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Segundo a OMS(Organização Mundial da Saúde), cerca de 76 milhões da abortos

induzidos ocorrem anualmente no mundo todo. Sendo 61% destes gravidezes indesejadas
e 29% de todas gravidezes acabam em aborto induzido.

No Brasil, dados efetivos sobre o aborto e suas complicações são imprecisos. “Dados
assistenciais estão somente disponíveis para o setor público e dados de mortalidade
dependem de investigação do óbito” Baptista Cardoso, et al. (2020)

No primeiro semestre de 2020 o SUS realizou somente 1.024 abortos legais, conforme a
legislação permite em casos específicos, mas o número de procedimentos públicos pós
abortos é de 80.948. Essa discrepância entre dados revela que o SUS já lida com abortos
alémd os permetidos por lei, além de exemplificar a precariedade com que ocorrem abortos
em clínicas clandestinas, onde se coloca em risco a vida da gestante com metodos
invasivos para realização do procedimento e em seguida à encaminha para o hospital, onde
pode ter um atendimento básico.

O aborto legalizado, realizado por profissionais da saúde capacitados, durante a fase da


gestação adequada, com informação acessível pré e pós cirurgia, com acompanhamento
psicológico e em condições mínimas de segurança hospitalar é visto como um protocolo
médico de intervenção na saúde como seguro e efetivo.

Possíveis consequências de um aborto clandestino realizado em condições precárias


● Aborto Incompleto(Sem remoção total dos tecidos do útero)
● Hemorragia
● Infecção
● Perfuração uterina
● Danos físicos ao trato genital e outros órgãos internos

Em estudos que buscam compreender os contextos onde ocorrem abortos os resultados


revelam que em Estados que mantém medidas restritivas para aborto, comparado aos que
não tem, possuem uma taxa próxima de abortos realizados, com a única diferença sendo a
qualidade de atendimento em países restritivos e subdesenvolvidos(Bearak et al. 2020).
A maior correlação buscando entender qual parcela de pessoas escolhe o aborto
clandestino revela que “O perfil das mulheres que morreram por aborto identificado neste
trabalho é consistente com outros estudos. Um estudo em Minas Gerais 18 mostrou as
características das mulheres que foram a óbito relacionado ao aborto, como mulheres de
20-34 anos, solteiras (68%) e negras (70,5%), em sua maioria com menos de 7 anos de
estudos. Além disso, cerca de 40% dos dados referentes às variáveis escolaridade e ao
momento do óbito em relação à gravidez ou puerpério estavam em branco” (Cardoso et al.,
2020).

Como a ética utilitarista pode ser aplicada nesse contexto?


Maximizando o bem estar: O utilitarismo analisaria as potenciais consequências de proibir
ou legalizar o aborto de forma mais ampla, ponderando o bem estar gestante, incluindo a
saúde física e mental, assim como circunstâncias de estabilidade financeira, escolha
pessoal, e o dano causado ao forçar alguém a prosseguir com uma gravidez indesejada

Considerando o feto: O Utilitarismo também poderia levar em conta o bem estar do feto.
Contudo, como o feto não é um ser completamente desenvolvido biologicamente o peso
atribuído a este bem estar pode ser enviesado pela moralidade de quem julga essa
questão.

Por fim, o Utilitarismo poderia ser usado para buscar uma síntese entre as diferentes teses,
considerando principalmente o estágio da gestação, os riscos e motivos de se buscar a
realização de um aborto e o potecial para redução de danos, encarando o aborto como uma
questão de saúde pública.

https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(20)30315-6/fulltext
https://www.scielo.br/j/csp/a/8vBCLC5xDY9yhTx5qHk5RrL/#
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/abortion
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/20/sus-fez-809-mil-procedimentos-apos-
abortos-malsucedidos-e-1024-interrupcoes-de-gravidez-previstas-em-lei-no-1o-semestre-
de-2020.ghtml

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