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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
HISTÓRIA LICENCIATURA
AVALIAÇÃO DA 2 ª UNIDADE DE HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL
DOCENTE: Nivaldo Germano dos Santos
DISCENTE: João Pedro Nunes dos Santos

1- Segundo Edmund Morgan, a forma mais adequada para compreender o que ele
chamou de paradoxo central da história americana é justamente analisar a história
colonial dos Estados Unidos. Sendo assim, explique como coexistiram as diferentes
dinâmicas sociais de trabalho (assalariado, servidão e escravidão) na Virgínia, entre
os séculos XVII e XVIII.

R: Antes de qualquer coisa, para compreendermos como se deram a


escravizações é antes necessário destacar que a escravidão em si é um
encadeamento multifacetado e que assume diferentes configurações de acordo com
os interesses e com os sistemas de cada sociedade. O autor traz presente o maior
paradoxo da história americana: como pode uma nação ser hoje pregoeira da
liberdade se tem seus anais históricos sujos pela marca de um sistema sustentado
pela mão de obra escrava?
Na verdade, essa coexistência de pensamento, que hoje anacronicamente
denominamos de “hipocrisia”, sempre foi uma realidade da essência do homem
americano, materializado pelo autor na figura de Thomas Jefferson, um ferrenho
defensor das liberdades, mas possuidor de escravos. Concomitantemente várias
vozes de pensadores se ergueram contra a voracidade do tráfico transatlântico de
escravos, entretanto reconheciam que as políticas antitráfico que eram adotadas
pioravam-no, e sabiam que “a escravidão era um assunto de interesse dos estados
sulistas”.
É nesse contexto dicotômico que se situa o caso da Virgínia. Aquela região,
tornando-se refúgio não só aos ingleses que estavam à margem na Europa,
inclusive negros, parecia erguer com triunfo uma comunidade inglesa no Novo
Mundo. Todavia, o autor chama atenção que, um estudo mais atento deu a entender
que esse crescimento vertiginoso ocasionou severos problemas sociais.
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O fluxo migratório para a Virgínia foi extremamente intenso. Os trabalhadores


que vinham da Inglaterra possuíam um contrato de servidão temporária de
aproximadamente 7 anos com um senhor, e aqueles colonos que conseguiram
sobreviver à violência inicial do sistema plantation se tornaram senhores de terras,
principalmente nas fronteiras. Os negros também se estabeleciam na colônia e
gozavam do mesmo direito dos servos europeus. O problema é que as terras não
foram suficientes, o que aumentou consideravelmente a massa pobre, e para
Morgan, a extrema pobreza não era o maior problema dos senhores, mas sim o fato
de que na medida em que cada vez mais chegavam servos, mais deles se tornavam
livres, deixando o quadro de mão de obra deficitário.
Dessa forma a elite colonial percebe que é necessário manter o trabalhador
“preso a terra”, o que ocasionou essas diversas dinâmicas de trabalho. O escravo
estava ligado ao seu senhor, mas o servo estava ligado a ele somete por um
contrato. Incentivou-se, portanto, mecanismos que obrigavam a servidão pelo tempo
de vida e excluíam dos escravos a possibilidade de se tronarem servos
assalariados. Isso gerou uma diferenciação clara entre o trabalhador branco e o
trabalhador negro. Dessa forma, a solução encontrada para essa problemática
coibindo a entrada de trabalhadores brancos (servos) e estimulam a escravidão.
Portanto, a mão de obra servil e/ou escrava desempenhou um papel
preponderante não só para a Inglaterra, mas também para a Europa como um todo
e aos Estados Unidos, trazendo-os à “modernidade”.

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