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UNIVERSIDADE PAULISTA

ANGELO AUGUSTO VICENTINI


R.A.:T7591F-7

O TREINAMENTO E A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO


ANTERIOR

ARARAQUARA
2022

ANGELO AUGUSTO VICENTINI


O TREINAMENTO E A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
ANTERIOR

Trabalho de Conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Educação Física apresentado à
Universidade Paulista – UNIP

Orientador: Profº. Mário André Sigoli

ARARAQUARA
2022
ANGELO AUGUSTO VICENTINI
O TREINAMENTO E A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
ANTERIOR

Trabalho de Conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Educação Física apresentado à
Universidade Paulista – UNIP

Orientador: Profº. Mário André Sigoli

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________/___/___
Prof. Nome do professor da banca
Universidade Paulista – UNIP
O TREINAMENTO E A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
ANTERIOR

THE TRAINING AND INJURY OF THE ANTERIOR CRUCIATE LIGAMENT

TREINAMENTO E LESÃO DO LCA

Nome por extenso do autor: Angelo Augusto Vicentini


Nome do responsável pela submissão: Prof. Mário André Sigoli.

Endereço: Av. Alberto Benassi, 200, Parque das Laranjeiras, Araraquara/SP,


CEP 14804-300

Telefone do autor de correspondência: (16) 3336-1800.

E-mail do autor de correspondência: msigoli@yahoo.com

Indicação da filiação institucional dos autores:


1 Curso de Educação Física, Campus Araraquara, Universidade Paulista.

Declaração da inexistência de conflitos de interesse: Os autores do presente


estudo declaram que não possuem nenhum potencial conflito de interesse em
relação ao presente artigo.

Área específica do artigo: Educação Física.


RESUMO

O presente estudo realizou uma revisão a partir de literaturas e artigos científicos


nacionais e internacionais a fim de agregar conhecimentos a respeito da importância
do treinamento para prevenção de lesão no ligamento cruzado anterior. Analisou-se
os mecanismos que ocasionam a lesão, quais as estruturas comprometidas e os
principais grupos etários acometidos por ela. Verificou-se que o treinamento tem
papel fundamental dentro do processo de prevenção de lesão de joelho. Tem como
função principal a estabilização dinâmica da articulação do joelho e o fortalecimento
da musculatura envolvida, recuperando o equilíbrio da musculatura.

Palavras-Chave: treinamento; Ligamento Cruzado Anterior; lesão


ABSTRACT

The present study carried out a review based on national and international literature
and scientific articles in order to add knowledge about the importance of training for
the prevention of anterior cruciate ligament injury. The mechanisms that cause the
lesion, which structures are involved and the main age groups affected by it were
analyzed. It was found that training has a fundamental role in the knee injury
prevention process. Its main function is the dynamic stabilization of the knee joint and
the strengthening of the muscles involved, restoring the balance of the muscles.

Keywords: training; Anterior Cruciate Ligament; lesion

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
2 ANATOMIA DO JOELHO

3 A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 11

4 DISCUSSÃO

5 CONCLUSÃO

6 REFERÊNCIAS
7

1 INTRODUÇÃO

O principal objetivo da escolha deste tema se deu a partir da vivência de uma


lesão de Ligamento Cruzado Anterior, onde busquei conhecer mais a fundo esta
lesão e através desta revisão como o treinamento contribui no processo de
prevenção de lesões do LCA.
Como o treinamento pode ser um aliado na prevenção da lesão de LCA?
Acredita-se que as lesões que acometem o LCA são ocasionadas pelas
sobrecargas, choques, movimentações indevidas das articulações do joelho e falta
de uma musculatura resistente. Esses fatores podem estar associados a
movimentos naturais realizados nos esportes (como os de rotação e anteriorização,
impactos, mudanças de direção frequentes), pancadas entre atletas e a fraqueza
muscular.
O objetivo desta revisão é entender como a articulação do joelho funciona,
entender oque é a lesão de ligamento cruzado anterior e verificar a importância de
um programa de treinamento específico com exercícios sistematizados para a
prevenção de rupturas do ligamento cruzado anterior.

2 ANATOMIA DO JOELHO.
8

O complexo articular do joelho é formado por um conjunto de três ossos


(fêmur, tíbia e patela) que originam duas articulações, a femorotibial e a
femoropatelar. A articulação do joelho é uma articulação complexa estabilizada por
ligamentos, músculos e cápsulas articulares. 1,2,3
Os ligamentos conectam os ossos e, assim, contribuem para a estabilidade
do joelho. Deve-se notar que existem 4 ligamentos conectando o fêmur e a tíbia:
dois ligamentos colaterais (ligamentos colaterais medial e lateral) que estabilizam o
lado medial da articulação do joelho e dois ligamentos intra-articulares (ligamentos
cruzados anterior e posterior) que controlam movimento da articulação anterolateral
do joelho. 2,3
De um modo geral, todos os componentes do joelho trabalham juntos para
manter a estabilidade do joelho. O LCA é um dos principais ligamentos que
conectam o fêmur à tíbia, impedindo o deslizamento anterior da tíbia em relação ao
fêmur e proporcionando estabilidade rotacional à articulação do joelho. No entanto,
essa harmonia pode ser interrompida pelo desgaste ou lesão dos ligamentos,
resultando em dor, fraqueza ou perda de função. 1-4
A articulação do joelho é estabilizada e ativada por músculos que cruzam a
articulação, de origem tanto acima da articulação do quadril quanto da diáfise do
fêmur para se inserir sobre os ossos abaixo da articulação do joelho. 5
Existem doze músculos que atuam na articulação do joelho, e que estes
podem ser divididos em três grupos: grupo do jarrete onde estão inseridos os
músculos semitendíneo, semimembranoso e bíceps femoral; grupo do quadríceps
da coxa, onde estão inseridos os músculos reto femoral, vasto lateral, vasto
intermédio e vasto medial; grupo não classificado, onde estão inseridos os músculos
sartório, grácil, poplíteo, gastrocnêmio e plantar.5
Todos os músculos do grupo jarrete, com exceção do bíceps femoral, atuam
como extensores do quadril. Servem como flexores do joelho. Todos os membros do
quadríceps da coxa causam uma extensão potente do joelho e também devido a sua
inserção medial, tendem a causar rotação medial da tíbia. Todos os músculos do
quadríceps são mais ou menos simultaneamente ativos durante a extensão do
joelho, e proporcionalmente ativos durante elevações e reduções na tensão da
extensão.5
O músculo grácil ao atravessar a articulação do joelho tende a causar um
torque relacionado com a rotação medial da tíbia, bem como à flexão do joelho.
9

O sartório, que é o músculo mais longo do corpo, também se associa à


rotação medial da tíbia e atua na flexão do quadril.5
O músculo poplíteo é considerado um tendão triplo. Sua porção mais forte se
origina na face lateral do côndilo lateral do fêmur e tem ramos provenientes da face
póstero- medial da cabeça da fíbula e do corpo posterior do menisco lateral. Este
músculo tem como ação a rotação interna do fêmur e evita o deslocamento do joelho
para frente durante a flexão.5

3 A LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR


10

Estas lesões ocorrem geralmente por trauma indireto e podem ocorrer através
de vários mecanismos: rotação externa, abdução, forças anteriores aplicadas na
1,6
tíbia, rotação interna do fêmur sobre a tíbia e hiperextensão do joelho.
A lesão por trauma direto ocorre geralmente em traumas em que o fémur é
puxado posteriormente quando o joelho se encontra a 90 graus de flexão e a tíbia
está fixa. Por sua vez, a lesão por trauma indireto acontece perante paragem brusca
e saltos sem qualquer contato físico, provocando lesões isoladas do LCA seguidas
de hemartrose. A hiper flexão forçada do joelho, flexão forçada, extensão completa
do joelho e hiperextensão forçada do joelho são as causas mais comuns nas lesões
isoladas do LCA.6
Apesar dos estudos não serem conclusivos, a evolução de uma lesão de LCA
pode estar relacionada a lesões degenerativas do menisco e demais estruturas
estabilizadoras do joelho, além de comprometer a capacidade física e funcional dos
indivíduos durante as atividades.4
Para diagnosticar uma lesão no LCA são necessários exames clínicos no
joelho, os principais sintomas apresentados por pacientes com lesão do LCA são
dor, edema, sensação de frouxidão no joelho, desconforto ao caminhar e limitação
de movimentos. É necessário o acompanhamento médico para que sejam realizados
exames físicos, onde serão testadas todas as estruturas do joelho e assim verificada
a existência de lesão.3
Os pacientes que sofrem lesões do LCA a descrevem como um som de
estalo, seguido de dor imediata e inchaço do joelho. A sensação de instabilidade
geralmente limita a capacidade de participar das atividades. Lesões do LCA
causadas por contato representam apenas cerca de 30% das lesões do LCA. Os
70% restantes das lesões do LCA são lesões sem contato.7,8

A taxa de ruptura do ligamento cruzado anterior é três vezes maior em atletas


do sexo feminino do que em atletas do sexo masculino. Alguns fatores são
responsáveis por esta diferença, como aumento do ângulo do quadríceps e aumento
da inclinação tibial posterior podem predispor meninas e mulheres à lesão do LCA.
Comparadas com os homens, as mulheres têm menor largura de entalhe e menor
área de seção transversal do LCA; entretanto, não se chegou a uma opinião
conclusiva entre o tamanho do LCA e a dimensão da incisura, principalmente em
relação ao risco de lesão do LCA.9

Protocolos de intervenção neuromuscular demonstraram reduzir a taxa de


lesão em meninas e mulheres. As mulheres são mais propensas do que os homens
a ter uma incisura intercondilar estreita em forma de A, e considerações cirúrgicas
especiais são necessárias nesses casos. Após a reconstrução do LCA, atletas do
sexo feminino são mais propensas do que atletas do sexo masculino a romper o
11

LCA contralateral; entretanto, homens e mulheres têm a mesma probabilidade de


nova lesão de LCA. Embora os resultados após a reconstrução sejam piores para as
mulheres do que para os homens, estudos de longo prazo não demonstram grandes
diferenças entre homens e mulheres.8

Em cenários sem contato, o estresse no LCA se assemelha ao de uma


colisão do joelho. Quando o joelho está em extensão total ou quase, a contração do
quadríceps aumenta a força de tração do LCA. Os isquiotibiais, que estabilizam o
LCA posteriormente, muitas vezes são minimamente contraídos durante essas
lesões, principalmente se o quadril estiver estendido e o peso do corpo estiver no
calcanhar, permitindo um deslocamento excessivo do fêmur para a frente na
tíbia.10,11

4 DISCUSSÃO

Um estudo foi aplicado em 120 clubes de handebol de equipe do centro e


leste da Noruega (61 clubes no grupo de intervenção, 59 no grupo de controle)
acompanhados por uma temporada da liga (oito meses) com o objetivo de investigar
o efeito de um programa de aquecimento estruturado para reduzir a incidência de
lesões de joelho e tornozelo em jovens praticantes de esporte. Foi utilizado um
programa para melhorar a técnica de corrida, corte e aterrissagem, bem como
controle neuromuscular, equilíbrio e força. Participaram do estudo 1837 jogadores
com idades entre os 15-17 anos; 958 jogadores (808 femininos e 150 masculinos)
no grupo de intervenção e 879 jogadores (778 femininos e 101 masculinos) no grupo
controle. Durante a temporada, ocorreram 129 lesões agudas no joelho ou tornozelo,
81 lesões no grupo controle e 48 lesões no grupo de intervenção. Menos jogadores
lesionados estavam no grupo de intervenção do que no grupo controle (46 (4,8%)
contra 76 (8,6%);. Concluiu-se que um programa estruturado de exercícios de
aquecimento pode prevenir lesões no joelho e tornozelo em jovens praticantes de
esportes. O treinamento preventivo deve, portanto, ser introduzido como parte
integrante dos programas de esportes para jovens.12

Outro estudo avaliou mais de 5.000 jogadoras de futebol de 14 a 18 anos de


idade durante duas temporadas. O estudo utilizou o programa Prevent Injury,
Enhance Performance, que é um protocolo bem conhecido para redução de lesões
12

do LCA e basicamente inclui exercícios de aquecimento (corridas laterais, corridas


mescladas entre corrida para frente e de costas), alongamentos (membros
inferiores, membros superiores), exercícios de reforço (flexão nórdica, afundos),
pliometria (saltos laterais, saltos para frente, saltos em perna única) e agilidade (tiros
de corrida para frente e para trás, corridas diagonais). Os atletas do grupo de
intervenção sofreram duas lesões do LCA em comparação com 32 lesões do LCA
no grupo controle, uma redução de 88%. Os resultados foram reproduzidos no ano
seguinte com uma redução de 75%. 13

Foi implementado o treinamento proprioceptivo específico para esportes,


incluindo basquete, esqui e handebol, com resultados positivos em termos de
prevenção de lesões do LCA. Sessenta e uma equipes com 1.435 atletas
participaram do estudo (852 atletas para controle; 583 com intervenção cirúrgica). A
taxa geral de lesão do ligamento cruzado anterior entre os atletas de intervenção foi
1,7 vezes menor do que nos atletas de controle (0,199 vs 0,340; P = 0,198; redução
de 41%). A taxa de lesão do ligamento cruzado anterior sem contato entre os atletas
de intervenção foi 3,3 vezes menor do que nos atletas de controle (0,057 vs 0,189; P
= 0,066; redução de 70%). Nenhuma lesão do ligamento cruzado anterior ocorreu
entre os atletas de intervenção durante a prática contra 6 entre os atletas de controle
(P = 0,014). As taxas de lesão do ligamento cruzado anterior sem contato
relacionadas ao jogo em atletas de intervenção foram reduzidas em mais da metade
(0,233 vs 0,564; P = 0,218).14

5 CONCLUSÃO
13

Através do presente estudo pode-se concluir que um treinamento esportivo,


com atividades preventivas pode reduzir a incidência de lesão de LCA,
principalmente nos esportes feminino, onde as mulheres apresentam maior
vulnerabilidade à lesão e onde também não se encontram muitos estudos para a
modalidade no Brasil, dificultando assim o acesso ao conhecimento e a importância
do tema. Após a coleta de dados e informações observa-se grande proporção de
ocorrência dessa lesão grave de joelho, que causa, na maioria das vezes, o
abandono do esporte pelo atleta, além de envolver uma recuperação relativamente
longa. É de extrema importância o acompanhamento profissional na preparação
física, com o objetivo de evitar esse tipo de lesão através da organização de
treinamentos específicos para o bom desempenho da atividade. Sendo assim, é
relevante afirmar a necessidade de mais estudos na área, proporcionando
alternativas de treino e atividades profiláticas, fortalecendo a estabilidade e postura
correta do indivíduo, promovendo a saúde.

6 REFERÊNCIAS

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14

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