Você está na página 1de 11

Brazilian Journal of Health Review 28352

ISSN: 2595-6825

Prevalência de lesões osteopaticas na articulação sacroilíaca em jogadores


de futebol

Prevalence of osteopatic injuries in the joint sacroiliaca in football players


DOI:10.34119/bjhrv6n6-141

Recebimento dos originais: 13/10/2023


Aceitação para publicação: 16/11/2023

Igor Sombra Silva


Mestre em Ciências da Saúde da Amazônia Ocidental
Instituição: Universidade Federal do Acre
Endereço: Rodovia BR 364, Km 04, Distrito Industrial, Rio Branco – AC, CEP: 69915-900
E-mail: igor_sombra@yahoo.com.br

Romeu Paulo Martins Silva


Doutor em Genética e Bioquímica
Instituição: Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Catalão
Endereço: Rua Terezinha Margon Vaz, Catalão – GO, CEP: 75706-881
E-mail: romeupms@gmail.com

RESUMO
A pelve constitui uma peça importante para manutenção da postura bípede, sendo também
importante na abordagem osteopática. As alterações sacroilíacas acarretam disfunções
mecânicas não só na cintura pélvica, como também no joelho, já que músculos biarticulares
estarão modificando a fisiologia articular dessas mesmas estruturas. Sendo assim, os excessos
de jogos e treinamentos levam os jogadores a uma maior predisposição às lesões. Verificar a
prevalência de lesões osteopáticas da articulação sacroilíaca dos jogadores de futebol com
relação a perna dominante e não-dominante do chute. O estudo foi composto de 20 jogadores
com idade entre 16 e 18 anos. Foram avaliadas as articulações sacroilíacas através dos testes de
Gillet de flexão em pé (TFP) e de flexão sentado (TFS) antes do treinamento. Quando
encontrada alguma lesão osteopática, o fisioterapeuta normalizou articulação através de
técnicas osteopáticas, sendo os jogadores reavaliados após o treinamento. A idade média dos
participantes foi de 17,2 ± 0,77 anos, com relação a lesão osteopática da articulação sacroilíaca,
15(75%) jogadores apresentaram a lesão e 5 (15%) não tinham lesão. Dos jogadores que
apresentavam a lesão osteopática na articulação sacrilíaca, em onze eram homolateral a perna
dominante do chute e quatro era contralateral Os jogadores que foram diagnosticados com lesão
na articulação sacroilíaca, dentre eles apresentaram uma maior prevalência em lesões no ilíaco
(80%) do que no sacro (20%.) Nos jogadores de futebol avaliados que tinham a lesão
osteopática no ilíaco, foi verificada mais a ocorrência de lesões em rotação posterior (66,6%)
do ilíaco que em rotação anterior. Há uma acentuada incidência de lesões osteopáticas
sacroilíacas em jogadores de futebol e uma predominância em relação a perna dominante, das
quais a mais encontrada foi a lesão ilíaca em rotação posterior.

Palavras-chave: sacroilíaca, osteopatia, jogadores, futebol.

ABSTRACT
The pelvis is an important part for maintaining the bipedal posture, and is also important in the
osteopathic approach. Sacroiliac changes cause mechanical dysfunction not only in the pelvic

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28353
ISSN: 2595-6825

girdle, but also in the knee, as biarticular muscles will be modifying the joint physiology of
these same structures. Therefore, excessive games and training lead players to a greater
predisposition to injuries. To verify the prevalence of osteopathic injuries of the sacroiliac joint
in football players in relation to the dominant and non-dominant kicking leg. The study
consisted of 20 players aged between 16 and 18 years old. The sacroiliac joints were evaluated
using the Gillet standing flexion (PFT) and sitting flexion (SFT) tests before training. When an
osteopathic injury was found, the physiotherapist normalized the joint through osteopathic
techniques, and the players were re-evaluated after training. The average age of the participants
was 17.2 ± 0.77 years, regarding osteopathic injury of the sacroiliac joint, 15 (75%) players had
the injury and 5 (15%) had no injury. Of the players who had an osteopathic lesion in the
sacroiliac joint, eleven were homolateral to the dominant kicking leg and four were
contralateral. than in the sacrum (20%). In the football players assessed who had an osteopathic
lesion in the iliac, more injuries were found in the posterior rotation (66.6%) of the iliac than in
the anterior rotation. There is a high incidence of osteopathic sacroiliac injuries in football
players and a predominance in relation to the dominant leg, of which the most common was the
iliac injury in posterior rotation.

Keywords: sacroiliac, osteopathy, players, football.

1 INTRODUÇÃO
O futebol é um dos esportes mais populares no mundo. Segundo dados da FIFA, são
208 países a ela afiliados, 250 milhões de futebolistas no mundo, com 300 mil clubes
aproximadamente. O futebol tem sofrido várias mudanças ultimamente, principalmente em
função das exigências físicas cada vez maiores. O excesso de jogos e treinamentos faz com que
os atletas trabalhem perto de seus limites máximos de exaustão, levando os jogadores uma
maior predisposição a lesões1.
Sendo assim , introduzir novas técnicas avaliativas, com uma busca de maior precisão
no diagnóstico e tratamento, torna-se fundamental ao atual nível de profissionalismo do
futebol2.
A pelve é de grande importância na proteção dos órgãos localizados na cavidade pélvica.
Também atua como ponto de fixação para vários músculos, também na sustentação do tronco
e na transferência de peso para os membros inferiores. Na pelve se localiza o centro de
gravidade em posição de bipedestação. Disfunções pélvicas podem modificar o centro de
gravidade alterando a transmissão do peso corporal e do apoio plantar podendo alterar a
estabilidade e os apoios plantares3.
O excesso destes movimentos fisiológicos pode ocasionar lesões osteopáticas das
articulações sacroilíacas, sendo relacionadas ao excesso de movimento do ílio em relação ao
sacro, onde a força lesional é induzida pelos membros inferiores5.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28354
ISSN: 2595-6825

A mobilidade do ilíaco ocorre em anterioridade - posterioridade e abertura - fechamento.


A anterioridade ilíaca corresponde ao deslizamento do grande braço da articulação sacroilíaca,
ocasionando uma anterioridade em relação à articulação sacroilíaca, enquanto a posterioridade
ilíaca é o movimento contrário em torno da articulação sacroilíaca4.
Na lesão ilíaca em rotação anterior o ilíaco poderá ir para uma rotação anterior, mas não
a uma rotação posterior. Neste tipo de lesão o acetábulo desce e projeta-se em direção aos pés
tornando a espinha ilíaca ântero-superior (ElAS) mais baixa, membro inferior mais longo e
espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) mais alta. E na lesão ilíaca posterior o ilíaco realizar urna
rotação posterior, mas não uma rotação anterior, a ElAS encontra-se mais alta e a EIPS mais
baixa e membro inferior mais curto6.
A mobilidade do sacro ocorre em flexão – extensão e torções. As lesões do sacro podem
ser anterior e posterior unilateral ou bilateral. Na lesão anterior unilateral o braço menor desce
e anterioriza, o braço maior desce e posterioriza e o lado lesado não aceita a flexão. Na lesão
anterior bilateral a base sacra anterior e os ilíacos estão em posição relativa de posterioridade,
os braços menores descem e anteriorizam e os braços maiores descem e posteriorizam6.
Na lesão posterior unilateral o lado lesado não aceita a extensão, o braço menor sobe e
posterioriza e o braço maior sobe e anterioriza. Na lesão posterior bilateral a base sacra posterior
e os ilíacos estão em posição relativa de anterioridade, os braços menores sobem e
posteriorizam e os braços maiores sobem e anteriorizam6.
As lesões que podem ser tratadas com manipulações articulares são conhecidas por lesão
osteopática7. A utilização destas técnicas, produz um efeito indolor e promove o aumento da
amplitude de movimento (ADM) no segmento a ser manipulado, ao mesmo tempo em que atua
nos mecanismos neurofisiológicos da diminuição da dor, o que possibilita o ganho de
mobilidade em áreas restritas do sistema musculoesquelético, o que contribui para um
realinhamento postural8.
A perda da mobilidade de qualquer articulação do corpo provocará uma alteração na
informação proprioceptiva que desencadeará uma alteração de tônus. Esta perda de mobilidade
é disfunção somática ou lesão osteopática. Uma disfunção somática é uma função alterada ou
deteriorada dos componentes relacionados com o sistema somático: estruturas esqueléticas,
articulares e miofasciais, e seus correspondentes elementos vasculares, linfáticos e nervosos9.
As alterações sacroilíacas acarretam disfunções mecânicas, não só na cintura pélvica,
como também no joelho, já que músculos biarticulares estarão modificando a fisiologia articular
dessas mesmas estruturas. Assim, quando uma alteração biomecânica do ilíaco instala-se por

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28355
ISSN: 2595-6825

longo tempo, podem ocorrer estiramentos ligamentares, espasmos musculares e possível


alteração da marcha10.
O desequilíbrio muscular é definido como uma desordem do sistema
musculoesquelético. Os movimentos corporais resultam de cadeias musculares e, quando há
alterações posturais, o organismo se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma
resposta adaptativa a esta desarmonia11.
Na última década, ocorreram avanços na avaliação e tratamento fisioterápicos da região
lombar, pélvica e do quadril, verificaram-se relações anatômicas musculares, ligamentares e
das fáscias entre as regiões do corpo, assim alterações na cintura pélvica podem repercutir em
outras articulações do corpo12.
Tendo em vista o grande número de lesões nos membros inferiores dos jogadores e
alterações na cintura pélvica observadas no departamento médico do Ceará Sporting Club,
localizado na cidade de Fortaleza, o objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de
lesões osteopáticas na articulação sacroilíaca em jogadores de futebol, sua relação com a perna
dominante do chute e também lesões entre o ilíaco e o sacro.

2 MÉTODOS
Foram avaliados 20 jogadores de futebol da categoria sub-18 do time Ceará Sporting
Club. Todos do sexo masculino, com idade entre 16 e 18 anos de idade e que aceitaram
participar da pesquisa de maneira voluntaria e esclarecida. As avaliações ocorreram no
departamento médico do clube.
Foi utilizado um protocolo de avaliação por meio do teste de Gillet, teste de flexão em
pé, teste de flexão sentado, antes dos treinos físicos dos jogadores. Quando constatadas as lesões
osteopáticas de sacro ou do ilíaco, através dos testes aplicados, a articulação sacroilíaca foi
normalizada através de técnicas manipulativas. Após o treinamento, os jogadores foram
reavaliados com os mesmos testes acima citados para verificar as possíveis lesões osteopáticas
do ilíaco ou sacro.
O primeiro teste realizado foi o de flexão de pé: com o jogador de pé com o peso do
corpo distribuído igualmente pelos dois pés o fisioterapeuta de pé atrás do jogador apalpa a
espinha ilíaca póstero - superior. O jogador se inclinou suavemente para frente, o mais possível
sem dobrar os joelhos e o fisioterapeuta segue o movimento de cada espinha ilíaca posterior
superior. O teste é positivo sobre o lado que a espinha ilíaca póstero - superior mover-se mais
cefalicamente indicando restrição do movimento da articulação sacroilíaca no lado positivo
indicando lesão no ilíaco. No segundo momento foi realizado o teste de flexão sentado: com o

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28356
ISSN: 2595-6825

jogador sentado no banquinho, com os pés apoiados no chão. O fisioterapeuta fica atrás do
jogador com os polegares sobre as EIPS. O jogador irá inclinar-se para frente o mais possível
com os braços entre os joelhos. Um achado positivo é quando a EIPS de um lado se move mais
cefalicamente indicando lesão do sacro. Depois realizou-se o teste de gillet: fisioterapeuta de
pé atrás do jogador em pé coloca o polegar direito no aspecto posterior da espinha ilíaca póstero-
superior e o outro polegar na crista sacral no mesmo nível. O jogador levanta o joelho do lado
testado. Um dedo do fisioterapeuta acima da EIPS verifica o movimento do pequeno braço e
dois dedos abaixo verifica o movimento do grande braço.
O teste de flexão em pé avalia em qual lado tem a lesão da articulação sacroilíaca, o
teste de flexão sentado avalia se a lesão é no sacro e o teste de gillet avalia a restrição de
movimento do pequeno braço que significa uma lesão em rotação posterior do ilíaco e a
restrição do grande braço que significa uma lesão em rotação anterior do ilíaco.
Esses testes foram realizados antes do treinamento. Caso fosse encontrada alguma lesão
osteopática o fisioterapeuta normalizava a lesão para o jogador ir treinar. Após o treino era feita
a reavaliação da articulação sacrilíaca. Os resultados foram mostrados através de gráficos e
tabelas, utilizando o programa Microsoft Excel.
A pesquisa seguiu o disposto da resolução 196/9613 do Conselho Nacional de Saúde que
rege os princípios da pesquisa envolvendo seres humanos e do código de ética do fisioterapeuta
e do terapeuta ocupacional - Resolução COFFITO-10. Cada participante assinou um termo de
compromisso livre e esclarecido.

3 RESULTADO
A idade média dos participantes foi de 17,2 ± 0,77 anos, variando de 16 a 18 anos. Os
resultados obtidos foram analisados através da estatística descritiva, e estão apresentados à
seguir em forma de tabelas e gráficos.
Com relação a lesão osteopática da articulação sacroilíaca, 15(75%) jogadores
apresentaram a lesão e 5 (15%) não tinham lesão (Gráfico 1).

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28357
ISSN: 2595-6825

Gráfico 1 – Atletas que apresentaram lesão sacroilíaca e que não apresentam lesão.

16 15

12

5
4

0
Lesão Sem Lesão
Fonte: Dados da pesquisa

Dos jogadores que apresentavam a lesão osteopática na articulação sacrilíaca, em onze


eram homolateral a perna dominante do chute e quatro era contralateral (Tabela 1).

Tabela 1: Relação da perna dominante e não dominante dos jogadores com a lesão osteopática da sacroilíaca.

Fonte: Dados da pesquisa

Os jogadores que foram diagnosticados com lesão na articulação sacroilíaca, dentre eles
apresentaram uma maior prevalência em lesões no ilíaco (80%) do que no sacro (20%.) (Tabela
2).

Tabela 2:Prevalência de lesão osteopática no sacro ou ilíaco.

Fonte: Dados da pesquisa

Nos jogadores de futebol avaliados que tinham a lesão osteopática no ilíaco, foi
verificada mais a ocorrência de lesões em rotação posterior do ilíaco que em rotação anterior
(Tabela 3).

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28358
ISSN: 2595-6825

Tabela 3: Prevalência de lesão Ilíaca em rotação anterior(LIA) ou lesão ilíaca em rotação posterior (LIP).

Fonte: Dados da pesquisa

4 DISCUSSÃO
Há poucos estudos que relacionam a osteopatia com os jogadores de futebol14. Segundo
Freitas15, sabe-se que as disfunções sacroilíacas trazem serias consequências, desajustes de
equilíbrio e dores em toda cadeia muscular do corpo.
O complexo da pelve deve ser considerado como um todo, e os fatores que apresentam
potencial de modificar a sua estrutura devem ser avaliados conjuntamente, evitando-se, sempre
que possível, justificar determinada alteração com um achado clínico que pode estar presente
sem, no entanto, possuir relação direta com a alteração ou a disfunção presente14.
Na pesquisa foi encontrado que os jogadores de futebol apresentaram lesão osteopática
da articulação sacroilíaca, 75% deles apresentaram disfunção sacroilíaca e 15% não tinham
disfunção.
Um estudo envolvendo as disfunções da articulação sacroilíaca em jogadores de futebol
mostrou que em 85% apresentavam disfunções na sacroilíaca e que as descompensações
produzidas na pelve pelo jogo são em consequências dos movimentos exagerados do esporte
praticado16. Outro estudo descreve as disfunções ilíacas, as quais aparecem em 65% dos
jogadores de futebol amador17.
O exagero dos movimentos fisiológicos do ilíaco, em relação ao sacro, irá gerar um
estiramento dos ligamentos sacroilíacos e dos fusos musculares dos músculos da região,
levando à uma facilitação nervosa e provocando espasmos musculares. O tipo de lesão
dependera dos músculos hipertônicos e da direção das forças aplicadas na região. O ilíaco pode
se fixar em anterioridade, posterioridade, abertura, fechamento, rotação externa, rotação
interna, superioridade e inferioridade18.
Dos jogadores de futebol avaliados na pesquisa 80% apresentam a lesão osteopática no
ilíaco, foi verificada que em 66,6% dos participantes ocorreram lesões em rotação posterior do
ilíaco e em 33,4% em rotação anterior.
Quando o ilíaco se encontra em anterioridade, há tensão do ligamento sacroilíaco,
espasmos dos adutores, reto femoral, sartório, ilíaco e sacro lombar, levando a uma hiperlordose
lombar e o recurvatum do joelho, se o ilíaco está em posterioridade iremos encontrar espasmos

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28359
ISSN: 2595-6825

do reto abdominal, isquiotibiais, obturador interno e psoas menor levando ao stresse do tendão
patelar15.
Podem ocorrer alterações posicionais de um ilíaco em relação ao outro associado à
disfunção pélvica. Essa alteração, chamada de assimetria pélvica, é caracterizada por um ilíaco
mais ântero ou retrovertido que o outro. Quando, por uma razão qualquer, a articulação é
impedida de realizar seus movimentos normais um ciclo vicioso se inicia. Há alterações em
suas estruturas e tecidos a sua volta também sofrem alterações. Há hipomobilidade, dor e
espasmo muscular. As articulações ao redor, assim como os tecidos moles, se adaptam à
disfunção gerando outras complicações4.
Na amostra pesquisada no presente trabalho há uma acentuada incidência de lesões
osteopáticas sacroilíacas e uma predominância em relação à perna dominante, das quais a mais
encontrada é a lesão ilíaca em rotação posterior. Os resultados obtidos no presente estudo, com
relação à disfunção ilíaco-sacra corroboram com as afirmações de Freitas15, que diz que nas
compensações musculares o ilíaco funciona preferencialmente em posterioridade, uma vez que
66,6 % da amostra apresenta disfunção em posterioridade ilíaca. Ribeiro19 justifica esse
percentual através de estudos que falam do acometimento da musculatura posterior da coxa,
denominada isquiotibiais.
Foram encontradas lesões osteopáticas na articulação sacroilíaca em 75% dos jogadores
avaliados no estudo. Com base nessas informações, sugere-se que a vida profissional destes
atletas pode estar em risco. Segundo Ribeiro19, as disfunções ilíacas trazem serias
consequências e desajustes em toda cadeia muscular, pois a articulação sacroilíaca transmite as
forças do tronco para os membros inferiores. Essas alterações sacroilíacas acarretam disfunções
biomecânicas não só na pelve, como também nos joelhos e pés. Assim, quando urna alteração
biomecânica do ilíaco instala-se por tempo prolongado, pode provocar estiramentos
ligamentares, espasmos dos músculos envolvidos, estiramento dos antagonistas e possíveis
alterações da marcha.O auto índice de lesões, sendo as de maiores incidências, lesões de
membros inferiores tendo a muscular com maior dominância leva a um período de maior
afastamento constatado em atletas 20, Ficou evidente que no âmbito desportivo é comum
lesionar. E, portanto, é de suma importância a prevenção destas lesões pelos atletas.21

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28360
ISSN: 2595-6825

5 CONCLUSÃO
Baseado no estudo, concluiu-se que a disfunção ilíaca-sacra está presente em atletas
jovens. Levando-se em consideração o número de lesões encontradas, a faixa etária dos
voluntários, sua profissão, a própria característica do esporte, excesso de treinos, movimentos
repetitivo, contato direto entre os atletas e as características individuais de cada atleta, vale
reforçar a importância da intervenção da fisioterapia, a fim de realizar um trabalho de prevenção
com atletas, reduzindo os índices de alterações posturais e lesões estruturais. Com uma
reabilitação adequada dos atletas, os benefícios são evidentes, como a melhoras do desempenho
e redução do tempo de afastamento destes atletas.
Sugere-se que a presença de um fisioterapeuta especialista em osteopatia no clube de
futebol, atuando de forma preventiva para restaurar os desequilíbrios osteomusculares, pode
evitar lesões musculares, ligamentares e articulares. O estudo busca verificar a prevalência de
lesões osteopáticas em jogadores, 75% dos atletas apresentaram lesão osteopática na articulação
sacroilíaca e 73,3 % das lesões tinham relação com a perna dominante do chute.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28361
ISSN: 2595-6825

REFERÊNCIAS

1.COHEN Moises et al. Leões ortopédicas no futebol. Rev Bras Ortop, v.32, n.12, dez, 1997.

2.MOURA, João Augusto Reis et al. Validação de equações para a estimativa da densidade
corporal em atletas de futebol categoria sub-20. Rev Bras Cineantropom Desempenho Humano,
v.5, n.2, p.22 - 32, 2003.

3.SANCHES, Roberto Mendez. Evaluacion y analisis de Ia influencia de Ia manipulacion


global de Ia pelvis. Estudio baropodometrico y estalilometrico. Tese (Diploma internacional de
Osteopatia —D.O), Escola de Osteopatia de Madri, Espanha, 2006.

4.BIENFAIT, Marcel. As bases da fisiologia da terapia manual. São Paulo – SP: Summus, 2000.

5.RICARD, F.; SALLÉ, J. Tratado de osteopatia: teórico e prático. São Paulo: Robe, 2002.

6.BIENFAIT, M. Bases Elementares Técnicas de Terapia Manual e Osteopatia. 2ed.São Paulo:


Summus, 1997.

7.FRYER G. Intervertebral dysfunction: a discussion of the manipulable spinal lesion. Journal


of Osteopathic Medicine, v.6, n.2, p.64-73, 2003.

8.COUTO, I.B.V.L. Efeito agudo da manipulação em pacientes com dor lombar crônica: estudo
piloto. Fisioter Mov, v.20, n.2, p.57- 62,2007.

9.LÓPEZ, J.C.D. Relación entre osteopatía y podología. El Peu, v. 21, n. 4, p. 182-184, 2001.

10.JUNIOR, E.C.P.L; OLIVEIRA, C.R; NASSAR, F.R. Alterações Ilíacas que Influenciam na
condromalacia patelar. Fisioter Mov, Curitiba, v. 7, n. 1, p.57-66, 2004.

11.JUNIOR, J. N; PASTRE, C. M; MONTEIRO, H. L. Alterações posturais em atletas


brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições
internacionais. Rev Bras Med Esporte, v.10, n.3, 2004.

12.LEE, Diane. A cintura pélvica. 2 ed. São Paulo: Manole, 2001.

13.BRASIL. Resolução CNS n.° 196, de 10 de outubro de 1996. Aprovam diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, n.
201, p. 21082, 16 out. 1996. Seção 1.

14.FARIA, C.D.C.M; LIMA, F.F.P; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Estudo da relação entre o


comprimento da banda iliotibial e o desalinhamento pélvico. Rev. bras. fisioter, São Carlos, v.
10, n. 4, p. 373-379, 2006.

15.FREITAS, J. Influência da manipulação osteopática sacroilíaca sobre a pressão plantar e


oscilação corporal através do sistema de baropodometria e estabilometria. Dissertação de
mestrado, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2010.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023


Brazilian Journal of Health Review 28362
ISSN: 2595-6825

16.JUNIOR, S.M.S.R; MATOS, M.S.S; VIANA, A.R. Efeito da manipulação ilíaca - sacra e
sua relação com possíveis alterações ascendentes em atletas de futebol.
Persp.online:biol.&saúde, v.10, n.3, p. 01-14, 2013.

17.RIBELA S. J; SILVA, J; SAMPAIO-JORGE, F; RIBEIRO-JUNIOR, S. Relação entre a


disfunção ilíaca e o membro inferior dominante de atletas amadores de futebol. Ciência&Saúde,
Porto Alegre, p. 78, 2009.

18.STRURESSON, B; VLEEMING, A. A radiometric analysis of the movements of the


sacroiliac joints in the reciprocal straddle position. Spine, v.25, n.2, p.214-7, 2000.

19.RIBEIRO, R.; VILAÇA, F.; OLIVEIRA, H.; VIEIRA, L.; SILVA, A. Prevalência de lesões
no futebol em atletas jovens: estudo comparativo entre diferentes categorias. Rev. bras. Educ.
Fís. Esp., São Paulo, v.21, n.3, p.189-94, 2007.

20. Montenegro, J. V. A., Forte, P. D., de Oliveira, E. H. B., Pianca, F. P., Pianca, E. V., da
Silva, A. S., de Almeida, I. D., & Cusatis Neto, R. (2021). Incidência de lesões nos atletas da
Associação Portuguesa de Desportos no campeonato paulista A2 2018 / Incidence of injuries
in the athletes of Associação Portuguesa de Desportos in the São Paulo A2 championship 2018.
Brazilian Journal of Development, 7(10), 97338–97354.

21. Silva, A. B. da, Veiga, A. M., & Nunes, M. B. U. (2020). Importância da prevenção de
lesões em atletas através da prática do fifa11+ / Importance of prevention of injuries in athletes
through the practice of fifa11 +. Brazilian Journal of Development, 6(7), 53109–53113.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 28352-28362, nov./dec., 2023

Você também pode gostar