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LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DE CARGAS

PERIGOSAS: líquidos inflamáveis


HADASSA ABREU LIMA DE SOUZA (FATEC MOGI DAS CRUZES)
hadassa.souza@fatec.sp.gov.br
LEONARDO DE OLIVEIRA MENDES (FATEC MOGI DAS CRUZES)
leonardo.mendes5@fatec.sp.gov.br
THAYNARA SOUZA NOVAIS (FATEC MOGI DAS CRUZES)
thaynara.novais@fatec.sp.gov.br
THÁBATA RUGAI (FATEC Mogi das Cruzes)
thabatarugai@yahoo.com.br
MARCOS JOSÉ CORREA BUENO (FATEC Mogi das Cruzes)
marcos.bueno@fatec.sp.gov.br
RESUMO
O transporte de materiais perigosos deve ser realizado de forma que seu manuseio seja cauteloso,
responsável e roteirizado, a fim de que não aconteça graves acidentes nas vias públicas envolvendo
terceiros ou ainda corroborando para a contaminação do meio ambiente, assim como o da população. O
objetivo geral desta pesquisa é demonstrar a importância de tal planejamento e a organização do
transporte dessas cargas perigosas, principalmente as cargas de líquidos inflamáveis, prezando pela
segurança da comunidade, colaboradores e vias de transporte. Este artigo traz informações sobre os
cuidados no transporte de tais mercadorias perigosas, descrevendo o conhecimento sobre a legislação
vigente, explicando a importância da sinalização e documentação necessária para o cumprimento das
leis. Este estudo baseia-se em pesquisa descritivo-exploratória com base na literatura, como artigos,
normas e regulamentos. O artigo em seus resultados também apresenta algumas ações sobre os processos
de melhoria que podem ser aplicados ao transporte de mercadorias perigosas, tais como as ações
preventivas estabelecidas pela Diretiva nº89/391/CEE (Comunidade Econômica Europeia), que destaca
o treinamento dos trabalhadores, o cumprimento das regras de transito, a utilização da sinalização
obrigatória nos veículos, o uso de dispositivos de proteção individual ou coletivo etc., objetivando um
transporte mais seguro e eficiente.

PALAVRAS-CHAVE: Transporte. Carga perigosa. Segurança.

ABSTRACT
The transport of hazardous materials must be carried out in a way that their handling is cautious,
responsible and scripted, so that serious accidents do not occur on public roads involving third parties
or even contributing to the contamination of the environment, as well as to the population. The general
objective of this research is to demonstrate the importance of such planning and the organization of the
transport of these dangerous loads, especially in loads of flammable liquids, valuing the safety of the
community, employees and transport routes. This article provides information on care in the transport
of such dangerous goods, describing knowledge about current legislation, explaining the importance of
signage and documentation necessary for compliance with the laws. This study is based on descriptive-
exploratory research based on literature, such as articles, rules and regulations. At the end of this article,
we provide our results and discussions on the improvement processes that can be applied to the
transportation of dangerous goods, such as, the preventive actions established by Directive 89/391/EEC
(European Economic Community), which highlights the training of workers compliance with traffic
rules, the use of mandatory signage in vehicles, the use of personal or collective protection etc., aiming
at safer and more efficient transportation.

KEYWORDS: Transport. Hazardous cargo. Safety.


XIII FATECLOG – OS IMPACTOS DAS NOVAS DEMANDAS PÓS-PANDEMIA NOS SISTEMAS LOGÍSTICOS DAS ORGANIZAÇÕES
FATEC MAUÁ
MAUÁ/SP - BRASIL
1. INTRODUÇÃO
O assunto tratado nesse estudo, sobre o transporte de cargas perigosas, desempenha o
papel de demonstrar a importância de manter a qualidade na supervisão antes, durante e após o
transporte desses materiais, o que afeta diretamente a logística desse processo. Pois, caso seja
feito de forma inadequada pode oferecer muitos riscos, haja vista que, se houver algum acidente
resultará em sérias consequências, podendo causar derramamento de substância inflamáveis e
até mesmo explosões e incêndios.
Nos últimos anos, com a advento da pandemia, tem havido no mercado uma crescente
busca por produtos inflamáveis, como por exemplo, o álcool em gel, o álcool 70% ou afins,
para higienização pessoal e de ambientes, o que ressalta ainda mais a relevância da cadeia e do
transporte eficiente dessas cargas.
Este artigo tem o objetivo de levantar a necessidade e a importância de se obter uma
gestão eficiente e consciente, seja no armazenamento, ou na realização do transporte. A tese
central desse trabalho é que para se obter um processo seguro para todos os envolvidos é preciso
que todas as documentações necessárias estejam em conformidade com as leis vigentes, assim
como, também é fundamental averiguar a situação dos veículos utilizados, visando o
cumprimento das normas de segurança. O objetivo específico desse estudo foi que, para tanto,
deve-se sempre manter a sinalização de tais meios de transporte, com rótulos de risco e painéis
de segurança para que todos venham ter consciência da carga que estão transportando, evitando
acidentes e conscientizando os demais motorista das rodovias.
Para atingir os objetivos propostos, os dados para este estudo foram coletados por meio
de uma pesquisa descritivo-exploratória.
Mattar (2001, p. 23) ressalta que pesquisa descritiva “O pesquisador precisa saber
exatamente o que pretende com a pesquisa, ou seja, quem (ou o que) deseja medir, quando e
onde o fará, como o fará e por que deverá fazê-lo”.
Neste estudo, o processo descritivo visa realizar pesquisas voltadas a logística de
transporte de cargas perigosas, sua importância, e os riscos que essas cargas podem causar,
visando ampliar os conhecimentos na área, entendendo a legislação, e documentações
necessárias. (2001, apud Maxwell, 2011)

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2. EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

É importante ressaltar os conceitos e definições de cargas perigosas e os fatores


preponderantes que envolvem seu transporte.
Segundo o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade
Federal de Santa Catarina – CEPED UFSC (2012, p.6), os produtos perigosos são substâncias
com propriedades físico-químicas que se mau manuseadas podem causar sérios danos como
prejuízos ambientas e a saúde. A carga perigosa é qualquer espécie de material com risco de
acarretar acidentes.
O transporte dessas cargas pode ser a granel, onde os produtos são contidos pelos
equipamentos de transporte ou embaladas/fracionadas, nesse método o carregamento ou
descarregamento é manuseado no transbordo do veículo juntamente com seu conteúdo. Os
produtos perigosos podem reagir quimicamente durante uma operação de transporte,
armazenagem, vazamento ou se entrar em contato com outra substância, até mesmo ar ou água.
(SAUGAWARA, 2018)
Define-se como acidente de produtos perigosos, um evento não desejável, ao longo do
percurso ou não de seu transporte, onde pode haver explosões, liberação de substâncias
perigosas, vazamentos, incêndios, causando danos materiais, físico ou ambientais. As áreas
afetas por acidentes desse porte são consideradas áreas contaminadas. (CEPED UFSC, 2012,
pg. 7)

2.2 TRANSPORTES DE LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

Segundo a instrução técnica N22 do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, líquido
inflamável define-se como líquido que possui um ponto de fulgor inferior a 37,8°C, que também
pode-se chamar líquido Classe I e subdivide-se em:

A) Classe I A = Líquido com ponto de fulgor menor que 22,8°C e ponto de ebulição menor
que 37,8°C (todos os tipos de gasolina).
B) Classe I B = Líquido com ponto de fulgor menor que 22,8°C e ponto de ebulição maior
ou igual a 37,8°C (todos os tipos de álcool).
C) Classe I C = Líquido que possui ponto de fulgor maior ou igual a 22, 8°C e ponto de
ebulição menor que 37,8°C (solventes).

Quanto a sua embalagem a Resolução 5581/2017 da Agência Nacional de Transportes


Terrestres (ANTT), afirma que tais produtos devem ser acondicionados em embalagens de boa
qualidade e suficientemente resistentes para suportar os choques e as operações de
carregamento normalmente presentes durante seu transporte, incluindo transbordo entre
veículos ou equipamentos. Tais embalagens devem ser construídas de forma que, seu conteúdo
não sofra nenhuma reação ou perda quando preparada pra transporte.
Nessa mesma resolução a ANTT afirma que as embalagens internas que contém o
líquido, devem ser colocadas com seus fechos para cima, além de ser acondicionadas dentro de
uma embalagem externa, de modo que, não possam quebrar-se, serem perfuradas ou deixar
vazar seu conteúdo na embalagem externa.

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Conforme o Instituto de Pesquisas em Transporte – IPT em conjunto com a ANTT, é
necessário o cadastramento das rotas das empresas que transportam líquidos inflamáveis, entre
outras cargas perigosas, no Sistema de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos – STRPP,
para que seja feita regulamentação e acompanhamento do transporte desse tipo de material,
visando permitir os usuários atender a legislação vigente.

2.3 SINALIZAÇÕES

A sinalização é muito importante para a identificação do produto que está sendo


transportado.
Conforme procedimentos recomendados pela ONU (2007), as unidades de carga e de
transporte contendo produtos perigosos devem ser sinalizadas com Painéis de Segurança e
Rótulos de Risco.
A identificação para o transporte de cargas perigosas deve seguir as instruções da NBR
7.500.
O Painel de Segurança é composto pelo número ONU e Número de Risco (código
numérico constituído de dois ou três algarismos que indicam a natureza e a intensidade do
risco), podendo apresentar o Risco Subsidiário (risco adicional que o produto perigoso
apresenta). (PEREIRA, 2017)
Segundo a ABNT, o rótulo de risco possui a forma de um losango, geralmente simétrico,
com arestas de do mínimo 10cm e borda mínima de 0,05cm; suas cores de fundo variam de
acordo com o que representam, podendo ser laranjadas, vermelhas, verdes, brancas, azuis ou
amarelas, bem como listradas ou bicolores, conforme exemplo na figura 1. (apud PEREIRA,
2017)
Figura 1: Painel de Segurança e Rótulo de Risco.

Fonte: Resolução N°420, ANTT (2004)

2.3.1 SINALIZAÇÕES DE CARGAS PERIGOSAS

Conforme figura 2, temos um exemplo de sinalização de segurança e rótulos de riscos


que devem ser instalados nos veículos para transporte de cargas perigosas.

Figura 2: Painel de Segurança e Rótulo de risco para Hidróxido de Sódio Sólido.

Fonte: Resolução N°420, ANTT (2004)


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Existe locais específicos para instalar essas sinalizações:

a) Na frente: o painel de segurança, do lado esquerdo (lado do condutor), onde devem


figurar, na parte superior, o número de identificação de risco do produto (número de
risco) e na parte inferior, o número de identificação do produto (número ONU),
conforme instruções complementares do Regulamento para o Transporte de Produtos
Perigosos (RTPP) aprovado pelo Decreto 96.044;
b) Na traseira: o painel de segurança, do lado esquerdo (lado do condutor), idêntico ao
colocado na frente, e o rótulo indicativo da classe ou subclasse de risco principal e
subsidiário (quando houver) do produto;
c) Nas laterais: o painel de segurança, idêntico aos colocados na frente e na traseira, e o
rótulo indicativo da classe ou subclasse de risco principal e subsidiário (quando houver)
do produto, colocado do centro para a traseira, em local visível. (ANDAV, 2016)

Conforme a figura 3, temos um exemplo para melhor entendimento da instalação dos


painéis de segurança e rótulos de riscos.

Figura 3: Instalação dos painéis de segurança e rótulos de riscos.

Fonte: ANDAV (2016)

2.4 DOCUMENTAÇÃO NESCESSÁRIA

Segundo Pereira (2017) para o condutor a documentação necessária é:

A. Carteira de habilitação (CNH);


B. Carteira do Curso de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP).

Segundo a ANDAV (2016) para realizar o transporte de cargas perigosas é necessário portar
algumas documentações como:

- Documento fiscal (Nota Fiscal) da operação com o produto carregado e do serviço de


transporte, quando serviço de transporte for remunerado por frete;
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- Se a venda direta ao produtor, no caso de defensivos agrícolas, receita agronômica;
- Ficha de Emergência;
- Envelope de transporte, que deve conter a FE(s) durante o transporte e estar anexado à Nota
Fiscal;
- Se na Nota Fiscal não constar a declaração do expedidor (impressa) ou carimbada, digitada
ou datilografada e neste caso assinada, deve acompanhar uma declaração de expedição onde
conste que os produtos estão adequadamente acondicionados para suportar os riscos normais
das etapas necessárias à operação do transporte e que atendem a regulamentação em vigor;
- Se o transporte for interestadual de produtos perigosos deve acompanhar licença IBAMA,
conforme IN 05: 2012 e Lei do Ministério do Meio Ambiente Nº 140:2011.
- Demais documentos regulamentados por produto ou operação de transporte. (ANDAV, 2016)

3. ANÁLISE DE ACIDENTE COM TRANSPORTE DE CARGA


PERIGOSA

Dentre os fatores que podem levar ao acontecimento de acidentes destacam-se a falta de


preparo dos condutores. Os motoristas que atuam no transporte de cargas/produtos perigosos
devem obrigatoriamente participar do curso de Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP).
A avaliação de aprendizagem inclui a identificação dos rótulos de riscos e painel de segurança,
os quais identificam o tipo de produto e grau de periculosidade da carga transportada. Os
motoristas também devem demonstrar domínio em relação às técnicas relativas à guarda e
fiscalização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), de tal forma que sejam garantidas
as condições adequadas de uso.
Na ocorrência de acidentes de trânsito envolvendo o transporte de cargas/produtos
perigosos podem ocorrer inúmeras situações e incidentes, potencial e adversamente
modificadores do meio ambiente a partir do rompimento de recipientes, embalagens ou tanques
de acondicionamento, como por exemplo, vazamentos; derrames; lançamentos; disposição;
acúmulo ou empoçamento; infiltração; emissão de poluentes, substâncias, gases ou vapores;
incêndios; explosões, etc. (QUEIROZ et al.)
Conforme figura 4, que demonstra o vazamento de carga perigosa em rodovia, após
tombamento e rompimento de 18 bombonas.

Figura 4: Vazamento de líquido inflamável, após o tombamento de 18 bombonas de


ácido para uso de mineração, em MG.

Fonte: Estado de Minas (2017)

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Segundo o levantamento da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo, através
da Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos do Estado de São Paulo (2020), os dados apresentam que os maiores acontecimentos
que dão origem aos acidentes com cargas perigosas são por colisão/choque com média anual
de 8,9 ocorrências e por tombamento de carga com média de 5,42 ocorrências por ano.

Conforme Gráfico 1, que apresenta as médias e os tipos de eventos que dão origem a
acidentes anualmente.

Gráfico 1: Média anual de acontecimentos que deram origem a acidentes com cargas
perigosas em 2020

Fonte: Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo (2020)

3.1 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÃO DE EMERGENCIA

Em caso de acidentes com veículo carregado com produtos perigosos, o motorista ou


ajudante devem comunicar-se com a transportadora, com o distribuidor e autoridades de
trânsito, utilizando os telefones listados no envelope de embarque. A autoridade que atender o
acidente sobre a via pode pedir ao distribuidor ou ao fabricante do produto a presença de
técnicos especializados no local.
Em caso de acidentes envolvendo derrame de produtos, o distribuidor, o fabricante, o
transportador ou o destinatário do produto podem ser chamados a prestar esclarecimentos, que
forem solicitados pelas autoridades de trânsito. As operações de transbordo de produtos, em
vias públicas devem ser realizadas por pessoal treinado, usando os equipamentos de proteção
individual definidos pelo fabricante, como exemplificado na figura 5, e o fato deve ser
comunicado às autoridades competentes sobre a via. (ANDAV, 2016)
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Figura 5: Profissionais devidamente trajados para atender ocorrência de acidente com
carga perigosa.

Fonte: Estado de Minas (2017)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em geral após pesquisarmos a respeito dos acidentes que envolvem cargas perigosas, os
resultados indicaram que a maior parte destes fatos ocorrem devido à má conservação mecânica
ou documental dos veículos, ausência dos equipamentos de segurança (kits de emergência,
cones, fitas zebradas, placas de perigo, entre outros itens obrigatórios), ou até o
acondicionamento incorreto destas cargas no interior dos veículos. Por tanto, é o resultado da
falta de cumprimento das normas estabelecidas pelas autoridades vigentes durante seu
transbordo em conjunto com o despreparo dos condutores nesta etapa.
Quanto aos processos para a melhoria das condições de transporte desse tipo de carga,
visando significantes reduções no número de acidentes com seu deslocamento, Leal (2019)
afirma que nenhuma medida de controle urbano é planejada nas cidades para protege-las de
possíveis vulnerabilidades nesse processo. Entre tanto, existem ações preventivas para limitar
os riscos da circulação/ estocagem desse tipo de mercadoria, estas que por sua vez estão
fundamentadas em regulamentos rígidos, estudos de perigo e/ou de segurança. Tais
fundamentos exigem prescrição de equipamentos, sinalizações obrigatórias, regras de trânsito,
treinamento de trabalhadores etc.
Leal (2019) ainda cita a Diretiva n°89/391/CEE – Comunidade Econômica Europeia.

A prevenção está consagrada desde 1989 (Diretiva no 89/391/CEE12), em seu item


“a”, do artigo 3, que a define como um “conjunto das disposições ou medidas tomadas
ou previstas em todas as fases da atividade da empresa, tendo em vista evitar ou
diminuir os riscos profissionais”. Propondo no parágrafo 2, do artigo 6, os princípios
gerais da prevenção, muito contemporâneo, pela quantidade de material perigoso que
circula em territórios, cada vez mais urbanos. (LEAL, p.16, 2019)

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Conforme Quadro 1, apresenta-se os nove princípios gerais de prevenção.

Quadro 1: Princípios gerais de prevenção

Fonte: Diretiva n°89/391/CEE, Leal (2019)

Segundo o relatório da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo, através da


Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos do Estado de São Paulo (2020), também é necessário realizar o conhecimento dos
locais de maior incidência de acidentes no transporte rodoviário de produtos perigosos, pois
permitirá a adoção de ações amenizadoras e preventivas, auxiliando na preparação e resposta
no atendimento às emergências com tais cargas.

Conforme Gráfico 2, que demonstra as rodovias de São Paulo com maiores incidências
no ano de 2020.

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Gráfico 2: Média anual de acidentes em rodovias de São Paulo

Fonte: Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo (2020)

De acordo com este levantamento as três rodovias com maiores índices de acidentes com
cargas perigosas são a SP- 021: Mário Covas com uma média de 12,3; SP – 280: Castello
Branco com 11,25 e a rodovia SP – 270: Raposo Tavares com média de 9,5 acidentes por ano.
Por tanto, a partir dessas informações é possível tomar medidas para corrigir as possíveis falhas
que causam tais transtornos nas rodovias e evitar acidentes no futuro.

As ações de prevenção irão permitir despor as necessidades de substanciar equipamentos


em rodovias (câmeras de vigilância, placas indicativas) ou dispositivos de proteção individual
ou coletivo. Pequenas ações em conjunto favorecem a redução de ocorrências danosas ao
território, tais como, marcação, exibição de instruções especificas e implementação da
manutenção de rodovias. O autor discorre a respeito da metodologia de avaliação de redução
de riscos, com base na definição do contexto do evento para poder entender um acidente. A
aplicação deste método cabe as autoridades vigentes que irão quantificar o risco e levantar
possíveis medidas para trata-lo, objetivando limitar as consequências dos incidentes e acidentes,
para não se conduzirem a catástrofes. (LEAL, 2019)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das pesquisas realizadas, foi possível detectar a grande importância no transporte
adequado de cargas perigosas, destacando o transbordo de líquidos inflamáveis. Considerando
a importância da documentação necessária para o transporte, alertando sobre situações de
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emergências, e conscientizando sobre as legislações e normas, para que assim a carga chegue
até o cliente final sem nenhum problema no trajeto. Conclui-se que se faz necessário um
planejamento bem elaborado para evitar acidentes e derramamento de líquidos nas vias.
O artigo cumpriu com os objetivos propostos, visando apresentar o funcionamento dos
processos mais importantes da cadeia de transporte das cargas perigosas, focando na carga de
líquidos inflamáveis.
Este estudo é de grande importância, pois servirá como base para os nossos
conhecimentos e futuros estudos. A análise desse tema nos permitiu conhecer melhor sobre o
assunto, este que se tornou ainda mais importante durante o advento da pandemia de Covid-19
vivenciado nos últimos anos, com o transporte de álcool em gel, álcool 70além de ter nos
permitido aprimorar competências de pesquisas, organização e comunicação da informação.

REFERENCIAS BIBIOGRAFICAS

ABNT NBR 7500:2003/Emd.1:2004- Identificação para o transporte terrestre, manuseio,


movimentação e armazenamento de produtos. Disponível em <
http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-7.500-Simbolos-de-
Risco-e-Manuseio-Para-o-Transporte-e-Armazenamento-De-Materiais.pdf > Acesso em 07
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ANDAV, 2016. In: Manual de Transporte. Disponível em < http://www.andav.com.br/wp-


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ANTT - Agência Nacional De Transportes Terrestres; Diretoria Colegiada, Resolução Nº


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https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=100652 > Acesso em 07 mar. 2021. 18h40.

CEPED UFSC – Centro Universitário de Estudo e Pesquisa Sobre Desastres da Universidade


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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR – MINAS GERAIS; Diretoria de Atividades Técnicas -


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ESTADO DE MINAS. Acidentes com cargas perigosas crescem em Minas gerais. Disponível
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Paulo; Ocorrências no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no Estado de São
Paulo, 2020.

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