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KISTENMACHER, Geórgia Mueller Peres; ROCHA, Juliana da.

Embarque na exportação:
estudo de caso na empresa South Service Trading S/A. Revista Interdisciplinar Científica
Aplicada, Blumenau, v.2, n.2, p.01-25, Sem I. 2008
ISSN 1980-7031
EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO: ESTUDO DE CASO NA EMPRESA SOUTH
SERVICE TRADING S/A

Georgia Mueller Peres Kistenmacher1


Juliana da Rocha2

RESUMO
Quais fatores ocasionam atrasos/perdas no embarque das mercadorias
para exportação na South Service Trading? Para investigar esta questão,
organizou-se uma pesquisa quanto ao objetivo: descritiva e quanto ao
procedimento: estudo de caso com a finalidade de verificar no dia-a-dia da
organização as questões pertinentes a este estudo. Fez-se um levantamento
de dados por meio de observação participante ao utilizar as relações de
embarques pendentes da empresa com o propósito de verificar quais motivos
estavam contribuindo com os atrasos/perdas nos embarques, a fim de
identificar as possíveis falhas existentes no processo e com isso sugerir opções
de melhorias. Como o objetivo da empresa é reduzir os atrasos/perdas de
embarque garantindo uma eficiente prestação de seus serviços aos clientes, às
ações sugeridas com base nas pesquisas realizadas foram optar pela
terceirização de serviços portuários ou optar pela criação de um novo fluxo de
trabalho e procedimentos dentro da organização, ampliando o escritório na filial
– Blumenau com a contratação de novos funcionários. Com essas alterações
pôde-se chegar a análises e recomendações para a South Service Trading S/A
adequar seus procedimentos diários, com o intuito de obter resultados mais
satisfatórios e pertinentes aos resultados de crescimento conquistados pela
organização.

Palavras-chave: Exportação. Embarque. Atrasos.

1 INTRODUÇÃO

A South Service Trading S/A, empresa com larga atuação no comércio


exterior, é hoje uma das 10 maiores empresas exportadoras do Rio Grande do
Sul, com mais de 15 anos de atuação no comércio internacional.
Tem sido para muitos empresários brasileiros uma importante parceria
para que eles coloquem seus produtos no mercado internacional. A empresa
adquiriu destaque como trading financeira, atuando como um facilitador no

1
Professora Orientadora. Mestre em Relações Internacionais, Unisul. (georgiampk@gmail.com)
2
Graduada em Administração com habilitação em Comércio Exterior pelo Instituto Blumenauense de
Ensino Superior. (juli.darocha@gmail.com)
KISTENMACHER, Geórgia Mueller Peres; ROCHA, Juliana da. Embarque na exportação:
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Aplicada, Blumenau, v.2, n.2, p.01-25, Sem I. 2008
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comércio exterior com foco no financiamento e na garantia dos valores
exportados.
O crescimento de sua representatividade mercadológica está
diretamente ligado às inovações operacionais que visam aprofundar e
aprimorar suas parcerias ao longo de toda cadeia mercadológica internacional.
A estrutura física e operacional compreende, além da matriz em Porto
Alegre, RS, filiais em Novo Hamburgo, RS, e Blumenau, SC.
É na filial de Blumenau, SC, atualmente instalada na Rua XV de
Novembro, nº 788, salas 201 e 202 – Ed. Blumenau Arcade, que foi
desenvolvida a pesquisa apresentada neste trabalho e na qual foi identificado o
tema e a questão-problema utilizados como objeto de estudo.
Verificou-se na South Service Trading a necessidade de observar que
fatores poderiam estar ocasionando atrasos/perdas de embarque nas
exportações e de que forma eles poderiam ser sanados para que houvesse
maior cumprimento de prazos nas entregas.
Por esse motivo foi desenvolvido este estudo com o intuito de verificar
que tipos de ações poderiam ser implantados na empresa para uniformizar
esses procedimentos e que com o decorrer do tempo pudesse trazer um
controle mais efetivo sobre o processo em vigor.
Devido a grande atuação da empresa no mercado de exportação e
importação de mercadorias, foi necessário realizar um estudo que buscasse
dar suporte a empresa no que se referisse a sugestão de soluções para as
operações de embarque.
Dessa forma, o conhecimento obtido nessa pesquisa tem uma
importante relevância científica, pois pode servir como modelo para empresas
e profissionais de comércio exterior que se deparam com dificuldades
semelhantes à questão estudada, e mostra como a investigação científica
contribui para evidenciar a relevância dos fatores a serem estudados e
resolvidos por meio de embasamentos teóricos.
Poderá contribuir também em âmbito social, ajudando a identificar
vantagens que facilitem no processo de exportação, com informações que
ajudem a reduzir dificuldades relacionadas a embarque e que poderão ajudar a
formar novas idéias e perspectivas para a área estudada.
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2 COMÉRCIO INTERNACIONAL

O Comércio Internacional trata de inúmeras alterações nas regras, na


economia e nas nações que evoluíram a fim de acompanhar o mundo
globalizado, sem fronteiras, onde a transferência de bens, serviços e captais
está facilitada pela evolução tecnológica.
Cassar (2004) argumenta que o comércio internacional decorre
primariamente das diferenças existentes entre os diversos países, que buscam
complementar suas necessidades internas com produtos e serviços de outras
regiões do planeta onde ocorrem em abundância, tornando-se fator de
prosperidade e enriquecimento para os países que dele participam.
Segundo Ramos (2004) a expressão Comércio Internacional, pode ser
definida no cenário atual, como significativas modificações estruturais ocorridas
na economia internacional durante o decorrer do século XX.
Porém, é indispensável ressaltar que essas modificações ocorreram
devido ao advento da globalização que por sua vez transformou radicalmente
todo o cenário existente de comércio internacional que passou a adquirir novas
características e feição.

2.1 EXPORTAÇÃO

Com a consolidação das exportações como fator chave do crescimento


econômico das nações, pobres e ricas, tornou cada vez mais acirrada a batalha
pelos mercados mundiais.
Garcia (2001) relata que o mercado externo apresenta-se promissor em
vários aspectos no que diz respeito a aperfeiçoamento administrativo, melhoria
na qualidade da produção, adequação da empresa e do produto em níveis
competitivos que levem a participação de forma mais ativa na construção de
um sistema sólido no mercado nacional e internacional.
No entanto, ao ingressar no mercado mundial, a empresa deverá fazer
uma análise de particularidades e perspectivas de forma a delinear sustentação
nas suas atividades futuras.
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A Associação de Comércio Exterior do Brasil - AEB3 menciona inúmeros
objetivos para a política de exportação de mercadorias e serviços do país, que
entre eles pode-se destacar:

I - estimular o crescimento da produção nacional;


II - criar emprego e fortalecer o mercado de trabalho pelo aumento da
produção;
III - induzir a melhoria da qualidade dos produtos pela maior absorção
de tecnologia;
IV - concorrer para a maior estabilização dos preços internos através
do estímulo à produção em escala, pela incorporação de tecnologia e
pela indução à maior agregação de valor;
V - gerar as divisas necessárias à formação e garantia da capacidade
de importar bens e serviços essenciais ao abastecimento interno e ao
crescimento econômico.

O comércio exterior é de grande importância para as empresas que


queiram desenvolver e conquistar um diversificado mercado, sempre buscando
a inovação e adaptação contínua.

2.1.1 Exportação Direta

As empresas podem escolher, de acordo com as suas condições, as


formas como serão realizadas as exportações de suas mercadorias para o
exterior de modo a executá-las da melhor forma possível. Sendo que os
principais modos de se exportar são: a exportação direta e a indireta.
Para Vieira (2004, p. 43) “a exportação direta consiste na venda de
mercadorias ou serviços diretamente ao comprador no exterior, exigindo,
assim, da empresa exportadora a identificação de seus potenciais clientes”.
Garcia (2001, p.135) complementa a idéia afirmando que “é entendida
por direta a operação de saída de produtos efetuada pelo fabricante ou
produtor para o importador, no exterior”.
Isto é, a empresa terá que ter estrutura suficiente e pessoas habilitadas
para encontrar o comprador no exterior, realizar as operações de venda, ter
habilitação junto aos órgãos competentes, providenciar todos os documentos e
possuir as condições administrativas e operacionais mínimas para realizar

3
ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL. Projeto Competitividade no comércio
exterior.Disponível em:http://www.aeb.org.br/Considera_apoio_export.pdf Acesso em: 31 ago. 2007.
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todos os demais procedimentos sem participação de empresas intervenientes,
assessorados ou não por agentes especializados.

2.1.2 Exportação Indireta

O método de exportação indireta vem sendo considerado atualmente


como o mais utilizado pelas empresas que estão iniciando suas atividades
exportadoras.
Segundo Barbosa (2004) na forma indireta de exportação destaca-se o
fato de o exportador poder alocar todas as responsabilidades e funções
inerentes ao processo de venda internacional para os chamados intervenientes
ou intermediários.
Conforme Garcia (2001, p.137):

O interveniente caracteriza-se por uma empresa devidamente


constituída no Brasil, habilitada a desenvolver a prática comercial, ou
seja, comprar e vender produtos. Por esta razão, o interveniente
poderá adquirir, do produtor ou fabricante, bens com o fim específico
de exportação, remetendo-os, posteriormente, para o exterior.

Os intervenientes têm a tarefa de estabelecer o elo com os mercados


estrangeiros, construindo o canal de distribuição entre nações, uma vez que
seriam eles próprios, os intervenientes, que estariam exportando do ponto de
vista legal, no lugar de uma ou mais empresas fabricantes que, em
determinado instante, passam a acalentar o sonho de colocar no exterior suas
mercadorias.
Vieira (2004, p.45) comenta que “essa modalidade é utilizada com maior
freqüência por micro e pequenas empresas as quais, em sua grande maioria,
não possuem estrutura adequada para participar do concorrido mercado
internacional”.
Ao trabalhar com intermediários, a empresa que deseja exportar tem a
vantagem de não precisar assumir os riscos comerciais, financeiros,
operacionais e políticos da operação, não se expondo a erros, enganos, e a
fatores do ambiente externo que podem ser agravantes ao negócio.

2.1.2.1 Companhias de Comércio Exterior (Tradings Companies)


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Com êxito em suas operações, as Tradings Companies estão cada vez


mais atuantes no mercado internacional, executando múltiplas tarefas que
facilitam os processos de exportação para empresas que se utilizam dos seus
serviços.
De acordo com Barbosa (2004, p.548):

A prática relacionada ao desejo de se concentrar esforços, conjugar e


integrar métodos, operações, atividades e tarefas de exportação
visando a conquista mútua de um patamar mais elevado de
competitividade internacional também mostra-se evidenciada naquilo
que tem representado e ainda hoje representa a participação das
economias de comércio exterior, comumentes chamadas de Tradings
Companies.

Segundo Barbosa (2004) as Tradings Companies são consideradas


eficazes e muitas vezes fundamentais na ocupação de mercados internacionais
em função de sua clara especialização, e de se qualificar a executar com muito
mais agilidade, produtividade e economia de recursos às rotinas operacionais,
técnicas, administrativas e burocráticas do processo, facilitando as transações
comerciais no mercado internacional.
Para Garcia (2001) dos canais de distribuição participantes na
exportação, a trading company se sobressai como um dos mais importantes,
uma vez que a venda feita pelo fabricante/produtor apesar de ter o tratamento
fiscal idêntico àquela feita ao interveniente, traz a característica de ser
conduzida como empresa de porte médio para grande, deixando transparecer
um fator adicional de segurança no negócio.

2.2 LOGÍSTICA

No atual cenário de competição global, as empresas têm que manter a


competitividade internacional, estando aptas a enfrentar a forte concorrência
existente nos diferentes mercados.
A logística tem sido de suma importância nos processos de exportação,
pois a ela estão relacionados serviços de estocagem, armazenagem,
movimentação, manuseio e transporte das mercadorias.
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De acordo com Barbosa (2004) à medida que o mercado global cresce,
a logística passa a requerer alguns cuidados especiais costumeiramente não
pautados pela logística doméstica.
Rocha (2003, p.16) considera que “para conquistar novos mercados é
preciso estar preparado para responder com rapidez e agilidade às mudanças
por eles impostas, mantendo a qualidade do produto e de seus serviços”.
De acordo com Ching (2006) a partir do advento da globalização as
empresas tiveram que assumir as características de um mercado globalizado e
foram obrigadas a reformula-se para poderem atender as suas exigências.

2.2.1 Outsourcing de serviços logísticos

Na era da competição globalizada para as empresas se manterem no


mercado mundial mantendo a qualidade de seus produtos/serviços é
necessário que se tenham estratégias para acompanhar o rápido
desenvolvimento do comércio internacional estando sempre em busca de
soluções para satisfazer seus clientes e garantir seu crescimento no mercado.
Segundo Novaes (2004) a maioria das empresas concentram seus
esforços nas atividades centrais, ou seja, aquelas que são críticas para sua
sobrevivência, alocando como atividades secundárias os serviços que não
constituem a competência central da empresa.
Assim, essas atividades secundárias passam a ser realizadas por
prestadores de serviços terceirizados (outsourcing) que oferecem trabalho
especializado e muitas vezes representam a redução de custos e aportes de
capital para a empresa, como atualmente pode-se evidenciar essa tendência
no rápido crescimento da terceirização na logística.
Dessa forma, Novaes (2004, p.324) relata que “a terceirização de
serviços logísticos constitui, principalmente para as sociedades comerciais,
uma forma de atingir novos mercados e oferecer um melhor nível de serviços
aos clientes”.
Geralmente, ao decidirem pela terceirização nos serviços logísticos uma
das principais preocupações das empresas é a redução de custos que refletem
diretamente no valor final de seus produtos/serviços. Mas, para que essa
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redução aconteça, esse tipo de serviço tem que estar amparado por
operadores logísticos capacitados e especializados.

2.3 TRANSPORTE

O transporte representa uma grande relevância na economia, sendo


considerado uma das atividades mais importantes da logística.
É por meio dos modais de transporte que as mercadorias são circuladas
de um ponto para outro de um território nacional ou internacional.
Keedi e Mendonça (2000, p.27) consideram que “a evolução humana foi
acompanhada pelo desenvolvimento do sistema de transporte, que foi se
adaptando á sua necessidade através do tempo”.
Rocha (2003, p.25) afirma a idéia dizendo que:

Na medida em que a melhoria de um sistema de transporte está


diretamente associada á possibilidade de aumento da competição do
mercado ele garantirá produção em economias de escala e a
conseqüente redução dos preços.

Na exportação a escolha do transporte é uma das etapas mais


delicadas, pois ela garantirá se sua mercadoria vai chegar em boas condições
ou não no destino contratado.

2.3.1 Transporte Marítimo

O transporte marítimo tornou-se muito comum quando se trata de


deslocamento de cargas ao longo do globo favorecendo o comércio entre as
nações que se originou em tempos remotos e a cada ano que passa se torna
mais forte.
Keedi e Mendonça (2000, p.30) relatam que o transporte marítimo é:

Aquele realizado por navios em oceanos e mares, podendo ser de


cabotagem ou longo curso. É um modal que pode ser utilizado para
todos os tipos de carga, e para qualquer porto do globo, sendo o
único veículo de transporte que possibilita a remessa normal e regular
de milhares de toneladas ou de metros cúbicos de qualquer produto
de uma só vez[...]
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Rodrigues (2003) divide o transporte marítimo em duas categorias de
acordo com sua finalidade, ou seja, longo curso que abrange o transporte
internacional ou cabotagem que é definida como o transporte ao longo da costa
brasileira.
Keedi e Mendonça (2000, p.69) complementam que “esta divisão nada
tem a ver com a distância percorrida, mas com as características da
navegação, isto é, nacional ou internacional”.
Barbosa (2004) considera que atualmente o transporte marítimo
responde por cerca de 80% das movimentações de cargas realizada em todo o
mundo, e é responsável por mais de 90% do transporte internacional no Brasil.
Segundo o MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior do Brasil (2005)4 essa modalidade se caracteriza por sua com grande
versatilidade e capacidade de carga de qualquer tipo de mercadoria em
grandes volumes e distâncias, podendo contar atualmente com algumas
vantagens, como por exemplo:
a) o uso de embarcações de maior porte, mais modernas e eficientes, dotadas
de recursos automatizados de navegação;
b) o desenvolvimento de embarcações mais especializadas para determinadas
cargas;
c) o aumento na concorrência entre os portos de todo o mundo, fazendo baixar
o preço das taxas cobradas pelos usos dos terminais.

2.4 PORTO

Os portos são responsáveis por grande parte das operações de


comércio exterior, sendo composto por um amplo conjunto de atividades
relacionadas à carga e descarga de mercadorias.
Vieira (2002, p.21) define porto como sendo:

[...] um espaço de terra e água provido de instalações e


equipamentos que permitem o acolhimento de navios; sua carga e
descarga; o armazenamento de mercadorias; o intercâmbio modal da

4
MDIC. Balança Comercial do período de 1950 a 2004. Disponível em:
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/secex/deppladescomexterior/indestatisticas/balComercial.php
Acesso em: 06 jun.2007.
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mesma e o desenvolvimento de atividades comerciais ligadas ao
transporte.

De acordo com Silva (2003) nos portos transitam uma quantidade


substancial de volumes e cargas, tornando-se necessário desenvolver boas
instalações para proporcionar um bom acondicionamento das mesmas.
No entanto, as atividades realizadas pelos portos geralmente são
prejudicadas pela falta de infra-estrutura, equipamentos adequados e espaço
para acondicionamento de mercadorias, que têm sido um fator limitante ao
desenvolvimento das operações de exportação no país.
Para Rodrigues (2003, p. 164) “um porto logisticamente ideal seria
aquele capaz de atender a navios de grande porte, com alto grau de
mecanização, oferecendo fluidez ao transporte e elevada produtividade”.

2.4.1 Estrutura Portuária

Os portos têm como finalidade atender as necessidades de


movimentação de cargas para o mercado interno e externo, a armazenagem de
mercadorias e a navegação em geral.
Segundo Keedi e Mendonça (2000) para atender a todas as operações
o porto divide suas tarefas em três partes:
a) estrutura física
Na estrutura física pode ser mencionados o terminal portuário, o berço
de atracação, pátios ou armazéns, equipamentos portuários e todas as demais
instalações necessárias para o bom acondicionamento dos navios e das
cargas.
b) estrutura administrativa
A estrutura administrativa é composta pelo conselho de autoridade
portuária aos órgãos de mão-de-obra, o grupo de modernização dos portos e
as companhias administrativas responsáveis pela organização, implementação
e elaboração de tarefas e projetos de melhoria no porto.
c) estrutura operacional
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A estrutura operacional corresponde ao conjunto de empresas que
prestam serviços em conjunto com a administração portuária como os
operadores, práticos, rebocadores, trabalhadores avulsos, etc.
Apesar das atividades serem divididas para facilitar e agilizar os
procedimentos nos portos, atualmente a realidade é outra, pois a estrutura
portuária brasileira sofre com um grande problema de burocracia para liberação
das cargas.
Correia (2006) relata que os contêineres contendo mercadoria nacional
demoram 14 dias a mais que a média mundial para serem liberados e são
necessárias aprovações de mais de 20 diferentes organismos para liberar a
carga, acarretando em um elevado custo aduaneiro e conseqüentemente
elevando o preço final do produto.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Uma pesquisa une dados a serem coletados que futuramente serão


analisados para chegar a uma devida conclusão sobre as questões iniciais do
projeto da pesquisa.
Gil (1999, p.42), defini pesquisa como “o processo formal e sistemático
de desenvolvimento do método científico. E tem como objetivo fundamental,
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos”.
Sendo assim, a pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, pois
proporcionou melhor visão e compreensão na coleta e tratamento dos dados,
podendo recorrer a métodos quantitativos, mas geralmente o estudo de caso
não se baseia nesse método, pois o resultado que poderá ser válido para o
caso em questão nem sempre poderá ser generalizado.
Pope & Mays (1995 apud NEVES, 2007, p.2) “Os métodos qualitativos
trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma mistura de
procedimentos de cunho racional e intuitivo capaz de contribuir para a melhor
compreensão dos fenômenos”.
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A pesquisa quanto aos objetivos se caracterizou como descritiva, pois
visou a identificação de fatores no processo que resultaram em uma análise
posterior de efeitos e resultados na empresa.
Partindo dessa análise Oliveira Neto (2006, p.10) conceitua a pesquisa
descritiva como:

Estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico


sem a interferência do pesquisador; são exemplos as pesquisas
mercadológicas e de opinião. A finalidade é observar, registrar e
analisar os fenômenos ou os sistemas técnicos, sem, contudo, entrar
no mérito dos conteúdos. Nesse tipo de pesquisa não pode haver
interferência do pesquisador, que deverá apenas descobrir a
freqüência com que o fenômeno acontece ou como se estrutura e
funciona um sistema, método, processo ou realidade operacional.

Quanto aos procedimentos de investigação, a pesquisa assumiu as


características de um estudo de caso, que pode ser definido como um conjunto
de informações que irão descrever determinada realidade.
Seguindo esta idéia Gil (1999, p.73) salienta que um estudo de caso
como “um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu
contexto de realidade, quando as fronteiras entre fenômeno e o contexto não
são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.
Os dados coletados para um estudo de caso podem se basear em várias
fontes de evidências que Yin (2001) defini como: documentos, registros em
arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos
físicos.
Para a realização desse projeto, foram coletados dados por meio de
observação participante que conforme Yin (2001, p.116):

A observação participante é uma modalidade especial de observação


na qual você não é apenas um observador passivo. Em vez disso,
você pode assumir uma variedade de funções dentro de um estudo
de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo
estudados.

Com a técnica de observação participante é que se pôde verificar as


deficiências do processo no dia-a-dia na empresa, reunindo informações com
base nos dados coletados por meio de relatórios, pesquisas ao sistema da
empresa e dados informais que colaboraram na estruturação e penetração na
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realidade das dimensões do estudo e que contribuíram para responder a
questão-problema que norteou esta pesquisa.
A análise dos dados consistiu em interpretação de textos e figuras, com
o objetivo de apresentação de todo o conteúdo combinado com as evidências
constatadas na observação participante tendo em vista as proposições iniciais
do projeto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para responder a questão problema deste estudo e assim atingir os seus


objetivos, foram feitos alguns levantamentos com relação à situação atual na
South Service Trading S/A no que se referem aos embarques de mercadorias
para exportação e de que forma eles são realizados.
A South Service Trading S/A atua no mercado há mais de quinze anos
com sua matriz localizada em Porto Alegre – RS; mas foi desde 2004 quando
instalou sua filial em Blumenau – SC, voltada à exportação de mercadorias do
setor moveleiro, que vislumbrou um rápido e considerável crescimento no fluxo
de negócios e trabalho que atualmente correspondem por aproximadamente
50% do faturamento total da organização.
Devido ao rápido crescimento da filial – Blumenau no mercado
Catarinense, surgiu à necessidade de buscar melhorias e um novo fluxo de
procedimentos para atuar com mais eficiência nos processos de exportação,
pois ao realizar este estudo, respondendo ao objetivo geral do projeto, foi
constatado que a empresa necessita reorganizar e definir, de forma mais
estruturada, as atividades e funções de cada setor relacionado ao processo,
assim como, estar preparada para as limitações logísticas do estado.

4.1 ROTINAS E PROCEDIMENTOS DE EXPORTAÇÃO NA EMPRESA

Atualmente, cada operação realizada pela South Service Trading é


desenhada sob medida para seus clientes, considerando todos os aspectos
envolvidos e objetivando o melhor resultado final.
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A empresa, que atua na condição de intermediária do processo, fica
responsável por todos os trâmites necessários, documentos e garantia de
pagamento. Além disso, coordena e acompanha o embarque, transporte e
chegada da mercadoria no destino final.
Neste contexto, Barbosa (2004) comenta que na forma indireta de
exportação destaca-se o fato de o exportador poder alocar todas as
responsabilidades e funções inerentes ao processo de venda internacional para
os chamados intervenientes ou intermediários.
Sendo assim, o primeiro passo para o desenvolvimento deste estudo,
respondendo ao objetivo “a”, foi descrever de que forma é realizado o processo
de exportação na empresa, identificando como é conduzido o fluxo de
informações e documentos que fazem parte das suas rotinas diárias.
Na figura 4, pode-se observar o fluxo de procedimentos e realizados
atualmente na empresa.

Observar-se que todos os processos são centralizados na matriz, desde


o operacional que trabalha na confecção e retorno de documentos de
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exportação, instrução de embarque, confirmação de carga, pagamentos,
cobrança internacional, até a efetiva liquidação e averbação do processo.
A filial é responsável pelo acompanhamento e suporte a matriz e aos
clientes das fábricas de Santa Catarina e Paraná, além da atuação do
comercial na captação de novos clientes.
É no primeiro momento em que os operadores comerciais da filial
realizam visitas aos clientes e fecham negócio, que se esclarecem algumas
normas a serem seguidas pela fábrica contratante como, a saber:
a) Contrato de compra e venda equiparado à exportação;
Este contrato defini as responsabilidades gerais do fabricante, de todo e
qualquer embarque que seja feito com a empresa, independente de cliente,
prazo e forma de liquidação.
b) A contratação do serviço, por embarque;
A negociação entre a fábrica e a South Service é formalizada sempre
com base nas faturas proformas e/ou pedidos de exportação, já emitidos entre
o fabricante e o cliente final. Com base nestes, serão emitidos aditivos de
contrato, efetivando a contratação do serviço da empresa conforme as
condições especificadas em cada proforma.
Segundo Barbosa (2004) é muitas vezes na fatura proforma que se
define a transação, descrevendo em detalhes todo conjunto de informações
relevantes à operação de exportação, pois é uma forma simples, fácil e rápida
de ajuste se comparada a preparação de um contrato formal.
Estas proformas deverão ser enviadas para a South Service – filial
Blumenau com no mínimo 5 dias de antecedência aos prazos de Deadlines.
c) Pagamentos;
Para o pagamento da fábrica, há normalmente a necessidade de previa
aprovação de seu cliente por um dos correspondentes da empresa no exterior.
Para isso, é necessário que se passe os dados do cliente final, da forma mais
completa possível, inclusive mencionando qual é o agente exportador.
Essas informações têm que ser providenciadas pelo menos, com 10 dias
de antecipação a operação.
Cabe ressaltar, que a empresa atua com todos os tipos de modalidade
de pagamento, porém a negociação está condicionada ao percentual de risco
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que pode apresentar e a prévia consulta cadastral do importador que indicará
sua credibilidade no mercado internacional.
Após aprovação e fechamento do negócio, o pagamento da fábrica será
efetivado com a mercadoria confirmada em depósito/terminal de carga
reconhecido pela South Service, ou no porto de embarque já com a
documentação em nome da trading.

4.2 FATORES QUE OCASIONAM OS ATRASOS/PERDAS DE EMBARQUE


NA EMPRESA

Para que o processo de embarque seja realizado com eficiência, deve


haver um fluxo de documentos e informações precisamente estabelecido para
que os prazos e condições de embarque sejam cumpridos sem acarretar
demais custos ou incomodações as empresas.
Conforme Garcia (2001) o conjunto de documentos envolvidos em um
processo de exportação é, geralmente, a maior preocupação que envolve o
exportador. Geralmente, é aconselhável criar uma rotina que estabeleça um
procedimento padrão ao controle e acompanhamento dos documentos, visando
o cumprimento de todas as exigências fiscais e administrativas que envolvem o
processo.
Com o acompanhamento das rotinas diárias na empresa, respondendo
ao objetivo “b”, pôde-se analisar de que maneira as dificuldades identificadas
interferem no processo de embarque das mercadorias, conforme seguem:
• reestruturação do fluxo de atividades internas na empresa
Foi observado, nas atividades internas da empresa, que os accounts,
responsáveis diretos pelas operações, estão exercendo muitas atividades ao
mesmo tempo, não prestando à devida atenção as particularidades de prazos e
especificações de cada negócio, que por conseqüência podem vir acarretar
demais problemas como: falta de instrução de embarque ao despachante ou
instrução em pouco tempo hábil para desembaraçar o processo, documento
emitido errado, não cumprir ou atrasar os prazos de deadline, entre outros.
Notou-se também que por estarem em outro estado (matriz - RS), os
operadores não têm o conhecimento das particularidades da região e dos
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portos que são utilizados para embarcar as mercadorias de Santa Catarina,
gerando assim divergências entre o conhecimento do funcionário estabelecido
na filial e os estabelecidos na matriz.
Sendo que, muitas vezes os funcionários da filial contém informações
importantes referentes aos processos, que acabam ficando restritas apenas ao
conhecimento destes.
Contudo, ainda há diferença dos tipos de embarques realizados em cada
estado que interferem no bom andamento das operações, pois a principal
mercadoria exportada em SC é do setor moveleiro, e no RS a principal
mercadoria exportada é do setor calçadista, tendo cada ramo de atividade suas
particularidades em alguns aspectos importantes relativos ao embarque.
• falta de uniformidade nas operações
A falta de uniformidade nos serviços prestados por cada operador
portuário prejudicam o desenvolver do processo, pois o despachante assim
como os demais prestadores de serviços podem ser escolhidos de acordo com
a preferência de cada fábrica, ou seja, as operações não são uniformizadas
sendo conduzidas conforme o método de cada organização.
Sendo assim, até o embarque ser efetivado, as atividades são
distribuídas entre a trading (filial e matriz), a fábrica, o agente, o despachante, e
demais prestadores de serviços, que muitas vezes adotam rotinas e fluxos
diferentes nas suas operações.
Dessa forma, o não cumprimento de alguma atividade por parte de um
dos integrantes do processo pode prejudicar o prazo final do embarque, devido
à falta de tempo hábil para realizar a operação até a data limite estabelecida
antes da atracação do navio.
• limitações logísticas e portuárias
Além dos contratempos mencionados, ao estudar os aspectos logísticos
brasileiros, foi possível averiguar que no país são comuns os embarques serem
protelados afetando o prazo médio das exportações brasileiras que acabam
onerando as mercadorias com o custo Brasil.
De acordo com Silva (2003) nos portos transitam uma quantidade
substancial de volumes e cargas, tornando-se necessário desenvolver boas
instalações para proporcionar um bom acondicionamento das mesmas.
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No entanto, as atividades realizadas pelos portos geralmente são
prejudicadas pela falta de infra-estrutura, equipamentos adequados e espaço
para acondicionamento de mercadorias, que têm sido um fator limitante ao
desenvolvimento das operações de exportação no país.
Cabe ressaltar que não é apenas a falta de infra-estrutura que prejudica
as exportações, é comum o exportador ficar com sua mercadoria parada no
porto ou em terminais, devido a vários motivos como: paralisações da Receita
Federal, dos Ministérios, dos prestadores de serviços portuários, dos
caminhoneiros e também por problemas com armadores, condição do tempo,
entre outros.
Sendo assim, os diversos problemas logísticos, assim como, a falta de
investimento na infra-estrutura portuária vem há muito tempo sendo
considerados, pelas empresas brasileiras, um fator de alto custo e também um
contratempo nas suas exportações.
O crescimento das exportações nos últimos anos foi muito rápido e o
estado não estava preparado em termos de infra-estrutura para esse
crescimento.
De acordo com Barbosa (2004) à medida que o mercado global cresce a
logística passa a requerer alguns cuidados especiais costumeiramente não
pautados pela logística doméstica.
Como esses índices de crescimento são constantes, são necessárias
políticas de investimento nos portos para construção de mais berços para
atracação, cais e uma maior infra-estrutura na retroária, que garantem o
acondicionamento e armazenamento das cargas que aguardam a chegada do
navio.
Verifica-se que no caso do Porto de Itajaí e São Francisco do Sul é a
retroária que dá sustentabilidade física ao porto e que dá condições de
movimentar o grande volume de cargas que têm movimentado; sendo assim é
necessário à ampliação das áreas de apoio às zonas primárias para que mais
contêineres recebam a senha para descarga havendo um maior índice de
escoamento das cargas.
Contudo, é necessário que a empresa desenvolva métodos que
contribuam com o desempenho de suas operações, organizando suas
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atividades e rotinas internas, minimizando perdas e retrabalho. Porém, os
problemas decorrentes dos entraves logísticos e falta de políticas de
investimento no setor, dependerão da boa vontade governamental ou que
instituições privadas formem parcerias de investimentos no setor.

4.3 SUGESTÕES DE MELHORIAS

Atualmente, a South Service é conhecida e procurada principalmente por


seus serviços de financiamento a exportação, oferecendo linhas de créditos
que auxiliam as pequenas e médias empresas que não têm a estrutura
financeira e operacional necessária para realizar operações de exportação.
Sendo assim, é possível considerar que a empresa aloca seus esforços
nas operações financeiras e na cobrança internacional, e por sua vez, não
assume grandes responsabilidades nas atividades relacionadas a embarque.
Dessa maneira, foi proposto à empresa, respondendo ao objetivo “c”,
alocar suas atividades relacionadas ao embarque sob a responsabilidade de
uma empresa terceirizada, cujas funções inicialmente seriam: informações e
cumprimentos de deadlines, emissão e distribuição da nota fiscal e a confecção
de alguns documentos de exportação, centralizando os processos de
embarque em apenas um despachante aduaneiro.
Para reforçar essa idéia Novaes (2004) afirma que a maioria das
empresas concentram seus esforços nas atividades centrais, ou seja, aquelas
que são críticas para sua sobrevivência, alocando como atividades secundárias
os serviços que não constituem a competência central da empresa.
Na figura 5, é possível visualizar como seriam os procedimentos com a
interveniência de uma terceira empresa.
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Os benefícios visualizados com a contratação de uma empresa


terceirizada são: qualidade nas informações e follow ups diários, ganho de
tempo na entrega dos documentos, produtividade interna, capacidade de
atender 100% dos clientes com serviço de qualidade e a proximidade com o
porto de Itajaí e São Francisco, local onde são embarcadas a maioria das
mercadorias exportadas pela empresa.
Porém, verificou-se que com a terceirização, a empresa não poderia
estar suscetível a erros, pois ao ter que obrigatoriamente realizar embarque
com o despachante da trading, a fábrica exigiria um serviço igual, ou melhor,
do que aquele realizado pelo seu despachante de confiança e não concordaria
em pagar despesas extras, ocasionadas pelos atrasos/perdas no embarque.
Dessa forma, outra sugestão de procedimentos, seria desenvolver
melhorias nos fluxos de documentos e informações da empresa, transferindo a
parte documental para a filial - Blumenau, minimizando a sobrecarga de
trabalho da matriz, criando uma maior independência da filial, ganhando tempo
hábil, evitando retrabalho, agilizando o processo e diminuindo a distância entre
empresa e porto, já que as mercadorias exportadas são despachadas pelos
portos Catarinenses.
KISTENMACHER, Geórgia Mueller Peres; ROCHA, Juliana da. Embarque na exportação:
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Aplicada, Blumenau, v.2, n.2, p.01-25, Sem I. 2008
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Para esse modelo de fluxo ser implementado, teria que ser aumentado o
quadro de funcionários da filial para conseguir atender a demanda de todos os
processos.
Assim, a filial ficaria responsável por buscar as informações necessárias
junto aos agentes, fábricas e despachantes, gerar e emitir todos os
documentos de exportação enviando-os para os seus respectivos destinatários,
conforme mostra a figura 6:

Nessa figura, pode-se observar que a filial ficaria com a


responsabilidade documental e logística dividindo as atividades com a matriz
que seria responsável por realizar os embarques feitos pelo estado do Rio
Grande do Sul e cuidar da cobrança internacional dos embarques em geral.
Prospecta-se com esse modelo, a idéia de maior distribuição de funções
e conseqüentemente maior atenção às particularidades de cada embarque.
Contudo, é necessário que as propostas sejam estudadas para que
todas as implantações possíveis na otimização do processo sejam aplicadas, a
fim de sanar os problemas que estão ao alcance da empresa, tendo em vista
que os entraves logísticos independem da vontade da mesma.
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5 CONCLUSÃO

A motivação e escolha do tema desta pesquisa foram decorrentes das


dificuldades enfrentadas pela South Service Trading nos embarques diários de
suas mercadorias para exportação, o que serviu de alicerce para o
desenvolvimento deste estudo que buscou conhecer o universo de informações
e procedimentos adotados pela empresa.
O estudo realizado teve como objetivo avaliar quais fatores ocasionam
atrasos/perdas no embarque de mercadorias para a exportação na South
Service Trading e também tentar encontrar uma solução para verificar a melhor
maneira da empresa solucionar ou amenizar este problema.
Durante a busca de informações, foi possível identificar que muitas
melhorias precisam ser realizadas no processo interno da empresa, nos fluxos
de informações e procedimentos, mas diagnosticou-se também que muitos
problemas são provenientes dos gargalos logísticos que envolvem a infra-
estrutura portuária e demais setores que emperram as exportações brasileiras.
Pôde-se verificar que a empresa já está estudando a possibilidade de
melhorias nos seus processos, pois com o surgimento de novos concorrentes,
a instabilidade do mercado e a necessidade de manter sua carteira de clientes
e credibilidade no mercado internacional é de fundamental importância que se
direcionem esforços ao processo de melhoria contínua.
Sendo assim, foi por meio da ampliação do escritório na filial - Blumenau
com a contratação de novos funcionários, como também, a adoção de um
processo de parceria com uma empresa especializada em despacho
aduaneiro, que a empresa está tentando direcionar e uniformizar seus
procedimentos, conforme proposto no projeto.
Neste contexto, observa-se que todas as melhorias realizadas pela
empresa no processo são importantes para buscar um melhor desempenho
nas operações, tendo em vista que os problemas pertinentes ao sistema de
comércio exterior brasileiro independem dos esforços da empresa.
Desta maneira, o estudo mostra que com a pesquisa foram atingidos seu
objetivo geral, os específicos e também os pressupostos se confirmam, ao
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ISSN 1980-7031
descrever, identificar e avaliar como funciona o embarque para a exportação na
empresa e os fatores que interferem no bom andamento do mesmo.
Ainda foi possível vislumbrar as ações que estão sendo efetuadas pela
empresa para melhorar o processo, conforme mencionado anteriormente, e as
possíveis ações que podem ser aderidas pela empresa que foram
mencionadas nas sugestões de melhoria deste projeto.
Face ao estudo realizado, apresentam-se algumas recomendações, que
são condizentes com a abordagem do tema proposto:
a) identificar os principais gargalos no sistema de comércio exterior
brasileiro que podem afetar o desempenho das operações no comércio
mundial;
b) avaliar o desempenho das empresas brasileiras em âmbito mundial e
a satisfação dos mercados que realizam negócios com as empresas
brasileiras;
c) pesquisar quais seriam as melhores soluções a serem adotadas pelas
empresas que vislumbram uma participação mais efetiva no comércio
internacional.
Essas recomendações podem servir como base para o desenvolvimento
de outras pesquisas acadêmicas, tendo em vista, que nenhum trabalho se
encerra por completo em virtude da dinâmica da sociedade internacional.

EMBARKMENT IN EXPORT: STUDY OF CASE IN SOUTH SERVICE


TRADING S.A

Georgia Mueller Peres Kistenmacher5


Juliana da Rocha6

ABSTRACT
Which factors do cause delays/losses in the embarkment of the goods for
export in South Service Trading? To investigate this subject, it was organized a
research onto the objective: descriptive onto to the procedure study of
pertinents to this study. A rising of data was made through participants
observation when using the relationships for embarkment dependents' company

5
Teacher Guide. Teacher in International Relations, Unisul. (georgiampk@gmail.com)
6
Graduated in Administration with habilitation in Foreign Commerce, Instituto Blumenauense de Ensino
Superior. (juli.darocha@gmail.com)
KISTENMACHER, Geórgia Mueller Peres; ROCHA, Juliana da. Embarque na exportação:
estudo de caso na empresa South Service Trading S/A. Revista Interdisciplinar Científica
Aplicada, Blumenau, v.2, n.2, p.01-25, Sem I. 2008
ISSN 1980-7031
with the purpose of to verify which reasons were contributing with the
delays/losses in the embarkments, in order to identify the possible existent
flaws in the process and with that to suggest options of improvements. As
objective of the company is to reduce the delays/ embarkment losses
guaranteeing an efficient installment of your services to the customers, the
actions suggested with base in the accomplished researches were to choose for
the outsourcing of port services or to choose for the creation of a new work flow
and procedures inside of the organization, amplifying the office in the branch -
Blumenau with the new employees' recruiting. With those alterations it can be
founded analyzes and the recommendations for South Service Trading S/A to
adapt your daily procedures, with the intention of obtaining more satisfactory
and pertinent results to the growth results conquered by the organization.

Key-words: Export. Embarkment. Delays.

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