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- O século XVII foi aquele que realizou a partilha entre a razão e a desrazão; foi o
momento de emergência da loucura, ou melhor, foi o momento em que a razão
produziu a loucura.
- a loucura não existia, o que existia era a diferença e o lugar da diferença.
- O que se tinha era a denúncia da loucura, mas não a definição de sua especificidade
ou das formas de sua aparição.
- no século XVII: se o que distingue o homem do animal é a racionalidade, o louco
identifica-se com o animal.
- Segundo Foucault, a característica fundamental da relação entre o saber e o poder
psiquiátricos, nessa época, é que nela a verdade do saber psiquiátrico nunca é
colocada em questão. Seu objetivo exclusivo é justificar o conjunto de práticas que
se articulam no interior do espaço asilar
- O passo seguinte ao da denúncia da loucura não era propriamente a cura, mas o
controle disciplinar do indivíduo.
- A cura não é mais a recuperação da verdade, mas o retorno à ordem.
- Na impossibilidade de apontar um substrato material da loucura, isto é, de localizar
no corpo do indivíduo a substância louca, a psiquiatria procurava esse substrato na
família do louco
- A hereditariedade familiar passa a ser, desta forma, o modo de substancialização da
loucura
- O objetivo final do interrogatório era a obtenção de uma confissão, isto é, o
reconhecimento, por parte do paciente, de sua própria loucura. A confissão, uma vez
obtida, tinha um duplo valor: era indicativa da submissão do paciente à vontade do
médico e, além disso, possuía uma função catártica. Através dela o doente se
livrava do mal
- O psiquiatra era capaz de identificar a loucura, mas não sabia o que ela era: “ Sei
que não sou louco e sei quem é louco, mas não sei o que é a loucura.”
- A partir de Moreau de Tours, a relação do psiquiatra com a loucura deixa de ser uma
relação de exterioridade para ser uma relação com a própria loucura, e este era o
caminho para a sua compreensão
- O sonho é a loucura do indivíduo adormecido enquanto os loucos são sonhadores
acordados
- A popularidade de fluidismo chegou a tal ponto que o governo, juntamente com a
comunidade científica da época, decretou a condenação de Mesmer por
charlatanismo.
- A conclusão da comissão foi que não existia nenhum fluido magnético e que a cura
se dava por efeito da imaginação. Ora, é exatamente esse efeito da sugestão o que
vai se constituir no princípio da técnica hipnótica empregada inicialmente por Freud
- A anatomia patológica começava a ser vista, nessa época, como o único meio de
inclusão da medicina no campo das ciências exatas,
- Formam-se, então, dois grandes grupos de doenças: aquelas com uma
sintomatologia regular e que remetiam a lesões orgânicas identificáveis pela
anatomia patológica, e aquelas outras — as neuroses — que eram perturbações
sem lesão e nas quais a sintomatologia não apresentava a regularidade desejada.
- . A abordagem inicial de Charcot ao problema da histeria foi feita de acordo com
esse ponto de vista, isto é, de que há um correlato orgânico das manifestações
histéricas. Posteriormente, ele modifica seu ponto de vista ao afirmar que a histeria
é, “ como tantas outras esfinges” , uma doença que escapa às mais penetrantes
investigações anatômicas
- a histeria apresentava aos seus olhos uma sintomatologia bem definida,
obedecendo a regras precisas. Esse reparo é importante, porque lhe permite afastar
a hipótese de simulação, o grande fantasma da psiquiatria do século XIX.
- a histeria não era uma simulação, que ela era uma doença funcional com um
conjunto de sintomas bem definido e na qual a simulação desempenhava um papel
desprezível.
- O problema continuava sendo apresentar uma sintomatologia regular para a histeria.
Caso isso fosse obtido, a histeria seria incluída no campo das doenças neurológicas;
caso a tentativa não fosse coroada de êxito, o histérico seria identificado ao louco.
- Segundo Charcot, o sistema nervoso pode ser dotado de uma predisposição
hereditária para, em decorrência de um trauma psíquico, produzir um estado
hipnótico que torna a pessoa suscetível à sugestão. O trauma formaria uma injunção
permanente, um estado hipnótico permanente, que poderia ser objetivado
corporalmente por uma paralisia, uma cegueira ou qualquer outro tipo de sintoma. O
estado hipnótico que o médico produzia na clínica seria uma injunção desse tipo, só
que temporária. Nela, o papel da sugestão é idêntico ao desempenhado na situação
traumática, com a diferença apenas de não ser permanente
- Ora, na medida em que o trauma em questão não é de ordem física, ressurge a
necessidade de o paciente narrar sua história pessoal para que o médico possa
localizar o momento traumático responsável pela histeria
- Estava selado o pacto entre a histeria e a sexualidade;
- Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o Édipo não poderão
fazer sua entrada em cena,
- Nesse artigo, Freud recomenda dois tipos de tratamento para a neurose histérica. O
primeiro consiste no afastamento do paciente de seu ambiente familiar, considerado
por ele como gerador de crises, e sua internação num hospital.
- O segundo tipo de tratamento consiste na remoção das causas psíquicas dos
sintomas histéricos. Como essas causas são inconscientes para o paciente, o
método para eliminar os sintomas consiste em dar ao paciente, sob hipnose, uma
sugestão que remova o distúrbio. Esse procedimento, porém, apenas elimina o
sintoma, mas não remove a causa. Freud propõe, então, que se empregue um
método elaborado por Joseph Breuer e que consiste em fazer o paciente remontar,
sob efeito hipnótico, à pré-história psíquica da doença a fim de que possa ser
localizado o acontecimento traumático que originou o distúrbio
Primeira Tópica
➔ Refere-se aos vários modos e graus de distribuição do desejo, sendo que os lugares
aos quais ele se refere são lugares metafóricos e não lugares anatômicos
Fundamentos da clínica
Sobre a Psicoterapia
➔ A técnica sugestiva tenta fazer efeito per via di porre, ela não se preocupa com a
origem, a força e a importância dos sintomas da doença, mas aplica algo, que é a
sugestão, da qual ela espera que seja forte o suficiente para impedir a ideia
patogênica de se expressar
➔ A terapia analítica, por sua vez, não quer aplicar nada, não quer introduzir algo novo,
mas quer tirar, extrair, e para esse fim ela se ocupa da gênese dos sintomas da
doença e do contexto psíquico da ideia patogênica, cuja eliminação é o seu objetivo