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O conceito de pobreza tem sido discutido e desenvolvido ao longo do tempo. Mas, quais
serão as implicações disso sobre o que realmente é a pobreza?
O nível de pobreza de um país, região ou estado, pode ser mensurado a partir de uma
abordagem unidimensional, considerando apenas o fator monetário. A partir disso,
traçando-se uma linha de pobreza a partir de determinado valor de renda, os indivíduos que
se encontram abaixo dessa linha seriam considerados como pobres, independentemente de
quaisquer outros fatores.
No entanto, desde o início do século XX, discussões acerca dos diferentes tipos de
pobreza, a exemplo da pobreza absoluta, não se limitam em considerar o essencial à
sobrevivência, levando em conta um conjunto de recursos que ofereça a possibilidade para
o indivíduo viver adequadamente na sociedade. Então, será que a pobreza é mesmo só
uma questão de renda?
Desse modo, em sua teoria, Sen avalia a pobreza como um fenômeno multidimensional,
consistindo na privação das capacidades. Nessa perspectiva, diferentes atributos são
incluídos como relevantes na determinação da pobreza, a exemplo da saúde, da educação
e da localização geográfica. Além disso, tem-se a própria relação entre renda e
capacidades, dado que as capacidades podem ser convertidas em renda.
De forma a poder mensurar a pobreza sob essa perspectiva, diferentes índices de pobreza
multidimensional foram desenvolvidos ao longo do tempo. Um dos mais utilizados é o índice
desenvolvido por Alkire e Foster, no qual são estabelecidas linhas de pobreza com base em
diferentes tipos de restrições. Nesse índice, que pode ser adaptado de diferentes formas,
são consideradas grandes dimensões, formadas por diferentes indicadores. Por exemplo,
no caso da dimensão de domicílio, diferentes indicadores, como “número de pessoas por
dormitório” e “tipo de revestimento das paredes”, podem ser escolhidos. Assim, a partir dos
índices, são estabelecidas linhas de pobreza, a partir das quais é possível identificar as
privações dos indivíduos.
Seguindo essa premissa de privação de capacidades como condição de pobreza, pode-se
analisar a pobreza menstrual. Tendo ganho destaque no debate público brasileiro atual, a
pobreza menstrual ou, a precariedade menstrual, como também é chamada, constitui-se
numa situação de vulnerabilidade econômica e social caracterizada pela privação das
mulheres em promover o cuidado com a saúde menstrual. Essa privação decorre da
carência de infraestrutura básica de saneamento e de recursos básicos de higiene, como
disponibilidade de absorventes e de uma fonte de água corrente limpa.
Algumas questões importantes acerca do tema podem ser observadas na figura abaixo: