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Síntese do artigo: “A responsabilidade no funcionalismo”

Há tempos, a ciência penal alemã tem visto o crime pela sua visão quadrangular,
conceituando-o, assim, como sendo uma conduta típica, antijurídica e culpável. Tal definição
tem encontrado diversos adeptos no Brasil, embora haja por aqui expositores de visões
diferentes sobre a sua definição.
Uns observam o crime através de uma visão tridimensional, em que o enxergam como
sendo um fato típico (engloba-se aqui a conduta, o nexo causal e o resultado), antijurídico e
culpável. Por outro lado, alguns doutrinadores brasileiros acreditam ser o crime composto
apenas de fato típico e antijurídico, localizando-se a culpabilidade fora do conceito de delito.
Esta corrente, todavia, não encontrou qualquer tipo de força na Europa, pois havendo
menos caracteres em sua definição, aumentar-se-ia substancialmente o poder punitivo do
Estado. Frise-se aqui que quanto mais elementos houver no conceito de crime, mais
empecilhos haverá para que o Estado exerça o seu direito de punir.
Nesta mesma esteira, a Alemanha tem buscado fixar cada vez mais limites ao jus
puniendi estatal, adicionando-se, nos últimos tempos, às quatro características comuns e
indeclináveis do delito a responsabilidade.
Dessarte, para que se mova todo o aparato do Poder Judiciário a fim de processar
criminalmente alguém, é necessário que o crime seja tido por uma conduta típica, antijurídica,
culpável e responsável. Há também uma corrente que o vê como sendo uma conduta típica,
antijurídica e responsável, no trato de que a responsabilidade implicitamente abarcaria a
culpabilidade.
A responsabilidade está relacionada aos motivos de política criminal, verificando-se a
conduta merecedora ou não de apenação no caso concreto. É nela que se verificam o princípio
da bagatela, a adequação da conduta e a ocorrência da prescrição virtual (havendo estas,
afasta-se aquela).
Neste feitio, o Ministério Público deverá reclamar o arquivamento do inquérito policial
se a ação do agente não for tida por responsável, ainda que típica, antijurídica e culpável. Da
mesma forma, se já processado, e não existindo o requisito da responsabilidade, o Parquet
deverá pedir a absolvição do acusado.

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