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Tradução:

Maria da Graça Figueiró da Silva Toledo

Revisão técnica:
Silviane Vezzani
Fisioterapeuta. Diretora acadêmica do Programa de Atualização em Fisioterapia (PROFISIO)/
Fisioterapia Esportiva e Traumato-ortopédica do Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD).
Especialista em Ciência do Movimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Fisioterapeuta esportiva pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE).

P927m Prentice, William E.


Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas [recurso
eletrônico] / William E. Prentice ; Contribuição nos estudos
de caso e atividades de laboratório: William S. Quillen, Frank
Underwood ;[ tradução: Maria da Graça Figueiró da Silva
Toledo ; revisão técnica: Silviane Vezzani]. – 4. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-272-0

1. Fisioterapia. 2. Terapêuticas em reabilitação. I. Título.

CDU 615.8

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052

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Capítulo 1 • A Ciência Básica das Modalidades Terapêuticas 5

mecanismos diferentes. A energia eletromagnética é gerada por uma fonte de alta energia e é
transmitida pelo movimento de fótons. A energia térmica pode ser transferida por condução,
que envolve o fluxo de energia térmica entre os objetos que estão em contato uns com os outros.
A energia elétrica é armazenada em campos elétricos e administrada pelo movimento de partí-
culas carregadas. As vibrações acústicas produzem ondas sonoras que podem passar através de
um meio. Cada forma de energia e o mecanismo de sua transferência serão discutidos em mais
4
detalhes para fornecer a base científica para que se compreenda as modalidades terapêuticas.

Tomada de decisão clínica Exercício 1.1


Várias modalidades podem ser utilizadas para se tratar a dor. Das modalidades discuti-
das, quais podem ser utilizadas para se modular a dor e quais o fisioterapeuta deve reco-
mendar como as melhores a serem utilizadas imediatamente após a lesão?

ENERGIA ELETROMAGNÉTICA
Radiação é um processo pelo qual a energia eletromagnética viaja desde sua fonte para fora,
5
através do espaço. A luz solar é um tipo visível de energia radiante, e sabe-se que ela não apenas
torna os objetos visíveis, mas também produz calor. O sol emite um espectro de energia radiante
sem massa visível e invisível e ejeta partículas de alta energia como resultado de reações químicas
e nucleares de alta intensidade. As emissões de energia radiante sem massa a partir do sol são
chamadas de fótons. Um fóton é o portador de energia que compõe toda a radiação eletromag-
nética. Os fótons viajam como ondas na velocidade da luz, aproximadamente 300 milhões de
metros por segundo. Visto que todos os fótons viajam na mesma velocidade, eles são distinguidos
por suas propriedades de onda – comprimento de onda e frequência –, bem como pela quantida-
de de energia carregada por cada fóton.

A relação entre comprimento de onda e frequência


Comprimento de onda é definido como a distância entre o pico de uma onda e o pico da onda
precedente ou subsequente. Frequência é definida como o número de oscilações ou vibrações de
onda que ocorrem em uma determinada unidade de tempo e é comumente expressa em Hertz
(Hz). Um Hertz é uma vibração por segundo (Figura 1.1).
Visto que todas as formas de radiação eletromagnética viajam em uma velocidade constante
através do espaço, fótons com comprimentos de onda maiores têm frequências mais baixas, e fótons
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com comprimentos de onda menores têm frequências mais altas. A seguinte equação é útil para se
fazerem cálculos envolvendo a velocidade, o comprimento de onda e a frequência das ondas.
Velocidade  comprimento de onda  frequência
c  λ  v
Existe uma relação inversa ou recíproca entre comprimento de onda e frequência. Quanto
mais longo o comprimento de uma onda, mais baixa deve ser a frequência da onda. A velocidade

Comprimento de onda Figura 1.1 Comprimento de onda e fre-


quência.

Tempo

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6 Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas

de radiação eletromagnética é uma constante, 3  10 m/s. Se o comprimento de qualquer onda


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for conhecido, a frequência daquela onda também pode ser calculada. Sempre que se trabalha
com energia eletromagnética de qualquer tipo, pode-se usar a velocidade da luz, 3,0  10 m/s
8

naquela equação. Aquela velocidade não é apropriada para ondas de energia elétrica ou ondas de
7
energia sonora, que não viajam na velocidade da luz.
A outra equação que é importante com radiação eletromagnética é a equação de energia. A
energia de um fóton é diretamente proporcional à sua frequência. Isso significa que a radiação
eletromagnética com frequência mais alta também tem energia mais alta. Isso será relacionado
aos efeitos que cada forma de radiação eletromagnética pode produzir nos tecidos.
Ehv
(A letra h é conhecida como constante de Planck e tem um valor de 6.626  10 Js. Quando a
-34

constante de Planck é multiplicada por uma frequência em vibrações por segundo, o resultado
tem a unidade de energia científica padrão de Joules.)

O espectro de energia eletromagnética


Se um raio de luz solar passa através de um prisma, ele será quebrado em várias cores em um
padrão tipo arco-íris previsível de vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, azul escuro e violeta (Fi-
gura 1.2). A amplitude de cores é chamada de espectro. As cores que podem ser detectadas pelas
pessoas com os olhos são chamadas de luz visível ou radiações luminosas. Cada uma dessas cores
representa um fóton de uma energia diferente. Eles aparecem como cores diferentes porque as
várias formas de energia radiante são refratadas ou mudam de direção como um resultado de di-
ferenças no comprimento de onda e na frequência de cada cor. Quando passa através de um pris-
ma, o tipo de energia radiante menos refratada aparece como a cor vermelha, ao passo que a mais
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refratada é violeta. A luz de comprimento de onda maior é de cor vermelha e baixa em energia,
ao passo que a luz de menor comprimento de onda é violeta e relativamente mais alta em energia.
Esse feixe de radiação eletromagnética a partir do sol que passa através do prisma também
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inclui propagação de formas de energia radiante que não são visíveis aos nossos olhos. Se um
termômetro é colocado próximo à extremidade vermelha do espectro de luz visível, o termôme-
tro elevará em temperatura. Isso se dá porque há radiação invisível com comprimentos de ondas
maiores que a luz vermelha, chamada radiação infravermelha, que é absorvida pelo termôme-
tro. Quando a radiação infravermelha é absorvida pelo termômetro, ela aquece o termômetro,
assim como a luz do sol pode aquecer sua pele à medida que sua pele absorve a luz. Do mesmo
modo, o filme fotográfico que é colocado próximo à extremidade violeta do espectro de luz visí-
vel pode ser desenvolvido por uma outra forma de radiação invisível a partir do sol, chamada de
radiação ultravioleta. A radiação infravermelha é mais baixa em energia do que a luz vermelha
(infra significa inferior ou abaixo). A radiação ultravioleta é mais alta em energia do que a luz

Infravermelha
Feixe de luz

Espectro
de luz
visível

Prisma
Ultravioleta

Figura 1.2 Quando um feixe de luz é refletido através de um prisma, as várias radiações
eletromagnéticas na luz visível são refratadas e aparecem como uma banda distinta de cor
chamada de espectro.

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Capítulo 1 • A Ciência Básica das Modalidades Terapêuticas 7

violeta (ultra significa maior ou acima). Quase toda radiação eletromagnética produzida pelo sol
é invisível. Todo o espectro eletromagnético inclui ondas de rádio e de televisão, diatermias, raios
infravermelhos, raios de luz visível, raios ultravioleta, raios X e raios gama (Tabela 1.2).
O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades eletromagnéticas em ordem com
base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes. É notório, por exemplo, que
as diatermias por ondas curtas têm o comprimento de onda mais longo e a frequência mais baixa,
e todos os outros fatores são iguais; portanto, elas devem ter a maior profundidade de penetração.
À medida que se desce no gráfico, os comprimentos de onda em cada região tornam-se progres-
sivamente mais curtos e, as frequências, progressivamente mais altas. Diatermia, as várias fontes
de calor infravermelho e as regiões ultravioletas têm progressivamente menos profundidade de
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penetração.
Deve-se observar que as regiões rotuladas como frequências de rádio e de televisão, luz
visível e radiações penetrantes e ionizantes de alta frequência certamente caem sob a classi-
ficação de radiações eletromagnéticas. Contudo, elas não têm aplicação como modalidades
terapêuticas e, embora extremamente importantes para a vida diária das pessoas, não justifi-
cam consideração adicional no contexto dessa discussão.

Como a energia eletromagnética é produzida?


Várias formas de radiação eletromagnética podem ser utilizadas por fisioterapeutas para se tra-
tarem pacientes, contanto que essas formas de energia possam ser produzidas e direcionadas
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de maneiras seguras e econômicas. Tradicionalmente, raios ultravioleta, infravermelho e de luz
visível têm sido produzidos por meio do aquecimento de objetos como um filamento fino a tem-
peraturas muito altas. Os objetos são compostos de átomos, que sucessivamente são compos-
tos de núcleos carregados positivamente circundados por elétrons carregados negativamente. À
medida que a temperatura aumenta em uma determinada substância, as partículas subatômicas
carregadas dentro da substância vibram mais rapidamente devido ao aumento na energia dispo-
nível. O movimento rápido de quaisquer partículas carregadas, tais como os elétrons carregados
negativamente dentro dos átomos, produz ondas eletromagnéticas. Em temperaturas mais altas,
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o número de ondas eletromagnéticas produzidas e a frequência média dessas ondas aumentam.
É dessa forma que os bulbos de luz incandescente funcionam em nossas casas. A energia elétrica
aquece os filamentos em temperaturas muito altas, levando-os a emitir radiação. As ondas ele-
tromagnéticas produzidas por filamentos aquecidos incluem uma vasta amplitude de radiação
e requerem grandes quantidades de energia para serem produzidas. Com uma melhora na tec-
nologia, maneiras mais específicas e econômicas de se produzir radiação eletromagnética foram
desenvolvidas para uso nas modalidades terapêuticas. Tubos eletrônicos ou transistores podem
converter energia elétrica em ondas de rádio, e um aparelho chamado magnétron pode produzir
9,10
bursts (trens de pulso) direcionados de radiação de micro-ondas.

Efeitos de radiações eletromagnéticas


Os efeitos da radiação eletromagnética sobre os tecidos depende do comprimento de onda, da
frequência e da energia das ondas eletromagnéticas que penetram aqueles tecidos. Das formas
de energia eletromagnética utilizadas por um fisioterapeuta, aquelas com comprimentos de onda
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mais longos são as mais penetrantes. Na extremidade de baixa energia do espectro eletromagné-
tico, caracterizada por radiação de baixa frequência e comprimento de onda longo, o efeito básico
é o de aquecer os tecidos. A radiação eletromagnética com quantidades mais altas de energia por
fóton pode ter efeitos diferentes, mais drásticos, sobre os tecidos. As grandes regiões de radia-
ção com comprimentos de onda mais longos do que as radiações infravermelhas são conhecidas
como diatermias. Estas incluem radiações por ondas curtas e por micro-ondas. Elas penetram
nos tecidos mais profundamente do que a luz infravermelha ou a luz visível. As radiações infra-
vermelhas, como aquelas produzidas por lâmpadas infravermelhas luminosas e não luminosas e
luz visível também aquecem os tecidos. Esses tipos de radiação são menos penetrantes do que a
radiação por micro-ondas, portanto, os efeitos de aquecimento são mais superficiais. A radiação
ultravioleta é mais energética do que a luz visível e carrega energia suficiente para danificar os

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Tabela 1.2 Espectro de energia eletromagnética*
COMPRIMENTO
DE ONDA PROFUNDIDADE
CLINICAMENTE FREQUÊNCIA DE PENETRAÇÃO
REGIÃO USADO CLINICAMENTE USADA** EFETIVA EFEITOS FISIOLÓGICOS

Frequências de rádio e de televisão comerciais
Diatermia por 22 m 13.56 MHz 3 cm Temperatura de tecido profundo, vasodilatação
ondas curtas 11 m 27.12 MHz aumentada, fluxo sanguíneo aumentado

Diatermia por 69 cm 433.9 MHz Temperatura de tecido profundo, vasodilatação


micro-ondas 33 cm 915 MHz 5 cm aumentada, fluxo sanguíneo aumentado

12 cm 2.450 MHz
Infravermelha Temperatura superficial, vasodilatação aumenta-
da, fluxo sanguíneo aumentado
13
IV Luminosa 28,860 Å 1.04  10 Hz
(727,2 ºC)
Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas

IV Não luminosa 14,430 Å 2.08  1013 Hz


(1726.6 ºC)
Luz visível Modulação de dor e cicatrização de ferida cutânea
Laser vermelho
13
GaAs 9100 Å 3.3  10 Hz 5 cm
13
HeNe 6328 Å 4.74  10 Hz 10-15 mm
Violeta
Ultravioleta Mudanças químicas superficiais, efeitos de bron-
zeamento, bactericida
13 13
UV-A 3.200-4.000 Å 9.38  10 até 7.5  10 Hz
14 13
UV-B 2.900-3.200 Å 1.03  10 até 9.38  10 Hz 1 mm
14 14
UV-C 2.000-2.900 Å 1.50  10 até 1.03  10 Hz

Radiação ionizante (raio X, raios gama, raios cósmicos)‡


*As únicas formas de energia eletromagnética incluídas são aquelas que obedecem às equações C  ␭  v e E  h  v. Nem a corrente elétrica e nem o calor que viaja por condução viaja na
velocidade da luz.
**Calculada usando C  λ  f, onde C é a velocidade da luz (3  10 m/s), λ é o comprimento de onda e f é a frequência.

Embora estes caiam sob a classificação de energia eletromagnética, eles não têm nada a ver com modalidades terapêuticas e, portanto, não justificam discussão adicional neste texto.

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12 Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas

Laser de baixa potência


A palavra laser é um acrônimo para light amplification by stimulated emission of radiation (ampli-
ficação de luz por emissão estimulada de radiação) e se aplica a qualquer instrumento que gere
luz utilizando-se essa técnica. Existem lasers que produzem luz nas porções infravermelhas ou de
luz visível do espectro.
Os lasers podem ser construídos para se operar em determinados níveis de potência. Os de
alta potência são usados na cirurgia para objetivos de incisão, coagulação de vasos e termólise,
devido aos seus efeitos térmicos. O de baixa potência ou frio produz pouco ou nenhum efeito
térmico, mas parece ter algum efeito clínico significativo na cicatrização de tecidos moles e na
consolidação de fraturas, bem como no manejo da dor, por meio da estimulação de pontos de
acupuntura e de pontos-gatilho. O laser como uma ferramenta terapêutica é discutido no Capí-
tulo 13.

Luz ultravioleta
A porção ultravioleta do espectro eletromagnético é mais alta em energia do que a luz violeta.
Conforme afirmado previamente, a radiação na região ultravioleta não é detectável pelo olho
humano. Contudo, se uma placa fotográfica é colocada na extremidade ultravioleta, mudanças
químicas serão aparentes. Embora uma fonte extremamente quente (7.000-9.000 ºC) seja requeri-
da para se produzirem comprimentos de ondas ultravioletas, os efeitos fisiológicos da ultravioleta
são principalmente de natureza química e ocorrem inteiramente nas camadas cutâneas de pele. A
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profundidade de penetração máxima com ultravioleta é cerca de 1 mm.

Tomada de decisão clínica Exercício 1.3


Quais modalidades descritas brevemente neste capítulo são mais consideradas na lei do
cosseno e na lei do quadrado inverso?

Devido à disponibilidade de medicações orais e tópicas para se tratarem lesões de pele, a terapia
ultravioleta raramente é utilizada como uma modalidade de tratamento. Sua aplicação primária
é na cicatrização de ferida, e ela será brevemente discutida no Capítulo 3.

ENERGIA TÉRMICA
Anteriormente, foi afirmado que qualquer objeto aquecido (ou resfriado) a uma temperatura
diferente daquela do ambiente circundante irá dissipar (ou absorver) calor por meio de condução
para (ou de) outros materiais com os quais ele entra em contato.
Há confusão sobre a relação entre transferência de energia eletromagnética e de energia tér-
mica associadas a compressas quentes e frias. É correto pensar nas modalidades infravermelhas
como aquelas modalidades cujo mecanismo primário de ação é a emissão de radiação infraver-
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melha com o objetivo de se aumentarem as temperaturas dos tecidos. Todos os objetos quentes,
incluindo banhos de turbilhão, emitem radiação infravermelha, mas a quantidade de energia
infravermelha que é irradiada a partir de banhos quentes e frios é muito pequena comparada
á quantidade que transfere para e a partir deles por condução. As modalidades como compres-
sas quentes e frias operam por condução de energia térmica, portanto, elas são melhor descri-
tas como modalidades condutoras. As modalidades condutoras são usadas para produzir um
aquecimento ou resfriamento local e ocasionalmente generalizado dos tecidos superficiais com
uma profundidade de penetração máxima de 1 cm ou menos. As modalidades condutoras são,
em geral, classificadas naquelas que produzem um aumento na temperatura dos tecidos, que se
denomina como termoterapia, e naquelas que produzem uma diminuição na temperatura dos
tecidos, que se chama crioterapia.
Anteriormente, afirmou-se que lâmpadas de luz visível, infravermelhas luminosas e infra-
vermelhas não luminosas são classificadas como modalidades de energia eletromagnética. Isso

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Capítulo 1 • A Ciência Básica das Modalidades Terapêuticas 13

porque seu mecanismo de transferência de energia se dá por meio de radiação eletromagnética,


não por condução.
A taxa de transferência de calor de um objeto para outro é proporcional à diferença na tem-
peratura entre eles. Se dois objetos possuírem temperaturas muito próximas, a transferência de
calor será lenta. Se houver uma grande diferença de temperatura entre dois objetos, a transferência
de calor entre eles será muito rápida. Isso tem consequências importantes para o uso de banhos
quentes e banhos frios. Quando uma compressa fria (8ºF/–13,33 ºC) é colocada em contato com
a pele (98,6ºF/37 ºC), a diferença na temperatura é de aproximadamente 90ºF/32,2 ºC, portanto,
o fluxo de calor da pele para a compressa fria é muito rápido. Isso irá resfriar a pele muito rapida-
mente e a uma profundidade tecidual maior. Quando os tecidos são colocados em um turbilhão
quente (43,33 ºC), a diferença na temperatura é de apenas aproximadamente –12,22 ºC, portanto,
a transferência de calor do banho para a pele é muito mais lenta. Os turbilhões também têm outros
efeitos, como a prevenção de resfriamento evaporativo da pele, mas o princípio geral de que as
compressas frias trabalham mais rapidamente e a uma maior profundidade tecidual é verdadeiro.
Deve-se acrescentar que, além de produzirem aumento ou diminuição na temperatura dos
tecidos, as modalidades térmicas podem provocar aumentos ou diminuições na circulação, de-
pendendo do que está sendo utilizado, frio ou calor. Elas também são conhecidas por terem efei-
tos analgésicos como o resultado de estimulação de terminações nervosas cutâneas sensoriais.

Modalidades de energia térmica


Termoterapia
As técnicas de termoterapia são usadas principalmente para produzir um aumento na temperatu-
ra dos tecidos para uma variedade de objetivos terapêuticos. As modalidades classificadas como
modalidades de termoterapia incluem turbilhão quente, compressas quentes de hydrocollator,
banhos de parafina e fluidoterapia. Os procedimentos específicos para aplicar essas técnicas são
discutidos em detalhes no Capítulo 9.

Crioterapia
As técnicas de crioterapia são utilizadas principalmente para produzir uma diminuição na tem-
peratura dos tecidos para uma variedade de objetivos terapêuticos. As modalidades classificadas
como modalidades de crioterapia incluem massagem com gelo, compressas frias de hydrocollator,
turbilhão frio, spray frio, banhos de contraste, imersão no gelo, cryo-cuff e criocinética. Os proce-
dimentos específicos para aplicar essas técnicas são discutidos em detalhes no Capítulo 9.

ENERGIA ELÉTRICA
Em geral, a eletricidade é uma forma de energia que pode efetuar mudanças químicas e térmicas
sobre o tecido. A energia elétrica está associada com o fluxo de elétrons ou de outras partículas
carregadas por meio de um campo elétrico. Elétrons são partículas de matéria que possuem uma
carga elétrica negativa e giram ao redor do centro, ou núcleo, de um átomo. Uma corrente elétrica
refere-se ao fluxo de partículas carregadas que passam ao longo de um condutor como um nervo
ou fio. Os aparelhos eletroterapêuticos geram correntes que, quando introduzidas no tecido bio-
lógico, são capazes de produzir mudanças fisiológicas específicas.
Uma corrente elétrica aplicada ao tecido nervoso com intensidade e duração suficientes para
se alcançar o limiar de excitabilidade daquele tecido resultará em uma despolarização de mem-
brana ou aquecimento daquele nervo. As correntes de estimulação elétrica afetam o tecido ner-
voso e muscular de várias maneiras, com base na ação da eletricidade sobre os tecidos. Qualquer
corrente elétrica que passa através dos tecidos irá aquecer os tecidos com base na resistência dos
tecidos ao fluxo de eletricidade. As frequências de correntes elétricas clinicamente usadas variam
de um a 4.000 Hz. Muitos estimuladores possuem a flexibilidade de alterar os parâmetros de
tratamento do aparelho para se evocar uma resposta fisiológica desejada além do aquecimento
dos tecidos.4

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14 Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas

Modalidades de energia elétrica


Correntes de estimulação elétrica
As correntes de OH e muscular são capazes de: (1) modular a dor por meio da estimulação de
nervos sensoriais cutâneos em altas frequências; (2) produzir contração muscular e relaxamento
ou tetania, dependendo do tipo de corrente e de frequência; (3) facilitar a cicatrização de tecidos
moles e a consolidação óssea por meio do uso de estimuladores de baixa intensidade de micro-
correntes subsensoriais; e (4) produzir um movimento final de íons por meio do uso de corrente
direta contínua e evocando, dessa forma, uma mudança química nos tecidos, que é chamada de
5
iontoforese (ver Capítulo 6). As correntes de estimulação elétrica e seus vários efeitos fisiológicos
são discutidos em detalhes no Capítulo 5.

Biofeedback eletromiográfico
O biofeedback eletromiográfico é um procedimento terapêutico que utiliza instrumentos eletrô-
nicos ou eletromecânicos para medir, processar e retroalimentar precisamente a informação de
reforço via sinais auditivos ou visuais. Clinicamente, ele é utilizado para se auxiliar o paciente a
desenvolver maior controle voluntário em termos de relaxamento neuromuscular ou reeducação
muscular após a lesão. O biofeedback é discutido no Capítulo 7.

ENERGIA SONORA
A energia sonora e a energia eletromagnética possuem características físicas muito diferentes. A
energia sonora consiste em ondas de pressão devido à vibração mecânica das partículas, ao passo
que a radiação eletromagnética é carregada por fótons. A relação entre velocidade, comprimento
de onda e frequência é a mesma para energia sonora e energia eletromagnética, mas as velocidades
dos dois tipos de ondas são diferentes. As ondas acústicas viajam na velocidade do som. As ondas
eletromagnéticas viajam na velocidade da luz. Visto que o som viaja mais lentamente do que a luz,
os comprimentos de onda são consideravelmente mais curtos para vibrações acústicas do que para
12
radiações eletromagnéticas em qualquer frequência dada. Por exemplo, o ultrassom que viaja na
atmosfera tem um comprimento de onda de aproximadamente 0,3 mm, ao passo que as radiações
eletromagnéticas teriam um comprimento de onda de 297 m em uma frequência similar.
As radiações eletromagnéticas são capazes de viajar através do espaço ou do vácuo. À medida
que a densidade do meio de transmissão é aumentada, a velocidade de radiação eletromagnética
diminui. As vibrações acústicas (som) não serão transmitidas através do vácuo, visto que elas
se propagam por meio de colisões moleculares. Quanto mais rígido for o meio de transmissão,
maior será a velocidade do som. O som tem uma velocidade de transmissão muito maior no teci-
do ósseo (3.500 m/s), por exemplo, do que no tecido adiposo (1.500 m/s).

Modalidades de energia sonora


Ultrassom
Uma modalidade terapêutica que os fisioterapeutas utilizam com frequência é o ultrassom. O ul-
trassom é a mesma forma de energia que o som audível, exceto pelo fato de que o ouvido humano
não consegue detectar frequências de ultrassom. As frequências de produção de ondas de ultrassom
são entre 700.000 e um milhão de ciclos por segundo. As frequências até cerca de 20.000 Hz são
detectáveis pelo ouvido humano. Assim, a porção de ultrassom do espectro acústico é inaudível. O
ultrassom é, muitas vezes, classificado juntamente às modalidades eletromagnéticas, diatermia por
ondas curtas e por micro-ondas, como uma modalidade de aquecimento profundo do tipo “conver-
são”, e é certamente verdadeiro que todas essas são capazes de produzir um aumento de temperatura
no tecido humano até uma profundidade considerável. Contudo, o ultrassom é uma vibração me-
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cânica, uma onda sonora, produzida e transformada a partir de energia elétrica de alta frequência.
Os geradores de ultrassom são, em geral, ajustados em uma frequência padrão de 1 a 3 MHz
(1.000 kHz). A profundidade de penetração com o ultrassom é muito maior do que com qualquer

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Capítulo 1 • A Ciência Básica das Modalidades Terapêuticas 15

uma das radiações eletromagnéticas. Em uma frequência de 1 MHz, 50% da energia produzida pe-
netrará a uma profundidade de cerca de 5 cm. A razão para essa grande profundidade de penetração
é o fato de que o ultrassom viaja muito bem através do tecido homogêneo (p. ex., tecido adiposo), ao
passo que as radiações eletromagnéticas são quase inteiramente absorvidas. Assim, quando a pene-
13,18
tração terapêutica para tecidos mais profundos é desejada, o ultrassom é a modalidade de escolha.
O ultrassom terapêutico tem sido utilizado tradicionalmente para produzir um aumento na
temperatura tecidual por meio de efeitos fisiológicos térmicos. Contudo, ele também é capaz de au-
mentar a cicatrização no nível celular como um resultado de seus efeitos fisiológicos não térmicos.
A utilidade clínica do ultrassom terapêutico é discutida de forma mais detalhada no Capítulo 10.

Terapia por ondas de choque extracorpóreas


A terapia por ondas de choque extracorpóreas (TOC) é uma modalidade não invasiva relativa-
mente nova usada no tratamento de lesões de tecido mole e lesões ósseas. As ondas de choque,
em contraste com a conotação de um choque elétrico, são, na verdade, ondas sonoras pulsadas
de alta pressão e curta duração (< 1 m/s). Essa energia sonora é concentrada em uma área focal
pequena (2 a 8 mm de diâmetro) e é transmitida por meio de um acoplamento para uma região-
-alvo com pouca atenuação. Durante vários anos, no passado, vários investigadores usaram essa
modalidade de forma bem-sucedida para tratar fasciite plantar, epicondilite medial/lateral e fra-
turas por não união. A TOC será discutida no Capítulo 11.

ENERGIA MECÂNICA
Em todos os casos em que um trabalho é realizado, há um objeto que fornece a força para se
realizar este trabalho. Quando o trabalho é feito sobre o objeto, este objeto ganha energia. A
energia adquirida pelos objetos sobre os quais o trabalho é feito é conhecida como energia me-
2
cânica. A energia mecânica é a energia possuída por um objeto devido ao seu movimento ou à
sua posição. A energia mecânica pode ser energia cinética (energia de movimento) ou energia
potencial (energia armazenada de posição). Os objetos possuem energia cinética se eles estão
em movimento. A energia potencial é armazenada por um objeto e tem o potencial de ser criada
quando este objeto é alongado, dobrado ou comprimido. A energia cinética criada pelas mãos de
um fisioterapeuta move-se para aplicar uma força que pode alongar, dobrar ou comprimir pele,
músculos, ligamentos, e assim por diante. A estrutura alongada, dobrada ou comprimida possui
energia potencial que pode ser liberada quando a força é removida.

Modalidades de energia mecânica


Compressão intermitente, técnicas de tração e massagem podem utilizar energia mecânica en-
volvendo uma força aplicada a alguma estrutura de tecido mole para criar um efeito terapêutico.
Essas modalidades de energia mecânica são discutidas nos Capítulos 14, 15 e 16.

RESUMO
1. As formas de energia que são relevantes ao uso de modalidades terapêuticas são energia
eletromagnética, energia térmica, energia elétrica, energia sonora e energia mecânica.
2. As várias formas de energia podem ser refletidas, refratadas, absorvidas ou transmitidas nos
tecidos.
3. Todas as formas de energia eletromagnética viajam na mesma velocidade, dessa forma, o
comprimento de onda e a frequência estão inversamente relacionados.
4. O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades de energia eletromagnética, in-
cluindo diatermia, laser, luz ultravioleta e lâmpadas infravermelhas luminosas, em ordem
com base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes.
5. O princípio de Arndt-Schultz, a Lei de Grotthus-Draper, a lei do cosseno e a lei do quadrado
inverso podem ser aplicados às modalidades de energia eletromagnética.

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