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Argentina Alberto

Introdução à Geografia (resumo)

Licenciatura em Ensino de Geografia

Universidade Rovuma

Lichinga

2024
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1. OS PROCESSOS DE TRABALHO: A DESCRIÇÃO, A OBSERVAÇÃO, E O


DOCUMENTO
1.1. Descrição

As pesquisas descritivas objectivam a descrição de determinada população, fenómeno ou


estabelecimento de relações entre as variáveis. Esse tipo de estudo tem como característica mais
significativa a utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados, tais como os questionários
e a observação sistemática.

Segundo Malhotra (2001, p. 108), a pesquisa descritiva “é um tipo de pesquisa que tem como
principal objectivo a descrição de algo”, um evento, um fenómeno ou um fato. Os termos
pesquisa descritiva, descrição ou descrever referem-se ao fato desse tipo de pesquisa apoiar-se na
estatística descritiva para realizar as descrições da população (mediante amostra probabilística),
do fenómeno ou relacionar as variáveis.

Assim, as pesquisas descritivas puras são de natureza quantitativa, mas podem ser quantitativas e
qualitativas, se representarem descrições de amostras não probabilísticas.

1.2. Observação

Considera-se o que as pessoas dizem verbalmente ou através da escrita como o maior recurso dos
dados qualitativos. No entanto, para entender a complexidade de muitas situações, a participação
directa e a observação do fenómeno de interesse pode ser o melhor método de pesquisa
(PATTON, 2002). Uma dada observação pode ser descrita como técnica, se previamente
sistematizada mediante um roteiro de acordo com os objectivos da pesquisa (QUEIROZ et al.,
2007).

Na observação, o observador coloca-se na posição dos observados, devendo inserir-se no grupo a


ser estudado como se fosse um deles, pois assim tem mais condições de compreender os hábitos,
atitudes, interesses, relações pessoais e características do funcionamento daquele grupo
(BARDIN, 1997). Isso requer que o observador torne-se parte do universo investigado para
entendimento do contexto das acções e apreensão dos aspectos simbólicos que o permeiam
(PROENÇA, 2008). Esta é, portanto, uma técnica que possibilita o conhecimento através da
interacção entre o pesquisador e o meio, propiciando uma visão detalhada da realidade
(QUEIROZ et al., 2007). A observação como técnica exige uma sistematização prévia (roteiro de
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observação) que deve focar os objectivos da investigação, a fim de fundamentar o planejamento


de estratégias para o melhor desenvolvimento das acções no âmbito estudado (QUEIROZ et al.,
2007).

Esse método de colecta de dados é muito pertinente quando se pretende apreender o máximo de
conhecimento dinâmico sobre dada situação ou fenómeno. Apresenta, como vantagens o facto de
possibilitar: obtenção da informação exactamente durante a ocorrência espontânea do fenómeno.

1.3. Documento

Os documentos são registos escritos que proporcionam informações em prol da compreensão dos
factos e relações, ou seja, possibilitam conhecer o período histórico e social das acções e
reconstruir os fatos e seus antecedentes, pois se constituem em manifestações registadas de
aspectos da vida social de determinado grupo (OLIVEIRA, 2007).

A análise documental consiste em identificar, verificar e apreciar os documentos com uma


finalidade específica e, nesse caso, preconiza-se a utilização de uma fonte paralela e simultânea
de informação para complementar os dados e permitir a contextualização das informações
contidas nos documentos. A análise documental deve extrair um reflexo objectivo da fonte
original, permitir a localização, identificação, organização e avaliação das informações contidas
no documento, além da contextualização dos fatos em determinados momentos (MOREIRA,
2005).

Algumas vantagens do método de análise documental consistem no baixo custo e na estabilidade


das informações por serem “fontes fixas” de dados e pelo fato de ser uma técnica que não altera o
ambiente ou os sujeitos. Quanto às limitações, destacam-se a vivência do fenómeno para melhor
representá-lo, a falta de objectividade e a validade questionável que consiste numa crítica da
corrente positivista (OLIVEIRA, 2007).

A análise documental também pode ser conceituada como um conjunto de operações intelectuais,
visando à descrição e representação dos documentos de uma forma unificada e sistemática para
facilitar sua recuperação. Isto é, o tratamento documental tem por objectivo descrever e
representar o conteúdo dos documentos de uma forma distinta da original, visando garantir a
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recuperação da informação nele contida e possibilitar seu intercâmbio, difusão e uso (IGLESIAS;
GÓMEZ, 2004).

Assim, tal técnica é considerada como o tratamento do conteúdo de forma a apresentá-lo de


maneira diferente da original, facilitando sua consulta e referenciação; quer dizer, tem por
objectivo dar forma conveniente e representar de outro modo essa informação, por intermédio de
procedimentos de transformação.

2. Importância e aplicação da Geografia

A Geografia é a ciência que estuda o espaço geográfico e a relação entre a sociedade e o meio. É
no espaço geográfico que se estabelecem as relações humanas.

A importância da Geografia reside nas suas contribuições para o conhecimento sobre o espaço
humano e suas formas de transformação e ocupação. Este pode ser entendido como o espaço
produzido pelo homem e que está em constante transformação ao longo do tempo. Podemos
dizer, então, que o espaço geográfico possui um carácter histórico e, por isso, é capaz de contar a
história e as características da acção humana sobre o meio em que vive. Além do mais, também é
campo de estudo da Geografia, toda a dinâmica superficial da terra (WILSON, 2017).

Na actualidade, a Geografia desempenha um papel importante na criação de atitude positiva


sobre o meio ambiente, gestão cuidada e racional sobre os recursos naturais, fornecer dados
científicos que permitem a tomada de decisões correctas de âmbito económico e político e que
evitem a poluição do meio ambiente.
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Referências bibliográficas

BARDIN, Lawrence. (1997). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 176 p

MALHOTRA, Naresh K. (2001). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3 .ed. Porto
Alegre: Bookman.

MOREIRA, Sónia Virgínia. (2005). Análise documental como método e como técnica. In:
DUARTE, Jorge; BARROS, António (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação.
São Paulo: Atlas, p. 269-279.

OLIVEIRA, Alfredo Almeida Pino de. (2007). Análise documental do processo de capacitação
dos multiplicadores do projecto “Nossas crianças: Janelas de oportunidades” no município de
São Paulo à luz da Promoção da Saúde. 210 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem em Saúde
Coletiva) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo.

PROENÇA, Wander de Lara. (2008). O método da observação participante. Rev. Antropos,


Brasília, v. 2, n. 1, p. 8-31.

QUEIROZ, Danielle Teixeira et al. (2007). Observação participante na pesquisa qualitativa:


conceitos e aplicações na área da saúde. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 276-
283.

WILSON, Felisberto. (2017). G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo.

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