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Revisão técnica:
Silviane Vezzani
Fisioterapeuta. Diretora acadêmica do Programa de Atualização em Fisioterapia (PROFISIO)/
Fisioterapia Esportiva e Traumato-ortopédica do Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD).
Especialista em Ciência do Movimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Fisioterapeuta esportiva pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE).
CDU 615.8
mecanismos diferentes. A energia eletromagnética é gerada por uma fonte de alta energia e é
transmitida pelo movimento de fótons. A energia térmica pode ser transferida por condução,
que envolve o fluxo de energia térmica entre os objetos que estão em contato uns com os outros.
A energia elétrica é armazenada em campos elétricos e administrada pelo movimento de partí-
culas carregadas. As vibrações acústicas produzem ondas sonoras que podem passar através de
um meio. Cada forma de energia e o mecanismo de sua transferência serão discutidos em mais
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detalhes para fornecer a base científica para que se compreenda as modalidades terapêuticas.
ENERGIA ELETROMAGNÉTICA
Radiação é um processo pelo qual a energia eletromagnética viaja desde sua fonte para fora,
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através do espaço. A luz solar é um tipo visível de energia radiante, e sabe-se que ela não apenas
torna os objetos visíveis, mas também produz calor. O sol emite um espectro de energia radiante
sem massa visível e invisível e ejeta partículas de alta energia como resultado de reações químicas
e nucleares de alta intensidade. As emissões de energia radiante sem massa a partir do sol são
chamadas de fótons. Um fóton é o portador de energia que compõe toda a radiação eletromag-
nética. Os fótons viajam como ondas na velocidade da luz, aproximadamente 300 milhões de
metros por segundo. Visto que todos os fótons viajam na mesma velocidade, eles são distinguidos
por suas propriedades de onda – comprimento de onda e frequência –, bem como pela quantida-
de de energia carregada por cada fóton.
Tempo
for conhecido, a frequência daquela onda também pode ser calculada. Sempre que se trabalha
com energia eletromagnética de qualquer tipo, pode-se usar a velocidade da luz, 3,0 10 m/s
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naquela equação. Aquela velocidade não é apropriada para ondas de energia elétrica ou ondas de
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energia sonora, que não viajam na velocidade da luz.
A outra equação que é importante com radiação eletromagnética é a equação de energia. A
energia de um fóton é diretamente proporcional à sua frequência. Isso significa que a radiação
eletromagnética com frequência mais alta também tem energia mais alta. Isso será relacionado
aos efeitos que cada forma de radiação eletromagnética pode produzir nos tecidos.
Ehv
(A letra h é conhecida como constante de Planck e tem um valor de 6.626 10 Js. Quando a
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constante de Planck é multiplicada por uma frequência em vibrações por segundo, o resultado
tem a unidade de energia científica padrão de Joules.)
Infravermelha
Feixe de luz
Espectro
de luz
visível
Prisma
Ultravioleta
Figura 1.2 Quando um feixe de luz é refletido através de um prisma, as várias radiações
eletromagnéticas na luz visível são refratadas e aparecem como uma banda distinta de cor
chamada de espectro.
violeta (ultra significa maior ou acima). Quase toda radiação eletromagnética produzida pelo sol
é invisível. Todo o espectro eletromagnético inclui ondas de rádio e de televisão, diatermias, raios
infravermelhos, raios de luz visível, raios ultravioleta, raios X e raios gama (Tabela 1.2).
O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades eletromagnéticas em ordem com
base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes. É notório, por exemplo, que
as diatermias por ondas curtas têm o comprimento de onda mais longo e a frequência mais baixa,
e todos os outros fatores são iguais; portanto, elas devem ter a maior profundidade de penetração.
À medida que se desce no gráfico, os comprimentos de onda em cada região tornam-se progres-
sivamente mais curtos e, as frequências, progressivamente mais altas. Diatermia, as várias fontes
de calor infravermelho e as regiões ultravioletas têm progressivamente menos profundidade de
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penetração.
Deve-se observar que as regiões rotuladas como frequências de rádio e de televisão, luz
visível e radiações penetrantes e ionizantes de alta frequência certamente caem sob a classi-
ficação de radiações eletromagnéticas. Contudo, elas não têm aplicação como modalidades
terapêuticas e, embora extremamente importantes para a vida diária das pessoas, não justifi-
cam consideração adicional no contexto dessa discussão.
12 cm 2.450 MHz
Infravermelha Temperatura superficial, vasodilatação aumenta-
da, fluxo sanguíneo aumentado
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IV Luminosa 28,860 Å 1.04 10 Hz
(727,2 ºC)
Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas
30/08/13 10:16
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Luz ultravioleta
A porção ultravioleta do espectro eletromagnético é mais alta em energia do que a luz violeta.
Conforme afirmado previamente, a radiação na região ultravioleta não é detectável pelo olho
humano. Contudo, se uma placa fotográfica é colocada na extremidade ultravioleta, mudanças
químicas serão aparentes. Embora uma fonte extremamente quente (7.000-9.000 ºC) seja requeri-
da para se produzirem comprimentos de ondas ultravioletas, os efeitos fisiológicos da ultravioleta
são principalmente de natureza química e ocorrem inteiramente nas camadas cutâneas de pele. A
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profundidade de penetração máxima com ultravioleta é cerca de 1 mm.
Devido à disponibilidade de medicações orais e tópicas para se tratarem lesões de pele, a terapia
ultravioleta raramente é utilizada como uma modalidade de tratamento. Sua aplicação primária
é na cicatrização de ferida, e ela será brevemente discutida no Capítulo 3.
ENERGIA TÉRMICA
Anteriormente, foi afirmado que qualquer objeto aquecido (ou resfriado) a uma temperatura
diferente daquela do ambiente circundante irá dissipar (ou absorver) calor por meio de condução
para (ou de) outros materiais com os quais ele entra em contato.
Há confusão sobre a relação entre transferência de energia eletromagnética e de energia tér-
mica associadas a compressas quentes e frias. É correto pensar nas modalidades infravermelhas
como aquelas modalidades cujo mecanismo primário de ação é a emissão de radiação infraver-
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melha com o objetivo de se aumentarem as temperaturas dos tecidos. Todos os objetos quentes,
incluindo banhos de turbilhão, emitem radiação infravermelha, mas a quantidade de energia
infravermelha que é irradiada a partir de banhos quentes e frios é muito pequena comparada
á quantidade que transfere para e a partir deles por condução. As modalidades como compres-
sas quentes e frias operam por condução de energia térmica, portanto, elas são melhor descri-
tas como modalidades condutoras. As modalidades condutoras são usadas para produzir um
aquecimento ou resfriamento local e ocasionalmente generalizado dos tecidos superficiais com
uma profundidade de penetração máxima de 1 cm ou menos. As modalidades condutoras são,
em geral, classificadas naquelas que produzem um aumento na temperatura dos tecidos, que se
denomina como termoterapia, e naquelas que produzem uma diminuição na temperatura dos
tecidos, que se chama crioterapia.
Anteriormente, afirmou-se que lâmpadas de luz visível, infravermelhas luminosas e infra-
vermelhas não luminosas são classificadas como modalidades de energia eletromagnética. Isso
Crioterapia
As técnicas de crioterapia são utilizadas principalmente para produzir uma diminuição na tem-
peratura dos tecidos para uma variedade de objetivos terapêuticos. As modalidades classificadas
como modalidades de crioterapia incluem massagem com gelo, compressas frias de hydrocollator,
turbilhão frio, spray frio, banhos de contraste, imersão no gelo, cryo-cuff e criocinética. Os proce-
dimentos específicos para aplicar essas técnicas são discutidos em detalhes no Capítulo 9.
ENERGIA ELÉTRICA
Em geral, a eletricidade é uma forma de energia que pode efetuar mudanças químicas e térmicas
sobre o tecido. A energia elétrica está associada com o fluxo de elétrons ou de outras partículas
carregadas por meio de um campo elétrico. Elétrons são partículas de matéria que possuem uma
carga elétrica negativa e giram ao redor do centro, ou núcleo, de um átomo. Uma corrente elétrica
refere-se ao fluxo de partículas carregadas que passam ao longo de um condutor como um nervo
ou fio. Os aparelhos eletroterapêuticos geram correntes que, quando introduzidas no tecido bio-
lógico, são capazes de produzir mudanças fisiológicas específicas.
Uma corrente elétrica aplicada ao tecido nervoso com intensidade e duração suficientes para
se alcançar o limiar de excitabilidade daquele tecido resultará em uma despolarização de mem-
brana ou aquecimento daquele nervo. As correntes de estimulação elétrica afetam o tecido ner-
voso e muscular de várias maneiras, com base na ação da eletricidade sobre os tecidos. Qualquer
corrente elétrica que passa através dos tecidos irá aquecer os tecidos com base na resistência dos
tecidos ao fluxo de eletricidade. As frequências de correntes elétricas clinicamente usadas variam
de um a 4.000 Hz. Muitos estimuladores possuem a flexibilidade de alterar os parâmetros de
tratamento do aparelho para se evocar uma resposta fisiológica desejada além do aquecimento
dos tecidos.4
Biofeedback eletromiográfico
O biofeedback eletromiográfico é um procedimento terapêutico que utiliza instrumentos eletrô-
nicos ou eletromecânicos para medir, processar e retroalimentar precisamente a informação de
reforço via sinais auditivos ou visuais. Clinicamente, ele é utilizado para se auxiliar o paciente a
desenvolver maior controle voluntário em termos de relaxamento neuromuscular ou reeducação
muscular após a lesão. O biofeedback é discutido no Capítulo 7.
ENERGIA SONORA
A energia sonora e a energia eletromagnética possuem características físicas muito diferentes. A
energia sonora consiste em ondas de pressão devido à vibração mecânica das partículas, ao passo
que a radiação eletromagnética é carregada por fótons. A relação entre velocidade, comprimento
de onda e frequência é a mesma para energia sonora e energia eletromagnética, mas as velocidades
dos dois tipos de ondas são diferentes. As ondas acústicas viajam na velocidade do som. As ondas
eletromagnéticas viajam na velocidade da luz. Visto que o som viaja mais lentamente do que a luz,
os comprimentos de onda são consideravelmente mais curtos para vibrações acústicas do que para
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radiações eletromagnéticas em qualquer frequência dada. Por exemplo, o ultrassom que viaja na
atmosfera tem um comprimento de onda de aproximadamente 0,3 mm, ao passo que as radiações
eletromagnéticas teriam um comprimento de onda de 297 m em uma frequência similar.
As radiações eletromagnéticas são capazes de viajar através do espaço ou do vácuo. À medida
que a densidade do meio de transmissão é aumentada, a velocidade de radiação eletromagnética
diminui. As vibrações acústicas (som) não serão transmitidas através do vácuo, visto que elas
se propagam por meio de colisões moleculares. Quanto mais rígido for o meio de transmissão,
maior será a velocidade do som. O som tem uma velocidade de transmissão muito maior no teci-
do ósseo (3.500 m/s), por exemplo, do que no tecido adiposo (1.500 m/s).
uma das radiações eletromagnéticas. Em uma frequência de 1 MHz, 50% da energia produzida pe-
netrará a uma profundidade de cerca de 5 cm. A razão para essa grande profundidade de penetração
é o fato de que o ultrassom viaja muito bem através do tecido homogêneo (p. ex., tecido adiposo), ao
passo que as radiações eletromagnéticas são quase inteiramente absorvidas. Assim, quando a pene-
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tração terapêutica para tecidos mais profundos é desejada, o ultrassom é a modalidade de escolha.
O ultrassom terapêutico tem sido utilizado tradicionalmente para produzir um aumento na
temperatura tecidual por meio de efeitos fisiológicos térmicos. Contudo, ele também é capaz de au-
mentar a cicatrização no nível celular como um resultado de seus efeitos fisiológicos não térmicos.
A utilidade clínica do ultrassom terapêutico é discutida de forma mais detalhada no Capítulo 10.
ENERGIA MECÂNICA
Em todos os casos em que um trabalho é realizado, há um objeto que fornece a força para se
realizar este trabalho. Quando o trabalho é feito sobre o objeto, este objeto ganha energia. A
energia adquirida pelos objetos sobre os quais o trabalho é feito é conhecida como energia me-
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cânica. A energia mecânica é a energia possuída por um objeto devido ao seu movimento ou à
sua posição. A energia mecânica pode ser energia cinética (energia de movimento) ou energia
potencial (energia armazenada de posição). Os objetos possuem energia cinética se eles estão
em movimento. A energia potencial é armazenada por um objeto e tem o potencial de ser criada
quando este objeto é alongado, dobrado ou comprimido. A energia cinética criada pelas mãos de
um fisioterapeuta move-se para aplicar uma força que pode alongar, dobrar ou comprimir pele,
músculos, ligamentos, e assim por diante. A estrutura alongada, dobrada ou comprimida possui
energia potencial que pode ser liberada quando a força é removida.
RESUMO
1. As formas de energia que são relevantes ao uso de modalidades terapêuticas são energia
eletromagnética, energia térmica, energia elétrica, energia sonora e energia mecânica.
2. As várias formas de energia podem ser refletidas, refratadas, absorvidas ou transmitidas nos
tecidos.
3. Todas as formas de energia eletromagnética viajam na mesma velocidade, dessa forma, o
comprimento de onda e a frequência estão inversamente relacionados.
4. O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades de energia eletromagnética, in-
cluindo diatermia, laser, luz ultravioleta e lâmpadas infravermelhas luminosas, em ordem
com base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes.
5. O princípio de Arndt-Schultz, a Lei de Grotthus-Draper, a lei do cosseno e a lei do quadrado
inverso podem ser aplicados às modalidades de energia eletromagnética.