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A LEITURA NA ESCOLA:
PERGUNTAS E RESPOSTAS
A prática da leitura transcende a mera decodificação de símbolos, revelando-se como uma interação ativa
entre o leitor e o texto. Este artigo, em formato de perguntas e respostas, explora as nuances dessa interação,
destacando a complexidade do processo de compreensão textual. A leitura é apresentada como uma jornada
interpretativa e reflexiva, na qual cada leitor contribui de maneira única, enriquecendo a experiência ao contex-
tualizar, interpretar e atribuir sentidos ao texto.
Além disso, são discutidas estratégias de leitura antes, durante e depois do processo, bem como o papel funda-
mental do professor na formação de leitores autônomos. Ao abordar a diversidade de leitores e a flexibilidade estra-
tégica, este artigo busca contribuir para uma compreensão mais abrangente e crítica do papel da leitura na educação.
O que é ler?
Ler é mais do que decifrar símbolos; é uma interação ativa entre o texto e o leitor. O texto, em sua materia-
lidade linguística, é incompleto, demandando a contribuição única de cada leitor para ganhar sentido. A leitura
não se resume à simples extração de informações; ela é um processo pessoal e subjetivo, em que o leitor, ao
interpretar, contextualizar e atribuir sentido, enriquece a experiência de leitura. Cada pessoa traz suas experiên-
cias, conhecimentos e perspectivas individuais, moldando a compreensão única que tem de um texto específico.
Assim, a leitura transcende a decodificação de palavras, tornando-se uma jornada interpretativa e reflexiva que
reflete a riqueza da interação entre o leitor e o texto.
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A habilidade de fazer inferências, preencher lacunas de informação e conectar elementos dispersos no texto
também depende desses conhecimentos extralinguísticos. O leitor, ao mobilizar seus conhecimentos prévios,
contribui para a construção ativa do significado, tornando a leitura uma experiência enriquecedora e reflexiva.
Portanto, para compreender textos de maneira profunda e abrangente, é essencial considerar tanto os
aspectos linguísticos quanto os extralinguísticos. Essa abordagem integrada permite uma leitura mais crítica,
contextualizada e informada, capacitando o leitor a ir além da decodificação superficial e a explorar as camadas
mais profundas de significado presentes no texto.
No nível da superfície, estamos lidando com as formulações verbais e as características formais do texto.
Aqui, a extração de informação pode ocorrer mesmo sem uma compreensão profunda, muitas vezes por meio da
repetição literal das frases, revelando uma familiaridade apenas com a estrutura superficial.
À medida que nos movemos para o nível proposicional, entramos em um domínio mais intricado da com-
preensão textual. Esse nível é construído por processos semânticos e sintáticos que gerenciam a compreensão
local e global, permitindo a construção de um resumo mental do texto. Compreender, nesse contexto, significa
articular as proposições sucessivas, criando uma síntese mesmo que uma compreensão profunda do significado
não tenha sido atingida.
O ápice do processo de leitura é alcançado no nível do modelo mental, em que a representação do conteúdo trans-
cende as palavras e estruturas frasais. Aqui, a compreensão é impulsionada pelo conhecimento prévio, e o leitor é capaz de
refletir sobre o que é dito, construindo um modelo mental coerente do conteúdo do texto. Esse modelo vai além da simples
repetição de informações e engloba uma compreensão mais profunda, conectando o novo conhecimento ao já existente.
Quando a compreensão é superficial, o leitor se restringe à extração literal das formulações verbais e das
características formais do texto, comprometendo a habilidade de realizar um resumo competente. Isso evidencia
apenas uma familiaridade com a estrutura superficial do conteúdo, levando o leitor a reproduzir as informações
de maneira mecânica, sem alcançar uma compreensão mais aprofundada.
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Ao operar no nível proposicional, o leitor pode extrair informações, conectar frases e formar um resumo que
reflete a estrutura do texto. No entanto, sem conhecimento prévio do assunto, a avaliação crítica desse conteúdo
fica comprometida. O resumo gerado pode ser competente em termos de reproduzir a organização das ideias no
texto, mas a falta de compreensão mais profunda pode resultar em interpretações limitadas ou mesmo equivocadas.
Por outro lado, quando o processo de compreensão atinge o nível do modelo mental, ocorre uma eficiência
notável, pois o leitor vai além da simples articulação das proposições. Ao atingir esse estágio, o leitor não apenas
entende a estrutura e as proposições do texto, mas também constrói uma representação mais abrangente e co-
erente do conteúdo, já que a compreensão é impulsionada pelo conhecimento prévio, permitindo que avalie e
reflita sobre o que é dito no texto.
Assim, a compreensão de textos é uma jornada que começa na superfície, passa pela construção proposicio-
nal e atinge seu ápice na formação de um modelo mental. Cada nível desempenha um papel crucial na assimila-
ção efetiva do conteúdo, destacando a complexidade e a riqueza do processo de leitura e compreensão textual.
• Estabelecimento de objetivos: Definir objetivos de leitura antes de começar ajuda os leitores a focalizar infor-
mações específicas. Isso direciona a atenção e aumenta a intencionalidade da leitura.
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• Antecipação: Ao antecipar o conteúdo do texto, os leitores criam expectativas e preparam suas mentes para
processar as informações de maneira mais eficaz.
Durante a Leitura:
• Questionamento: Formular perguntas durante a leitura estimula a curiosidade e a busca ativa por respostas.
Isso mantém os leitores envolvidos e atentos ao texto.
• Inferência: A capacidade de fazer inferências durante a leitura permite que os leitores preencham lacunas de
informação, tornando a compreensão mais completa e profunda.
• Monitoramento da compreensão: Estar ciente de sua própria compreensão permite aos leitores ajustar suas
estratégias quando necessário. Se perceberem que não estão entendendo, podem retroceder, revisar ou
buscar esclarecimentos.
• Visualização: Elaborar imagens mentais durante a leitura facilita a consolidação da compreensão, tornando-a
mais vívida e facilitando a memorização.
Depois da Leitura:
• Síntese e recapitulação: Resumir o que foi lido e recapitular as principais ideias ajudam na consolidação do
conhecimento. Os leitores podem organizar e integrar informações para construir uma compreensão global.
• Avaliação crítica: Refletir sobre a qualidade das informações, considerar diferentes perspectivas e avaliar a
confiabilidade das fontes contribuem para uma compreensão mais crítica e refinada.
• Relação texto-contexto: Relacionar o texto ao contexto mais amplo ajuda os leitores a conectar as informa-
ções a experiências pessoais, eventos externos e outros conhecimentos, enriquecendo assim a compreensão.
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Figura 03 – O que ler e como ler em função do grau de autonomia do leitor.
A autonomia do leitor, portanto, desempenha um papel central na escolha das estratégias didáticas. Em
textos alinhados às expectativas, o leitor pode explorar livremente, desenvolvendo seu entendimento de manei-
ra autônoma. Em contraste, textos desafiadores podem exigir uma abordagem mais compartilhada, envolvendo
recursos externos para enriquecer a compreensão.
Adaptar a prática de leitura de acordo com o grau de autonomia não apenas facilita o acesso a uma varie-
dade de textos, mas também promove o desenvolvimento contínuo das habilidades de leitura. É um reconhe-
cimento da diversidade de leitores e uma abordagem personalizada que valoriza tanto a independência quanto
a colaboração na jornada da leitura. Essa flexibilidade estratégica contribui para criar leitores mais confiantes,
capazes de explorar e compreender uma ampla gama de textos de maneira eficaz e significativa.
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Orientar os alunos:
A orientação contínua é crucial para o desenvolvimento de habilidades de leitura. Professores desempenham
um papel vital ao direcionar os alunos na escolha de textos apropriados ao seu nível de competência, incentivando
a exploração de gêneros diversos. Além disso, fornecer estratégias para lidar com textos desafiadores, como a busca
de ajuda em dicionários ou a discussão em grupo, auxilia os alunos a enfrentarem obstáculos com confiança.
Favorecer a leitura autônoma:
O cerne desse modelo é o estímulo à leitura autônoma. Ao proporcionar aos alunos um ambiente que en-
coraje a escolha pessoal de leituras e a aplicação de estratégias aprendidas, promove-se a independência no pro-
cesso. Incentivar a criação de metas de leitura pessoais, permitir a exploração de temas de interesse individual e
proporcionar momentos para a reflexão individual após a leitura são práticas que favorecem o desenvolvimento
da leitura autônoma.
Esse modelo didático não apenas aborda as técnicas de leitura, mas também reconhece a importância do envolvi-
mento ativo do aluno. Ao tornar o processo transparente, orientar de maneira contínua e favorecer a leitura indepen-
dente, os educadores podem criar um ambiente propício para o desenvolvimento de leitores críticos e autônomos. Essa
abordagem não só fortalece as habilidades de leitura, mas também cultivará uma apreciação duradoura pelo ato de ler.
Conclusão
Ao explorar a dinâmica da leitura como uma interação ativa entre o leitor e o texto, este artigo procurou
destacar a complexidade subjacente ao processo de compreensão textual. A análise dos diferentes níveis de
compreensão, desde a superfície até a formação de modelos mentais, revela a profundidade desse empreendi-
mento. Estratégias de leitura emergem como ferramentas essenciais para ampliar a compreensão, permeando
as etapas antes, durante e após o ato de ler. A discussão sobre a autonomia do leitor ressalta a necessidade de
abordagens flexíveis, reconhecendo a diversidade de métodos requeridos para lidar com textos familiares ou
desafiadores. Ao seguir um modelo didático que favorece a leitura autônoma, os educadores têm o potencial de
moldar leitores críticos, incentivando uma apreciação duradoura pela prática da leitura. Em última análise, esse
percurso reitera a ideia de que a leitura não é apenas uma habilidade, mas uma jornada contínua de descoberta
e compreensão, fundamental para o desenvolvimento intelectual e crítico.
Bibliografia
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