Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Microbiologia 5
Microbiologia 5
e Ambiental
Material Teórico
Os vírus
Revisão Textual:
Profª. Esp. Marcia Ota
Os vírus
• Aspectos Gerais
Para que você tenha um excelente aproveitamento dos estudos, é de extrema importância
que você, além de ler, atentamente, o conteúdo proposto, consulte, ainda, os materiais
complementares. Além disso, assista ao vídeo sugerido. Não se esqueça, também, de buscar
outras fontes que possam contribuir com o seu aprendizado.
Afinal, conhecimento não ocupa espaço, não pesa! Sendo assim, ao se aprofundar no tema,
enriquecendo seus conhecimentos, você se diferenciará dos demais!
5
Unidade: Os vírus
Contextualização
Os vírus são incríveis, ora podem ser classificados como seres vivos, em outro momento,
ou situação, não.
Por isso, conhecer esses “agentes” e os seus impactos (positivos ou negativos) sobre os
organismos vivos é de extrema importância.
A partir do momento que a humanidade passou a conhecer como eles se reproduzem, as
suas peculiaridades e como se relacionam com a biodiversidade, foi possível não só a prevenção
de doenças, como também sua utilização enquanto aliados, em alguns processos, para controlar:
··pragas para aumentar a quantidade de alimentos; e
··processos de saneamento ambiental.
Portanto, nesta unidade, você terá conhecerá as principais características desses “agentes”
(parasitas obrigatórios) e os diversos, papéis que eles desempenham.
Explore
Assim sendo, inicie esse aprendizado, assistindo ao vídeo:
Discovery na Escola / Tudo Sobre: Vírus
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=375OOz0mmYI
6
Aspectos Gerais
Lipídios
Proteínas
podem ser considerados, apenas, com sendo um
Proteínas
e RNA
“aglomerado de elementos químicos” ou, seja, um
Enzimas
microrganismo muito simples. Se considerado o seu
RNA
poder de infecção, causando doenças em vegetais
Vírus da gripe HIV, vírus da Aids
ou animais, os vírus podem, também, nesses casos
patogênicos, serem considerados como seres vivos.
Fonte: UFPE (2014)
Por essas características peculiares e, ainda, por não serem constituídos de células, os
vírus (figura 1) não pertencem a nenhum reino.
Com o passar dos tempos, os cientistas consideraram que tanto a organização estrutural
simples, quanto o mecanismo de “reprodução” dos vírus são as características fundamentais que
os colocam à parte, fora de qualquer reino.
7
Unidade: Os vírus
Em relação às suas dimensões, os vírus são extremamente pequenos (figura 2), o maior
tem menos que a quarta parte das dimensões de uma salmonela (tipo de bactéria) e milhares
de vírus, de menor tamanho, poderiam ser colocados dentro da parede celular vazia de um
estafilococo (outro ripo de bactéria).
Além disso, sendo extremamente pequenos (figura 2), os vírus conseguem, com enorme
facilidade, atravessar filtros, onde bactérias são retidas. Esses seres, portanto, somente podem
ser observados através da utilização do mecanismo de microscopia eletrônica.
Os vírus são tão pequenos, que a unidade de medida utilizada, ao se referir à suas dimensões,
é o nanômetro1(nm). Ressalta-se que a unidade para se medir as dimensões das bactérias,
organismos extremamente maiores, é o micrômetro2 (µm).
Figura 2 - Comparação entre vírus, uma bactéria e uma hemácia em relação ao tamanho.
225 nm
Eritrócito humano com
Bacteriófago T4 Vírus da raiva diâmetro de 10.000 nm
170 . 70 nm
Adenovírus
90 nm Bacteriófago M13
Rinovírus 800 . 10 nm
30 nm Corpúsculo elementar da Chlamydia
300 nm
Vírus do mosaico do tabaco
Bacteriófagos 250 . 18 nm
f2, MS2 Viroide
24 nm 300 . 10 nm
Prion
Poliovírus 200 . 20 nm
30 nm Vírus da vaccinia Vírus Ebola
300 . 200 . 100 nm 970 nm
E. Coli Membrana
(bactéria) plasmática
3.000 x 1.000 nm do eritrócito
10 nm de espessura
1 Nanômetro (nm) - Um nm é o resultado ao se dividir 1 bilhão de vezes o metro (1m), ou seja, 1m = 1.000.000.000nm. Para ficar mais claro,
1 nm é o resultado ao se dividir 1mm, a menor divisão de uma régua, por 1 milhão de vezes.
2 Micrômetro (µm) - Um µm é o resultado ao se dividir 1 milhão de vezes o metro (1m), ou seja, 1m = 1.000.000µm. Para imaginar isso, pense
em 1 mm, a menor divisão de uma régua, sendo dividido em mil de partes iguais.
8
Em relação a sua estrutura, conforme já relatado, cada vírus (ou vírion3) apresenta seu material
genético (DNA ou RNA) envolto e protegido por um “envelope” ou o capsídio.
Vale lembrar que essa estrutura, o capsídio, é composta por minúsculas unidades de proteína,
chamadas de capsômeros, que darão o nome ao vírus, dependendo da sua composição química
e forma espacial.
Todos os vírus apresentam simetria em sua estrutura, podem ainda, ou não, apresentar
envoltório (o “envelope”) formado por lipoproteínas ou lipídeos. Dessa forma, apresentam-se
nas seguintes formas:
·· poliedro regular (representados pelos poliovírus e os adenovírus);
·· helicoidais (vírus do mosaico do tabaco, por exemplo);
·· envelopados, quando envolvidos por uma membrana não rígida4 (vírus da herpes,
por exemplo) (Figura 3).
Ressalta-se que alguns vírus podem se apresentar com seus capsídios não protegidos por
“envelopes”. Então, são chamados de “não envelopados” (vírus poliédrico - figura 3).
Quando “não envelopado”, a proteção do material genético é de responsabilidade do
capsídio. Além de proteger, o capsídio é responsável, também, pela ligação do vírus às células
que serão infectadas.
Ainda, há tipos de vírus que se apresentam estruturados de maneira mais complexa, como
por exemplo os do tipo bacteriófago (figura 3).
Na figura 3, é possível observar que o capsídio desse tipo de vírus apresenta-se no formato
poliédrico e a sua bainha está enrolada, ou seja, no formato de hélice (helicoidal). Apresentam,
ainda, estruturas denominadas fibras da cauda, placa e pino (estruturas importantes no processo
de “reprodução” – replicação).
Assim, por se apresentarem com uma estrutura bem mais elaborada que os outros tipos de
vírus, são chamados de “vírus complexo”.
Figura 3 - Comparação entre alguns vírus, em relação a sua estrutura física.
Capsídeo
Espículas
Vírus Poliédrico
65 nm
Capsídeo Vírus Envelopado Helicoidal
(cabeça) Ácido nucleico
DNA
Bainha
Capsômero Capsídeo
Fibra da cauda
Pino
Placa basal
3 Partícula viral potencialmente infecciosa, que apresenta seu ácido nucleico envolvido por um tipo de cobertura proteica, que propiciará
proteção à transmissão de uma célula (hospedeira) para outra.
4 Os vírus, com envelope, são muito sensíveis às soluções emulsificantes (detergentes e sais biliares), ao clorofórmio e éter, pois essas substâncias
dissolvem lipídeos.
9
Unidade: Os vírus
O CITV, através das diretrizes para a classificação, orienta utilizar o sufixo ales para representar
a ordem. Ressalta-se que este Comitê reconhece apenas três ordens: a Caudovirales, a
Mononegavirales e, a Nidovirales.
Os vírus que infectam bactérias (bacteriófagos) estão inseridos na ordem Caudovirales, os
que parasitam plantas e animais (invertebrados), na ordem Mononegavirales e, por fim, os que
têm os animais vertebrados como seus hospedeiros, estão inseridos na ordem Nidovirales.
5 O antígeno, nesse caso, é formado por moléculas (parte de um vírus) que, na maioria, apresentam proteínas, polissacarídeos e/ou
lipossacarídeos. Um antígeno desencadeia uma resposta imune (de defesa) na célula hospedeira.
10
O Comitê (CITV), ainda, orienta para a utilização do sufixo virus para se referir aos
gêneros e, para as famílias, o sufixo viridae (por exemplo: Família Herpesviridae, Gênero
Simplexvirus - Vírus do Herpes Humano).
Para se referir a espécie do vírus, não são utilizados epítetos específicos. Assim, segundo as
orientações do CITV, as espécies de vírus devem ser apresentadas por nomes descritivos usuais
(“vulgares”), como por exemplo, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). As subespécies
(se existirem), por sua vez, deverão ser apresentadas com um número, por exemplo: HIV-1,
Vírus do Herpes Humano Tipo 2.
Nesse aspecto, destaca-se que uma espécie de vírus compreende um grupo desses “seres”
que apresentam o mesmo genoma (informação genética) e o mesmo espectro de hospedeiros.
11
Unidade: Os vírus
Depois de concluído o estágio de “maturação”, ocorrerá a liberação dos “novos vírus”. Esse
processo (de liberação) pode variar dependendo do tipo de vírus e/ou célula infectada. Na
maioria dos casos, a liberação dos “novos vírus” ocorrerá pelo processo de lise celular, onde a
célula, cheia de vírus, rompe-se (estoura). Há casos, que a liberação ocorrerá de forma lenda e
gradativa, onde a célula hospedeira não será destruída (figuras 4 e 5).
Figura 4 - As fases da replicação de um papovavírus6 .
Papovavírus
Os vírions são liberados O vírion se adere à célula hospedeira
DNA
Capsídeo
DNA viral
Proteínas do capsídeo
Proteínas
do capsídeo
mRNA
Tradução tardia; as
proteínas do capsídeo
são sintetizadas
6 Os papovavírus têm seu nome derivado de: papilomas (verrugas), poliomas (tumores) e vacuolização (vacúolos citoplasmáticos produzidos
por alguns desses vírus). Ressalte-se que algumas espécies (deste tipo de vírus) podem causar câncer.
7 Nome que se dá ao vírus capaz de infectar bactérias e, também, destruí-las.
12
O ciclo lítico ocorre na maioria dos vírus do tipo bacteriófagos. Esse processo ocorrerá em cinco
etapas: 1- ancoragem; 2- penetração; 3- biossíntese; 4- maturação e; 5- liberação (figura 5).
Após a aderência, o material genético do vírus, inserido no citoplasma bacteriano, será
transcrito (replicado), seguido da síntese de proteínas virais. Posteriormente, ocorrerá a
maturação dos “novos vírus” (ou “partículas virais”) que serão liberados após a lise da célula
bacteriana. O rompimento (lise) da célula bacteriana só é possível pela ação de uma enzima (a
lisoenzima) sintetizada na fase tardia do processo de síntese proteica.
Muitas divisões
celulares
ou
Os vírus bacteriófagos, que utilizam o ciclo lisogênico para a sua replicação (“reprodução”),
são chamados de lisogênicos ou temperados.
No ciclo lisogênico, a produção de componentes virais é desligada indefinidamente e o
“vírus” (fago) permanece inativo. Nesse ciclo, os processos de adsorção e de penetração
ocorrerão da mesma maneira que ocorre no ciclo lítico.
Entretanto, em vez de ocorrer na sequência a biossíntese, o material genético do vírus será
fundido (“recombinação”) ao material genético da bactéria, duplicando-se. Eventualmente,
poderá ocorrer uma indução “espontânea” do material genético do vírus, permitindo assim
que o mesmo possa se replicar (“reproduzir”) do ciclo lítico (Figura 5).
13
Unidade: Os vírus
Nesse processo evolutivo, os hospedeiros mais adaptados vão sendo selecionados, passando
para as próximas gerações o genótipo que lhes permite resistirem ao “ataque” de um determinado
vírus. Os vírus, por sua vez, também vão sendo selecionados. Assim, os mais adaptados somente
é que terão sucesso em parasitar seus hospedeiros, podendo, assim, transmitirem aos seus
descendentes essas habilidades.
A essa constante “batalha” pela sobrevivência, onde um ser exerce sobre o outro uma pressão
seletiva / evolução, chamamos de co-evolução.
As Viroses
Os vírus causam infecções (doenças) em microrganismos, plantas, seres humanos e em
outros animais.
Nos humanos, os vírus podem causar diversas doenças, entre elas: Gripe (Influenzavirus),
Gripe Suína (Influenza H1N1), Resfriado (vírus da família dos Picornavirus e Coronavirus), AIDS
(HIV), Poliomielite (Enterovirus poliovirus), Dengue (Flavivirus sp.), Febre Amarela (Flavivirus
sp.), Catapora (Varicellovirus sp.), Caxumba (vírus da família dos paramyxovirus), Rubéola
(Rubella virus), Sarampo (Morbillivirus sp.), Varíola (Orthopoxvirus sp.), Raiva (Lyssavirus
sp.), Ebola (Filovirus sp.), Diarreia (Rotavirus sp., Norovirus sp., Astrovirus sp. e os vírus da
família dos Adenovirus), Hepatite (Hepatovirus), Herpes (Simplexvirus sp.) , Verruga (Vírus do
papiloma humano), SARS (Coronavirus sp.), Sarcoma de Kaposi (Rhadinovirus sp.).
A maioria dessas enfermidades (viroses) se não tratadas, os sintomas podem levar o paciente
a óbito. Atualmente, a maioria dessas viroses pode ser prevenida através do processo de
imunização (utilizando as vacinas).
As vacinas são substâncias que contêm vírus atenuados ou mortos, ou mesmo, partes deles
(príons8). Assim, essas substâncias, ao serem introduzidas no organismo do animal (que pode
ser o homem), estimularão o organismo, através do sistema imunológico, a produzir anticorpos
(estruturas de defesa) que combaterão a infecção antes que a doença se instale. Uma vez
estimulado, o organismo se tornará imune ao agente desse tipo de vírus.
14
Por outro lado, não se sabe, ainda, o quanto o processo de fagoterapia é, de fato, efetivo nas
diversas situações em que poderia ser empregado como recurso de tratamento.
Os vírus causadores de doenças em plantas (chamados de fitovírus), para infectar uma planta
precisarão de “ajuda” de outros “agentes”. Nesse sentido, os fitovírus são transportados até uma
planta por insetos, ácaros, fungos, ou mesmo por manipulação do homem. O vento e a água,
também, podem realizar esse papel.
Após infectar uma planta, os vírus parasitarão células das diversas partes do vegetal, podendo
ocasionar quadro sistêmico de infecção. Alguns vírus podem causar apenas danos e lesões em
determinados locais (folhas, raízes, caule).
Os sintomas que a planta pode apresentar quando a infecção for considerada do tipo
sistêmica, são: amarelamento, nanismo, superbrotamento, distorção foliar.
Por outro lado, quando a infecção for considerada localizada, os sintomas podem ser lesões
necróticas. Como consequência, tanto de uma infecção sistêmica quanto de uma localizada, a
planta ficará debilitada podendo chegar até a morte.
Entre as diversas técnicas de controle de viroses de plantas, pode-se citar: a eliminação dos
vetores e de hospedeiros intermediários, o uso de variedades resistentes, destruição da planta
infectada e imunização (inoculando o vírus atenuado na planta para estimular sua imunidade).
Muitas vezes, os vírus, ao infectar uma planta, podem não produzir prejuízos. Por exemplo,
os vírus, que infectam as tulipas, são responsáveis pela coloração variada apresentada nessas
plantas. Salienta-se que as tulipas “sadias” são monocromáticas (de apenas uma cor).
15
Unidade: Os vírus
16
Material Complementar
Livros:
SANTOS, N. S. O.; ROMANOS, M. T. V.; WIGG, M. D. Introdução à virologia humana.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008.
UJVARI, S. C. A história da humanidade contada pelos vírus. São Paulo: Contexto. 2008.
Sites:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/viroses/
Vídeo:
Discovery na Escola / Tudo Sobre: Vírus
https://www.youtube.com/watch?v=375OOz0mmYI
17
Unidade: Os vírus
Referências
PELCZAR, J. M.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e aplicações. v.1. (2.ed.).
São Paulo: Makron Books. 1996.
______. Microbiologia: conceitos e aplicações. v.2. (2.ed.). São Paulo: Makron Books. 1996.
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C. L. Microbiologia. (10 ed.). Porto Alegre: Artmed, 2012.
18
Anotações
19
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000