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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ESTUDO DE CASO CLÍNICO

MANAUS-AM
2023
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ADILLA PATRICIA GOMES DA COSTA

MORDEDURA ANIMAL - GATO

Estudo de caso clínico desenvolvido no mês


de novembro - 2023, no SPA Eliameme Rodrigues
Mady, como requisito para obtenção de nota em Estágio
Curricular II, na disciplina Urgência e Emergência..

Preceptora: Enfa. Antonia França da Silva

MANAUS-AM
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
2. ANAMNESE......................................................................................................................2
2.1 Identificação do Paciente...............................................................................................2
2.2 História Atual................................................................................................................2
2.3 História Pregressa..........................................................................................................2
3. ALTERAÇÕES IDENTIFICADAS................................................................................2
4 EXAME FÍSICO................................................................................................................2
5. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM4...............................3
6. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................5
6.1 Mordedura por Animal Doméstico (Gato).....................................................................5
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................7
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................8
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1. INTRODUÇÃO

O estágio acadêmico de enfermagem é considerado o momento de aprendizagem


essencial para o discente, em virtude de proporcionar não somente uma vasta experiência no
âmbito acadêmico, capacitandoo para prestar o cuidado integral à saúde do paciente, como
também, por oferecer um amplo crescimento pessoal e profissional. Não devendo restringir
apenas aos princípios teóricos, mas também confrontar o conhecimento adquirido pelo aluno
as práticas assistenciais em seu ambiente de atuação, através da interdisciplinaridade e a
integração entre ensino-serviço-comunidade1.
Sabe-se que o estágio supervisionado, traz ao discente não somente a ampliação de
seus saberes, enfatizando a associação teórico-prático, mas também contribui para o
desenvolvimento de competências transversais (responsabilidade, autonomia e segurança) ao
acadêmico no último ano do curso de graduação e início da sua trajetória profissional e com
isso oportuniza uma maior empregabilidade dos recém-formados2.
Este Estudo de Caso Clínico foi elaborado a partir dos dados coletados em novembro
de 2023, no SPA Eliameme Rodrigues Mady, no bairro da Cidade Nova, na cidade de
Manaus-AM, sob as orientações da Enfª Antonia França da Silva.
A coleta foi realizada de forma sistêmica, com a participação voluntária da paciente
diagnosticada com Mordedura de animal (gato), seguindo um roteiro lógico onde se pôde
reunir dados pessoais e rotina da paciente, ao qual ajudou para entender a situação desta.
As mordeduras de animais são um dos traumas mais comuns que acometem o homem.
A mordedura é um instinto natural dos animais e há uma larga porcentagem dessas mordidas
na face (15%), requerendo a intervenção do cirurgião buco-maxilo-facial. Crianças são
acometidas, em relação aos adultos, em maior número de casos e, geralmente, por lesões de
maior gravidade, as quais comumente envolvem região de nariz, orelhas, bochechas e lábios.
A maioria dos casos compreende mordeduras por cães(80%-90%), seguidos de gatos e seres
humanos3.
Este estudo elucida, de maneira clara, o agravo que a mordedura de animais traz à
qualidade de vida da pessoa, uma vez que os sintomas e as possíveis complicações desse tipo
de trauma mudam, de certa forma, as atividades diárias da vítima.
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2. ANAMNESE

2.1 Identificação do Paciente

CAFS, 30 anos, sexo masculino, pardo, natural de Manaus-AM, residente no bairro


Cidade Nova, vindo de casa, desacompanhado, com histórico de mordedura de animal
doméstico (gato) a 7 dias, evoluindo com piora nas ultimas 48 horas. Foi avaliado pelo
médico clínico plantonista e encaminhado para a internação. SSVV na admissão T= 36,7 ºC;
P = 72 bpm; R = 19 irpm; SpO2: 100%.

2.2 História Atual

Paciente relatou que sofreu mordedura por animal doméstico (gato) na rua a sete dias,
evoluindo com piora nas últimas 48 horas, com quadro álgico intesndo no local seguido de
edema e sinais flogísticos.

2.3 História Pregressa

Paciente relatou nunca ter sofrido trauma do tipo antes. Não tabagista. Não etilista.
Nega alergias..

3. ALTERAÇÕES IDENTIFICADAS

Relatos de dor, lesão aberta por mordedura de animal em MMI a D, Edema em MMII
a D, leucograma aumentado, humor transitório, etc..

4 EXAME FÍSICO

CAFS, 30 anos, sexo masculino, 1º DIH, consciente, lúcido, orientado, eupineico em


ar ambiente, acompanhado de familiar, normotenso, normocárdico, afebril. Ao Exame Físico:
Cabeça ereta, crânio normoencefálico, sem deformidades ou lesões, couro cabeludo íntegro
sem sujidades ou cicatrizes, face corada sem anormalidades ou presença de manchas, olhos
com acuidade visual preservada, com presença de pterígio bilateral, pupilas isocóricas e
fotorreagentes, movimento de cada globo ocular nas diferentes direções preservadas, sem
3

alterações de coloração ou lesões na esclerótica e na córnea. Ouvido com acuidade auditiva


preservada, sem cerumes ou lesões. Nariz sem coriza e sem desvio no septo, movimentos das
asas do nariz simétrico. Cavidade oral corada com higiene satisfatória, dentição incompleta,
uso de prótese dentária. Pescoço centrado, sem rigidez de nuca, gânglios não palpáveis. Tórax
sem alterações anatômicas, simétrico, expansibilidade normal, respiração espontânea, mamas
simétricas, sem cicatrizes ou lesões. AC: BNF/2T sem sopro. AP: murmúrio vesiculares(+)
Abdome globoso, ruídos hidroaéreos(+), flácido, indolor à palpação, eliminações
vesicointestinais(+). Aparelho geniturinário sem alterações anatômicas, sem lesões ou
edemas. MMSS: com lesão infectada em a D e edema em MMSS a D (+++/++++), presença
de AVP em MMSS a E. MMII sem lesões, com boa perfusão periférica e tônus muscular
preservado, deambulando sem auxílio. SSVV T= 36,7 ºC; P = 72 bpm; R = 19 irpm; SpO 2:
100%.

5. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM4

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM (SAE)


ACHADOS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Integridade da pele prejudicada, caracterizada por alteração
Integridade da pele da pele, relacionada a trauma por mordedura de animal
prejudicada doméstico, evidenciado por presença de lesão infectada em
MMII D5 (NANDA, pág 770).
PLANEJAMENTO
Melhorar padrão de integridade da pele
INTERVENÇÕES
Realizar curativo diário
Monitorar padrão de integridade da pele
Orientar paciente a lavar local com água e sabão durante o banho
ACHADOS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Dor aguda associada a lesão tissular, relacionada a trauma por
Dor mordedura de animal doméstico, evidenciado por fácieis e
relatos de dor5 (NANDA, pág. 889)
PLANEJAMENTO
Diminuir quadro álgico
INTERVENÇÕES
Orientar paciente e buscar melhor posicionamento no leito
Ofertar analgesia conforme prescrição
Ofertar compressas frias ao paciente
ACHADOS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
4

Retenção aumentada de líquidos isotônicos, relacionado


Edema em MMII a D trauma por mordedura de animal doméstico, evidenciado por
edema5 (NANDA, pág 350)
PLANEJAMENTO
Diminuir edema em MMII a D
INTERVENÇÕES
Avaliar a localização e extensão do edema
Avaliar edema e pulsos periféricos
Monitorar os sinais vitais, conforme apropriado;
ACHADOS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Ansiedade caracterizada por preocupações em razão de
Humor transitório de calmo a mudança de eventos da vida, incertezas; relacionada a fatores
ansioso estressores; evidenciada por oscilação no humor de calmo a
ansioso e alteração no padrão do sono5 (NANDA, pág 614) .
PLANEJAMENTO
Melhorar estado humoral da paciente
INTERVENÇÕES
Identificar o foco da ansiedade
Observar padrão do sono
Oportunizar acompanhamento psicológico
ACHADOS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Risco de infecção relacionado trauma por mordedura animal
Leucograma aumentado doméstico, evidenciado por leucograma aumentado5 (NANDA, pág
742)

PLANEJAMENTO
Controlar a infecção
INTERVENÇÕES
Administrar antibioticoterapia
Monitorar leucograma
Orientar paciente a seguir a risca o tratamento proposto
Evolução
CAFS, 30 anos, sexo masculino, 1º DIH, consciente, lúcido, orientado, eupineico em ar
ambiente, acompanhado de familiar, normotenso, normocárdico, afebril. AC: BNF/2T sem
sopro. AP: murmúrio vesiculares(+) Abdome globoso, ruídos hidroaéreos(+), flácido, indolor
à palpação, eliminações vesicointestinais(+). Aparelho geniturinário sem alterações
anatômicas, sem lesões ou edemas. MMSS: com lesão infectada em a D e edema em MMSS a
D (+++/++++), presença de AVP em MMSS a E. MMII sem lesões, com boa perfusão
periférica e tônus muscular preservado, deambulando sem auxílio. SSVV T= 36,7 ºC; P = 72
bpm; R = 19 irpm; SpO2: 100%. Segue aos cuidados da enfermagem.

6. REFERENCIAL TEÓRICO
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6.1 Mordedura por Animal Doméstico (Gato)

As lesões ocasionadas por mordidas representam grande parte das agressões físicas
observadas nas emergências de hospitais, com ênfase para a mordedura de cães e gatos
domésticos, principais envolvidos nesses tipos de situações, vista a constante exposição das
vítimas ao agente agressor3.
A contaminação presente em ferimentos por mordedura pode conduzir a quadros de
infecções graves e necrose, inclusive em tecidos mais profundos. Além disso, os pacientes
também estão sujeitos a consequências de grande relevância, como as sequelas estéticas e
funcionais5.
Uma das principais preocupações inerentes aos ferimentos por mordeduras está atrelada
ao risco potencial de infecção. Visando sua prevenção, deve-se estabelecer abordagem
imediata com limpeza local e irrigação abundante dos ferimentos com peróxido de hidrogênio
e soro fisiológico em todos os ferimentos. Em ferimentos penetrantes profundos, a irrigação
procede-se com auxílio de seringa e agulha6.
Apesar de alguns autores recomendarem o reparo tardio das lesões por mordedura,
geralmente após as primeiras 24 horas7, está cada vez mais estabelecida na literatura a
importância do desbridamento de tecido necrótico de forma mais conservadora possível
seguido de fechamento primário através de suturas. Tal abordagem permite obtenção de
melhores resultados estético-funcionais e melhor regeneração tecidual por reparo primário,
além de evitar contaminação e infecção subsequente de tecidos profundos expostos. A opção
por reparo tardio dessas lesões conduz ao quadro de cicatrização secundária, com eventual
hiperplasia de tecido de granulação cicatricial e formação de cicatrizes aberrantes que
prejudicam a estética e função locais. Ferimentosavulsivos e complicados podem ser
abordados através de rotação de retalhos locais, enxertos livres microvascularizados ou
reimplante da estruturas perdidas8.
Outra controvérsia a cerca desse temacompreende as circunstâncias do emprego de
antibióticos e quais prescrever, a fim de evitar infecção. Enfatiza-se sempre a importância
superior dos procedimentos de limpeza, irrigação e desbridamento das lesões, em relação à
ação dos fármacos anti-microbianos no controle infeccioso.Ferimentos já acompanhados de
sinais de infecção (febre, abscesso, drenagem purulenta, eritema, linfadenopatia local) ao
exame clínico inicial compreendem indicação plena de antibioticoterapia. Em ferimentos
livres de infecção no momento do exame, deve-se considerar a extensão da lesão e a história
do paciente, recomendando-se o emprego de antibioticoterapia profilática em ferimentos de
6

alto risco, aqueles com tempo decorrido superior a 6 horas do incidente, ferimentos profundos
(particularmente quando causados por gatos), ferimentos que necessitem de reparo cirúrgico,
ferimentos profundos em mãos e/ou extremidade de membros inferiores, quando acometem
pacientes sistemicamente comprometidos (imunossupressão, asplenia, alcoolismo, diabetes,
uso de válvulas cardíacas protéticas) ou crianças 3. Essas situações são consideradas pelos
autores como de risco elevado a infecção, sendo racional o emprego de profilaxia anti-
microbiana, como instituído para os pacientes relatados neste artigo, os quais são enquadrados
nos critérios para administração da profilaxia6.
O antibiótico prescrito aos pacientes em questão foi a associação Amoxicilina-Ácido
Clavulânico, duas vezes ao dia, durante 7 dias. Esse regime medicamentoso é considerado
“padrão-ouro” para a profilaxia infecciosa em casos de mordedura humana e animal, visto que
seu amplo espectro de ação garante resultados positivos contra as bactérias aeróbias e
anaeróbias que comumente infectam esses tipos de ferimentos, as quais são, em grande parte,
produtoras de B-lactamases. Em casos de pacientes com história de reações alérgicas às
penicilinas, a terapia com Azitromicina mostra-se de boa eficácia nesses casos 9.
As características de contaminação das lesões por mordedura, comumente evoluindo
com necrose tecidual e presença de corpos estranhos, permitem condições locais ideaisao
desenvolvimento do bacilo tetânico. Os pacientes que nunca se submeteram a imunização
primária para o tétano podem necessitar de profilaxia antitetânica no controle inicial, após a
lesão ser diagnosticada como propensa ao tétano. Os pacientes relataram ausência de
imunização prévia, o que justificou o esquema de administração do SAT, 5.000UI, via
intramuscular, preconizado pelo Ministério da Saúdebrasileiro7.
A raiva, infecção viral do sistema nervoso central, é transmitida pela contaminação de
um ferimento com saliva de um animal raivoso. A profilaxia anti-rábica é preconizada para
casos de mordeduras causadas por animais dos quais não se conhece a história de imunização.
Detalhes do esquema profilático pós-exposição de risco ao vírus da raiva com o emprego de
imunização passiva e imunização ativa podem ser melhor visualizados no Guia de Vigilância
Epidemiológica do Ministério da Saúde9.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Traumatismos faciais por mordedura animal compreendem entidades que requerem


atenção especial e cuidados relacionados a diversos parâmetros clínicos. Exame clínico e
manejo inicial do paciente são imprescindíveis ao sucesso do tratamento, permeando
princípios de anti-sepsia, desbridamento e suturas imediatas. Apesar de ainda controverso, o
reparo cirúrgico primário corresponde à primeira escolha para abordagem de ferimentos não
infectados. O emprego de profilaxia antibiótica restringe-se aos casos considerados como de
alto risco ainfecção, avaliados durante o exame clínico, ressaltando bons resultados obtidos
com o emprego da associação Amoxicilina-Ácido Clavulânico. Profilaxia por imunização
anti-tetânica e anti-rábica, quando indicados, devem sempre fazer parte do protocolo de
tratamento desses pacientes.
Logo, ao fim deste estudo fora possível detectar a ampliação um conhecimento, ímpar,
maior no âmbito da mordedura por animal, proporcionando melhor visão a cerca dos
diagnósticos de enfermagem, correlacionado a enfermidade estudada, visando, desde os
cuidados físicos e os emocionais, facilitando, assim, a minimização dos danos decorrentes do
trauma no período da internação hospitalar do paciente.
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8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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3. ABUABARA A. A review of facial injuries due to dog bites. Med Oral Patol Oral Cir
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4. NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2018-2020/


NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. - Porto Alegre: Artmed, 2018.

5. STEFANOPOULOS PK, TARANTZOPOULOUAD. Facial bitewounds: management


update. Int. J. Oral Maxillofac.Surg. 2005; 34: 464–472.

6. MESTRE, E. S. C. M. et al. A sistematização da assistência de enfermagem ao paciente


portador de púrpura trombocitopênica imune. II COMBRACIS, 2017.

7. RUI-FENG C, LI-SONG H, JI-BO Z, LI-QIU W. Emergency treatment on facial laceration


of dog bite wounds with immediate primary closure: a prospective randomized trial study.
BMC Emergency Medicine 2013, 13(Suppl 1):S2

8. SITIERMANKL, LLOYD KM, DE LUCA-PYTELL DM, PHILLIPS LG, CALHOUN


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9. M JAVAID FRCS, L FELDBERG FRCS, M GIPSON FRCS. Primary repair of dog bites
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