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A INQUISIÇÃO

INTRODUÇÃO

​ Igreja e Estado:
● A Inquisição surgiu como uma resposta da Igreja Católica às ameaças
percebidas à ortodoxia religiosa e à autoridade eclesiástica.
● Embora fosse uma instituição da Igreja, a Inquisição frequentemente
contava com o apoio e a cooperação de autoridades seculares e
governamentais, refletindo a estreita relação entre a Igreja e o Estado
durante a Idade Média.
​ Caça às Bruxas:
● A Inquisição é frequentemente associada à caça às bruxas, um
fenômeno que atingiu o auge durante os séculos XVI e XVII na
Europa.
● Sob a justificativa de combater a heresia e o pacto com o diabo, a
Inquisição e os tribunais seculares perseguiram e executaram milhares
de pessoas, principalmente mulheres, sob a acusação de bruxaria.
​ Cruzadas:
● As Cruzadas, uma série de expedições militares empreendidas pelos
cristãos europeus entre os séculos XI e XIII, foram um dos primeiros
exemplos de cooperação entre a Igreja e o Estado para promover os
interesses religiosos e políticos.
● Embora não diretamente relacionadas à Inquisição, as Cruzadas
refletem a influência da Igreja na política e na guerra durante a Idade
Média.
​ Direito:
● A Inquisição operava sob um sistema legal próprio, baseado nas leis
canônicas e no direito eclesiástico.
● Os acusados de heresia ou outros crimes religiosos eram julgados por
tribunais eclesiásticos, que frequentemente utilizavam tortura e
coerção para obter confissões e impor penas, que variavam desde
penitências leves até a morte na fogueira.

ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS

​ Per Inquisitionem:
● O termo "Inquisição" se refere ao processo de investigação e
julgamento de indivíduos considerados hereges pela Igreja Católica.
● Inicialmente, a Inquisição era conduzida pelos bispos locais, mas mais
tarde foi formalizada como um tribunal especial sob a autoridade direta
do papa.


​ Dominação Religiosa:
● A Inquisição representava a autoridade e o poder da Igreja Católica
Romana sobre questões de fé e doutrina.
● Sua função principal era identificar, julgar e punir os indivíduos
considerados hereges, ou seja, aqueles que se desviavam da
ortodoxia religiosa estabelecida pela Igreja.
​ Heresia:
● A heresia era vista como uma ameaça à ordem social e religiosa
durante a Idade Média.
● Os hereges eram considerados desviados da verdadeira fé e
representavam um perigo para a salvação das almas, além de
potencialmente minar a autoridade da Igreja e do clero.
​ Aspectos Políticos:
● A Inquisição não era apenas uma questão religiosa, mas também tinha
implicações políticas significativas.
● Os tribunais inquisitoriais muitas vezes operavam em estreita
colaboração com as autoridades seculares, que buscavam reforçar
sua própria autoridade e combater qualquer desafio à ordem
estabelecida.
​ "Lesa-Majestade":
● "Lesa-Majestade" é uma expressão que se refere a atos considerados
prejudiciais à majestade ou autoridade real.
● Na contextura da Inquisição, esse termo pode ser aplicado a qualquer
ação vista como uma ameaça à autoridade da Igreja Católica ou do
Estado, incluindo heresias, blasfêmias e outros crimes religiosos ou
políticos.
​ Denúncia:
● Na prática inquisitorial, as denúncias eram frequentemente uma forma
de iniciar processos contra indivíduos suspeitos de heresia ou outros
crimes.
● As denúncias poderiam vir de uma variedade de fontes, incluindo
informantes anônimos, rivais políticos ou religiosos e membros da
própria comunidade.
​ Tribunais Eclesiásticos e Tribunais Seculares:
● A Inquisição operava através de tribunais eclesiásticos especiais, que
tinham jurisdição sobre questões de fé e doutrina.
● No entanto, em muitos casos, os tribunais inquisitoriais trabalhavam
em estreita colaboração com as autoridades seculares, que forneciam
apoio logístico e força policial para efetuar prisões e execuções.
​ Da Europa para o Mundo! (Espanha?):
● Embora a Inquisição tenha sido mais proeminente na Europa
Ocidental durante a Idade Média e o início da Idade Moderna, também
foi estabelecida em outras regiões, incluindo a Espanha.
● Na Espanha, a Inquisição Espanhola, estabelecida em 1478 pelos
Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, teve um
impacto duradouro na sociedade e na cultura espanhola, bem como
em suas colônias e territórios ultramarinos.
​ Portugal, Castela e Aragão:
● A Inquisição foi estabelecida em Portugal em 1536, inicialmente para
combater a influência judaica e muçulmana na sociedade portuguesa.
● Em Castela e Aragão, a Inquisição foi estabelecida mais cedo, em
1478, sob os auspícios dos Reis Católicos, Fernando II de Aragão e
Isabel I de Castela, com o objetivo de purificar a fé católica e
consolidar o poder real.
​ 1492 e Conversos:
● Em 1492, os Reis Católicos expulsaram os judeus da Espanha como
parte de um esforço para promover a ortodoxia religiosa e a unidade
política sob a fé católica.
● Muitos judeus que permaneceram na Península Ibérica, conhecidos
como conversos, foram alvo de suspeitas de judaísmo secreto e
perseguição pela Inquisição espanhola e portuguesa.
​ Resistência da Península Ibérica:
● A Inquisição na Península Ibérica encontrou resistência significativa
por parte das comunidades judaica e muçulmana, bem como de
grupos protestantes e outros considerados hereges pela Igreja
Católica.
● A resistência foi frequentemente reprimida com violência, incluindo
tortura, prisão e execução pública.
​ Manipulação Religiosa:
● A Inquisição foi frequentemente utilizada como uma ferramenta política
para consolidar o poder real e manter a coesão social e religiosa.
● A manipulação religiosa incluía a instrumentalização da ortodoxia
religiosa para perseguir dissidentes políticos, confiscar bens e
consolidar o controle sobre a população.

ASPECTOS JURÍDICOS

​ Caça aos Hereges como "Esporte":


● Durante a Inquisição na Península Ibérica, especialmente em Portugal,
Castela e Aragão, a perseguição aos hereges tornou-se uma atividade
generalizada.
● Muitas vezes, denúncias anônimas ou motivadas por interesses
pessoais eram suficientes para iniciar investigações e julgamentos,
tornando a caça aos hereges uma forma de consolidar o poder e
eliminar rivais políticos.


​ Direito Canônico e Direito Laico:
● A Inquisição operava dentro de um contexto jurídico complexo que
incluía tanto o direito canônico da Igreja Católica quanto o direito laico
dos governantes seculares.
● O direito canônico fornecia as bases legais para definir e julgar crimes
religiosos, como heresia e apostasia, enquanto o direito laico era
frequentemente invocado para garantir o cumprimento das penas
impostas pelos tribunais inquisitoriais.
​ O Diabo é Culpado de Tudo:
● Durante a Inquisição, a crença na existência do diabo como uma força
maligna e tentadora era generalizada.
● Muitos dos crimes atribuídos aos hereges, como pactos com o diabo,
bruxaria e feitiçaria, refletiam a percepção de que o diabo estava ativo
na sociedade e procurava corromper as almas dos fiéis.

O PROCESSO PENAL ACUSATÓRIO (SÉCULO XIII)

​ Deus Decide:
● Durante a Idade Média, incluindo o século XIII, a crença na
intervenção divina era generalizada e influenciava o sistema judicial.
● Muitas vezes, a justiça era vista como um ato divino, e acreditava-se
que Deus interviria para determinar a culpa ou inocência de um
acusado. O uso de provas sobrenaturais, como ordálios, refletia essa
crença.
​ "Diga Olá Novamente para o Ordálio":
● O ordálio, uma prática antiga na Europa medieval, envolvia submeter o
acusado a um teste físico que se acreditava ser divinamente inspirado.
Por exemplo, fazer o acusado segurar um ferro quente ou caminhar
sobre brasas.
● A ideia por trás do ordálio era que Deus protegeria o inocente,
permitindo-lhe passar pelo teste sem sofrer danos.
​ Ação Privada:
● No sistema penal medieval, muitos crimes eram tratados como
questões privadas entre o acusador e o acusado, com pouca
intervenção do Estado.
● Isso significava que as vítimas ou seus representantes eram
responsáveis por trazer as acusações contra o réu e fornecer provas
para apoiar sua alegação.
​ Duelo, Compurgação e o Juiz:
● Além do ordálio, outros métodos de prova incluíam o duelo, no qual o
acusado e o acusador lutavam em combate físico para determinar a
culpa ou inocência, e a compurgação, onde o acusado reunia um certo
número de testemunhas para jurar sua inocência.
● O juiz, muitas vezes um representante da autoridade secular ou
eclesiástica, tinha o papel de supervisionar o processo e garantir que
as práticas legais fossem seguidas, embora sua imparcialidade nem
sempre fosse garantida.
​ Um Sistema Falho:
● Apesar das crenças profundas na justiça divina e dos métodos
supostamente "objetivos" como ordálios e duelos, o sistema penal
medieval era falho e muitas vezes injusto.
● A dependência de provas subjetivas, como testemunhos de terceiros e
ocorrências milagrosas, levava a frequentes erros judiciais e injustiças.

O PROCESSO POR INQUÉRITO (SÉCULO XVI)

​ Igreja Promove a Mudança:


● No século XVI, a Igreja Católica, liderada pelo Papa e pelo Santo
Ofício, começou a promover mudanças no processo inquisitorial.
● Essas mudanças visavam tornar o processo mais eficiente e formal,
além de centralizar o poder de decisão nas mãos da hierarquia
eclesiástica.
​ Facilidade em Punir os Hereges:
● Com o processo por inquérito, tornou-se mais fácil para a Inquisição
reunir evidências contra os suspeitos de heresia.
● Os inquisidores podiam conduzir investigações secretas, interrogar
testemunhas e usar métodos de coação para obter confissões, o que
aumentava as chances de condenação.
​ O Juiz é a Figura Principal:
● No processo por inquérito, o inquisidor assumiu um papel central como
juiz, investigador e acusador.
● O inquisidor tinha o poder de conduzir a investigação, ouvir
testemunhas, interrogar o réu e pronunciar a sentença, tornando-se
uma figura poderosa e temida.
​ Extinção do Ordálio:
● Uma das mudanças mais significativas foi a extinção do ordálio como
método de prova.
● O ordálio, que dependia da intervenção divina para determinar a culpa
ou inocência do acusado, foi gradualmente substituído por um
processo mais baseado em evidências e racionalidade.
​ Processo Oficializado:
● Durante o século XVI, o processo inquisitorial foi formalizado e
padronizado, estabelecendo regras e procedimentos claros para
conduzir investigações e julgamentos.
● Isso incluía a criação de manuais e diretrizes para os inquisidores,
garantindo uma abordagem uniforme em todo o território sob a
jurisdição da Inquisição.
A TORTURA

​ Bula do Papa Inocêncio IV (1252):


● A Bula Ad Extirpanda, emitida pelo Papa Inocêncio IV em 1252,
autorizou oficialmente o uso da tortura pela Inquisição como um meio
de obter confissões de heresia.
● Esta bula estabeleceu as condições sob as quais a tortura poderia ser
utilizada, incluindo a permissão para torturar os suspeitos uma vez
apenas e não causar a morte ou mutilação.
​ Processo Infalível:
● A tortura era considerada pelos inquisidores como um meio de garantir
um processo infalível, uma vez que se acreditava que a dor extrema
levaria os acusados a confessarem seus crimes.
● No entanto, a eficácia da tortura na obtenção de informações precisas
é questionável, uma vez que os suspeitos muitas vezes confessavam
falsamente para evitar mais sofrimento.
​ A Dor Faz Confessar:
● A tortura na Inquisição era destinada a causar dor extrema ao
acusado, muitas vezes por meio de métodos brutais como o strappado
(pendurar o acusado pelos pulsos), fogueira, empalamento, entre
outros.
● A ideia por trás disso era que a dor física seria tão insuportável que o
acusado confessaria seus supostos crimes para evitar mais
sofrimento.
​ Vários Tipos de Tortura (Strappado):
● O strappado era uma forma comum de tortura na Inquisição,
envolvendo pendurar o acusado por cordas presas aos pulsos,
geralmente atrás das costas.
● Outros métodos incluíam a aplicação de agulhas sob as unhas, o uso
de instrumentos de tortura como o "julgamento da água" (submergir o
acusado em água para simular afogamento), entre outros.
​ Bruxaria Era Comum na Mente da População (Agulhas):
● A crença generalizada na bruxaria durante a Idade Média e a
Inquisição levou a uma perseguição generalizada de pessoas
suspeitas de praticar feitiçaria.
● Métodos específicos de tortura, como o uso de agulhas sob as unhas,
eram frequentemente empregados para obter confissões de bruxaria,
alimentando o medo e a histeria em toda a sociedade.
A CONDENAÇÃO

​ Praça Pública:
● As condenações eram frequentemente realizadas em praças públicas,
onde os acusados eram expostos à comunidade como um exemplo de
punição.
● Essas cerimônias tinham o objetivo de envergonhar publicamente os
condenados e reforçar a autoridade da Inquisição perante a
população.
​ Recurso de Apelação:
● Embora os acusados tivessem o direito teórico de apelar suas
condenações, na prática, o processo de apelação era muitas vezes
ineficaz e sujeito à influência dos inquisidores.
● Muitos acusados enfrentavam uma batalha difícil para contestar suas
condenações e frequentemente acabavam aceitando sua sentença
sem protesto.
​ Desculpas:
● Alguns condenados tinham a oportunidade de fazer "confissões
públicas" antes de serem executados, onde confessavam seus
supostos crimes e pediam perdão à Igreja e à comunidade.
● Essas confissões públicas muitas vezes não alteravam o destino dos
condenados, mas serviam para reforçar a autoridade da Inquisição e
justificar suas ações perante a população.
​ Confiscação dos Bens:
● Além da punição física, os condenados muitas vezes sofriam a perda
de seus bens e propriedades, que eram confiscados pela Inquisição.
● Esta prática não só servia como um meio de punição adicional, mas
também como uma fonte de receita para a Inquisição e para aqueles
que a serviam.
​ As Futuras Gerações Serão Punidas:
● Em alguns casos, as condenações incluíam penalidades para as
futuras gerações da família do condenado.
● Essas penalidades podiam incluir restrições sociais, como a proibição
de ocupar cargos públicos ou posições de prestígio, bem como a
perda de privilégios ou direitos legais.

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