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Revisão sobre a aplicação de flyweel em território nacional

Alysson F. 1 , Bianca U.1 , Daniel S.1 , Ingrid P.1 , Roger C.1 , Thaı́za C.1 ,
1
Universidade Federal do Espı́rito Santo
Goiabeiras, Vitória - ES, 29075-053 – Brasil
{alysson,bianca,daniel,ingrid,roger,thaiza}@edu.ufes.br

Abstract. This article contemplates the applications and studies related to the
growing concepts and analyzes of the use and applications of flywheels and
their relationship with energy storage systems (flywheels), we present studies,
strategies and techniques of this technology in order to optimize and validate
the applications of the flywheel, in particular with a view to its applicability in
the national territory. Therefore, studies on its application were carried out.
Keywords: Mechanical, Energy Storage, Flywheel.

Resumo. Este artigo contempla as aplicações e estudos relacionados aos cres-


centes conceitos e análises do uso e aplicações do volantes de inércia e sua
relação com sistemas de armazenamento de energia (flywheels), apresentamos
estudos, estratégias e técnicas dessa tecnologia no objetivo de otimizar e validar
as aplicações do volante de inércia, em especial visando a sua aplicabilidade
em território nacional. Para tanto procedeu-se à estudos sobre sua aplicação.
Palavras-chave: Mêcanica, Armazenamento de Energia, Volantes de Inércia.

1. Introdução
Nos últimos tempos, à medida que a busca por soluções energéticas mais sustentáveis e
eficientes cresce, a atenção tem se voltado para aprimorar o desempenho dos sistemas
mecânicos. Nesse contexto, os volantes de inércia emergem como componentes funda-
mentais capazes de armazenar e liberar energia cinética, desempenhando um papel crucial
em uma ampla gama de aplicações.
Os volantes de inércia são dispositivos que armazenam energia cinética rotacio-
nal por meio de sua rotação em alta velocidade. Esses componentes possuem uma longa
história de utilização em diversas áreas, desde máquinas a vapor até sistemas de trans-
missão de energia. No entanto, é nos dias atuais, com as crescentes preocupações com a
eficiência energética e a redução de emissões de carbono, que a relevância dos volantes
de inércia tem sido amplamente reconhecida.
Uma das principais vantagens dos volantes de inércia reside na sua capacidade
de armazenar energia mecânica e fornecê-la quando necessário, o que pode otimizar o
consumo de energia em diversos sistemas. Em veı́culos hı́bridos e elétricos, por exem-
plo, os volantes de inércia são utilizados para armazenar energia regenerativa durante a
desaceleração e liberá-la posteriormente para auxiliar no movimento do veı́culo, aumen-
tando a eficiência energética e reduzindo o consumo de combustı́vel ou a demanda da
bateria.
Além disso, os volantes de inércia também desempenham um papel crucial na
estabilidade e no equilı́brio de sistemas mecânicos, como geradores eólicos e motores de
combustão interna. Ao fornecer energia rotacional constante, esses dispositivos ajudam
a amortecer variações de velocidade e a suavizar o funcionamento do sistema, resultando
em uma operação mais estável e confiável.
Este artigo tem como objetivo explorar a relevância dos volantes de inércia em
diferentes contextos. Analisaremos os benefı́cios e desafios associados a esses compo-
nentes. A compreensão de como os volantes de inércia podem potencializar a eficiência
energética e melhorar a estabilidade é essencial para impulsionar a inovação e promover
a transição para um futuro mais sustentável e resiliente.

2. Desenvolvimento
2.1. Conceito de volante de inércia e sua relevância em relação as Tecnologias de
armazenamento de energia
Os volantes de inércia, flywheels na literatura anglo-saxónica, são dispositivos que arma-
zenam energia sob a forma de energia cinética num cilindro maciço capaz de rodar a altas
velocidades que podem atingir facilmente mais de 20.000 rotações por minuto (r.p.m.).
Existem diferentes tipos de volantes de inércia, cada um com caracterı́sticas diferentes
consoante o tipo de materiais constituintes do seu cilindro e do tipo de máquina mo-
tor/gerador, os flywheels que estarão associados a velocidades relativamente mais baixas
normalmente são feitos de aço, os de mais alta velocidade, podendo atingir 100.000 r.p.m.
normalmente feitos de fibra de carbono e vidro, visto que são materiais que aguentam me-
lhor o desgaste provocado pelas rotações. Este último tipo cria preocupações quanto às
perdas por fricção. Desse modo, este tipo de volante é colocado dentro de um comparti-
mento em vácuo e possui rolamentos magnéticos que não possuem qualquer contato com
o volante, sendo assim não necessitam de lubrificação. Estes rolamentos suportam o peso
do volante de inércia, através de forças magnéticas repulsivas que são controladas por
sistemas bastante sofisticados [9].

Figura 1. Esquema do Uso de Flywheel em Locomotivas

A quantidade de energia armazenada num volante de inércia pode ser calculada


através de uma relação que depende da massa e geometria do corpo rotativo, assim como,
da sua velocidade de rotação[9].
Os volantes de inércia têm dois tipos de comportamento distintos. Quando existe
excesso de potência mecânica nos geradores convencionais em relação à potência elétrica,
o volante absorve energia da rede, funcionando como se fosse uma carga. Se a potência
mecânica for inferior à potência elétrica, o volante começa a descarregar, fornecendo ener-
gia à rede [9]. No primeiro caso, a energia é acumulada pela aceleração do cilindro a altas
velocidades, utilizando a máquina motor/gerador como motor. No segundo caso, quando
o volante de inércia descarrega, o cilindro perde velocidade, sendo usado o motor/gerador
como gerador para fornecer energia. Os volantes de inércia possuem capacidade cı́clica
superior a 100.000 ciclos [1] e essa capacidade não é afetada pelas condições de operação
[11]. O tempo de resposta é na ordem dos microssegundos [1].
Dadas as suas caraterı́sticas, os volantes de inércia são propı́cios a aplicações em
que haja a necessidade de uma rápida absorção ou geração de potência, equilibrando o sis-
tema [11]. Embora tenha uma boa densidade energética, devido à sua natureza mecânica,
as durações de descarga não são superiores a uma hora. A sua eficiência não é afetada
durante o perı́odo de vida útil, que é estimado em 20 anos [16], situando-se entre 85% e
95% [11][1]. Embora não apresente perda de capacidade de potência ou energia ao longo
do seu tempo de serviço, os volantes de inércia apresentam perdas por dissipação de ener-
gia devido ao atrito mecânico, na ordem dos 2% da sua capacidade de energia quando
em standby durante um mês [1]. Os custos de manutenção são reduzidos, sendo estimado
entre 10-20 C/kW-ano [16]. Em termos de potência, os custos de investimento são eleva-
dos, rondam os 200-458 C/kW-instalado[11][13], por sua vez o custo de investimento de
energia situa-se entre os 1.200-25.000 C/kWh-instalado [13].
As baterias são hoje os dispositivos predominantes no mercado, para justificar
uma relevância dos volantes inércias, é necessário fazer uma análise comparativa entre
os principais aspectos que competem às essas tecnologias, onde se destacam: as baterias
de ácido-chumbo (PbA), de nı́quel (Ni), de sódio-enxofre (NaS) e de lı́tio (Li), além
dos sistemas de baterias de fluxo regenerativo: Bateria de brometo de zinco e bateria de
vanádio, e supercondensadores.
Para fins comparativos, a tabela apresenta alguns aspectos, transversais a todas
as tecnologias como forma de as poder comparar de forma justa: eficiência, perı́odo de
vida útil do dispositivo, capacidade cı́clica, tempo de resposta, custos de manutenção e de
investimento.

Figura 2. Tabela de comparação


Manter a frequência estável em um sistema elétrico é muito importante, a
contribuição dos sistemas de armazenamento de energia para a estabilidade de frequência
é bastante expressiva. A tabela apresentada nos permite fazer uma análise comparativa
entre os principais destes sistemas e caracteriza uma relevância pertinente à aplicação de
volantes de inércia como alternativa a sistemas de baterias.

2.2. Aplicações no exterior

A aplicação do flywheel no exterior, focada principalmente, na Europa e nos Estados Uni-


dos, tem sido explorada em diversos setores, trazendo inúmeros benefı́cios em diferentes
áreas, como energias elétricas e sustentáveis, fontes de alimentação ininterrupta, setor
militar e espacial. Neste trecho do artigo, serão apresentados exemplos de aplicação do
volante em regiões fora do Brasil, destacando suas aplicabilidades e benefı́cios.
1 - Estabilização da rede elétrica: Uma das aplicações mais relevantes do volante
é sua capacidade de fornecer estabilidade à rede elétrica, utilizando como vantagem a alta
densidade de potência e o ciclo de vida longo do flywheel [5]. Nos EUA e na Europa,
onde a demanda por energia elétrica é alta e com variações ao longo do dia, o volante pode
atuar como um sistema de armazenamento rápido e eficiente para lidar com flutuações na
demanda de energia, garantindo uma rede mais estável.
2 - Energias sustentáveis: O volante desempenha um papel fundamental na
integração dessas energias renováveis à rede elétrica. Ao armazenar o excesso de ener-
gia gerado durante os perı́odos de alta produção, o flywheel permite uma distribuição
contı́nua de energia durante momentos de menor geração, atendendo as necessidades com
estabilidade [2].
3 - Fontes de alimentação ininterrupta: Utilizado para fornecer energia temporária
durante as falhas no fornecimento elétrico. Um no-break é um dos mercados existentes
e a aplicação mais bem-sucedida de volantes de alta potência para fornecer energia para
ocasiões que geralmente não duram mais de 15 s [2]. Em casos com apenas volantes como
armazenamento de backup, energia suficiente é fornecida pelo volante para executar o
sistema, até que a fonte de alimentação seja restaurada ou uma fonte de alimentação em
espera fique online [2].
4 - Aplicações militares: O flywheel tem sido bastante adotado em navios e outros
veı́culos terrestres, bem como em armas, navegação, comunicações e seus sistemas inte-
ligentes associados [2]. Torna confiável esse uso de energia elétrica em diferentes taxas
e diferentes nı́veis de potência pois requer um armazenamento para responder de forma
rápida e confiável a essa demanda variável de energia [7]. Além de fornecer energia re-
serva em casos de falhas na rede principal, o que garante a continuidade das operações
[2].
5 - Missões espaciais da NASA: Aplicação em veı́culos espaciais cuja a fonte
primária de energia é o sol e se torna necessário o armazenamento para perı́odos que
o satélite está na escuridão [2]. Essa tecnologia está sendo estudada para combinar ou
até substituir as baterias, visando melhorar a eficiência e reduzir a massa e o custo da
espaçonave [2]. ”Cada conjunto de duas unidades de volante da NASA armazenará mais
de 15 MJ e pode fornecer uma potência de pico de mais de 4,1 kW.Substituir todas as
caixas de bateria levará 48 volantes juntos capaz de produzir mais de 150 kW. A NASA
estima que mais de US$ 200 milhões serão economizados se os volantes forem subs-
tituı́dos a primeira geração de baterias de estações espaciais.” [4].

2.3. Mercado nacional


Entre as aplicações mais difundidas do volante de inércia no Brasil, temos a presença
desse sistema nos Motores de combustão,tanto em carros quanto em máquinas diversas
que utilizam dessa fonte de energia, nos carros da Fórmula 1 e em carros elétricos:
1 - Motores de combustão: Os motores de combustão interna são amplamente usa-
dos em veı́culos automotivos no Brasil. O volante de inércia é uma peça essencial nesse
tipo de motor, permitindo armazenar a energia cinética gerada durante o ciclo de com-
bustão e liberá-la de forma mais consistente e uniforme, fornecendo energia rotacional
para o motor entre os tempos de combustão e estabilizando o movimento do virabrequim.
Essa aplicação melhora a eficiência do motor, reduzindo a perda de energia e a variação de
torque, resultando em um desempenho mais suave e econômico. Além do setor automo-
tivo, os motores são frequentemente utilizados para acionar máquinas e equipamentos nas
indústrias metalúrgicas, agrı́colas e de construção civil. O volante de inércia nestes moto-
res atua principalmente como um regulador de torque, suavizando a variação energética e
mantendo uma rotação mais constante. Isso contribui para um desempenho estável dessas
máquinas e para a eficiência operacional.

Figura 3. Volante de inércia encaixado num virabrequim de motor

2 - Fórmula 1: No cenário das corridas, a Fórmula 1 destaca-se como um dos


principais esportes automobilı́sticos no Brasil. O volante de inércia tem sido usado nessa
modalidade, principalmente como parte de sistemas de recuperação de energia cinética
(KERS). Quando o veı́culo freia, a energia cinética é convertida e armazenada no volante
de inércia para ser utilizada posteriormente durante a aceleração. Essa tecnologia permite
um aproveitamento eficiente da energia, aumentando a potência do veı́culo e o consumo
de combustı́vel. Essa tecnologia vem sendo pouco utilizada no esporte devido aos proble-
mas de segurança que o volante de inércia apresenta, por se tratar de uma massa girando
a velocidades altas que, num possı́vel mau funcionamento, pode se estilhaçar e causar
acidentes graves. Além disso, trata-se de uma peça relativamente pesada e volumosa, o
que pode diminuir o desempenho desses veı́culos.
3 - Veı́culos elétricos: Com o crescimento da mobilidade elétrica no Brasil, o
volante de inércia tem se inserido nesse nicho, inspirando-se no KERS dos veı́culos da
Fórmula 1. Em carros elétricos e hı́bridos, o volante de inércia pode ser usado para ar-
mazenar energia cinética gerada durante a frenagem regenerativa, que converte a energia
cinética do veı́culo em eletricidade para ser posteriormente utilizada na aceleração, redu-
zindo a demanda da bateria e aumentando a eficiência energética do veı́culo.
Vemos que no Brasil, o volante de inércia tem encontrado aplicações bem difun-
didas, porém pouco inovadoras e limitadas a um escopo pequeno. O uso do volante de
inércia para melhorar o desempenho de motores é uma tecnologia antiga e mesmo quando
relacionado a soluções mais recentes, como veı́culos elétricos, ainda é pouco inovador e
voltado para uma área limitada. Hoje em dia, já existem projetos brasileiros para desen-
volver esse mercado nacionalmente, como a parceria protagonizada por pesquisadores da
UFJF, UFRJ e da Universidade de Uppsala na Suécia[10]. Entretanto, não temos nenhuma
aplicação inovadora concreta e segue sendo um assunto pouco pesquisado no paı́s.

2.4. Desafios e oportunidades no território nacional

Os benefı́cios da aplicação de volantes de inércia são muitos e suas diversas aplicações


são bastante relevantes para a evolução da forma como armazenamos energia, e o Brasil
é um dos muitos paı́ses que ainda não mostrou grandes avanços na implementação desse
sistema no seu território. Com isso, é importante investigar os desafios que desacele-
ram o desenvolvimento desse sistema tão inovador em território nacional, bem como as
oportunidades que poderiam ser proporcionadas caso esses desafios sejam vencidos.

2.4.1. Desafios

O primeiro grande desafio para tornar a utilização de volantes de inércia viável no Brasil é
a falta de investimento financeiro na área, tanto em termos de construção de infraestrutura
necessária, quanto para pesquisa e desenvolvimento. A implementação de volantes de
inércia requer investimentos significativos e, portanto, precisam ser incentivados[6].
O segundo desafio que pode ser identificado se relaciona com a infraestrutura do
paı́s, pois o funcionamento e manutenção desse sistema requer uma infraestrutura prepa-
rada, com espaços fı́sicos adequados, sistemas de energia elétrica estáveis e conexões com
a rede elétrica, requisitos estes que não são uma realidade em todas as partes do paı́s e de-
sencorajam a adoção de volantes de inércia][16]. Outro desafio mapeado é a concorrência
com outras tecnologias, principalmente na distribuição de energia elétrica. Em nota ofi-
cial, a ANEEL enfatizou a necessidade de adaptar a polı́tica setorial e regulamentações
para que seja possı́vel a concorrência direta, ou mesmo integração, entre os detentores
das tecnologias de armazenamento e as empresas de distribuição e transmissão de ener-
gia, que, geralmente, atuam como monopolistas[12].
Ademais, a regulamentação e legislação a respeito do tema ainda é, praticamente,
inexistente no Brasil, e gera incertezas quanto ao futuro da implementação dessa tecno-
logia no paı́s. É crucial que a regulamentação seja definida para que os avanços possam
continuar e que ela seja interessante para potenciais investidores[3].
2.4.2. Oportunidades

A primeira oportunidade a se destacar vem da própria tecnologia de armazenamento de


energia, já que ela traz inovações que minimizariam problemas decorrentes de anorma-
lidades no fornecimento de energia. Os volantes de inércia podem ajudar a equilibrar a
demanda e a oferta de energia elétrica, estabilizar a rede elétrica e lidar com flutuações de
curto prazo na geração e no consumo de energia, aumentando a eficiência e a confiabili-
dade do sistema elétrico brasileiro [10].
Uma oportunidade muito promissora é a integração de fontes de energia renovável
intermitentes, conectando os volantes de inércia sistema com outros sistemas de energias
renováveis, como energia solar e eólica. Esses sistemas podem armazenar o excesso de
energia gerado quando a demanda é baixa e liberá-la quando a demanda é alta, permitindo
uma melhor utilização das fontes renováveis[3].
Além do setor de fornecimento de energia, existem, também, oportunidades no
setor automobilı́stico, que podem ser exploradas e competir mais proximamente às outras
tecnologias. Com a crescente demanda por carros elétricos, o flywheel pode ser integrado
como um sistema auxiliar de armazenamento de energia, trabalhando em conjunto com
as baterias. O volante de inércia pode fornecer energia adicional durante a aceleração
e retomada de velocidade, reduzindo a carga sobre as baterias e prolongando sua vida
útil[10].

2.5. Estudo de caso


Um dos pontos debatidos ao longo da produção desse trabalho tem por objetivo compreen-
der os motivos limitadores em não utilizar a regeneração da energia oriunda da frenagem
elétrica dos trens de minério empregues no território nacional. Num primeiro momento é
válido ressaltar que os sistemas de armazenamento de energia podem ser classificados de
acordo com o tipo da produção e aplicação, além da duração do seu armazenamento [8].
O Flywheel(FES) se configura como um sistema de armazenamento de energia
elétrica que armazena a energia mecânica na forma de energia cinética rotacional. Seu
funcionamento estabelece relação entre alguns componentes entre eles uma carga de
muita inercia preza a um eixo e um conversor que faz a conexão com a rede elétrica[14].

Figura 4. Estrutura Flywheel

Seu funcionamento é descrito pelo uso da energia da rede elétrica para colocar
em movimento essa carga de grande massa que ao atingir a rotação nominal faz com que
o custo energético de manter o objeto girando fique baixo pois se concentra em apenas
compensar o atrito e na manutenção do movimento rotacional do objeto. Sendo, o custo
energético para vencer o atrito cinético dito como baixo, existe um armazenamento de
energia, com uma considerável perda, mas que no momento que faltar energia na rede,
promove a devolução da energia ao sistema devido ao momento inercial causado pela
rotação do eixo do objeto, assim o sistema realiza a conversão e devolve a energia para
rede elétrica [14].
Na expectativa de compreender o potencial da aplicação do Flywheel no setor
ferroviário, estudos foram feitos na intenção de descrever a dinâmica de funcionamento e
reforçar os contextos que esse sistema é viável levando em consideração os perfis de linha
e quantidade de energia gerada [15].
A seguir segue o esquema que descreve a aplicação de Flywheel em Locomotivas;

Figura 5. Esquema do Uso de Flywheel em Locomotivas

O esquema apresenta o fluxo da energia que após percorrer o ”fluxo tradicio-


nal”com a adição do Flywheel, aproveita da energia oriunda da frenagem dinâmica para
gerar tensão necessária para alimentar o sistema em questão, fazendo com que o mesmo
armazene aquela energia.
Sendo assim, o uso da regeneração de energia nos trens de minério considera o
armazenamento da energia elétrica produzida pelos motores de tração durante o perı́odo
de aplicação da frenagem elétrica, para que depois ao devolve-las para os motores de
tração essas possam ser usadas durante o perı́odo de tração.
O estudo feito por [15] retornou a possibilidade de aproveitar a energia gerada na
frenagem dinâmica para tração pela aplicação de um sistema Flywheel e após o acompa-
nhamento constatou-se que o sistema de fato auxilia no aproveitamento de energia para
a máquina em questão e que existe um retorno em cima da energia gasta ao longo do
funcionamento da máquina.
Os testes avaliaram uma locomotiva diesel-elétrica e sua performance em dife-
rentes perfis, tanto subida quanto descida, fator que permitiu constatar que as variáveis
potência de frenagem e tempo de tração estão diretamente relacionadas com a energia da
frenagem regenerativa responsável por auxiliar no aproveitamento da energia gasta pelo
sistema e permitindo a otimização da mesma.
Os pontos de atenção estavam associados a avaliação do custo de oportunidade
no que tange a viabilidade econômica da implantação desse sistema, visto que a energia
aproveitada deveria compensar tanto os seus custos de implantação quanto manutenção,
uma vez que se trata de uma tecnologia de alto investimento e de necessária manutenção.
3. Metodologia
Este artigo de revisão aborda a aplicação de flywheels em território nacional, utilizando
uma metodologia baseada na pesquisa de artigos em referências nacionais e internacio-
nais. Foram selecionadas fontes secundárias relevantes no Google Acadêmico, Scielo,
Capes, Google Docs., para realizar uma análise crı́tica dos dados disponı́veis.
Nosso estudo se configura como uma pesquisa de caráter qualitativo. A análise
dos dados obtidos permitiu identificar padrões e tendências relacionadas à aplicação de
flywheels, fornecendo uma visão abrangente sobre o assunto. O resultado desse trabalho
de revisão contribui para o conhecimento sobre o uso de flywheels em território nacional
e destaca as oportunidades e desafios associados a essa tecnologia.

4. Resultados e Discussões
Através dessa revisão, definimos e contextualizamos o volante de inércia em aplicação
nos sistemas de flywheel como uma peça essencial desses sistemas. Dentre as carac-
terı́sticas apresentadas pelo volante de inércia temos a rápida carga e descarga da energia
cinética que ele armazena, a eficiência relativamente alta (85%-95%), vida útil de 20 anos
e simplicidade. Devido a esses fatores, o uso do volante de inércia pode ser aplicado em
diversas áreas.
No cenário nacional, o uso de sistemas com essa peça se restringem a tecnologias
mais antigas e usos de abrangência limitada, focada no mercado automotivo e de motores
de combustão interna no geral. No artigo, explicitamos as razões que causam a situação
atual do Brasil em relação ao uso do volante de inércia: a falta de investimento em pes-
quisa e tecnologia nesse assunto, a concorrência com outros sistemas de armazenamento
de energia mais eficientes e difundidos, e a falta de regulação no paı́s a respeito do uso do
volante de inércia em funções mais avançadas.
Ademais, analisamos um estudo de caso da possı́vel aplicação do volante de
inércia em locomotivas de carga. Esse estudo de caso nos revelou que, no cenário avali-
ado, o uso do sistema flywheel não compensaria devido a falta de viabilidade econômica
em relação a outros sistemas, gerando um alto custo de oportunidade.
Além disso, também foi exposto que no exterior, apesar de estarem em estágio de
pesquisa e desenvolvimento em sua maioria, já existem tecnologias, empresas e produ-
tos que utilizam e pesquisam sobre a utilização e melhoria dos sistemas flywheel, sendo
destaques o uso do volante de inércia como sistema de suporte para regulação de redes
elétricas através da atenuação, e como baterias alternativas para fontes de energia limpas
como a fotovoltaica e a eólica.
Também foi mostrado que, com investimento no desenvolvimento de materiais
mais adequados para essa tecnologia, o sistema flywheel pode se tornar uma potencial
alternativa competitiva aos sistemas dominantes no mercado.

5. Conclusão
O estudo apresenta o potencial das aplicações que o flywheel possui em um ambiente
programado para recebê-lo e apresenta os possı́veis avanços tecnológicos e oportunida-
des para o nosso paı́s em diferentes segmentos pela sua aplicação, como no setor de
distribuição de energia elétrica, aumentando a eficiência do sistema energético brasileiro,
e no setor automobilı́stico, podendo ser integrado como um sistema auxiliar de armazena-
mento de energia. Além disso, o desenvolvimento dessa tecnologia em território nacional
pode levar ao crescimento da expertise local em tecnologias de armazenamento de ener-
gia, resultando em avanços tecnológicos e na criação de empregos e oportunidades de
negócios, possibilitando que o Brasil se posicione como um fornecedor confiável nesse
mercado em crescimento.
Existe, entretanto, um desafio englobando essa nova tecnologia, como as incer-
tezas quanto à legislação, ainda inexistente, a vida útil do sistema, que impactaria no
retorno dos investimentos, e outras dúvidas que ainda não podem ser respondidas por esta
ainda ser uma tecnologia recente e que fazem possı́veis investidores recuarem. Com isso,
é imprescindı́vel que mais estudos sejam engajados em território nacional para gerar um
melhor entendimento sobre flywheel e incentivar investimentos em inovação tecnológica
e no desenvolvimento de novas fontes de armazenamento de energia no paı́s.

Referências
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