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Fato ou Fake:

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

2MED - Batista Campos


Aisha Macêdo
Eduarda Guimarães
Sávio Dias
Karina Sampaio
Izabely Evangelista
Luis Gama
Matheus Aquime
A escolha do tema deste trabalho vem da exclusão de uma minoria
neurodivergente e a importância de se entender sobre o autismo, principalmente
no mês de abril, o mês da conscientização sobre o TEA (Transtorno do Espectro
Autista).

Segundo os dados do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), a


cada 36 crianças, uma delas está dentro do espectro autista. Com esses dados,
podemos afirmar que cerca de 6 milhões de brasileiros são autistas. Esses dados
ressaltam a importância da inclusão dessa minoria e desmistificar o transtorno.

No momento em que vivemos, a desinformação em massa em redes sociais


potencializa a marginalização desse grupo de pessoas. Isso nos leva ao objetivo
deste trabalho, desmentir as fake news e explicar os fatos sobre o espectro autista.
Falsa Solução Milagrosa
A Solução Mineral Milagrosa, também chamada de MMS, é um produto
comercializado como medicamento e que apresenta semelhanças com a água
sanitária. Isso porque sua composição inclui dióxido de cloro, clorito de sódio e pó
cítrico, esse último conhecido por sua utilização em alvejantes à base de cloro.
Jim Humble, um antigo garimpeiro estadunidense, é quem começou a
divulgar a solução como cura de várias doenças, entre elas: AIDS, alzheimer,
câncer, diabetes, esclerose múltipla e Parkinson. De acordo com ele, algumas
pessoas contraíram malária na Amazônia e teriam sido curadas pela mistura. A
difusão do charlatanismo se deu porque Humble criou a igreja “Gênesis II” e
ganhou diversos seguidores.
Dentre eles, Kerri Rivera se destacou, principalmente no meio de pais de
crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A homeopata, como se
declara nas redes sociais, publicou um livro em que ensina pais a tratarem o
autismo com o uso do MMS. O livro foi tirado de circulação, por conter
informações falsas.
Não existe nenhum estudo que comprove a eficácia da solução no tratamento
de quaisquer doenças. O método difundido, que inclui a ingestão por via oral e/ou
retal, causa descamação da parede do intestino, que os seguidores do culto
acreditam ser vermes ou parasitas que estão no organismo causando a doença, o
que é uma inverdade.
Andréa Werner é presidente da Comissão dos Direitos das Pessoas com
Deficiência e combate o uso do MMS. Em suas redes sociais, ela explica como o
culto consegue convencer as pessoas: “Eles são um culto, uma seita. E usam as
mesmas táticas. No caso do autismo, criam o problema e a culpa: ‘você intoxicou
seu filho com vacinas e antibióticos; por isso, ele é autista’. Oferecem a solução: o
MMS/CD.”
É importante esclarecer que não há comprovação científica dos benefícios do
MMS para o autismo ou qualquer outra condição de saúde. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) até mesmo proibiu a venda do produto.
Autismo NÃO é doença
É importante destacar que o TEA não é uma doença, e sim um transtorno,
logo, não tem cura, muito menos milagrosa. “Doença seria uma falha na saúde
associada a um desequilíbrio em relação ao ambiente. Geralmente, a doença tem
uma causa conhecida, sintomas específicos e provoca algumas alterações no
organismo. O autismo é considerado um transtorno, justamente porque um
transtorno é aquilo que gera um prejuízo para o paciente”, explica o médico.
Por não ser uma doença, o autismo não tem um tratamento específico. O
professor explica que o acompanhamento do paciente tem como objetivo auxiliar
nos prejuízos que ele possa ter, como na comunicação e interação, e alterações
sensoriais.

Autismo NÃO é adquirível durante a vida.


Estudos recentes realizados por pesquisadores brasileiros e de todo o mundo,
identificaram que o autismo surge na fase intrauterina do bebê. Isso colabora para
a desmistificação de falsas afirmações de que fatores externos, educacionais ou até
mesmo culturais, sejam causadores do autismo. Logo, são vários fatores
intrauterinos e perinatais que provocam o transtorno, já que fazem parte do
neurodesenvolvimento da criança, e não fatores externos.

“Antigamente, o autismo era raro, mas hoje é comum.”


De fato, antigamente, eram raras as pessoas devidamente diagnosticadas com
autismo, devido a vários fatores, principalmente os socioeconômicos, estigmas e
falta de informação e estudos sobre, além da invisibilização da maioria dos casos
de meninas com o transtorno, o que consequentemente, interfere na quantidade de
diagnósticos e normalmente, no número e registros de pessoas com autismo, mas
isso não simboliza que o transtorno não existia ou era menos comum comparado à
atualidade.

Vacina NÃO causa TEA.


Talvez a maior notícia falsa acerca do TEA, a suposta ligação entre a
vacinação em crianças e o autismo nasceu em 1998. Naquele ano, o médico
Andrew Wakefield e outros pesquisadores publicaram na revista Lancet um estudo
que descrevia 12 crianças que teriam desenvolvido, após a vacinação,
comportamentos autistas e inflamação intestinal grave e levantaram a hipótese de
que esses problemas teriam um vínculo causal com a vacina MMR, contra
sarampo, rubéola e caxumba.
O estudo, no entanto, foi alvo de diversas polêmicas. Em 2004, o Instituto de
Medicina dos EUA concluiu que não havia provas que sustentam uma relação
entre o autismo e os componentes da vacina. No mesmo ano, descobriu-se que
Wakefield havia feito um pedido de patente para uma vacina contra o sarampo
que concorreria com a MMR, o que seria um claro conflito de interesses com a
pesquisa. Outro médico que participou do estudo também afirmou que Wakefield
mentiu ao dizer que tinha encontrado o vírus do sarampo nas crianças. Graças a
isso, a revista retraiu o artigo e Wakefield teve sua licença médica cassada.
Segundo especialistas, mesmo desmentido, o estudo e suas conclusões
enganosas servem até hoje como prova para os movimentos anti-vacinação no
mundo todo e acaba resultando em problemas sérios de saúde em escala mundial.
O movimento anti-vacina é apontado pela OMS como uma das dez maiores
ameaças à saúde em 2019 e é um dos fatores responsáveis pelo aumento dos casos
de sarampo nos últimos anos.
Isso faz com que ainda existam pesquisadores que tentam fortalecer o
desmentido com pesquisas que mostram a falta de vínculo entre a vacina e o TEA.
O último estudo, publicado em março deste ano, foi feito por cientistas do Statens
Serum Institut, na Dinamarca, e utilizou como amostra 657 mil crianças do país
(uma amostra cerca de 55 mil vezes maior que a do estudo de Wakefield). Os
estudiosos compararam a vacinação e o diagnóstico de TEA e não encontraram
nenhuma associação, mesmo em indivíduos com maior risco.

Autismo NÃO passa com o tempo


Diferentemente do que afirmou o governador de São Paulo, Tarcisio de
Freitas, em fevereiro de 2023, o autismo não passa. O transtorno é permanente, ou
seja, não tem cura. Mas saiba que a deficiência pode ser tratada de diversas
maneiras com o objetivo de ampliar a autonomia das pessoas com TEA, viabilizar
inclusão escolar e profissional e proporcionar uma vida adulta saudável e
funcional. A repercussão do caso levou o governador a se corrigir e apoiar a
derrubada do veto que havia imposto ao projeto que tornava o laudo de TEA
definitivo. Agora, essa é a regra no Estado.

Má educação dos pais NÃO leva a criança a desenvolver autismo.


Outra desinformação que circula há muitos anos na internet é a de que pais e
mães ruins poderiam fazer com que os filhos desenvolvessem TEA. A hipótese
surgiu na década de 1950 e era chamada de “mãe-geladeira”. Esse mito nasceu
com um dos primeiros pesquisadores do TEA, Léo Kanner (durante algum tempo,
o autismo foi, inclusive, chamado de Síndrome de Kanner), que defendeu a
hipótese de que o transtorno seria atribuído à “genuína falta de calor maternal”.
Essa hipótese só foi refutada em 1964, com a publicação do livro "Infantile
Autism: The Syndrome and its Implications for a Neural Theory of Behavior", de
Bernard Rimland. Em 1969, durante um encontro da National Society for Autistic
Children, o próprio Kanner voltou atrás, absolveu os pais de culpa e disse que a
condição do autismo era inata, ou seja, uma condição em que o indivíduo nasce
com o transtorno. Como dito antes, hoje a ciência considera que o autismo está
ligado a fatores genéticos e ambientais.
Como lembra o Autism Awareness, nada que os pais digam ou façam a seus
filhos pode causar o desenvolvimento de algum transtorno relacionado ao autismo.

Fontes

- https://vidasimples.co/relacionamentos/conheca-mitos-sobre-o-autismo-
e-ajude-a-combater-a-desinformacao/
- https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151014_vert_fut_mito
s_autismo_ml
- https://comunica.ufu.br/noticias/2023/06/os-perigos-da-mms-falsa-soluc
ao-milagrosa-para-autismo
- 6 fake news sobre autismo para deixar em 2023 - Autismo e Realidade
- Desinformação prejudica diagnóstico e terapia precoce do autismo, diz
médica - Estadão (estadao.com.br)
- Causes of autism | Autism Awareness Australia
- What causes autism? | Autism Speaks
- https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/
por-que-e-mentira-que-vacinas-causam-autismo-conheca-a-historia-por
-tras-desse-mito

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