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Introdução..........................................................................................................................1
CAPITULO I: Informação Bancária.................................................................................3
1. Informação Bancária..............................................................................................3
1.1.Os deveres legais de informar..............................................................................3
1.2. Regime; presunções; os deveres unitários...........................................................5
1.3. Modalidades........................................................................................................6
1.4. Obrigações de informar legais específicas..........................................................7
1.5. Informação ao cliente..........................................................................................8
1.6. Informações do cliente......................................................................................10
1.7. Informação ao mercado.....................................................................................11
CAPITULO II: SEGREDO BANCÁRIO.......................................................................12
1. Generalidades.......................................................................................................12
1.1. A instituição do sigilo bancário............................................................................12
1.2.Conceito de sigilo bancário....................................................................................14
1.3. Valor do sigilo..................................................................................................15
1.3.1. O dever de sigilo...........................................................................................15
1.3.2. Interesses tutelados e a natureza do sigilo bancário......................................16
1.4. Teoria contratualista.........................................................................................16
1.5. Teoria consuetudinária......................................................................................17
1.6. Teoria do segredo profissional..........................................................................17
1.7. Teoria legalista..................................................................................................17
1.8. Teoria do direito de personalidade....................................................................18
2. Objecto do sigilo...................................................................................................18
3. Excepções ao dever de sigilo e Direito tributário.................................................18
CAPITULO III: RESPONSABILIDADE BANCÁRIA.................................................21
1. Razão da responsabilidade...................................................................................21
2. Natureza................................................................................................................21
3. Responsabilidade do banqueiro............................................................................22
4. Culpa in contrahendo............................................................................................23
Conclusão........................................................................................................................24
Referências bibliográficas...............................................................................................26
DIREITO BANCÁRIO
Introdução
No presente itinerário de trabalho que constitui labor da Cadeira de Direito Bancário,
tem como escopo, o tema, a informação bancaria, segredo e responsabilidade civil
bancaria. Onde o grupo debruçou sobre todas as generalidades que envolvem o tema
acima referido, e fez a divisão deste tema em dois capítulos: o primeiro capítulo trata do
segredo bancário, e o segundo capítulo trata da responsabilidade bancária.
Ao longo da história, os bancos vêm exercendo papel cada vez mais importante na
organização sociedades. Essa evolução atingiu tamanha dimensão que hoje resta
inimaginável o bom funcionamento de uma comunidade sem a presença de uma
instituição financeira intermediando e fomentando as actividades mercantis. Se outrora
apenas uma pequena parcela da população precisava entrar em um estabelecimento
bancário para pedir um empréstimo, descontar uma letra ou depositar valores, hoje
constituem raríssimas excepções os que conseguem desenvolver suas actividades sem se
relacionar directa ou indirectamente com esse tipo de empresa.
1
COVELLO. Op. cit. p. 56-7.
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DIREITO BANCÁRIO
de apurar se aquele que confia e sofre danos pode obrigar o banco à correspondente
reparação.
Desta relação nasce várias preocupações. Em primeiro lugar é preciso informar. E
informar implica saber o que dizer, quando dizer e até onde dizer.
Mas, mais do que isso, é preciso fazê-lo correcta e completamente, observando o
cuidado exigível. Por exemplo: informar a pedido ou informar espontaneamente,
divulgando dados desconhecidos e inacessíveis aos destinatários.
2
DIREITO BANCÁRIO
No que ao banco diz respeito, as informações dos clientes estarão sujeitas ao dever de
segredo profissional e, como tal, apenas reveláveis nos termos da lei, com a autorização
do cliente, ou no âmbito de centralização do risco de crédito.
Todos os deveres que surjam, no espaço jurídico, terão de ser reconduzidos às fontes. E
assim sendo, todos eles serão “legais”. É certo que a terminologia jurídica comum
2
MENEZES CORDEIRO, A. Ob. Cit, p. 328.
3
DIREITO BANCÁRIO
Como primeiro requisito, a lei prevê um titular dum direito. A locução deve ser
entendida em termos de implicar a plausibilidade da titularidade: como a mesma lei
admite que a dúvida recaia sobre a própria existência do direito, pode bem suceder que,
prestada a informação, se verifique a inexistência do direito3.
A lei não refere o quantum de plausibilidade. No entanto, como exige uma dúvida
fundada, subentende – se que o direito deve ser tido como existente ou não haveria
qualquer dúvida.
De seguida, a lei exige uma dúvida fundada sobre a existência ou o conteúdo do direito.
O fundamento da dúvida terá de ser considerado no caso concreto. De todo o modo, será
possível avançar:
- Que isso deverá ocorrer em circunstâncias tais que o titular não possa, por si e com
esforço razoável, esclarecer a dúvida.
Por fim, a lei requer alguém em condições de prestar as informações necessárias. Não
se define quem possa ser visado pela obrigação de informar: podem ser envolvidas
quaisquer pessoas que se encontrem na situação de esclarecer: o parceiro num contrato,
o auxiliar, o comissário ou a própria testemunha.4
A lei não exige que a pessoa visada possa prestar informações suficientes: basta que
sejam necessárias, ainda que, depois, se torne necessário ir procurar, noutras latitudes,
determinados elementos em falta.
3
ADRIANO PAES DA SILVA VAZ SERRA, Obrigações de reembolso de despesas, informação,
exibição de coisas, restituição, e de sujeito indeterminado.
4
Ob, cit., 88 – 90.
4
DIREITO BANCÁRIO
O dever de informar torna-se, assim, muito mais operacional, quando tenha estrutura
obrigacional. As razoes dessa acrescida tutela tem sido firmadas, designadamente, por
CLAUS-WILHELM CANARIS, através dos seus estudos sobre a confiança.
Na posse de dados básicos sobre o regime, pergunta-se como se articulam, entre si, os
deveres de informação.
5
CLAUS-WILHELM CANARIS, Anspruche wegen ‘’positiver Vertragsverrlettung’’ und ‘’ Schutzwirkung fur
Dritte’’ bei nichtigen Vertragen, JZ 1965, 475-482,.
Quando a esta doutrina, com indicações, MENEZES CORDEIRO, Da pós-eficácia das obrigações, em
Estudos de Direito Civil, vol.1 (1987), 143-197 (188 ss) e Da boa fé cit. 1°.vol, cit, 634ss..
5
DIREITO BANCÁRIO
Trata-se duma doutrina que pode ser transposta para os deveres de informação. Mas
apenas com o seguinte alcance: há uma pressão niveladora, que intenta aproximar os
regimes das informações, nas diversas situações. Em cada situação haverá, pois, que
ponderar os interesses e valorações em presença.
1.3. Modalidades
A presença de numerosas manifestações de deveres de informar recomenda que se
proceda à sua classificação, agrupando os deveres existentes em modalidades
características. São vários os critérios possíveis, como de seguida se ira verificar.
- de cláusulas gerais;
- de lei estrita.
6
Nos escritos acima citados, defendemos a desnecessidade, no Direito português, de deveres unitários
de protecção. Trata-se duma orientação que hoje abandonamos, mercê da nova clivagem entre as
responsabilidades obrigacional e agora perfilhada. De todo o modo, o problema não tem, directamente,
a ver com os deveres de informação.
7
Cf. JEAN-FRANÇOIS CLEMENT, Le banquier, vecteur d̛informations, RTDComm 50 (1997), 203-228
(203ss).
8
LUÍS MENEZES LEITÃO, informação bancária e responsabilidade, em Estudos em Honra do Professor
Doutor Inocêncio Galvão Telles, 2 (2002), 225-244 (225-226).
6
DIREITO BANCÁRIO
No segundo, o dever é inculcado por lei expressa a tanto dirigida: o artigo 573°., do
código civil, é o mais característico exemplo. Pode incluir-se aqui, também, o dever de
informação que tivesse sido expressamente pactuado por contrato.
- Cláusulas gerais legais, quando a própria lei as prescreve directamente; tal a situação
das remissões para a boa fé objectiva;
- Cláusulas gerais honorárias ou doutrinárias, quando haja que recorrer a doutrinas, tais
como a dos deveres do tráfego, acima referenciados.
Também o dever derivado de lei estrita admite uma subdistinção assim, encontramos:
- Lei estrita geral: o caso do artigo 573°., que prevê, em termos gerais, a hipótese de
surgimento do dever de informar;
- Lei estrita específica: as diversas hipóteses em que a lei manda comunicar, avisar ou
informar alguém, de alguma coisa.
Nos formais, o obrigado fica vinculado, apenas, a transmitir uma mensagem pré –
fixada ou, se se quiser, “codificada”. Assim, no caso da boa – fé in contrahendo, o
obrigado deverá descrever toda a realidade relevante para a contraparte, procurando
7
DIREITO BANCÁRIO
- Determinação autónoma;
- Determinação heterónoma.
- Determinação automática;
9
Sobre a matéria cumpre citar a obra fundamental de JORGE SINDE MONTEIRO, Responsabilidade por
conselhos, recomendações ou informações (1989), especialmente 333 e ss.
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DIREITO BANCÁRIO
Ora, à partida não é um dever geral do banqueiro, de prestar informações, o banco não é
por profissão uma agência de informações e mesmo essa teria de ser contratada, para
informar. Por isso o dever de informação só ocorre quando o banqueiro o tenha
assumido ou quando a boa-fé o exija. Fora essas hipóteses, o banqueiro que preste uma
informaçao coloca-se, como qualquer outra entidade, artigo 485/1 do Código Civil: só é
responsável se agir com dolo.
Além disso, é conforme com o sistema cometer a quem tenha o domínio dos factos, o
risco da sua demonstração. Leis especiais, como a das cláusulas contratuais gerais,
cometem ao utilizador o ónus de provar certas comunicações. Inferimos daqui que a
prova a exigir ao cliente do banqueiro é bastante elementar. Muitas vezes o próprio
dano, por presunção hominis, permitirá inferir a necessidade de informação prévia e a
10
O artigo 485/2 do C.Civil diz: A obrigação de indemnizar existe, porém, quando se tenha assumido a
responsabilidade pelos danos, quando havia o dever jurídico de dar o conselho, recomendação ou
informação e se tenha procedido com negligência ou intenção de prejudicar, ou quando o procedimento
do agente constitua facto punível.
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sua falta. Nessa altura, compete ao banqueiro provar os factos que delimitem ou que
extingam o direito à informação.
As informações relativas ao cliente são, por vezes, solicitadas no domínio dos negócios,
particularmente no tocante às relações interbancárias. O cliente que inicie uma relação
bancária nova poderá fornecer ao banqueiro diversas referências abonatórias, e
designadamente , a indicação de contactos bancários anteriores, com outros bancos.
Passamos a distinguir:
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informações incorrectas, além disso, nenhuma vantagem indirecta lhe advém de prestar
informações sobre os seus clientes, para além do acréscimo de trabalho que isso
representa.
As informações mobiliárias tem um campo lato. Além da área clássica das informações
privilegiadas, procede-se a um agravamento da responsabilidade por informações
inexatas ao mercado de capitais, óbvio quando dolosamente propaladas nos meios de
comunicação social.
Ficam abrangidas as responsabilidades dos eminentes, das sociedades e dos titulares dos
órgãos das sociedades. Na definição de tais deveres e nas consequências envolvidas ter-
se-á ido demasiado longe, haverá que pôr limites, sob pena de deprimir o mercado.
Para além dos vectores propriamente bancários, há que ter em conta a integração com os
mercados mobiliários e seguradores. A aplicação de deveres é cumulativa.
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1. A informação respeitante a instrumentos financeiros, a forma organizadas de negociação, às
actividades de intermediação financeira, à liquidação e a compensação de operações, a oferta públicas
de valores imobiliários e a emitentes deve ser completa, verdadeira, actual, clara, objectiva e lícita.
2. O disposto no número anterior aplica-se seja qual for o meio de divulgação e ainda que a informação
seja inserida em conselho, recomendações, mensagem publicitária ou relatório de notação de risco.
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DIREITO BANCÁRIO
A actividade bancária vem desde a antiga Babilónia 12, do povo hebreu13 e na Grécia,
onde os templos religiosos funcionavam como verdadeiras instituições de custódia e
empréstimo de valores, envolvendo comerciantes, agricultores e todos quantos
necessitassem desta actividade, os sacerdotes eram encarregados de ultimar operações
negociais.
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uma das partes contratantes. No caso do sigilo bancário não é só fonte de tranquilidade
contratual, resultante da personalização da relação, como assume uma dimensão de
exigência pública18, necessária ao funcionamento das instituições.
Em Direito Privado só será violado o segredo perante quem tenha direito bastante
relativo ao bem que esteja na posse do banqueiro19.
Em Direito Público o segredo bancário será limitado por razoes policiais 20 e fiscais21,
quando haja prevalência do interesse preponderante22.
Merece, pois, ser positivamente apreciada a jurisprudência que defende uma concreta
ponderação de interesses23 que, como tal, não deve ir para além do necessário, nem a
violação dos direitos de personalidade24.
Embora a maioria dos juristas exerça ferrenha defesa do sigilo bancário, a constituição
não se referiu directamente a isso. O que a lei maior garante é o direito à intimidade, à
privacidade e a inviolabilidade da transmissão de dados.
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DIREITO BANCÁRIO
Na verdade, nenhuma liberdade pública é absoluta, razão pela qual existirão casos em
que entrarão em conflito dois ou mais direitos fundamenais, oportunidade pela qual, o
poder judiciário, que é quem tem competência para apreciar estes conflitos, deverá por
em prática o tão conhecido princípio da proporcionalidade, sopesando o interesse
particular em relação ao público, numa interpretação que puramente deve atender aos
objectos constitucionais
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DIREITO BANCÁRIO
Pela natureza das suas actividades, os bancos têm o dever de resguardar as informações
e os serviços utilizados pelos clientes, sendo-lhes vedada a divulgação a terceiros de
informações sobre investimentos, saldos de conta, aplicações e demais movimentos
bancários30.
25
SALIA, Alex Antero de F., Sigilo Bancário , tema apresentado no ISCTEM.
26
Estabelece o art. 290 do Código Penal a correspondente punição.
27
Que por revelação do sigilo sacramental são punidos nos termos do 1° do art. 136 do Código Penal.
28
Que em caso de violação ficam sujeitos à previsão do n°1° do art. 289 do Código Penal.
29
Art.48 da Lei n° 15/99, de 1 de Novembro.
30
Art.48 da Lei n° 15/99, de 1 de Novembro, e Artigo 73 n° 1 da Lei n° 1/92.
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A jurisprudência inglesa admitiu, em 1924, no caso Tournier v. Nacional Provincial Bank, (…).
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O fundamento do dever de segredo que tem os bancos há que buscá-lo uma vez mais em
normas usuais de vigência geral, e o fundamento, por sua vez, deste uso bancário há que
buscar na natureza antes apontada do contrato bancário como uma relação de confiança.
Está teoria somente é importante nos países em que não existe imposição legislativa do
sigilo.32
Os opositores desta teoria dizem que ela não resolve o problema por propor a questão de
saber qual o fundamento do sigilo profissional. Esta teoria é muito comum no sistema
europeu continental, sobretudo porque na maioria dos países que o integram não há
previsão legal de sanção penal para o descumprimento do sigilo bancário. Aos que
violam esse dever aplicam-se, por conseguinte, as penas cominadas para a violação de
segredo profissional.
A crítica a esta teoria funda-se no facto de que o sigilo também é observado em países
onde não existe lei que o determine e porque não dá o fundamento do sigilo, apenas
referindo-se à sua forma e expressão.
32
Dentre os juristas brasileiros, Lauro Muniz Barreto apoia esta teoria quando assevera que os bancos
preservam o sigilo “por força e Convicção consciente, por usos e costumes consagrados”.
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óptica dos bancos; e, pela perspectiva do cliente, a que se apoia no direito genérico à
privacidade das pessoas, enquanto componente do direito à personalidade, fundado na
própria natureza humana.
Essa teoria, pelo menos do ponto de vista dos “clientes” das instituições financeira, tem
encontrado amplo acolhimento, tanto na doutrina como na jurisprudência pátria,
consoante será minuciosamente tratado em capítulo próprio.
2. Objecto do sigilo
São objecto do sigilo o nome do cliente, as contas de depósito e de crédito bem como as
demais operações bancárias.
Perguntar – se, se o fisco pode ter acesso a dados bancários do contribuinte sem que seja
necessária a prévia requisição judicial, com vestimenta à maior efectividade da obtenção
do crédito tributário em situações pontuais.
A sonegação fiscal, que assume proporções inimagináveis, não só deve ser vista apenas
como uma atitude licita isolada de um contexto ou mesmo actividade de um só
contexto.
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Tal ocorre com o crime da corrupção, com o tráfico de estupefacientes, em que o não
recolhimento dos tributos apenas evidencia a dificuldade de ocultação da fonte escusa
dos rendimentos auferidos e dos desconfortáveis sinais exteriores de riqueza.
Não há porque se falar em atingimento do direito a privacidade, posto que o segredo não
se divulga, apenas troca de mãos, em razão de sua relevância, e certamente estará mais
protegido do que se encontrava na instituição bancária, onde nem sempre se pode ter
por premissa, a lisura das operações ali ocorrida.
Em verdade, o dever de sigilo fiscal deve ser respeitado pelo administrador tributário
em nome da legalidade, da moralidade, da impessoalidade e da eficiência da activadade
fiscalizatória. A utilização destes elementos é condicionada aos ditames normativas
constitucionais, sendo os desvios de finalidade punido com todo rigor, conforme
estabelecido pelo próprio legislador.
A qualquer pretexto, não se pode permitir que se seria conceber que os bancos e
instituições financeiras se transformem em porto seguro para os rendimentos oriundos
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DIREITO BANCÁRIO
A sociedade esta a exigir do poder público uma providência imediata e efectiva contra
esta nova forma de impunidade, impeditiva do desenvolvimento do pai.
Percebe-se de forma nítida que a protecção ao sigilo bancário tem sido flexibilizada, a
permitir uma maior intervenção do poder publico quando a apuração de ilícitos, sejam
eles tributários ou não, no afã de se garantir a ordem pública e a protecção as
instituições estatais. Em vários destes Estados é desnecessária a previa autorização
judicial para se ter acesso a dados, como forma de se garantir a efectividade de tal
providência.
É importante destacar também que, de forma cristalina de que é vital para a arrecadação
de tributos, pelo fisco, e para o apuramento de crimes pelo Ministério Público, que se
permita ao acesso responsável aos dados financeiros dos correntistas, sendo
desnecessária a previa requisição ao judiciário, pois, a aduza-se, que o “ banco não é
esconderijo”.33
33
Em expressa referência a COVELLO, Sérgio Carlos. O Sigilo Bancário. São Paulo: livraria e editora
universitária de direito, 2001.
34
MENEZES CORDEIRO, A., ob. cit. p. 321.
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O crédito deve ser tratado como produto ou serviço conforme o momento deve ser
incidente a regra de controlo a que estarão sujeitos todos aqueles que se envolverem em
tais limites.
2. Natureza
Em causa está, fundamentalmente, a questão de saber se, da violação do dever de
informar, resulta uma situação de incumprimento obrigacional ou de responsabilidade
aquiliana.
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3. Responsabilidade do banqueiro
O banqueiro tem uma responsabilidade bancária pelos actos ilícitos que, na sua
qualidade de profissional, perpetre.
Apesar de não serem aptos a danos envolvendo a integridade das pessoas e bens, os
actos do banqueiro podem produzir danos para credores e devedores em casos de
falência ou de crédito não concedido ou mal concedido ao cliente ou terceiros.
Todos esses deveres têm como objectivo não prejudicar terceiros, tendo como nexo de
causalidade a acção ou a omissão do banqueiro em atentado aos bons costumes ou à
ordem pública.
Tendo em conta que em qualquer situação de impugnação delitual há que apontar uma
norma jurídica violada, a impugnação requereria má - fé do banqueiro (artigo 612 36 nᵒ.1
do Código Civil). E um concilium fraudis entre o banco e o cliente (artigo 612 nᵒ.2 do
Código Civil).
35
Waty Teodoro, Direito Bancário, pág 144.
36
O artigo 612 no.1 do Código Civil diz:
O acto oneroso só está sujeito a impugnação pauliana se o devedor e o terceiro tiverem agido de má -
fé; se o acto for gratuito a impugnação procede, ainda que um e outro agissem de boa - fé.
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DIREITO BANCÁRIO
Com efeito, o banco tem o dever de honrar os compromissos que haja assumido, ainda
que indiretamente; são lhes impostos, pois, deveres de diligência e de informação e,
quando não os cumpre, sobre ele recai a presunção de culpa a bem da confiança dos
particulares e do tráfego bancário.
Mas se por alguma razão, o banco tiver que suspender um crédito, não se vá ver nessa
decisão, de imediato, uma vontade de provocar deliberadamente uma asfixia mortal, por
desígnio tenebroso, qualquer desiderato de retaliação, em perfeito abuso do direito.
4. Culpa in contrahendo
O Direito Bancário é também um direito de serviços, área onde as partes (banqueiro e
clientela) devem actuar em respeito, como dissemos em relação ao banqueiro, dos
valores fundamentais da ordem pública e da boa - fé.
Quer isto dizer, que mesmo na fase preparatória dos contratos as partes devem acatar os
deveres de actuação tais como o de protecção, o de informação e o de lealdade37.
De todo o modo, dos artigos invocados, em especial o 227 nᵒ.1 do Código Civil, deve
entender-se que quando violada a boa - fé in contrahendo devem ser ressarcidos os
danos emergentes, as despesas perdidas e os lucros cessantes. A culpa in contrahendo
revela como instituto tutelar da parte desfavorecida.
37
Waty Teodoro, Direito Bancário, pág 145.
38
O artigo 483 no.1 do Código Civil diz:
Aquele que com dolo, ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição
destinada a proteger interesses alheios, fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da
violação.
23
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Conclusão
Findo o trabalho, o grupo concluiu que a actividade bancária vem desde à antiga
Babilônia, do povo Hebreu e na Grécia, onde os tempos religiosos funcionavam como
verdadeiras instituições de custódias e empréstimos de valores, envolvendo
comerciantes, agricultores e todos que necessitavam dessa actividade bancária.
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Referências bibliográficas
CORDEIRO, Menezes António, Manual de Direito bancário, 4ª Edição, Almedina,
Coimbra 2010.
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, Maputo: W & W Editora, 2004.
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