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HERESIAS E INQUISIÇÃO

SÉCULOS XI-XIV

PROFa. MIRIAM IMPELLIZIERI SILVA


A HERESIA

• HERESIA → ESCOLHA
• HERÉTICO OU HEREGE → todo aquele que rejeita, por
opção pessoal ou coletiva, uma parte dos valores (teológicos
ou morais) oficialmente admitidos pela comunidade dos
crentes, contestando seus fundamentos ou aplicações
• HERESIA É RUPTURA COM A ORDEM ESPIRITUAL
ESTABELECIDA
 NASCE DA ESPECULAÇÃO INTELECTUAL → HERESIA
ERUDITA
 REAÇÃO DA SENSIBILIDADE A UMA DETERMINADA
SITUAÇÃO → HERESIA POPULAR

• HERESIA É UMA RUPTURA COM A ORDEM TEMPORAL


 PELA SUA LÓGICA INTERNA OU PELA REPRESSÃO QUE
SUSCITA
 TORNA-SE VEÍCULO PARA REIVINDICAÇÕES POLÍTICAS
E SOCIAIS
SIGNIFICADO DE HERESIA
“Segundo a opinião de Santo Isidoro e de outros
estudiosos das palavras, esta palavra pode ter uma
etimologia tríplice:
1ª) Na palavra heresia estão incluídas três coisas. E a
primeira de todas consiste em derivar de eligo, eligis
(escolher, eleger). [...] e portanto, heresia vem do fato
de se eleger alguma coisa, tal como seita vem de
seguir alguma coisa (sectare). [...] Pois o herege, de
duas realidades que se apresentam – uma falsa e a
outra verdadeira – escolhe a que é falsa e a que é
perversa, como se esta fosse verdadeira, recusando a
verdadeira que é a doutrina católica. Por aqui se vê
que a heresia possui em si o significado de eleição.
SIGNIFICADO DE HERESIA

2ª ) Em segundo lugar, heresis vem de adhereo, adheres. E


assim heresis vem de aderir [...] Com efeito, adere firme e
teimosamente a uma doutrina que escolheu, aliás, se essa
adesão não fosse teimosa, o herege não era herético.
SIGNIFICADO DE HERESIA

3ª) A palavra heresis vem ainda da palavra ercisco, ercisceris


[...] o mesmo que divido, divides. [...] É que o herege quando
elege (escolhe) uma determinada doutrina falsa, tomando-a por
verdadeira, e aderindo depois a ela, se divide necessariamente
(se separa) dos outros que se mantêm na verdadeira doutrina.
Afasta-se para longe, deixa de estar cimentado pela união, fica
desgarrado da Igreja, é por esta entregue ao poder secular e
acabará por ser retirado, para sempre e completamente, do
convívio dos homens. [...] E fica, portanto, claro que o nome de
heresia consiste em três coisas: na eleição, na adesão e na
divisão.” (EMÉRICO, Nicolau, Manual dos Inquisidores. Lisboa:
Afrodite, 1972. pp. 113-115)
ANTIGUIDADE TARDIA E ALTA IDADE MÉDIA

• HERESIAS CRISTOLÓGICAS

 ARIANISMO (negava a divindade de Cristo)


 NESTORIANISMO (separação entre as duas naturezas de
Cristo, condenado no Concílio de Éfeso, 431))
 MONOFISISMO (uma única natureza, escola de
Alexandria, condenação no Concílio de Calcedônia, 451)
 ADOPCIONISMO (adoção de Cristo-homem por Deus →
condenada pelo Concílio de Frankfurt, em 794)
Séculos XI e XII

 MOVIMENTOS DE AMPLITUDE VARIÁVEL


 PORTADORES DE REIVINDICAÇÕES DE PIEDADE
POPULAR
 DESENVOLVEM-SE POR TODO O OCIDENTE →
Aquitânia, Champagne, Germânia, Lombardia, Toscana
 CARACTERÍSTICAS COMUNS, MAS SEM LIGAÇÃO OU
COORDENAÇÃO UNS COM OS OUTROS
 TRADUZEM REFLEXO ESPONTÂNEO DE REVOLTA DA
SOCIEDADE FRENTE À RIQUEZA DO ALTO CLERO E
SUA DEPRAVAÇÃO MORAL → retorno aos valores
evangélicos, animados por desejo de purificação e
exaltação da caridade e da prática da pobreza
Séculos XI e XII
 ANIMADOS POR PREGADORES ERRANTES → ORIGEM
POPULAR (Liutardo de Vertus, sec. XI), COMO VINDOS DE
MEIOS ABASTADOS (Pedro Valdo, comerciante de Lyon)
 TIPOS PRINCIPAIS DE HERESIAS:
DUALISTAS → combate entre o Bem e o Mal → ex:
Cátaros
EVANGÉLICAS → retorno à pureza do cristianismo
primitivo → ex: Valdenses
ESCATOLÓGICAS → derivadas da esperança
escatológica → ex: Eudo de Stella
ERUDITAS → membros do clero que contestam ou
discutem pontos doutrinários, dogmáticos ou
comportamentais da Igreja → Arnaldo de Brescia,
John Wycliff, John Hus
PRINCIPAIS HERESIAS

1. SÉCULO XI
• Berengário de Tours (teólogo) → negava valor
da hóstia → condenado em 1054
• Cátaros → surgem na Alemanha, na primeira
metade do século com o nome de Irmãos do
Livre Espírito
PRINCIPAIS HERESIAS

2. SÉCULO XII
• Arnaldo de Brescia (monge)→ heresia de cunho
político-social, anti-clerical
• Hugo Speroni (jurista) → negava o sacerdócio,
os sacramentos, e atacava os dogmas (pecado
original, eucaristia)
• Pedro de Bruys (queimado pelo povo, em 1132-
33) e Henrique de Laussane († 1150) →
seguidores acreditavam somente nos Evangelhos,
condenavam o batismo, a cruz, a eucaristia, a
missa → eram contra os vícios do clero e o
casamento, negavam o pecado original
OUTRAS HERESIAS

• Eudo de Stella (condenado no Concílio de Reims, 1148,


e morto na prisão, em 1150) → pregador itinerante →
acreditava ser o juiz que viera para julgar os vivos e os
mortos

• Pedro Valdo (comerciante lionês) → começa a pregar em


1176, e em 1179 consegue autorização de Alexandre III.
Por desobediência, junto com seus seguidores é
condenado no Concílio de Latrão de 1184. Em 1208,
Inocêncio III reconhece um grupo de Valdenses,
chamados de Umiliati. Valdo morre em 1217.

• Cátaros → difundem-se pelo norte da França, França do


Sul (Toulouse, Albi) e Lombardia. São reprimidos
violentamente no século XIII → Cruzada dos Albigenses
(1209-1229) e 1240: novas revoltas.
Estátua de Pedro Valdo no Memorial de Lutero, em
Worms, 1868
Igreja Valdense em Roma
VALDENSES

• Igualitarismo social
• Pregação em vernáculo
• Acatamento literal do Sermão da Montanha
• Não aceitação do juramento e da pena de morte
• Repúdio à hierarquia eclesiástica e ao fausto
litúrgico
• Negação do purgatório e das indulgências
TRECHOS DA PROFISSÃO DE FÉ DE PEDRO
VALDO (I)

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e


pela Abençoada e Sempre-Virgem Maria. Que seja
notado por toda a fé que eu, Valdesius, e todos os
meus irmãos, diante dos Santos Evangelhos,
declaramos que acreditamos com todo os nossos
corações, tendo sido seguros pela fé, que nós
professamos abertamente que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo são três pessoas e um Deus.”
TRECHOS DA PROFISSÃO DE FÉ DE PEDRO
VALDO (II)

“Nós acreditamos firmemente e declaramos


explicitamente que a encarnação da
Divindade não teve lugar no Pai nem no
Espírito Santo, mas unicamente no Filho,
então aquele que era o divino Filho de Deus
e Pai se tornou homem nascido de Mãe.”
TRECHOS DA PROFISSÃO DE FÉ DE PEDRO
VALDO (III)

“Nós acreditamos em uma Igreja Católica,


Santa, Apostólica e Imaculada, sem a qual
ninguém pode ser salvo, e que os
sacramentos até então administrados
através de um poder invisível e
incompreensível do Espírito Santo podem
certamente ser administrados por um
simples padre.”
1 - Os valdenses

Gautiero Map, que participou do Concílio de Latrão,


de 1179, descreve os valdenses de tal forma, que eles
lembram os primeiros franciscanos:
“Não possuem casa própria, caminhando em pares,
com os pés descalços, sem provisões; possuem tudo
em comum, a exemplo dos Apóstolos, e seguem
desnudos a Cristo desnudo”.
2 - Os valdenses

Por que os Valdenses eram aceitos pelo povo: Pedro von


Pilichdorf, início do séc. XIV:
“E, porque aqueles que acreditam (nos valdenses) vêem, e
diariamente, que estes revelam uma forte santidade externa, e
que muitos sacerdotes da Igreja, ai de nós! Seguem os vícios,
e em especial os da carne, por conseguinte eles acreditam que
podem ser absolvidos mais facilmente dos seus pecados pelos
valdenses do que pelos sacerdotes. E, a menos que a graça de
Deus permita inspirar os prelados da Igreja com uma maior
vigilância, é de temer-se que estes homens, por força das
circunstâncias, acumulem um poder cada vez maior”.
3 - Os valdenses
Bernardo Guy, Manual do Inquisidor:
“Dizendo-se imitadores e sucessores dos Apóstolos, adotando uma
falsa pobreza e assumindo uma falsa imagem de santidade,
afirmando despudoradamente que os prelados e os clérigos vivem
em luxúria. Que os prelados e os clérigos e religiosos da Igreja
Romana perderam a sua autoridade, condenam-nos e reprovam-nos,
declarando-os cegos e condutores de cegos, que não seguem a
verdade evangélica e nem a pobreza evangélica. Pois eles se
chamam entre si de irmãos e se dizem os pobres de Cristo ou pobres
de Lyon. [...] e argumentam e concluem que o papa, os bispos, os
prelados e os clérigos, que possuem bens neste mundo e não imitam
a santidade dos Apóstolos, não são os verdadeiros pastores e
governadores da Igreja de Deus, mas lobos rapaces e devoradores,
aos quais Cristo não se dignaria confiar a sua esposa, a Igreja, e que
portanto não se deve obediência a eles.” (Textos citados por FALBEL,
Nachman. Ass Heresias Medievais. São Paulo: Perspectiva.)
Catarismo

1- Preconizava um dualismo gnóstico, no qual o


verdadeiro Deus distingue-se absolutamente do criador
do mundo físico.
2- Neste mundo de corrupção e trevas, as centelhas de
luz pertencentes ao verdadeiro reino divino estão
perdidas, exiladas neste mundo, e precisam ser
resgatadas.
3- Os sacerdotes deveriam afastar-se completamente da
corrupção do mundo para levarem vidas muito simples s
castas. Deviam abster-se da alimentação carnívora, de
atividades sexuais, evitar qualquer forma de violência e
não podiam possuir nenhum bem material
Domínios cátaros: Montsegur e Albi
Cosmologia cátara

Para os cátaros, todas as criaturas e o mundo criado estão


imersos em uma guerra eterna entre dois princípios
irreconciliáveis: a luz, ou seja, o Espírito, e a escuridão, ou
matéria. O verdadeiro Deus é visto como o criador do reino
divino. Já o mundo material, repleto de miséria e corrupção,
não pode ser uma criação do verdadeiro Deus. Portanto, só
pode ter sido criado por um Deus mundano que, em certas
ocasiões, se associa com Satã. Ao mesmo tempo, os cátaros
acreditam que há partículas do reino de Deus – centelhas
divinas adormecidas no ser humano – perdidas neste
mundo e que precisam ser despertadas e resgatadas.
SALVAÇÃO

É com o intuito de resgatar as centelhas divinas


aprisionadas no mundo e nos homens que se organiza na
Terra a verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja Cátara. Para
isso, os cátaros precisam afastar-se, tanto quanto possível,
deste mundo e de seus atributos, procurando contaminar-se
o mínimo possível com eles. Enquanto isso, a Igreja de Deus
se cumpre. Com o rito do consolamentum o cátaro é
desligado do mundo e se liberta de sua influência nefasta. A
partir de então, está livre para seguir o caminho das
estrelas, o caminho de retorno ao reino divino.
CONSOLAMENTUM

“Pois, dizem que todos os sacramentos da Igreja


Romana de NSJC, ou seja, a eucaristia ou o batismo
do altar que se faz com água, confirmação, a
ordenação, a extremunção, a penitência, o
matrimônio entre homens e mulheres, todos e
isoladamente, são inúteis e vãos. E fazem para si,
em certos lugares parecidos uns com outros, lugares
de batismo com água ou espiritual, a que chamam
consolamentum do Espírito Santo, e como se pode
constatar, recebem alguma pessoa, são ou enferma,
para a sua seita, por imposição das mãos de acordo
com o seu execrável rito. Nos lugares onde
consagram o pão da eucaristia do corpo de Cristo,
repartem certo pão, a que chamam o pão
abençoado ou o pão da santa oração, e aquele que
se encontra à cabeceira da mesa, segurando-o em
suas mãos conforme o seu rito, abençoa-a e
distribui-o entre os presentes e seus crentes.”
Bernardo Gui, Manuel de l’ Inquisiteur. Paris: Les
Classiques de L’Histoire de France au Moyen Age, 1964.
p. 34
HERESIAS DO SÉCULO XIII

• Amaury de Briene → heresia de influência joaquimita


→ prega três épocas e o panteísmo em Paris (1207)
• Beguinos → franciscanos espirituais que seguiam
Joaquim de Fiore e a pobreza total → condenados
em 1315
• Beguinas → corporação de religiosas citadinas →
surgem no final do século XII na Flandres →
condenadas em 1311
• Pseudo-Apóstolos → Gerardo Segarelli (queimado
em 1300) e seu seguidor, Fra Dolcino (queimado em
1307) → heresia que misturava profetismo, anti-
clericalismo e milenarismo
Captura de Fra Dolcino ( Igreja
Matriz de Trivero)
Torre de Fra Dolcino -0 Monte
Rubella - Novara
Beguinas
ÚLTIMAS HERESIAS

4- Século XIV
• Fraticelli ou Espirituais → franciscanos que,
como os Beguinos, pregavam a pureza da Regra
franciscana e a pobreza de Cristo → principais
nomes: Ubertino de Casale, Angelo Clareno e
Pedro Olivi → condenados pelo papado em 1317.

• John Wycliff (1300-1384) → heresia universitária


→ pregava a reforma da Igreja, novas concepções
religiosas, nacionalismo → seus seguidores
chamavam-se lollardos.
Fraticelli queimados em Marselha
1317
ÚLTIMAS HERESIAS

5- Século XV
• John Huss (1369-1415) → pregava a reforma da
Igreja, o culto ao Evangelho, nacionalismo tcheco
Seguidores: Jerônimo de Praga (condenado pelo
Inquisição em 1417), João Ziska e Andreas Prohop
(Movimento Taborista)
A IGREJA DIANTE DAS HERESIAS
• PERIGOS DA HERESIA PARA A IGREJA
 NA ORDEM TEMPORAL (ATAQUES À HIERARQUIA,
DENÚNCIA DO DÍZIMO, CONTRA A PROPRIEDADE
ECLESIÁSTICA);
 CAMPO DOGMÁTICO (NÃO ACEITAÇÃO DE DOGMAS,
SACRAMENTOS)

• REAÇÕES DA IGREJA
 BUSCA APOIO NOS MOVIMENTOS POPULARES
 TENTATIVA DE REABSORÇÃO (Inocêncio III)
 COMBATE → PREGAÇÃO → inicialmente, ordens
monásticas, depois, clero secular e ordens mendicantes
→ CRUZADA (contra os Albigenses)
→ INQUISIÇÃO
Pregação de São Domingos aos Cátaros
Inocêncio III excomunga os Cátaros e lança as Cruzadas
dos Albigenses
Cruzada dos Albigenses – Batalha
de Muret
Manuscrito da Cruzada dos Albigenses
Cátaros expulsos de Carcassone -
1209
Organização da Inquisição: antecedentes

1148 → Concílio de Verona: excomunhão dos soberanos que


não agissem para exterminar a heresia em suas possessões
1179 → III Concílio de Latrão: Alexandre III decreta o uso
da força contra os hereges, o confisco dos bens e a sua
redução à servidão. Decide recorrer ao braço secular contra
a heresia.
1184 → Bula Ad Abolendam de Lúcio III: excomunhão dos
senhores que não combatessem a heresia; a população
deveria denunciar os hereges aos bispos; os bispos deviam
visitar duas vezes sua diocese para procurar os hereges que
seriam declarados infames e perderiam os seus bens;
entrega dos sentenciados ao poder secular para a punição
imposta. Cria a Inquisição Episcopal com o Imperador
Frederico Barba Ruiva.
4 de novembro de 1184. Bula Ad
Abolendam – Lúcio III

1- Para abolir a depravação pervertida das heresias que


no tempo presente tem começado a pulular em várias
partes do mundo, deve-se provocar o eclesiástico com
vigor, através do qual, com o auxílio do poder imperial,
não só seja esmagada a insolência dos hereges nos
próprios esforços de sua falsidade, mas também a
simplicidade da verdade católica, resplandecendo na
santa igreja, mostre-a por toda parte purificada de toda
maldição de falsos dogmas.
Bula Ad Abolendam

2- Para abolir a depravação pervertida das heresias que


no tempo presente tem começado a pulular em várias
partes do mundo, deve-se provocar o eclesiástico com
vigor, através do qual, com o auxílio do poder imperial,
não só seja esmagada a insolência dos hereges nos
próprios esforços de sua falsidade, mas também a
simplicidade da verdade católica, resplandecendo na
santa igreja, mostre-a por toda parte purificada de toda
maldição de falsos dogmas.
Bula Ad Abolendam

3- Portanto, inicialmente determinamos que


Cátaros, Patarinos, aqueles que são designados
pelo falso nome de Humi- lhados ou Pobres de
Lyon, Passaginos, Josefinos e Arnaldistas sejam
submeti- dos ao anátema perpétuo. (...)
Organização da Inquisição antecedentes
1208 → Inocêncio III lança a Cruzada contra os Albigenses
1209 → Concílio de Avinhão: comissão de um padre e de
leigos para denunciar os hereges e seus cúmplices em cada
paróquia
1215 → IV Concílio de Latrão → excomunhão e deposição
dos senhores que protegessem hereges, não executando as
decisões da Santa Sé. Os hereges são abandonados ao
poder civil e seus bens poderiam ser confiscados
1220 → Frederico II delimita os papéis respectivos no
combate à heresia: ao bispo a prova do crime, ao príncipe a
execução do culpado (fogueira). É o início de uma série de
decretos imperiais sobre o tema (1224, 1227...)
1226 → decreto imperial para que fossem destruídas as
casas onde hereges se asilassem
Organização da Inquisição
• 1229 – Concílio de Toulouse pelo papa Gregório IX:
codifica as prescrições observadas contra os
albigenses, ordena a busca (inquisitio) sistemática
aos hereges através da formação de comissões
especiais de “visitadores paroquiais” para a formal
condenação da heresia (nascimento da Inquisição)
• 1231 – Constituição contra os hereges: direito exclusivo da
Igreja em julga-los.
• 1232 – Gregório IX confia aos dominicanos a Inquisição.
• 1244/45 - Redação do primeiro Manual do Inquisidor pelos
dominicanos Guilherme Raimundo, Pedro Durand, Bernard
de Caux e Jean de Saint-Pierre.
• 1252 – Bula Ad Extirpanda de Inocêncio IV autoriza a
tortura para obter a confissão no interrogatório.
Bula Ad Extirpanda, lei 25

Lei 25 [28] Ademais, o potentado ou o governante deve coagir


todos os hereges aprisionados, sem chegar à amputação dos
membros e ao risco de morte, a se considerarem
verdadeiramente como ladrões, assassinos das almas e
assaltantes dos sacramentos de Deus e da fé cristã, a
reconhecerem expressamente seus erros e a acusar outros
hereges que conhecerem, e identificarem os bens deles, os
partidários, os acolhedores e os defensores dos mesmos, tal
como os ladrões e os assaltantes dos bens temporais são
obrigados a acusar seus cúmplices e a reconhecer os crimes que
cometeram.
Organização da Inquisição

1261 → É autorizado o depoimento de hereges no processo


acusatório
1264 → Juízes inquisitoriais podem presidir a tortura e
aplicá-la
1312 → Tribunais episcopais são submetidos à Inquisição
1320 → Bernardo Gui escreve o Manual do Inquisidor. A
Inquisição é encarregada, também da perseguição às
práticas criminosas, tais como, bruxaria, pactos diabólicos e
profanação de sacramentos
1323 → Bula de João XXII declara herético afirmar que
Cristo não possuía propriedade
Introdução da pena máxima aos hereges por
regiões

1197 → Aragão pelo rei Pedro de Aragão


1224 → Lombardia pela Comuna
1229 → França pelo rei Felipe o Belo
1230 → Roma por Gregório IX
1231 → Sicília pelo imperador Frederico II
1232 → Alemanha pelo imperador Frederico II
1249 → Veneza pelo doge Marino Morosini
Rei Felipe o Belo julga hereges
Execução de John Huss e Jerônimo de Praga
Auto de Fé presidido por São
Domingos – (Berruguete,
1475)
RELIGIÃO CATÓLICA AÇOITANDO A HERESIA E O ÓDIO
PIERRE LE GROS, SEC. XVII

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