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SISTEMA COLÉGIO MILITAR DE BRASIL (SCMB) – CADERNO DE DIDÁTICA – Edição 2023 ............................Fl. 2/56
DEPA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO PREPARATÓRIA E ASSISTENCIAL
Diretor
Gen Bda Carlos Vinícius Teixeira de Vasconcelos
Professor,
Os procedimentos didáticos ou procedimentos de ensino constituem-se de diferenciadas
estratégias, metodologias, suportes e práticas escolares que favorecem a melhoria da qualidade
de aprendizagem do aluno.
Bom trabalho!
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1.1 Implantação do Ensino por Competências no Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB).
Embasado nas concepções pedagógicas apontadas pelo Grupo de Trabalho para Estudo
da Modernização do Ensino no Exército (GTEME), em 1995, e em face das mudanças ocasionadas
pelas inserções das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC’s), da Globalização,
e de um novo cenário profissional configurado para o século XXI, o Comandante do Exército,
assessorado pelo Estado Maior do Exército (EME) e pelo Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DECEx), decidiu implantar uma nova sistemática, ou seja, uma nova abordagem
pedagógica para nortear a formação de seu pessoal. Por meio da Portaria nº 152-EME, de 16
Nov 2010, foi aprovada a Diretriz para a Implantação da Nova Sistemática de Formação do Oficial
de Carreira do Exército da Linha de Ensino Militar Bélico, destacada abaixo:
6. ATRIBUIÇÕES
b. Departamento de Educação e Cultura (DECEx)
1. Atribuições Técnico-Pedagógicas
(...) o) orientar a condução da nova Sistemática de
Formação do Oficial de Carreira da Linha de Ensino Militar
Bélico segundo um processo de ensino-aprendizagem
orientado pela “educação por competências”.
Em 28 de fevereiro de 2012, por meio da Portaria nº 137-Cmdo Ex, foi aprovada a Diretriz
para o Projeto de Implantação do Ensino por Competências no Exército Brasileiro, com o objetivo
de desenvolver uma abordagem de ensino por competências no Sistema de Ensino do Exército e
no Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro (SIMEB).
Nesta abordagem proposta, a ação recebe mais ênfase, na medida em que a escola vai
partir das motivações e conhecimentos prévios dos alunos, em detrimento de conceitos
previamente estabelecidos, para fazê-los encontrar um significado nos conteúdos. A
aprendizagem e a aplicabilidade do conhecimento ficam mais claras para o aluno que passa a se
sentir mais motivado ao identificar a finalidade do que está aprendendo.
No caso específico dos Colégios Militares, a migração para a educação por competências
foi balizada pelos documentos oficiais (PCN e LDBEN) que já se encontravam neste formato.
A vanguarda destes documentos é a pressuposição de toda atividade metodológica ser
baseada sobre cinco eixos cognitivos:
I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das
linguagens matemática, artística e científica.
II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos,
da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
Esses eixos foram elaborados com base nas teorias cognitivistas da aprendizagem,
principalmente as de Piaget e Ausubel, cujos enfoques repousam na ancoragem ao conhecimento
prévio dos alunos, no uso de ‘organizadores prévios’ e no estabelecimento de ‘pontes cognitivas’
para que o aluno, de fato, possa desenvolver toda a estrutura cognitiva desenhada no caminho a
ser percorrido pelos cinco eixos.
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sujeito: pressupõe uma atividade, por parte de quem aprende, que organize e integre os novos
conhecimentos aos já existentes”.
É claro que nem tudo cabe debaixo do chapéu do construtivismo. Entre os mal-
entendidos, um dos mais comuns é considerar que o professor construtivista não apresenta
conteúdos nem orienta seus alunos. Segundo Becker (1994), "Professor que não ensina não é
construtivista". Para que haja o avanço dos alunos, o docente precisa tomar muitas decisões:
considerar as demandas da turma, propor questões e desafios e pensar formas de promover ações
que gerem aprendizado. “O educador deve dominar sua área e conhecer os processos pelos quais
o aluno aprende os mais diferentes conteúdos”.
Para consolidar os ‘pressupostos construtivistas’, apoiamo-nos sobre alguns conceitos-
chave dentro da teoria Piagetiana: sujeito epistêmico, esquemas de ação, conhecimento prévio e
adaptação e equilibração.
Sujeito Epistêmico é entendido por Piaget (1970) como um “sujeito” que expressa os
aspectos presentes em todas as pessoas. Suas características conferem a todos nós a possibilidade
de construir conhecimento, desde o aprendizado das primeiras letras na alfabetização até a
estruturação das mais sofisticadas teorias científicas.
Essa habilidade permite o desenvolvimento de uma gama de operações essenciais para a
aquisição do saber: observar, classificar, organizar, explicar, provar, abstrair, reconstruir, fazer
conexões, antecipar e concluir - ações que, de fato, todos temos o potencial de realizar.
Esquemas de ação, para Piaget (1979), são formas diferentes de interagir com o mundo
e tornam-se mais complexas à medida que o indivíduo cresce. Para o autor, esses mecanismos
são considerados o motor do conhecimento e, conforme o aprimoramento da complexidade,
distinguem as fases do desenvolvimento humano:
- Mamar, sugar, puxar e prender, por exemplo, são esquemas comuns no desenvolvimento
da inteligência sensório-motora (em média, até 2 anos de idade).
-Imitar, representar e classificar é típico da inteligência pré-operatória (aproximadamente
de 3 a 7 anos),
- ordenar, relacionar e abstrair caracteriza o período operatório-concreto (de 8 a 11
anos).
- argumentar, deduzir e inferir aparece na estruturação da inteligência operatória formal
(a partir dos 12 anos).
Segundo Dongo-Montoya (2009), é com base nesses esquemas que as pessoas
constroem as estruturas mentais que possibilitam o aprendizado. "Inicialmente, isso se dá com a
experiência empírica, concreta. Em seguida, conforme a criança vai se desenvolvendo, ela caminha
em direção ao pensamento formal, abstrato.”
1.4 - Ensino por competências - bases teóricas relacionadas aos procedimentos didático-
metodológicos
O Ensino por Competências surge no cenário pedagógico como uma das vertentes das
metodologias ativas que buscam retirar a aprendizagem da “pedagogia da transmissão”, onde o
professor era o centro do processo e o aluno, encarado como uma tabula rasa deveria, de forma
passiva, absorver os conteúdos ensinados; para inserir a “pedagogia da interação”, ou seja, um
modelo de construção de conhecimento em que o aluno assume o papel de agente, ativo, de
sujeito, na busca de uma aprendizagem que ocorre por meio da proposição de situações
problemas (PIRES, 2009).
Quando se fala em metodologia ativa, compreende-se uma concepção educativa que
estimula processos construtivos de ação-reflexão-ação (FREIRE, 2006), onde o discente assume
uma postura ativa/ agência em relação ao seu aprendizado numa situação prática de experiências,
por meio de problemas que lhe sejam instigantes e lhe favoreçam à pesquisa e à descoberta de
soluções, aplicáveis à realidade.
Nesse sentido, a abordagem do Ensino por Competências promove o repensar das
práticas educacionais de modo a contribuir para a formação do cidadão por meio do
desenvolvimento de quatro grandes pilares:
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Segundo Delors (2010/1996), a educação do século XXI deve estar preocupada com a
educação ao longo da vida, uma proposta de educação que estimule a pessoa a estar sempre
aprendendo, a despeito do período que permanece obrigatoriamente na escola. Para isso,
apresenta quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e
aprender a ser.
Delors (2010) descreve os 4(quatro) saberes da seguinte forma:
Para dar conta de uma formação nessa perspectiva, a forma como os conteúdos e
as atividades de ensino é organizada deve priorizar a aprendizagem significativa, para
isso os conteúdos não devem estar separados e descolados da realidade dos alunos, mas
devem estar adequados e possíveis de serem observados, analisados, experimentados,
de sofrerem intervenção e reflexão sobre a realidade com os quais convivem.
A ação docente deve partir do pressuposto que os conteúdos de aprendizagem, por nós
chamados de OBJETOS DO CONHECIMENTO, devem ser, segundo Zabala (2002), meios para
conhecer ou responder a questões que uma realidade experiencial dos alunos proporciona:
realidade que é sempre global e complexa.”
Aprender a Ser e a
Conteúdo Atitudinal
Conviver
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• Conhecimentos
• Procedimentos
• Habilidades
• Atitudes
• Valores
O termo ensino por competências está nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de
cada área desde 1998, com o propósito de inverter a ação pedagógica da ESCOLA TRADICONAL,
dando mais ênfase à ação do que a teoria, levando alunos a encontrarem significado nos
conteúdos escolares, à medida em que a escola parte de suas motivações e interesses e não de
conceitos previamente estabelecidos.
São os meios pelos quais se pretende atingir os objetivos, ou seja, devem ser
desenvolvidas em busca das competências. As habilidades associadas ao saber fazer: ação física
ou mental que indica a capacidade adquirida, exemplos:
Identificar variáveis;
Compreender fenômenos;
Relacionar informações;
Analisar situações-problema;
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Sintetizar;
Julgar;
Correlacionar, dentre outras.
Para Antoni Zabala (1998), a prática educativa implica mudanças nos conteúdos e no
modo de avaliar, ao considerar as finalidades do ensino, de acordo com um modelo centrado na
formação integral da pessoa. A proposta curricular deve se fundamentar em projetos de
intervenção adaptados às necessidades de sua realidade educativa, estilo profissional, propostas
singulares e valendo-se de recursos variados, de modo a integrar as unidades de aprendizagem
construídas pelos professores.
As mudanças curriculares pressupõem a passagem da disciplinaridade para a
interdisciplinaridade, além de apresentar novos pressupostos para as estratégias de ensino-
aprendizagem, como a contextualização e a perspectiva dos multiletramentos.
1.7- Contextualização
1.8- Interdisciplinaridade
Por isso, constitui-se num pressuposto fundamental para que a educação por
competências ocorra de forma plena já que:
Os PSD apresentam uma parte comum de orientação didático metodológica e uma parte
específica que descreve as ações para cada disciplina.
Após as orientações didático-metodológicas, segue a Matriz de Referência. Essa matriz
apresenta as Competências e as Habilidades que serão trabalhadas nos anos escolares.
Os Objetos de Conhecimento são apresentados ao longo dos trimestres, vinculados às
competências e às habilidades contidas na Matriz de Referência e com a indicação da carga-
horária prevista para cada trimestre.
Os PSD apresentam, de forma inédita aos currículos brasileiros, a COMPETÊNCIA
DISCURSIVA. Vinculada e comprometida com os letramentos das diversas disciplinas, essa
competência é a responsável pelo ensino da leitura e da escrita em todas as disciplinas. Para isso,
reveste-se de um componente didático-metodológico importante, uma vez que orienta para a
inserção de diversos textos específicos das disciplinas como elemento acionador do
conhecimento prévio e possibilitador da contextualização do Objeto do Conhecimento. Trata-se
da exploração dos diversos gêneros textuais que colaboram para a aprendizagem: mapas, tirinhas,
vídeos, músicas, etc.
Capa do PED em vigor, disciplina Biologia, Formação Geral Básica, Ensino Médio.
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O termo ‘Sequência Didática’ surgiu no Brasil, nos documentos oficiais dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, como "projetos" e "atividades sequenciadas". Vinculados ao ensino dos
gêneros textuais oriundos dos estudos da Escola de Genebra (Bronckart, Dolz, Noverraz &
Schneuwly, 2004), mais especificamente do sociointeracionismo discursivo, com os aspectos
referentes ao ensino da leitura e da escrita e que, e forma interdisciplinar, permeia todos os PCN,
uma vez que todas as disciplinas possuem eixos de competências relacionados ao
desenvolvimento discursivo das diferentes linguagens.
A teoria, restrita ao ensino de gêneros textuais como objeto do conhecimento, foi
ampliada para as demais disciplinas, no momento em que a perspectiva do letramento ratifica a
presença dos diferentes gêneros textuais nas disciplinas escolares devido à sua filiação em
diferentes práticas de letramento.
Em face dos currículos do SCMB estarem comprometidos com o ensino da leitura e escrita
interdisciplinares, a ampliação proposta pelos estudiosos da Escola de Genebra para as SD
oferecem um caminho didático- metodológico interessante.
Nascimento (2009, p. 69) acrescenta que as SD “são os dispositivos de organização dos
conteúdos a serem ‘didatizados’ sobre uma prática de referência”; para autora, essas sequências
constituem-se em projetos de comunicação que ajudam a dar sentido à aprendizagem.
No SCMB, as sequências didáticas são definidas como “... módulos que, planejados pelo
docente, devem orientar o desenvolvimento das competências e habilidades já determinadas, a
seleção de estratégias de aprendizagem e o desenvolvimento da competência discursiva (ler e
escrever) de nossos alunos, interseccionadas pelos objetos de conhecimento (conteúdos) a serem
ensinados em sala de aula.” (NPGE/2014, fl.35).
Logo, não pode existir uma sequência didática única ou muito extensa que englobe C-H-
OC distintos, pois estes vão requerer, do professor, estratégias de aprendizagem e competências
discursivas também distintas.
As sequências didáticas precisam enunciar estratégias de aprendizagem para as operações
mentais propostas por Piaget para o desenvolvimento da Aprendizagem. Segundo Piaget, o
conhecimento/ a aprendizagem resulta de uma interrelação entre o sujeito que conhece (sujeito
epistêmico) e o objeto a ser conhecido.
Segundo a Teoria Construtivista, o sujeito é ativo e em todas as etapas de sua vida e
procura conhecer e compreender o que se passa à sua volta, mas não o faz de forma imediata ou
pelo simples contato com os objetos. Suas possibilidades, a cada momento decorrem do que
Piaget denominou esquemas de assimilação ou operações mentais (reunir, separar,
classificar, estabelecer relações), que não deixam de ser ações, mas se realizam no plano mental.
As estratégias de aprendizagem devem ser planejadas de modo a, relacionadas com as
operações mentais, a natureza das competências e habilidades e dos objetos de conhecimento,
proporcionarem a construção do conhecimento discente. Constituem-se de estratégias
metodológicas que, desenvolvidas com os alunos, colaboram para o aprendizado da informação.
Também podem ser definidas como sequências de procedimentos ou atividades que se
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Os PED são elaborados e revisados por docentes das disciplinas, reunidos em revisões
curriculares realizadas pela DEPA.
Cada sequência didática (SD) é composta pelo detalhamento dos objetos do
conhecimento, pelas competências e habilidades retiradas da Matriz de Referência constante do
PSD e pelos descritores – unidade de mensuração das habilidades desenvolvidas, a partir do
objeto do conhecimento ministrado.
Compõem ainda as SD as estratégias de aprendizagem, os suportes didáticos e as
oportunidades de avaliação adequadas ao desenvolvimento da SD.
2.2.1.4 Descritores
1
A palavra core se origina do inglês e significa centro, núcleo; por analogia, entenda-se por
“CORE” o aspecto mais significativo da aprendizagem em determinado objeto do conhecimento.
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a) Conceituais e Factuais
Aula expositiva dialogada, pesquisa prévia, questionários, tempestade de ideias, leituras, júri
simulado, painel, estudo de caso etc. Confecção de cartazes, textos polêmicos, banner, cordel etc.
b) Atitudinais
Confecção de cartazes, textos polêmicos, banner, cordel etc.
c) Procedimentais
Experimentos, desenvolvimento de aplicativos e simuladores, elaboração de mapas
conceituais, elaboração de organogramas, elaboração de jogos, entrevistas, seminários,
maquetes, ilustrações, esquemas etc.
d) Gêneros Textuais para o desenvolvimento da Competência Discursiva:
Mapas, gráficos, infográficos, textos expositivos, reportagens, textos científicos, livros
paradidáticos, músicas, tirinhas, histórias em quadrinhos, mapas conceituais, poemas, cartas,
filmes, vídeos, cordel, dança etc.
e) Trabalhos de Campo
Para a devida aplicação do conhecimento de Ciências da Natureza e de sua observação
direta, os docentes desta disciplina devem, sempre que o OC permitir, realizar atividades externas
à sala de aula.
2.2.1.7 Avaliação
O PED é o documento que apresenta as sequências didáticas. Esse documento deve ser de
posse obrigatória dos docentes, da Supervisão Escolar (Spv Es) e da Seção Técnica de Ensino (STE),
para nortear e padronizar o processo Ensino-Aprendizagem, bem como facilitar a elaboração e a
análise dos processos de avaliações formais.
Cada Sequência Didática (SD) corresponde a um Objeto do Conhecimento (OC) e tem
como objetivo orientar o desenvolvimento das Competências (C) e Habilidades (H) já
determinadas no PSD e o desenvolvimento da competência discursiva (ler e escrever) de nossos
alunos.
A elaboração das sequências didáticas contempla os recortes das C, das H e dos
descritores, bem como dos objetos de conhecimento, indicando sugestões de estratégias de
aprendizagem, suportes didáticos e avaliações.
As sequências didáticas devem espelhar, por meio das estratégias de aprendizagem
selecionadas, os pressupostos de mediação, multiletramentos, contextualização e
interdisciplinaridade, e apontar para a avaliação como processo e instrumento.
O PED é um documento padronizado em todo o SCMB. Devem ser respeitados os
planejamentos de início e término das sequências didáticas, bem como a avaliação de descritores
previstos.
Os CM não estão autorizados a trocarem a ordem das sequências didáticas, tampouco a
reduzir os OC detalhados. Toda as sequências didáticas deverão ter previsão de atividades em
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para o desenvolver da carga horária prevista, devendo
o docente planejar essa divisão em seu plano de aula.
Observações sintéticas quanto ao PED:
a) cada sequência didática corresponde, no mínimo, a um OC;
b) a Sequência Didática pode conter quantas aulas forem necessárias para o
desenvolvimento do OC e de seu detalhamento;
c) as C e H previstas no PSD e contempladas no PED seguem uma perspectiva mínima e
obrigatória do currículo;
d) as sugestões das estratégias de aprendizagem garantem o desenvolvimento das C e H,
respeitadas a natureza do eixo a que se vinculam, à natureza dos conteúdos/aprenderes, à
natureza do OC;
e) as indicações dos suportes didáticos visam ao desenvolvimento da competência
discursiva, podendo otimizados pelo docente; e
f) os descritores indicados podem ser avaliados pela perspectiva diagnóstica, formativa ou
somativa, não sendo obrigatória a inclusão dos mesmos em todos os instrumentos de avaliação.
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Uma sequência didática bem elaborada deve cumprir as etapas dos eixos cognitivos:
I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das
linguagens matemática, artística e científica.
II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos,
da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar
dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar
situações-problema.
IV. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes
formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação
consistente.
V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para
elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos
e considerando a diversidade sociocultural.
As estratégias de aprendizagem a serem enunciadas no PED apontam para dinâmicas
metodológicas como: leitura de texto, debate, trabalho em grupo, júri simulado, seminário,
confecção de mapas, criação de gráficos, dramatização, montagem de painel, dentre outras.
Muitas das competências e habilidades constantes nas matrizes de referência do PSD já
indicam em seus enunciados algumas estratégias a serem desenvolvidas pelos docentes.
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O PED é comum a todos os CM, por isso deve ser documento-base para a elaboração dos
Planos de Aula dos professores da disciplina/ano escolar.
O plano de aula é caracterizado pela descrição específica de tudo que o professor realizará
em classe durante as aulas de um período específico. Na sua elaboração alguns pontos são muito
importantes como:
1- A vinculação a uma sequência didática;
2- O recorte dos descritores a serem desenvolvidos;
3- O recorte para a competência discursiva a ser trabalhada;
4- O detalhamento das estratégias enunciadas no PED; e
5- A forma como será avaliado o processo de ensino-aprendizagem.
O plano de aula está baseado no pressuposto da Mediação de Feuerstein2, por isso alguns
pontos são necessários de maiores esclarecimentos: intencionalidade, reciprocidade,
transcendência e significado.
Intencionalidade e reciprocidade são essenciais para a concretização da aprendizagem
mediada. A intencionalidade pressupõe que o mediador se comunique com o mediado, isto é,
que esteja a fim de aproximar-se do mediado e ajudá-lo a entender o que está sendo aprendido.
A reciprocidade acontece pelo fato de o mediador e o mediado interagirem a essa
intenção. Intencionalidade e reciprocidade devem estar sempre associadas.
A transcendência se dá quando o mediador cria, com o uso de perguntas, condições para
que o mediado generalize o que foi aprendido para as situações do dia a dia e do trabalho e
relacione a aprendizagem atual com suas aprendizagens anteriores e com possíveis situações
futuras.
O significado consiste em despertar no aluno o interesse pela tarefa em si, pela busca do
porquê da tarefa.
A DEPA facultou aos CM a elaboração de um PA que seja adequado às demandas
peculiares de cada CM. No entanto, este documento não pode olvidar de possuir: os descritores
envolvidos no desenvolvimento daquelas habilidades; a vinculação a uma sequência didática; os
pressupostos do letramento para o desenvolvimento das competências discursivas; os quesitos
de mediação e a indicação do processo de avaliação.
O PA deve ser elaborado individualmente, ou seja, cada professor elabora o seu. Caso o
professor tenha várias turmas, deve concentrar um núcleo-comum ("plano de aula base") e
enunciar as turmas que apresentarão desenvolvimentos diferenciados.
2
Reuven Feuerstein, conhecedor de Vygotski e ex-aluno de Piaget, elaborou a teoria da Modificabilidade
Cognitiva Estrutura (MCE) e a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), temas que serão
abordados no capítulo sobre “A mediação da aprendizagem e o professor mediador”,
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Sua elaboração deve ser orientada pelo Coordenador da Disciplina no ano (quando
houver), orientada e aprovada pelo Coordenador Geral de Disciplina que assumirá a
responsabilidade do planejado. Ambos os coordenadores devem assinar o Plano de Aula em
conjunto com o professor da disciplina.
É importante ressaltar que o professor, antes facilitador, agora, atua como mediador do
processo. Isso implica estratégias didáticas que tratam o conhecimento compartilhado. Numa
sociedade de informação como a que se vive, os alunos precisam ser instados a buscar, a
pesquisar e a compartilhar. O professor precisa acionar os conhecimentos prévios, sistematizá-los
e desafiar os discentes na busca de situações mais complexas.
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A DEPA indica que as aulas sejam iniciadas sempre com a motivação de um texto (entendido
em sua concepção ampliada, podendo ser utilizados: tirinhas, músicas, filmes, notícias, charges,
etc.; e outras formas de linguagem cabíveis). Por meio desse elemento motivador, o docente
estará desenvolvendo a competência discursiva, devidamente atrelada ao letramento de sua
disciplina ou área do conhecimento. Essa metodologia promoverá, por muitas vezes, a
contextualização e a interdisciplinaridade que não podem ser esquecidas. As aulas, planejadas
nessa orientação metodológica, estarão alinhadas com a proposta de elaboração de itens para os
instrumentos de avaliação.
Ao se planejar a aula, o professor precisa buscar sempre o CORE, ou seja, o que é
imprescindível. Esse CORE deve ser trabalhado com eficácia e eficiência, buscando sempre mostrar
para o aluno o porquê de tal aprendizado ou para que servirá tal conhecimento em sua vida.
O PA deve ser encarado como uma necessidade e não como exigência ou obrigação imposta
pela coordenação do colégio. Além de funcionar como um instrumento no qual o professor
aborda de forma detalhada as atividades que pretende executar dentro da sala de aula, o PA é
um documento oficial de registro da atividade docente, sendo, portanto, obrigatória sua
confecção.
É um documento que deve ser utilizado, inclusive, por ocasião das avaliações da atuação
docente e de didática nos processos seletivos para professor civil e militar.
Trata-se de documento elaborado com base nos Planos de Execução Didática do ano
escolar em questão e flexibilizado com as modificações necessárias para garantir a aprendizagem
dos alunos público-alvo da educação inclusiva. O PEI delineará as modificações individuais,
considerando as necessidades e capacidades de aprendizagem de cada aluno, a partir do que
este já sabe e do que consegue aprender, ainda que seja o mínimo previsto.
O PEI é um documento único, servindo tanto aos professores do turno regular quanto
aos do apoio especializado. Este documento deverá ser preenchido por uma equipe composta
pelo professor regular da disciplina envolvida, o orientador educacional da SAEE, o professor da
disciplina no SAEE. No caso dos CM que ainda não tiverem a SAEE implantada, o orientador
educacional da Seção Psicopedagógica deverá desempenhar essa atividade, acompanhado do
professor do Apoio Pedagógico.
Para preencher o documento, os professores deverão analisar o previsto nos trimestres
e, em face dos desempenhos cognitivos individuais, do diagnóstico apresentado pelo aluno e das
metodologias indicadas, destacarem as competências e habilidades que serão alcançadas pelos
alunos e elaborar descritores flexibilizados.
Neste mesmo documento deverá ser indicada a forma como será realizada a avaliação
(AE e AP) dos alunos.
As informações mais detalhadas sobre a elaboração do PEI encontram-se reguladas em
capítulo específico das Normas de Planejamento e Gestão Escolar (NPGE)
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multimodalidades e nos hipertextos como suportes para as práticas de leitura e escrita que
permeiam não só a sala de aula, como também, as interações entre as pessoas.
Segundo Rangel (2005), os potenciais e os limites de cada material não estão apenas no
seu grau de especialização, mas também:
O autor ainda menciona que o suporte didático precisa desempenhar, na sua plena
situação de uso, os seguintes papéis:
Pertencemos a uma sociedade letrada, que se apoia no texto (oral, imagético e escrito)
como meio de interação. A escola figura nesta sociedade como a principal agência de letramento
(KLEIMAN, 1995), porque é ela que detém o conhecimento formal, ela é a responsável pelo ensino
da leitura e da escrita – interdisciplinares – enquanto tecnologia. – Mais uma vez, a perspectiva
do letramento é endossada.
O livro didático, por exemplo, é o material didático presente em quase todas as salas de
aula. Soares (2000) aponta que a concepção original do livro didático previa a sua utilização como
complementaridade à leitura de livros clássicos. A atual utilização deste material, nos dias de hoje,
extrapola essa concepção original, e reforça a aprendizagem centrada na memorização. Por isso,
a análise de um livro didático, hoje, não se dá apenas pelo conteúdo, mas também, pela
diversidade de suportes que ele oferece ao aluno e ao docente para construir o conhecimento.
Nesse sentido, o material didático, com relação ao suporte e uso das mídias, pode ser
percebido assim:
Material
Didático
Novas
Impresso Audiovisual
tecnologias
À guisa de conclusão, a seleção do material didático, como recurso didático, precisa ser
realizada de forma adequada e cautelosa para que se potencialize o desenvolvimento das
competências. O professor precisa ser portador de novidades e de atualidades para a sala de aula,
fato que não é possível por meio do livro didático, o que reforça a posição de que o livro didático
é um suporte, um meio e não o caminho sobre o qual o currículo e todas as ações docentes
devam trilhar. O professor não pode ter a visão limitada de seguir o material de “fio a pavio”, mas
precisa estar atento ao currículo, à proposta pedagógica da escola e à necessidade de ter sua aula
sempre atualizada e contextualizada para proporcionar uma construção do conhecimento
ajustada às realidades discentes.
Ela precisa ser apresentada de modo realista (como dito anteriormente, contextualizada, e
desafiante possível), e é necessário estar embasada em dados, informações e objetivos. A
utilização de situações alheias ao cotidiano dos alunos pode fazer com que um exercício, uma
questão, um problema - de boa qualidade técnica - não seja respondido adequadamente. É certo
que muitas disciplinas não terão à sua disposição condições de elaborar tanto situações-problema
inéditas e ligadas à realidade, neste caso, a linguagem e o material utilizados podem conservar
uma relação com a vida do aluno fora da escola. Esta verossimilhança pode ser alcançada com a
utilização de material de jornais atuais, revistas, atlas ou outros suportes que possam interessar
aos alunos.
As situações-problemas podem ser apresentadas inicialmente, como motivação para a aula,
ou como um problema a ser resolvido no final da aula. O que não se pode esquecer é de sua
capacidade desafiadora para o aluno.
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Para que a EAM aconteça, um mediador (H) deve colocar-se, intencionalmente, entre o
estímulo (S) e o sujeito (O). Isto é mediação no sentido de que a situação (estímulos e respostas)
é modificada pela intensidade da qualidade, pelo contexto, pela frequência e pela ordem e, ao
mesmo tempo, desperta, no indivíduo, a vigilância, a consciência e a sensibilidade.
Outro conceito importante desenvolvido por Feuerstein para a mediação da aprendizagem
em nossos estudos é o conceito de “privação cultural.” De acordo com Feuerstein, para se produzir
uma aprendizagem significativa torna-se imprescindível a atuação da dupla mediador-mediado
que, ao desenvolver os critérios de mediação, possibilita a interação e a modificabilidade, já que
é somente por meio da interação do sujeito com outros sujeitos e de um ambiente favorável e
estimulante que o desenvolvimento cognitivo acontece.
A interação é influenciada por determinadas características do organismo (hereditariedade,
maturação etc) e qualidades do meio ambiente (oportunidades de educação, status
socioeconômico, experiência cultural, contatos afetivos e emocionais). Em situações adversas,
esses fatores podem reduzir a condição de modificabilidade cognitiva de um indivíduo devido a
não exposição direta às fontes da informação.
O que Feuerstein (1997) denomina de “Síndrome de Privação Cultural” é entendida, então,
como característica de um sujeito que não foi, de forma plena, integrado à cultura de seu meio.
Feuerstein enfatiza que o desenvolvimento cognitivo do indivíduo somente pode acontecer de
forma saudável se o mesmo receber interferência humana e ambiente modificante, capazes de
proporcionar mediação adequada para lidar com o mundo.
Sintetizando as contribuições teóricas de Feuerstein para nossos estudos, pela Teoria da
Modificabilidade de Reuven Feuerstein (1994, p.5), "todo ser humano é modificável e todo sujeito
é passível de mediação e modificabilidade". Para o teórico, o professor é aquele que vai mediar,
pela interação, os estímulos necessários para a resolução de uma situação-problema,
enumerando estratégias que levarão o mediador a dar significado àquilo que está aprendendo:
Dentre esses critérios, ele propõe três características fundamentais para que a interação
faça parte do processo da mediação da aprendizagem. Sem uma dessas três características, a
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mediação não se inicia. Estamos nos referindo à existência de uma intenção do mediador e da
recepção do mediado que devem acontecer simultaneamente (critérios de intencionalidade e
reciprocidade); da construção de significados pelo mediado, a partir da intervenção do mediador
(critério de significado) e da compreensão e aplicação do que se vê em uma realidade concreta
em uma situação futura (critério de transcendência).
Esses critérios são descritos por Feuerstein como universais, sendo o ponto central da
EAM e onde se agregam os outros nove critérios, de caráter mais particulares, propostos por
Feuerstein, simbolizados na figura abaixo:
Sentimento de
Competência
Regulação e
Sentimento de controle do
pertença comportamento
Intencionalidade/
Compartilha-
Otimismo Reciprocidade mento
Significado
Transcendência
Conscientização
Diferenciação
do ser humano
individual e
como
psicológica
modificável
Busca pela
Planejamento e
novidade e
objetivo de metas
complexidade
Resumimos, a seguir, esses outros critérios que, mesmo não tendo o aspecto universal
proposto por Feuerstein, enriquecem a EAM e vão nos auxiliar no perfil do professor mediador
que queremos construir.
aceitando novos desafios sem medo de insucessos ou fracassos, muitas vezes o que o faz desistir
e sentir-se “incompetente” antes de tentar qualquer ação. É preciso fazê-lo ter uma consciência
metacognitiva, isto é, ter consciência de seus processos internos e de estratégias mentais a serem
acionadas para solução de problemas na aprendizagem de novos conteúdos, formais e informais,
e diante das necessidades da vida.
Sentir-se competente implica sentir-se amado e aceito no que faz. Mediar esse critério
pode propiciar uma nova e revolucionária relação do indivíduo com o mundo, possibilitando que
ele venha a ter uma forma alternativa de interagir com o outro, devolvendo-lhe a confiança,
estabilizando a relação profunda entre a questão cognitiva de êxito e a questão afetiva mal
resolvida do vínculo com pessoas significativas (pai, mãe, irmãos etc).
Em uma situação de sala de aula, o desenvolvimento do sentimento de competência
pode ser iniciado com a preparação de tarefas que estejam adequadas à capacidade do aluno –
adequadas ao seu interesse, à sua idade, por exemplo. Uma seleção de desafios que garanta o
sucesso gradual do aluno, a partir de seu esforço empreendido, aliado a pistas e estratégias
sugeridas pelo mediador para resolver os problemas – podem servir para fortalecer seu
sentimento de competência, possibilitando o enfrentamento das dificuldades futuras com maior
segurança.
5.2.3 Compartilhamento
O compartilhamento ou o comportamento de “compartir” remete à interrelação com o
outro. Desenvolver no mediado a capacidade de expor seus pontos de vistas e de ouvir os pontos
de vistas dos outros – mesmo que diferentes dos seus – é o que estimula a busca por novas
relações e conduz a novas aprendizagens. A troca de experiências e vivências individuais
oportuniza a criação de experiências comuns. Possibilita também o debate e a utilização de
estratégias e técnicas cooperativas para a solução de problemas.
O professor tem papel importante ao estimular as relações professor-aluno e aluno-
aluno. Deve, nesse sentido, estimular o diálogo, a fim de conhecer a forma de pensar de seus
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alunos e de também compartilhar seus pensamentos e sua própria forma de ser. Deve haver
espaço em sala de aula para professor e alunos pensarem juntos o planejamento de uma
determinada atividade ou as estratégias para resolver um problema, a fim de que os alunos
sintam-se dentro do processo de aprendizagem e não mero espectadores de alguém que pensou
em tudo e sabe todas as respostas. O desenvolvimento do critério de compartilhamento colabora
para um saudável ambiente de aprendizagem ao promover a empatia, o respeito, a compreensão
mútua e o companheirismo.
A resposta usual: “Eu nunca vi, nunca ouvi ou fiz isso antes” com a qual alguém
se justificaria para não aceitar uma tarefa não usual não pode mais ser aceita
numa sociedade de cultura e tecnologia descontínua. Ao invés disso, a
resposta “Deixe-me ver como posso aprender a fazer isso” representa a
resposta mais adequada, adaptativa. Uma prontidão para aprender e uma
propensão para mudar do conhecido para o desconhecido é um requisito vital
num mundo em mudança. (FEUERSTEIN, 1994:45).
Esse critério está intimamente ligado ao axioma principal que se baseia a teoria de
Feuerstein: “Todos os seres humanos são modificáveis”. Com base nesse axioma, é possível
acreditar na imprevisibilidade e na superação das expectativas.
Para o professor mediador, a crença na capacidade do aluno em modificar-se, em
aprender, em desenvolver-se, deve ser uma constante. O primeiro passo seria implementar uma
autoavaliação, a fim de auxiliar o aluno a perceber seu potencial e suas dificuldades, passando a
ter consciência do que deve ser modificado. A partir daí, o desenvolvimento de metodologias
capazes de estimular a modificabilidade seria o segundo passo para o êxito da aprendizagem.
5.2.8 Otimismo
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A busca por uma alternativa otimista (ou positiva) aqui apresentada não se opõe
diretamente a um comportamento pessimista, mas a um comportamento de inércia.
O estímulo ao esforço, ao trabalho, é a principal ação do professor mediador no
desenvolvimento desse critério. A mediação neste caso explora caminhos e possibilidades que
levam à promoção do indivíduo, a partir da concepção positiva de futuro, sobre o modo de como
percebemos as coisas e nos relacionamos com elas. É acreditar que algo é possível ser feito para
alcançar seus objetivos.
Para nossa pesquisa, destacamos aqui quatro critérios básicos, segundo o próprio
Feuerstein:
● Intencionalidade
● Reciprocidade
● Significado
● Transcendência
O significado consiste em despertar no aluno o interesse pela tarefa em si, pela busca do
porquê da tarefa, contribuindo para uma aprendizagem significativa.
A transcendência se dá quando o mediador cria, com o uso de perguntas, condições para
que o mediado generalize o que foi aprendido para as situações do dia a dia e do trabalho e
relacione a aprendizagem atual com suas aprendizagens anteriores e com possíveis situações
futuras.
Para nossa observação da prática docente, escolhemos esses quatro critérios de mediação
propostos por Feuerstein por entender que eles podem colaborar para uma aprendizagem
significativa. Apresentamos, no quadro abaixo, as considerações de Meier e Garcia (2009) que
ilustram os conceitos desses critérios:
CRITÉRIOS CONSIDERAÇÕES
Intencionalidade “O mediador precisa ter o objetivo de ensinar e, por meio de suas
ações, garantir que o que está ensinado realmente seja aprendido. Não
é apenas uma declaração de um objetivo de ensino mas, juntamente
com o objetivo, uma tomada de posição por parte do mediador em
que ele, de forma consciente, assume a responsabilidade por colocar
em prática as estratégias à sua disposição para garantir o alcance das
metas e dos objetivos.” (p.128)
Reciprocidade “(...) a reciprocidade garante o estabelecimento de uma certa
cumplicidade: o mediado precisa querer aprender. Assim, a
reciprocidade, parte integrante do contrato didático, é que possibilita
a aprendizagem. Se o sujeito não quer aprender, de nada servem os
esforços contínuos do professor para auxiliar o aluno a construir o
conhecimento. Portanto, a reciprocidade também deve ser um dos
objetivos a serem conquistados pelo mediador.” (p.129)
Significado “Mediar significado é opor-se de todas as formas possíveis a essa
educação ‘bancária’ que transmite informações ao invés de auxiliar o
aluno na construção do conhecimento, que manda memorizar ao invés
de compreender, que diz ‘aceite’ ao invés de dizer ‘debata’, que
transfere ao invés de problematizar, que descontextualiza ao invés de
falar da história e de suas relações com o sujeito que aprende.” (p.140-
41)
Transcendência “É a orientação consciente do mediador em ensinar olhando para o
futuro, para outros contextos, para situações além do ‘aqui e agora’. O
ensino não dever ser pontual, restrito a uma única situação ou
contexto, precisa ser passível de aplicação, precisa ser capaz de ser útil
e integrável a outras estruturas conceituais, outros saberes, outros
momentos da vida do aprendiz e em outros contextos.” (p.132)
São esses quatro critérios básicos que devem ser entendidos e aplicados para a
elaboração dos Planos de Aula no SCMB.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Interamericana, 1980.
BECKER, F. A epistemologia do professor: O cotidiano da escola. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. 1993.
CROCKER, L.; ALGINA, J. Introduction to Classical & Modern Test Theory. Harcourt College
Publishers.USA.1986.
DELORS, J. Educação: Um Tesouro a Descobrir. UNESCO/ MEC: São Paulo: Cortez, 1999.
DONGO-MONTOYA, Adrián Oscar. Teoria da Aprendizagem na obra de Piaget. São Paulo: Editora
da UNESP, 2009.
FRANCO, C. Avaliação, Ciclos e Promoção em Educação. Porto Alegre, Artmed Editora, 2001.
HAMILTON, David. Sobre as origens dos termos classe e curriculum. Teoria e Educação, nº 6, Porto
Alegre, 1992.
LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo:
Summus,1992.
LESTER, F., A. Borralho & I. Vale (Eds.). Resolução de problemas na formação inicial de professores
de Matemática – Múltiplos conceitos e perspectivas (pp. 129-157). Aveiro: GIRP.
MOREIRA, M.A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro Editora, 2010.
SCHNEUWLY. B.; DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino.
In: Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas:
Mercado de Letras, 2004. p.71-91.
VYGOTSKY, LEV. A formação social da mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 1991.
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1986.
ZABALA, Antoni & COOL, César (org). O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Editora Ática,
1996.
Momentos:
1.Contexto do texto-data, tipo de texto, autor e dados sobre este.
2. Análise textual – preparação do texto: visão de conjunto, busca de
esclarecimentos, verificação de vocabulário, fatos, autores citados,
DINÂMICA DA esquematização.
ATIVIDADE 3. Análise temática – compreensão da mensagem do autor: tema,
problema, tese, linha de raciocínio, ideia central, e as ideias secundárias.
4. Análise interpretativa/extrapolação ao texto – levantamento e discussão
de problemas relacionados com a mensagem do autor.
5. Problematização – interpretação da mensagem do autor: corrente
filosófica e influências, pressupostos, associação de ideias, crítica.
6. Síntese – reelaboração da mensagem, com base na contribuição
pessoal.
Produção, escrita ou oral, com comentário do estudante, tendo em vista
AVALIAÇÃO as habilidades de compreensão, análise, síntese, julgamento,
interferências e interpretação dos conteúdos fundamentais e as
conclusões a que chegou.
ESTRATÉGIA 3: PORTFÓLIO
OPERAÇÕES DE Comparação/Observação/Interpretação/Busca de
PENSAMENTO suposições/Construção de hipóteses/Obtenção e organização de dados.
(Predominantes)
Organizar um grupo de pessoas para discutir um tema, ou vários
subgrupos com tópicos da temática para realizar uma reflexão contínua,
DINÂMICA DA debate fundamentado, com intervenções do professor, que, como
ATIVIDADE membro do grupo, traz suas contribuições. Não é um momento de
perguntas e respostas apenas entre estudantes e professor, mas entre
todos os integrantes, como parceiros do processo.
É importante o estabelecimento do tempo-limite para o desenvolvimento
da temática.
Esgotando-se o tema, o processo poderá ser reativado a partir de novos
problemas.
Essa é uma estratégia em que ocorre uma avaliação grupal, ao longo do
processo, cabendo a todos esse acompanhamento.
AVALIAÇÃO No entanto, como o professor é o responsável pelo processo de
ensinagem, o acompanhamento das participações, da qualidade das
inclusões, das elaborações apresentadas torna-se elemento fundamental
para as retomadas necessárias na lista e, oportunamente, em classe.
ESTRATÉGIA 9: PHILLIPS 66
É uma atividade grupal em que são feitas uma análise e uma discussão
DESCRIÇÃO sobre temas/problemas do contexto dos estudantes. Pode também ser
útil para obtenção de informação rápida sobre interesses, problemas,
sugestões e perguntas.
OPERAÇÕES DE Análise/Interpretação/Crítica/Levantamento de hipóteses/Busca de
PENSAMENTO suposições/Obtenção de organização de dados.
(Predominantes)
1. Dividir os estudantes em grupos de 6 membros, que durante 6 minutos
podem discutir um assunto, tema; problema na busca de uma solução ou
DINÂMICA DA síntese final ou provisória. A síntese pode ser explicitada durante mais 6
ATIVIDADE minutos.
Como suporte para discussão nos grupos, pode-se tomar por base um
texto ou simplesmente o aporte teórico que o estudante já traz consigo.
2. Preparar a melhor forma de apresentar o resultado do trabalho, em que
todos os grupos explicitem o resultado pelo seu representante.
Toda atividade grupal deve ser processada em seu fechamento. Os
avanços, desafios e dificuldades enfrentados variam conforme a
maturidade e autonomia dos estudantes e devem ser encarados
AVALIAÇÃO processualmente.
A avaliação será feita sempre em relação aos objetivos pretendidos,
destacando-se:
*O envolvimento dos membros do grupo;
*A participação conforme os papéis estabelecidos;
*A pertinência das questões e/ou síntese elaborada;
*O processo de auto avaliação dos participantes.