todos os laticínios da sua casa
nha dificuldade de encontrar versões ve- por análogos veganos.
ganas, mas atualmente considera esse
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Mudanças
A primeira mudança que sentiu após o período de adaptação à nova dieta foi
a melhora na qualidade do sono. Outro grande impacto foi na saúde, pois sente
que sua recuperação é muito mais rápida agora e obteve melhora em todos os
seus exames. Após adotar o veganismo, seu colesterol melhorou tanto que não
precisou mais tomar medicações (conforme recomendação médica). Considera
que hoje está vivendo a melhor fase da sua vida!

Para quem deseja adotar uma


dieta à base de plantas e tem a
preocupação de que isso impacte
negativamente o rendimento no
esporte, o primeiro passo é buscar
informação.

Isso é mito. Eu escalei o Everest sendo vegano.


Eu conheço atletas de altíssimo nível que são ve-
ganos. Isso é pressão de uma cultura que não quer
evoluir e quer manter uma estrutura que existe
desde que a gente se entende por gente. Tudo o
que nós fazemos hoje tem consequências em curto,
médio e longo prazo. No longo prazo é onde a má-
gica acontece. São os impactos que mais irão fazer
bem para você.
A melhor parte da alimentação que eu adotei e do
estilo de vida que eu escolhi virão daqui 10 anos”.
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6. MODIFICAÇÃO
DA COMPOSIÇÃO
CORPORAL

A modificação da composição corporal, através do ganho de massa muscular,


redução da gordura corporal ou ambos, na busca do que se entende como um cor-
po “atlético” é, provavelmente, a principal razão que leva o público geral a buscar o
atendimento nutricional com um profissional da nutrição especialista em esportes.
Os atletas competitivos, por sua vez, costumam buscar este tipo de orientação
com o objetivo de modificar sua forma física a fim de melhor se enquadrarem
em uma determinada categoria de peso que lhes favoreça à vitória.
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O planejamento dietético para modificar a composição corporal, seja com ên-


fase no ganho de massa muscular (hipertrofia) ou na redução da gordura cor-
poral, começa com uma avaliação antropométrica que auxiliará o profissional a
identificar qual deve ser a prioridade para cada indivíduo e determinar as carac-
terísticas do plano alimentar concomitante não ocorre em grande magnitude,
embora seja possível sob determinadas circunstâncias.

Neste capítulo são descritas as metodologias de avaliação da composição


corporal e discutidas as suas aplicações práticas, bem como as recomenda-
ções nutricionais vigentes para maximização da hipertrofia e redução da gor-
dura corporal, considerando as particularidades de uma dieta vegetariana.

COMPOSIÇÃO CORPORAL E DESEMPENHO

Ainda que em alguns esportes ou atividades exista uma correlação negativa entre
gordura corporal e desempenho, sobretudo naqueles em que o peso corporal deve
ser carregado, como na corrida ou salto, isto não é uma norma. Afirmar que quanto
menor o percentual de gordura melhor será o desempenho é um erro grosseiro.

A observação feita por Wilmore, citada por Powers e Howley (2017) [1], a respei-
to de uma corredora norte-americana recordista em diversas provas de meia-dis-
tância evidencia este fato: ela tinha 17% de gordura corporal, enquanto a maioria
das atletas de elite tinham menos que 12%. Por esta razão, a determinação de
uma faixa ótima de percentual de gordura que favoreça o desempenho não é
algo simples de ser feito.
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A primeira questão a ser considerada é que todos os métodos de avaliação da


gordura corporal apresentam um erro intrínseco, chamado de “erro padrão da
estimativa” (EPE). Mesmo a absorciometria por raios X de dupla energia (DXA) e
a pesagem hidrostática, consideradas como padrão-ouro, apresentam um EPE
de 1,8% e 2,5%, respectivamente (o EPE da bioimpedância elétrica é de 3,5-5% e
da avaliação por dobras cutâneas pode variar de 3,5-9%) [2]. Isto significa que um
atleta com 15% de gordura pode ter, em verdade, entre 12,5% e 17,5% de gordura
corporal [1].

Em segundo lugar, existem grandes variações de percentuais de gordura entre


os atletas da mesma modalidade, tornando impossível a determinação de um va-
lor adequado preciso. A Tabela 6.1 apresenta estudos científicos que avaliaram a
composição corporal de atletas de diferentes modalidades, por meio de diversas
técnicas de avaliação, que permitem a confirmação deste fato e a observação de
uma série de questões importantes, como:

1. O valor final de percentual de


gordura varia grandemente entre 2. O percentual de gordura pode
variar consideravelmente entre
os métodos de avaliação, em os atletas, mesmo os de elite,
decorrência dos seus diferentes da mesma modalidade.
EPE, e também entre as diferen-
tes equações preditivas utiliza-
das para um mesmo indivíduo.

4. Atletas de esportes que exigem


magreza possuem percentual

3. Usuários de esteroides de gordura significativamente


anabolizantes possuem menor mais baixo do que aqueles que
teor de gordura corporal. competem em esportes em
que a composição corporal tem
menor relevância.
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Tabela 6.1 – Estudos que avaliaram a composição corporal de atletas de diferentes modalidades.

Estudo Amostra Achados


Percentual de gordura medido por bioim-
pedância (BIA) e por dobras cutâneas
Knechtle (DC), calculado através de diferentes
257 atletas (homens)
et al. equações preditivas:
de ultraendurance
(2011)[3]
- BIA: 8,1-21,5%
- DC: 5,2-16,2%
Percentual de gordura medido por dobras
Barandun cutâneas e calculado através da equação
et al. 126 maratonistas (homens) recreativos de Lee:
(2012)[4]
- 10,7-21,9%
Percentual de gordura avaliado por DXA:
Sutton et 64 jogadores (homens) de futebol profis- - Goleiros: 10,9-12,9%
al. (2009)
5
[5] sionais, da English Premier League - Demais jogadores: 7,9-12,7%

44 atletas (homens e mulheres) olímpi- Percentual de gordura avaliado por DXA:


Hagmar et cos da Suécia, divididos em 2 grupos: - Esportes que não exigem magreza: 10,6-
al. (2013) [6]
6 (1) esportes que exigem magreza e (2) 22,2%
esportes que não exigem magreza - Esportes que exigem magreza: 8,3-15,1%
Percentual de gordura medido por dobras
Bazzarre, cutâneas e calculado através da equação
27 atletas (homens e mulheres), de fisi- de Jackson e Pollock (1978) 8 de 7
Kleiner e
culturismo, usuários de esteroides anabo- dobras:
Litchford
lizantes, no período pré-competição - Homens: 4,2-7,8%
(1990)[7]
- Mulheres: 8,3-11,3%

Fonte: elaborado pelo autor.

Estas informações demonstram que não faz sentido determinar o percentual


de gordura que um atleta deverá atingir de forma ideal com base em dados de
outros indivíduos. O procedimento mais sensato a ser seguido é o monitoramen-
to das alterações da composição corporal do atleta ao longo de uma temporada
e de um ano para outro, o que permite identificar se as mudanças de peso repre-
sentam um aumento ou redução da gordura corporal.
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Desta forma, é possível que se estabeleça um padrão de referência individual,


possibilitando identificar, por exemplo, que determinado atleta performa melhor
dentro de uma faixa de percentual de gordura específica com base nos seus pró-
prios resultados em competições pregressas.

Por estes motivos, a recomendação de modificar a composição corporal deve


ser feita de forma cautelosa, considerando o desempenho e os objetivos atuais
e observando a condição de saúde generalizada do indivíduo, de acordo com o
padrão seu de sono, saúde mental, entre outros fatores.

Avaliação antropométrica

O conceito de avaliação nutricional é como dos nutrientes cuja demanda


muito amplo, podendo englobar as ava- é aumentada em virtude da atividade
liações: (1) física, por meio da antropo- física, observados através da análise
metria; (2) bioquímica, baseada nos re- conjunta dos exames bioquímicos, da
sultados dos exames laboratoriais; (3) sintomatologia e do recordatório ali-
dietética, através da coleta de diários mentar (mais sobre este assunto no
ou recordatórios alimentares; ou (4) clí- capítulo 7 deste guia).
nica, com a aplicação da anamnese e
A avaliação física, realizada a partir
análise de sinais e sintomas [9] .
de medições regulares da composi-
De maneira geral, a avaliação nutricio- ção corporal, é bastante valiosa para
nal de indivíduos vegetarianos, atletas monitorar as mudanças ocorridas tan-
ou não, deve ser conduzida de forma to durante os períodos de competição
idêntica àquela dos indivíduos onívo- quanto fora delas, podendo auxiliar
ros. Vale ressaltar a importância de treinadores, nutricionistas e atletas a
uma avaliação minuciosa do estado estabelecerem padrões individuais de
nutricional dos micronutrientes que referência. Este tipo de avaliação pode
conhecidamente são de mais difícil ser realizada por diferentes métodos,
obtenção em uma alimentação livre cada um deles com certo grau de con-
de alimentos de origem animal, assim fiabilidade e segurança de aplicação,
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que deve ser considerado em conjunto específicas. As equações generalistas


com suas eventuais limitações de apli- são aquelas que foram desenvolvidas
cabilidade e vantagens de utilização com base em informações apresenta-
[10]. das por grupos heterogêneos de indiví-
duos relativamente ao sexo, idade e ní-
Os métodos mais conhecidos são
veis de gordura corporal, enquanto as
os densitométricos (pletismografia e
equações específicas, por outro lado,
pesagem hidrostática), os que utilizam
foram desenvolvidas com base nas
corrente elétrica (bioimpedância elé-
informações de indivíduos com carac-
trica - BIA) e as técnicas por imagem
terísticas homogêneas. Por óbvio, as
(DXA, ressonância e tomografia) [11].
equações generalistas possuem maior
Dentre todos, a avaliação por dobras aplicação, mas não representam, mui-
cutâneas continua sendo a mais uti- tas vezes, a melhor opção para estimar
lizada em razão da sua praticidade e o percentual de gordura entre atletas
baixo custo. As medidas destas do- ou indivíduos com maior massa mus-
bras podem ser inseridas em fórmulas cular e menor gordura corporal [2] .
que estimam o percentual de gordu-
As equações com maior aceitação no
ra, chamadas equações preditivas, ou
campo da educação física e da nutri-
observadas de forma individual como
ção no Brasil são as idealizadas pelo
parâmetro de avaliação da evolução
grupo de trabalho liderado por Jack-
do avaliado, sobretudo em programas
son e Pollock [8]. Em suas proposições
de perda ou ganho de massa corporal
foram envolvidos homens de 18 a 61
[12].
anos e mulheres de 18 a 55 anos. Es-
A escolha das dobras que serão cole- tas equações utilizam no cálculo a ida-
tadas e da equação que será utilizada de e a soma das dobras cutâneas do
depende das características do indiví- peitoral, abdômen e coxa, no caso dos
duo avaliado e do objetivo da avaliação. homens, e tricipital, suprailíaca e coxa,
Existem inúmeras equações preditivas no caso das mulheres [2].
para se determinar a composição cor-
poral, que podem ser generalistas ou
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No Brasil, a equação Além das menciona- para a população que de-


de Faulker [13] também das, uma série de outras seja avaliar.
é amplamente utilizada equações estão disponí- Em virtude desta varia-
para estimar o percentu- veis na literatura, inclu- ção no resultado entre
al de gordura de homens sive para modalidades as diferentes equações,
atletas ou indivíduos esportivas específicas, e muitos profissionais
com grande volume de podem apresentar valo- optam por considerar
massa muscular e baixa res que divergem gran- apenas os valores das
gordura corporal, ape- demente entre si. Por dobras medidas como
sar de não ter sido devi- esta razão, devem ser parâmetro de compa-
damente validada. Esta escolhidas e interpreta- ração e verificação da
não é uma equação ade- das com cautela. Antes evolução dos avaliados
quada para emprego em de empregar qualquer ao longo do tempo, sem
mulheres ou crianças, equação, é importante preocupação com o va-
adolescentes e idosos que o profissional veri- lor do percentual de gor-
de ambos os sexos [14] . fique se ela foi validada dura em si [15].

Nestes casos, como não existem parâmetros de referência validados na litera-


tura, esta avaliação é realizada tão somente baseada nos dados daquele próprio
indivíduo ao longo das diferentes coletas, permitindo a visualização da evolução
destas medidas [15].

Independentemente do método de avaliação escolhido, ou da equação utilizada


quando a avaliação por dobras cutâneas for a escolhida, é fundamental que as
avaliações futuras sigam o mesmo padrão para que se possa avaliar a evolução
da composição corporal.

Desta forma, mesmo que o valor encontrado esteja distante da realidade em


comparação com um dos métodos considerados como padrão-ouro, ainda será
possível identificar se as mudanças ocorridas foram positivas ou não, e se algum
ajuste deverá ser feito no planejamento nutricional ou de treinamento.
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O GANHO DE MASSA


MUSCULAR

Energia

O balanço energético (diferença en- em questão, já que iniciantes podem


tre a ingestão e o gasto de energia) se beneficiar de um superávit calóri-
afeta de maneira considerável a ca- co muito superior do que indivíduos
pacidade de construção da massa treinados. Uma revisão sistemática
muscular, pois a sinalização intrace- verificou informações variadas sobre
lular é alterada durante a restrição o assunto: enquanto alguns autores
calórica, de forma que a síntese pro- sugerem que indivíduos treinados de-
teica (construção de massa muscu- vam consumir entre 500-1.000 kcal
lar) é reduzida e o catabolismo pro- extras diariamente para aumentar a
teico (perda de massa muscular) é massa muscular, outros recomen-
aumentado durante esta condição dam um superávit mais discreto, de
[21]. Ainda que seja possível construir 200-300 kcal ao dia.
massa muscular com uma dieta nor-
Já os iniciantes podem precisar de
mocalórica ou, até mesmo, hipocaló-
quantidades bastante superiores a
rica, nestas condições a magnitude
da hipertrofia será certamente menor estas, chegando a valores tão altos
[21],[22],[23]. quanto 2.000 kcal extras ao dia [24].
Outros estudos sugerem o consumo
Diante disto, é preciso definir quan-
de 10-20% de calorias a mais em re-
tas calorias extras seriam necessá-
lação às necessidades diárias para
rias para otimizar o ganho de massa
muscular e prevenir o ganho excessi- indivíduos iniciantes/intermediários,
vo de gordura corporal. Infelizmente, e quantidades ainda mais conserva-
um valor exato não está bem definido doras, ainda não definidas, para indi-
e dependerá, dentre outros fatores, víduos experientes com grande volu-
do nível de treinamento do indivíduo me de massa muscular [25].
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De toda forma, está claro que à medida que o atleta possui maior massa
muscular e tempo de treinamento, menor é a sua capacidade de construção de
massa muscular e menor é o superávit calórico necessário para otimizar a hi-
pertrofia. Nestes casos, cresce a importância de se fazer avaliações regulares
da composição corporal para ajustar o plano alimentar conforme as necessi-
dades individuais.

Macronutrientes

Além de uma ingestão calórica diária suficiente, é importante que cada macro-
nutriente (carboidratos, proteínas e lipídios) seja ingerido em quantidades ade-
quadas para a maximização do ganho muscular. Um resumo destas recomenda-
ções pode ser visto na Tabela 6.2, cujos detalhes são explorados a seguir.

Tabela 6.2 – Recomendações de macronutrientes para maximizar a hipertrofia.

Macronutriente Ingestão diária recomendada Observações


Não existem evidências na literatura de
Proteínas 1,6-2,2 g/kg que a ingestão deva ser maior em dietas
vegetarianas.
A quantidade pode variar grandemente en-
tre os indivíduos, podendo chegar a valores
Carboidratos ≥ 3 g/kg muito superiores em dietas vegetarianas
que priorizam as leguminosas como fonte
de proteínas.
É comum nas dietas mais ricas em carboi-
dratos a ingestão de quantidades menores, a
fim de manter a ingestão calórica adequada.
Lipídios > 1 g/kg
Nestes casos, destaca-se a importância de
garantir a ingestão suficiente de vitaminas
lipossolúveis.

Fonte: elaborado pelo autor.


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Carboidratos

Assim como não existe uma recomendação definitiva de energia que deve ser
consumida para otimizar o ganho de massa muscular, também não se pode es-
tabelecer uma quantidade padrão de carboidratos para todos os indivíduos com
esse mesmo objetivo. Isso se dá em virtude da grande variação interindividual
na taxa de utilização dos carboidratos para o fornecimento de energia, podendo
chegar a ser até 4 vezes maior ou menor, tanto no descanso quanto durante o
exercício, a depender da composição de fibras musculares, genética, idade, dieta
e níveis de glicogênio do atleta em questão [26]
26 .

É fundamental que se consuma diariamente uma quantidade suficiente de car-


boidratos para a manutenção dos estoques máximos de glicogênio, o que de-
penderá do peso do indivíduo e de seu nível de atividades físicas diárias. É reco-
mendado um mínimo de 3 g/kg de peso corporal por dia, devendo ser ajustado
de acordo com as respostas verificadas ao longo do tempo [21] 21. No contexto
da dieta vegetariana, é comum que a quantidade de carboidratos ingerida seja
superior à das dietas onívoras, podendo chegar a 6-8 g/kg de peso por dia, prin-
cipalmente quando as leguminosas são utilizadas como fonte de proteínas pre-
dominante na alimentação diária.

Proteínas

A recomendação de ingestão diária de proteínas para o objetivo de hipertrofia


está bem estabelecida na literatura, com valores que variam de 1,6-2,2 g/kg de
peso por dia [21]
21 .

Para vegetarianos estritos, especificamente, recomenda-se a ingestão máxima


desta referência como medida de precaução devido à limitação de estudos re-
centes avaliando o assunto [27]
27 , embora já tenha sido verificado o ganho de mas-
sa muscular em indivíduos destreinados que consumiram 1,6 g/kg de proteínas
de origem exclusivamente vegetal ao dia [28]
28 .
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Ao contrário da crença popular de que kg deste nutriente (o equivalente a


quanto maior for a ingestão proteica 28-38,5 g por refeição para um indi-
maior será o ganho de massa muscu- víduo de 70 kg). Desse modo, obtêm-
lar, a ingestão de proteínas em quan- -se uma maior eficácia na síntese
tidades superiores às necessidades proteica muscular estimulada pelo
individuais não promove efeitos supe- treinamento ao longo das 24 horas
riores para este objetivo, além de poder posteriores ao exercício [21]
21 .
acarretar, a depender da fonte protei-
Cabe ressaltar que estas recomen-
ca escolhida, na redução da ingestão
dações visam otimizar o processo de
de nutrientes que seriam capazes de
hipertrofia dentro de um cenário ide-
promover maiores benefícios, como
al, o que não significa que uma distri-
os carboidratos (principal combustível
buição diferente ao longo do dia ou
para o treinamento com pesos) e as
que o consumo de quantidades me-
gorduras (frequentemente ingeridas
nores do que o topo da recomenda-
em baixas quantidades em dietas ve-
ção de ingestão diária de proteínas
getarianas estritas), ou no aumento ex-
não seja capaz de promover o ganho
cessivo da ingestão calórica. Isto é, ao
de massa muscular, conforme visto
consumir proteínas demasiadamente,
nos resultados do estudo realizado
corre-se o risco de negligenciar a in-
por Hevia-Larrain e colegas (2021)
gestão adequada dos demais nutrien-
28 (descrito em maiores detalhes
[28]
tes e de energia.
no capítulo 4) que verificou ganhos
Mais do que garantir o consumo su- de força e massa muscular em in-
ficiente de proteínas diariamente, é divíduos jovens submetidos tanto a
importante fracionar esta ingestão ao uma dieta vegetariana estrita quanto
longo do dia em, pelo menos, 4 refei- onívora, que oferecia 1,6 g/kg de pro-
ções que contenham entre 0,4-0,55 g/ teínas ao dia.
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Gorduras

Regularmente é recomendado que dieta vegetariana dependerá das fon-


as gorduras completem a ingestão tes proteicas selecionadas. Quando as
calórica após alcançadas as necessi- oleaginosas estiverem presentes em
dades de carboidratos e proteínas, e grande quantidade na dieta, por exem-
que se mantenha uma ingestão míni- plo, a ingestão de gorduras será muito
ma de 1 g/kg de peso corporal ao dia mais alta do que quando as legumino-
deste nutriente a fim de não prejudicar sas constituírem a principal fonte de
a produção hormonal, sobretudo de proteínas.
hormônios esteroides, embora esta re-
Embora fisiculturistas onívoros geral-
comendação seja baseada em dados
mente consumam entre 20-30% das
limitados [21]
21 .
suas calorias diárias totais na forma
A relação entre o consumo de gordu- de gordura [33]
33, na dieta de indivíduos
ras e a produção hormonal é complexa vegetarianos que buscam aumentar a
e está relacionada diretamente com a massa muscular e reduzir a gordura
ingestão energética total, a proporção corporal esta ingestão pode represen-
entre os macronutrientes e, possivel- tar menos de 10% do total energético.
mente, com o tipo de gordura ingerida,
Quando este for o caso, é importante
e não apenas com o total desse nu-
ter uma maior atenção em relação ao
triente que é consumido [29]
29 .
consumo de vitaminas lipossolúveis e
É importante considerar que mesmo ômega-3.
vegetarianos estritos, que não conso-
Em relação ao ômega-3, as evidên-
mem colesterol algum a partir da die-
cias ainda são controversas a respei-
ta, apresentam níveis de testosterona
to dos seus possíveis efeitos sobre a
normais e equivalentes aos onívoros,
hipertrofia, sobretudo porque a magni-
de acordo com as evidências disponí-
tude destes efeitos pode depender de
veis [30],[31],[32]
30,31,32 .
uma série de fatores difíceis de serem
Na prática, o consumo de gorduras na controlados.
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As revisões da literatura mais recen- Alimentos ricos em gordura, como a


tes apontam que não há relação entre pasta de amendoim ou de outras cas-
o consumo de ômega-3 e massa mus- tanhas, costumam ser muito bem to-
cular, especialmente em idosos, e que lerados por atletas que precisam au-
a suplementação com este nutriente mentar sua ingestão calórica diária,
não é capaz de promover o ganho de bem como a adição de óleos vegetais
massa muscular em indivíduos jovens nas preparações quando isto for ne-
sedentários, enquanto apresenta resul- cessário.
tados indefinidos quando associados
Nestas situações, é preferível que se
ao treinamento com pesos [34]
34 .
utilize óleos ricos em gorduras insatu-
Os efeitos sobre a atenuação da atro- radas, como o de oliva, rico em ôme-
fia muscular em condições de desuso, ga-9, ou de chia e linhaça, ricos em
como após uma cirurgia e posterior ômega-3, quando as necessidades
inatividade, por outro lado, parecem destes ainda não estiverem sendo al-
bastante mais promissores e podem cançadas na dieta.
ser de especial interesse para atletas
se forem confirmados no futuro [35]
3.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 147

REDUÇÃO DA GORDURA CORPORAL

A principal razão pela qual os atletas costumam ganhar peso acima do de-
sejado é a falta de conhecimento acerca de como estruturar uma alimentação
saudável, muitas vezes por acreditarem que o alto gasto energético dispensa
qualquer tipo de preocupação desta natureza.

O consumo exagerado de calorias pelos seus treinadores, pais ou por si


durante períodos de férias ou durante próprios no contexto de uma exigên-
a recuperação de lesões, além da pos- cia sociocultural por físicos “ideais”. É
sível dificuldade de controle alimentar importante frisar que mesmo que exis-
motivada por questões emocionais, tam modalidades nas quais o excesso
também podem ser fatores que in- de peso possa prejudicar o desempe-
fluenciam no ganho de peso excessi- nho, como corridas em geral, salto em
vo. É importante que a equipe técnica, distância, ginástica olímpica, entre ou-
incluindo os próprios treinadores, se- tras, nenhum atleta deveria sentir que
jam capazes de prestar orientações é obrigado a se enquadrar em deter-
adequadas a respeito de uma perda de minado padrão estético para que seja
peso saudável e, sempre que possível, bem-sucedido.
que um plano alimentar individualizado
Algumas modalidades esportivas são
seja prescrito por um nutricionista.
mais conhecidas pelas medidas drás-
É comum que atletas requeiram auxí- ticas tomadas por seus atletas para a
lio profissional para perder peso com a perda de peso rápida, como os diferen-
finalidade de otimizar seus resultados. tes tipos de lutas em que competir em
No caso de modalidades em que a uma categoria de peso inferior pode
composição corporal é relevante para significar uma vantagem competitiva.
o desempenho, também é frequente Esse comportamento está bastante
que busquem este objetivo pressiona- disseminado na cultura dos mais di-
dos por uma expectativa irreal imposta versos esportes, sendo de suprema
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 148

importância que os profissionais de saúde envolvidos na preparação dos atletas


estejam atentos aos sinais de que métodos extremos para a perda de peso, tais
como privação calórica severa, jejum prolongado, privação de líquidos, uso de
laxantes e diuréticos, sauna e aumento exagerado do volume de treinos estejam
sendo praticados [36]
36 .

Balanço energético

De maneira simples e objetiva, a redu- mente no contexto do esporte e em se


ção do peso corporal só é possível por tratando de indivíduos saudáveis.
meio da promoção de um saldo calóri-
O balanço energético negativo dese-
co negativo. Isto é, quando as calorias
jado pode ser obtido através de uma
ingeridas são insuficientes para atender
redução das calorias ingeridas, de um
as necessidades energéticas diárias do
aumento do gasto de energia ou de
indivíduo. Independente se as calorias
um conjunto de ambos. Sabendo dis-
dietéticas e o déficit calórico foram cal-
so, duas questões naturalmente vêm à
culados ou não, ou se o controle da in-
tona: (1) qual o tamanho do déficit ca-
gestão alimentar por meio da pesagem
lórico necessário para promover a per-
dos alimentos está sendo realizada ou
da de peso desejado?; e (2) em quanto
não, sempre que ocorrer o emagreci-
tempo este resultado pode ser obtido?
mento significa que houve um balan-
Ambas as perguntas são, de forma
ço energético negativo. É importante
equivocada, frequentemente respondi-
ter isto claro, pois a ideia de que estas
das tomando como base a conhecida
práticas são inadequadas e associadas
“Regra de Wishnofsky” [37]
37 , que afirma
a um “relacionamento ruim” com a co-
que um déficit de 3.500 kcal é capaz de
mida, ou que o controle das calorias é
promover a perda de 0,45 kg de gordu-
algo irrelevante, é equivocada, especial-
ra corporal, razão pela qual frequente-
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 149

mente é recomendado que se reduza a cer o déficit calórico inicial e prever os


ingestão de 500 kcal por dia para uma resultados das primeiras semanas de
perda aproximada de meio quilograma um programa de emagrecimento.
de peso corporal por semana [37]
37 . O posicionamento conjunto da
Caso esta regra fosse completamen- American College of Sports Medicine
te verdadeira, uma redução de 1.000 (ACSM) em conjunto com a Academy
kcal por dia promoveria a redução de of Nutrition and Dietetics (AND) e a
1 kg por semana e seriam necessários Dietitians of Canada (DC) (2016) [40]
40 ,
3 meses para perder 12 kg de gordura recomenda uma redução de 250-500
corporal, por exemplo. No entanto, na kcal diárias em relação às necessida-
realidade este resultado é improvável, des energéticas totais, enquanto se
pois nosso organismo possui meca- mantém ou aumenta discretamente o
nismos homeostáticos poderosos que gasto energético com a atividade físi-
tornam a mudança de peso mais difícil ca, e sugere uma redução de até 1%
com o passar do tempo [38]
38 . do peso corporal por semana quan-
do o objetivo for preservar o máximo
Na revisão publicada por Thomas et
possível de massa muscular [40]
40 .
al. (2014) [39]
39 , que pode ser consulta-
da para maiores detalhes, são aborda- Vale mencionar que indivíduos com
das as falhas relacionadas a esta regra excesso de peso (sobrepeso e obe-
e analisadas as novas propostas de sidade), podem se beneficiar de défi-
predição da perda de peso baseadas cits calóricos bastante superiores, de
em modelos matemáticos mais apu- até 1.000 kcal ou mais, sem o risco
rados, embora não livres de limitações, de perderem massa muscular, assim
que são especialmente úteis para pre- como usuários de esteroides anaboli-
ver a perda de peso de indivíduos com zantes, cuja capacidade de preservar
grande excesso de peso. Contudo, em a massa muscular é muito superior à
se tratando de atletas a Regra de Wish- daqueles que não utilizam estes re-
nofsky [37]
37 pode ser útil para estabele- cursos farmacológicos [41]
41 .
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 150

Macro e Micronutrientes

Além da redução calórica, ajustes na onívoros (1,8-2,7 g/kg/dia) já parece ser


distribuição dos macronutrientes po- uma medida prudente o suficiente para
dem ser realizados quando o objetivo a obtenção de ótimos resultados entre
for reduzir a gordura corporal e preser- os vegetarianos que consomem gran-
var a massa muscular. Embora exis- des quantidades de carboidratos [27] 27.
tam novas evidências sugerindo que
Em relação aos carboidratos e gordu-
o aumento da ingestão de proteínas
ras, estes poderão ter uma contribui-
para valores superiores a 3 g/kg pode-
ção para o total energético bastante
ria promover efeitos positivos sobre a
variável a depender das particularida-
redução da gordura corporal em indiví-
des do indivíduo, como a modalidade
duos treinados [42]
42 , não é possível afir-
praticada, seu grau de sensibilidade à
mar que tamanha ingestão seja benéfi-
insulina e suas preferências alimenta-
ca no contexto de dietas com elevado
res. Naturalmente, dietas mais ricas
teor de carboidratos.
em carboidratos exigirão um menor
O alto consumo de carboidrato reduz consumo de gordura e vice-versa, a
a necessidade de se ingerir quantidades fim de respeitar o total calórico esta-
tão elevadas de proteínas, uma vez que belecido como meta para gerar o dé-
os carboidratos exercem um efeito “pou- ficit calórico planejado. Como reco-
pador de proteínas”, fornecendo glicose mendação geral, a quantidade de 4-6
através da gliconeogênese (formação g/kg de carboidratos e 15-20% do total
de glicose a partir de precursores que energético oriundo de gorduras pode
não são carboidratos) sem que a pro- ser utilizada para a base do planeja-
teína muscular precise ser degradada. mento alimentar, podendo sofrer mo-
Desta forma, consumir o valor máximo dificações significativas em função
das atuais recomendações de proteí- dos fatores mencionados. A Tabela
nas para a redução da gordura corporal 6.3 apresenta um resumo das informa-
e manutenção da massa muscular para ções discutidas acima.
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Tabela 6.3 – Recomendações de déficit calórico e de macronutrientes para redução de gordura corporal.

Ingestão diária
Energia/macronutriente Observações
recomendada
Indivíduos com sobrepeso e obesidade
Déficit calórico 250–500 kcal podem se beneficiar de déficits de
1.000 kcal ou mais.
A ingestão de valores superiores não parece
Proteínas 1,8-2,7 g/kg trazer benefícios no contexto de dietas com
elevado teor de carboidratos.
O valor sofre grande influência da modalida-
Carboidratos 4–6 g/kg de praticada e do grau de sensibilidade
à insulina.
É esperado que dietas com maior aporte de
Lipídios 15–20% do GET carboidratos tenham menor consumo
de gordura.
Fonte: elaborado pelo autor.

De certa forma, a ingestão reduzida ficação constante de sinais e sintomas,


de calorias consequentemente provo- realização de exames laboratoriais e,
ca uma menor ingestão de vitaminas e sempre que pertinente, intervenções
minerais, o que exige especial atenção dietéticas e a prescrição de suplemen-
em relação aos micronutrientes. Os nu- tos alimentares.
trientes que demandam maior cuidado
Por fim, é importante frisar que o
na dieta vegetariana precisam ser veri-
exposto neste capítulo trata de reco-
ficados com cuidado, em especial o fer-
ro, zinco e cálcio. Apesar de uma menor mendações nutricionais relacionadas
ingestão destes e de outros elementos à perda de peso com o objetivo de
não representar um risco iminente no reduzir a gordura corporal e manter
curto prazo, os repetidos períodos de o desempenho atlético de indivíduos
restrição calórica podem provocar de- saudáveis. Quando questões patoló-
ficiências nutricionais significativas. gicas forem identificadas, incluindo
Como formas de prevenção deste ce- transtornos alimentares, o caso deve-
nário, destacam-se a investigação mi- rá ser acompanhado por uma equipe
nuciosa do recordatório alimentar, veri- multidisciplinar qualificada.
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Micronutrientes Apêndices 152

III. MICRONUTRIENTES
E SUPLEMENTAÇÃO
ESPORTIVA
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 153

7. MICRONUTRIENTES
DE ATENÇÃO NA
DIETA VEGANA
Tão importante quanto garantir o adequado aporte energético e proteico ao
atleta é assegurar que as vitaminas e minerais sejam ingeridos em quantidades
suficientes, o máximo possível através da alimentação e de forma complemen-
tar pela suplementação individualizada.

O objetivo deste capítulo é descrever os nutrientes que requerem maior aten-


ção no planejamento dietético do atleta vegano quanto às suas funções, in-
gestão recomendada e principais fontes alimentares, bem como as maneiras
de otimizar a biodisponibilidade dos mesmos.

A Tabela 7.7 apresenta um resumo destas informação e o quadro “Otimi-


zando a digestibilidade e a biodisponibilidade de nutrientes das legumi-
nosas” descreve técnicas caseiras de preparo que otimizam o aproveitamento
dos nutrientes presentes nestes alimentos, ricos em ferro, zinco e proteínas.

Para um estudo mais aprofundado sobre o tema, incluindo formas de ava-


liar e corrigir o estado nutricional desses micronutrientes, é recomendada a
leitura do Guia de Nutrição Vegana Para Adultos, da International Vegetarian
Union (IVU) (2022) [5].
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VITAMINAS
Vitamina B12

A vitamina B12, ou cobalamina, é es- mula nos tecidos periféricos, aumen-


sencial para o funcionamento normal tando o risco de desenvolvimento de
do sistema nervoso, exerce papel cen- sintomas neurológicos e neuropatias,
tral no metabolismo da homocisteína, podendo provocar danos irreversíveis
atua na síntese de DNA [6]6 e participa [9] .
9
do metabolismo energético [7]7. Como a
A cobalamina é de especial interesse
vitamina B12 tem papel crucial na sín-
no contexto das dietas à base plantas
tese de material genético, sua defici-
porque há fontes biodisponíveis desta
ência pode levar a alterações morfoló-
vitamina no reino vegetal em quantida-
gicas em células sanguíneas. A longo
des consideráveis. De fato, embora o
prazo, essas alterações condicionam
risco de deficiência exista mesmo em
um quadro chamado de anemia mega-
dietas onívoras, por uma série de ra-
loblástica.
zões, estudos observacionais indicam
É o envolvimento desta vitamina na que populações vegetarianas apresen-
formação de células vermelhas que tam maior prevalência de deficiência
justifica, em grande parte, o interesse [10] .
10
dos atletas e treinadores em sua suple-
Já no meio esportivo, ainda que não
mentação, frequentemente realizada
existam evidências de que a suplemen-
sem a prescrição de um profissional
tação possa melhorar o desempenho da-
de saúde, de forma não justificada [8]
8.
queles indivíduos que já possuem bons
Além disso, a homocisteína é um me-
níveis de vitamina B12, garantir uma in-
tabólico neurotóxico, cujo acúmulo
gestão suficiente é importante para pre-
está relacionado a doenças cardiovas-
venir as conhecidas consequências de
culares. Quando a B12 está deficiente
uma deficiência, por óbvio deletérias ao
no organismo, a homocisteína se acu-
desempenho atlético [7],[10]
7,11 .
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De forma prática, recomenda-se que todos os indivíduos vegetarianos sejam


submetidos a uma avaliação laboratorial dos seus níveis de vitamina B12 desde
o primeiro atendimento, dada a possibilidade de uma deficiência pregressa ou do
seu rápido desenvolvimento [5] 5 . Idealmente, a dosagem da suplementação deve
ser estabelecida a partir desta avaliação e ajustada ao longo do tempo. Quando
tal conduta não for possível, a suplementação de 500 mcg/dia deve ser prescrita
até que se possa verificar as necessidades individuais. Para uma mais profunda
compreensão acerca do assunto, bem como detalhes sobre como realizar a cor-
reta avaliação nutricional e correção dos níveis desta vitamina, é recomendada a
leitura do já referido Guia de Nutrição Vegana Para Adultos, da International Vege-
tarian Union (IVU) (2022) [5] .

Vitamina D

A vitamina D é classificada como uma As ações biológicas desta vitamina


vitamina solúvel e se distingue das ou- são diversas, sendo a mais conhecida
tras vitaminas por não atuar como um a manutenção do nível corporal de cál-
cofator em reações enzimáticas ou cio e de fósforo. Além desta, a literatura
como antioxidante, como a maior par- emergente já demonstra um papel cen-
te delas, mas sim exercer suas funções tral em diversos outros processos cor-
através da ativação de receptores en- porais, como expressão gênica, síntese
contrados em pelo menos 30 tecidos proteica e hormonal, resposta imune e
em diferentes sistemas do nosso or- renovação celular [14]
14 . A deficiência de
ganismo, como o linfático, nervoso, re- vitamina D pode provocar aumento do
produtivo, endócrino e diversos outros, risco de fraturas ósseas, dor musculo-
e, por isso, é também considerada um esquelética crônica e infecções do trato
hormônio, que pode ser obtido a partir respiratório [15]
15 . Estudos prospectivos
da exposição solar ou, em menor parte, mostram correlação inversa entre os
da alimentação [12],[13]
12,13 . níveis sanguíneos de 25OHD e uma sé-
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rie de doenças, mas a suplementação possa melhorar a performance é ainda


com vitamina D não demonstrou modi- limitada e parece ser verdade apenas
ficar estes desfechos e, portanto, não em atletas cujos níveis desta vitamina
se pode afirmar se esta correlação é ge- estavam insuficientes, de acordo com
nética, cultural, comportamental ou de estudos que verificaram os efeitos da
outra natureza [13],[16]
13,16 . suplementação sobre a força, tempo de
reação e equilíbrio [19],[20],[21],[22]
19,20,21,22 .
Entre atletas de diferentes modalida-
Apesar disto, alguns autores recomen-
des os níveis de vitamina D são compa-
dam a manutenção de níveis de 25OHD
ráveis aos da população em geral, fre-
> 40 ng/ml para esta população [14] 14 ,
quentemente insuficientes ou baixos,
enquanto nenhum benefício adicional
mas podem variar grandemente em
parece ocorrer quando se elevam os
função da localização geográfica e do
estoques para níveis maiores do que 50
tipo de esporte, cabendo uma avaliação
ng/ml [23].
23. Desta forma, a recomenda-
individual [17]
17, que pode ser realizada a
ção da União Vegetariana Internacional
partir da dosagem de 25OHD no sangue.
(IVU) [5]
5 para os vegetarianos em geral
Os valores que definem uma insuficiên-
(30 a 50 ng/ml) parece oferecer benefí-
cia ou deficiência são alvo de discussão,
cios ótimos também para atletas.
variando entre diferentes entidades. O
Institute Of Medicine considera o valor A recomendação de ingestão de vita-
de > 20 ng/ml como adequado para a mina D também não é unânime e pode
saúde dos ossos e geral em indivíduos variar de 400 a 600 UI por dia em dife-
saudáveis [18]
18 , enquanto a Sociedade rentes países [13]
13 , enquanto a Socieda-
de Endocrinologia (The Endocrine So- de de Endocrinologia dos Estados Uni-
ciety) recomenda 30 ng/ml como nível dos da América (The Endocrine Society)
sérico alvo [13]
13 . A União Vegetariana preconiza uma ingestão mais alta, de
Internacional (IVU) orienta, por seguran- 1.500 a 2.000 UI ao dia, da mesma for-
ça, a manutenção dos níveis séricos de ma que a União Vegetariana Internacio-
25OHD entre 30 e 50 ng/ml [5] 5 . nal (IVU) recomenda para a população
vegetariana [5]
5 .
No contexto do esporte, a evidência de
que a suplementação com vitamina D Não existem, até o momento, evidên-
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 157

cias de que a performance possa ser Esta prática descrita em detalhes no


beneficiada com a ingestão de quanti- referido Guia de Nutrição Vegana Para
dades superiores a estas e cabe men- Adultos, da International Vegetarian
cionar que a dose utilizada para manu- Union (2022) [5]5 parece ser suficiente
tenção de níveis ótimos de vitamina D para ofertar quantidades significativas
é diferente daquela prescrita para o tra- desta vitamina, mas é de difícil adoção
tamento de uma deficiência, que deve na rotina e não oferece segurança sufi-
ser determinada por um profissional ciente. A ingestão de alimentos enrique-
médico. cidos com vitamina D se mostra como
uma alternativa viável eficaz para vege-
A exposição solar é a forma mais re-
tarianos, embora o número de alimen-
comendada de se obter vitamina D su-
tos disponíveis no mercado nacional
ficiente, entretanto isso pode não ser
seja escasso até este momento. Ainda,
possível para muitos indivíduos, além de
é possível recorrer à suplementação
não existir um consenso sobre o tempo
quando bons níveis de vitamina D não
e as condições ideias de exposição em
puderem ser atingidos através das me-
virtude do grande número de fatores
didas anteriores. A vitamina D pode ser
que interferem na biossíntese desta vi-
encontrada nas formas D2 (ergocalcife-
tamina, como características genéticas,
rol) e D3 (colecalciferol).
tempo e superfície corporal exposta,
dentre outros [24].
24. Diante de uma baixa A vitamina D2 é extraída de cogume-
exposição ao sol, a vitamina D precisa los irradiados com luz ultravioleta, en-
ser obtida através da dieta, que ofere- quanto a vitamina D3 pode ser extraída
ce fontes escassas dessa substância de duas diferentes fontes. Uma delas é
mesmo no reino animal, como peixes a lanolina, um composto lipídico oriun-
gordurosos e, em menor quantidade, do da lã de carneiro, e a outra os líquens,
carnes vermelhas, laticínios e ovos [25].
25. que são uma associação simbiótica
entre certos fungos e leveduras. A tole-
No reino vegetal, a vitamina D pode
rância ao consumo da vitamina D3 de
ser encontrada apenas em quantidades
origem animal deve ser discutida com
modestas nos cogumelos, a não ser
cada paciente vegetariano, visto que
quando fatiados e expostos ao sol por
esta é uma decisão individual.
cerca de 60 minutos.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 158

O conjunto de dados disponíveis até ingestão exagerada de suplementos.


o momento sugere que a suplemen- Há relatos de erros na fabricação des-
tação com vitamina D2 e D3 promove tes produtos que levaram à toxicidade,
resultados semelhantes quando reali- cujas consequências são hipercalce-
zada diariamente, enquanto a vitamina mia, anorexia, urina frequente, sede
D3 parece ser superior à vitamina D2 excessiva, náusea, vômito e, em casos
no esquema de administração sema- extremos, falência renal [29].
29.
nal [26],[27],[28].
26,27,28.
No meio esportivo, é comum a cren-
Quando o monitoramento dos níveis ça de que “se um pouco é bom, mais
de 25OHD estiver disponível, o pro- será melhor ainda”, o que precisa ser
fissional poderá testar a resposta te- desencorajado, não apenas em rela-
rapêutica e fazer ajustes no tipo e na ção à ingestão de vitamina D, mas de
dosagem prescrita a fim de obter o re- qualquer outra substância.
sultado desejado.
A exposição solar, por sua vez, não
Por fim, há de se considerar, ainda, o é capaz de causar toxicidade, pois o
risco de toxicidade em doses extrema- próprio organismo converte o exces-
mente altas, apesar de muito incomum, so de vitamina D em metabólitos ina-
que poderia acontecer em função da tivos [25].
25.

Vitaminas antioxidantes

Vitaminas antioxidantes têm o papel de proteger as células de danos gerados


pelo estresse oxidativo e são fundamentais para combater o envelhecimento e o
dano celular [4].
4 . O estresse oxidativo decorre de um desequilíbrio entre a geração
de compostos oxidantes e radicais livres, que lesam as células, e a atuação dos
sistemas de defesa antioxidante, que protegem as células [30].
30.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 159

A geração de compostos oxidantes (Tolerable Upper Intake Levels), uma vez


ou radicais livres resulta do metabo- que doses elevadas podem se tornar
lismo de oxigênio. É importante saber pró-oxidativas [31].
31.
disso, pois o exercício pode aumen-
A vitamina C é encontrada principal-
tar o consumo de oxigênio em 10 a
mente nas frutas frescas. A depender
15 vezes, o que aumenta ainda mais
da fruta, uma única unidade ou porção
o estresse oxidativo sobre as células.
ao dia é capaz de atingir as recomen-
É neste processo de dano que atuam
dações deste nutriente, como é o caso
as vitaminas C, A e E: protegendo os
da goiaba e da acerola. A vitamina E
tecidos da deterioração gerada tanto
é encontrada principalmente nos ali-
pelo treinamento intenso, quanto pelo
mentos fontes de gordura, como é o
processo natural de envelhecimento
caso das castanhas, sementes e óleos
do corpo [31].
31.
vegetais. Já a vitamina A, na sua for-
A estratégia mais segura e eficaz em ma biologicamente ativa, está presen-
relação à ingestão adequada de vita- te somente em alimentos de origem
minas antioxidantes é consumir uma animal, como ovos e laticínios frescos.
dieta variada e abundante em vegetais, Entretanto, a ausência de vitamina A no
frutas, grãos integrais e oleaginosas. A reino vegetal não é um problema, visto
literatura atual não apoia a suplementa- que alguns carotenoides, em especial
ção das vitaminas antioxidantes como o betacaroteno, são metabolizados em
um meio de prevenir estresse oxidati- vitamina A no fígado. O betacaroteno
vo, devendo ser priorizada a ingestão é encontrado em vegetais e frutas ala-
alimentar destes nutrientes [4].
4. ranjadas, como a cenoura, abóbora,
mamão e pimentões [33].
33.
Já existe alguma evidência, inclusive,
de que a suplementação com antioxi- Diante do exposto, fica claro que uma
dantes possa impactar negativamente dieta vegetariana rica em frutas, legu-
as adaptações ao treinamento [32].
32. De mes, verduras e grãos é capaz de suprir
qualquer maneira, quando optado por as necessidades de antioxidantes dos
este caminho, é recomendado que não atletas com facilidade, salvo nos ca-
se ultrapasse os valores diários de UL sos particulares em que uma deman-
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da aumentada for identificada por um profissional. A ingestão exagerada destes


nutrientes, normalmente alcançada através da suplementação inadvertida, deve
ser desencorajada entre os atletas, pois pode provocar efeitos indesejados, além
de representar um custo financeiro desnecessário.

Minerais
Ferro

A principal função do ferro é compor A deficiência de ferro provoca, espe-


duas moléculas proteicas chamadas cialmente quando chega a afetar os
de hemoglobina e mioglobina. A hemo- níveis de hemoglobina, uma reduzida
globina é encarregada de transportar capacidade de transportar oxigênio,
oxigênio a todos os tecidos periféricos aumentando a demanda do metabolis-
– e sem oxigênio, não há vida. A mio- mo anaeróbico e consequente redução
globina é particularmente importante do Ph sanguíneo e depleção do glico-
para as fibras musculares do tipo 2, gênio muscular, ambos deletérios para
usadas em exercícios aeróbicos. É gra- o desempenho esportivo [34].
34.
ças ao ferro que essas duas moléculas
Embora amplamente verificado que
são capazes de carregar oxigênio pe-
a deficiência de ferro é mais presente
los vasos sanguíneos e permitir que as
na população vegetariana em geral do
células o utilizem, conforme demanda.
que na onívora, foi demonstrado re-
Além disso, o ferro ainda compõe uma centemente que quando os níveis de
série de enzimas que atuam no meta- inflamação corporal são considerados,
bolismo energético e está envolvido na apenas as mulheres vegetarianas que
formação de novas células, hormônios, menstruam apresentam, de forma sig-
neurotransmissores, aminoácidos e na nificativa, maior prevalência desta defi-
formação do DNA 1. [1]. ciência [35].
35.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 161

Entre os atletas de endurance, a prevalência de deficiência foi verificada em


até 50% das mulheres e 17% dos homens em estudos que não avaliaram o pa-
drão dietético [36].
36. Considerando estes dados, é esperado que a prevalência
de deficiência de ferro entre mulheres atletas vegetarianas e que menstruam
seja especialmente elevada, embora ainda não existam estudos comprovan-
do esta suposição.

Os atletas estão particularmente suscetíveis à deficiência


de ferro por três razões principais:

1. Adaptações hematológicas ao treinamento que exigem maior


transporte de oxigênio (e consequente aumento da demanda
por ferro para a produção de células vermelhas).

2. Perda acentuada de ferro relacionada ao exercício, como suor,


sangramento intestinal e hematúria, que de forma isolada po-
dem não causar grande impacto, mas que se tornam relevan-
tes de forma cumulativa.

3. Pelo efeito da hepcidina, um hormônio produzido pelo fígado


em resposta à inflamação, que encontra-se elevada entre 3-6h
após o exercício e que age bloqueando a absorção do ferro nos
enterócitos e prevenindo sua saída dos macrófagos (células
que armazenam o ferro liberado pelos eritrócitos senescentes).

Todos estes fatores são especialmente relevantes no caso dos atletas que
treinam diversas vezes ao dia e de mulheres que perdem sangue através da
menstruação, conforme já mencionado [36].
36.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 162

Existem dois tipos de ferro que podem da por outros autores, que afirmam
ser ingeridos através da alimentação. que estes valores podem ser exagera-
O ferro heme, disponível exclusivamen- dos, dado que as necessidades indivi-
te nos alimentos de origem animal, e duais de ferro variam por uma série de
o ferro não heme, presente neste mes- razões e que devem ser estabelecidas
mo grupo e também nos vegetais. O de forma individual, sempre que pos-
ferro heme possui uma estrutura que sível [5].
5. A população atlética, por sua
lhe confere proteção frente aos ele- vez, demanda quantidades superiores
mentos capazes de reduzir sua absor- de ferro, embora não se saiba precisar
ção, além de ser internalizado por uma exatamente quanto. Um estudo, por
proteína específica presente nas célu- exemplo, verificou uma redução de 25-
las intestinais (proteína transportadora 40% nos níveis de ferritina sérica (prin-
do heme-1 – HCP1) [37], [37], fatores que cipal marcador dos estoques de ferro
explicam sua maior biodisponibilidade no organismo) em atletas de elite de
em relação ao ferro não heme (15-35% endurance após 3 semanas de treina-
e 2-20%, respectivamente), que é inter- mento intensificado, apesar da inges-
nalizado pela proteína transportadora tão de 13 - 15 mg de ferro dietético por
de metal divalente (DMT-1), por onde dia [39].
39. As principais fontes de ferro
também são absorvidos diversos ou- no reino vegetal podem ser vistas na
tros metais que podem prejudicar a Tabela 7.1.
sua absorção [36].
[36]. Com o objetivo de oferecer quantida-
A fim de compensar o menor aprovei- des satisfatórias de ferro, dietético ou
tamento do ferro não heme pelo orga- suplementar, é importante observar os
nismo, a recomendação diária de fer- fatores que limitam e favorecem a ab-
ro para vegetarianos foi estabelecida sorção do ferro não heme (Tabela 7.2),
como 80% maior do que para onívoros bem como que se evite a ingestão des-
– 14 mg/dia para homens adultos e 33 te elemento nos momentos em que a
mg/dia para mulheres adultas (contra hepcidina encontra-se elevada, a fim
8 mg/dia e 18 mg/dia para homens e de traçar a melhor estratégia nutricio-
mulheres onívoros, respectivamente nal para cada atleta. Gerenciar todos
[38]. Esta recomendação é questiona-
38). esses fatores é um desafio que muito
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recentemente passou a ser investigado por pesquisadores. Algumas das estra-


tégias propostas são consumir o ferro o mais afastado possível dos exercícios,
preferencialmente pela manhã, quando os níveis de hepcidina são naturalmente
mais baixos [34],
34, ou logo após o exercício (30 min), para que a absorção ocorra
antes da elevação dos níveis de hepcidina [36].
36. Existem indícios de que o exercí-
cio físico possa promover adaptações positivas sobre a absorção do ferro que
seriam capazes de compensar os efeitos negativos da inflamação, mas os exa-
tos mecanismos de ação e magnitude desses efeitos ainda estão por ser com-
provados e elucidados.

Tabela 7.1 – Principais fontes de ferro em 100g de alimento.

Código
Descrição dos alimentos Medida caseira Ferro (mg)
USDA/TACO
Sementes e castanhas

Gergelim, cru 10 colheres de sopa 14,6 12023

Tahine, pasta de
7 colheres de sopa 8,95 12166
gergelim
Semente de abóbora,
10 colheres de sopa 8,82 12014
crua

Semente de chia, crua 7 colheres de sopa 7,72 12006

Semente de linhaça, crua 8 colheres de sopa 5,73 12220

Semente de girassol,
13 colheres de sopa 5,25 12036
crua

Amêndoas, crua 12 colheres de sopa 3,74 12061

Macadâmia, crua 7 unidades 3,69 12131

Nozes, crua 20 unidades 2,91 12155

Castanha do Brasil, crua 7 unidades 2,43 12078


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Leguminosas

Soja em grãos, cozida 7 colheres de sopa 5,14 16409

Feijão branco, cozido 3 colheres de sopa 3,70 16350

Lentilha, cozida 6 colheres de sopa 3,33 16070

Grão de bico, cozido 5 colheres de sopa 2,89 16057

Tofu firme coagulado


2 fatias médias 2,66 16426
com cálcio, cru

Edamame, cozido 3 colheres de sopa 2,27 11212

Proteína texturizada de
4 colheres de sopa cheias 2,14 724373605210
soja, cozida (1)
[1]

Feijão preto, cozido 1 e 1/2 concha 2,10 16315

Feijão carioca, cozido (2)


[2] 1 e 1/2 concha 1,30 561

Cereais e farinhas

Farelo de aveia, cru 6 colheres de sopa 5,41 20033

Farinha de mandioca,
6 colheres de sopa 3,99 100291
crua

Pipoca preparada em
10 xícaras 2,78 42259
casa, com óleo, sem sal

Amaranto em grãos,
6 colheres de sopa 2,1 20002
cozido

Frutas secas

Ameixa seca, crua 20 unidades 3,52 9289

Damasco seco, cru 20 unidades 2,66 9032

Fonte: elaborado pelo autor com base nas tabelas SR28 da USDA (2017) [40] e da TACO (2011) [41].[41]
Nota: (1) aplicado o fator de correção aos valores do alimento cru. (2) valores da tabela TACO.
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Tabela 7.2 – Fatores inibitórios e promotores da absorção do ferro não heme.

Inibidores da absorção do ferro não-heme Promotores da absorção do ferro não-heme

Vitamina C (ácido ascórbico)


Fitatos Buscar 50 mg ou mais; encontrado nas
Encontrados nos cereais integrais, legu- frutas cítricas (acerola, laranja, kiwi e
minosas e sementes. outras), no brócolis, tomate e variadas
hortaliças.

Polifenóis/compostos fenólicos Carotenoides


Encontrados nos chás (herbais e não her- Encontrados na abóbora, cenoura
bais), café, vinho tinto e chocolate (cacau). e damasco.

Cálcio Alimentos fermentados


Encontrado nos laticínios (leite, queijo, A fermentação reduz a presença de fita-
iogurte) e suplementos multivitamínicos. tos; chucrute, kimchi e missô.

Outros minerais
Cozinhar os alimentos
Zinco e manganês (competem
Reduz a quantidade de fitatos.
pela absorção).

Fonte: elaborado pelo autor com base em Mccormick et. al (2020) [36].

Sempre que necessário, o ferro poderá ser suplementado por via oral, intraveno-
sa ou intramuscular (as duas últimas de exclusiva prescrição médica). A via oral
costuma ser a primeira escolha para a suplementação e tratamento de deficiên-
cia de ferro, enquanto a via intramuscular tem caído em desuso e a via intrave-
nosa se reserva para os casos em que a deficiência é mais severa, o tratamento
oral não tenha apresentado bons resultados, ou se deseje recuperar os estoques
de ferro rapidamente, como pode acontecer na véspera de competições, em se
tratando de atletas [36].
36.

Diferentes formulações de ferro oral estão disponíveis no mercado (sais ferro-


sos, complexos de ferro polimaltosado e ferro quelatado com aminoácidos) e
promovem resultados similares, diferindo sobretudo no custo e tolerância dos
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pacientes. Enquanto o sulfato ferroso, e prescrever doses mais elevadas de


por exemplo, é uma medicação de cus- ferro, é de grande valia que os atletas
to mais baixo, também promove maio- possam ser acompanhados, também,
res efeitos adversos, como dor abdo- por um médico experiente neste tipo
minal, náuseas, vômito, constipação, de avaliação e tratamento.
diarreia e outros. O ferro quelado, por
Encontrar o melhor esquema de su-
outro lado, apesar de ser mais custoso,
plementação, principalmente que pro-
costuma ser muito bem tolerado pela
mova adesão por parte do atleta, le-
maior parte das pessoas, e o comple-
vando em consideração o tipo de ferro,
xo de ferro polimaltosado possui tanto
a dose e o horário de ingestão para que
custo quanto tolerância intermediária
entre as demais formas descritas. o tratamento seja efetivo pode se tor-
nar um grande desafio.
Diante do exposto, fica claro que o
ferro é o elemento que demanda maior Para um aprofundamento sobre o
atenção no planejamento nutricional tema é recomendado a leitura do Guia
de atletas vegetarianos e a avaliação De Nutrição Vegana Para Adultos da In-
do seu estado nutricional não pode ser ternational Vegetarian Union (IVU) (2022)
negligenciada, sobretudo em mulhe- 5, os trabalhos de Sim e colegas [34]
[5], 34
res. Dadas as limitações do nutricio- e de McCormick e colegas [36]
36 referen-
nista em solicitar exames laboratoriais ciados neste capítulo.
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Cálcio

O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano e relaciona-se direta-


mente com a formação e manutenção óssea, a contração muscular, a transmis-
são de impulsos nervosos e a ativação enzimática [18].
18.

A American College of Sports Medi- seas, especialmente quando sofrem de


cine (ACSM) em conjunto com a Aca- distúrbio da menstruação, são subme-
demy of Nutrition and Dietetics (AND) tidas a uma dieta de baixas calorias e
e a Dietitians of Canada (DC) (2016) [4]
4 ingerem baixas quantidades de cálcio.
apontam o cálcio como um mineral que No caso dos atletas em geral, a atenção
requer especial atenção entre atletas, com a ingesta deste mineral decorre,
sobretudo as mulheres, uma vez que sobretudo, da aumentada perda através
apresentam maior risco de fraturas ós- do suor durante o exercício físico [7].

Em se tratando de atletas vegetarianos, a maior preocupação se justifica pelo


fato de que a ingestão de cálcio por este grupo de pessoas costuma ser ainda
menor do que a da população de onívoros [5],
5, cuja baixa ingestão já é um proble-
ma comum em quase todos os países do mundo [42]. 42.

Apesar disto, os dados disponíveis apontam a dieta vegana como segura no


que diz com respeito à saúde óssea quando a ingestão de cálcio e de vitamina
D são adequadas [5].
5. É recomendado que atletas, veganos ou não, sigam as re-
comendações das DRI e consumam o valor indicado para a população geral, de
1000 mg/dia para adultos, não sendo necessário consumir doses maiores [18].
18.

O balanço de cálcio no nosso metabolismo depende de fatores além do consu-


mo dietético. Bons estoques de cálcio dependem, na verdade, da diferença entre
a quantidade ingerida e a quantidade excretada – processo influenciado direta-
mente por uma série de hormônios e nutrientes.
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Hormônios como o paratormônio, o No que tange à alimentação, alguns


estrogênio e a calcitonina, e vitaminas, componentes podem aumentar a ex-
como a vitamina D, participam dos me- creção urinária de cálcio: dietas ricas
canismos homeostáticos que determi- em sódio e proteína, por exemplo, pa-
nam a quantidade de cálcio que é ex- recem ter o potencial de aumentar a
cretada, absorvida, circula na corrente excreção de cálcio, o que configura um
sanguínea ou fica acomodada nas ma- ponto de atenção entre atletas, visto
trizes ósseas [1].
1. que as necessidades proteicas deste
grupo são maiores [43].
43.
Qualquer interferência na função
hormonal descrita, como por exemplo Entre lactovegetarianos e onívoros
a queda nos níveis de estrogênio sofri- não há diferença nas prescrições die-
das no período da menopausa, pode téticas, enquanto na dieta vegana um
influenciar negativamente no balanço maior cuidado deverá ser tomado em
de cálcio, ainda que a ingestão dietéti- função das particularidades das fontes
ca seja suficiente. de cálcio exclusivamente de origem ve-
getal, que podem oferecer grande volu-
Dada a complexidade do metabolis-
me, como as verduras, ou alto teor de
mo do cálcio, avaliar seu estado nu-
calorias, como o gergelim, o que pode-
tricional não é simples, uma vez que
rá interferir no planejamento dietético.
suas concentrações plasmáticas são
estritamente reguladas mesmo que A Tabela 7.3 apresenta os principais
exista uma deficiência deste mineral. alimentos de origem vegetal que são
Para tanto, o clínico deverá verificar ricos em cálcio.
um conjunto de exames que incluem
os níveis plasmáticos, sendo preferível
o cálcio ionizado, o PTH (aumentado
na falta de cálcio), o cálcio urinário de
24h e, inclusive, os níveis de vitamina
de 25OHD [7],7, cujas maiores concen-
trações promovem uma maior absor-
ção de cálcio nos enterócitos [5].
5.
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Tabela 7.3 – Teor de cálcio em 100g de alimentos de origem vegetal.

Descrição dos alimentos Medida caseira Cálcio (mg) Código USDA

Sementes e castanhas

Semente de gergelim, crua 10 colheres de sopa 975 12023

Semente de chia, crua 7 colheres de sopa 631 12006

Tahine, pasta de gergelim 7 colheres de sopa 426 12166

Amêndoas, crua 12 colheres de sopa 269 12061

Semente de linhaça, crua 8 colheres de sopa 255 12220

Castanha do Brasil, crua 7 unidades 160 12078

Leguminosas
Tofu firme, coagulado com
2 fatias médias 683 16426
cálcio, cru
Soja em grãos, cozida 7 colheres de sopa 102 16409

Hortaliças

Couve, crua 5 folhas médias 254 11233

Manjericão, cru 1 maço 177 2044

Rúcula, crua 50 folhas 160 11959

Agrião, cru 20 folhas 120 11591

Alimentos fortificados
Bebida vegetal, enriquecida
1/2 copo americano 183 855643006052
com cálcio

Fonte: elaborado pelo autor com base nos dados da tabela SR28 da USDA(2017) [40].
40.

Além disso, a biodisponibilidade do cálcio deve ser considerada. A biodispo-


nibilidade de um nutriente não depende apenas do alimento, mas também da
demanda metabólica em diferentes fases da vida, o que torna o cálcio muito
melhor absorvido por uma adolescente do que por uma idosa, por exemplo [44].
44.
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Em relação às fontes vegetais, o cálcio será mais aproveitado quanto menos


ácido oxálico estiver presente no alimento. A Tabela 7.4 apresenta a biodisponi-
bilidade do cálcio nos alimentos.

Tabela 7.4 - Biodisponibilidade de cálcio nos alimentos.

Alimento Biodisponibilidade (%)

Brócolis 61,3

Repolho-chinês 53,8

Couve 49,3

Mostarda-chinesa 40,2

Leite 32,1

Iogurte 32,1

Tofu com cálcio 31,0

Lentilha 29,3

Feijão-azuki 24,4

Batata-doce 22,2

Feijão-branco 21,8

Feijão-mungo 15,7

Fonte: Adaptado de Slywitch (2022) [5].


5.

De forma prática, é importante escolher as fontes mais ricas em cálcio de cada


grupo alimentar (conforme exposto na Tabela 7.3), com destaque para os folho-
sos verde escuros e as sementes; realizar o remolho das leguminosas (germinar
e remover a casca aumenta ainda mais a biodisponibilidade de cálcio [45] 45 ); re-
duzir o consumo ou cozer e descartar a água dos alimentos mais ricos em áci-
do oxálico (espinafre, acelga, ruibarbo, folhas de beterraba e cacau); e incluir na
rotina alimentar, sempre que possível, bebidas vegetais adicionadas com cálcio.
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Enquanto em diversos países o suco Por fim, quando as necessidades de


de laranja adicionado com cálcio está cálcio não puderem ser satisfeitas a
amplamente disponível, no Brasil as be- partir da alimentação, a suplementa-
bidas vegetais adicionadas oferecem a ção com cálcio poderá ser empregada
forma mais prática e conveniente de se através de comprimidos amplamente
ingerir cálcio na dieta do atleta. ofertados por laboratórios farmacêu-
É importante frisar que as bebidas ticos, ou em sachês, com a dosagem
vegetais na sua forma natural pos- desejada para diluição imediata em
suem baixos teores de cálcio e que, uma bebida de preferência, inclusive
portanto, a escolha deve ser por aque- nas diferentes bebidas vegetais pro-
las adicionadas, que oferecem en- duzidas em casa.
tre 240 e 400 mg de cálcio por copo
A suplementação em cápsulas não
(200 ml), a depender do fabricante.
costuma ser conveniente, a não ser
Estas bebidas ainda podem oferecer
em casos de dosagens baixas. Entre
maiores ou menores teores de prote-
ínas e de calorias, podendo contribuir os diferentes tipos de sais disponíveis,
para os diferentes objetivos dietéticos, o citrato e o carbonato de cálcio são
como ganhar massa muscular ou re- ótimas opções considerando o custo
duzir a gordura corporal. e a biodisponibilidade.
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Zinco

O zinco é um mineral que desempe-


nha papel importante no metabolismo
humano, estando envolvido em fun-
ções estruturais, reguladoras e catalíti-
cas que afetam uma longa lista de pro-
cessos, com destaque para a produção
energética e participação no sistema
imune, dentre aquelas que se relacio-
nam mais diretamente com o desem-
penho atlético [7].
7. Está bem documen-
tado que ocorrem perdas significativas
de zinco pelo suor em esportistas [46]
46
e que, de fato, este grupo apresenta ní-
veis séricos mais baixos do que o res-
[47].
tante da população 47.

Em geral, os vegetarianos ingerem


menos zinco e apresentam níveis san-
guíneos mais baixos deste elemento
do que os onívoros, embora nem todas
as dietas vegetarianas afetem o esta-
do nutricional do zinco da mesma ma-
neira, pois isto depende das escolhas
alimentares [48].
48. Apesar disto, não se
tem conhecimento de uma prevalência
maior de deficiência neste grupo, tam-
pouco de que a menor ingestão ou os
níveis séricos mais baixos provoquem
manifestações clínicas ou outras que
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comprovem prejuízos
àqueles que adotaram
este padrão dietético há
muitos anos [5].
5.

A determinação do es-
tado nutricional do zinco
é difícil, uma vez que as
manifestações iniciais
da deficiência não são
específicas. O marcador
mais utilizado é o zinco
identificação da neces- tidade de alimentos de
sérico, porém os efeitos
sidade de se aumentar origem animal e maior a
da deficiência nas fun-
a ingestão de zinco na quantidade de alimentos
ções celulares parecem
alimentação ou, ainda, integrais, menor a será
ocorrer antes da queda
de se realizar a suple- a biodisponibilidade do
dos níveis no sangue,
mentação. zinco.
além de este marcador
ser afetado pela pre- A biodisponibilidade do Na dieta vegetariana
sença de inflamação zinco nas dietas é cal-
a biodisponibilidade do
ou deficiência de ferro. culada a partir da pro-
zinco costuma ser 35%
O zinco eritrocitário e porção entre o zinco e o
menor do que nas dietas
outros métodos mais ácido fítico (razão mo-
onívoras (moderada bio-
modernos também po- lar entre o ácido fítico
disponibilidade) poden-
dem ser considerados, e o zinco) presente ne-
do chegar a 50% menos
entretanto ainda não las, resultando em uma
possuem valores de re- quando predominante
classificação que pode
ferência bem estabeleci- ser de baixa (15%), mo- em alimentos integrais
dos na literatura [33].
33. Por derada (30-35%) ou alta (baixa biodisponibilida-
esta razão, a análise do (50-55%) biodisponibi- de), como no caso de
recordatório alimentar é lidade. De forma geral, uma alimentação whole
muito importante para a quanto menor a quan- food plant based.
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A recomendação diária de ingestão de De forma prática, é recomendado


zinco para vegetarianos proposta pelas que as leguminosas sejam deixadas
DRI [38]
38 é baseada numa dieta de baixa de molho, conforme o descrito no qua-
biodisponibilidade de zinco e por isso é dro “Otimizando a digestibilidade e
50% maior do que para os onívoros (11 a biodisponibilidade de nutrientes
mg para homens e 8 mg para mulheres das leguminosas”, a fim de reduzir o
onívoros e 16,5 mg e 12 mg para vege- teor de fitatos, e que alimentos ricos
tarianos, homens e mulheres respecti- em ácidos orgânicos, destacadamen-
vamente), o que pode ser considerado te as frutas cítricas, acompanhem as
exagerado na maior parte dos casos. refeições mais ricas em zinco.

Todavia, considerando a aumenta- Pode ser interessante, ainda, quan-


da necessidade de zinco provocada do coerente com contexto dietético
pelo exercício, é prudente tomar o individual do atleta, aumentar consu-
máximo cuidado possível para garan- mo de farinhas de cereais refinados,
tir uma ingestão dietética suficiente pães fermentados e grãos germina-
entre atletas vegetarianos através da dos. Além disso, a adição de alho e
escolha das melhores fontes alimen- cebola no preparo dos alimentos au-
tares e de práticas que aumentem a menta a biodisponibilidade de zinco
sua absorção, conforme descrito nas pela presença de compostos sulfura-
Tabelas 7.5 e 7.6. dos [49].
49.
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Tabela 7.5 – Fontes vegetais de zinco em 100 g de alimento.

Descrição dos alimentos Biodisponibilidade (%) Zinco (mg) Código USDA

Sementes e castanhas

Semente de abóbora, crua 10 colheres de sopa 7,81 12014

Gergelim, cru 10 colheres de sopa 7,75 12023

Semente de girassol, crua 13 colheres de sopa 5,00 12036

Tahine, pasta de gergelim 7 colheres de sopa 4,62 12166

Semente de chia, crua 7 colheres de sopa 4,58 12006

Semente de linhaça, crua 8 colheres de sopa 4,34 12220

Castanha do Brasil, crua 7 unidades 4,06 12078

Amêndoas, crua 12 colheres de sopa 3,12 12061

Nozes, crua 20 unidades 3,09 12155

Macadâmia, crua 7 unidades 1,3 12131

Leguminosas
Tofu firme, coagulado com
2 fatias médias 1,57 16426
cálcio, cru
Feijão branco, cozido 3 colheres de sopa 1,38 16350

Tremoço, cozido 5 colheres de sopa 1,38 16077

Edamame, cozido 3 colheres de sopa 1,37 11212

Lentilha, cozida 6 colheres de sopa 1,27 16070

Ervilha, cozida 3 colheres de sopa 1,19 11305

Soja em grãos, cozida 7 colheres de sopa 1,15 16409

Feijão preto, cozido 1 e 1/2 concha 1,12 16315


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Cereais

Farelo de aveia, cru 6 colheres de sopa 3,11 20033


Pipoca preparada em casa, com
10 xícaras 2,64 42259
óleo, sem sal
Quinoa 7 colheres de sopa 1,09 20137

Fonte: elaborado pelo autor com base nos dados da tabela SR28 da USDA (2017) [40]

Tabela 7.6 – Fatores dietéticos que estimulam ou inibem a absorção de zinco.

Fatores que estimulam a


Fatores que inibem a absorção do zinco
absorção do zinco
Aminoácidos sulfurados (cisteína e Suplementação de folato
Ácido fítico
metionina) da dieta (dados conflituosos)

Vitamina C Caseína Reação de Maillard

Ácidos orgânicos (cítrico, lático, Suplementação de ferro


Consumo de álcool
málico, tartárico) e zinco

Fonte: Slywitch (2022) [5].

Enquanto possível recurso ergogênico, o zinco foi proposto como auxiliar na


síntese proteica, promotor do fortalecimento da imunidade, reparador tecidual e,
sobretudo, agente capaz de reduzir os efeitos pró-oxidantes do treinamento de
alta intensidade [50]
50, , mas não há evidências de que a ingestão acima das neces-
sidades diárias seja benéfica para o desempenho. Quando decidido pela suple-
mentação, o citrato e o gluconato de zinco parecem ser opções mais interessan-
tes do que o óxido de zinco, que possui menor absorção quando consumido sem
alimentos e que é apenas minimamente absorvido por alguns indivíduos [51]51. .
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Tabela 7.7 - Micronutrientes que requerem maior atenção na dieta vegetariana.

Micronutriente Fontes Observações

Alimentos fermentados, brotos, cogumelos,


Suplementos alimentares e algas marinhas, spirulina e vegetais não
Vitamina B12
alimentos fortificados. higienizados não são fontes confiáveis desta
vitamina.

Pode ser suplementada na forma de vitami-


Suplementos alimentares e
Vitamina D na D2 ou D3 (verificar origem). A fortificação
alimentos fortificados.
de alimentos ainda é incomum no Brasil.

Bebidas vegetais fortificadas, A manutenção de bons níveis de vitamina


tofu coagulado com cálcio, D favorece a absorção de cálcio pelo orga-
Cálcio
tahine, leguminosas e vegetais nismo. O excesso de sódio promove maior
folhosos escuros. perda de cálcio pela urina.

Amaranto, aveia, farelo de


arroz e de trigo, gérmen de
As vitaminas A e C, o betacaroteno e os
trigo, feijões, lentilha, proteína
aminoácidos sulfurados (leguminosas)
texturizada de soja e outros
favorecem a absorção do ferro não heme.
cereais, leguminosas e seus
Ferro Alimentos ricos em taninos, como chás, café
derivados e oleaginosas
e cacau devem ser consumidos afastados
(castanhas e sementes). Frutas
das refeições ricas em ferro, sobretudo nos
secas, folhosos verde escuros e
casos de deficiência.
condimentos complementam a
ingestão.

Gérmen e farelo de trigo, cere- O processamento de alimentos e o correto


Zinco ais integrais e leguminosas e preparo aumentam de forma significativa a
seus derivados e oleaginosas. absorção do zinco.

Vit. A – vegetais e frutas


Vitaminas alaranjadas (mamão, cenoura, Uma alimentação vegetariana que ofereça ca-
pimentões); Vit. C – frutas lorias suficientes e que seja, de fato, rica em
antioxidantes (A,
frescas (acerola, kiwi, mamão vegetais de fontes variadas, garante a oferta
C, E) e outras); Vit. E – castanhas, de grandes quantidades de antioxidantes.
sementes e óleos vegetais.

Fonte: elaborado pelo autor.


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Diante do exposto, fica evidente que, quase exclusiva em alimentos integrais


com exceção da vitamina B12, todos do que ao padrão alimentar vegetaria-
os nutrientes recorrentemente citados no propriamente dito, o que pode ser
como de maior preocupação na dieta solucionado com técnicas simples de
vegetariana também podem, frequen- cozimento e melhor seleção de fontes
temente, estar deficientes na alimen- alimentares.
tação de indivíduos que consomem
Já entre as vitaminas, está claro que a
alimentos de origem animal, por dife-
vitamina B12 deverá ser suplementada
rentes razões. Portanto, mais impor-
conforme as necessidades individuais,
tante do que a observação do padrão
enquanto a vitamina D é tão rara em
alimentar adotado, é a investigação
alimentos de origem animal quanto em
das necessidades individuais do atleta.
alimentos de origem vegetal, de forma
Dentre os minerais, a deficiência de que outros fatores, destacadamente
ferro é bastante prevalente também a exposição solar, é que determina-
entre as mulheres onívoras, sobretudo rão a necessidade de suplementação
aquelas que menstruam, bem como em qualquer tipo de dieta. As demais
entre as atletas do sexo feminino, e o vitaminas são todas oferecidas em ex-
tratamento de uma deficiência não é celentes quantidades através dos ali-
possível através da alimentação, mes- mentos de origem vegetal, juntamente
mo contendo carnes, o que exige cui- de outros elementos que oferecem be-
dados semelhantes independente do nefícios à saúde e, possivelmente, ao
padrão dietético adotado. desempenho esportivo.

O cálcio, por sua vez, demanda a mes- Assim, não é possível determinar que
ma atenção entre quaisquer indivíduos um indivíduo vegetariano seja deficien-
que sejam intolerantes à lactose ou a te ou necessite de uma ingestão maior
proteína do leite, ou que, por outra ra- de qualquer nutriente sem que seja
zão, não possam ou tenham optado por feita uma avaliação do seu consumo
excluir ou limitar este grupo alimentar. alimentar habitual em conjunto com
Por último, o zinco tem sua deficiência a devida avaliação laboratorial, sem-
mais relacionada a uma alimentação pre que disponível. É recomendado,
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 179

de qualquer maneira, que os cuidados Por fim, merece ser ressaltado que a
mencionados em relação a cada um ingestão de quantidades superiores às
dos micronutrientes descritos sejam necessidades individuais destes micro-
considerados na elaboração do plano nutrientes não promovem ganhos de
alimentar do atleta, a fim de prevenir desempenho e ainda podem prejudicar
deficiências nutricionais e suas con- o estado nutricional de outros elemen-
sequências, considerando que a corre- tos, de forma que o consumo e a pres-
ção de uma deficiência pode ser difícil crição de suplementos multivitamínicos
e muitas vezes cursar com prejuízos à e megadoses de vitaminas e minerais
saúde e ao desempenho. deve ser altamente desencorajada.
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Otimizando a digestibilidade e a biodisponibilidade


de nutrientes das leguminosas

As leguminosas possuem uma sacarídeos (um grupo específico de


grande importância na dieta vegeta- carboidratos que sofre fermentação
riana, especialmente por serem óti- no intestino) pode dificultar a diges-
mas fontes de proteína, fibras, fer- tão destes ricos alimentos, provo-
ro, zinco e outros micronutrientes. cando flatulência e reduzindo a bio-
Porém, a presença de fatores anti- disponibilidade de nutrientes, como
nutricionais e o conteúdo de oligos- o ferro e o zinco.

Algumas práticas caseiras simples auxiliam na melhora da digestibilidade das


leguminosas e absorção destes elementos e, por isso, devem ser implementa-
das na sua rotina de preparo. São elas:

1. Demolho
O demolho dos grãos em água é uma prática conhecida popularmente por facilitar o cozi-
mento dos feijões. Durante este período, os grãos iniciam seu processo germinativo, o que
aumenta a biodisponibilidade dos nutrientes contidos neles. Além disso, é possível também
observar a redução dos fatores causadores de flatulência (como as fibras estaquiose, rafinose
e verbascose).

O processo do demolho consiste em deixar as leguminosas de molho em água, na proporção


de 3:1 (água/feijão) por um período de 12h-16h, em temperatura ambiente. Após esse período
deve ser realizado o descarte da água não absorvida pelos grãos e uma nova água será adicio-
nada para o cozimento. Naturalmente, após o processo de demolho o tempo de cozimento final
desses grãos será reduzido. Este procedimento caseiro é capaz de reduzir o teor de fitatos em
85%, de rafinose em 25%, de estaquiose em 24,5% e de verbascose em 41,7% [52]52.
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Passo a passo prático do demolho:

1) Abra o pacote de grãos e despeje-os em uma bacia, cubra com água em temperatura ambiente
e deixe de molho por 12h-16h, ainda em temperatura ambiente;

2) Depois de 12h-16h, descarte essa água com o auxílio de uma peneira/escorredor de macarrão;

3) Coloque uma nova água na panela para realizar o cozimento dos grãos junto dos temperos de
sua escolha.

Após este processo os grãos estarão mais nutritivos e com menor chance
de provocar estufamentos/excesso de flatulências. É importante mencio-
nar que alguns indivíduos precisarão estender este período por mais tempo
para reduzir os desconfortos mencionados.

2. Fervura

Enquanto a maior parte das pessoas relata sentir menor ou nenhum efeito de flatulências
após o processo de demolho, alguns indivíduos mais sensíveis às fibras das leguminosas,
pessoas com diagnóstico de síndrome do intestino irritado (SII) ou, até mesmo, aqueles com
intestino saudável, mas que ingerem um grande volume de fibras fermentáveis, podem relatar
desconforto intestinal e terem dificuldades para incluir estes alimentos na rotina apesar da
realização desta prática.

Nestes casos, o profissional de saúde poderá orientar mais um procedimento caseiro que
ajudará na maior redução destes compostos que aumentam a formação de gases. O proces-
so de fervura é capaz de reduzir consideravelmente o teor de oligossacarídeos fermentáveis
presentes nas leguminosas. Um estudo revelou que apenas 5 minutos de fervura da lentilha
vermelha (lentilha síria) reduziu o conteúdo de oligossacarídeos em 43% e que 30 minutos de
fervura do feijão vermelho reduziu este conteúdo em 32% [53][53].

Esse procedimento térmico consiste em ferver o grão por um período aproximado de 5min,
para aqueles menos rígidos como as lentilhas, e 20min-30min para grãos mais rígidos como
os feijões, grão-de-bico e soja. Após o processo de fervura, a água deverá ser descartada e o
cozimento realizado com água limpa.
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Passo a passo prático da fervura:

1) Com a mesma água do demolho, ferver o grão por 20min-30min no caso dos feijões, grão de
bico e soja, ou 5min no caso das lentilhas;

2) Descartar a água após a fervura;

3) Colocar nova água para o cozimento com os temperos de sua preferência.

Remolho Fervura Descarte da água Preparo


12-24h 5-30min Água limpa Habitual
para cozinhar

3. Processamento/Trituração

Além dos procedimentos descritos, triturar as leguminosas pode facilitar ainda mais a sua
digestão, sobretudo para aqueles indivíduos com grande sensibilidade a este tipo de alimento
ou que, por alguma razão, não mastigam suficientemente bem a comida. Isto pode ser feito
utilizando um liquidificador ou processador de alimentos. Quando estes aparelhos não estive-
rem disponíveis, ainda é possível amassar bem os grãos com um garfo ou utensílio adequado.
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Velejadora

Larissa Bunese Juk


(Florianópolis, SC)

• Pan Americano (2023) • Campeã da Nations Cup de Match Race (2013)


• Bronze no Campeonato Mundial de Snipe • Campeã Mundial Universitário (2012)
Feminino (2021) • Equipe Brasileira de Vela (2007 a 2012)
• Atleta da Marinha (2012 a 2020) • Campeã Ibero-americana (2011)
• Bronze nos Jogos Mundiais Militares (2015) • 6x Campeã Sul-americana (2008, 2009, 2010,
• Vice-Campeã Mundial Militar (2013) 2011, 2012, 2013)

Começou a carreira profissional no esporte em 2007, embora sua primeira par-


ticipação em um campeonato tenha acontecido anos antes, em 1994. A adoção
de uma dieta vegana, em 2021, se deu após a tomada de consciência em relação
ao funcionamento da indústria dos alimentos de origem animal, somada aos im-
pactos ambientais e socioeconômicos negativos que ela produz, além da trágica
forma como os animais são tratados.

Barreiras

A princípio, o principal desafio foi a disponibilidade de cozinhar os próprios ali-


mentos e montar suas refeições de forma balanceada e saborosa enquanto não
tinha o conhecimento de como fazer isto. Considera uma dificuldade, até hoje, a
falta de opções veganas em restaurantes comuns e, principalmente, durante as
viagens para campeonatos e treinamentos. Nessas ocasiões, aprendeu a levar
consigo boa parte da alimentação do seu dia a dia, como proteína em pó, barri-
nhas de proteína, tofu e bebida vegetal.
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Mudanças
Após a adoção de uma dieta à base de plantas sentiu-se mais disposta. Entre-
tanto, para além do aspecto físico, considera que a maior mudança foi no âmbito
emocional, pois viver um estilo de vida muito mais condizente com seus valores
e princípios, levou a um processo de autoconhecimento e domínio maior do seu
corpo e mente.

A dieta vegana é perfeitamente pos-


sível para a performance.
Temos muitos atletas de sucesso
que adotam essa dieta há anos
para provar isso. O conhecimento
te liberta. Ao saber exatamente o
porquê das tuas decisões e manter a
meta em mente, o caminho se torna
muito mais fácil.
A vida é movimento. Viva seus sonhos
e acredite em você. Aproveite o
processo e as infinitas possibilidades
que essa vida nos oferece.
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8. SUPLEMENTAÇÃO
ESPORTIVA
O consumo de suplementos alimentares está amplamente disseminado em
todos os níveis do esporte, desde as categorias de base. Uma pesquisa com
jovens de 15 a 18 anos de 4 países, que competem em nível internacional em
18 modalidades, revelou que 82,2% usam estes produtos, principalmente com o
objetivo de melhorar a performance, mesmo cientes da existência de potenciais
riscos à saúde ¹.
[1].

Entre atletas adultos esta prevalência lamentações, uma vez que cada na-
pode variar de 40% até 100% a depen- ção segue sua legislação particular. O
der do local e grupo avaliados, por uma conceito que melhor se enquadra no
série de motivos, tais como prevenir ou contexto deste documento é aquele
tratar deficiências nutricionais, suprir proposto pelo Comitê Olímpico Inter-
nutrientes de forma conveniente e pro- nacional (COI) no seu último consenso
mover benefícios sobre o desempenho sobre o assunto de 2018, conforme a
[2].
2. seguir: “um alimento, componente ali-
mentar, nutriente ou composto não ali-
Também na população geral o uso de
mentar que é ingerido propositalmente
suplementos tornou-se habitual, con-
em adição à dieta habitual, com o ob-
forme revela um levantamento reali-
jetivo de obter um benefício de saúde
zado no Brasil em 2020 que verificou
ou performance” [4]4.. Diante da vasta
a existência de ao menos uma pessoa
abrangência de substâncias engloba-
consumindo estes produtos em 59%
das por esta definição, não é surpresa
dos lares [3]
³. .
que existam literalmente dezenas de
Não existe uma definição única para milhares de suplementos disponíveis
o termo “suplemento alimentar” tanto para venda no mercado e que este nú-
no meio científico quanto nas regu- mero continue crescendo [5]5..
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Muitos produtos disponíveis comer- Em relação à dieta vegetariana, é per-


cialmente afirmam serem capazes de tinente questionar se existiria algum
aumentar o desempenho de forma benefício extra no emprego de deter-
direta ou indireta, através da melho- minados suplementos alimentares ou
ra da composição corporal, acelerada se alguma substância é digna de maior
recuperação muscular, aumento da relevância para os adeptos deste pa-
tolerância à dor, maior energia para o drão alimentar, como ocorre no caso
treinamento e outras promessas. Em de alguns micronutrientes. Embora os
verdade, entretanto, apenas uma curta dados científicos acerca deste assun-
lista de substâncias possui um grau de to ainda sejam escassos, este capítu-
evidência científica de eficácia suficien- lo busca responder à estas questões,
te para justificar sua prescrição e uso além de servir como um guia geral para
no esporte. Atualmente existem três qualquer profissional no seu trabalho
principais documentos de revisão da com atletas ou praticantes de exercí-
literatura sobre o assunto, que pela sua cios físicos, apresentando os suple-
solidez foram utilizados como base mentos com maior grau de evidência
para a seleção dos suplementos abor- de eficácia, seus mecanismos de ação,
dados neste guia e cuja leitura é reco- protocolos de uso e potenciais benefí-
mendada para todos os profissionais cios e efeitos adversos. A Tabela 8.2
envolvidos com esportes. São eles: resume todas essas informações para
consulta rápida.
(1) Declaração de consenso do COI:
suplementos dietéticos e o atleta de Para a compreensão dos riscos as-
alto rendimento [4];
4; sociados ao consumo de suplementos
alimentares, sobretudo para atletas de
(2) Atualização da revisão de nutri-
alto rendimento, onde uma contami-
ção esportiva da ISSN: pesquisa e re-
nação cruzada pode resultar em puni-
comendações [6];
6;
ções ou banimento do esporte, é suge-
(3) Posicionamento da AIS sobre rida a leitura do já referido consenso do
suplementos e alimentos esportivos Comitê Olímpico Internacional sobre o
no esporte de alta performance [7].
7. assunto (2018) [4][4]..
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Cafeína

A cafeína é um estimulante que pos- jados é 3-6 mg/kg de peso corporal en-
sui elevado grau de comprovação cien- tre 30-60min antes da atividade física,
tífica de eficácia como substância ca- enquanto quantidades mais elevadas,
paz de aumentar a performance em especialmente acima de 9 mg/kg, não
uma vasta gama de modalidades es- promovem benefícios superiores e po-
portivas. Pode ser ingerida através de dem, ainda, acarretar efeitos colaterais,
alimentos, como café, chá, chocolate, como náusea, insônia, taquicardia, ar-
guaraná, ou na sua forma sintética (ca- ritmia e irritabilidade [4],[8],[9]
4,8,9. .
feína anidra), em cápsulas ou em pó,
Além disso, outro potencial efeito ne-
de forma isolada ou como ingrediente
gativo do consumo de cafeína é sua
de uma fórmula. A Tabela 8.1 apresen-
capacidade de afetar negativamente a
ta a quantidade média de cafeína em
qualidade do sono mesmo em baixas
diferentes bebidas e alimentos.
doses, o que pode prejudicar a recupe-
Após a ingestão, a cafeína é rapida- ração entre os treinos ou em compe-
mente absorvida e transportada para tições com diversos dias de duração.
todos os tecidos e órgãos onde exer- A meia-vida da cafeína é de aproxima-
ce seus efeitos [7]
7, , cujos pontos posi- damente 5 horas e isto precisa ser ob-
tivos estão relacionados ao aumento servado ao determinar seu horário de
da força muscular e da capacidade ingestão [7]7.. É importante considerar,
aeróbica; aumento do estado de aler- ainda, que a tolerância à cafeína é bas-
ta e redução da percepção de fadiga, tante individual [10]
10. .
através do antagonismo dos recepto-
Apesar da referida recomendação
res de adenosina; da liberação de ca-
habitual (3-6 mg/kg), estudos mais re-
tecolaminas; do aumento da atividade
centes têm demonstrado que parece
dopaminérgica; e da melhora da fun-
haver um plateau no aumento do de-
ção neuromuscular.
sempenho com doses acima de 3 mg/
A recomendação clássica de inges- kg ou 200 mg, e que seus efeitos já po-
tão para a obtenção dos efeitos dese- dem ser percebidos momentos após a
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ingestão, sem que seja necessário es- esforços curtos de alta intensida-
perar que a substância atinja seu pico de, como remo, natação e corrida (1-
plasmático (30-60min). Além disso, di- 60min); atividades que exijam esforços
ferentes protocolos de suplementação únicos envolvendo força e potência,
foram propostos, incluindo a ingestão como levantamento de peso; ou, ain-
antes e ao longo do exercício, ou quan- da, como “pré-treino” com o cuidado de
do a fadiga já começa a ser percebida não negligenciar o descanso adequa-
7,11. . Cabe mencionar que, ao con-
[7],[11] do e tentar mascará-lo com uso de ca-
trário do que já se hipotetizou, a abs- feína, o que pode levar a um quadro de
tenção de cafeína dias antes da com- maior fadiga e posterior dificuldade de
petição não potencializa seus efeitos recuperação.
no dia da prova, assim como os seus
Dada a existência de tantas diferentes
efeitos sobre o desempenho não dife-
possibilidades de uso (tempo x dose)
rem entre os consumidores regulares
e que a resposta à suplementação de
e aqueles que não estão habituados
cafeína pode variar grandemente entre
com a ingestão de cafeína [7]
7. .
os indivíduos, é recomendado que di-
Em virtude dos efeitos mencionados, ferentes protocolos de uso e dosagens
uma ampla gama de modalidades/ati- sejam testados durante o período fora
vidades pode se beneficiar da suple- de temporada, a fim de encontrar aque-
mentação com cafeína, como: espor- le que entrega os melhores resultados
tes de endurance e coletivos (>60min para cada atleta.
de duração); modalidades que exijam
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Tabela 8.1 - Quantidade média de cafeína em diferentes alimentos e bebidas

Quantidade de alimento
Alimento ou bebida Quantidade de cafeína (mg)
ou bebida
Café expresso 40 ml 112

Chimarrão 350 ml 91

Café coado 250 ml 80

Bebida energética 1 lata de 250 ml 75

Café solúvel 1 colher de café (2 g) 67

Café em cápsula 1 cápsula (6 g) 64

Guaraná em pó 1 colher de café (2 g) 61

Chocolate amargo Meia barra (45 g) 51

Chá verde (infusão) 200 ml 40

Chá preto (infusão 200 ml 36

Chocolate meio amargo Meia barra (45 g) 32

Refrigerante de cola 1 lata de 375 ml 32

Cacau em pó 1 colher de sopa (20 g) 23

Café com leite 200 ml 12

Chá mate 200 ml 10

Chocolate ao leite Meia barra (45 g) 9

Refrigerante de guaraná 1 lata de 375 ml 4

Fonte: elaborado pelo autor com base no Australian Institute of Sport (2021) [7] e Rocha et. al (2022) [12].
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Creatina

A creatina é o suplemento mais po- ingesta entre os vegetarianos é ínfima


pular e mais estudado da atualidade [13]
13. . Não é surpresa, portanto, a cons-
e possui um alto grau de evidência de tatação de que os vegetarianos pos-
eficácia de acordo com os principais suem níveis mais baixos de creatina
consensos disponíveis sobre o assun- no sangue e nos músculos [14] 14, , mo-
to [4],[6],[7],[13]
4,6,7,13. . tivo pelo qual se hipotetizou que esta
população pudesse se beneficiar ainda
Seus efeitos positivos conhecidos en-
mais da suplementação.
volvem o aumento do desempenho em
esportes que demandam movimentos De fato, uma recente revisão sistemá-
explosivos, bem como potencializa os tica da literatura que comparou os efei-
efeitos dos treinamentos intervalados tos da suplementação da creatina em
de alta-intensidade e com pesos, pro- onívoros versus vegetarianos verificou
movendo maiores ganhos de massa que os vegetarianos são capazes de
muscular, força e potência [4]4.. O prin- atingir níveis mais altos de fosfocrea-
cipal mecanismo de ação responsável tina após a suplementação, porém ain-
pelos efeitos positivos da suplementa- da não é possível afirmar que isto pro-
ção com creatina está relacionado ao mova uma melhora de desempenho
aumento dos níveis intramusculares de mais expressiva entre os vegetarianos
fosfocreatina, que aumentam a taxa de do que entre os onívoros, dado os re-
ressíntese de ATP, prolongando a capa- sultados mistos dos estudos disponí-
cidade de desempenho muscular em veis [15]
15..
atividades intensas e de curta duração.
Existem dois protocolos de suple-
O organismo humano é capaz de mentação de creatina bem estabe-
produzir uma pequena quantidade de lecidos na literatura, que consistem
creatina diariamente (aprox. 1 g/dia) e em: (1) realizar uma fase de saturação
indivíduos que consomem carnes cos- seguida de uma fase de manutenção
tumam ingerir esta mesma quantidade ou (2) simplesmente ingerir uma dose
através da alimentação, enquanto a contínua pelo período desejado. A sa-
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turação é realizada com a ingestão belecer uma rotina e facilitar a adesão


de 5 g de creatina quatro vezes ao dia [7]
7. . Como a dieta do atleta vegetariano
(totalizando 20 g/dia) durante 5 dias, é habitualmente rica em carboidratos,
seguida da ingestão de 3-5 g uma vez basta que se ingira a creatina junto da
ao dia a partir de então (fase manuten- refeição que fizer mais sentido para o
ção), enquanto no uso contínuo deixa- indivíduo em questão (se isto ocorrer
-se de fazer a fase de saturação para no pós-treino é possível que exista um
apenas ingerir 3-5 g de creatina diaria- benefício adicional). De qualquer ma-
mente e assim alcançar seus estoques neira, é fundamental que a ingestão
máximos dentro de cerca de 4 sema- seja diária independente da prática de
nas [7]
7.. A decisão de realizar a fase de exercícios físicos, pois os efeitos da
saturação ou não depende, portanto, suplementação com creatina ocorrem
da urgência de se obter os benefícios de forma crônica.
promovidos pela creatina e da disponi-
Em relação aos possíveis efeitos ne-
bilidade e disposição para se ingerir a
gativos da suplementação com crea-
suplementação em quatro momentos
tina é possível citar um pequeno des-
distintos no dia, o que não é frequente
conforto gástrico, referido por alguns
entre não atletas.
poucos indivíduos, e o ganho de peso
Os benefícios de se combinar a creati- de rápido (1-2 kg, predominantemente
na com carboidratos ou consumi-la no decorrentes de retenção hídrica intra-
pós-treino para melhor absorção são muscular) que se mantém durante o
controversos; enquanto alguns estu- uso da substância. Em relação ao pri-
dos sugerem efeitos positivos [16],[17]
16,17,, meiro, este pode ser evitado ou mini-
outros demonstram que isto não me- mizado optando-se por não realizar a
lhora o resultado da suplementação fase de saturação e apenas ingerindo
[18],[19]
18,19. . O Australian Institute Of Sport uma dose menor por período mais pro-
(AIS) (2021) sugere que a ingestão seja longado, preferencialmente longe de
feita junto de uma refeição rica em car- refeições ricas em fibras ou que conhe-
boidratos e proteínas e/ou no pós-trei- cidamente já provoquem algum tipo de
no, inclusive como uma forma de esta- desconforto. No segundo caso, é preci-
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so avaliar se este ganho de peso é capaz de prejudicar o desempenho de alguma


forma e considerá-lo no caso das modalidades cujas categorias são definidas
por peso corporal (nestes casos o ideal seria atingir o peso desejado enquanto se
suplementa com creatina, através de um bom planejamento dietético). O tempo
necessário para que os estoques de creatina retornem ao habitual (e consequen-
temente ocorra a redução do peso) é de cerca de 4-6 semanas [7],[20]
7,20. .

A forma de creatina mais estudada é a monoidratada, que em geral é sintetizada


a partir da sarcosina e da cianamida, sem qualquer derivado de origem animal,
sendo portanto vegan-friendly, salvo quando em cápsulas gelatinosas [15]. A cre-
atina é permitida por todas as agências antidoping do mundo e não há evidên-
cias científicas que atestem qualquer risco relacionado à sua suplementação no
curto ou longo prazo em indivíduos saudáveis (até 30 g/dia por 5 anos)[21],[22].

Beta-alanina

A beta-alanina é um aminoácido Assim como ocorre com a creati-


não proteinogênico (que não partici- na, os estoques de carnosina mus-
pa da síntese proteica), produzido de cular dos vegetarianos são menores
forma endógena pelo fígado e obtido do que os dos onívoros, o que suge-
em pequenas quantidades através do re efeitos ainda mais positivos para
consumo de alguns tipos de carnes, esta população [24],[25]. A mudança
identificado como o elemento limi- de uma dieta onívora para vegetaria-
tante da síntese de carnosina. A car- na parece, entretanto, não afetar a
nosina, por sua vez, atua como tam- homeostase da carnosina num pe-
ponante intracelular, retardando a ríodo de até 6 meses, porém novos
fadiga decorrente da acidose induzi- estudos são necessários para avaliar
da pelo exercício, podendo promover os efeitos dessa mudança após perí-
uma melhora da performance [23]. odos mais prolongados [26].
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Os protocolos de utilização de beta- exigem esforços de alta intensida-


-alanina são bastante heterogêneos de por curtos períodos (30s-10min),
nos estudos e precisarão ser mais como sprints, corridas ou natação de
bem estabelecidos no futuro. curta distância, remo e determinadas
modalidades de ciclismo.
Até o momento, o período de utiliza-
ção ideal parece ser de 4-8 semanas Além disso, praticantes de ativida-
no mínimo, na dosagem de 3-6 g/dia des que exigem repetidos esforços
em dose única, quando na forma sus- de alta intensidade, como diferen-
tained-released (liberação gradual), tes esportes coletivos e de raquete,
ou dividida em porções de até 1,6 g, ou que demandam este mesmo tipo
quando na sua forma comum, a fim de esforço de maneira mais pontual,
de favorecer a absorção e prevenir a como durante ou final de certas pro-
parestesia, efeito colateral frequente vas de ciclismo, corrida ou natação,
que não causa nenhum tipo de ma- também podem ser favorecidos pela
lefício além de possível desconforto suplementação de beta-alanina [7].
(referido como “coceira” pelos usuá-
A magnitude do efeito do uso de be-
rios) [23]. Muitos indivíduos se sen-
ta-alanina sobre o desempenho é pe-
tem estimulados por este efeito quan-
quena (~0,2-3%), embora possa ser
do consomem a substância antes do
significativa no esporte de alto ren-
treinamento, motivo pelo qual os su-
dimento [4] e parece ser menor nos
plementos pré-treino que contém be-
indivíduos treinados [7].
ta-alanina se tornaram muito popu-
lares. Este não passa, entretanto, de O tempo necessário para que os
um efeito placebo, pois os efeitos da estoques de carnosina retornem ao
suplementação de beta-alanina são habitual é de duas semanas após o
crônicos, tais quais os da creatina, término do consumo de beta-alanina.
e seu uso próximo do exercício não A beta-alanina sintética, encontrada
confere nenhuma vantagem real [7]. nos suplementos, é de origem vege-
tal e, portanto, pode ser utilizada por
As atividades mais beneficiadas pelo
vegetarianos estritos.
uso de beta-alanina são aquelas que
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Nitratos

Os nitratos, diferente dos demais su- eles a contração muscular, a respira-


plementos apresentados, são consu- ção e biogênese mitocondrial, e a re-
midos na forma de alimentos e estão gulação do fluxo sanguíneo para os
presentes em uma gama de vegetais, tecidos, aumentando a vasodilatação
como alface, agrião, espinafre, rúcula e reduzindo o custo de oxigênio [28]
28 .
e, mais popularmente, na beterraba,
Bons resultados são mostrados em
cujo consumo do suco tornou-se co-
estudos que utilizam doses de 300-
mum na última década.
900 mg no período de 1-3 horas antes
Em contato com as bactérias da ca- do exercício físico (o pico de nitrato no
vidade oral o nitrato é reduzido a nitri- sangue ocorre após cerca de 90min),
to, que serve como substrato para a embora não exista um protocolo am-
síntese de óxido nítrico (ON) através plamente aceito até o momento. A re-
de uma via independente da mais co- comendação do AIS (2021) é de 350-
nhecida conversão de l-arginina em ON 600 mg de 2-3h antes do exercício [7] 7.
(por ação das enzimas da família óxido
Estudos recentes demonstram que o
nítrico sintases).
consumo de nitrato pré-evento pode
Isto é vantajoso, pois a via da l-argini- favorecer a performance em diver-
na tem sua capacidade de produzir ON sas modalidades, como ciclismo ou
muito reduzida em condições de hipó- corrida, com duração entre 4-20min
xia (baixa concentração de oxigênio), [29],[30], bem como em protocolos de
momento em que o nitrito intracelular exercícios intermitentes voltados para
passa a ser o substrato principal para atender as demandas de esportes co-
a formação desta molécula [27]27 . letivos [30]
30. .

O ON é uma importante molécula si- Além disso, é possível que a suple-


nalizadora que exerce papel em diver- mentação com nitrato auxilie no treina-
sos processos fisiológicos que podem mento em situações de hipóxia, como
afetar a performance esportiva, dentre quando realizado em altas altitudes [7]
7.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 196

É difícil estabelecer a quantidade de Outra possível forma de se consu-


beterraba ou outros vegetais neces- mir os nitratos e colher seus benefí-
sários para atingir o teor de nitratos cios é ingerir o equivalente a 350-500
desejado, visto que a composição mg por dia durante os 3 dias anterio-
dos alimentos pode variar grande- res à prova [32].
32.
mente em função do solo, clima e
Os achados de alguns dos estudos
outros fatores, mas dosagens >250
mencionados sugerem, ainda, um po-
mg/100 g de alimento são esperadas
tencial efeito benéfico do consumo
para todas as fontes mencionadas
crônico de nitratos, o que faz sentido
no primeiro parágrafo [31].
31.
do ponto de vista mecanicista e, se
Isto sugere a ingestão de cerca de confirmado, representa um interes-
150-300 g de beterraba para que se sante benefício decorrente de uma
obtenha nitrato suficiente para pro- alimentação rica em vegetais.
mover efeitos agudos em um indiví-
Como recomendado para a maior
duo de 70 kg.
parte dos suplementos, é importan-
Atualmente existem suplementos te que se teste diferentes protocolos
disponíveis no mercado com dosa- de suplementação durante os treinos
gens padronizadas de 400 mg de ni- ou competições menos importantes,
tratos por dose, o que facilita muito visto que muitos indivíduos sofrem de
o controle da ingestão, embora seu desconforto gástrico após a ingestão
custo ainda seja elevado para a maior de grandes quantidades de suco de
parte dos atletas. beterraba.
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Bicarbonato de sódio

A suplementação com bicarbonato de Diversos estudos demonstram que a


sódio se tornou bastante popular, pois, ingestão de 200-300 mg/kg de bicar-
além de possuir forte respaldo cientí- bonato de sódio podem aumentar de
fico, representa uma alternativa muito forma segura e aguda os níveis endó-
menos custosa do que a beta-alanina genos de bicarbonato [33],[34],
33,34, o que
(embora o bicarbonato exerça efeito pode promover benefícios (2-3%) em
agudo e a beta-alanina efeito crônico). uma ampla gama de parâmetros de
avaliação da performance (força, velo-
O bicarbonato é um ânion envolvido
cidade, tempo até a exaustão e outros)
na manutenção do pH sanguíneo e a
durante sessões únicas ou repetidas
lógica por trás de sua utilização con-
de exercícios de alta intensidade com
siste em aumentar a capacidade de
duração entre 1-10min [35],[36],[37].
35,36,37.
tamponamento extracelular e, assim,
postergar a fadiga por acidose. Exemplos de modalidades em que o
bicarbonato de sódio pode ser utiliza-
O que acontece é que o bicarbonato
do com sucesso são: eventos de alta
(HCO3-) se junta a um hidrogênio (H+),
intensidade (1-7min) em que o acúmu-
dando origem ao ácido carbônico e
lo de íon H+ provoca a fadiga (remo,
formando dióxido de carbono (CO2) e
natação, corrida de média distância);
água (H2O). Ou seja, a maior concen-
esportes que exigem repetidos movi-
tração de bicarbonato no sangue reduz
mentos de alta intensidade, como es-
a quantidade de íons H+ neste local,
portes coletivos, de raquete e de com-
promovendo um efluxo de íons H+ dos
bate; e provas de maior duração em
músculos para o sangue (a concentra-
que um sprint final pode determinar o
ção de íons H+ é controlado por diferen-
vencedor 7.
[7].
ça de concentração, passando do local
de maior concentração – músculos – O principal aspecto negativo da suple-
para o de menor concentração – san- mentação com bicarbonato de sódio,
gue), reduzindo a acidose muscular. que pode ser comprado no supermer-
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 198

cado (é o mesmo utilizado na culinária Mais estudos são necessários para


avaliar os efeitos da associação de bi-
Outra forma de suplementar esta
substância de maneira a reduzir o des- carbonato de sódio com outros suple-
conforto gástrico é ingerir uma dose mentos (cafeína, creatina, beta-alanina e
maior (500 mg/kg) dividida em 5 refei- outros) e é importante que se considere
ções (100 mg/kg/refeição) ao longo de os efeitos da alta ingestão de sódio pro-
até 5 dias anteriores ao evento (e no vocada por esse tipo de suplementação
dia do evento inclusive) [38].
38. no contexto de saúde de cada indivíduo.
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Tabela 8.2 – Resumo das características, recomendações e formas de uso dos principais
suplementos alimentares.

Cafeína

Substância estimulante encontrada no café, chás, bebidas energéticas,


Visão geral
alguns alimentos e na forma de suplementos alimentares.

Aumento do estado de alerta; redução da percepção de esforço e de dor;


Efeitos
aumento do desempenho.
• Modalidades de endurance (>60min);
• Modalidades que envolvam curtos esforços de
Quando alta intensidade (1-60min);
considerar o
• Esportes coletivos e intermitentes;
uso
• Esforços máximos envolvendo força e potência;
• Aumento de energia pré-treino.

Diferentes protocolos de uso oferecem efeitos semelhantes sobre o


desempenho. É interessante começar com a menor dose efetiva, de 1,5
mg/kg ou 100 mg, e aumentar de forma gradativa, testando a tolerância
Forma de uso individual até 3 mg/kg. Os efeitos da cafeína podem ser percebidos pouco
depois da sua ingestão e ela pode ser utilizada antes do exercício, durante a
prática, ou mais adiante, à medida que a fadiga se desenvolve (nos esportes
de endurance).

• Se abster de cafeína dias antes de uma competição não aumenta os seus


efeitos no momento do evento;
• Altas doses podem causar efeitos colaterais, incluindo: desconforto intesti-
nal, falta de concentração, confusão, ansiedade e sono perturbado;
• É importante ajustar o horário de uso uma vez que metade da dose perma-
Considerações
nece ativa no organismo por cerca de 5h após a ingestão;
importantes
• Os efeitos da cafeína variam grandemente entre os indivíduos, portanto a
decisão de utilizá-la deve ser baseada na própria responsividade e reações,
incluindo os efeitos adversos;
• Não existem diferenças na suplementação em indivíduos vegetarianos e
veganos.
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Creatina

Composto naturalmente encontrado nas células musculares que fornece


energia para o exercício de alta intensidade e curta duração. É produzido
em pequenas quantidades pelo organismo e pode ser ingerido na alimenta-
Visão geral
ção através das carnes, porém não está presente nos alimentos de origem
vegetal. Enquanto suplemento alimentar, a forma monoidratada é a mais
estudada e que oferece o melhor custo-benefício.

Aumento da força, resistência e tamanho muscular, aumento do desempe-


Efeitos nho em atividades de alta intensidade e curta duração, aumento da capacida-
de de se realizar repetidos esforços de alta intensidade e curta duração.

• Quando existir o objetivo de se aumentar a força e construir


massa muscular;
• Modalidades que envolvam esforços máximos de até 30 segundos (sprints,
Quando levantamento de peso, etc.);
considerar o
uso • Esportes individuais ou coletivos que exijam repetidos movimentos
de alta intensidade e curta duração (futebol, tênis, etc.);
• Quando esforços de alta intensidade forem exigidos durante ou
no final de uma prova de esportes de endurance.

Existem duas formas de se utilizar creatina de forma efetiva, que


consistem na realização de uma fase de saturação seguida de uma fase de
manutenção, ou unicamente a realização da fase de manutenção.
No primeiro caso os benefícios da creatina serão percebidos mais
rapidamente, enquanto no segundo caso estes serão mais significativos
após 30 dias de uso.
(1) Fase de saturação: 0,3 g/kg ou 3-5 g de creatina ao dia, divididas em 4
doses, durante 5 dias, seguidas de uma fase de manutenção.
Forma de uso
(2) Fase de manutenção: 0,03 g/kg ou 3-5 g diariamente.

• Os efeitos da creatina não são agudos, mas sim sentidos no


médio prazo (uso crônico);
• A creatina deve ser ingerida diariamente, em qualquer horário;
• Refeições ricas em carboidratos ou mistas em carboidratos
e proteínas favorecem sua absorção.
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• O uso pode promover o ganho de 1-2 kg decorrente da retenção hídrica, o


que deve ser considerado em determinadas modalidades para avaliar se os
benefícios justificam o uso;
Quando • Ao cessar o consumo de creatina os estoques corporais retornarão ao nor-
considerar o mal entre 4-6 semanas;
uso • Não existem evidências de efeitos adversos no uso de creatina no longo
prazo em indivíduos saudáveis;
• Indivíduos vegetarianos e veganos possuem um maior potencial de resposta
ao uso de creatina.

Nitratos

Substância encontrada em diversos vegetais (alface, agrião, espinafre,


rúcula e outros) capaz de aumentar a disponibilidade de óxido nítrico. Seu
Visão geral
uso em altas doses de forma aguda se popularizou através do consumo de
suco de beterraba antes do exercício.

Aumento da vasodilatação (maior transporte de oxigênio para os músculos e


Efeitos redução de pressão sanguínea), redução do custo de energia para exercício
(aumento do desempenho), melhora da contração muscular.

• Modalidades de endurance que exigem esforços submáximos por períodos


de 4-30 min (corrida, ciclismo, etc.);
Quando
• Esportes individuais ou coletivos que exijam esforços de alta intensidade e
considerar o
curta duração;
uso
• Durante a exposição a situações de baixa disponibilidade oxigênio, como no
treinamento em grandes altitudes.

A ingestão de nitrato pode ser realizada de duas formas com objetivo de au-
mentar o desempenho:
(1) Dose aguda: 350-600 mg de nitrato entre 2-3h antes do exercício;
Forma de uso (2) Suplementação crônica: 350-600 mg de nitrato/dia durante os 3 dias anterio-
res ao evento + dose aguda de 300-600 mg 2-3h antes do evento.
São necessárias cerca de 200 g de beterraba para fornecer 400mg de nitrato,
quantidade encontrada em produtos disponíveis no mercado.
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• A ingestão de suco de beterraba pode causar desconforto gastrointestinal,


por isso é importante testar seu consumo durante os treinamentos;
• A cor roxa nas fezes e/ou urina é um efeito esperado do alto consumo de
beterraba que não provoca malefícios;
• Atletas bem treinados parecem colher menos benefícios da suplementação
Quando com nitrato;
considerar o
uso • O consumo equivocado de nitrito ou sais de nitrito pode ser tóxico – fontes
naturais de nitrato devem ser priorizadas;
• Poucos estudos investigaram a suplementação de nitratos em mulheres;
• Não existem diferenças na suplementação em indivíduos vegetarianos e
veganos; os efeitos da suplementação com nitrato nesta população ainda
não foram estudados.

Beta-alanina

Aminoácido precursor de carnosina (juntamente com a histidina), uma


molécula capaz de aumentar a capacidade de tamponamento intracelular,
Visão geral
retardando acidose e fadiga induzidas pelo exercício. A beta-alanina não é
encontrada em quantidades significativas no reino vegetal.

Efeitos Tamponamento intracelular, retardo da fadiga, aumento do desempenho.

• Exercícios de intensidade elevada e sustentada por períodos de curta dura-


ção (30s-10min) (remo, natação, corrida de curtas distâncias, Crossfit, etc.);
Quando
• Esportes individuais ou coletivos que exijam esforços de alta intensidade e
considerar o
curta duração;
uso
• Como alternativa ao bicarbonato de sódio quando o desconforto gastrointes-
tinal for um empecilho.

Diferentes protocolos de suplementação com beta-alanina foram propostos na


literatura, sem que exista um consenso. A seguir estão descritos dois dos mais
populares protocolos de uso:
(1) Uso contínuo: 65 mg/kg por 10-12 semanas ou o tempo desejado.

Forma de uso (2) Fase de manutenção com 3,2 g/dia durante um mínimo de 8 semanas ou 6,4
g/dia por um mínimo de 4 semanas, seguida de uma fase de manutenção com
1,2g/dia por tempo indeterminado.
A parestesia (“coceira”) é um efeito esperado que não provoca malefícios;
dividir a ingestão diária em 2-4 doses a cada 3-4h pode favorecer a absorção e
reduzir este desconforto.
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• O custo da suplementação com beta-alanina é bastante considerável, dado


o longo período de uso necessário;
• Existe uma grande variedade na resposta individual, possivelmente em virtu-
de dos níveis prévios de carnosina;
Quando • Atletas bem treinados parecem colher menores benefícios da suplementação,
considerar o mas que ainda podem ser significativos a depender do nível competitivo;
uso
• Pode ser utilizada em conjunto com o bicarbonato de sódio para aumentar a
capacidade tamponante;
• Indivíduos vegetarianos e veganos podem apresentar menores níveis de car-
nosina, o que aumentaria os benefícios da suplementação com beta-alanina,
embora isto não esteja bem documentado na literatura até o momento.

Bicarbonato de sódio

Substância produzida pelo organismo que exerce um papel chave na manu-


tenção do equilíbrio ácido-base. Sua suplementação contribui para o retar-
do da fadiga provocada pelo aumento da acidose provocada pelo exercício.
Visão geral
No Brasil a sua comercialização na forma de suplementos alimentar não é
liberada, mas pode ser encontrado na forma de pó, frequentemente utiliza-
do em preparações culinárias.

Efeitos Tamponamento extracelular, retardo da fadiga, aumento do desempenho.

• Exercícios de alta intensidade (1-7min) que provocam o acúmulo de H+


(remo, natação, corrida de curtas distâncias);
Quando
• Esportes que exigem repetidos movimentos de alta intensidade (esportes
considerar o
coletivos, de raquete, de combate e outros);
uso
• Provas de maior duração em que um sprint final pode determinar o vencedor
(corrida, ciclismo, etc.).

O protocolo de uso ideal depende de experimentação e erro em virtude dos fre-


quentes efeitos adversos e da variada resposta individual. A ingestão fracionada
e acompanhada de carboidratos reduz o desconforto gástrico.

A seguir estão descritas duas sugestões de uso inicial:

Forma de uso (1) Dose aguda: 200-400 mg (ou 0,4-0,6 mg/kg) de BS + 10 ml/kg de líquido +
1,5 g/kg de CHO (refeição pequenas) 120-150min antes do exercício.
Exemplo, homem de 70 kg:
300 mg BS x 70 kg = 21 g
10 ml líquido x 70 kg = 700 ml
1,5 g CHO x 70 kg = 105 g (2 fatias de pão + 3 c. de sopa de melado)
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(2) Carregamento: 500 mg (ou 100 mg/kg) de BS por dia nos 5 dias (ou mais)
anteriores ao evento (incluindo o dia da prova) dividido em 5 refeições
Forma de uso
É essencial testar os diferentes protocolos de uso durante os treinamentos e
fazer ajustes conforme a tolerância individual

• Mais estudos são necessários para avaliar os benefícios da coingestão de


bicarbonato de sódio com outros suplementos, como cafeína, creatina e
beta-alanina;
• Quando a competição envolve diversas provas no mesmo dia é preciso
Quando elaborar e testar um plano de suplementação específico;
considerar o
uso • É preciso considerar o potencial ganho de peso (retenção hídrica) nos espor-
tes em que isso for relevante;
• Não existem diferenças na suplementação em indivíduos vegetarianos e
veganos; os efeitos da suplementação com bicarbonato nesta população
ainda não foram estudados.

Fonte: elaborado pelo autor.


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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 205

APÊNDICE A
Grupos alimentares

Conhecer a classificação dos grupos alimentares de acordo com suas caracte-


rísticas nutricionais é muito importante para que os atletas possam fazer melho-
res escolhas com autonomia.

Esta é uma classificação bastante prática e que se difere da classificação botâ-


nica dos alimentos, que avalia as partes correspondentes das plantas (raiz, folha,
fruto e semente) e que pode provocar confusão.

Por exemplo, alimentos como o tomate, a abobrinha e a berinjela são conside-


radas frutos pela classificação botânica, mas tratados como legumes pela clas-
sificação por grupos alimentares. Outros alimentos que têm sua classificação
modificada são o amendoim (leguminosa tratada como oleaginosa), a soja (ole-
aginosa tratada como leguminosa) e a quinoa (oleaginosa tratada como cereal).
Ainda cabe mencionar as algas, consideradas verduras, e os cogumelos, trata-
dos como legumes.
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A tabela abaixo, adaptada do Guia De Nutrição Vegana Para Adultos, da Interna-


tional Vegetarian Union (IVU) (2022), apresenta os grupos alimentares vegetais de
acordo com suas características nutricionais:

Tabela - Grupos alimentares vegetais

Grupo alimentar Exemplos do grupo

Cereais integrais Aveia, arroz integral, centeio, quinoa, trigo, cevada, milho.

Derivados dos Farinha, flocos ou farelos de arroz, de aveia, de milho, de trigo, de centeio, de
cereais integrais granola, pipoca, gérmen de trigo, macarrão integral, pão integral.

Arroz branco, farinhas de cereais processadas, macarrão de cereais branco,


Cereais refinados
pão branco de cereais.

Vegetais amilá- Batata-inglesa, batata-baroa (mandioquinha), batata-doce, mandioca,


ceos cará, inhame.

Feijões azuki, preto, branco, vermelho, fradinho, rajado, fava, tremoço, ervilha
Leguminosas
verde partida, lentilha, grão-de-bico, soja e seus derivados (tofu, tempê, natô).

Amêndoas, noz-pecã, amendoim, avelã, castanha-de-caju, castanha-do-pará,


Oleaginosas gergelim, tahine, linhaça, chia, semente de abóbora, semente de girassol,
nozes, pistache, macadâmia.

Alface, rúcula, espinafre, agrião, brócolis, folha de brócolis, chicória, mostar-


Verduras da, almeirão, repolho, couve-flor, couve, salsa, coentro, cebolinha, aipo, algas
(wakame, kombu, hijiki).

Alcachofra, beringela, cebola, abóbora, abobrinha, beterraba, cenoura, chu-


Legumes
chu, pimentão, quiabo, rabanete, tomate, pepino, nabo, cogumelos.

Abacaxi, abacate, ameixa, banana, caqui, carambola, figo, goiaba, jaca, kiwi,
Frutas laranja, maçã, mamão, manga, melancia, melão, morango, pera, pêssego,
tangerina, uvas, etc.

Óleos Oliva, linhaça, girassol, gergelim.

Fonte: Slywitch (2022) [1]


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APÊNDICE B
Receitas comumente presentes nos cardápios de
atletas veganos

Receitas nutritivas e relativamente vez que o planejamento alimentar de


simples de serem executadas podem cada atleta deve seguir critérios indi-
complementar a dieta dos atletas, en- viduais levando-se em consideração
tregando novos sabores e variando a suas caracteristicas individuais e a
forma de se consumir os nutrientes
própria rotina de treino
desejados.
As receitas a seguir são meros
Os exemplos abaixo priorizam ingre-
exemplos das infinitas possibilidades
dientes naturais na sua forma mais ínte-
gra, com o objetivo de aumentar o valor de como utilizar os ingredientes de
nutricional, entregando mais micronu- origem vegetal de forma prática e sa-
trientes, fibras e compostos bioativos. borosa para consumo dentro e fora de
Os momentos de consumo sugeridos casa, tornando a rotina mais prazero-
a seguir são somente sugestões uma sa, além de nutritiva.
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Receitas nutritivas para refeições intermediárias e


refeições pré-treino

Receitas doces
Energy Ball de damasco
Ingredientes

• Damasco seco: 18 unidades (126 g no total)


• Uva passa sem caroço: 1/2 xícara (62 g no total)
• Amêndoa inteira: 1/2 xícara (58 g no total)
• Linhaça dourada: 1 colher de sopa
• Coco seco ralado: 3 colheres de sopa
• Suco de 1/2 laranja
• Canela em pó: 1 colher de chá
• Extrato natural de baunilha: 1 colher de café
• Raspas de laranja: 1 colher de sopa

Energy Ball de damasco - 1 porção (30 g)

Preparo Nutrientes
Quantidade na porção
1. Bata todos os ingredientes no processador
Energia (kcal) 107
até obter uma massa homogênea;
Carbodratos (g) 15,5
2. Modele em bolinhas e conserve-as
na geladeira. Se preferir embale-as Gordura total (g) 5,1
individualmente em filme plástico para Proteína total (g) 2,2
facilitar o consumo fora de casa.
Fibras (g) 2,8
Cálco (mg) 33,5

Ferro (mg) 0,8

Zinco (mg) 0,3


Rendimento
Aproximadamente 10 porções de 30 g. Vitamina C (mg) 0,3
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Receitas doces
Cookies de banana e tahine

Cookies de banana e tahine - 1 porção (25 g)


Ingredientes Nutrientes
Quantidade na porção
• Banana nanica: 1 unidade grande
Energia (kcal) 63
• Farelo de aveia: 3 colheres de sopa
• Tahine: 1 colher de sopa Carbodratos (g) 10,6
• Melado de cana: 1 colher de sopa Gordura total (g) 2,6
• Canela em pó: 1 colher de café Proteína total (g) 1,9
• Extrato natural de baunilha: 1 colher de chá
Fibras (g) 2,1
Cálco (mg) 32,3

Ferro (mg) 0,9


Preparo
Zinco (mg) 0,4
1. Misture todos os ingredientes e modele em
formato de cookies; Vitamina C (mg) 1
2. Coloque em uma forma forrada com papel
manteiga; Rendimento
3. Leve ao forno médio por cerca de 8 minutos. Aproximadamente 5 cookies de 25 g.
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Receitas doces
Muffin de banana e cacau

Ingredientes

• Bananas maduras: 3 unidades amassadas


• Farelo de aveia: 8 colheres de sopa
• Canela: 1 colher de sobremesa
• Pasta de amendoim: 2 colheres de sopa
• Cacau: 2 colheres de sopa
• Chia: 1 colher de sopa
• Linhaça: 1 colher de sopa

Preparo
1. Bata todos os ingredientes no processador
até formar uma massa bem homogênea;
2. Leve para assar em forminhas individuais
untadas por cerca de 25 minutos ou até firmar.

Muffin de banana e cacau - 1 porção (40 g)


Nutrientes
Quantidade na porção
Energia (kcal) 97
Carbodratos (g) 18,0
Gordura total (g) 3,7
Proteína total (g) 4,2
Fibras (g) 4,4
Cálco (mg) 54

Ferro (mg) 1,3

Zinco (mg) 0,8 Rendimento


Vitamina C (mg) 1,7 Aproximadamente 6 unidades de 40 g.
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Receitas doces
Açaí energy

Ingredientes Açaí energy - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
• Água: 250 ml
Quantidade na porção
• Polpa de açaí congelada e sem açúcar: 100 g
Energia (kcal) 145
• Banana: 1 unidade
• Beterraba: 1 pedaço médio Carbodratos (g) 28,0
• Adoce a gosto Gordura total (g) 4,3
Proteína total (g) 2,1
Preparo Fibras (g) 5,4
1. Bata todos os ingredientes no liquidificador Cálco (mg) 43
até ficar homogêneo
Ferro (mg) 0,8

Zinco (mg) 0,5


Vitamina C (mg) 8,5
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 212

Receitas doces
Vitamina de frutas

Ingredientes

• Água: 250 ml
• Mamão: 1 pedaço
• Banana: 1 unidade
• Maçã: 1/2 unidade pequena
• Aveia: 1 colher de sopa
• Pasta de amendoim: 1 colher de sobremesa
• Gelo

Preparo
1. Bata todos os ingredientes no liquidificador
até ficar homogêneo

Vitamina de frutas - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
Quantidade na porção
Energia (kcal) 254
Carbodratos (g) 52,3
Gordura total (g) 6,6
Proteína total (g) 5,7
Fibras (g) 8,2
Cálco (mg) 44

Ferro (mg) 1,3

Zinco (mg) 0,8


Vitamina C (mg) 84
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Receitas doces
Brownie de feijão preto
Ingredientes

• Feijão preto cozido, drenado e sem tempero:


1 e 1/2 xícara
• Açúcar mascavo: 1 xícara
• Aveia em flocos finos: 1/2 xícara
• Óleo de coco: 4 colheres de sopa
• Sal: 1 pitada
• Extrato de baunilha: 2 colheres de chá
• Cacau: 2 colheres de sopa
• Bicarbonato de sódio: 1 colher de chá
• Vinagre de maçã: 1 colher de sobremesa
• Chocolate amargo sem leite na composição
em gotas ou picado: 1 xícara

Brownie de feijão preto - 1 porção (60 g)


Preparo
Nutrientes
1. Cozinhe o feijão preto apenas com água até
Quantidade na porção
que esteja macio. Depois de frio, escorra
Energia (kcal) 176
a água do cozimento e lave bem para ficar
apenas com os grãos; Carbodratos (g) 28,8
2. No processador, bata o feijão com o açúcar, Gordura total (g) 6,3
a aveia, o óleo de coco, o sal, o extrato de
Proteína total (g) 3,8
baunilha e o cacau em pó;
3. Quando a mistura estiver homogênea, Fibras (g) 3,7
acrescente o bicarbonato de sódio e o Cálco (mg) 35,3
vinagre de maçã. Bata até incorporar;
Ferro (mg) 1,6
4. Por fim, adicione o chocolate picado e
misture com uma espátula; Zinco (mg) 0,7
5. Despeje a massa em uma forma de 25x15 Vitamina C (mg) 0
cm, untada e polvilhada com cacau em pó;
6. Asse o brownie em forno preaquecido a Rendimento
200˚C por 15 a 20 minutos. Aproximadamente 12 porções de 60 g
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Receita salgada
Panqueca de aveia

Ingredientes

• Aveia em flocos: 2 colheres de sopa


• Água: 2 colheres de sopa
• Sal: 1 pitada

Preparo

• Misture todos os ingredientes em um


potinho de deixe descansar por 10 minutos;
• Aqueça uma frigideira levemente untada
com azeite e despeje a massa;
• Tampe e deixe dourar/firmar dos 2 lados.

Panqueca de aveia - 1 porção


Sugestões
Nutrientes
Esta receita é neutra, se quiser consumir a Quantidade na porção
panqueca salgada acrescente sal marinho Energia (kcal) 50
a gosto na massa, ou, se quiser adocicá-la
Carbodratos (g) 13,4
acrescente açúcar não refinado ou adoçante
natural. Gordura total (g) 1,4
Proteína total (g) 3,5
Consuma com geleia de frutas, banana em
rodelas, tahine ou pasta de amendoim ou Fibras (g) 3,1
oleaginosas. Cálco (mg) 11,7

Ferro (mg) 1,1

Rendimento Zinco (mg) 0,6

Aproximadamente 1 porção. Vitamina C (mg) 0


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Receitas com maior teor (proporção) proteico para


refeições intermediárias ou pós-treino

Receitas doces
Mingau de frutas
vermelhas
Ingredientes

• Proteína isolada vegetal sabor baunilha: 1


colher de sopa cheia (15 g)
• Farelo de aveia: 2 colheres de sopa (50 g no total)
• Polpa de frutas vermelhas: 1/2 unidade (50 g)
• Coco ralado seco: 1 colher de sopa cheia
• Água: 150 ml

Para adoçar: se a proteína em pó não vier


adoçada, adoce com melado de cana ou
adoçante natural.
Mingau de frutas vermelhas - 1 porção
Nutrientes
Preparo Quantidade na porção
Energia (kcal) 274
1. Coloque a polpa congelada e a água em
Carbodratos (g) 43,1
uma panela;
2. Leve ao fogo e, quando derreter, acrescente Gordura total (g) 10
os demais ingredientes ; Proteína total (g) 22,2
3. Deixe cozinhar, sempre mexendo, até
Fibras (g) 12,7
engrossar.
Cálco (mg) 71,4

Ferro (mg) 5,5


Rendimento Zinco (mg) 2,5
Aproximadamente 1 porção. Vitamina C (mg) 7,7
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Receitas doces
Cacau Protein

Ingredientes

• Leite vegetal*: 1 copo de 250 ml


• Banana: 1 unidade
• Cacau: 1 colher de sobremesa
• Proteína vegetal sabor baunilha** ou
chocolate: 1 dose
• Canela: a gosto
• Noz moscada: a gosto
• Gelo
• Adoce a gosto

Preparo

1. Bata todos os ingredientes no liquidificador


até ficar homogênio.

Cacau protein - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
Quantidade na porção
Energia (kcal) 394,8
Carbodratos (g) 37,2
Gordura total (g) 15,6
Proteína total (g) 29,5
Fibras (g) 5,7
Cálco (mg) 41,6

Ferro (mg) 2,0


*Para o cálculo foi usado o leite vegetal com base
Zinco (mg) 2,0 de castanha de caju.
**Uma dose equivale a 30 g de suplemento de
Vitamina C (mg) 18,0 proteína vegetal isolada (arroz + ervilha) em pó.
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Receitas doces
Banana Chai

Ingredientes Banana Chai - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
• Leite vegetal*: 1 copo de 250 ml
Quantidade na porção
• Banana: 1 unidade
Energia (kcal) 391
• Pasta de amendoim: 1 colher de sopa
• Mix de especiarias CHAI ou canela: 1 colher de chá Carbodratos (g) 32,6
• Proteína vegetal sabor baunilha**: 1 dose Gordura total (g) 17,2
• Chia: 1 colher de sopa
Proteína total (g) 30,1
• Adoce a gosto
• Gelo Fibras (g) 7,9
Cálco (mg) 75,0

Preparo Ferro (mg) 2,2

Zinco (mg) 2,2


1. Bata todos os ingredientes no liquidificador
Vitamina C (mg) 17,6
até ficar homogênio.

*Para o cálculo foi usado o leite vegetal com base de castanha de caju.
**Uma dose equivale a 30g de suplemento de proteína vegetal isolada (arroz + ervilha) em pó.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 218

Receitas doces
Amarelado

Ingredientes Amarelado - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
• Leite vegetal*: 1 copo de 250 ml
• Manga: 1 pedaço grande Quantidade na porção
• Maracujá: 1/2 unidade Energia (kcal) 309
• Proteína vegetal sabor baunilha**: 1 dose Carbodratos (g) 28,3
• Gengibre: 1 pedaço pequeno
Gordura total (g) 10,4
• Cúrcuma em pó: 1 colher de café
• Adoce a gosto Proteína total (g) 28,0
• Gelo Fibras (g) 6,5
Cálco (mg) 29,6
Preparo Ferro (mg) 3,1

1. Bata todos os ingredientes no liquidificador Zinco (mg) 1,7


até ficar homogênio. Vitamina C (mg) 45,1

*Para o cálculo, foi usado o leite vegetal com base de castanha de caju.
**Uma dose equivale a 30 g de suplemento de proteína vegetal isolada (arroz + ervilha) em pó.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 219

Receitas doces
Frutas vermelhas

Ingredientes Frutas vermelhas - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
• Leite vegetal: 1 copo de 250 ml
Quantidade na porção
• Banana: 1 unidade
• Frutas vermelhas congeladas: 1/2 xícara Energia (kcal) 375
• Beterraba: 1 pedaço pequeno Carbodratos (g) 41,1
• Hortelã: 5 folhas Gordura total (g) 12,2
• Chia ou linhaça: 1 colher de sobremesa
Proteína total (g) 28,6
• Proteína vegetal sabor baunilha**: 1 dose
• Adoce a gosto Fibras (g) 9,7
Cálco (mg) 84,6

Preparo Ferro (mg) 3,0

Zinco (mg) 2,1


1. Bata todos os ingredientes no liquidificador
Vitamina C (mg) 64,6
até ficar homogênio.

*Para o cálculo, foi usado o leite vegetal com base de castanha de caju.
**Uma dose equivale a 30 g de suplemento de proteína vegetal isolada (arroz + ervilha) em pó.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 220

Receitas doces
Avocado green

Ingredientes Avocado green - 1 porção (1 copo grande)


Nutrientes
• Água: 1 copo de 250 ml
Quantidade na porção
• Banana: 1 unidade
• Avocado: 1/2 unidade ou Abacate: Energia (kcal) 329
1 fatia grossa Carbodratos (g) 30,6
• Proteína vegetal sabor baunilha**: 1 dose Gordura total (g) 14,0
• Spirulina: 1 colher de café (opcional)
Proteína total (g) 25
• Adoce a gosto
• Gelo Fibras (g) 9,6
Cálco (mg) 16,0

Preparo Ferro (mg) 0,9

Zinco (mg) 0,7


1. Bata todos os ingredientes no liquidificador
até ficar homogênio. Vitamina C (mg) 16,7

*Uma dose equivale a 30 g de suplemento de proteína vegetal isolada (arroz + ervilha) em pó.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 221

Receitas salgadas
Muffin de grão-de-bico

Muffin de grão-de-bico - 1 porção (40 g)


Ingredientes
Nutrientes
• Cenoura média: 1 unidade
Quantidade na porção
• Inhame cozido: 2 unidades pequenas
Energia (kcal) 79
• Água: 1/2 xícara
• Farelo de aveia: 2 xícaras Carbodratos (g) 15,8
• Tahine: 1 colher de sopa Gordura total (g) 2,3
• Azeite: 1 colher de sopa
Proteína total (g) 4,1
• Salsinha: a gosto
• Sal: a gosto Fibras (g) 3,5
• Pimenta: a gosto Cálco (mg) 22,8

Ferro (mg) 1,3


Preparo
Zinco (mg) 0,7
1. Bata todos os ingredientes no processador
Vitamina C (mg) 0,6
até formar uma massa bem homogênea;
2. Leve para assar em forminhas individuais
untadas por cerca de 25 minutos ou até Rendimento
firmar. Aproximadamente 4 unidades de 40 g.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 222

Receitas salgadas
Pasta de feijão branco
com beterraba

Ingredientes

• Beterraba cubos: 1 xícara


• Feijão branco cozido sem caldo: 2 xícaras
• Azeite: 1 colher de sobremesa
• Alecrim seco: 1 colher de sopa
• Sal: a gosto
• Pimenta: a gosto

Preparo

1. Cozinhe a beterraba no vapor;


2. Bata no processador a beterraba cozida
com todos os outros ingredientes até
atingir a consistência desejada, se Pasta de feijão branco com beterraba
necessário acrescente água aos poucos; 1 porção (45 g)
3. Acerte o sal e a pimenta a gosto. Nutrientes
Quantidade na porção
Energia (kcal) 52
Sugestões Carbodratos (g) 8,3
Gordura total (g) 1,0
Monte um sanduíche com pão integral ou
de sua preferência, fatias de tofu defumado, Proteína total (g) 2,8
folhas cruas e uma espessa camada da pasta Fibras (g) 2,3
de feijão branco com beterraba.
Cálco (mg) 32,7

Ferro (mg) 1,3

Rendimento Zinco (mg) 0,4

Aproximadamente 10 porções de 45 g. Vitamina C (mg) 1,0


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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 223

Receitas salgadas
Crepioca de tofu

Ingredientes

• Tofu: 1 fatia (50 g)


• Tapioca: 2 colheres de sopa
• Água: 2 colheres de sobremesa
• Levedura nutricional: 1 colher de sopa
• Azeite: 1 colher de chá
• Cúrcuma: 1 colher de café
• Orégano: 1 colher de chá
• Sal: 1 pitada

Preparo

1. Amasse o tofu com um garfo;


2. Tempere com a levedura, azeite, cúrcuma, Crepioca de tofu - 1 porção
orégano e sal;
Nutrientes
3. Acrescente a tapioca e misture bem;
Quantidade na porção
4. Adicione a água e misture bem;
5. Leve ao fogo uma frigideira untada Energia (kcal) 225
levemente com azeite; Carbodratos (g) 31,5
6. Acrescente a massa quando a frigideira já
Gordura total (g) 5,0
estiver quente;
Proteína total (g) 9,4
7. Tampe e deixe cozinhar;
8. Quando estiver ficando firme, vire de lado Fibras (g) 4,2
para cozinhar por igual. Cálco (mg) 139,2

Ferro (mg) 2,2

Rendimento Zinco (mg) 1,1

Aproximadamente 1 unidade. Vitamina C (mg) 1,9


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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 224

Receitas salgadas
Bolinhas de batata doce com tofu

Ingredientes

• Batata doce cozida: 1/2 xícara (100 g)


• Azeite: 1 colher de sopa
• Tofu: 1 fatia média (60 g)
• Sal: 1 colher de chá
• Páprica ou cúrcuma: 1 colher de chá
• Orégano: 1 colher de sopa

Preparo

1. Amasse a batata doce e o tofu com um garfo;


2. Misture bem com os demais ingredientes até
ficar homogêneo;
3. Acerte o tempero e modele em bolinhas de
Bolinha de batata doce e tofu
cerca de 40 g; 1 porção (40 g)
4. Coloque em uma forma untada e asse
Nutrientes
até dourar.
Quantidade na porção
Energia (kcal) 54
Sugestões Carbodratos (g) 6,1

Pode assar no forno convencional ou airfryer, Gordura total (g) 2,8


cerca de 20 a 30 minutos. Proteína total (g) 1,8

Combine as bolinhas com a pasta de feijão Fibras (g) 1,2


branco com beterraba (receita acima). Cálco (mg) 47,8

Ferro (mg) 0,7

Rendimento Zinco (mg) 0,2

Aproximadamente 4 unidades de 40 g. Vitamina C (mg) 5,4


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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 225

Receitas salgadas
Hambúrguer de Lentilha
Ingredientes

• Lentilha crua: 1 xícara (180 g)


• Água: 165 ml
• Farinha de aveia: 4 colheres de sopa
• Cebola: 1/2 unidade pequena
• Alho: 1 dente
• Orégano: 1 colher de café cheia
• Coentro ou salsinha: 1 colher de sopa rasa
• Cebolinha: 1 colher de sopa
• Azeite: 1 colher de sobremesa
• Sal: a gosto

Preparo

1. Deixe a lentilha de molho em água de um dia


Hambúrguer de lentilha - 1 porção (80 g)
para o outro (12h-16h). Dispense a água.
2. Acrescente o azeite em uma panela com Nutrientes
alho e cebola. Quantidade na porção
3. Refogue e acrescente o sal, orégano, ervas
Energia (kcal) 79
e a lentilha. Siga adicionando água aos
Carbodratos (g) 14,2
poucos.
4. Deixe a lentilha ferver por alguns minutos até Gordura total (g) 1,2
que a água seque completamente. Proteína total (g) 5,5
5. Após esfriar, bata a lentilha no liquidificador
Fibras (g) 4,9
até ficar homogêneo.
6. Acrescente a farinha de aveia e bata Cálco (mg) 34,5
novamente. Ferro (mg) 2,5
7. Adicione o coentro e a cebolinha.
Zinco (mg) 0,8
8. Deixe descansar alguns minutos e comece a
moldar os hambúrgueres. Vitamina C (mg) 7,0
9. Coloque-os em uma assadeira untada e leve
ao forno pré-aquecido.
10. Vire conforme for dourando e alcançar o
Rendimento
ponto de sua preferência. Aproximadamente 1 unidade.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 226

Receitas salgadas
Purê de ervilha

Ingredientes

• Ervilhas secas cozidas: 2 xícaras


• Alho: 1 dente
• Suco de limão: 2 colheres de sopa
• Cominho em pó: 1/2 colher de chá
• Sal: 1/2 colher de chá
• Azeite: 2 colheres de sopa
• Salsinha e cebolinha picadas: 2 colheres de
sopa (opcional)
• Tahine: 2 colheres de sopa (opcional)

Preparo
Purê de ervilha - 1 porção (60 g)
1. Antes de cozinhar as ervilhas, deixe-as de
Nutrientes
molho em água por 12h.
2. Descarte a água e cozinhe a ervilha em água Quantidade na porção
fervente (vá adicionando aos poucos até Energia (kcal) 94
que as ervilhas estejam cozidas) com todos Carbodratos (g) 4,7
os outros ingredientes, até alcançar uma
Gordura total (g) 7,7
consistência macia.
3. Em um processador ou liquidificador triture Proteína total (g) 2,6
tudo até ganhar consistência de creme/ Fibras (g) 1,8
purê/patê. Cálco (mg) 34,9

Ferro (mg) 1,6

Rendimento Zinco (mg) 0,8

Aproximadamente 5 porções de 60 g. Vitamina C (mg) 21,7


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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 227

APÊNDICE C
Exemplos de planos alimentares para atletas veganos
de diferentes modalidades

Os planos alimentares apresentados a seguir são de atletas competitivos e


servem para ilustrar a aplicação prática das recomendações descritas neste
guia. Não é recomendado que sejam reproduzidos, pois foram elaborados com
base nas necessidades individuais de cada um.

A suplementação de micronutrientes complementar (não publicada), quando


necessária, foi prescrita com base na avaliação nutricional e laboratorial reali-
zada pelos seus respectivos nutricionistas e médicos.
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 228

Fisiculturista 1
(Ganho de massa muscular)

Homem, 82 kg

Características da dieta
Calorias 3375 kcal ALA (ômega 3) 9g
Carbodratos 527 g (6,4 g/kg ou 62% VET) Fibras 76 g
Proteína 220g (2,7 g/kg ou 26% VET) Zinco 29 mg
Lipídio 57 g (0,7 g/kg - 15% VET) Ferro 59 mg
Gordura saturada 8 g (2% VET) Cálcio 1561 mg

Refeição 1: Refeição 4 (pós-treino):


• Arroz branco, cozido - 100 g • Cereal matinal de
• Proteína texturizada de soja, hidratada milho - 100 g
e refogada - 200 g • Bebida vegetal à base
• Legumes variados, crus, cozidos de amêndoas - 200 ml
ou assados - 50 g • Proteína de ervilha em pó - 30 g
• Óleo de linhaça - 8 ml
• Abacaxi - 140 g

Refeição 5:
Refeição 2: • Arroz branco, cozido - 100 g

• Banana - 1 unidade
• Lentilha, cozida - 200 g

• Bebida vegetal à base de soja - 200 ml


• Legumes variados, crus, cozidos
ou assados - 50 g
• Proteína de ervilha em pó - 30 g
• Aveia em flocos - 60 g
• Tangerina - 1 unidade

• Pasta de amendoim - 30 g

Refeição 3 (pré-treino): Refeição 6:


• Arroz branco, cozido - 100 g • Macarrão, cozido - 100 g
• Grão-de-bico, cozido - 300 g • Proteína texturizada de soja,
• Maçã - 1 unidade hidratada e refogada - 200 g
• Óleo de linhaça - 8 ml
• Melancia - 150 g
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 229

Fisiculturista 2
(Redução da gordura corporal)

Homem, 112 kg

Características da dieta
Calorias 3489 kcal ALA (ômega 3) 5g
Carbodratos 56 3g (5 g/kg ou 65% VET) Fibras 83 g

Proteína 250 g (2,2 g/kg ou 27% VET) Zinco 24 mg

Lipídio 49g (0,4 g/kg ou 13% VET) Ferro 62 mg

Gordura saturada 7 g (1,8% VET) Cálcio 1355 mg

Refeição 1: Refeição 4:

• Goma de tapioca - 100 g • Batata inglesa, cozida ou


• Tofu, cru - 1 fatia assada – 300 g
• Frutas variadas - 200 g • Proteína texturizada de soja,
• Sementes variadas (chia, hidratada e refogada – 150 g
abóbora ou linhaça) - 10 g • Grão-de-bico, cozido – 30 g
• Proteína de ervilha em pó - 60 g • Salada de folhas – à vontade

Refeição 2 (pré-treino): Refeição 5:

• Quinoa, cozida – 200 g • Proteína de ervilha em pó – 60 g


• Lentilha, cozida – 150 g • Aveia – 50 g
• Castanhas variadas – 15 g • Frutas variadas – 200 g
• Pasta de amendoim – 30 g

Refeição 3 (pós-treino): Refeição 6:

• Arroz branco, cozido – 250 g • Macarrão, cozido - 100 g


• Proteína texturizada de soja, • Proteína texturizada de soja,
hidratada e refogada – 150 g hidratada e refogada - 200 g
• Feijão, cozido – 100 g • Óleo de linhaça - 8 ml
• Grão-de-bico, cozido – 30 g • Melancia - 150 g
• Salada de folhas – à vontade
• Frutas variadas – 100 g
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 230

Triatleta
Mulher, 62 kg

Características da dieta
Calorias 2444 kcal ALA (ômega 3) 4,5 g

Carbodratos 435 g (7 g/kg ou 71% VET) Fibras 78 g

Proteína 86 g (1,4 g/kg ou 14% VET) Zinco 15 mg

Lipídio 55 g (0,9 g/kg ou 20% VET) Ferro 62 mg

Gordura saturada 9 g (3,3% VET) Cálcio 1059 mg

Refeição 1: Refeição 4 (pós-treino I):


• Água de coco – 200 ml • Arroz parboilizado ou macarrão,
• Laranja – 1 unidade cozidos – 100 g
• Maçã – 1 unidade • Feijão ou lentilha, cozidos – 200 g
• Couve – 1 folha • Farofa de proteína texturizada de
• Farelo de arroz – 30 g soja, crua – 30 g
• Farinha de linhaça – 15 g • Salada de folhas verdes escuras,
cruas – à vontade
• Legumes variados, crus, cozidos
Refeição 2 (pré-treino I):
ou assados – 100 g
• Goma de tapioca – 60 g • Suco natural de acerola, sem
• Homus – 50 g açúcar – 200 ml

Refeição 3 (intra-treino): Refeição 5 (pré-treino II):

• Tâmara, seca – 40 g • Bebida vegetal à base de


• Damasco, seco – 50 g amêndoas – 300 ml
• Água – 500 ml • Banana – 1 unidade
• Aveia em flocos – 15 g
• Cacau 100%, em pó - 15 g
• Açúcar mascavo – 5 g
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 231

Refeição 6 (pós-treino II): Refeição 7:

• Pão de forma – 2 fatias • Quinoa, cozida – 100 g


• Pasta de amendoim – 30 g • Grão-de-bico, cozido – 200 g
• Legumes variados, crus, cozidos
ou assados – 150 g
• Gergelim, semente – 20 g
GUIA DE NUTRIÇÃO
ESPORTIVA VEGANA
Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 232

Jogadora de Rugby
Mulher, 66 kg

Características da dieta
Calorias 2380 kcal ALA (ômega 3) 0,7 g
Carbodratos 342 g (5,2 g/kg ou 57% VET) Fibras 53 g
Proteína 145 g (2,2 g/kg ou 24% VET) Zinco 12 mg

Lipídio 58 g (0,9 g/kg ou 22% VET) Ferro 31 mg

Gordura saturada 9 g (3,4% VET) Cálcio 987 mg

Refeição 1: Refeição 4:

• Pão de forma, integral – 2 fatias • Arroz branco, cozido – 150 g


• Tofu, cru – 50 g • Feijão, cozido – 100 g
• Abacate – 40 g • Grão de bico, cozido – 100 g
• Bebida vegetal à base de • Legumes variados, crus,
soja – 200 ml cozidos ou assados – 50 g
• Pasta de amendoim – 25 g • Salada de folhas e
• Banana, congelada - 90 g legumes, crus – à vontade
• Proteína isolada de soja • Barrinha de proteína
em pó – 15 g vegetal – 1 unidade
• Cacau 100%, em pó - 5 g
• Canela – a gosto
Refeição 5:

• Proteína de ervilha em pó – 30 g
Refeição 2 (intra-treino): • Proteína isolada de soja
em pó – 12 g
• Maltodextrina – 30 g
• Mexerica – 1 unidade

Refeição 3 (pós-treino): Refeição 6:

• Castanha de caju – 10 g • Macarrão, cozido – 250 g


• Maçã – 1 unidade • Proteína texturizada de soja,
• Pão tipo bisnaguinha – 2 unidades hidratada e refogada – 100 g
• Pasta de amendoim – 20 g • Legumes variados, crus, cozidos
• Geleia de fruta – 20 g ou assados – à vontade
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 233

Jogadora de Vôlei
Mulher, 62 kg

Características da dieta
Calorias 2917 kcal ALA (ômega 3) 10 g
Carbodratos 559 g (9 g/kg ou 77% VET) Fibras 81 g
Proteína 160 g (2,6 g/kg ou 22% VET) Zinco 16 mg

Lipídio 80 g (1,2 g/kg ou 25% VET) Ferro 48 mg

Gordura saturada 12 g (3,7% VET) Cálcio 1402 mg

Refeição 1 (pré-treino I): Refeição 5:

• Banana – 2 unidades • Arroz branco, cozido – 150 g


• Pasta de amendoim – 20 g • Feijão, cozido – 195 g
• Granola – 22 g • Legumes variados, crus, cozidos ou
• Pão de forma – 1 fatia assados – à vontade
• Mix de chia e linhaça – 15 g • Salada de folhas – à vontade
• Proteína de ervilha em pó – 15 g • Azeite de oliva – 2 ml
• Palatinose – 20 g • Gergelim, semente – 15 g
• Tangerina – 1 unidade

Refeição 2 (pós-treino I):


Refeição 6 (pré-treino III):
• Suplemento de carboidratos e
proteínas (4:1) – 35 g • Banana – 1 unidade
• Pasta de amendoim – 20 g
• Granola – 22 g
Refeição 3 (intra-treino II): • Pão de forma – 1 fatia
• Mix de chia e linhaça – 15 g
• Gel de carboidrato – 2 sachês
• Proteína de ervilha em pó – 15 g
(30 g cada)

Refeição 4 (pós-treino II): Refeição 7 (intra-treino III):

• Banana – 1 unidade • Gel de carboidrato – 2 sachês


• Proteína de ervilha em pó – 30g (30 g cada)
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Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 234

Refeição 8 (pós-treino III): Refeição 10:


• Banana – 1 unidade • Morango – 200g
• Proteína de ervilha em pó – 30 g • Pasta de amendoim – 10 g
• Bebida vegetal à base de
amêndoas – 200 ml
• Granola – 11 g
Refeição 9: • Mix de chia e linhaça – 15 g

• Arroz branco, cozido – 150 g


• Feijão, cozido – 195 g
• Legumes variados, crus, cozidos
ou assados – à vontade
• Salada de folhas – à vontade
• Azeite de oliva – 2 ml
• Semente de abóbora – 15 g
• Tangerina – 1 unidade
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ESPORTIVA VEGANA
Introdução Sumário Vegetarianismo Planejamento Micronutrientes Apêndices 235

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Apêndice A

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FICHA TÉCNICA

Produção Sociedade Vegetariana Brasileira


Coordenação Alessandra Luglio
Redação Filipe Testoni
Colaboradores Prof. Dr. Hamilton Roschel
Danielle Sammartino
José Balestrin
Clarissa Doimo
Marcella Worcemann
Tatiana Consoli
Giulia Logen
Gabriela Souza
Sarah Nichele
Carolina Teodoroski
Projeto gráfico e Sabrinna Cordeiro
diagramação

Ilustrações Sabrinna Cordeiro

Desde que não haja fins lucrativos e seja citada a fonte, permitimos
divulgação e reprodução, em qualquer meio, de trechos ou da íntegra desta
publicação, sem necessidade de autorização prévia.
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