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Exame Nacional - História e Cultura das Artes

UNiDADE 1 - A CULTURA DA → Romanos passaram a ser


responsáveis pela expansão da
ÁGORA cultura.

1. Contexto histórico 2. Modelo da cidade grega


(pólis)
As origens da civilização helénica
(grega), encontram-se na cultura X
Exprimindo os príncipios de
minoica e na cultura micénica, tendo
racionalidade, a partir do séc. V a.C.,
assimilado muitos aspetos dessas
Atenas, irá de nir na sua pólis o
culturas.
modelo de urbanismo ocidental. Esta
Apesar de ter as suas raízes nessas
era, por sua vez, formada por um
civilizações anteriores, entre os
conjunto de cidadãos ou homens livres
séculos VII e VI a.C. a civilização grega
que habitavam e governavam o seu
desenvolveu um processo cultural
território. Só eram considerados
original, fundada no desenvolvimento
cidadãos de pleno direito aos homens
do pensamento racional que se
ali nascidos, e lhos de pai e mãe
re etiu na organização da sociedade atenienses.
e da vida pública, nas crenças A cidade irá caracterizar-se
religiosas e na arte. segundo uma diferenciação funcional,
organizando-se em zonas especí cas
Observam-se três períodos de políticas, administrativas, religiosas,
evolução da civilização grega: comerciais, residências, e.t.c,
orientando-se pelo princípio da
• Período arcaico (a.C.700-500 a.C.) funcionalidade, de modo a facilitar o
→ Consolidação política das cidades- seu desempenho e utilização por parte
estado; dos cidadãos. A organização da
→ P ro s p e r i d a d e e c o n ó m i c a e cidade compreende três grandes
proliferação de centros de atividade áreas: Sagrada, Pública (ou ágora) e
artística. Privada

• Período Clássico (c. 500-323 a.C.)


→ Apogeu económico, político e
cultural das cidades gregas (Atenas);
→ Introdução do racionalismo no
ordenamento da cidade;
→ A rmação do ideal clássico de
beleza e perfeição.

• Helenismo (c.323-30 a.C.)


→ Fusão de várias culturas,
corresponde à gradual dissolução da
cultura grega;
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da ágora situavam-se os edifícios mais
● Área Sagrada: Constituída pelos importantes da cidade, destinados às
principais templos e santuários. funções administrativas, judiciais,
Recinto sagrado, muralhado, legislativas, comerciais e religiosas da
situado no local mais elevado da pólis.
cidade.
● Área Pública (ou ágora): Constitui ● Areópago: o conselho judicial e
o centro da vida da Pólis. Praça político que julgava os crimes
pública onde se realizavam as públicos;
atividades políticas e económicas, ● Buleutério: um edifício em
o m e rc a d o , a s a s s e m b l e i a s , a n t e a t ro o n d e s e re u n i a a
integrando teatros, estádios e a assembleia dos cidadãos que
stoa. debatia os assuntos políticos da
● Área privada: Formada pelos cidade;
bairros residenciais normalmente ● Stoa: um edifício alongado e com
organizados sem distinções de uma extensa galeria, destinado a
classes sociais. f u n ç õ e s d i v e r s a s ( c o m é rc i o ,
exposições artísticas, cerimónias
3. A ágora: um espaço público religiosas), aberto ao público
da cidade ● Os templos, santuários e altares
dedicados a deuses e heróis.
A ágora era o centro da vida política,
económica, social e cultural da pólis. A
No templo de Péricles (séc. V a.C.), a
ágora de Atenas desempenhou um
sociedade Ateniense era formada por
papel fundamental na consolidação da
três grupos sociais: os cidadãos, os
democracia e da política da cidade.
A ágora era, por excelência, o metecos (estrangeiros residentes em
lugar do exercício da cidadania, da Atenas) e os escravos.
liberdade e da democracia. À volta
Só os
cidadãos
(homens)
tinham plenos
d i r e i t o s ,
podiam ser
p ro p r i e t á r i o s
de terras e
participar na
vida política da
cidade.
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4. Arquitetura

Foi na arquitetura
que o Homem
pretendeu atingir a
harmonia entre o
Homem e a Natureza,
o equilíbrio entre a
sociedade e o
universo, a união entre
o Homem e os
Deuses. Da mesma
forma que a cidade era
uma estrutura política
participada pelos seus cidadãos, 3. Opistódomos - exerce a função de
também a arquitetura re etiu um câmara do tesouro da cidade, para
sistema racional, fundado nas leis da oferenda aos deuses;
matemática, da geometria, e do 4. Estilóbata - superfície sobre a qual
pensamento racional. o templo está assente;
A principal expressão da 5. E s t e r e ó b a t a - s u p e r f í c i e
arquitetura grega foi o templo e as escalonada;
ordens arquitectónicas, sobre os 6. Peristilo - conjunto de colunas que
quais incidiram as pesquisas técnicas, circundam o edifício e suportam o
morfológicas e estilísticas. entablamento;
Numa fusão do racionalismo, 7. Colunas in Antis
do idealismo e do antropocentrismo,
o templo é um objeto arquitetónico Tipos de templos
com um forte carácter estético, •Tetrastilo: 4 colunas na fachada.
destinado a ser contemplado do •Pentastilo: 5 colunas na fachada.
exterior. Concebido como morada dos •Hexastilo: 6 colunas na fachada.
deuses, é no templo que se concentra •Octastilo ou octóstilo: 8 colunas na
a procura de racionalidade, da fachada.
perfeição e do belo. •Decastilo: 10 colunas na fachada.
•Dodecastilo: 12 colunas na fachada.
→ O templo grego
No traçado do templo são aplicadas as
noções de ordem, proporção e
harmonia pelas quais se deve reger
qualquer composição formal.
Sobre a estrutura do templo:
1. Cella ou Naos - habitáculo da
divindade;
2. Pronaos - pórtico que antecede a
naos;
fl
proporções mais esbeltas,
elegantes e com motivos
→ As ordens
decorativos. A coluna possui base,
1. A ordem dórica (séc. VII a.C.), é a
as caneluras do fuste são
mais simples, com um fuste
semicilíndricas e o capitel é
talhado com caneluras em aresta
desenhado em forma de volutas
viva e o capitel em formato
enroladas em especial. O friso é
troncocónico, herdeiro das colunas
contínuo e com decoração
minoicas. O fuste assenta
esculpida
diretamente no estilóbata. O seu
3. A ordem coríntia (séc. IV a.C.), foi
aspeto robusto e sóbrio, sem
uma evolução da ordem jónica. As
motivos ornamentais, faz associar
suas proporções soa, igualmente,
esta ordem
esbeltas e elegantes, o fuste
a o
decorado com caneluras
carácter
semicilíndricas, mas o capitel
masculino.
apresenta uma decoração mais
2.A ordem
exuberante com folhas de acanto,
j ó n i c a coroadas por voltas jónicas. O
(séc. VI entablamento e o frontão também
a.c.), é apresentam motivos decorativos.
associado Esta ordem integra-se no espírito
ao espírito mais ornamentaste que
feminino e caracterizou o séc. IV a.C. e viria a
apresenta ser muito apreciada pelos
Romanos.
5. A escultura Nascimento do cânone a partir do
Policleto e Praxíteles:
→ Período arcaico •Harmonia entre as partes anatómicas;
Os artistas gregos incidiram as suas •Ligeiro movimento de ombros e
pesquisas na procura da proporção, quadris, o contraposto;
da harmonia e de um ideal de beleza •Altura do corpo igual a sete vezes a
aplicados à morfologia do corpo altura da cabeça.
humano.
O período arcaico foi marcado pelos → Helenismo
Kouroi (plural de Kouros, eram seres Durante o Helenismo o interesse dos
intermédios entre homens e deuses, artistas dirigiu-se à expressão de
eram representações heróicas) e pelas paixão, de sentimento e do afeto, ou
Korai (plural de Koré, eram imagens seja, à exteriorização das emoções,
destinadas a serem colocadas nos dando preferência a composições
santuários ou túmulos), guras complexas, desequilibradas e com
representadas num estilo hierático, uma acentuada expressão dramática
sóbrio, e frontal herdado da estatuária
egípcia que, no entanto, já sugeria 6. A cerâmica
alguma expressividade.
→Estilo Geométrico
→ Estilo severo ● Decoração com motivos e padrões
No séc. V a.C. a gura humana geométricos: linhas retas, quebradas
começa a apresentar movimento e um e onduladas, triângulos e losangos,
maior domínio das proporções; a sua ziguezagues e suásticas, etc.
expressão austera, séria e ● A partir do século VIII a.C.,
contemplativa faz designar estas introdução de animais e guras
estátuas de estilo severo. humanas em silhuetas estilizadas.
O domínio da fundição de bronze →Estilo Arcaico
também favoreceu a representação de ☞Fase orientalizante
guras de atletas e divindades de • Cenas de carácter mitológico;
acordo com o novo gosto. • Representação de animais
A mitologia e as façanhas fantásticas mitológicos com guras mitológicas
de deuses e heróis dominam a híbridas;
temática da escultura. • Aplicação de decoração vegetalista;
• Técnica da incisão para de nição de
→ Período clássico detalhes e elementos expressivos.
A escultura atinge o seu expoente com
uma série de obras-primas que
de niram o período clássico, desde
logo, nos frontões frisos e meto-as do
Pártenon, executados por Fídeas,
onde dominava o movimento, a
expressividade e o naturalismo das
guras.
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☞Figuras negras ● Decoração de interiores domésticos;
• Elementos gurativos a negro sobre ● Pintura de templos - elementos
o fundo vermelho do barro; arquitectónicos e baixos-relevos;
• Figuras traçadas em silhueta ● Pintura de estátuas;
estilizada; pormenores de nidos com ● Pinturas funerárias na decoração de
a técnica de incisão de estilete; túmulos.
• Temas mitológicos;
• Maior naturalismo e expressão. → Pintura a fresco
• Decoração de interiores das
habitações com pinturas a fresco;
• Fundo pintado a negro com
→ Período clássico elementos gurativos a vermelho;
☞Figuras vermelhas • Aproximação à tridimensionalidade -
• Fase de elevada qualidade técnica, efeito de perspetiva;
plástica e expressiva; • Modelação dos volumes através da
• Fundo pintado a negro com transição claro-escuro;
elementos gurativos a vermelho; • Temas mitológicos, paisagens e
• Naturalismo das guras e dos cenas do quotidiano.
cenários de enquadramento;
• Temas mitológicos, cortejos e cenas
do quotidiano.
→ Funções
•Deposição das cinzas dos defuntos;
•Armazenamento de produtos
alimentares;
•Transporte comercias de produtos;
•Conservação e armazenamento de
óleos, perfumes e cosméticos;
•Utilização em rituais religiosos;
•Utilização como recipiente para beber
vinho.

7. A pintura
No séc. V a.C. registou-se uma
assinalável evolução nas técnicas e
sistemas de representação, com o
aumento do realismo, o domínio do
movimento e uma maior
expressividade das guras. Os
temas favoritos são as cenas
alegóricas e mitológicas, o
quotidiano, as paisagens e as
natureza mortas.

→ Aplicações da pintura
● Cerâmica pintada;
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2. A CULTURA DO SENADO •República foi proclamada em 510
a.C.

1. Contexto histórico •A República era um sistema político
→ Origens de Roma com um governo de representação
Fundada em 753 a.C. enquanto a popular (os seus delegados eram
Grécia estava em meados do seu eleitos pelo povo). Tratava-se de um
período arcaico. No entanto, enquanto sistema político em que a
a Grécia era formada por várias administração da cidade e do território
cidades-estado, Roma era apenas, no se fundava no Senado – que exercia o
início, uma única cidade.
poder legislativo, tornando-se o órgão
Roma passou de Monarquia (no mais importante -, ao qual se juntavam
tempo dos Etruscos) à República os magistrados e o exército. No
(entre o nal do séc. IV e o séc. I a.C) e Senado, só tinham assento os
desta ao Império no séc. I a.C/d.C., cidadãos ricos, os patrícios.
com Octávio Cesar Augusto, que teve
um papel fulcral na história de Roma,
→ O Senado
levando-a à sua época de ouro.
O Senado foi o maior e único órgão
Octávio foi responsável pelos
permanente da estrutura política do
seguintes aspetos de governação:
Povo Romano, desde a Monarquia até
- O militar, continuando as conquistas
ao m do Império. Inicialmente era
e estabelecendo a paz romana ou a
construído por ex-magistrados de
paz armada a todo o território;
origem patrícia (ser senador era o topo
- O político, reformando o aparelho
da carreira das honras) e detinha
administrativo e reduzindo os poderes
funções máximas da governação de
do Senado e das magistraturas,
Roma: ordinárias (politica externa,
reforçando a sua autoridade com a
decidir a paz e da guerra,
criação do Conselho Imperial e da
administração das nanças…) e
Guarda Pretoriana;
extraordinárias (suspender tribunais,
- O social reorganizando a sociedade
intervir no governo das províncias, na
segundo o sistema censitário (o que
gestão do exército…).
cada um pagava de impostos,
colocava-o em diferentes categorias
•No Império, o seu número foi reduzido
para poder ocupar cargos políticos,
de novecentos para trezentos
administrativos e militares) o que
senadores e as suas funções
permitiu estabelecer a paz social;
passaram a ter caracter legislativo e
- O cultural, proporcionando o
deliberativo na administração local em
desenvolvimento das artes e das
Roma, na Itália e nas províncias
letras, protegendo artistas e sábios e
paci cadas, quanto à administração
patrocinando importantes e numerosas
central, as suas funções passaram a
obras públicas (estradas, fóruns,
ser só consultivas.
bibliotecas públicas, templos, …);
- E o religioso, vinculando o culto do
•As reuniões do Senado realizavam-se
imperador à religião tradicional (e, por
na Cúria, onde a palavra, a retórica ou
isso, pôde ser eleito sumo pontí ce,
a arte de bem-falar era a condição
interpretar a vontade dos deuses e
fundamental para o sucesso dos
controlar a ação dos sacerdotes).
oradores, para a facilitação da
discussão e para o sentido das
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deliberações. Do contacto com os
Gregos, os Romanos aprenderam a
arte de falar.

2. Arquitetura romana

→ Romanização
• Desenvolvimento urbano segundo o
modelo de Roma;
• Construção de edifícios públicos e
privados segundo os padrões da
arquitetura clássica
• Incremento de infra-estruturas:
estradas, pontes, aquedutos, redes devendo a construção e o urbanismo
de águas e esgotos; estar ao serviço do bem comum e do
• Difusão dos costumes romanos: desenvolvimento civilizacional, mas
termas, jogos, teatro, religião, também a grandiosidade, devendo a
alimentação e vestuário; arquitetura enaltecer e manifestar o
• Adoção do latim como língua o cial. prestígio do Império. A arquitetura
→ Características romana, resultou de uma assimilação
A arquitetura romana foi um dos de elementos de duas culturas: a
maiores legados que a civilização etrusca e a grega.
romana deixou ao mundo ocidental, Dos Etruscos, os Romanos
sendo, talvez, o que melhor herdaram o emprego do arco de volta
testemunha o seu carácter, pelo perfeita e da abóbada na resolução de
pragmatismo, racionalismo, problemas estruturais; e, também o
funcionalismo e utilitarismo que a tipo de templo elevado sobre um pódio
caracterizou. Estradas, pontes, proeminente.
aquedutos, basílicas, termas, A principal herança grega na
an teatros, templos e circos foram arquitetura deu-se através da
espalhados pelas províncias, apropriação das ordens
constituído não só um veículo de arquitectónicas, com a preferência
difusão de toda uma cultura, como pela ordem coríntia, mais
também foram um instrumento
político de a rmação de
grandiosidade e da soberania do
Império sobre todo o mundo
mediterrânico.
A arquitetura romana foi
sistematizada na obra De Architetura,
de Vitrúvio, o primeiro tratado, a
chegar até nós. Aqui, o arquiteto
estabelece as bases da edi cação
arquitectónica: solidez, utilidade,
beleza e decoro.
Um dos maiores valores da
arquitetura romana foi a utilidade,
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estandardização da
construção, cuja dinâmica
voltaríamos a veri car, na
Revolução Industrial no sséc.
XIX.

→ Fórum
ornamentada, e com a
criação de duas novas
O fórum como espaço
ordens: a toscana, uma evolução da
retangular com uma escala
ordem bórica mas sem estrias no monumental e funções
fuste, e a compósita, numa fusão da propagandísticas de representação
ordem jónica com a coríntia. do poder imperial integra os
Uma das maiores contribuições edifícios mais importantes da
para as tecnologias construtivas foi o administração, bem como templos
opus caementicium, uma argamassa e basílicas.
formada por areia, cal, cascalho e
água introduzida numa cofragem para → Tipos de edi cios/monumentos
formar os muros e as paredes. Esta ☞Arcos de Triunfo
“pasta” possibilitava uma grande Originalmente construídos em madeira,
versatilidade construtiva, como celebravam o regresso de um exército
paredes arredondadas, coberturas vitorioso, porém, mais tarde
em abóbada e cúpulas. assumiram uma forma monumental e
Em termos de técnicas, o arco passaram a ser construídos em pedra,
de volta perfeita e a abóbada de servindo de suporte a um conjunto de
berço foram a grande inovação, relevos alegóricos com uma função
permitindo a construção de estruturas comemorativa. Continham o arco de
mais arrojadas, grandiosas e volta perfeita e a abóbada de berço.
funcionais.
Por outro lado, as ordens ☞Panteão de Roma, 125 d.C.
arquitectónicas adquiriram um
carácter mais decorativo do que
estrutural e sem preocupações de
forma, medida ou proporção. A ordem
coríntia foi a mais utilizada, mas
nasceram duas novas: a toscana e a
compósita.
E, as novas tecnologias, os
novos sistemas de construção e os
progressos a nível da engenharia
permitiram, por um lado, execução de
edifícios a uma escala nunca antes
alcançada, por outro lado, esta foi a
• Tr a ç a d o g e o m é t r i c o c o m
civilização que, pela primeira vez,
propriedades simbólicas;
conseguiu racionalizar meios, • Construção com uma escala
materiais e mãos de obra, numa monumental, evidenciando o
economia de recursos e de
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carácter propagandístico da
representação do poder imperial;
• Utilização retórica da linguagem
clássica da arquitetura(as ordens
arquitectónicas e todo o vocabulário
clássico na arquitetura é usado
como uma função decorativa e
ornamental, visando caraterizar o
edifício como um distinto
representante do poder imperial):
pórtico colunado, frontão e utilização
de ordens arquitectónicas com
funções decorativas;
• Aplicação de sistemas e tecnologias
construtivas que permitem edi car a
maior cúpula jamais construída até
então. 3. Escultura romana
No retrato, os romanos preferiram a
☞Arquitetura civil: basílicas, tribunais, representação realista e expressiva, de
cúrias, mercados, domus, villae; modo a traduzir a personalidade do
☞Arquitetura do lazer: termas, indivíduo, os traços psicológicos, e a
teatros, an teatros, circos; enaltecer o carácter a honra e a glória
☞Arquitetura religiosa: templos, dos homens.
santuários e altares;
☞Arquitetura comemorativa: → Tipos de escultura romana
“arcos de triunfo” e colunas ☞Estátuas públicas;
☞ Estátuas equestres;
triunfais;
☞ Retratos;
☞A r q u i t e t u r a f u n e r á r i a : ☞ Frisos em baixo-relevo em “arcos
Mausóleus, túmulos, capelas. de triunfo”, colunas triunfais, altares,
sarcófagos e estrelas funerárias.
→ Urbanismo romano
• Carácter monumental e → Características da estatuária
propagandístico; pública
• Traçado segundo uma malha de ruas ☞ Fusão do realismo com a
ortogonais com quarteirões; idealização de inspiração helenística;
• Estrutura articulada a partir de duas ☞ Representação realista dos traços
r u a s p r i n c i p a i s : o c a rd o e o sionómicos, expressivos e
desumano; psicológico;
• O Fórum com centro de toda a vida ☞ Estátuas públicas de imperadores,
cívica e urbana, na interseção das chefes militares e senadores visam a
ruas principais; glori cação dessas guras;
• Integração de equipamentos ☞A representação de imperadores
públicos e infraestruturas. assume um caráter divino, o Homem
equiparado aos deuses.
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→ Funções atribuídas à escultura 4. Pintura e mosaico
romana
☞Exaltar o prestígio do Império, A pintura e o mosaico são as
assumindo um caráter expressões artísticas que melhor
propagandístico; re etem os padrões de vida e o
☞ Glori car o poder imperial, quotidiano dos romanos. Para além de
atribuindo-lhe um poder divino; animar a arquitetura com composições
☞ Consagrar os heróis e glori car os fantasistas, expressivas e
chefes políticos e militares; plasticamente criativas, a pintura
☞E t e r n i z a r a m e m ó r i a d o s enriqueceu cenogra camente os
antepassados. ambientes e ampliou os espaços
através de efeitos ilusionistas e de
→ Características do retratos perspectivas.
☞ In uência da tradição da escultura Os principais assuntos tratados
etrusca e helenística; foram as cenas mitológicas, os temas
☞ O retrato associado ao culto históricos, as paisagens, as naturezas-
doméstico dos antepassados nos mortas e o retrato. A pintura foi
altares nas domus; organizada em “quatro estilos”
☞ O retrato como re exo do evolutivos, que vão desde a simples
individualismo e da valorização do imitação de revestimentos em
caráter e da personalidade; mármore, até às composições mais
☞Interesse em perpetuar a memória complexas de ilusões arquitectónicas
do indivíduo: imperadores, chefes e cenas gurativas com forte realismo.
militares, magistrados, senadores,
patrícios, chefes de família; → Estilos da pintura romana
☞R e p r e s e n t a ç õ e s c o m g r a n d e ● Primeiro estilo: Também designado
realismo e preocupação pelas de Incrustação, a parede é pintada e
características sionómicas e moldada em estuque para imitar
psicológicas do indivíduo; blocos de alvenaria, sem cenas
☞Enaltecimento das virtudes e gurativas. Remonta ao século II a.C. e
qualidades cívicas do retratado: vai até cerca de 80 a.c.
honra, dignidade, experiência,
respeito, e.t.c.

→ Características dos baixos-


relevos
☞Representações narrativas de
episódios históricos e temas
mitológicos;
☞Estilo realista e objetivo;
☞Tratamento do espaço com efeitos
de perspetiva;
☞Enaltecimento de individualidades,
das suas qualidades e virtudes;
☞Carácter propagandístico do Império
e dos seus protagonistas.
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● Segundo estilo: Também designado ● Quarto estilo: Também designado
por Arquitetural, apresenta por Estilo Intricado, é um estilo
habitualmente vistas de ilusionismos pictórico mais extravagante,
arquitectónicos. Vai de 80 a.C. até à exibindo toda a paleta de idiomas
morte de Augusto, a 14 d.C. decorativos. Vai do ano 60 a 79 d.C.

→Técnicas da pintura romana


☞ Pintura a fresco - esta técnica
consiste na aplicação de pigmentos
(cores) diluídos em água sobre a
parede revestida com uma camada de
● Terceiro estilo: Também designado gesso ainda húmida. Após secarem, as
por Estilo Ornamental, as vistas dão cores xavam e produziam o resultado
aqui lugar a um delicado esquema plástico e expressivo pretendido pelo
decorativo, concentrado em artista.
ornamentos formais. Surge no ano
10 a.C. ☞Encaústica sobre madeira -
Consistia na diluição dos pigmentos
em cera derretida, assegurando uma
maior conservação da pintura.

☞Mosaicos - ladrilhos de cerâmica,


vidro ou pedra em revestimentos de
paredes e pavimentos.

→ Funções da pintura romana


☞Função decorativa;
☞Função simbólica;
☞Função alegórica.
fi
→ Características da pintura paredes, o que é mais raro, e até
romana utilizado para cobrir abobadas, tetos.
Do ponto de vista temático
encontra-se a mesma variedade que
☞Animação dos espaços interiores
com efeitos ilusionistas de se encontra na pintura, cobre um leque
perspetiva; variadíssimo de temas e de formas.
Muito frequentemente é utilizado
☞ Enriquecimento cenográ co dos
ambientes interiores; decoração puramente geométrica,
encontramos muitos motivos
☞ Expressão do luxo, do requinte e do
conforto que os Romanos fruíam na mitológicos e, tal como na pintura,
sua vida privada; com imensa criatividade. Encontramos
também muitos motivos animais,
☞ Simulação de cenogra as
arquitectónicas criando a ilusão de motivos de caçadas, há também uma
profundidade; tendência como na pintura em
compartimentar o espaço. Tendo o
☞ Representação de guras, objetos e
ambientes com grande realismo. Império Romano uma parte
substantiva do seu território ao pé do
mar, encontram-se muitos motivos
→ Principais centros de pintura marítimos. Por m encontramos
☞Pompeia; representação humana
☞ Herculanum.

→ Mosaico
O mosaico atingiu no contexto
da civilização romana um estatuto de
importância que não tinha tido até
então, que com o tempo
desaparecerá(não durante o período
romano).
Um mosaico é uma composição
pictórica feita a partir de pequenas
unidades/peças que se chamam
tesserae (tesselas) que podem ser
feitas de pedra, utilizando as várias
cores que a pedra tem. Em alguns
casos raros encontram se também
feitas de matéria cerâmica e de vidro,
muito raramente de metal.
Os mosaicos podem ser a preto
e branco ou policromos, encontram-se
em contexto doméstico como em
edifícios públicos seculares e edifícios
públicos religiosos. O mais frequente é
ser utilizado para cobrir o chão, mas
também o encontramos para cobrir
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UNiDADE 3 - A CULTURA DO trabalho, a oração e a dedicação
exclusiva de Deus.
MOSTEiRO São Bento de Núrsia foi quem
estabeleceu um conjunto de normas e
1. Contexto histórico regras dessas comunidades em
→ Os espaços do cristianismo mosteiros, sendo a maior referência
A queda do império romano foi para a estrutura funcional destes
um processo que se desenvolveu ao edifícios o Mosteiro de São Galo.
longo de mais um século. A partir do → Regra beneditina
século III o império entrou em gradual Portanto, os monges deviam
decadência motivada por intrigas e obedecer a um abade e cumprir um
conspirações políticas e uma conjunto de tarefas e deveres,
acentuada crise económica. perfeitamente ordenados, para que a
Con itos internos e uma vida no mosteiro decorresse em
permanente instabilidade resultaram completa autonomia em relação ao
após a morte de Teodósio na divisão mundo exterior.
do Império entre Império do Ocidente e A regra valorizava:
Império do Oriente, o que acabou por • A meditação e a oração;
desencadear a sua desagregação. • O trabalho manual como um “serviço
Em 305, o Imperador de deus”, onde os monges deviam
Constantino subiu ao poder (em entregar-se aos trabalhos mais
bizâncio), invadindo a Itália (em 312) e diversos, tais como o cultivo dos
desencadeando lutas pela uni cação campos, a criação de gado, as
do Império. o cinas e o trabalho artesanal, o
Constantino veio a tomar refeitório e a enfermaria, o estudo e a
decisões com consequências no cópia de manuscritos.
colapso do Império e na evolução da Isto tudo garantia a auto-
História da cultura e da arte ocidentais: su ciência a toda a comunidade.
• A o cialização do Cristianismo
como religião do Império (em 313); → Áreas de intervenção cultural
• A transferência da capital do Império Os mosteiros converteram-se
para Bizâncio (em 323), que passou não só em in uentes centros de poder
a chamar-se Constantinopla. político e económico, devido ao
domínio de vastas regiões que
2. Mosteiro estavam sob a sua soberania, mas
→ Monaquismo também em centros dinamizadores da
O monaquismo tinha como economia (agricultura, artesanato e
propósitos, os mesmos de Jesus comércio) e importantes centros
Cristo: culturais e artísticos, fruto do estudo
• Alcançar o aperfeiçoamento nas suas bibliotecas e do trabalho de
espiritual; produção e cópia de manuscritos nos
• Aprofundamento das virtudes cristãs; scriptoria.
• União Mística com Deus. As ordens monásticas também
Com isto, os mosteiros estavam recebiam doações por parte dos
isolados da sociedade. Os monges senhores feudais, e eram locais onde
eram aqueles que viviam solitários, em se prestava o tratamento a mendigos,
silêncio, cultivando a austeridade, o assistência a pobres e o acolhimento a
p e re g r i n o s , b e m c o m o p o d i a m
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hospedar reis, nobres e entidades junto das esferas do poder, onde
clericais em visita ou passagem. eram solicitados para representações
do poder político e para nomeações
3. Caso Prático - Canto de cargo público;
gregoriano • As chancelarias régias foram das
• A mais antiga manifestação musical funções mais importantes que os
do Ocidente, é um género de música membros do clero foram chamados a
vocal utilizada para desempenhar;
acompanhamento do ritual da liturgia → São Bernardo - Biogra a
cristã; • São Bernardo foi o maior
• É um cantochão executado por impulsionador da Ordem de Cister;
grupos corais em uníssono e em • São Bernardo critica o excesso de
linhas de melodias vocais riqueza da maioria das comunidades
monofónicas, representando o fervor monásticas, rejeita totalmente
religioso do Homem medieval; qualquer ligação ao mundo profano,
• Eram cantados sem excluo qualquer tipo de admiração à
acompanhamento instrumental, em beleza exterior das coisas e cena a
r i t m o l i v re e s e m d i v i s ã o d e utilização de imagens pictóricas ou
compasso. escultóricas nas igrejas.
• São Bernardo preconizou uma arte
i c o n o c l a s t a , s e m f re s c o s n a s
4. Sínteses, biogra a e paredes, imagens ou decorações
acontecimento escultóricas, recusou o excesso
→ Guardiães do saber - Síntese decorativo, defendendo a
• A uma grande maioria da população austeridade dos altares, impôs a
ser analfabeta e inculta, eram os sobriedade arquitectónica e
membros da classe eclesiástica que defendeu que a arquitetura devia
dominavam a leitura e a escrita. re etir a simplicidade, o
Deste modo, constitui-se então um deslocamento e a pureza própios da
grupo privilegiado na sociedade Ordem Cisterciense.
feudal, cujo poder e prestígio vem → Coroação de Carlos Magno -
simplesmente do facto de saberem Acontecimento
ler e escrever; • Atribuição a Carlos de Magno da
• Com isto, não só a igreja cristã se qualidade de herdeiro dos
converte na mais importante imperadores romanos;
autoridade junto das populações e • Reconhecimento de Carlos Magno,
da nobreza, como também os pelo Papa, como suprema
mosteiros se tornam verdadeiros autoridade sobre todo o mundo
centro culturais, autênticos guardiães cristão, instituição de Carlos Magno
do saber; como legítimo herdeiro dos
• Nos mosteiros criaram-se imperadores romanos, aspiração a
bibliotecas, formaram se escolas e restaurar o Império Romano do
fundaram a scriptoria. Ocidente, uni cação de todo o
→ Poder da escrita - Síntese Ocidente cristão sob um mesmo
• A escrita e a cultura convertem-se poder temporal e espiritual.
num “poder”, restrito a esta elite
clerical, acabando por elevar o seu
estatuto social e o reconhecimento
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5. A formação da arquitetura • Uma religião de características
cristã c o n g re g a c i o n a i s p re c i s a v a d e
espaços amplos para reunir grandes
grupos de crentes;
O período designado como • Edifício público laico e sem
paleocristão refere-se à produção referências aos cultos pagãos;
artística dos primeiros cristãos, que • A sua organização espacial axial
coincide certamente com o Império favorecia a concentração da atenção
Bizantino. Enquanto que o período do público sobre o altar onde se
paleocristão desenvolveu se na parte devia celebrar a Eucaristia;
ocidental do Império, a arte bizantina • Planta basilical: o espaço
desenvolveu-se na parte oriental do organizava-se em cinco naves
Império. separadas por colunatas e
A arte bizantina integrou, então, direcionadas para a cabeceira, em
elementos gregos e orientais na cultura cuja abside se situava o altar. Uma
cristã, enquanto que os reinos cristãos nave perpendicular, o transepto,
fundados na parte ocidental do separava o espaço profano do
Império a partir de 476 não só espaço sagrado, reforçando a
herdaram a cultura tardorromana e divisão entre sacerdotes e éis. O
paleocristã como vieram a transformá- edifício era antecedido pelo nártex,
la numa cultura feudal e monástica ao uma antecâmara que dava acesso ao
longo da Idade Média. atrium.

→ Basílica romana → Tipologias de edifícios cristãos


A basílica romana foi o edifício • Batistérios;
romano que serviu de referência para a • Martyria;
criação da igreja cristã, tendo como • Mausoléus.
características:

O império bizantino resultou da fusão


de três culturas: a cultura
greco-romana, pelas origens
que a motivaram; a cultura
oriental, pelas in uências que a
determinaram; e a cultura
cristã, que constitui o seu
fundamento.
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→ Igreja de Santa So a - Herança espaço octogonal coroado por uma
da matriz antiga cúpula;
• Utilização do arco de volta perfeita, • Fusão de duas estruturas: planta
da abóbada de berço e da cúpula; basilical e planta central.
• O desenho da planta circular, da
forma quadrada e em cruz grega, → Arquitetura carolíngia
com absides laterais e cúpula central • Fusão da cultura latina com a
• Evidencia a planta basilical romana; tradição germânica e a plástica
• A estrutura desta igreja representa bizantina.
simbolicamente a união do Império
com a igreja, ou seja, da Terra com o 7. Arquitetura românica
Céu. → Características
• A nave axial paleocristã forma, no • Preponderância da arquitetura
centro, um quadrilátero coroado por religiosa;
uma enorme cúpula apoiada nas • Planta de cruz latina com transepto
extremidades por outras cúpulas de saliente;
menor dimensão. • Organização axial do espaço com
três ou cinco naves, direcionado
para a cabeceira;
• Principais espaços: nártex, naves
central e laterais, transepto,
cruzeiro, cabeceira com capela-
mor, deambulatório e capelas
radiantes;
•Edi cios robustos, de muros
maciços reforçados por
contrafortes;
•Utilização do arco de volta
perfeita, abóbadas de berço e de
aresta;
6. Arquiteturas cristãs - Tópicos
→ Arquitetura paleocristã
• Edifício da igreja criado a partir da
tipologia da basílica romana;
• Planta axial de três ou cinco naves
direcionada para a cabeceira;
• Principais espaços: nártex, naves
central e laterais e abside

→ Arquitetura Bizantina
• Evidência da matriz antiga baseada
na utilização do arco de volta
perfeita, da abóbada de berço e da
cúpula;
• Edifícios religiosos de planta central
com deambulatório em torno de um
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• Pilares robustos, compostos por
colunelos adossados;
• Alçado da nave formado pela arcada,
tribuna, trifólio e clerestório;
• Utilização do zimbório, uma torre
piramidal sobre o cruzeiro;
• Luz interior difusa a partir de
rosáceas e janelões na fachada
ocidental, do clerestório ou de → Igreja românica
frestas nas paredes laterais.
A igreja românica é a
A arquitetura românica representação de toda a criação divina
manifestou-se, principalmente, em três sobre a Terra:
tipos de edifícios:
→ Igrejas •é um edifício com uma forte carga
Para a celebração dos serviços simbólica;
religiosos, para a guarda das relíquias
dos Santos e para receber os éis em •possui formas e linhas simples e
peregrinação. puras;
→ Mosteiros
•exprime robustez na sua construção e
Eram autênticas «cidades de Deus»,
muros com escassas e pequenas
onde habitavam as comunidades
aberturas;
monásticas, produzindo e
«guardando» o conhecimento e a
•utiliza e repete os mesmos elementos
cultura.
construtivos;
→ Castelos
Eram as residências forti cadas dos •as formas volumosas, maciças e
senhores feudais e os símbolos do austeras são a a rmação de Deus –
poder político sobre um determinado fortaleza da humanidade.
território. Os interiores dos edifícios
Qualquer que fosse a sua tipologia ou apresentam ambientes austeros e
função, os edifícios românicos obscuros, contribuindo para as
assumiram uma característica comum: atmosferas de mistério e misticismo
manifestar o poder absoluto de Deus. que caracterizavam a cultura românica.
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As paredes interiores serviam de capitéis, nas arcadas, nos claustros e
suporte à pintura e à escultura, nos restantes elementos
expostas com uma função arquitetónicos.
pedagógica: ensinar e orientar os éis
para as Verdades da Fé. → Características temáticas
• Cristo Pantocrator (Cristo em
Majestade) na mandorla mística;
8. Românico em Portugal • Visões do Apocalipse e do Juízo
Final;
A instabilidade dos tempos • Representação do tetramorfo -
durante os quais se desenvolveu a simbolismo dos quatro evangelistas:
arquitetura românica em Portugal São Marcos, o leão; São Mateus, o
também se re etiu nas formas sóbrias anjo; São João, a águia; e São
e austeras dos edifícios e nas paredes Lucas, o touro;
sólidas e espessas que quase • As vidas dos santos;
pareciam fortalezas. • Representação do paraíso e do
As igrejas, torres e adros inferno, a dicotomia entre o bem e o
murados serviam ao culto e refúgio mal, entre justos e condenados;
das populações face aos ataques de • Te m a s d o b e s t i á r i o m e d i e v a l ,
mouros e castelhanos. sobretudo nos claustros;
A arquitetura românica que • Capitéis decorados com motivos
marcou todo o território português é geométricos, vegetalistas ou animais
caracterizada por igrejas rurais de míticos;
linhas simples, com uma decoração • Colunelos esculpidos com grande
reduzida aos capitéis, às colunas e variedade de motivos com uma
arquivoltas dos portais, não podendo carga simbólica - recurso a relevos
nunca apresentar a imponência das vegetalistas, animalescas e à gura
igrejas francesas, germânicas ou humana imperfeita;
espanholas • Arquivoltas decoradas com motivos
Os dois principais materiais gurativos e geométricos.
utilizados foram o granito (mais
precisamente no norte) e o calcário
(predominou-se em Coimbra).

→ Características comuns
• Robustez formal;
• Emprego de pedra aparelhada;
• O arco de volta perfeita;
• Decorações esculpidas em relevos
com função pedagógica;
• Aplicação de cachorradas nas
cornijas.

9. Escultura românica
A formação da arquitetura romana está
ligada ao desenvolvimento da
escultura monumental nos portais, nos
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→ Características formais e → Culturas artísticas que
plásticas in uenciaram a plástica bizantina
• Integração da escultura na • A técnica do mosaico romano;
arquitetura, adaptando-se aos • A tradição do mosaico das culturas
espaços a que se destinam; orientais;
• Importância dos baixos-relevos dos • A pintura parietal das catacumbas no
tímpanos - o portal como porta de período paleocristão.
entrada no mundo sagrado;
• Os portais e os claustros como → Mosaico bizantino
roteiros da ascese, isto é, como • Paredes revestidas por painéis de
espaços privilegiados para a busca mosaicos, compostos por tesselas,
do aperfeiçoamento espiritual; preenchendo totalmente as paredes
• A escultura como função pedagógica interiores das igrejas;
e doutrinal, representações de ideias, • Figuras representadas de frente
conceitos e valores morais da igreja; numa superfície planimétrica;
• Representações estilizadas, as • As guras apresentam-se suspensas,
guras adaptam-se aos espaços sem volume nem perspetiva, numa
(tímpanos, capitéis) em que se concepção abstrata do espaço;
situam, esticam e encolhem, • Valoriza-se o caráter simbólico e
acentuando a sua espiritualidade; espiritual das composições,
• Rigidez nas posições, gestos sugerindo um mundo místico e
formais, poses hieráticas e atitudes sobrenatural.
majestáticas;
• As guras representadas numa
perspectiva hierárquica - Cristo
Pantocrator maior do que as
restantes.

10. Artes da cor

Nos primórdios do
cristianismo, a natureza abstrata,
invisível e inefável de Deus,
dispensava o suporte das imagens,
ou seja, a arte já não interessava → Pintura românica
representar a realidade, mas sim voltar • Integração da pintura moral na
a assumir a função que já tivera nas arquitetura religiosa;
culturas pré-clássicas. • Conceção dos temas com o objetivo
Foi nas catacumbas que da difusão da doutrina cristã, como
surgiram as primeiras manifestações se tratasse de um “texto visual”;
de arte cristã, contudo, se o conteúdo • Acentuação do carácter
do repertório é simbólico e alegórico, bidimensional das guras e da
os elementos utilizados ainda remetem composição;
para a pintura de Pompeia. • Aplicação da cor a cheio, plana,
quase sem matizados ou
sombreados.
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que se dirigia, cada vez mais, a um
público mais exigente e culto;
•Os mosteiros assumiram o papel
dos “guardiães do saber”;
• A cópia de manuscritos antigos
também permitiu conservar a
herança cultural greco-romana e
preservar os pensamentos dos
Antigos.

→ Importância da cor
• A cor desempenhou um papel muito 10. A Europa sob o signo de Alá
relevante, criando ambientes de
deslumbramento nos interiores da → Importância da cultura islâmica
igreja; como ponte entre a Antiguidade e
• Desenvolveu programas o Ocidente
policromáticos resplandecentes e de A cultura islâmica herdou o
grande efeito plástico; legado cultural greco-romano,
• Cores intensas e vibrantes desenvolvendo as letras, a ciência e a
contribuíram para a sublimação do loso a. Os muçulmanos mantiveram
espaço sagrado; uma vida urbana ativa enquanto o
• Uma vez que as representações não Ocidente permaneceu rural e feudal.
podiam criar efeitos ilusórios, coube
à cor contagiar os éis pelo fascínio
da policromia.
→ Características da arte
muçulmana
• É uma arte anicónica, que nao
→ Pintura paleocristã
representa guras humanas ou
• Decorações parietais nos interiores
animais;
das catacumbas;
• Valoriza as artes decorativas;
• Cenas bíblicas do Novo Testamento
• Aplica a mesma linguagem
e de Jesus Cristo na gura do “Bom
ornamental a todo o tipo de formas,
Pastor”;
objetos ou revestimentos;
• Temas simbólicos e alegóricos com
• Inspira-se em motivos geométricos e
mensagem doutrinária explícita.
vegetalistas.
→ A produção de iluminura
→ Características da arquitetura
• Os mosteiros eram centros de
atividade cultural e artística, sendo a islâmica
produção de códices e iluminuras
nos scriptoria, uma das atividades ☞E l e m e n t o s d e c o r a t i v o s e
com maior expressão; arquitectónicos
• A iluminura constitui a arte da cor O principal edifício da arquitetura
mais expressiva do período religiosa islâmica é a mesquita, um
românico, uma vez que a atividade edifício destinado ao culto
no scriptorium favoreceu a congregacional.
especialização de monges numa arte
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As mesquitas re etem a
simplicidade doutrinária do Islão,
mantendo uma estrutura muito
simples, que perdurou ao longo dos
sécuolos;
O amplo do espaço do haram é
caracterizado por uma proliferação de
colunas e arcos de ferradura que
assumem um papel estruturante na
organização do espaço. Encontra-se a
ausência de imagens e representações
gurativas sendo compensadas com
revestimentos decorativos de estuques
pintados nas paredes e tapeçarias no
pavimento.

☞ Estrutura e organização funcional


O espaço principal é a grande
sala de orações, o haram. A parede
virada para Meca, a quibla, é o
elemento estruturante do espaço.
Integrado na quibla, o micabe
representa a presença espiritual do
profeta. O espaço interno é amplo e
marcado por uma proliferação de
colunas e arco de ferraduras.

→ Arte moçárabe
• Arte produzida por cristãos em
território conquistado pelos
muçulmanos;
• Fusão da tradição tardorromana com
a cultura artística muçulmana;
• Incorporação de elementos e formas
muçulmanas no sistema artístico e
arquitetónico ocidental.
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UNiDADE 4 - A CULTURA DA uma nova elite social: a burguesia
que, rapidamente, adquiriu grande
CATEDRAL
poder económico, disputando
privilégios e estatuto social à
1. Contexto histórico nobreza.
Foram diversos os fatores que Nos nais do séc. XIV, novas
contribuíram para as alterações alterações climáticas, quebras de
sociais, políticas e culturais que se produção agrícola, o alastramento da
veri caram no continente europeu a fome e o crescimento urbano
partir do séc. XII. desordenado que contribuiu para o
Para além do contacto com o alastramento de doenças, provocaram
Oriente proporcionado pelas uma crise generalizada.
cruzadas e peregrinações, que Enquanto a França e a Inglaterra
intensi caram as trocas comerciais, s e e n v o l v e m n u m d o s m a i o re s
também o período de paz e relativa con itos a nível europeu, a Guerra dos
estabilidade política, as inovações Cem anos, a Peste negra foi uma
técnicas na agricultura, o aumento pandemia que dizimou cerca de um
da produção, do comércio e do terço da população europeia.
artesanato, o aumento demográ co Também a igreja cristã re ete
e uma generalizada melhoria das este panorama de crise, deparando-se
condições de vida das populações, com o Grande Cisma do Ocidente
favoreceram esta transformação na que levou à existência de dois papas,
sociedade. em Roma e Avinhão.
Desta dinâmica fundada no
ressurgimento das cidades, nasceu
uma economia de mercado, com
movimentação de produtos e
circulação de moeda, gerando a
acumulação de riqueza por parte de
produtores, mercantilistas,
comerciantes e banqueiros, originando
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2. Catedral: representação do 4. Arquitetura gótica
divino no espaço → Catedral “Tipo”
As catedrais são o resultado do • A fachada, anqueada por duas
esforço magnâmico das populações torres elevadas, evoca um
locais e a expressão autêntica da movimento ascensional, também
vida comunitária regional. Ao presente nos portais;
constituir a suprema representação do • A sua iconogra a, corresponde À
divino no espaço, a catedral é a conceção do mundo da época, em
a rmação do poder da cidade, o que a glori cação de Cristo e Maria
motor de desenvolvimento da sua se junta à representação de profetas
economia e a manifestação da e re i s , s i m b o l i z a n d o o p o d e r
capacidade empreendedora da sua temporal e espiritual;
comunidade. • No interior, a nave conduz-nos para
Por outro lado, a catedral a abside e para o altar. Sobre o
constitui a representação simbólica cruzeiro, onde a nave se intersecta
dos valores enunciados por S. Tomás com o transepto, ergue-se a
de Aquino, harmonizando uma ordem abóbada, a cúpula, ou o zimbório;
racional (concretizada nos novos • Dos fustes das colunas, às nervuras
conhecimentos da matemática e das abóbadas, das ogivas dos arcos
geometria), com o misticismo cristão e janelas às linhas verticais dos
e a metafísica da luz. contrafortes, arcobotantes e
pináculos, todos os elementos do
3. Cidade: espaço, população, edifício contribuem para acentuar a
subsistência verticalidade e a dinâmica
A cidade é o re exo deste ascensional que quali ca este estilo.
período de desenvolvimento
económico, aumento do comércio,
crescimento demográ co, ascensão
da burguesia e surgimento de uma
vida urbana cada vez mais complexa.
Envolta em poderosas muralhas para
defesa, a cidade organiza-se em volta
da catedral, do mercado e da câmara
municipal, apresentado uma grande
vitalidade económica, política e lúdica,
e sendo o cenário de cerimónias laicas
e regionais.
A intensi cação do comércio, da
produção agrícola e do artesanato fez
crescer os centos urbanos, que
adquiriam poder económico e
autonomia em relação aos senhores
feudais. As cidades transformaram-se
em importantes centros manufatureiros
e de industrias artesanais que fazem
crescer o seu potencial económico e
nanceiro.
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Erguida em louvor dos homens e pela Europa, e em que a decoração
de Deus, a catedral gótica é uma arte se sobrepõe à estrutura.
urbana e ocidental, marcando o
nascimento de uma nova conceção do
Homem, do mundo e de Deus. O 5. Gótico em Portugal
Gótico exprimiu-se sobretudo, na Em Portugal o Gótico surge no
arquitetura e caracterizou-se pela período nal da Reconquista, em
inovação das técnicas e dos empreendimento como a Igreja da
processos construtivos, de nindo um Abadia de Santa Maria. Mas, a sua
novo entendimento do espaço e da expressão mais genuína formulou-se
luz. através do Manuelino, um “estilo
O novo “esqueleto estrutural” especi camente português”, nas
que permitiu elevar as construções e palavras de Almeida Garret, inspirado
conferir novas qualidades plásticas ao na expansão marítima e na exaltação
espaço, foi um sistema assente no da grandeza da pátria durante o
arco quebrado, na abóbada de reinado de D.Manuel.
cruzaria de ogivas, nos arcobotantes O manuelino a rmou-se através
e nos contrafortes. Mais leve e exível da decoração esculpida e
do que a românica, a abóbada gótica
dispensa de robustas paredes, agora
substituídas por vitrais.
A cruz latina é, agora, menos
evidente, já que o transepto se
desloca para o meio da nave,
encurta os braços, e integra na
cabeceira, o coro, o altar e o
deambulatório com as absidíolas.
O gótico alastrou por toda a
França e, ao longo do século XIV, foi
“exportando” para o resto da Europa.
O período das grandes catedrais
francesas foi designado de “Gótico
Clássico”, a que se seguiu a fase do
“Gótico Radiante” e do “Gótico
Flamejante” no período de expansão
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caracterizou-se pela ornamentação
exuberante de motivos naturalistas
de origem marítima, escudos,
esferas armilares e peças
heráldicas.

6. Escultura Gótica
A escultura gótico evoluiu,
sobretudo, ao nível da composição,
da expressão e da
monumentalidade, surgindo um
renovado interesse pelo real e uma
aproximação à cultura humanista.
Assumiu um caráter mais naturalista
na representação do rosto e do
7. Gótico em Itália e em
corpo, e desenvolveu novas Flandres (Pintura gótica)
capacidades expressivas. Outra
inovação signi cativa está relacionado → Características da pintura
com a organização do portal, que as italiana do Trezentos
jambas (ombreiras) são substituídas • Aproximação a uma visão mais
por estátuas-coluna, e com o racional na representação dos
surgimento de um novo tema: as assuntos;
estátuas-jacentes, em que o corpo • Representação mais realista das
do defunto é representado deitado paisagens e dos espaços
sobre a arca funerárias, de mãos arquitectónicos;
postas sobre o peito em oração. • Primeiras tentativas de produzir
efeitos de profundidade e perspetiva
Estavam presentes nas esculturas
do espaço pictórico;
temas do Novo Testamento, Cristo em
• Humanização das guras.
Majestade, temas marianos (cenas da
vida da Virgem Maria) e decoração de
inspiração vegetalista ou geométrica. → Características da pintura
amenga do Quatrocentos
→ Características • Aperfeiçoamento da técnica da
• Monumentalidade das obras; pintura a óleo;
• Humanização das guras sagradas • Tratamento perspético do espaço;
através da serenidade e graciosidade • Naturalismo na representação das
das suas expressões; guras, dos objetos e da Natureza;
• Maior naturalismo nos gestos, nos • Retrato psicológico das
movimentos e expressões; personagens.
• Captação das expressões e
emoções no rosto e nos gestos → Técnicas e temas
como forma de transmitir a perfeição • A pintura a óleo em tela e painéis de
espiritual. madeira, a pintura de retábulos para
os altares, e a pintura de frescos,
sobretudo em Itália ;
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• O vitral preencheu janelões verticais
e rosáceas, e outra técnica foi a
iluminura de manuscritos.
• Tendo em conta as temáticas, foram
pintados: temas religiosos da vida de
Cristo e da vida de Virgem Maria,
temas do quotidiano, interiores dos
palácios, paisagens urbanas e
naturais, retratos
UNiDADE 5 - A CULTURA DA conciliar o pensamento neo-platónico
(de fundamentos clássicos) com a
CATEDRAL doutrina cristã.
Para os humanistas italianos, o
1. Contexto histórico cosmos e o Universo eram uma
Com a queda de Constantinopla imanência de Deus, explicados através
(1493), os intelectuais e artistas da medida, proporção e harmonia que
bizantinos deslocaram-se para Itália a razão podia concebia.
levando com eles a tradição clássica É criado um novo sistema de
que viria a contribuir para o processo valores fundado no estudo da natureza
de renovação cultural e artística do (naturalismo) e das formas humanas
Quatrocentos italiano. Apesar da série (anatomia), e que entende o Homem
de catástrofes, crise e instabilidade no centro do Universo
que abalou a Europa, em Itália (antropocentrismo). O mundo deve ser
germinou um crescente otimismo no representado tal como é
Homem e um novo espírito ancorado percepcionado (perspetiva) e com
ao renascimento do Humanismo e do máxima per ção e imitação da
Classicismo. natureza. Também o artista adquire um
O reforço do poder das cidades- novo estatuto social, passado a ser um
estado italianas e a consolidação das homem de um saber universal, um
grandes famílias burguesas que viriam erudito, um humanista.
a suportar a atividade artística e Esta foi a era dos
cultural (os mecenas) foi determinante Descobrimentos, da expansão
para a emergência de uma nova ordem ultramarina, da descoberta de novos
cultural: o Renascimento. continentes e do estabelecimento de
A vitória de Florença sobre Milão novas rotas comerciais com o Novo
(c.1400) fez. Renascer o orgulho cívico Mundo. Desde intenso contacto
e patriótico, e os ideais humanistas de intercontinental resultará a introdução
renascimento do Classicismo. Por de novos produtos no mercado
outro lado, Florença bene ciou de uma europeu, a transferências de
situação económica favorável e de um populações humanas, de culturas e de
conjunto de artistas e mecenas ideias, representando um fenómeno de
notáveis, que se empenharam em globalização económica, social e
cultural.
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2. Pintura renascentista do
→ Características
• A pintura é equiparada a outras
atividades da criação humana que
decorrem de um exercício intelectual;
• Referência a conceitos ancorados na
Antiguidade Clássica, tais como
ordem, harmonia e proporção;
• O Homem é tomado como unidade
de todas as medidas, e como
medida de todas as coisas;
• Aplicação da perspectiva linear na
representação do espaço e das
formas;
• Interesse pelo naturalismo e pela
representação perfeita do Homem,
da Natureza e do espaço.
Homem;
→ Técnicas e processos • A paisagem, a representação da
• Perspetiva: processo geométrico natureza .
para representar com exatidão o
espaço e as formas tridimensionais
numa superfície plana;
→ Leonardo da Vinci
• Adoção da pintura a óleo, que Leonardo da Vinci encarnou melhor di
permitia a execução de modelados e que ninguém o espírito humanista do
veladuras; Renascimento, desenvolveu a
• Utilização do sfumato, esbatimento perspetiva aérea e a técnica do
dos tons de modo a gerar uma sfumato e a composição triangular, e
transição suave do claro-escuro; empenhou-se em justi car a pintura
• Aplicação de novos pigmentos como cosa mentale, isto é, um
aglutinados que facilitaram a processo intelectual que, mais do que
modelação dos volumes e a criação representar cienti camente o espaço,
de atmosferas mais luminosas; devia também captar a dimensão
• Utilização de novos suportes, como psicológica das personagens, o seu
telas e painéis de madeira, que carácter, a sua expressão, as suas
facilitaram a circulação das obras. emoções.

→ Temas
• Temas religiosos tratados com
um caráter profano;
• Temas mitológicos;
• Retrato surgido do
individualismo e do culto de
personalidade;
• O nu, a partir das referências à
Antiguidade Clássica e do
renovado interesse na anatomia
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→ Miguel Ângelo longe neste tratamento ilusionista e
acrescentou umas peças circulares
O que é que Miguel Ângelo aqui representadas como se fossem de
decidiu fazer? Em primeiro lugar bronze dourados, esculpidas como se
dividiu o espaço do teto em diferentes fossem relevo e sobre esta arquitetura
partes, segundo as formas que a ngida Miguel Ângelo pintou estas 4
abobada já tinha, e a secção do meio guras nus, absolutamente
seccionou em diferentes retângulos, portentosos, que a historiogra a
que continham diferentes temas, e fê- chama de ignudi (signi ca nus), e que
lo criando formas arquitetónicas que são a escultura de Miguel Ângelo
subdividissem o teto, e desta maneira passada à pintura, corpos maçudos,
cria também um hierarquia entre as atléticos, e todas elas com posições
representações, sendo que na secção diferentes, não há duas guras que
central passam-se coisas mais repitam a mesma posição neste teto
importantes do que no resto do teto. A interior sendo que existem cerca de
história que se conta no teto da sistina 343 guras, o que re ete a capacidade
é a história do Génesis que é o imaginativa de Miguel Ângelo de
primeiro livro do antigo testamento da representar o corpo humano.
bíblia. De onde aquilo que predomina o Recebeu uma secção grande, e
universo pictórica é a bíblia e o mundo pode se ver uma hierarquia dos
da antiguidade clássica. Na Génesis episódios, apesar de não ser fácil de
começa então, deus separou a luz das determinar. Esta é a peça central
trevas, que foi a primeira coisa que deste, sendo provavelmente a imagem
Deus fez, conta a história da mais famosa de sempre em todo o
construção do mundo, a sua undo. O que esta aqui representado é
destruição depois do dilúvio e a sua deus, que é levantado no ar por este
reconstrução após diluvio. Do ponto exército extraordinário de guras
de vista formal, os painéis alternam angelicas, há um efeito muito credível
entre um mais pequeno e um maior, que estas guras voam. Deus moldou
assim sucessivamente. Como o homem em barro e depois insu ou-
podemos observar as pinturas são lhe o sopro da vida e aqui o que esta a
acompanhadas por molduras de acontecer é exatamente esse
arquitetónicas, Miguel Ângelo vai mais momento, a peça está moldada, e
deus, sem precisar de lhe tocar sequer
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i n s u a - l h e o s o p ro d a v i d a . É estrutural, pelo rigor na aplicação
representado neste estado em que das ordem arquitetónicas, pelo
ainda não passou completamente do equilibrado jogo de volumes
estado inerte para o estado vivo, é o espaciais e pelo harmonioso sistema
princípio do princípio da vida humana. de proporções.
Há partida parecemos estar muito • Brunelleschi, foi o primeiro
longe de uma ideia de antiguidade homem do Renascimento a tomar
clássica, mas na verdade tem tudo, conhecimentos profundos sobre a
porque a obra de Miguel Ângelo em arquitetura clássica, aplicando os seus
muito deve à escultura helenística da princípios com necessidades da
antiguidade clássica. época. A peça que embora se
considere como uma peça de
3. Arquitetura renascentista inaugural do ponto de vista do
•Brunelleschi, estabeleceu o renascimento, ela é dependente da
sistema racional, de raízes tectónica gótica.
matemáticas e geométricas, do
espaço arquitetónico renascentista.
Neste sistema, ancorado ao
Classicismo, a arquitetura obedece a
um sistema de proporções e é
determinada por uma ordem que
estabelece o equilíbrio e harmonia
das formas e dos espaços. A planta
em cruz latina dá lugar à planta
Hospital dos Inocentes – A
central, cujas guras geométricas
fachada do edifício é composta por:
privilegiadas são o quadrado e o janelas com frontões triangulares,
circulo que, na sua beleza ideal, arcadas com arcos em volta perfeita,
manifestam a superior perfeição de colunas de ordem coríntia. Na secção
Deus. central, é limitada por uma
•O auge pilastra, do outro lado temos
da arquitetura uma pilastra igual, que
renascentista seguram um entablamento
foi atingida por que se estende entre as
Bramante e duas, elas são meramente
M i g u e l decorativas, mas do ponto
Ângelo, no de vista visual, são
principio do elementos que encontramos
século XVI. Os na arquitetura clássica
seus trabalhos grega. Acidentalmente, as
são exemplo enjuntas (espaço entre os
de uma arcos) foram decoradas com
pesquisa em medalhões, de cerâmica
busca da vidrada.
perfeição
ideal, sendo
marcados pela
simplicidade
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4. Escultura renascentista intelectualização
da escultura.
•Inspirados pelo Humanismo e Miguel Ângelo
Classicismo, os escultores acreditava que
renascentistas alcançaram a plena dentro de cada
autonomia da escultura em relação à bloco de pedra
arquitetura. A escultura recuperou a tinha já dentro
sua função social e cultural: voltou a de si guras
estupendas que
i m p o r- s e n o e s p a ç o u r b a n o ,
ele qu.eria
recuperou o seu lugar central do
“libertar”
debate losó co, e readquiriu o seu
prestigio de outrora, alimentando o
prazer individual dos mecenas e
das corte. Neste sentido, foi a
escultura que melhor concretizou os
ideais do Humanismo, do
Antropocentrismo e do
Individualismo,

•Por entre a predominância das


estátuas de vulto redondo, voltaram
os géneros antigos como o nu, o
retrato, os relevos e as estátuas
equestres. Salienta-se a obra pioneira
de Ghiberti, o classicismo de
Donatello, o amadurecimento de
Verrocchio e o feveroso espirito
neoplatónico de Miguel Ângelo que
muito contribuiu para a
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